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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DA PARAÍBA

DIRETORIA DE ENSINO

DEPARTAMENTO DE ENSINO PROFISSIONALIZANTE

CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES INTEGRADO AO MÉDIO

EMANUEL RODRIGUES DE CASTRO SILVA

APLICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ILUMINAÇÃO NATURAL EM


PROJETO ARQUITETÔNICO DE RESIDÊNCIA EM CONDOMÍNIO
FECHADO

João Pessoa - PB

2021
EMANUEL RODRIGUES DE CASTRO SILVA

APLICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ILUMINAÇÃO NATURAL EM


PROJETO ARQUITETÔNICO DE RESIDÊNCIA EM CONDOMÍNIO
FECHADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação do Curso Técnico em Edificações, do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba – IFPB, como requisito parcial para obtenção
do diploma de Técnico em Edificações.

Orientadora: Profª. Mônica Maria Souto Maior

João Pessoa - PB

2021
RESUMO
Este trabalho de caráter prático teve como objeto de estudo um lote com área total de 360m² em
um condomínio fechado localizado no município de Bananeiras – PB, tendo como usuários uma
família composta por três pessoas, que tinha como principal desejo uma casa bem iluminada.
Desta forma, o trabalho teve como seu principal foco e objetivo analisar as estratégias e
variáveis arquitetônicas apresentadas em trabalhos e artigos acadêmicos para aplicar na
residência indicies adequados de iluminação.Para seu desenvolvimento foi realizado um
levantamento bibliográfico sobre iluminação natural, analisando as variáveis capazes de
influenciar na quantidade e qualidade de iluminação natural de uma residência, desde as
aberturas e profundidade de ambientes até a refletância e influência de elementos de proteção
solar. Com isso foram reunidas estratégias e sugestões arquitetônicas teóricas para o
projeto.Após o levantamento bibliográfico, foram escolhidosprojetos para referência, que
serviram de modelo para uma melhor compreensão do tema estudado. Na elaboração do projeto
foi fundamental analisar esses projetos correlatos presentes em sites de arquitetura, para
compreender como as edificações podem atender as necessidades de seus usuários em relação
ao conforto e proporcionando bem-estar.

Palavras-chave: Iluminação natural, arquitetura, residência em condomínio fechado.


ABSTRACT
This practical work had as object of study a lot with a total area of 360m² in a closed
condominium located in the municipality of Bananeiras – PB, having as users a family
composed of three people, whose main desire was a well-lit house. Thus, the work had as its
main focus and objective to analyze the architectural strategies and variables presented in
academic works and articles to apply adequate lighting indicies in the residence. For its
development, a bibliographical survey on natural lighting was carried out, analyzing the
variables capable of influencing the quantity and quality of natural lighting in a residence, from
the openings and depth of environments to the reflectance and influence of sun protection
elements. Thus, theoretical architectural strategies and suggestions for the project were
gathered. After the bibliographical survey, reference projects were chosen, which served as a
model for a better understanding of the studied topic. In preparing the project, it was essential to
analyze these related projects present in architecture sites, to understand how buildings can meet
the needs of their users in terms of comfort and providing well-being.

Keywords: Natural lighting, architecture, residence in gated community.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Parthenon 10

Figura 2 Arquitetura Gótica 11

Figura 3 Diferença entre luminância e iluminância 17

Figura 4 Ofuscamento direto e reflexivo 17

Figura 5 Os vários componentes da luz natural 18

Figura 6 Ilustração de um átrio de luz 19

Figura 7 Ilustração de uma estufa 19

Figura 8 Ilustração de aberturas laterais 20

Figura 9 Ilustração de aberturas zenitais 20

Figura 10 Esquema da relação entre a altura da janela e a profundidade do ambiente 22


para garantir iluminação adequada

Figura 11 Tipos de aberturas para iluminação zenital 24

Figura 12 Incidência de luz natural em abertura sem elementos de proteção solar 29

Figura 13 Incidência de luz natural em abertura com elementos de proteção solar 29

