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Desvendando a grande narrativa da Biblia a VIDAINOVA Missiondrio) A palavra é, em geral, usada como substantivo, referindo-se as pessoas envolvidas na atividade missionaria, normalmente numa cultura que ndo seja a sua. Tem, de forma ainda mais clara que a palavra “missao”, a cono- tagdo de “ser enviado”. Os missiondrios sao tipicamente aqueles que as igrejas ou agéncias enviam para trabalhar na missao. A palavra também é usada como adjetivo, como em “o mandato missiondrio” ou “pessoa com fervor missionario”. Infelizmente, a palavra também deu origem a certa caricatura — 0 estere6tipo do missiondrio —, lamentvel efeito colateral das grandes campanhas missionarias empreendidas, nos séculos 19 e 20, pelas igrejas ocidentais. Ainda hoje, o termo missiondrio traz 4 mente a imagem de expatriados brancos e ocidentais entre os “nativos” em paises longinqtios — e isso continua ocorrendo, 0 que é ainda mais lamentavel, em igrejas que deveriam ser menos ingénuas, e certamente 22 A Missdo de Deus ja deveriam saber que hoje a maioria dos missiondrios transculturais nao sao ocidentais, mas vém das crescentes igrejas autéctones dos paises em desen- volvimento. Por isso, muitas agéncias missiondrias que atualmente constroem redes e parcerias com igrejas e agéncias do mundo todo preferem evitar o termo missiondrio, devido as imagens mentais obsoletas que ele sugere, preferindo descrever os envolvidos na obra como “parceiros da missao”. Em vista da associagéo dominante da palavra missiondrio com 0 ato de enviar e com a comunicagao transcultural do evangelho — isto é, com uma dinamica de missao amplamente centrifuga —, prefiro nado usar o termo em relagao ao Antigo Testamento. Em minha opiniao (com a qual nem todos concordam), Israel nao recebeu 0 mandato divino de enviar missiondrios as nagGes. Assim, ainda que este livro dé provas abundantes de que leio o Antigo Testamento de forma missiolégica, prefiro ndo falar em uma “mensagem missionaria do Antigo Testamento” (titulo de um antigo e excelente livro de H. Rowley, de 1944).' H4 muitos recursos biblicos (tanto no Antigo Testamento quanto no Novo) que, apesar de serem profundamente enriquecedores para nosso entendimento da missao no sentido mais amplo (especialmente a missao de Deus), nao tratam do envio de missionarios. Portanto, provavelmente nao é adequado referir-se a esses textos e temas como “missiondrios”? Infelizmente, contudo, até pouco tempo atrés missiondrio parecia ser 0 tinico adjetivo de- rivado da palavra missdo com o qual contavamos. Mas hd um novo adjetivo que ja comeca a ser empregado de modo mais amplo e com justi¢a. 15 Deus e as nagdes na missio do Novo Testamento N. conclusao do capitulo 14, apresentei os contornos gerais da visdo de Israel sobre as nacGes, visdo que fazia parte das convicgGes centrais de sua cosmovisdo sobre Deus e o mundo. Essa compreensao israelita constituiu 0 robusto alicerce sobre o qual Jesus e os seus primeiros seguidores construfram 0 arcabouco que veio a ser conhecido como a missao da igreja. Afinal, como eles devem ter raciocinado: se o Deus de Israel 6 0 Deus de toda a Terra, se todas as nac6es (incluindo Israel) estavam sob a sua ira e juizo, se, mesmo assim, a vontade divina é que todas as nagoes da Terra viessem a conhecé-lo e adoré-lo, se ele havia escolhido Israel como o meio pelo qual essa béngao seria levada as nacoes, se o Messias deve ser aquele que incorporaria e cumpriria a misséo de Israel, se Jesus de Nazaré, crucificado e ressuscitado, é esse