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SISTEMAS HIDRÁULICOS E

PNEUMÁTICOS
AULA 5

Prof. Emerson Seixas


CONVERSA INICIAL

Todos os sistemas hidráulicos e pneumáticos necessitam de cálculos


especiais, pois fazem parte de uma área especial da física denominada
mecânica dos fluidos. Sendo assim, nesta aula serão estudados os princípios da
física mecânica, como a estática, a cinemática e dinâmica.
Essas aplicações físicas serão observadas nos fluidos e os termos
estudados nas aulas anteriores serão revistos na forma de cálculos matemáticos
aplicados.
A hidrostática, a hidrocinética e a hidrodinâmica são assuntos importantes
e relevantes para saber de que forma os sistemas hidráulicos e pneumáticos
funcionam. Inúmeros experimentos foram desenvolvidos para que os teoremas
fossem determinados.
A pressão manométrica é algo bastante significativo para poder
dimensionar vasos de pressão e saber se resistem à pressão ali contida. Assim,
serão estudado os teoremas de Stevin para verificar sua aplicação, e
abordaremos também o uso do manômetro.
Continuando a lista de teoremas, serão estudados a Lei de Pascal, o
Princípio de Bernoulli e as leis da vazão, muito utilizados na hidrodinâmica e
hidrocinética. Em seguida, vamos estudar os escoamentos de um fluido, ou seja,
saber se ele é viscoso o suficiente para promover o movimento dos corpos. Por
fim, vamos analisar o atrito gerado por esse escoamento.
Dessa forma, veremos os principais conceitos que envolvem a mecânica
dos fluidos.

TEMA 1 – MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA

Os métodos de transmissão de potência mais utilizados são os seguintes:

• Elétrico: longas distâncias (motores elétricos, cabos, condutores,


geradores, entre outros);
• Mecânico: mais econômico para curtas distâncias (rodas, engrenagens,
polias, correias, cames, entre outras);
• Fluido: utiliza o fluido como meio de transmissão de potência (ar
atmosférico, gases e óleo hidráulico).

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1.1 Conceitos básicos de mecânica dos fluidos

Para poder entender os conceitos de mecânica dos fluidos, é necessário


revisar outros conceitos básicos da física mecânica, que, de acordo com
Halliday, Resnick e Walker (2012), são os seguintes:

• Estática: estuda as condições de equilíbrio dos corpos;


• Cinemática: classificação e comparação dos corpos em movimento;
• Dinâmica: estuda a causa da origem do movimento.

Suas derivações, quando utilizados em fluidos, são conhecidas como


hidrostática, hidrocinética e hidrodinâmica.

1.2 Hidrostática

São sistemas de óleo hidráulico estático que se utilizam de energia


potencial, com o fluido a alta pressão (1.000 bar) e baixa velocidade (prensas
industriais).
Pressão estática: o fluido se encontra sobre pressão sem que haja
movimento (deslocamento) de partícula e sim somente acomodamento
molecular. Podemos citar como exemplo o cilindro de GPL (gás de cozinha),
amortecedor do automóvel ou até o pneu (Figura 1).

Figura 1 – Geração de pressão hidrostática

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

Pressão hidrostática: existente em qualquer ponto da massa fluida, será


igual à soma da pressão atmosférica com a pressão exercida pela coluna de
fluido sobre este (Figura 2).

3
Figura 2 – Pressão hidrostática

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

1.3 Hidrocinética

Sistemas de óleo hidráulico cinético utilizam a energia cinética, com fluido


a baixa pressão e alta velocidade (sistemas de direção hidráulica).

Etotal = Epotência + Edinâmica

Figura 3 – Hidrocinética

Crédito: Fatih Emre Soylu/Shutterstock.

1.4 Hidrodinâmica

Também conhecida como fluidodinâmica ou, em alguns aspectos,


aerodinâmica. São sistemas em que um fluido em movimento (ondas) percorre
a superfície de um determinado corpo, proporcionando estabilidade.