Figura 14 Casa sustentável 32

Figura 15 Planta baixa: Casa sustentável 32

Figura 16 Casa Ger 33

Figura 17 Abertura zenital da Casa Ger 33

Figura 18 Diagrama casa Morro da Manteiga 34

Figura 19 Casa Morro da Manteiga 34

Figura 20 Pátio interno Casa Morro da Manteiga 34

Figura 21 Bananeiras no mapa do estado 35

Figura 22 Lote 35

Figura 23 Planta baixa da proposta 1 38

Figura 24 Planta baixa da proposta 2 39

Figura 25 Planta baixa da proposta 3 40

Figura 26 Modelo 3D da edificação 42

Figura 27 Fachadas em perspectiva 43

Figura 28 Vista em perspectiva da fachada sudeste 44


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 08

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 08

1.2 JUSTIFICATIVA 09

1.3 OBJETIVOS 09

1.3.1 Geral 09

1.3.2 Específicos 09

2 REFERENCIAL TEÓRICO 10

2.1 A LUZ NATURAL NA ARQUITETURA 10

2.2 BENEFÍCIOS DA ILUMINAÇÃO NATURAL 12

2.2.1 Conforto lumínico 13

2.2.2 Benefícios à saúde 14

2.2.3 Iluminação natural e eficiência energética 15

2.3 GRANDEZAS FÍSICAS E CONCEITOS DA LUZ 16

NORMATIZAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ACERCA DA ILUMINAÇÃO


2.4 17
NATURAL EM RESIDÊNCIAS

2.5 VARIÁVEIS E ESTRATÉGIAS DA ILUMINAÇÃO NATURAL 18

2.5.1 Variáveis arquitetônicas em edificações residenciais 19

2.5.2 Elementos de passagem e profundidade dos ambientes 20

2.5.3 Refletância: Cores e superfícies 25

2.5.4 Elementos de proteção 28

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 30

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 30

3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS 31

3.3 ANÁLISE DE DADOS 31

3.4 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA 31

4 PROJETOS CORRELATOS 31

5 RESULTADOS 34

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDOS 34

5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS 36


5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 36

5.4 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS 37

5.4.1 Proposta 1 37

5.4.2 Proposta 2 39

5.4.3 Proposta 3 40

5.5 MEMORIAL DESCRITIVO 41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

APÊNDICE 1: Questionário 47

APÊNDICE 2: Projeto técnico 50


8

1. INTRODUÇÃO
1. 1. DELIMITAÇÃO DO TEMA E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Desde que as civilizações começaram a desenvolver as primeiras formas mais
complexas de arquitetura, esta estava profundamente ligada à luz. Os templos egípcios, gregos e
romanos sempre apresentaram algum tipo de emprego da luz. Dessa forma, o modo como os
arquitetos manipulam a luz em seus projetos, sempre foi uma forma de refletir características
das diversas culturas em busca dos efeitos lumínicos que a luz natural pode proporcionar.
Assim, segundo Costa (2013) a exploração do uso da luz e enfoque em suas qualidades,
era um reflexo da preocupação com a correta orientação do edifício em relação ao sol, buscando
enaltecer determinadas obras de arte. Um processo impulsionado pelas crenças religiosas, que
sempre relacionam a luz a uma figura divina, como um símbolo de veneração e exaltação aos
deuses, o que fez com que diversas civilizações acabaram por adotar a estética “Claritas”.
A estética Claritas influencia até hoje grande parte dos projetistas. Como dito por Bogo
(2007), até hoje ainda é comum entre a maioria dos profissionais a abordagem da luz natural nas
edificações, partindo do ponto de vista de insolação, acreditando que quanto mais luz, melhor.
Uma ideia inadequada. Parte desse tipo de interpretação conceitual decorre de valores culturais
absorvidos de outras localidades onde esse tipo de iluminação acaba sendo mais adequado, sem
a devida adaptação. Como, por exemplo, em países da Europa e nos EUA, locais mais
temperados e frios, onde a necessidade de ganho de calor é grande, em vista do conforto
térmico. “Uma expressão muito utilizada ‘por um lugar ao Sol’, válida para locais de clima
frio e temperado, é entendida como adequada e transferida para o Brasil tropical, ao invés da
alteração para ‘por um lugar à sombra’.” (BOGO, 2007, p. 57).
No país tropical como o Brasil, é de grande importância aproveitar a incidência do sol
como fonte de iluminação natural, de forma que se possa economizar a energia elétrica. A
iluminação natural também é de grande importância para se evitar grande quantidade de
umidade causadora de mofos e insalubridade, porém junto com a claridade vem o calor, que em
nosso trópico se torna desagradável e tira o bem-estar de todos.
Segundo Costa (2013), todos os espaços demandam luz natural ou artificial por razões
funcionais ou decorativas. “A luz dá coloração às coisas e influencia o homem, determina a
atmosfera e o ambiente do lugar”. Portanto, pode-se concluir que a luz solar é um elemento
imprescindível de design que aperfeiçoa os aspectos estéticos do espaço arquitetônico, porém, a
sua qualidade e desempenho luminoso estão submetidos a inúmeras variantes e por isso cada
projeto demanda soluções específicas (TOLEDO; CÁRDENAS, 2015), apud (COSTA, 2013).
De acordo com as afirmativas acima, observa-se que a iluminação natural nunca deixou
de ser um ponto crucial nos projetos de edificações. Assim, este trabalho busca responder:
Como projetar uma residência com medidas reduzidas em terreno de condomínio fechado,
que passe um ar de clareza e liberdade através do aproveitamento da iluminação natural?
Diante desta pergunta problema, este trabalho busca aplicar parâmetros de
aproveitamento de luz solar para desenvolver um projeto para uma residência com medidas
reduzidas (até 80 m²), que transmita sensação de clareza e liberdade através do aproveitamento
da iluminação natural nos ambientes internos.
9