Messias, ent&o chegou a hora de as nagées ouvirem as boas-novas. Como os salmos haviam conclamado muitas vezes, as novas sobre a salvacao de Yuwn deveriam ser proclamadas e cantadas entre as na¢Ges; e, assim como na visdo dos profetas, a salvacdo de YHwu deveria alcangar os confins da Terra. E a hora havia chegado: a hora de essa realidade passar da imaginacao da fé a arena do cumprimento histdrico. Um mandato missional no Antigo Testamento? Essa ldgica, contudo, nao surgiu pronta desse jeito; pelo menos nao de inicio. Quando a dinamica centrifuga do primeiro movimento missiondrio cristéo 526 A Missdo de Deus finalmente comegou a se tornar uma realidade, tratava-se, de fato, de uma coisa notavelmente nova na prdtica, quem sabe até no conceito. Havia um precedente, é claro, na busca de Israel por prosélitos. Mas a extensdo e a razao teolégica fundamental da missao crista as nagdes gentias, no Novo Testamento, vao além de quaisquer resultados alcangados pelo proselitismo do judafsmo do segundo templo." Perguntemo-nos por um instante se a ldégica esbogada acima j4 nao deve- tia ter gerado uma missdo as nagGes muito antes. Nao seria natural que essa missao jé tivesse iniciado no Israel do Antigo Testamento? Ha quem creia, de fato, que Deus desejava que os israelitas j4 tivessem praticado uma missao evangelistica centrifuga as nagées. Walter Kaiser defende uma tese persuasiva, baseada em forte conviccao pessoal, de que Israel realmente tinha — e sabia que tinha — o dever de levar a mensagem da salvagao de Yuwn as nacdes, conclamando-as a crerem na Semente prometida de Deus — assim como 0 deveria fazer Israel —, naquele que viria em cumprimento as promessas de Deus a Adao e Eva, a Abraado e a Davi. Kaiser interpreta 0s muitos textos que catalogamos no capitulo 14 nao 86 como evidenciando uma conviccao por parte de Israel sobre o'que Deus queria fazer por meio dele, como também o mandato israelita de fazé-lo ali mesmo, naquele instante.* Mas nao me parece haver, na revela¢ao divina a Israel ao longo dos séculos, nenhum mandato claro de que Israel devesse praticar uma “missa0” — no nosso sentido da palavra — as nagdes. Se esse mandato existisse — se Deus quisesse que 0s israelitas viajassem as outras nagGes para desafiar a sua idolatria, chamé-las ao arrependimento ético e religioso, contar a histéria de tudo o que Yuwu havia feito por Israel e por meio dele, e leva-las a confiar na Semente prometida de Abrado para serem salvas —, se essa tivesse sido a intengao de Deus para Israel, seria natural haver mais evidéncias disso nas Escrituras. Na Tord, por exemplo, ainda que observemos as implicagées da designagao para ser sacerdote de Deus entre as na¢oes, nao ha nenhuma ordem +A questao do verdadeiro grau desse proselitismo judaico, no entanto, é bastante debatida. Para uma anilise missioldgica positiva da didspora e do proselitismo judaicos, ver Richard R. De Ridder, Discipling the Nations (Grand Rapids: Baker, 1975), p. 58-127. Para um exame mais amplo de todas as fontes e da literatura secundaria, ver Eckhard J, Schnabel, Early Christian Mission, vol. 1, Jesus and the Twelve (Leicester, U.K.: Inter-Varsity Press; Downers Grove, Ill: InverVarsity Press, 2004), p. 92-172, "Walter C, Kaiser Jr., Mission in the Old Testament: Israel as a Light to the Nations (Grand Rapids: Baker, 2000). Kaiser aborda muitas das passagens que examinamos neste volume e, num nivel fundamental, concordamos quanto a forte mensagem missional do Antigo ‘Testamento. Ainda nao estou convencido, todavia, de sua interpretagaa dessas