TU A INTELIGENCIA DESCUBRA O QUE FAZER PARA SER MAIS INTELIGENTE! INTELIGENCIAS MULTIPLAS, EMOCIONAL, ARTIFICIAL...Imago shutetck mages EDITORIAL O QUEE SER INTELIGENTE? std af um dos grandes desafios para a ciéncia. final, passamos muito tempo sem uma defi- nigdo precisa sobre essa habilidade cognitiva. ara o senso comum, perdura a ideia de que ser inteligente é saber de cor diversas frmu- Jas da fisica, da quimica, da matemética...Ou, entéo, conhe- ‘cer muito sobre algum assunto incomum, por exemplo, a reprodugio das pteriddfitas. Vocé no sabe o que é uma pte- ridéfita? Pois nem porisso seré mais ou menos inteligente do ‘que outra pessoa! As pteridéfitas so um grupo de plantas, € centre as mais conhecidas esto as samambaias, as avencas os xaxins, Enfim, a definigdo do que é ser inteligente consiste em ‘algo complexo e tem envolvido diversas reas do conheci- ‘mento. Aliés, nto existe apenas uma concepgto sobre esse termo, Além disso, uma teoria recente diz ‘que as pessoas podem apresentar miiltiplas inteligéncias. Segundo esse conceito, um fi- sico premiado é tao inteligente quanto um habilidoso jogador de futebol. Ampliando o leque sobre essa inves- tigagfo, ja foram propostos outros dois tiposde inteligéncia, como aemocional, quereconhece a habi- lidade de reconhecer lidar com as emogSes préprias e as dos ‘outros. Ainda existem conceitos como inteligéncia artificial, animal... ‘Em SEGREDOS DA MENTE - SUPERINTELIGENCIA, vamos a fundo nesse assunto to intrigante, No decorrer das melhores matérias jd publicadas, além dos assuntos que jé falamos, voce {rd descobriralgumas formas de turbinarasua mente comati- vidades do diaa dia e 80 exercicios espectficos. Também des- ‘vendamos alguns mitos e questionamentos - quem é mais in- teligente: homem ou mulher? Ou ainda: existem pessoas mais inteligentes do que outras? Nessa busca por conhecimento, sempre me lembro de ‘uma afirmagao atribuida ao fildsofo Sécrates. Mesmo sendo considerado um dos homens mais sdbios de seu tempo e um dos grandes génios da humanida- de, o ateniense teria um dia proferido: “Sé sei que nada sei”. Entao, em cada pagina a seguir, desejo que vocé tenha a mente aberta para o novo. Com certeza, de- © pois dessa leitura, vocé serd alguém maisinteligente. Ricardo Piecinato, editor ricardo piccinato@astralcom.br (APA ft tuted nage Dei overeatEM BUSCA DE UM CONCEITO 12 como meaire Conheca a trajetoria das técnicas que buscam medir a capacidade intelectual das pessoas 15 sexes brithantes Foise o tempo em que os humanos eram considerados a tinica espécie inteligente da Terra 18 ineiséncies muttiplas 8 tipos. Por isso, ele defende que somos todos inteligentes 24 docoragio amente Saber utilizar os sentimentos a seu favor 6 o grande trunfo das pessoas emocionalmente inteligentes 28 No trabatho Como a (falta de) inteligencia emocional pode influir, e muito, na carreira profissional SA tus relacionamentos Descubra de que forma a inteligéncia emocional promete melhorar convivio com o préximo 34 na educagao Ser inteligente emocionalmente & importante nos estudos 100 - 25 Varias -— 5 ~ definicoes As principais explicagdes a respeito do conceito de inteligéncia, tema que esta longe de ser um consenso 36 scninins A-evolucao da tecnologia na inteligéncia artificial e como ela esta presente em diferentes fases da vi EM re FORMACAO 40 cianao minigénios Como incentivar o intelecto do bebé? Saiba que esse processo jé comeca na estado 42 céseoroom desenvolvimento Confira tudo que influi quando este importante ‘orgao esta se formando nas criancas 45 como quero aprender Sao varios os métodos de ensino para desenvolver 0 intelecto infantil. Escolha um!Por que as criangas aprendem a usar aparelhos eletrénicos mais rapido do que os adultos? J Fome de comida edesaber A pobreza possui um impacto e tanto na formagaio do intelecto humano | “eA plenitude do cérebro A diferenca entre uma mente infantil e a adulta pode estar em um detalhe minimo: Bo poder da alimentacao Comer de forma adequada tem o poder de turbinar 0 cérebro, além de mantélo saudavel = Nem tao diferentes assim 0 quanto homens emulheres tem cabecas distintas? Existe um sexo mais inteligente? A mentea seu favor Entre o inconsciente e outros mistérios, é Possivel tornar 0 cérebro seu melhor aliado’ logia _tentam desvendar se ha ‘mesmo pessoas mais inteligentes que outras Mais maduro O que realmente muda quando o cérebro. comeca a envelhecer?& Lneursniosa a ag 0 que acontece com 0 cérebro quando ele cane PVE eda U1 OS genios Corpo e cérebro podem trabalhar juntos SOE eee cd felted Neen Pel clite mc} Pere Soc t= Pilulas Precaecal eee Cea a) Sera que um remédio pode melhorar as fungGes cognitivas? A “pogdo da inteligéncia existe? coor} U Lembrancas reservadas que fazer para manter a memoria afiada em qualquer Cérebro ee multiplicado estes se As tecnologias esto oe ai para ser radas perspectivas sobre os Soe icine nents mistérios da inteligéncia cada vez melhor Biblioteca Desafie-se Como a inteligéncia Confira (e resolva) erica eieleee oe 30 exercicios para diversos filmes (alguns. shelnare Seki OsbIe: baseados na vida real) e desenvolver suas Ce séo, habilidades mentais mente si & Pegando um As atividades atatho esportivas sao otimas Que tal potencializar a aliadas para turbinar © desenvolvimento cerebralEM BUSCA DE UM CONCEITO As principais definigdes do queéa inteligéncia, testes para ss oy > I : avalid-la, ip “72. inteligéncias . NA ae: AL pe V7, miltiplas, ag 49° — emocional, a @ animal... ea See * tye Vor allie Rey S. * Ff Insp: Start nageVarias definicoes Reunimos as principais explicagdes a respeito do conceito de inteligéncia, um tema que intriga os cientistas e ainda esta muito Longe de ser um consenso ‘TEXTOVICTORSANTOS EWTREVISTAS AJGUSTO BIASON/ (COLABORADORE VICTOR SANTOSstd para existir um termo que divida tanto as opiniGes dos cientistas quanto inteligéncia. JE engana-se quem pensa que 0 debate € recente. “Essa é uma discuss4o que existe hé mais de cem