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Pressão dinâmica: com o aumento da velocidade de escoamento
(empurrando o atuador para a direita), diminui a pressão estática, aumentando
gradativamente a pressão dinâmica (Figura 4).

Figura 4 – Geração de pressão dinâmica

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

Sucção ou depressão: à medida que aumenta a pressão dinâmica,


diminui a pressão estática até um valor de h mínimo, nulo ou até mesmo
negativo, em que teremos a depressão (Figura 5).

Figura 5 – Geração de depressão dinâmica

Crédito: Emerson da Silva Seixas

TEMA 2 – PRESSÃO MANOMÉTRICA

Conforme descrito por Fialho (2019), “chama-se pressão manométrica a


diferença entre a pressão absoluta ou real e a pressão atmosférica”. É aplicada
nos casos em que a pressão é superior a pressão atmosférica.

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Medidas de pressão:

𝐹𝐹
𝑃𝑃 =
𝐴𝐴

Em que:
• P = pressão (kgf/cm2, lbf/pol2, N/m2, atm ou bar)
• F = força (kgf)
• A = área (cm2)
𝑚𝑚
ρe =
𝑉𝑉

• ρe = massa especifica (kg/m3; g/cm3)


• m = massa (kg, g)
• V = volume (m3; cm3)
𝑝𝑝
ɣe =
𝑉𝑉

• ɣe= Peso específico = kgf/m3; gf/cm3


• p = peso (N)
• p=m.g
• g = aceleração da gravitacional (9,81 m/s2 ou 10 m/s2 por convenção)

2.1 Teorema de Stevin

O postulado de Stevin é o seguinte: “a diferença entre as pressões de dois


pontos de um fluido em equilíbrio é igual ao produto entre a densidade do fluido,
a aceleração da gravidade e a diferença entre as profundidades dos pontos”.

Δp = ρ . g. Δh

• Δp = diferença de pressão
• g = aceleração gravitacional
• Δh = diferença de altura
• ρ = densidade do fluido (kg/m3)
Dessa forma, pode-se concluir que todos os pontos, a uma mesma
profundidade, em um fluido homogêneo, possuem a mesma pressão.

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Exemplo: um reservatório pressurizado contém 2 m de um fluido com
densidade ρ = 1,35 kg/m3. A pressão no seu topo, medida no manômetro, é de
50 kPa. Qual é a pressão aproximada no fundo do tanque?

Δp = ρ . g. Δh

Em que:
• p – p0 = ρ . g. Δh
• p – 50 = 1,35 . 9,81. 2
• p = 76,48kPa

Figura 6 – Manômetro (1)

Crédito: Oatzpenz Studio/Shutterstock.

2.2 Manômetro

O manômetro é o aparelho medidor de pressão manométrica instalado


nos sistemas pneumáticos e hidráulicos para medir a pressão de um fluido. O
valor medido serve para a regulação, o controle, a manutenção e a segurança
de uma instalação hidráulica ou pneumática. Podem ser construídos segundo o
princípio de mola tubular, membrana elástica e êmbolo elástico.

Pman = Pint – Pext

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Figura 7 – Manômetro (2)

Crédito: Ekaterina43/Shutterstock.

Existem alguns modelos de manômetros, sendo o mais comum o de


Bourdon (Figura 8).

Figura 8 – Manômetro de Bourdon Tipo C

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

Exemplo: se um manômetro acusa 105 kPa de pressão absoluta numa


tubulação em que a atmosfera tem pressão de 100 kPa, qual é a pressão
manométrica?

• Pman = Pint - Pext


• Pman = 105 – 100
• Pman = 5kPa
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2.3 Pressão de um tubo

A pressão em um tubo é a soma da pressão estática (posição) com a


pressão dinâmica (velocidade).

