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Pesquisa

Biodiesel
Um projeto de sustentabilidade econômica e sócio-ambiental para o Brasil

Luiz Pereira Ramos, Ph.D. 1 - Introdução bre os mais eloqüentes interesses da


Professor Adjunto IV, Departamento de Química,
Universidade Federal do Paraná humanidade.
lramos@quimica.ufpr.br Desde o século passado, os com- O Brasil, apesar de não ser um
bustíveis derivados do petróleo têm grande emissor de gases poluentes,
Karla Thomas Kucek, B.Sc. sido a principal fonte de energia vem promovendo medidas condizen-
Mestranda em Química Orgânica, Departamento
de Química, Universidade Federal do Paraná
mundial. No entanto, previsões de tes com essa nova conjuntura, atra-
k.kucek@hotmail.com que esse recurso deva chegar ao fim, vés do desenvolvimento e da atuali-
somadas às crescentes preocupações zação periódica de inventários naci-
Anderson Kurunczi Domingos, B.Sc. com o ambiente, têm instigado a onais sobre o tema (Ministério da
Mestrando em Química Orgânica, Departamento
de Química, Universidade Federal do Paraná
busca de fontes de energia renovável Ciência e Tecnologia, 2002). No
anderson@quimica.ufpr.br (Ghassan et al., 2003). momento em que o mercado de car-
O Protocolo de Quioto, concebi- bono estiver regulamentado, esses
Helena Maria Wilhelm, Ph.D. do durante o fórum ambiental Rio-92 inventários terão uma importância
Pesquisadora, Unidade Tecnológica de Química
Aplicada, Depto. de Química Aplicada, Instituto
e ratificado, desde então, por mais de vital para que o país possa conquistar
de Tecnologia para o Desenvolvimento, LACTEC 93 países, vem tentando mobilizar a espaço e usufruir dessa nova estraté-
helenaw@lactec.org.br comunidade internacional para que gia de redistribuição de riquezas e de
Ilustrações cedidas pelos autores promova uma ação conjunta com o inclusão social.
objetivo de estabilizar na atmosfera a Sabe-se que as metas estabele-
concentração dos gases causadores cidas pelo Protocolo de Quioto so-
do efeito estufa e, assim, limitar a mente poderão ser alcançadas pelo
interferência antropogênica sobre o uso sustentado da biomassa para
sistema climático global (Greenpeace fins energéticos. No entanto, recen-
International, 2003). Infelizmente, os tes levantamentos demonstram que
termos do referido acordo somente apenas 2,2% da energia consumida
entrarão rigorosamente em vigor no mundo é proveniente de fontes
quando o conjunto de seus signatári- renováveis (Pessuti, 2003), o que
os somar, no mínimo, 55% do total de evidencia um extraordinário poten-
países emissores do globo, algo que cial para a exploração de outras
somente será possível com a ratifica- fontes. Considerando-se apenas a
ção de, pelo menos, uma das grandes biomassa proveniente de ativida-
potências mundiais, a Rússia ou os des agroindustriais, ou seja, resídu-
Estados Unidos. Em pronunciamen- os agrícolas, florestais e agropecu-
tos recentes, o Presidente da Rússia, ários, calcula-se que o potencial
Vladimir Putin, declarou estar ainda combustível desse material seja
avaliando as condições que levarão o equivalente a, aproximadamente,
seu país a tomar tal decisão, demons- 6.587 milhões de litros de petróleo
trando que, apesar da evidência de ao ano (Staiss e Pereira, 2001). Di-
que o acúmulo desses gases na at- ante de todo esse potencial, tem
mosfera comprometa fortemente o havido uma crescente dissemina-
equilíbrio dos diferentes ecossiste- ção de projetos e de ações voltados
mas terrestres, interesses geopolíticos para o uso de óleos vegetais e de
e/ou comerciais têm prevalecido so- resíduos urbanos e agroindustriais

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para a geração de energia, particu- Outros autores (Goering e Fry, fluidez, e ajustar os seus índices de
larmente por meio de projetos de 1984; Kobmehl e Heinrich, 1998; viscosidade e densidade específica
co-geração (Cenbio, 2003). Ghassan et al., 2003) demonstraram (Shay, 1993, Stournas et al., 1995;
que a alta viscosidade e a baixa Ma e Hanna, 1999).
2 - Óleos vegetais como volatilidade dos óleos vegetais in
fonte de energia renovável natura podem provocar sérios pro- 3 - O biodiesel como
blemas ao bom funcionamento do alternativa para a matriz
Por se tratar de uma fonte de motor. Dentre os problemas que energética nacional
energia renovável e por seu uso geralmente aparecem após longos
sustentado não provocar danos ao períodos de utilização, destacam-se Por definição, biodiesel é um
meio ambiente, a biomassa tem atra- a formação de depósitos de carbono substituto natural do diesel de pe-
ído muita atenção nos últimos tem- por combustão incompleta, a dimi- tróleo, que pode ser produzido a
pos (Ministério da Indústria e do nuição da eficiência de lubrificação partir de fontes renováveis como
Comércio, 1985; Ministério da Ciên- do óleo pela ocorrência de polime- óleos vegetais, gorduras animais e
cia e Tecnologia, 2002; U.S. rização (no caso de óleos poli-insa- óleos utilizados para cocção de ali-
Department of Energy, 1998). Den- turados) e a atomização ineficiente mentos (fritura). Quimicamente, é
tre as fontes de biomassa pronta- e/ou entupimento dos sistemas de definido como éster monoalquílico
mente disponíveis, os óleos vege- injeção (Peterson et al., 1983; Pryde, de ácidos graxos derivados de
tais têm sido largamente investiga- 1983; Ma e Hanna, 1999). lipídeos de ocorrência natural e
dos como candidatos a programas Para resolver as desconformi- pode ser produzido, juntamente com
de energia renovável, pois proporci- dades descritas acima, houve um a glicerina, através da reação de
onam uma geração descentralizada considerável investimento na adap- triacilgliceróis (ou triglicerídeos)
de energia e um apoio à agricultura tação dos motores para que o uso com etanol ou metanol, na presen-
familiar, criando melhores condi- de óleos vegetais in natura pudes- ça de um catalisador ácido ou bási-
ções de vida (infra-estrutura) em se ser viabilizado, particularmente co (Schuchardt et al., 1998; Zagonel
regiões carentes, valorizando po- na produção de energia elétrica em e Ramos, 2001; Ramos, 1999, 2003).