anos”, relata o psicdlogo Bayard Galvao. Tudo porque esse conceito abraga um niimero de caracteristicas bastante amplo — uma pessoa classificada como inteligente pode ser alguém estudioso, um individuo com ‘opinides firmes, outro que domina todas as etapas do processo de uma atividade, alguém que consegue assimilar uma quantidade enorme de informagies. lista nfo para, 6 comprovandoa complexidade desse termo. Tentativas de conceituacéo Partindo do prinefpio de que se trata de uma competéncia intelectual das pessoas, Bayard sintetiza que a inteligéncia “estd mais ou menos definida da seguinte maneira: é a ca- pacidade de unir ideias com ‘uma finalidade”. ‘Opsicanalista Mauro Ger- tmer, também tratando dessa complexidade, destaca que existe uma explicagio que mais se apro- xima da consensual. “A melhor definicao para a inteligéncia, tanto na biologia quanto nas ciéncias ditas psi, €a habilidade de compreender e resolver problemas e conflitos, e ainda de adaptar-se a novas situacoes”. ‘Trata-se da descricio mais recorrente em diciondrios ¢ manuais, mas cla exige uma anilise cuidadosa. Afinal, no que exatamente consiste essa “adapragio"? Quando traba- Ihamos com o significado de inteligéncia, dissemos que ela une ideias com um fim. E tal finalizacio consiste num problema que precisa ser resolvido, superado ou, pelo menos, desmontado. ‘Logo, esse propdsito poderia ser felicidade, viver bem ou até su- cesso profissional, e cada um deles invoca diferentes conhecimentos ou habilidades”, destaca Bayard, esclarecendo que as taisideias seriam “requisitos do que seria necessario alguém ser capaz de fazer para atingir este “Ainteligéncia éa capacidade de unir ideias com uma finalidade” Bayard Galwao, psicélogo fim ou se adaptar situacio vigente” ‘Napritica, como explicao neuropsicdlogo Fibio Roesler, esse processo se dé a todo instante. “A adaptacdo ao meio es circuns- ‘ncias ocorre por meio do desempenho de fungOes que sfo condicionadas pelo ambiente ¢,principalmente, pela interpretacIo que 0 sujeito di a elas ressignificando as sieuacoes ‘que vai vivenciando”, comenta. Influéncia de pai e mae? Ouro ponto bastante discutido € 0 peso dos farores genéticos na inteligencia. Os especialistas apontam que no da para negar ‘que a nacureza tem, sim, seu papel —_mas nfo devemos achar que tudo se reduz.a isso. “$6 ficam e se adapeam os que melhor retinem condigdes para sobreviver, € af esti o papel da natureza como um todo, ‘que transmite genética e direramente as caracteristicas essenciais para o sucesso da operacio de adaptacdo”, indica Mauro. Porém, nfo € preciso se desesperar. Ourras ‘questdes também tém um peso e tanto na vida das pessoas consideradas inteligentes. “S40 quatro movimentos essenciais para ‘seu desenvolvimento”, sintetiza Bayard, “genética; dedicacio intensa; autodidética {aprender consigo sobre como se superar em determinada atividade, seja futebol, ‘matemiética, misica ou relagbes pessoais) e algum professor-mentor”, conch. ‘CONSULTORIAS Bayard Galvde,pscdlopo clinic, hipnoterapeutae presidentedo institut Milton. Erickson, em Sao Paulo (SP) Fébio Resler,pschlogo e neuropsicSlog daclincadecefaleia eneurologia Dx. Edgord Roffel, em Sa Pawo SP), ecoaitordo iro Personagens cu Pacientes?EatoraArtmed); Mauro ‘ertner,pscanalistaclinicoebibloga. AnTiGoRevistando o Conceto de nteligénciae ‘Apresentando a Contibigio deans Eysenck, dlsponivel (en htip//ty/tUn dea. Dentro desse turbithdo de peer errr cruny Dee Ee et eet ees inéditas; Seen Seu) cd Seer normas de conduta, Ce ed cau ts Certs eee cris para resolver peut) peace See cy Be ad Cae eed peed ane ee Peed eri] ees map: truck napeAvaliar a capacidade intelectual é Cott els pessoas — mas também possui importancia em diversas dreas. Conhega a trajetoria das técnicas que medem as habilidades cognitivas eae ar ENTREVISTAS AUSUSTO BIASON VITOR MANFIO/COLABORADORES Eisen Per ee ncty Prete e astre etter Cee ee a ponto chega a propria habilidade ease alguns testes foram criados com 0 objetivo de Pertenece erie ee eg res eee eee ret tyPee nen seg cinema} referente a aspectos como raciocinio l6gico ¢ ccapacidades de desempenho e verbal. Drea Ty Pe ears peo eNO cca Betas pode-se encontrar diversas tentativas que se Cote ener as etree eee rete Tayy Ree ee erence tt eee (Seer nee ere Sees eee oe CT enon nn Cr ee a nC Ores eee ead Ponte rat has ker Dee eee yer a estudar as capacidades cognitivas. Lee CO ere encase arr utilizados para essa finalidade, chamado freno- rescore eect) chin ene er ett entre eee eter re obtidos, tentavam estabelecer alguns quesitos, ‘como a personalidade e as habilidades inte- lectuais dele. “Os frenologistas acreditavam Seerereresrretr ements peer ee ee ete COTS Se Re to Pet dete anne tris da cabeca, ele poderia ter mais habilidade em determinada funcio”, explica o doutor em peer ep ce ensta Perec restr fisioos (que logo caiu por terra) nfo estava totalmente equivocada, pois, juntamente 20 aavango tecnol6gico ocorrido nos anos seguintes, Reese eyes er eoy Preniiet enero yet potencialidades cognitivas. eee ry No perfodo entre o final do século 19 ¢ ini- cio do século 20, o processo neuropsicol6gico erent anette Semel principalmente do psioélogo francés Alfred Binet, onsiderado um dos pioneiros nese tipo de avaliagio, pois seus levantamentos serviram Ceres eet eee realizados até hoje. PO Coe eect Oe ea ncn a Mesmo com a perda de espaco nos ultimos anos, os testes de QI ainda tém importdncia para certas pesquisas cientificas e avaliagdes de pacientes. See eer eer oe Om een earring Perera r tt toys} See tet ett eet notre eae See eer eer peer oe erence Reece ay paper er eae nese eee eee RS ar eerie ae ‘base em testes aplicados em pessoas de diversas ‘dades. Assim, foram encontrados, por exemplo, Petes eric) classificar a inteligéncia. ee cena He iS a ae Pe eo ec Ran ay Pett cr rete ree cee eect Perr NUMERO DO QI ‘Aoreunir os resultados obtidos por meio de estes, é possivel ‘encontrar nimero final do Ql de um