Ptotal = Pestática + Pdinâmica

De acordo com a pressão:

Tabela 1 – Tipos de pressão

Baixa pressão 1 a 14 bar


Média pressão 14 a 35 bar
Média alta pressão 35 a 84 bar
Alta pressão 84 a 210 bar
Extra alta pressão Acima de 210 bar

Tabela 2 – Exemplos de pressão

Prensas hidráulicas 100 a 150 bar


Guinchos (abertura de portão) 50 a 350 bar
Máquinas agrícolas 100 a 150 bar
Sistema de direção hidráulica 40 50 bar (em linha reta)
automotiva 110 a 150 bar (limite esterçado)
Bomba de óleo no motor de 0,5 a 0,8 bar (marca lenta)
combustão interna 3 a 7 bar (rotação máxima)
Cilindro de GNV 220 bar
Cilindro de GLP 8 bar
Gasoduto de GNV 80 bar a 160 bar

Vantagens dos sistemas hidráulicos:

• Grande flexibilidade em espaços reduzidos;


• Rápida e suave conversão de movimentos;
• São sistemas auto lubrificantes;
• Pouco peso e tamanho em relação à potência.

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Desvantagens dos sistemas hidráulicos:

• Custo elevado;
• Sistemas sujeitos a vazamentos internos e atritos.

TEMA 3 – HIDRODINÂMICA OU HIDROCINÉTICA

Os princípios da fundamentação básica da hidromecânica são descritos


por leis físicas que regem o comportamento de fluidos em repouso ou em
movimento, porém, confinados.
A hidromecânica está ligada à hidrostática e à hidrodinâmica, bem como
à mecânica clássica.

3.1 Lei de Pascal

O francês Blaise Pascal foi matemático, físico, escritor, inventor e teólogo,


tendo sido criador de várias teorias derivadas de seus experimentos. Uma delas
é a Lei de Pascal, ou Princípio de Pascal, que define que toda pressão aplicada
em um fluido em um recipiente fechado se transmite em todas as paredes do
recipiente, de forma perpendicular, com igual intensidade (Figura 9).

Figura 9 – Lei de Pascal

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

Segundo Linsingen (2001), “se uma força externa for aplicada sobre uma
parcela de área de um fluido confinado, a pressão decorrente será transmitida
integralmente a todo o fluido e à área do recipiente que a contém”. Esse princípio
demonstra como são realizadas a transmissão e a multiplicação de forças. Dessa

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forma, uma força de baixa intensidade F1 é capaz de suportar uma força de maior
intensidade F2 (Figura 10).

Figura 10 – Aplicação da Lei de Pascal em forças F1 e F2

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

Para um circuito em equilíbrio, os êmbolos estarão em repouso. Com isso,


a pressão estará igualmente distribuída em todo o fluido, obedecendo à seguinte
equação:
𝐹𝐹1 𝐹𝐹2
𝑃𝑃1 = 𝑒𝑒 𝑃𝑃2 =
𝐴𝐴1 𝐴𝐴2
𝑃𝑃1 = 𝑃𝑃2

Analise a Figura 11 e os cálculos de aplicação da fórmula.

Figura 11 – Exemplo de aplicação de fórmula

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

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𝐹𝐹1 𝐹𝐹2
𝑃𝑃 = =
𝐴𝐴1 𝐴𝐴2
• P = Pressão
• A = Área
• F = Força

• F1 = 100 kg
• A1 = 10 cm2
𝐹𝐹1 100
𝑃𝑃1 = = = 10 𝑘𝑘𝑘𝑘/cm2
𝐴𝐴1 10
• F2 = ?

A2 = 100 cm2
𝑃𝑃1 = 𝑃𝑃2
𝐹𝐹2 𝐹𝐹2
𝑃𝑃2 = => 10 𝑘𝑘𝑘𝑘/cm2 =
𝐴𝐴2 100
𝐹𝐹2
10 =
100
𝐹𝐹2 = 10 . 100
𝐹𝐹2 = 1000 𝑘𝑘𝑘𝑘

Figura 12 – Exemplo de sistema hidráulico

Crédito: Stephen Coburn/Shutterstock.