tencialidades regionais e oferecen- geradores movidos por motores es- Embora essa tenha sido a definição
do alternativas a problemas econô- tacionários de grande porte. Nesses mais amplamente aceita desde os
micos e sócio-ambientais de difícil casos, o regime de operação do primeiros trabalhos relacionados
solução. motor é constante e isso facilita o com o tema, alguns autores prefe-
A utilização de óleos vegetais in ajuste dos parâmetros para garantir rem generalizar o termo e associá-
natura como combustível alternati- uma combustão eficiente do óleo lo a qualquer tipo de ação que
vo tem sido alvo de diversos estudos vegetal, podendo ser utilizada, in- promova a substituição do diesel
nas últimas décadas (Nag et al., 1995; clusive, uma etapa de pré-aqueci- na matriz energética mundial, como
Piyaporn et al., 1996). No Brasil, já mento (pré-câmaras) para diminuir nos casos do uso de: (a) óleos
foram realizadas pesquisas com os a sua viscosidade e facilitar a inje- vegetais in natura, quer puros ou
óleos virgens de macaúba, pinhão- ção na câmara de combustão. No em mistura; (b) bioóleos, produzi-
manso, dendê, indaiá, buriti, pequi, entanto, para motores em que o dos pela conversão catalítica de
mamona, babaçu, cotieira, tingui e regime de funcionamento é variá- óleos vegetais (pirólise); e (c) mi-
pupunha (Barreto, 1982; Ministério vel (e.g., no setor de transportes), croemulsões, que envolvem a inje-
da Indústria e do Comércio, 1985; foi necessário desenvolver uma me- ção simultânea de dois ou mais
Serruya, 1991) e nos testes realizados todologia de transformação quími- combustíveis, geralmente
com esses óleos em caminhões e ca do óleo para que suas proprieda- imiscíveis, na câmara de combus-
máquinas agrícolas, foi ultrapassada des se tornassem mais adequadas tão de motores do ciclo diesel (Ma
a meta de um milhão de quilômetros ao seu uso como combustível. As- e Hanna, 1999). Portanto, é impor-
rodados (Ministério da Indústria e do sim, em meados da década de 70, tante frisar que, para os objetivos
Comércio, 1985). No entanto, esses surgiram as primeiras propostas de deste artigo, biodiesel é tão-somente
estudos demonstraram a existência modificação de óleos vegetais atra- definido como o produto da tran-
de algumas desvantagens no uso di- vés da reação de transesterificação sesterificação de óleos vegetais que
reto de óleos virgens: (a) a ocorrên- (Figura 1), cujos objetivos eram os atende aos parâmetros fixados pe-
cia de excessivos depósitos de carbo- de melhorar a sua qualidade de las normas ASTM D6751 (American
no no motor; (b) a obstrução nos ignição, reduzir o seu ponto de Standard Testing Methods, 2003) e
filtros de óleo e bicos injetores; (c) a
diluição parcial do combustível no
lubrificante; (d) o comprometimento
da durabilidade do motor; e (e) um
aumento considerável em seus cus-
tos de manutenção. Figura 1. Reação de transesterificação de óleos vegetais e/ou gorduras animais.

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DIN 14214 (Deutsches Institut für proporcionará maiores expectati- balho com vistas à utilizar óleos ve-
Normung, 2003), ou pela Portaria vas de vida à população e, como getais transesterificados na matriz
n o 255 da ANP (Agência Nacional conseqüência, um declínio nos gas- energética nacional. Esse trabalho foi
do Petróleo, 2003) que, apesar de tos com saúde pública, possibili- recentemente materializado na for-
provisória, já estabelece as especi- tando o redirecionamento de ver- ma de um programa nacional,
ficações que serão exigidas para bas para outros setores, como edu- intitulado PROBIODIESEL (Portaria
que esse produto seja aceito no cação e previdência. Cabe aqui ain- no. 702 do MCT, de 30 de outubro de
mercado brasileiro. A grande com- da ressaltar que a adição de biodiesel 2002), cujo lançamento solene foi
patibilidade do biodiesel com o ao petrodiesel, em termos gerais, realizado em Curitiba durante a ceri-
diesel convencional o caracteriza melhora as características do com- mônia de abertura do Seminário In-
como uma alternativa capaz de aten- bustível fóssil, pois possibilita a ternacional de Biodiesel (24 a 26 de
der à maior parte da frota de veícu- redução dos níveis de ruído e me- outubro, Blue Tree Towers Hotel).