individuo. Entdo, entra ‘em questdo a classificagdo a partir do conjunto de pontuacées, estabelecidas por estudos realignds no processo de desenvoluimento da avaliacdo, Omestre em neurociéncia Martin Portner apresento, ‘combase nos dados tabulados pelo psicélogo romeno Davis, Wechsler, as dads ea definigio para cada soma, + Qlacima de 130 significa uma pessoa superdotada; +120.0129: superior; + 80 a 89: embotamento ligeiro (cificuldade teve para se expressar); + 66.079: limitrofe (esté no limite para quadros mais graves); +510 65: debilidade Leve; +360 50: debilidade moderada; +20035: debilidade severo; + abaixo de20: profunda debilidade,Aconsolidagao do QI Naquela época, 0s poucos recursos tec- Sra ce ieee aioe ey mais aprofundada sobre as habilidades Teen RC cect ‘com o passar dos anos, o método do QI ero ated possibilidades de anilise. Outro nome importante para o desenvolvimento dessa Pete toner rth ee Jer, que promoveu uma bateria de testes ¢ eet ere cece Pete ert ystrin or eat Pee ee Ce ee Teese Tren eA cs eae er ete ery poeta etme eterna inspirag6es para profissionais avaliarem a capacidade intelectual dos pacientes. Vee ee reve eee sey Cerne comes eee Cnty Pye nue eat! CCriangas,o que facilta aabordagem para fee emg ete serene) ‘portuma bateria de 12 subtestes. Metade Seeds ee Cee ead Ot oe ren oon ets Ty Eel cp Mennc eens} Cee eee Oe Drees coment Cn ats ere rat comer ere Ca birintos. Os demais,ligados 20 QIV, sfo Cree er ees Reels eed Cen emt nan ober on ei nee Tata Por conta de os testes de QI nfo reu- nirem avaliag6es ligadas a diversas habi- Peet corae a aay respeito de sua validade. Se, no passado, os raciocinios répido e légico eram prio- Pewee ry Cece ey ete ted ee ee eet Segundo Marcelo, apesar de ser de- Fornarina Cee et ale ere ser considerado defasado, jé que ainda GemntOteem tetra rir) pee eee Ter at en era eee Lt Pee Os one cy ere ree teen Teac treetops ete ee en eee rer tie enue de estudos cientificos e praticos com Pec 3 0 100 0 ny iia ily util @ 3 ace T te ee Portney newologisine mestreem neurociéncia peta Universidadede Cena er aetna)Foi-se o tempo em que os humanos eram considerados a tnica espécie inteligente da Terra b i Lh t ‘TEXTOEENTREVISTAS KARINA ALONSC/COLABORADORA DESIGN TAINARA RICALDES/COLABORADORA 4 quem ainda acredite que os humanos so 05 tinicos seres vivos capazes de ‘usar a meméria, fazer conta, arrom- bar fechaduras e reconhecer outros individuos da mesma espécie. Ali, até pouco tempo atris, a ciéncia ainda nfo aceitava 0 fato de que os animais possuem uma inteligéncia que pudesse ser comparada 3 dos humanos, acreditando ‘que suas agdes eram respostas instintivas ou estratégias de sobrevivencia, primeiro estudioso que comega a encarar os animais com a atual percepeto da ciéncia foi Charles Darwin, enquanto procurava desvendar os mistérios do desenvolvimento do cérebro humano. Para Darwin, a inteligéncia evoluiu a partir de organismos primiti- ‘vos enquanto passavam por desafios simples, comuns 4 outros animais. Seguindo a linha de sua teoria da evolugio das espécies, 0 cientista acreditava que os seres inferiores na escala evolutiva também teriam inteligéncia e sentimentos, mas em niveis distintos ; ddos mais evoluidos. Suas ideias demoraram para serem - aceitas, mas, com o desenvolvimento de pesquisas na ‘rea, hoje sabe-se quea diferenciacio entre o intelecto deles e do nosso é dado por graus e nao por tipos. re map: atertucnapeDurante ahistéria Em 350 a.C., 0 fildsofo grego Aristételes escreveu o livro Historia Animatium, em que fazia descricbes da fisiologia e do comporta- mento de baleias e golfinhos, dando destaque para o cuidado coma prole, e diferenciando-os dos outros animais marinhos. Séculos depois, © cientista russo Ivan Pavlov demonstrou os mecanismos do reflexo condicionado, quando ‘um estimulo externo passa a provocar reagoes no corpo do animal. Nos anos 1970, foi realizado o estudo que deu um salto no desenvolvimento das pesquisas na drea. O psicdlogo americano Gordon G. Gallup fazia algum tipo de marcag%o em um animal que estivesse dormindo e, quando ele acordava, era posto em frente a um espelho. ‘Viirias espécies, como chimpanzés e golfinhos, reconheceram seu reflexo e tentaram limpara superficie, como se fosse uma mancha. Alguns estudiosos entendem o ato como um sinal de que algumas delas sabem da sua individuali dade. Mas os criticos apontaram uma falha no teste: ele € baseado no principal sentido humano, a visio. E que, para muitos animais, outros sentidos so mais importantes, como o olfato. Em seres humanos, o teste mostrou que os bebés comecam a reconhecer o reflexo no espelho entre os 18 meses e dois anos de idade, sendo que até 30% das criangas autistas nfo apresentavam tal capacidade. Quase humanos O famoso papagaio cinza africano Alex con- tava atéseis, tinha um vocabulério comparado a0 de uma crianga de dois anos de idade e sabia diferenciar objetos pelo formato, cor e composi¢o. Sua treinadora, a pesquisadora Irene Pepperberg, da Purdue University, dos Estados Unidos, trabalhou na {rea por quase 30 anos e conseguin acabar com ateoria de que a inteligéncia € exclusivamente relacionada com o tamanho do cérebro e a capacidade cognitiva do animal. ‘Neimar Roncati, professor do curso de medicina veterinria da Universidade Anhembi ‘Morumbi, explica que a inteligéncia animal pode ser comparada com a humana, mas € preciso entender as diferenas fundamentais, como a maneira que conseguimos resolver problemas e agregar conhecimentos conforme enfrentamos novas situacbes. Atualmente, ser hhumano pode ser colocado no topo da cadeia, pela forma que estabelecemos relacionamentos € nos organizamos em sociedade. Segundo 0 professor, mesmo que alguns animais também tenham essas capacidades, geralmente o fazem para preservar a espécie, de modo instintivo, diferentemente dos seres humanos. Outras percepcies Os seres humanos tém uma percepeio de ‘mundo baseada nos cinco sentidos e, segundo 0 professor Neimar Roncati, hi