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Semana de Atualização Da Jurisprudência - Com Renato Borelli-1
Semana de Atualização Da Jurisprudência - Com Renato Borelli-1
Semana de Atualização Da Jurisprudência - Com Renato Borelli-1
Se o servidor recebeu os valores amparado por uma decisão judicial precária, não há
como se admitir a existência de boa-fé, pois a Administração em momento algum
gerou-lhe uma falsa expectativa de definitividade quanto ao direito pleiteado.
Se não fosse permitida a restituição, isso iria gerar o desvirtuamento do próprio
instituto da antecipação dos efeitos da tutela, haja vista que um dos requisitos legais
para sua concessão reside justamente na inexistência de perigo de irreversibilidade.
O STF possui critérios para definir se as atribuições dos cargos podem ser
enquadradas como direção, chefia e assessoramento?
SIM. O STF, ao analisar o Tema 1010, afirmou que a criação de cargos em
comissão é exceção à regra de ingresso no serviço público mediante concurso
público de provas ou provas e títulos e somente se justifica quando presentes
os pressupostos constitucionais para sua instituição. Na oportunidade, foram
fixadas as seguintes teses:
a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia
e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou
operacionais;
b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e o
servidor nomeado;
c) o número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que
eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que
os criar; e
d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria
lei que os instituir.
Caso não se respeite esses requisitos, a criação dos cargos em comissão será considerada
inconstitucional.
STF. Plenário. ADI 6655/SE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/5/2022 (Info 1053).
3 DICA DO BORELLI - JURIS:
HÁ VIOLAÇÃO AOS LIMITES DAS MATÉRIAS QUE PODEM SER DISCUTIDAS EM AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO DIRETA
QUANDO SE ADMITE O DEBATE - E ATÉ MESMO INDENIZAÇÃO - DE ÁREA DIFERENTE DA VERDADEIRAMENTE
EXPROPRIADA, AINDA QUE VIZINHA
Ao admitir a discussão e determinar o pagamento de indenização relacionada com área diferente da que é objeto
de desapropriação, ainda que vizinha, o magistrado violou o art. 20 do Decreto nº 3.365/1941, a qual reserva às
ações próprias as discussões que vão além do imóvel expropriado.
No caso, mostrava-se ainda mais necessário submeter à sede autônoma a discussão sobre a área contígua à
expropriada, pois o valor da indenização foi muito superior ao do próprio imóvel objeto da desapropriação (cerca
de três vezes), e apresentava complexa discussão própria sobre o cálculo que deveria ser adotado para
determinação dos lucros cessantes de exploração de seringueiras.
Registre-se que não tratou a decisão recorrida de indenizar a depreciação de área remanescente (art. 27 do
Decreto nº 3.365/1941), mas de produzir efeitos semelhantes ao de verdadeira desapropriação indireta,
ampliação objetiva não admitida no caso, porque ultrapassa os limites da lide.
STJ. 1ª Turma.REsp 1577047-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/05/2022 (Info 738).
4 DICA DO BORELLI - JURIS:
SE A PARTE DESISTIR DA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO, COMO SERÃO CALCULADOS OS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA?
Ao considerar que não houve condenação e que a parte ré não obteve proveito econômico
nenhum, porque permaneceu com a mesma situação de antes da demanda, isto é,
proprietária do imóvel antes sujeito à pretensão desapropriatória, o parâmetro há de ser o
valor atualizado da causa.
STJ. 2ª Turma. REsp 1834024-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/05/2022
(Info 736).
5 DICA DO BORELLI - JURIS:
O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL PODE SER CELEBRADO MESMO
QUE A AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA JÁ ESTEJA EM FASE DE
RECURSO
O art. 33 da Lei nº 8.987/95 afirma que, depois de ter sido declarada a intervenção, o poder
concedente deverá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento administrativo para
comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades, assegurado o
direito de ampla defesa.
Desse modo, verifica-se claramente que, em se tratando de intervenção, o direito de defesa
do concessionário só é propiciado após a decretação da intervenção, a partir do momento em
que for instaurado o procedimento administrativo para apuração das irregularidades. Isso
porque a intervenção possui finalidades investigatória e fiscalizatória, e não punitiva.
STJ. 2ª Turma. RMS 66794-AM, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
8 DICA DO BORELLI - JURIS:
É POSSÍVEL COBRAR UM VALOR DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO PELO
FATO DE ELA ESTAR UTILIZANDO FAIXAS DE DOMÍNIO DE UMA RODOVIA?