los a diesel já existente no merca- lhora a eficiência da combustão Naquela mesma ocasião, foi também
do, sem qualquer necessidade de pelo aumento do número de cetano divulgada a criação do CERBIO, Cen-
investimentos tecnológicos no de- (Gallo, 2003). tro Nacional de Referência em Bio-
senvolvimento dos motores. Por Em diversos países, o biodiesel combustíveis, nas dependências do
outro lado, o uso de outros com- já é uma realidade. Na Alemanha, Tecpar, em Curitiba. A missão do
bustíveis limpos, como o óleo in por exemplo, existe uma frota signi- CERBIO será a de desenvolver o
natura, as microemulsões, o gás ficativa de veículos leves, coletivos conceito de biocombustíveis em sua
natural ou o biogás requerem uma e de carga, que utilizam biodiesel plenitude, desde a certificação de
adaptação considerável para que o derivado de plantações específicas produtos até o desenvolvimento tec-
desempenho exigido pelos moto- para fins energéticos e distribuído nológico de novas rotas que contri-
res seja mantido (Laurindo, 2003). por mais de 1.000 postos de abaste- buam para o aumento da viabilidade
Do ponto de vista econômico, a cimento. Outros países também têm e competitividade técnica do biodiesel
viabilidade do biodiesel está relacio- desenvolvido os seus programas na- nacional.
nada com o estabelecimento de um cionais de biodiesel e, como conse- Ao longo dos últimos anos, o
equilíbrio favorável na balança co- qüência, o consumo europeu de bi- PROBIODIESEL vem se desenvol-
mercial brasileira, visto que o diesel odiesel aumentou em 200.000 ton. vendo por meio de ações integradas
é o derivado de petróleo mais consu- entre os anos de 1998 e 2000. Já nos entre instituições de tecnologia, en-
mido no Brasil, e que uma fração Estados Unidos, leis aprovadas nos sino e pesquisa, e empresas e asso-
crescente desse produto vem sendo estados de Minnesotta e na Carolina ciações direta ou indiretamente liga-
importada anualmente (Nogueira e do Norte determinaram que, a partir das ao tema, sob a forma de grupos
Pikman, 2002). de 1º/1/2002, todo o diesel consu- de trabalho que integram a chamada
Em termos ambientais, a ado- mido deveria ter a incorporação de, Rede Brasileira de Biodiesel. Esse
ção do biodiesel, mesmo que de pelo menos, 2% de biodiesel em programa tem como principal obje-
forma progressiva, ou seja, em adi- base volumétrica. tivo promover o desenvolvimento
ções de 2% a 5% no diesel de No Brasil, desde as iniciativas das tecnologias de produção e ava-
petróleo (Ministério da Ciência e realizadas na década de 80, pouco se liar a viabilidade e a competitividade
Tecnologia, 2002), resultará em uma investiu nesse importante setor da técnica, sócio-ambiental e econômi-
redução significativa no padrão de economia, mas a reincidência de tur- ca do biodiesel para os mercados
emissões de materiais particulados, bulências no mercado internacional interno e externo, bem como de sua
óxidos de enxofre e gases que con- do petróleo, aliada às pressões que o produção e distribuição espacial nas
tribuem para o efeito estufa setor automotivo vem sofrendo dos diferentes regiões do país (Andrade,
(Mittelbach et al., 1985). Sendo as- órgãos ambientais, fez com que o 2003; Ministério da Ciência e Tecno-
sim, sua difusão, em longo prazo, Governo atual iniciasse um novo tra- logia, 2002).

Tabela 1. Número de iodo e composição química em ácidos graxos de alguns dos principais óleos vegetais
e gorduras animais disponíveis para a produção de biodiesel (adaptado de Alsberg e Taylor, 1928).
Número Principais Ácidos Graxos
Fon te
de I odo Láurico Mirístico Palmítico Esteárico Oléico Linoléico Linolênico
Sebo bovino 38-46 - 2,0 29,0 24,5 44,5 - -
Banha (suínos) 46-70 - - 24,6 15,0 50,4 10,0 -
Côco 8,10 45,0 20,0 5,0 3,0 6,0 - -
Oliva 79-88 - - 14,6 - 75,4 10,0 -
Amendoin 83-100 - - 8,5 6,0 51,6 26,0 -
Algodão 108-110 - - 23,4 - 31,6 45,0 -
Milho 111-130 - - 6,0 2,0 44,0 48,0 -
Flax 173-201 - 3,0 6,0 - - 74,0 17,0
Soja 137-143 - - 11,0 2,0 20,0 64,0 3,0

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4 - Principais matérias- dos oficiais da Embrapa (Peres e deia produtiva da cana (Campos,
primas para a produção de Junior, 2003), o Brasil apresenta 2003). Nesse contexto, o Brasil se
biodiesel um potencial de 90 milhões de encontra em uma condição que país
hectares disponíveis, em áreas de- algum jamais esteve na história do
De uma forma geral, pode-se gradadas e/ou não exploradas, para mundo globalizado. Com a eviden-
afirmar que monoalquil-ésteres de a expansão da atual fronteira agrí- te decadência das fontes fósseis,
ácidos graxos podem ser produzi- cola. Considerando-se apenas a uti- nenhuma outra região tropical tem
dos a partir de qualquer tipo de lização da soja como matéria-pri- porte e condições tão favoráveis
óleo vegetal (Tabela 1), mas nem ma para a produção de biodiesel, para assumir a posição de um dos
todo óleo vegetal pode (ou deve) serão necessários apenas 3 milhões principais fornecedores de biocom-
ser utilizado como matéria-prima de hectares, ou 1,8 bilhões de li- bustíveis e tecnologias limpas para
para a produção de biodiesel. Isso tros de óleo, para a implementa- o século XXI (Vidal, 2000).