grandes diferencas nna uilizacio de cada um deles nas diversas es- pécies animais existentes. Os cies, por exemplo, apresentam uma visio inferior nos, mas témo olfato muito melhor, fizendo com que utilizem ‘mais para identifica diferentes situagoes. ‘Marcos Fernandes, veterinério homeopata € especialista em psicanslise, explica que os animais aparentam ter um sexto sentido, ou seja, uma percepedo extrassensorial: sfo comuns relatos de tutores que presenciaram situagdesDurante ahistéria Em 350 a.C., 0 fildsofo grego Aristételes escreveu o livro Historia Animatium, em que fazia descricbes da fisiologia e do comporta- mento de baleias e golfinhos, dando destaque para o cuidado coma prole, e diferenciando-os dos outros animais marinhos. Séculos depois, © cientista russo Ivan Pavlov demonstrou os mecanismos do reflexo condicionado, quando ‘um estimulo externo passa a provocar reagoes no corpo do animal. Nos anos 1970, foi realizado o estudo que deu um salto no desenvolvimento das pesquisas na drea. O psicdlogo americano Gordon G. Gallup fazia algum tipo de marcag%o em um animal que estivesse dormindo e, quando ele acordava, era posto em frente a um espelho. ‘Viirias espécies, como chimpanzés e golfinhos, reconheceram seu reflexo e tentaram limpara superficie, como se fosse uma mancha. Alguns estudiosos entendem o ato como um sinal de que algumas delas sabem da sua individuali dade. Mas os criticos apontaram uma falha no teste: ele € baseado no principal sentido humano, a visio. E que, para muitos animais, outros sentidos so mais importantes, como o olfato. Em seres humanos, o teste mostrou que os bebés comecam a reconhecer o reflexo no espelho entre os 18 meses e dois anos de idade, sendo que até 30% das criangas autistas nfo apresentavam tal capacidade. Quase humanos O famoso papagaio cinza africano Alex con- tava atéseis, tinha um vocabulério comparado a0 de uma crianga de dois anos de idade e sabia diferenciar objetos pelo formato, cor e composi¢o. Sua treinadora, a pesquisadora Irene Pepperberg, da Purdue University, dos Estados Unidos, trabalhou na {rea por quase 30 anos e conseguin acabar com ateoria de que a inteligéncia € exclusivamente relacionada com o tamanho do cérebro e a capacidade cognitiva do animal. ‘Neimar Roncati, professor do curso de medicina veterinria da Universidade Anhembi ‘Morumbi, explica que a inteligéncia animal pode ser comparada com a humana, mas € preciso entender as diferenas fundamentais, como a maneira que conseguimos resolver problemas e agregar conhecimentos conforme enfrentamos novas situacbes. Atualmente, ser hhumano pode ser colocado no topo da cadeia, pela forma que estabelecemos relacionamentos € nos organizamos em sociedade. Segundo 0 professor, mesmo que alguns animais também tenham essas capacidades, geralmente o fazem para preservar a espécie, de modo instintivo, diferentemente dos seres humanos. Outras percepcies Os seres humanos tém uma percepeio de ‘mundo baseada nos cinco sentidos e, segundo 0 professor Neimar Roncati, hi grandes diferencas nna uilizacio de cada um deles nas diversas es- pécies animais existentes. Os cies, por exemplo, apresentam uma visio inferior nos, mas témo olfato muito melhor, fizendo com que utilizem ‘mais para identifica diferentes situagoes. ‘Marcos Fernandes, veterinério homeopata € especialista em psicanslise, explica que os animais aparentam ter um sexto sentido, ou seja, uma percepedo extrassensorial: sfo comuns relatos de tutores que presenciaram situagdesem que animais tiveram uma antevisio de algo ‘que aconteceria no futuro. Fato parecido foi percebido durante o tsunami de dezembro de 2004, em que milhares de pessoas morreram na Asia, Diversos animais comegaram a fugit ‘minutos antes do acontecimento. Muitos dos que faleceram, néo puderam fugir porque estavam aprisionados. Memoria de elefante Em 2013, obidlogo Jason Bruck, da Universi- dade de Chicago (EUA), publicou um estudo na revista britinica ProvedingsB afirmando que os golfinhos possuem a capacidade de reconhecer longo prazo seus semelhantes, por meio de um assobio caracteristico, que funciona como se fosse ‘uma assinatura pessoal. O bidlogo estudou 43 golfinhos alojados em seis zool6gicos e parques aqusticos diferentes que intercambiavam animais entresi,mantendo registro de cada um. Durante a pesquisa, os golfinhos ouviam gravagbes de assobios de outros de sua espécie e reagiam por ‘muito mais tempo quando ouviam sons familiares, ‘mesmo depois de 20 anos de separacio. ‘Neimar Roncati explica que os animais guardam meméria, sendo que algumas espécies aparentam inclusive ter uma capacidade maior de memorizaco que a dos humanos. Esse & 0 ‘caso dos elefantes, que possuem a habilidade por exigéncias de seu modo de vida. Como percorrem grandes distancias, precisam ter uma boa lembranca espacial para saberem ‘onde encontrar gua e comida, mesmo depois de andarem muitos quilémetros. Potencialigando a inteligéncia Assim como acontece com os humanos, tam- ‘bém é possfvel treinar o intelecto dos animais. Segundo o veterinario Marcos Fernandes, “a nteligéncia dos animais € constatada por meio do treinamento e na avaliacio de capacidades ‘cognitivas, comprovadas mediante experimen- +0 cientificos”. Sua avaliacdo é dada por meio do reforgo positivo, ou seja, quando o animal acerta uma funcio, ¢ premiado e, quando erra, iio recebe o prémio. professor Neimar Roncati explica que © adestramento nao é s6 utilizado para exi- bicionismo, mas também para cies guias ou acompanhantes de criangas com necessidades ‘spedias, por exemplo. O periodo mais propicio parao treinamento de cies € quando eles estfo jovens, geralmente entre 30 € 90 dias de vida, periodo chamado de socializagio. Em qualquer ‘outra idade he a possibilidade de treinamento, porém, enquanto jovem, o animal se mostra ‘mais aberto para o aprendizado e para aceitar a lideranga de um ser humano. CCONSULTORIA Marcos Fernandes, vetrindriohomeopata ‘eespecialistaem psicandliseNeimar Roncal, professor ‘o curso de Medicina Veterindria da Universidade Arherbi Morumti NOMUNDO: DOs SONHOS Vocéjéviu um cachorro chorando ‘ou movimentando ( patas enquanto dormia? 