passagens com a implicacao de um mandato missiondrio que deveria ter resultado na pratica de uma missao israelita cen- trifuga as nagdes . A Missdo de Des a-se, de fato, de uma no conceito. Havia um a extensao e a Tazo no Novo Testaments. eselitismo do judaisme sada acima jd nao dew » seria natural que ess ento? Ha quem creia, de praticado uma missae eada em forte conviegaa a — o dever de levar indo-as a crerem =e fazer Israel —, naquele oe Eva, a Abraaoe@ os no capitulo 14 nae ael sobre o que Dews israelita de fazé-lo a a Israel ao longo Gos sticar uma “missao~ — dato existisse — se para desafiar a sus so, contar a histéria Ge , e levd-las a confiar —, se essa tivesse Side és evidéncias disso mas emos as implicacdes Ge do hd nenhuma orde== ato, € bastante debatitis © judaicos, ver Richané & 127. Para um exame mae J. Schnabel, Early Chrissie Press; Downers Grove, H- Eight to the Nations (Gam 10s neste volume €. Sam do Antigo Testaments pessagens com a implicacse uma misao israelit2 c= DEUS E AS NACOES NA MiSsAO DO Novo TI clara e explicita para que ele vd as nacGes exercer essa fun¢ao sacerdotal. Nao ha escassez de leis indicando como Israel deveria viver na sua terra, como parceiro aliancistico de YHwx entre as nagées. Logo, se fosse a intengao de YHwH que Israel organizasse miss6es as nacdes, sem diivida haveria instrucdes a respeito nas leis do povo de Deus. Mas nao hd nenhuma. E se a missdo as nagées tivesse sido uma incumbéncia evidente como parte da alianca (algo que os israelitas deveriam, supostamente, ter deduzido das tradicdes narrativas das promessas de Deus e do tom universalizante de seus canticos de adoracao), seria natural que os profetas condenassem expli- citamente o gritante fracasso de Israel de colocar em pratica essa atividade missiondria, ainda mais em se tratando, como da a entender Kaiser, de um elemento, em tese, tao central e consciente da cosmovisao israelita. Nao fal- tavam aos profetas motivos para condenar Israel. O fato de Israel, diante das nagGes, nao viver segundo os padres da alianga com Yuwu entre as nacoes era sem diivida um deles. Mas o fato de os israelitas nao levarem a mensagem da salvacdo as nacées fisicamente, como missiondrios, nao consta no rol das condenacées proféticas. Em outras palavras, parece que ninguém em Israel cria ser necessdrio, aquela altura, ir as nagdes; nem mesmo 0s israelitas mais proximos da mente e da revelacao de Deus. Jonas, é claro, é uma excegao a esse principio. Contudo, basear-se nesse profeta para afirmar um suposto mandato missiondrio no Antigo Testamento suscita a questéo hermenéutica da intengao do livro de Jonas — assunto no- toriamente controverso.* O livro claramente contém licdes importantes sobre a natureza de Deus e a atitude divina para com as nagées estrangeiras; essa éa mensagem 6bvia e essencial do tiltimo capitulo. Ela contesta claramente a atitude de Jonas em reagao a suspensao do juizo divino sobre Ninive. Mas se 0 livro foi escrito com a intengdo adicional de persuadir outros israelitas a serem missiondrios no estrangeiro assim como Jonas — missiondrios, talvez, menos recalcitrantes e menos ressentidos com a misericérdia divina — ja é muito mais questiondvel. Jonas nao foi, entretanto, o Gnico profeta a ir a uma nagdo estrangeira. Elias foi a regiao de Tiro e Sidom para ser sustentado pela vitiva de Sarepta, que depois veio a crer em Yuwn. Eliseu, apés seu encontro com Naama (que também passa a crer depois de ser curado em Israel), foi por um tempo a Damasco, capital da Sitia (2Rs 8.7-15). Nao nos € dito