porque alguns óleos vegetais apre- ção do B5 (mistura composta de
sentam propriedades não ideais, 5% de biodiesel e 95% do petrodi- 5 - O processo de produção
como alta viscosidade ou alto nú- esel), o que culminaria na geração de biodiesel por catálise
mero de iodo, que são transferidas de cerca de 234 mil empregos dire- homogênea em meio
para o biocombustível e que o tor- tos e indiretos. alcalino
nam inadequado para uso direto Além da soja, várias outras olea-
em motores do ciclo diesel. Portan- ginosas (e.g., Tabela 1), que ainda A transesterificação de óleos ve-
to, a viabilidade de cada matéria- se encontram em fase de avaliação getais ou gordura animal, também
prima dependerá de suas respecti- e desenvolvimento de suas cadeias denominada de alcoólise, pode ser
vas competitividades técnica, eco- produtivas, podem ser empregadas conduzida por uma variedade de ro-
nômica e sócio-ambiental, e pas- para a produção do biodiesel (Pa- tas tecnológicas em que diferentes
sam, inclusive, por importantes as- rente, 2003). A região norte, por tipos de catalisadores podem ser em-
pectos agronômicos, tais como: (a) exemplo, apresenta potencial para pregados, como bases inorgânicas
o teor em óleos vegetais; (b) a uso de dendê, babaçu e soja; a (hidróxidos de sódio e potássio e
produtividade por unidade de área; região nordeste, de babaçu, soja, bases de Lewis), ácidos minerais (áci-
(c) o equilíbrio agronômico e de- mamona, dendê, algodão e coco; a do sulfúrico), resinas de troca iônica
mais aspectos relacionados com o região centro-oeste, de soja, (resinas catiônicas fortemente ácidas),
ciclo de vida da planta; (d) a aten- mamona, algodão, girassol, dendê argilominerais ativados, hidróxidos
ção a diferentes sistemas produti- e gordura animal; a região sul, de duplos lamelares, superácidos,
vos; (e) o ciclo da planta (sazonali- soja, colza, girassol e algodão; e a superbases e enzimas lipolíticas
dade); e (f) sua adaptação territorial, região sudeste, de soja, mamona, (lipases) (Schuchardt et al., 1998; Ra-
que deve ser tão ampla quanto algodão e girassol (Campos, 2003; mos, 2003). Não há dúvidas de que
possível, atendendo a diferentes Peres e Junior, 2003). Várias dessas algumas dessas rotas tecnológicas,
condições edafoclimáticas (Ramos, oleaginosas já tiveram as suas res- particularmente aquelas que empre-
1999, 2003). pectivas competitividades técnica e gam catalisadores heterogêneos, apre-
Dada a grandeza do agrone- sócio-ambiental demonstradas para sentam vantagens interessantes como
gócio da soja no mercado brasilei- a produção de biodiesel, restando, a obtenção de uma fração glicerínica
ro, é relativamente fácil e imediado na maioria dos casos, um estudo mais pura, que não exija grandes
reconhecer que essa oleaginosa agronômico mais aprofundado que investimentos de capital para atingir
apresenta o maior potencial para ratifique os estudos de viabilidade. um bom padrão de mercado. Porém,
servir de modelo para o desenvol- Deve-se ainda destacar que a é também correta a afirmação de que
vimento de um programa nacional inserção do biodiesel na matriz ener- a catálise homogênea em meio alcali-
de biodiesel. Apenas como exem- gética nacional representa um po- no ainda prevalece como a opção
plo, dados divulgados pela Abiove deroso elemento de sinergia para mais imediata e economicamente viá-
(Associação Brasileira dos Produ- com o agronegócio da cana, cujo vel para a transesterificação de óleos
tores de Óleos Vegetais) demons- efeito será extremamente benéfico vegetais (Zagonel e Ramos, 2001; Ra-
tram que o setor produtivo da soja para a economia nacional (Ramos, mos, 2003). Um fluxograma simplifi-
já está preparado para atender à 1999, 2003). A produção de etanol cado do processo de produção de
demanda nacional de misturar até é expressiva em, praticamente, to- biodiesel, utilizando a transesterifica-
5% de biodiesel no diesel de petró- das as regiões do país, e o novo ção etílica em meio alcalino como
leo, sendo que proporções superi- programa somente terá a contribuir modelo, encontra-se apresentado na
ores a esta mereceriam uma nova para o aumento da competitividade Figura 2.