0 professor Neimar Roncati explica que, possivelmente, ‘os animaissonham da mesma maneira ‘queos humanes. Nos hes, ofato acontece mois durante a fase decrescimentoe desenvolvimento. “Existem pesquisas ‘comprovando que vias espécies demonstram as mesmas fases do sono queoshumanos, inctuindo a chamada faseREM, queseria ‘quando estamos sonhando’,conclui o professor. Inert#somos todos inteligentes Segundo a teoria de Howard Gardner, existem oito tipos de inteligéncia. Vocé pode até mesmo ser um génio em uma delas — endo é sua nota escolar que dird isso ‘TEXTO EENTREVISTAS AUGUSTO BIASON/COLABORADOR DDESIGN KAREN ZANATA/COLABORADORA rovavelmente, em algum momento ‘da sua vida, voc€ deve ter achado que alguém era extremamente inteligente —enquanto voce, comparado a ela, nem se considerava tJo bom assim. Ou entio, devido ao mau desempenho em uma prova, acabou questionando sua capacidade. Se mesmo um resultado satisfatorio em testes que verificam a habilidade intelectual € capaz de provocar diivida sobre a poténcia do seu cérebro, esse texto poder’ ajudar a compreender melhor o que acontece em sua cabeca. ‘Como visto na matéria da pagina 12, diversos estudos tentaram mapear e, principalmente, mensurar 0 intelecto. Um dos mais conhecidos 6,sem diividas, o quociente de inteligéncia (QI). Porém, deve-se lembrar que muitos dos testes Jevam em conta quase que exclusivamente os pensamentos verbal e lgico-matemitico. Para alguns te6ricos, seus resulkados representam apenas uma parcela da intelectualidade huma- na— nfo sendo capazes de descrever a grande variedade dela. Muito além do QI Foi questionando esse método que, hé 30 anos, Howard Gardner, psicSlogo e professor da Universidade de Harvard, nosEstados Unidos, desenvolveu a chamada Teoria das Inteligencias ‘Milkiplas. Segundo o psicélogo Bayard Galvio, Gardner propés um grande avango ao identificar as habilidades distintas que cada individuo apre- senta, “Hi pessoas nao inreligentes para algumas coisas, mas muito capacitadas em outras, pois existem diferentes habilidades para atividades completamente distintas”, destaca. Para ajudar a comprovar sua teoria, o pes- quisador baseou-se na neurociéncia atual, que ‘vé 0 cérebro como um complexo conjunto de estruturas, cada uma responsavel por certas fangdes e que, juntas, fazem o drgio funcionar plenamente. A partir desse modelo, o psicélogo norte-americano concluiu que a inteligéncia nao € um conceito tinico, mas sim uma reunifio de diversas habilidades. Em primeiro lugar, Gardner definiu a inteli- géncia como “a capacidade de resolver problemas ‘ou criar produtos que sfo valorizados em uma ou ‘mais culturas”. Em seguida, estabeleceu critérios para uma classificago dos fatores constituintes das capacidades humanas. Com base nessas con- cepedes, 0 psicélogo defendeu a ideia de que as pessoas possuem nio apenas dois ou trés tipos de inteligéncia, mas oito — isso mesmo, oitodiferentes habilidades cognitivas! Pela teoria, um individuo pode apresentar apenas uma, virias ou, até mesmo, nenhuma delas plenamente desenvolvida. Como misculos Infelizmente, tornar-se um sabichao em todas as reas pode ser uma verdadeira missio impossivel. Segundo Bayard, “nem todos sio capazes de tudo. Poucos teriam inteligéncias em todas as reas, ¢ afirmo simplesmente que ninguém ser um génio em todas”. Essa limitacio se dé pela forma que nosso ccérebro trabalha. “As redes neurais funcionam, em grande parte, como miisculos: a que se usa mais teri uma capacidade melhor desenvolvida. Nao hd tempo para aprimorar todas as inteligéncias possiveis da vida. O importante é melhorarmos com base no que é fundamental para cada um de nds”, completa. Intrapessoal (ou ‘utointeligéncia) Naturalista (ou Inteligenclade nnaturega) Interpessoal ou IntelIgéncia de pessoas) seals INTELIGENCIAS ae caou (ouinttgenciade MOLTIPLAS intaligencade ndimeros e raciocinio) patavras) Naescola Perceber que a inteligéncia vai além dos conceitos empregados no sistema educacional da atualidade pode representar um grande avanco na forma em que reconhecemos as habilidades individuais. Por meio da sua teoria, Gardner levanta um questionamento per- tinente: os modelos vigentes de ensino atendem As necessidades de cada crianga? Ou se tornam falhos por serem generalistas, visto que cada um possui suas prOprias facilidades e dificuldades? Para o psicélogo Durval Pereira de Aratijo, com a formulagio, da Teoria das Inteligéncias Miltiplas, “ficou mais evidente que cada pessoa tem um tipo de facilidade, de inteligéncia; entio, os processos de aprendizagem devem ser adaptados para atendé-h” Coma descoberta da maior apridao para determinadas atividades, co aluno envolvido no processo certamente se sentiria estimulado para desenvolvera ‘rea que deseja, tornando o aprendizado mais, rico e proveitoso, além de evidenciar suas qualidades. “Por isso, € importante criar diferentes tipos de estimulos no processo de aprendizagem”, finaliza. Corporal-cinestésica (ou intetigéncia corporal) Imagen: antag st teagan mag Musical (ou Inteligéncia de som)ee e P gt 8 S 1) yy As diferentes inteligéncias Em 1983, o psicdlogo norte-americano Howard are e Michelangelo. “Usé-los nos estudos de caso deixou Gardner langou a Teoria das Intcligéncias Miplas, mais claro para o pibico que cada um deles tina um. publicada no livro Eserueuras da Ment. Essa nova visio potencial mais desenvolvido” apontao psicélogo Durval revolucionoua forma deencararas habilidades hnmanas. Pereira de Araijo. Contira os oto tipos de intligéncias Paraembasara pesquisa, oprofessoravalionotrabalho de _propostos por Howard Gardner — e descubra quais alguns génios como Albert Einstein, William Shakespe- _ deles fo os seus:Musical (ou inteligéncia de som) ‘Trata-se da habilidade em interpretar e produzir sons, seja por meio de instrumentos