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Os sistemas hidráulicos e pneumáticos possuem a premissa de geração
de força ou torque por meio do movimento de uma haste ou eixo, com a
transferência de fluido compressível ou incompressível, por meio de uma bomba
ou compressor ao circula por meio de tubulações e válvulas de controle,
atuadores lineares ou rotativos. Isso ocorre para que a pressão exercida em um
determinado tempo crie equilíbrio em todo sistema.

3.2 Princípio de Bernoulli

O Princípio de Bernoulli afirma que “dentro de um fluxo de fluido


horizontal, pontos de velocidade de fluido mais alta terão menos pressão que
pontos de velocidade de fluido mais baixa”.
Aplicando esse princípio, nota-se que fluidos incompressíveis aumentam
sua velocidade ao passarem por estreitamentos para manter uma taxa de fluxo
de volume constante, ganhando energia cinética.
A energia de um fluido em qualquer circunstância possui três
componentes:

• Cinética (devido à velocidade do fluxo);


• Potencial gravitacional (devido a ação da gravidade);
• Energia de fluxo (devido à pressão)

Dessa forma, a equação de Bernoulli é expressa pela seguinte fórmula:

𝑣𝑣 2 𝑃𝑃
+ + 𝑔𝑔ℎ = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
2 𝜌𝜌

Em que:
• v = velocidade do fluido na seção considerada
• g = aceleração gravitacional
• h = altura
• P = pressão
• ρ = densidade do fluido

Com isso, se pegarmos dois pontos 1 e 2, conforme a Figura 13, em um


fluxo constante de fluido, a equação será:
1 1
𝑃𝑃1 + 𝜌𝜌𝜌𝜌12 + 𝜌𝜌𝜌𝜌ℎ1 = 𝑃𝑃2 + 𝜌𝜌𝜌𝜌 2 + 𝜌𝜌𝜌𝜌ℎ2
2 2 2

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Figura 13 – Fluxo constante de fluido

Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock.

Em hidráulica, podemos equilibrar dois pesos distintos desde que haja


uma relação entre áreas envolvidas, ou seja, com um pequeno esforço e um
grande deslocamento, consegue-se uma grande força com um pequeno
deslocamento. Esse é princípio da prensa hidráulica, equipamento que transmite
força, porém, a pressão dentro do sistema é sempre a mesma (Figura 14).

Figura 14 – Aplicação do Princípio de Bernoulli

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

A resultante das pressões em vários pontos de um sistema é constante


para uma mesma vazão
Dessa forma, podemos observar que:

P1 = P2 = P3

14
3.3 Leis da vazão

Determinado fluido passa por um tubo de diversos diâmetros, e o volume


que circula em uma unidade de tempo é o mesmo, independente da seção do
tubo. Isso significa que a velocidade do fluido no interior do tubo é variável.

Figura 15 – Tubo com diversos diâmetros

Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock.

O efeito Venturi é um tubo convergente/divergente, como foi mostrado na


Figura 15.
A vazão Q, que flui pelo tubo, resulta do volume V em litros (l) do fluido,
dividida pela unidade de tempo t em minutos (min).

Vazão = Volume/Tempo

𝑉𝑉
𝑄𝑄 =
𝑡𝑡

Vazão = l/min

Outra forma de definir essa equação é em função da velocidade de


escoamento.

Vazão = Velocidade . Área

Q=v.A

• v = velocidade em cm/s ou cm/min


• A = área em cm2
 𝐴𝐴 = 𝜋𝜋𝑟𝑟 2

15
Exemplo: calcule a velocidade no tubo de Venturi (garganta) de área 5
cm², e na seção de entrada de área a 20 cm² a velocidade é 2 m/s. O fluido é
incompressível.

𝑄𝑄 = 𝑣𝑣 . 𝐴𝐴

Portanto:

𝑄𝑄1 = 𝑄𝑄2
𝑣𝑣1 𝐴𝐴1 = 𝑣𝑣2 𝐴𝐴2
𝑣𝑣1 𝐴𝐴1
𝑣𝑣2 =
𝐴𝐴2
2 . 20 . 10−4
𝑣𝑣2 =
5 . 10−4
𝑣𝑣2 = 8 𝑚𝑚/𝑠𝑠

Conversão de unidades: 1 L = 1 dm3.