avaliação para que não haja dúvi- do setor, valendo-se, inclusive, da Seja qual for a rota tecnológica
das quanto ao abastecimento de rede de distribuição já existente e escolhida, a transesterificação de
óleo a esse novo setor da econo- do excelente desempenho das tec- óleos vegetais corresponde a uma
mia. Por outro lado, segundo da- nologias desenvolvidas para a ca- reação reversível, cuja cinética é

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utilizada em cada região é diferente e
isso implica na necessidade de estu-
dos localizados, que permitam uma
otimização realística ligada a avalia-
ções confiáveis de toda a cadeia pro-
dutiva; e (b) as condições utilizadas
para a reação de metanólise não po-
dem ser transferidas para situações
em que outros álcoois, como o etanol,
sirvam de modelo. Com efeito, a tran-
sesterificação com metanol é tecnica-
mente mais viável do que a com
etanol comercial, porque a água exis-
tente no etanol (4%-6%) retarda a
reação. O uso de etanol anidro efeti-
vamente minimiza esse inconvenien-
te (Figura 2), embora não implique
solução para o problema inerente à
separação da glicerina do meio de
reação que, no caso da síntese do
éster metílico, é indiscutivelmente
muito mais facilitada (Freedman et al.,
1986; Schuchardt et al., 1998; Ramos,
1999). No entanto, basta um ajuste nas
condições de reação para que a sepa-
ração de fases aconteça espontanea-
mente, sendo que a eficiência do
processo de decantação (da fração
glicerínica) pode ser acelerada pelo
uso de centrífugas contínuas, auxilia-
das ou não pela adição de compostos
tensoativos (Ramos, 2003).
O processo de produção de bi-
odiesel deve reduzir ao máximo a
presença de contaminações no pro-
Figura 2. Fluxograma simplificado de produção de ésteres etílicos a partir de óleos
vegetais e gordura animal. duto, como glicerina livre e ligada,
sabões ou água (Figura 2). No caso
regida pelo princípio enunciado em à condução da reação em duas eta- da glicerina, reações de desidrata-
1888 pelo químico francês Henry- pas seqüenciais, que garantam ta- ção que ocorrem durante a combus-
Louis Le Chatelier (1850-1936) (Fi- xas de conversão superiores a 98%. tão podem gerar acroleína, um
gura 1). Portanto, o rendimento da Por outro lado, a eliminação de poluente atmosférico muito perigo-
reação dependerá do deslocamen- sabões, catalisador residual e so, que pode, devido a sua
to do equilíbrio químico em favor glicerol livre somente é possível reatividade, envolver-se em reações
dos ésteres, através da otimização através de etapas eficientes de la- de condensação, que acarretam um
de fatores, tais como a temperatura vagem. aumento na ocorrência de depósitos
de reação, a concentração e caráter De acordo com a literatura, a de carbono no motor (Mittelbach et
ácido-base do catalisador, bem reação de obtenção do éster metílico al., 1985). Sabões e ácidos graxos
como o excesso estequiométrico exige um excesso estequiométrico de livres acarretam a degradação de
do agente de transesterificação (ál- metanol igual a 100% (razão molar componentes do motor, e a umida-
cool). Porém, conversões totais se- álcool:óleo de 6:1), e uma quantidade de, desde que acima de um limite
rão literalmente impraticáveis em de catalisador alcalino equivalente a tolerável, pode interferir na acidez
uma única etapa reacional, pois, 0,5% a 1,0% em relação à massa de do éster por motivar a sua hidrólise
além de reversível, tem-se a ocor- óleo, para que sejam obtidos rendi- sob condições não ideais de estoca-
rência de reações secundárias como mentos superiores a 95% (Freedman gem. Por essas e outras razões, é
a saponificação. Para limitar a pre- et al., 1986). No entanto, duas obser- imprescindível que sejam definidas
sença de triacilgliceróis não reagi- vações limitam a simples aplicação de especificações rígidas para o biodi-
dos além dos limites tolerados pelo uma recomendação como esta: (a) esel, de forma que o sucesso do
motor, muitos processos recorrem primeiramente, a matéria-prima a ser programa não venha a ser compro-

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metido por ocorrências associadas na geração de energia elétrica em a viabilidade do processo (Alsberg
ao mau controle de qualidade do grupo-geradores), talvez fosse ade- e Taylor, 1928). Oleaginosas de
produto. quada (e possível) a flexibilização baixo teor de óleo, como a soja,
Independentemente da rota das especificações com vistas a uma exigem procedimentos de extração
tecnológica, a aceitação do biodie- maior inserção das diferentes olea- caros e relativamente complexos
sel no mercado precisa ser assegu- ginosas que compõem o conjunto que praticamente restringem a via-
rada e, para isso, é indispensável de alternativas regionais de nosso bilidade dessa matéria-prima àque-
que esse produto esteja dentro das território. Essa flexibilização esta- las regiões em que já exista uma
especificações internacionalmente ria, portanto, restrita somente ao razoável capacidade instalada para
aceitas para o seu uso. No Brasil, uso do biodiesel em misturas, va- o esmagamento de grãos. Porém,
esses parâmetros de qualidade en- lendo-se do fator de diluição que a oleaginosas de maior teor em óleos
contram-se pré-fixados pela Porta- razão volumétrica definida pela vegetais, cujos processos de extra-
ria n o. 255 da ANP, cuja proposta foi mistura proporciona (Ramos, 2003). ção sejam mais simplificados, cer-
baseada em normas já existentes na Vale ressaltar que a adição de um tamente apresentarão melhor com-
Alemanha (DIN) e nos Estados Uni- biodiesel de qualidade ao diesel, petitividade econômica por não exi-
dos (ASTM). Tais características e/ até um limite de 20% (B20), não girem a instalação de operações
ou propriedades, determinantes dos modifica drasticamente as suas pro- unitárias complexas para esse obje-
padrões de identidade e qualidade priedades e não o desqualifica pe- tivo. Por outro lado, a qualidade do
do biodiesel, incluem ponto de ful- rante a Portaria no. 310 da ANP, cujo óleo poderá exigir uma etapa de
gor, teor de água e sedimentos, conteúdo estabelece as especifica- refino para que também a qualida-
viscosidade, cinzas, teor de enxo- ções para comercialização de óleo de no produto final seja garantida.