musicais ou sem eles. F associada a quem tem facilidade em compreender a misica, captar sua expresso e transmitir sentimento por meio de ritmos, tons € timbres. Pessoas com essa habilidade cognitiva nao s6 selem- ‘bram de misicas com ficilidade, como nao conseguem tirs-las de sua mente. Ea inteligéncia desenvolvida em misicos como Jimi Hendrix e Tim Main — algumas das caracteristicas do brasileiro eram a extrema exigéncia com a qualidade do som € as consequentes reclamagdes com os operadores de iudio ¢ integrantes da banda durante os shows: “mais grave, mais retorno, mais som. Eu no estou ouvindo o baixo”. Espacial (ou inteligéncia de imagens) Provavelmente, vocé esti se perguntando © que é —e para que serve —a inteligéncia espacial. Ela nada mais é que a habilidade de interpretar e reconhecer os movimentos ¢ as posigdes de determinados objetos, além da ca~ ppacidade de representarmentalmente aimagem de locais — sabe aquele talento de imaginar casa dos sonhos ou 0 ambiente descrito em um livro? Artistas, nayegadores ¢ jogadores de xadrez, por exemplo, tém essa capacidade mais desenvolvida, assim como o arquiteto de Brasilia, Oscar Niemeyer, ¢ a pintora Tarsila do Amaral. nap: epoaan Howard Gardner se baseou na neuraciéncia atual, que vé 0 cérebro como um complexo conjunto de estruturas, cada uma responsduel por determinadas funcées. A partir desse modelo, 0 psicdlogo norte- americano concluiu que a inteligéncia ndo é um conceito Unico, mas sim uma reunido de diversas habilidades . ay > itnage: niger ee e 4 gt “Ha pessoas nado inteligentes para algumas coisas, mas muito capacitadas em outras, pois existem diferentes habilidades para atividades completamente distintas” Bayard Galudo, psicstogo 8 ® MI) yy Corporal-cinestésica (ou int ‘Uma das inteligéncias descritss por Gardner é a cinestésica, ou seja, a capacidade de controlar ¢ orquestrar os movimentos corporais. Além disso, a facilidade em se locomover pelo espaco, conhecer bem o potencial fisico do seu corpo € ter boa coor- denagio motora sio caracteristicas tipicas de quem possui essa hhabilidade, Neste segmento, podemos encontrar, por exemplo, dancarinos, atores, escultores e, até mesmo, cirurgides, porque todos eles tém que usar o cérebro primeiro, para, em seguida, executar suas ag6es diretamente com os membros. Eles sto ca- pazes de prever e controlar movimentos antes que seus proprios corpos os facam. Grandes nomes do esporte, como a maiorarti- Iheira da histéria da selecio brasileira, €0 esportista do século, Muhammad Ali, s20 exemplos da inteligéncia corporal desenvolvida. Interpessoal (ou inteligéncia de pessoas) Ea habilidade em entender intengdes, mori- vacées e desejos das outras pessoas. Individuos com essa inteligéncia possuem facilidade para se relacionar de maneira geral ¢ trabalhar em grupo, além de serem 6timos lideres terem a capacidade de identificar a personalidade dos outros. Entender bem 0 que terceiros dizem em uma discussio, assim como scus objetivos ¢ metas —explicitos ou nio, — tem a ver com essa inteligéncia, Normalmente — mas nao necessa- riamente —, a interpessoal € acompanhada da intrapessoal. Praticamente todos precisam dessa habilidade, porém é mais agueada em psicdlogos, politicos, professores, espiritualistas e vendedo- res. O apresentador e empresa e o lider pacifista Mahatma Gandhi iluseram essa categoria. a S éDlr euler eat aloes. Por fim, temos a naturalista, uma das primeiras inteligéncias Cee Sees eee st contami Po ea Oke oe rR reg nn cere ewan eter) de seu livro. Essa habilidade esti associada 4 sensibilidade em eset eer eee eee eaeet Cee Isso inclui perceber o clima, identificar e classificar espécies de plantas ¢ animais, tipos de minerais, bem como a variedade de Pee ee aes Cet rato crate do, pessoas com essa inteligéncia estimulada tendemase sentir rae eer ent teeter ecstemesta cacadores, agricultores, bidlogos, ge6logos eindios, por exem- plo. O naturalista e pai da teoria da evolucio, Pome y Uc ‘CONSULTORIAS Bayard Galudo, psicélogoclnico, hipnoterapeutae presidentedo Instituto Milton H. Erickson em Sao Paulo (SP); Durval Pereira de Araijo psicitogo..cése considera uma pessoa inte- ligente? Ou,ao menos, hi alguém que vocé considere inteligente e que Ihe sirva de inspiragio? A resposta pode variar conforme 0s critétios que se use para denominar 0 que 6 inteligéncia. A maioria das pessoas considera inteligente alguém que saiba bem fazer contas aritméticas ou decorar formulas e dados. Nesse aso, cabe refletir se apenas isso € 0 suficiente. O conceito de inteligéncia emocional, que tem conquistado cada dia mais adeptos, res- salta que conhecimento ¢ talento tornam-se um desperdicio quando nio se faz bom uso de ambos. E que, para aproveitar melhor suas capacidades e ser feliz.em diferentes aspectos da vida (rclacionamentos, carreira profissio- nal, estudos ou no que mais for preciso) uma atitude realmente eficaz. conta muito: saber ‘usar as emogdes a seu favor. Entram em jogo as emocoes Aliar emogSes ¢ inteligéncia foi uma ten- déncia que se consolidou por pensadores dos Estados Unidos a partir dos anos 1980. Foi nessa época que Howard Gardner notabilizou- -se pela tcoria das Inteligéncias Mitltiplas, independentes entre si c que operariam cm blocos separados no cérebro: tica, linguistica, musical, naturalista, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal interpessoal (veja mais sobre elas na matéria da pagin: Posteriormente, também ganharam crédito as idcias de Peter Salovey ¢ John Mayer, que dividiram a inteligéncia emocional em quatro dominios separados: percepeio, uso, entendi- ‘mento ¢ controle das emogies. Entretanto, o grande divisor de aguas foi a ‘obra Inteligéncia Emacional, de Daniel Goleman, quem realmente popularizou o termo. Nao oracaso,o livro tornou-se best-seller € abrit caminho para que vrias outras publicagde nessa mesma linha consolidassem um segment parte dentro do mercado editorial (veja mai partir da p‘Agina 88). Essencialmente, Jeman