Exemplo: seu carro fica sem combustível inesperadamente. Para resolver


o problema, você retira gasolina de outro carro usando um sifão. A diferença de
altura do sifão é cerca de 150 mm (0,15 m). O diâmetro da mangueira é de 25
mm (0,025 m). Qual é a vazão de gasolina para o seu carro?
Usando a equação de Bernoulli, temos:

𝑣𝑣 2 𝑃𝑃
+ + 𝑔𝑔ℎ = 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
2 𝜌𝜌

Então:

𝑣𝑣12 𝑃𝑃1 𝑣𝑣22 𝑃𝑃2


+ + 𝑔𝑔ℎ1 = + + 𝑔𝑔ℎ2
2 𝜌𝜌 2 𝜌𝜌
𝑄𝑄 = 𝑣𝑣 . 𝐴𝐴

Substituindo e simplificando os termos:

𝑣𝑣12 𝑃𝑃1 𝑣𝑣22 𝑃𝑃2


+ + 𝑔𝑔ℎ1 = + + 𝑔𝑔ℎ2
2 𝜌𝜌 2 𝜌𝜌
𝑣𝑣22
= 𝑔𝑔 (ℎ1 − ℎ2 )
2
𝑣𝑣2 = √2𝑔𝑔ℎ
𝑣𝑣2 = √2. 9,81 . 0,15
𝑣𝑣2 = 1,716 𝑚𝑚/𝑠𝑠

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𝑄𝑄 = 𝑣𝑣 . 𝐴𝐴
𝑄𝑄 = 1,716 . 𝜋𝜋 0,01252
𝑄𝑄 = 8,421 . 10−4 𝑚𝑚3 /𝑠𝑠
ou
𝑄𝑄 = 0,8421 𝐿𝐿/𝑠𝑠

3.4 Equação da continuidade

Em determinada tubulação, a vazão é sempre a mesma em qualquer


ponto do tubo, independente da variação do diâmetro no escoamento.
A velocidade varia proporcionalmente:
• Área menor = velocidade maior;
• Área maior = velocidade menor.
Considerando o escoamento na tubulação da Figura 16, concluímos que:

Q = constante em qualquer ponto da tubulação, logo

Q1 = Q2

Ou seja:

A1 . v1 = A2 . v2

𝑸𝑸 = 𝝆𝝆𝝆𝝆𝝆𝝆

Figura 16 – Aplicação da equação de continuidade

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

Exemplo: um fluido escoa em regime permanente no trecho conforme a


Figura 16. Na seção 1 tem-se A1 = 20 cm2, ρ1 = 4 kg/m3 e v1 = 30 m/s. Na seção
2, tem-se A2 = 10 cm2, ρ2 = 12 kg/m3. Determine a velocidade na seção 2.
𝑸𝑸𝟏𝟏 = 𝑸𝑸𝟐𝟐
Logo:
𝝆𝝆𝟏𝟏 𝒗𝒗𝟏𝟏 𝑨𝑨𝟏𝟏 = 𝝆𝝆𝟐𝟐 𝒗𝒗𝟐𝟐 𝑨𝑨𝟐𝟐

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𝝆𝝆𝟏𝟏 𝒗𝒗𝟏𝟏 𝑨𝑨𝟏𝟏
𝒗𝒗𝟐𝟐 =
𝝆𝝆𝟐𝟐 𝑨𝑨𝟐𝟐
Substituindo os valores:

30 . 4 . 20
𝒗𝒗𝟐𝟐 =
12 . 10
𝒗𝒗𝟐𝟐 = 20 𝑚𝑚/𝑠𝑠

Isso ocorre se o fluido for incompressível, então, a massa específica na


entrada e na saída do volume V deverá ser a mesma.