fre, corrosividade ao cobre, núme- diesel automotivo em todo o terri- Esse é certamente o caso da soja,
ro de cetano, ponto de névoa, resí- tório nacional. Obviamente, tal hi- que depende do refino para reduzir
duo de carbono, número de acidez, pótese precisa ser estudada em to- a presença de gomas e fosfolipíde-
curva de destilação (ou a tempera- das as suas implicações, pois preci- os no biodiesel. Mais uma vez, é
tura necessária para a recuperação sam ser dadas garantias para que a provável que essa observação te-
de 90% do destilado), estabilidade credibilidade do programa não so- nha pouco significado para regiões
à oxidação, teor de glicerina livre e fra o impacto de serem considera- onde a agroindústria da soja esteja
total, cor e aspecto (Agência Naci- das experiências mal sucedidas verticalizada ao óleo refinado, mas,
onal do Petróleo, 2003). Dentre possíveis falhas no funcionamento onde não haja esse potencial
esses parâmetros, alguns têm mere- do motor e o subseqüente aumento agroindustrial, seria desejável que
cido críticas da comunidade cientí- nos seus custos de manutenção. as matérias-primas selecionadas
fica por não apresentarem aplica- Da mesma forma como foram para a produção não apresentas-
ção direta ao biodiesel, como o definidos alguns aspectos agronô- sem tal limitação e pudessem sofrer
índice de corrosividade ao cobre e micos essenciais para que um deter- a alcoólise sem exigir a implanta-
a curva de destilação. Por essa ra- minado óleo vegetal apresente com- ção de uma unidade de refino. Há
zão, a especificação definida pela petitividade como matéria-prima evidências de que alguns óleos ve-
portaria é ainda provisional e pode- para a produção de biodiesel, im- getais podem oferecer essa vanta-
rá ser modificada em função de portantes aspectos tecnológicos tam- gem, como os de girassol e de
novas argumentações e dados ex- bém precisam ser atendidos e estes várias espécies de palmáceas (óle-
perimentais gerados pela comuni- estão relacionados: (a) à complexi- os laurílicos).
dade científica. dade exigida para o processo de O tipo e o teor de ácidos graxos
Um aspecto extremamente im- extração e tratamento do óleo; (b) à presentes no óleo vegetal (Tabela
portante da Portaria no 255 da ANP presença de componentes indesejá- 1) têm um efeito marcante sobre a
está relacionado com as limitações veis no óleo, como é o caso dos estabilidade do biodiesel diante do
que oferece para o aproveitamento fosfolipídeos presentes no óleo de armazenamento e da oxidação. Por
de todos os óleos vegetais que se soja; (c) ao teor de ácidos graxos exemplo, quedas bruscas na tem-
encontram disponíveis no território poli-insaturados; (d) ao tipo e teor peratura ambiente promovem o au-
nacional. No entanto, é importante de ácidos graxos saturados; e (e) ao mento da viscosidade e a cristaliza-
esclarecer que a especificação defi- valor agregado dos co-produtos, ção de ésteres graxos saturados
ne a qualidade do produto a ser como hormônios vegetais, vitami- que, eventualmente, podem causar
utilizado puro, ou seja, sem a sua nas, anti-oxidantes, proteína e fibras o entupimento de filtros de óleo e
diluição com diesel de petróleo. de alto valor comercial. sistemas de injeção. A tendência à
Por outro lado, se a concepção do Diferentes oleaginosas apre- “solidificação” do combustível é
programa nacional é a de facultar o sentam diferentes teores em óleos medida através dos pontos de né-
uso de misturas dos tipos de B2 a vegetais (Tabela 1) e a complexida- voa e de fluidez (ou de entupimen-
B20, restringindo o uso de B100 de exigida para a extração do óleo to), que devem ser tanto mais baixo
apenas a situações especiais (como pode contribuir negativamente para quanto possível. Abaixamentos no

Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Edição nº 31 - julho/dezembro 2003 33


ponto de fluidez, muitas vezes mo- nio molecular. Todo esse processo esse valor constitui um dos parâme-
tivados pela aditivação de inibido- é geralmente resumido em três eta- tros de identidade dos óleos vege-
res de cristalização (Stournas et pas, denominadas de iniciação, pro- tais. Sendo assim, diferentes tipos
al., 1995; Ramos, 2003), represen- pagação e finalização. O processo de biodiesel apresentam números
tam menores restrições do biocom- de polimerização pode ser iniciado de iodo semelhantes aos dos trigli-
bustível à variações de temperatu- por traços de metais, calor (termó- cerídeos de origem. No entanto,
ra, evitando problemas de estoca- lise), luz (fotólise) ou radicais deve-se salientar que, quando o
gem e de utilização em regiões hidroxila e hidroperoxila, gerados objetivo é avaliar a estabilidade à
mais frias. Obviamente, esse pro- pela cisão homolítica de moléculas oxidação de um dado óleo, as infor-
blema não é exclusivo do biodiesel, de água expostas à radiação mações obtidas através desse mé-
pois o diesel de petróleo contém (Kumarathasan et al., 1992). todo não são adequadas, pois o
parafinas que apresentam tipica- Os peróxidos e hidroperóxi- número de iodo não discrimina que
mente o mesmo comportamento. dos produzidos através da reação compostos estão contribuindo para
A formação de depósitos por de auto-oxidação podem se poli- o valor encontrado. Desse modo,
precipitação também ocorre em fun- merizar com outros radicais e pro- há óleos diferentes com números
ção do envelhecimento e/ou oxida- duzir moléculas de elevada massa de iodo semelhantes, porém, com
ção do biodiesel. Testes realizados molar, sedimentos insolúveis, go- estabilidades à oxidação considera-
pela Bosch (Dabague, 2003), em mas e, em alguns casos, pode que- velmente distintas. Para se inferir
parceria com a ANFAVEA (Associa- brar a cadeia do ácido graxo oxida- previsões acerca da estabilidade à
ção Nacional dos Fabricantes de do, produzindo ácidos de cadeias oxidação de um dado óleo é, por-
Veículos Automotores), AEA (Asso- menores e aldeídos (Prankl e tanto, necessário que se conheça a
ciação Brasileira de Engenharia Schindlbauer, 1998). Estudos ante- sua composição percentual em áci-
Automotiva) e Sindipeças (Sindica- riores (Clark et al., 1984; Tao, 1995; dos graxos, o que só é possível
to Nacional da Indústria de Compo- System Lab Services, 1997) consta- através do emprego de métodos
nentes para Veículos Automotores), taram que a formação desses ácidos cromatográficos de análise.