mostrou que a inteligéncia emoci €a grande responsivel pelo sucesso ou insu ccesso de alguém. Pessoas que sio capazes de estabelecer relacionamentos saudaveis — nao apenas com 0s outros ao redor, mas também consigo préprias — sto mais felizes por nio serem reféns das emogdes negativas ¢ tém ‘muito mais chances de serem bem-sucedidas cem diferentes esferas. Para ser emocionalmente inteligente De acordo com Goleman, a inteligéncia cmocional se bascia cm cinco habilidades: Autoconhecimento emocional: scr ccapaz de distinguir e assumir, com clareza, ‘quais as emogies esto presentes em vocé em sum determinado momento; Entender emacionalmente vocé mesmo e as pessoas ao seu redor é uma forma inteligente de lidar com a vida e 9 caminho para 9 sucesso nas mais diferentes dreas.emocional cee nivel intrapessoale interpessoal. Controle emocional: uma vez que os ;préprios sentimentos foram identificados, 6 passo seguinte é saber como administré-los, de acordo com cada situagao; Sp htomation cto: um melhor dominio das emogées significa canalizé-las para algo produtivo. E, como diz.o ditado, fazer dos muitos lim@es que a vida ofercee uma deliciosa limona~ da. Ou, usando um outro provérbio, nao perder tanto tempo chorando o leite derramado para, © quanto antes, tragar novos caminhos e buscar forcas para superar uma frustragio; Reconhecimento das emocdes em mutras pessoas: ¢ o que também pode ser chamado de empatia. “Ela se faz. necessiria em todas os momentos de nossa vida, sejam eles pessoais ou profissionais, Interagimos constan- temente com pessoas €as nossas ages ¢ reagbes podem ser mudadas em razio delas. Posso mudar minha atitude em relagio a algum episédio em razio de conseguir me colocar no lugar dapessoa, que teve a experiéneia c entenderasua reagio”, explica - © escritor, consultor financeiro © a Bose Ata chee pn 5 ‘Habilidades em relacionamen- tos: reconhecendo suas proprias emo- 48es eas que passam pela cabeca das pessoas 20 ser redor, torna-se possfvel desenvolver uma cconvivéncia mais saudivel com clas, em qualquer tipo de ambiente. Para sie para o préximo (Como se vé, tais qualidades mencionadas por Goleman podem ser separadas em dois grupos. As intrapessoais sio voltadas para o relaciona~ ‘mento consigo préprio, como acontece com as ‘trés primeiras. Jéas duas tiltimas sio de carater interpessoal, mostrando-se importantes em tarefas como: a visio para coordenar ‘0s esforgos individuais dentro de uma coleti- vidade. Envolve também obter desse grupo 0 reconhecimento como lideranga ¢ despertarem ‘todos uma cooperacio espontinea no caminho ‘de algum objetivo maior. em momentos de conflitos, é saber exercer 0 papel de mediador, fazendo a ponte para que as duas partes se en- tendam. [ENTE » is citada capacidade de colocar-se no lugar do outro, usando-a a favor do interessea capacidade de estreitar relacionamentos ¢ estabelecer relagdes de con- fianga entre os membros de uma equipe. ‘Autonomia pessoal ‘A melhor mancira de compreender a im- portancia da inteligéncia emocional é pensar a rrespeito do quanto, em determinadas ocasides, no saber administrar emogdes limitou a sua vida. Pode ter sido quando a vergonha o impediu de falar algum assunto delicado com um cliente ou © chefe, travando a ascensio profissional (veja ‘mais na p’dgina 28). Quando o cifime ea falta de didlogo estragaram o relacionamento amoroso (Confira como na pégina 31), Ou quando o temor na véspera do vestibular ou de alguma prova importante apaga da sua mente tudo aquilo que foi estudado (descubra por que na pigina 34). Portanto, dominar as emogdes € pré-requi- sito para sc fazer uso dos talentos pessoais. “Ter inteligéncia emocional é ser capaz.de usar suas emogées a seu favor. Nesse sentido, saber identifica-las, controlé-las ¢ usé-las é essencial. Gada pessoa € tinica, com seus préprios senti- ‘mentos, medos, visio conhecimento da vida € das coisas. Isso pode gerar conflitos, seja num relacionamento amoroso, numa amizade ou no trabalho”, frisa a professora, consultora e coach Dolores Affonso. ‘mapen Shokcon ty moges A prépria prevaléncia cada dia maior de do- engas de cunho emocional mostra que falta um. tanto quanto de entendimento interno 3 muita gente: “Depressio ¢ ansicdade, olhando para 0 lado profissional, ocorrem muito devido a ex- pectativas nao correspondidas. As pessoas criam. planos, mas nao se planejam para que acontecam, fu scja, no fazem nada. Desta forma, geram ansiedade © depois frustracdes por nio terem atingido aqueles objetivos”, lembra Amauri. ‘CONSULTORIAS Amauri Nébrega,consutorexectiv, palestrante coach eeseriior, Dolores Afonso, coach, palestrante, consulta, designerintrucional, professora ‘ideal godora do Congresso de Acesibliade ls, doloresaffonsacom. E0 QI, COMO FICA? Mensurar em niimeros algo tao subjetivo quanto a ‘géncla é uma missao complicada. 0 quociente de int ia (Q)) basela-se na escala Stanford-Binet, elaborada, psicélogo Lewis Terman, da Universidade de Stanford, Es- tados Unidos, a partir de uma escata anterior formutada Por outro estudloso do assunto, Albert Binet (salba mals ‘na pagina 12). O seu valor médio é 100. Na falxa que val de 85.0 115 estd 90% da populacao mundiat. Acima de 130 en- contram-se os superdotados, que acredita-se comporem ‘apenas 2% das pessoas. Porém, mesmo estes (ou principal ‘mente eles) nao sabem como fager uso de tamanho poten-at ‘TEXTOEENTREVISTAS MARCELO ICCIARDI/COLABORADOR. DESIGN DIEGODIAS maior parte das vezes, os censinamentos da inteligéncia ‘emocional aparecem relacio- nadosao ambiente profissio- nal. © que é natural, uma ‘vez. que relacionar-se bem com os colegas de ‘trabalho exige aptiddes um pouco diferentes ~Spdaquelas necessirias para o convivio rotineiro, ‘com os amigos ~ que, na verdade, si com- puis voluntariamente escolhidas ¢ com ‘quer se tem vérias afinidades prévias. Nao se pode esquecer que, dentro de um comércio, ‘escritério ou empresa, servigos sao prestados a terceiros ¢ estes tém de apresentar qualidade, ‘0 que resulta em maiores responsabilidades para os envolvidos.