o que ele faz ali, mas 0 texto nao dé nenhum indicio de que se tratasse de evangelismo de qualquer espécie. Esses relatos do Antigo Testamento certamente mostram a béncdo de Deus sendo estendida aos estrangeiros {algo pelo qual Salomao havia orado, e que Jesus lembra enfaticamente aos seus ouvintes em Nazaré), mas eles dificilmente tomam a forma de missées organizadas para alcangé-los ou constituem qualquer evidéncia de que algo do tipo fosse esperado dos israelitas comuns. Ver também Walter A. Maier Ill, “The Healing of Naaman in Missiological Perspective”, Concordia Theological Quarterly 61 (1997): 177-96. * A Missdo de Deus O que encontramos em Jonas, antes, é a promessa clara de que a inten¢do de Deus é trazer essa béncao as nagdes, de que Deus convocara as nagGes a si na grande peregrinacao a Sido. A missao as nacGes, da perspectiva do Antigo ‘Testamento, € um ato escatolégico de Deus e nao (por enquanto) um progra- ma de envio missiondrio do povo de Deus. $6 deparamos com uma palavra divina sobre 0 envio de mensageiros as nages em Isaias 66, e, mesmo nesse caso, trata-se de uma expectativa que depende, primeiro, do ajuntamento do proprio Israel. O que também descobrimos, no entanto, é que Israel definitivamente contava com um senso de missdo, nao no sentido de ir a algum lugar, mas de ser alguma coisa. Israel tinha a missdo de ser 0 povo santo do Deus vivo Yuwu. Os israelitas tinham a missao de conhecé-lo por quem ele realmente é, preservar a adora¢ao verdadeira e exclusiva a Yuwu, e viver segundo os seus caminhos e leis, num compromisso leal com o relacionamento de alianga que tinham com ele. Em todos esses aspectos, eles realmente seriam uma luz e uma testemunha as nagdes. Concordo, portanto, com as perspectivas de Eckhard Schnabel e Charles Scobie. (E] dificil, seno impossivel, falar de uma tarefa ou comissao universal de Israel. Parece-me bastante claro que, no Antigo Testamento, a “missdo” que YHws deu a Israel — adoréd-lo e fazer a sua vontade, em obediéncia grata e jubilosa ds estipulagées da alianga — consistia numa missao local, isto é, numa missao realizada pelos israelitas dentro das fronteiras de Israel. O que é universal sao as consequéncias da obediéncia de Israel — no futuro escaton.* Scobie, tendo examinado as passagens de que tratamos neste capitulo, conclui: Apesar dessa série notavel de passagens, 0 fato continua sendo que nao ha nenhuma indicagio real de qualquer programa de alcance missionario por parte de Israel no perfodo do Antigo Testamento. E isso por trés razdes importantes € que estao ligadas entre si. Em primeiro lugar, o ajuntamento das nagdes é um evento escatologico. Trata-se de algo que acontecer “nos dias vindouros’. [...] Os gentios, dessa forma, serao plenamente aceitos, mas ndo no presente; esse é um evento que pertence ao futuro de Deus. “Eckhard J. Schnabel, “Israel, the People of God, and the Nations”, Journal of the Evangetical Theological Society 45 (2002): 40. Cf. também, do mesmo autor, a abordagem bastante minuciosa do material pertinente no Antigo Testamento, bem como um exame dos estudos relevantes a respeito, na primeira parte do magistral estudo Early Christian Mission, 1:55-91. Deus & AS NACOES NA MISSAO DO Novo TesTAMENTO 529 Em segundo, o ajuntamento das nagées ndo é obra de Israel. Antes, serao frequentemente as proprias nagdes que tomarao a iniciativa. E em um ntimero significativo de passagens, 6 Deus quem as ajunta [...] Em terceiro, todas essas passagens proféticas visliambram as nagées vindo alsrael, ndo Israel indo ds nagées [...] Esse movimento, da periferia ao centro, recebeu a designacao apropriada de “centripeto”.