constataram que a degradação pode estar ligada à corrosão do Somente através do conheci-
oxidativa do biodiesel gera resinifi- sistema combustível dos motores mento pleno das propriedades que
cação que, por aderência, constitui porque, devido à alta instabilidade determinam os padrões de identi-
uma das principais causas da for- dos hidroperóxidos, eles apresen- dade e a qualidade do biodiesel é
mação de depósitos nos equipa- tam forte tendência a atacar que será possível estabelecer pa-
mentos de injeção. Em decorrência elastômeros. râmetros de controle que garanti-
desse fenômeno, foi também ob- A maioria dos trabalhos até en- rão a qualidade do produto a ser
servada uma queda no desempe- tão realizados sobre a estabilidade incorporado na matriz energética
nho, aumento da susceptibilidade à diante da oxidação do biodiesel re- nacional.
corrosão e diminuição da vida útil ferem-se ao estudo de ésteres
dos motores. metílicos (Prankl e Schindlbauer, 6 - Aspectos ambientais
O ranço oxidativo está direta- 1998; Ishido et al., 2001; Pedersen e relacionados com o uso do
mente relacionado com a presença Ingermarsson, 1999), visto que a biodiesel
de ésteres monoalquílicos insatura- maioria dos países que instituíram o
dos. Trata-se da reação do oxigênio uso desse biocombustível não apre- Sabe-se que o aumento na con-
atmosférico com as duplas ligações senta disponibilidade nem infra-es- centração dos gases causadores do
desses ésteres, cuja reatividade au- trutura para produzir etanol como o efeito estufa, como o dióxido de
menta com o aumento do número Brasil. Esses trabalhos têm confir- carbono (CO2) e o metano (CH4), tem
de insaturações na cadeia (Moretto mado que, de um modo geral, o acarretado sérias mudanças climáti-
e Fett, 1989). Assim, por ser relati- biodiesel de natureza metílica se cas no planeta. Efeitos como o au-
vamente insaturado, o biodiesel de- oxida após curtos períodos de esto- mento da temperatura média global,
rivado do óleo de soja é muito cagem, e que sua inércia química as alterações no perfil das precipita-
susceptível à oxidação. Os ácidos está diretamente relacionada com ções pluviométricas e a elevação do
linoleico e linolênico, que, juntos, os óleos vegetais empregados na nível dos oceanos poderão ser catas-
correspondem a mais de 61% da sua produção (Prankl e Schindlbauer, tróficos frente à contínua tendência
composição desse óleo, apresen- 1998). de aumento da população mundial
tam, respectivamente, duas e três Um dos meios mais comumente (Peterson e Hustrulid, 1998; Shay,
duplas ligações, que podem reagir utilizados para se inferir sobre a 1993). Nesse sentido, a inserção de
facilmente com o oxigênio. susceptibilidade de um determina- combustíveis renováveis em nossa
A oxidação de óleos insatura- do óleo à oxidação é a avaliação de matriz energética precisa ser incenti-
dos representa um processo relati- seu número de iodo. O número de vada para frear as emissões causadas
vamente complexo que envolve re- iodo revela o número de insatura- pelo uso continuado de combustí-
ações entre radicais livres e oxigê- ções de uma determinada amostra e veis fósseis.