TEMA 4 – ESCOAMENTO DE FLUIDO EM TUBULAÇÕES

O escoamento de um fluido é importante, pois, sabendo-se o quanto é


viscoso, poderá ser determinada sua velocidade de vazão e se está adequado
ao tipo de equipamento a ser utilizado.

4.1 Escoamento laminar

O fluido escoa em camadas (lâminas) umas sobre as outras. Esse tipo de


escoamento apresenta uma característica bem interessante na tubulação, ou
seja, na parte central da tubulação o fluido possui velocidade máxima, já próximo
às paredes a velocidade são mínimas ou quase nula, conforme vemos na Figura
17.

Figura 17 – Aplicação da equação de continuidade

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

4.2 Escoamento turbulento

O fluido escoa com uma velocidade maior chamada de velocidade crítica.


Acima dessa velocidade, o fluxo se torna turbulento, aumentando a resistência
à circulação e às perdas. Nesse tipo de escoamento, temos um aumento de
temperatura do fluido na tubulação. Esse tipo de escoamento deve ser evitado.

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A velocidade crítica tem valor fixo e depende basicamente da viscosidade
do fluido sob pressão e do diâmetro do tubo, conforme constatamos na Figura
18.

Figura 18 – Exemplo de aplicação de fórmula

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

4.3 Tipos de escoamento

É um número que determina o tipo de fluxo (escoamento) do fluido em


determinada tubulação. Os valores dos tipos de fluxo (escoamento) são os
seguintes:

• Laminar: < 2.000;


• Turbulento: acima de 4.000.

Entre 2.000 e 4.000, o regime de escoamento é considerado crítico. O


ideal para se trabalhar em circuitos com óleo hidráulicos é o regime laminar,
portanto sempre que possível devem ser evitados na tubulação restrições ou
curvas acentuadas que causam escoamento turbulento. Nesse tipo, o
estrangulamento causa aumento na resistência à circulação do fluido.

TEMA 5 – ATRITO E ESCOAMENTO

A energia hidráulica, ao ser transmitida pela tubulação, acarreta sempre


uma perda de carga ao longo da linha. Essa queda na pressão é devido ao fato
de ocorrer atrito, o que, por sua vez, gera calor entre as paredes do tubo e o
líquido que está escoando.
Uma perda de energia hidráulica significa uma perda de pressão do
líquido hidráulico, essa situação é chamada de perda de carga, entre 0,1 a 2 bar.
Aparentemente não são valores expressivos, mas dependendo do equipamento
ocorre uma redução na capacidade de produção (atuação) deste.
A determinação da perda de carga é importante para saber se a pressão
fornecida ao sistema é ou não suficiente para aquilo a que ele se propõe.

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As restrições (curvas, estrangulamentos, entre outros) contribuem
grandemente para a perda de carga no sistema e consequentemente para o
aquecimento do óleo.
Fatores que influenciam na perda de carga:

• Velocidade do fluxo;
• Tipo de fluxo (laminar ou turbulento);
• Diâmetro do tubo;
• Viscosidade do líquido;
• Rugosidade do tubo;
• Volume de passagem;
• Restrições (válvulas, acessórios, entre outros).

Essa perda de carga nos estreitamentos se deve ao fato de termos a


conversão de energia cinética (velocidade) em energia térmica. A pressão se
deve ao atrito do meio no qual o líquido circula, e recebe a denominação de ΔP
(Figura 19).

Figura 19 – Efeito Venturi com perda de carga

Crédito: Emerson da Silva Seixas.