“No ambiente profissional, hé anecessidade de saber lidar com as diferengas de comportamento. Accitar ideias que nao sejam suas ¢ entender a ccultura das outras pessoas, a fim de promoverum local de trabalho amigavel ¢ produtivo”, observa ‘0 consultor ¢ coach Daniel Furtado. O especia- lista lembra que, nesse universo, a postura tem de ser diferenciada: “Nao h4 espaco para egos inflados ¢ para o autoritarismo, mesmo que 0 profissional seja muito competente no que faz. Ou scja, além da técnica, o grande diferencial desejado no mercado de trabalho é constituido, or pessoas equilibradas que saibam trabalhar em equipe € que possam acrescentar a0 grupo, asi proprio 4 empresa”, Ninguém ganha soginho No mundo empresarial, no faltam exemplos de profissionais de grande saber técnico cujas carreiras nunca deslancharam. Casos em que © caminho para a lideranca Atuniverso do trabalho é marcado nao s6 por divisdes deafazeres como também de hicrarquias, © que inevitavelmente leva a atritos, pequenos ou severos. Seja qual for a organizacio, nao é preciso procurar muito para achar algum fun- cionério reclamando do chefe ¢ travando com cle um conflito interno que, quando explode, afeta até quem nao tem relagio direta com 0. problema — inclusive, os clientes. tais aptidées nfo foram o bastante frente a uma necessidade praticamente inevitavel: trabalhar ent ‘equipe. Um contexto em que tanto 0 autocontrole frente &s préprias emogées quanto a empatia— a capacidade de se colocar no lugar do outro ¢com- preender sua forma de pensar ¢ agir—tornam-se pré-requisitos para atingir 0 sucesso. “Individuos com conhecimento, mas que apre“ sentam problemas de relacionamento, tendem a serem isolados ¢, por fim, retirados das equipes, especialmente nos dias atuais, em que a rede de relacionamentos torna-se fundamental. Iss vale, inclusive, para se posicionar no mercado profissional, considerando que a informacio cesta uum clique de distancia camé fama de um profissional chega rapidamente a0 conhecimento de todos. Fazendo uma metifora com o futebol, de nada adianta um jogador ser 0 artilheciro de ‘uma competicao ¢ 0 time nao ser o campeao”, pondera Daniel.ara quem anda tendo problemas com algum superior, a soluedo passa pela inteligéncia emo- ional, como garante 0 consultor: “As relagdes interpessoais envolvem emogbesearazio. Logo, ‘entender as demandas do chefe problemstico cos objetivos da empresa, além de manter-se focado. znos resultados, dedicando-se profissionalmente atividade, fazem parte de um conjunto de aces que tendem a neutralizar o comportamento do superior”. ‘Nao se trata de esperar por um cendrio em que comandante ¢ comandado vivam as mil ‘maravilhas, No entanto, com uma dose extra de preparo, o segundo enfrentaré com mais seguranea possiveis conflitos: *O profissional ‘emocionalmente maduro sabe posicionar-se na relagio de forma assertiva ¢ nunca submissa, focando em solugdes, fazendo com que o lider ‘entenda o individuo como um aliado que agrega valorao trabalho, sendo dessa forma, respeitado”, confirma Danicl. ‘Quem hoje esta comecando a carreira, muito provavelmente no futuro, tersa chance de liderar ‘cexperienciaro outro lado da moeda. Situaco em {que tudo aquilo que se vivenciou antes nao pode ser esquecido, servindo de repertério para nio repetiras falhas dos antigos chefes: “Liderardiz respeito a relacionar-se com pessoas, buscandoo ‘tempo todo motivar a equipe, ajudando-aa liberar seus talentos, ¢ conseguir o comprometimento ‘em propésitos comuns”, lembra 0 consultor. Entio,o caminho é nao deixar o poder subir 3 cabeca, lembrando que ter autoridade nao é ‘© mesmo que autoritarismo, como aponta o ‘coach: “O bom lider é um individuo que sabe ‘ouvir, se interessa pelos membros de sua equipe ‘© consegue alinhar as necessidades da empresa com as dos seus membros, buscando a justiga na condugio das ati- vidades, mantendo relagdes amistosas ¢ profissionais, equilibrando emogio ¢ razio”. ‘No papel de chefe ou nao, saber lidar com possiveis criticas sera essencial — principalmente, quando elas realmente tiverem funda- mento. Outro mandamento é nunca se acomodar em uma zona de conforto, considerando-se insubstitufvel para a organizacio (peca- do que tornou-se ainda mais mortal no mundo atual, com tudo se transformando a uma velocidade nunca vista). AGUARDANDO A CHANCE Est sem emprego no momento? Entao fique atento, porqueos respon- séveis pela formagdo de novas quadros dentro das principais organi- gacdes baseiam seus crtérios de admissdo em tudo aquilo que prega a inteligéncia emocional. Os processos seletivos comecam a partir de um ccurricuto com muitas (e boas) qualificacdes, passando por outras ativi- dades como as dindmicas de grupo, em que serdo testadas as aptidoes do candidato para o trabatho em equipe. © principal momento para mostrar valor é na entrevista, cara a cara ‘com um ou mais recrutadores. Nessa hora, seguir algumas dicas au- mentam considerauelmente suas chances de sucesso: “Antes da entre- vista, ocandidato deve pesquisarsobrea empresa, elaborar o curticulo ‘especificamente para vaga desejada, compreender a missdo e os valo- +S da insituigdo e concilié-los com os seus anseios", aconsetha 0 coa- ‘ch Daniel Furtado. “alémdo conhecimento da atividade, deve saberreconhecer as préprias, ‘emogées e ter equilibrio emocional, respeitar as diferencas de persona- LUdades, ser empatico, apresentar uma conduta assertiva e proativa. 0 profissional com inteligéncia emocional sabe votorigar e demonstrar ‘seus pontos fortes. Se solicitado, reconhece quais sao as éreas a serem methoradas. A seguranca ¢o autoconhecimento so construidos todos 0 dias a partir das escothas que a pessoa faz. Na hora da entrevista, mantenha a catma e seja verdadero ehonesto nas respastas. Seja au- téntico enatural endo tente representar” Lista Danie. ‘CONSULTORIA Danie Furtado, consultor polestranteecooch pessoa eprofisional. ges Snare ry