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Vários estudos têm demonstra- Outro aspecto de interesse am- Isso significa que a prática adotada no
do que a substituição do diesel de biental está relacionado com as emis- Brasil, isto é, a utilização do etanol,
petróleo por óleos vegetais transes- sões de compostos sulfurados. Sabe- derivado de biomassa, torna o biodi-
terificados reduziria a quantidade se que a redução do teor de enxofre esel um produto que pode ser consi-
de CO2 introduzida na atmosfera. A no diesel comercial também reduz a derado como verdadeiramente
redução não se daria exatamente na viscosidade do produto a níveis não renovável (Zagonel, 2000). Assim, por
proporção de 1:1, pois cada litro de compatíveis com a sua especificação envolver a participação de vários seg-
biodiesel libera cerca de 1,1 a 1,2 e que, para corrigir esse problema, mentos da sociedade, tais como as
vezes a quantidade de CO2 liberada faz-se necessária a incorporação de cadeias produtivas do etanol e das
na atmosfera por um litro de diesel aditivos com poder lubrificante. Con- oleaginosas, a implementação do bio-
convencional. Todavia, diferente- sumada a obrigatoriedade na redu- diesel de natureza etílica no mercado
mente do combustível fóssil, o CO2 ção dos níveis de emissão de com- nacional abre oportunidades para gran-
proveniente do biodiesel é reciclado postos sulfurados a partir da combus- des benefícios sociais decorrentes do
nas áreas agricultáveis, que geram tão do diesel, a adição de biodiesel alto índice de geração de empregos,
uma nova partida de óleo vegetal em níveis de até 5% (B5) corrigirá culminando com a valorização do cam-
para um novo ciclo de produção. esta deficiência viscosimétrica, que po e a promoção do trabalhador rural.
Isso acaba proporcionando um ba- confere à mistura propriedades lubri- Além disso, há ainda as demandas por
lanço muito mais equilibrado entre a ficantes vantajosas para o motor. mão-de-obra qualificada para o pro-
massa de carbono fixada e aquela Trabalhos já desenvolvidos no cessamento dos óleos vegetais, per-
presente na atmosfera que, por sua Brasil na década de 80, quando mitindo a integração, quando neces-
vez, atua no chamado efeito estufa. foram utilizados vários óleos vege- sária, entre os pequenos produtores e
Portanto, uma redução real no tais transesterificados, também de- as grandes empresas (Campos, 2003).
acúmulo de CO2 somente será pos- monstraram bons resultados quan-
sível com a diminuição do uso de do utilizados em motores de cami- 5 - Conclusão
derivados do petróleo. Para cada nhões e tratores, tanto puros quan-
quilograma de diesel não usado, um to em misturas do tipo B30 (Minis- A intensidade com que o tema
equivalente a 3,11 kg de CO2, mais tério da Indústria e do Comércio, biodiesel tem sido abordado em reu-
um adicional de 15% a 20%, referen- 1985). Mais recentemente, foram niões políticas, científicas e tecnoló-
te à sua energia de produção, deixa- realizados testes no transporte ur- gicas tem dado testemunho do inte-
rá de ser lançado na atmosfera. Foi bano da cidade de Curitiba com resse com que a sociedade e o setor
também estimado que a redução ésteres metílicos de óleo de soja produtivo vem encarando essa nova
máxima na produção de CO2, devi- (Laurindo, 2003). Cerca de 80 mil oportunidade de negócios para o
do ao uso global de biodiesel, será litros de biodiesel foram cedidos país. Com efeito, diante de tantos
de, aproximadamente, 113-136 bi- pela American Soybean Association benefícios, como a criação de novos
lhões de kg por ano (Peterson e (EUA) e testados na forma da mis- empregos no setor agroindustrial, a
Hustrulid, 1998). tura B20, apresentando resultados geração de renda, o fomento ao
A utilização de biodiesel no bastante satisfatórios em relação ao cooperativismo, a perspectiva de
transporte rodoviário e urbano ofe- controle. Os testes foram realiza- contribuição ao equilíbrio de nossa
rece grandes vantagens para o meio dos em 20 ônibus de diferentes balança comercial e pelos compro-
ambiente, tendo em vista que a marcas durante três meses conse- vados benefícios ao meio ambiente,
emissão de poluentes é menor que a cutivos, no primeiro semestre de pode-se dizer que o biodiesel tem
do diesel de petróleo (Masjuk e 1998; ao final dos trabalhos, os potencial para constituir um dos prin-
Sapuan, 1995; Clark et al., 1984). resultados obtidos mostraram uma cipais programas sociais do governo
Chang et al. (1996) demonstraram redução média da fumaça emitida brasileiro, representando fator de
que as emissões de monóxido e pelos veículos de, no mínimo, 35% distribuição de renda, inclusão soci-
dióxido de carbono e material (Laurindo e Bussyguin, 1999). al e apoio à agricultura familiar. No
particulado foram inferiores às do O caráter renovável do biodiesel entanto, neste momento em que as
diesel convencional, enquanto que está apoiado no fato de as matérias- bases do programa nacional estão
os níveis de emissões de gases nitro- primas utilizadas para a sua produção sendo ainda definidas, o desenvol-
genados (NOx) foram ligeiramente serem oriundas de fontes renováveis, vimento de projetos de cunho cien-
maiores para o biodiesel. Por outro isto é, de derivados de práticas agríco- tífico e tecnológico, que possam
lado, a ausência total de enxofre las, ao contrário dos derivados de oferecer maior segurança aos nos-
confere ao biodiesel uma grande petróleo. Uma exceção a essa regra sos tomadores de decisão, é, no
vantagem, pois não há qualquer diz respeito à utilização do metanol, mínino, estrategicamente imprescin-
emissão dos gases sulfurados (e.g., derivado de petróleo, como agente dível ao país.
mercaptanas, dióxido de enxofre) transesterificante, sendo esta a maté- No que diz respeito à evolução
normalmente detectados no escape ria-prima mais abundantemente utili- do programa nacional de biocom-
dos motores movidos a diesel. zada na Europa e nos Estados Unidos. bustíveis, algumas ações governa-

Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Edição nº 31 - julho/dezembro 2003 35


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