ΔP = Pe1 – Pe2

Dessa forma, a relação entre a vazão e a queda de pressão é dada por:

𝑄𝑄2 = ∆𝑃𝑃

𝑄𝑄 = √∆𝑃𝑃
Portanto:
2. ∆𝑃𝑃
𝑄𝑄 = 𝛼𝛼. 𝐴𝐴 √
𝜌𝜌

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• α = fator hidráulico (0,6, ..., 0,9) – este valor depende da viscosidade e da
forma do estreitamento
• A = superfície do estreitamento em m2
• ΔP = queda de pressão em Pa
• ρ = densidade do fluido em kg/m3

5.1 Número de Reynolds

Para se saber quando o fluxo é laminar ou turbulento, devemos definir o


número de Reynolds (número incomensurável), que se obtém por meio da
seguinte fórmula:

D
Re = v
ɣ

Em que:
• Re = número de Reynolds
• V = velocidade (cm/s)
• ɣ = viscosidade (cm2/s)
• D = diâmetro interno do tubo (cm)

Exemplo: um óleo SAE 30 a 100 °C com viscosidade de 1 . 10-5 m2/s


escoa através de um tubo de 12 mm (0,012 m) de diâmetro com velocidade de
0,09824 m/s. Calcule o número de Reynolds e defina se o escoamento é laminar
ou turbulento.

D
Re = v
ɣ
Em que:
0,012
Re = 0,09824
1 . 10−5
Re = 117,8

Ao verificar a tabela, pode-se perceber que o escoamento é do tipo


laminar.

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5.2 Potência hidráulica

Em um hidráulico é convertida energia mecânica (proveniente de um


motor elétrico ou motor térmico) em energia hidráulica. Considera-se, para
cálculos rápidos, o rendimento total do sistema em torno de 65%.
Desse modo, a fórmula utilizada para o cálculo é representada por:

𝑃𝑃ℎ = 𝐹𝐹 . 𝑉𝑉

• Ph = potência hidráulica (Watt)


• F = força (fator de segurança +/- 10% unidade em N)
• v = velocidade do movimento da carga (m/s)

Substituindo com outras expressões em que potência = vazão x


pressão, temos:

𝑃𝑃ℎ = 𝑄𝑄 . 𝑃𝑃

• Q = vazão volumétrica (m3/s)


• P = pressão de trabalho do circuito (N/m2 = Pa)

Para sistemas em que se deseja calcular a potência hidráulica, são dados


os seguintes termos:

• P = pressão (bar)
• Q = vazão (L/min)
• Ph = Potência hidráulica (CV)
• η = Rendimento da bomba

A fórmula é:

𝑃𝑃 . 𝑄𝑄
𝑷𝑷𝒉𝒉 = η
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5.3 Potência de acionamento

A potência de acionamento do motor é considerada o rendimento do


circuito, e é calculada por meio da fórmula:
𝑃𝑃ℎ
𝑃𝑃𝑎𝑎𝑎𝑎 =
η

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• Pac = potência de acionamento (Watt)
• η = rendimento da bomba (varia conforme tipo de bomba, pressão e
rotação)

FINALIZANDO

Nesta aula, estudamos os princípios físicos da mecânica dos fluidos e os


métodos de transmissão de potência – mecânica, elétrica ou fluida. Em seguida,
vimos os princípios de estática e hidrostática, cinemática, hidrocinética, a
dinâmica e a hidrodinâmica, além das pressões envolvidas e seus
comportamentos sob pressão.
De forma concisa, analisamos as leis que envolvem a pressão
manométrica descritas pelo Teorema de Stevin e a utilização do manômetro em
conjunto com as fórmulas aplicadas à pressão de um tubo. A Lei de Pascal é
muito utilizada para elevadores de veículos, além dos princípios da aerodinâmica
descritos pelo Princípio de Bernoulli, e aplicados às leis da vazão e à equação
da continuidade.
Na sequência, estudamos os princípios físicos do escoamento de um
fluido nas tubulações, que compreendem o escoamento laminar e o turbulento,
para então verificar os atritos gerados pelos fluidos e calculados pelo número de
Reynolds e por fim calcular a potência hidráulica e a potência de acionamento.

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REFERÊNCIAS

FIALHO, A. B. Automação hidráulica – projeto, dimensionamento e análise de


circuitos. 7. ed. São Paulo: Érica, 2019.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: v. 1 –


mecânica. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

LINSINGEN, I. Fundamentos de sistemas hidráulicos. Florianópolis: Edufsc,


2001.

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