* Quando viramos a tiltima pagina de Malaquias e passamos a Mateus, con- tudo, desembarcamos em um mundo totalmente diferente. Encontramos ali a mesma compreensao da missdo suprema de Deus as na¢des que vimos permear tao grande parte do Antigo Testamento. Mas também descobrimos, agora, que essa Compreensdo, para usar os termos de que se vale Schnabel, deixa de ser mera ideia missiondria para se transformar numa enérgica prdxis missiondria. No principio era Jesus. Sem a pessoa de Jesus de Nazaré, o Filho do Homem messianico, nao haveria cristaéos. Sem o ministério de Jesus, ndo haveria missdes crist4s. Sem as missdes cristas, nao teria havido nenhum Ocidente cristo. O primeiro missiondrio cristéo nao foi Paulo, mas Pedro, e Pedro nao teria pregado um sermao “missiondrio” em Pentecostes nao tivesse ele sido um estudante de Jesus por trés anos.° E com essas palavras ousadas que Eckhard Schnabel da inicio ao seu enorme estudo da missao da igreja primitiva. Apds a introdugdo, ele retrata, em poucas pinceladas, 0 qudo rapido o movimento cristao se disseminou, pas- sando de 120 pessoas, em 30 d.C., em Jerusalém, a uma grande comunidade causando rebuligo em Roma, dezenove anos depois — 0 imperador Claudio tendo, a essa altura, expulsado todos os judeus da cidade —; e como, com “Charles H. H. Scobie, “Istael and the Nations: An Essay in Biblical Theology”, Tyndale Bulletin 43, n. 2 (1992): 291-92. $6 discordo de Schnabel e Scobie, nessas citagdes, quanto 8 minimizacao de uma convicgao israelita fundamental em relacao 3s nagdes (& qual Kaiser, Por outro lado, dé énfase exagerada): o tema, saliente nos Salmos, da proclamacao de todos 0s feitos de Yaw entre as nag6es. Essa proclamacao parece ir além, na minha opiniao, da missao “local” em termos do significado universal da revelagao confiada a Israel, embora eu continue sustentando que tal linguagem pertence a retorica da fé e da esperanga, os salmistas nao estdo oferecendo a si mesmos como missiondrios ou conclamando outros a sair e a fazer essa proclamagao entre as nagées. “Schnabel, Early Christian Mission, 1:3. Com “Ocidente cristéo”, é claro, Schnabel estd se re- ferindo a realidade histérica da vasta conversdo da Europa ao cristianismo ao longo dos séculos p6s-Novo Testamento, ¢ nao as realidades globais atuais. O crescimento fenomenal da igteja a0 redor do mundo no tiltimo século transformou 0 “Ocidente cristo” (para usar uma designacao inadequada) numa minoria periférica do cristianismo global. Mais de 75% de todos os cristaos do mundo vivem, atualmente, no “Sul global” — na “maior parte” do mundo que consiste na Africa, na América Latina e em partes da Asia. ‘ 530 A Missdo de Deus meros 34 anos de existéncia, a comunidade crista j4 causava dores de cabeca a ponto de suscitar a perseguicdo do imperador Nero. Nés também, portanto, precisamos comegar com Jesus e os Evangelhos, entdo consultar brevemente 0 relato de Lucas sobre a igreja primitiva em Atos, e estudar, por fim, 0 apéstolo Paulo. A cada passo desse processo, nosso propésito é ver de que maneira a compreensao que cada um desses persona- gens tinha de Deus e das nagGes — compreensdo essa sempre baseada nas Escrituras — afetava a maneira como eles concebiam a prépria participagao na missdo de Deus. Queremos ver de que forma o Novo Testamento retoma € faz frutificar a teologia e as expectativas do Antigo Testamento em relacao a Deus e as nacoes.

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