No caso, restou incontroverso que o acidente com evento morte ocorreu em rodovia estadual,
mediante a queda de caminhão em buraco de 15 metros de profundidade, decorrente da ausência de
manutenção e fiscalização estatal da via pública, não havendo quaisquer indícios de culpa exclusiva da
vítima.
Desse modo, é possível concluir pela existência de omissão culposa por parte do ente público,
consubstanciada na inobservância ao dever de fiscalização e sinalização da via pública, bem
como pelo nexo causal entre a referida conduta estatal e o evento danoso, que resultou na
morte do pai e marido dos recorrentes, causando-lhes, evidentemente, prejuízos materiais e
morais, os quais devem ser indenizados.
STJ. 1ª Turma.REsp 1709727-SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022 (Info
733).
10 DICA DO BORELLI - JURIS:
O PRAZO PRESCRICIONAL PARA PEDIR REPARAÇÃO POR DANOS CAUSADOS POR
FUNDAÇÃO PRIVADA DE APOIO À UNIVERSIDADE PÚBLICA É DE 5 ANOS
A fundação privada de apoio à universidade pública presta serviço público, razão pela
qual responde objetivamente pelos prejuízos causados a terceiros, submetendo-se a
pretensão indenizatória ao prazo prescricional quinquenal previsto no art. 1º-C da Lei
nº 9.494/97.
O oferecimento de denúncia criminal por autoridade que, em razão de suas atribuições legais,
seja obrigada a fazê-lo não a inabilita, só por isso, a desempenhar suas funções como
autoridade julgadora no processo administrativo. Caso concreto: membro do MP praticou
fato que, em tese, configura, ao mesmo tempo, infração disciplinar e crime. Foi instaurado
processo administrativo. Além disso, o PGJ ofereceu denúncia criminal. Depois da denúncia,
chegou ao fim o processo administrativo e o mesmo PGJ aplicou sanção disciplinar. Ele
poderia ter feito isso. Não há, nesse caso, comprometimento da imparcialidade.
STJ. 1ª Turma. RMS 54.717-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
13 DICA DO BORELLI - JURIS:
MANDADO DE SEGURANÇA NÃO SERVE PARA QUESTIONAR O PARECER DA
COMISSÃO EXAMINADORA DE HETEROIDENTIFICAÇÃO, QUE NÃO ACEITOU A
AUTODECLARAÇÃO DE COTISTA EM CONCURSO
A exigência de diploma de nível superior, promovida por legislação estadual, para o cargo de
perito técnico de polícia - que anteriormente tinha o nível médio como requisito de
escolaridade - não viola o princípio do concurso público (art. 37, II, da CF/88) nem as normas
constitucionais sobre competência legislativa (art. 22, I e art. 24, XVI e § 4º, da CF/88). A
reestruturação de cargos não configura ascensão funcional, e portanto não viola o princípio
do concurso público, quando realizada de acordo com os requisitos da uniformidade das
atribuições, igualdade dos requisitos de escolaridade para ingresso no cargo, e identidade
remuneratória entre o cargo extinto e o cargo criado.
STF. Plenário. ADI 7081/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21/9/2022 (Info 1074).
16 DICA DO BORELLI - JURIS:
LEI ESTADUAL NÃO PODE INSTITUIR REGIME PREVIDENCIÁRIO ESPECÍFICO PARA OS AGENTES
PÚBLICOS NÃO TITULARES DE CARGOS EFETIVOS
Viola o art. 40, caput e § 13, da Constituição Federal, a instituição, por meio de lei estadual, de
um regime previdenciário específico para os agentes públicos não titulares de cargos efetivos.
É competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito legislar sobre previdência
social, nos termos do art. 24, XII, CF. Aos Estados e ao Distrito Federal compete legislar sobre
previdência social dos seus respectivos servidores, no âmbito de suas respectivas
competências e especificamente para os servidores titulares de cargo efetivo, sempre em
observância às normas gerais editadas pela União. O regime próprio de previdência social
aplica-se aos servidores titulares de cargos efetivos (art. 40, caput, CF/88). Aos agentes
públicos não titulares de cargos efetivos, por sua vez, aplica-se o regime geral de previdência
social (art. 40, §13, CF/88). STF. Plenário. ADI 7198/PA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 28/10/2022 (Info 1074).
17 DICA DO BORELLI - JURIS:
DECISÃO LIMINAR QUE DETERMINA A ANTECIPAÇÃO DA CONCLUSÃO DO CURSO
DE MEDICINA, COM BASE NA LEI 14.040/2020, NÃO POSSUI RELAÇÃO COM OS A
CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE EDUCAÇÃO E, PORTANTO, NÃO ESTÁ
SUJEITA À SUSPENSÃO DE LIMINAR