1.2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA


A iluminação nos ambientes residenciais é de grande importância, porque traz
benefícios à saúde e permite uma melhor acuidade visual, além de contribuir para os fatores
estéticos, porque valoriza e destaca elementos decorativos criando centro de interesses. Assim
se torna primordial e essencial para a qualidade de qualquer projeto arquitetônico.
Hodiernamente, adquirimos a oportunidade de estudar os princípios da arquitetura, e
com isso temos a capacidade de integrar o uso de elementos naturais e técnicas arquitetônicas
adquiridas ao longo dos séculos com as tecnologias desenvolvidas mais recentemente
(CINTRA, 2011). Vivemos um período em que a preocupação com as questões ambientais deve
ser levada em consideração em todo contexto mundial, além de que as crises econômicas têm
crescido e a necessidade de se poupar energia se torna essencial.
A luz natural é um recurso arquitetônico importantíssimo. Lam (1986) apud (CINTRA
2011) encaixa a luz natural na tríade de Vitruvius – solidez, encanto e valor comercial. Encanto
pela beleza e conforto da orientação de clima, tempo e lugar, solidez, pois o uso da luz natural é
inteligente e eficiente, não se tratando de uma moda, e valor comercial pela capacidade de
economia que o uso de luz natural aliado à iluminação artificial pode oferecer.
De acordo com Martau (2009) pode-se dividir e analisar os benefícios da luz natural no
desempenho do ser humano de três diferentes modos: O sistema visual, que diz respeito ao
conforto lumínico e visual do indivíduo em um ambiente fechado, o perceptivo, que é a
capacidade de percepção de uma pessoa, e do ciclo circadiano, também chamado de ritmo
biológico. Os ritmos de atividade e repouso, social e de temperatura corporal, são exemplos de
ritmos biológicos que podem ser influenciados pela luz (MARTAU, 2009).
Desde o início da década passada as questões de conservação, racionalização, e eficácia
no uso da energia elétrica têm se intensificado. A crise econômica de 2014, que perdurou até ser
intensificada pela crise sanitária e econômica, consequência da pandemia de covid-19 de 2020,
vem deixando cada vez mais acentuados os altos custos da energia elétrica no país. . Em
condomínios a iluminação representa entre 15% e 30% da despesa total das contas de energia
(BRÜGGEMANN, 2017). Como dito por Cintra (2011), a luz natural não é só um recurso capaz
de promover o bem-estar físico e mental, a saúde e o conforto das pessoas, mas também uma
excelente alternativa capaz de auxiliar a economia de energia elétrica.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1. Objetivo geral

Elaborar o projeto arquitetônico de uma residência unifamiliar em um condomínio fechado na


cidade de Bananeiras - PB, buscando estratégias que aperfeiçoem o uso de luz natural.

1.3.2. Objetivos específicos

1. Identificar as necessidades arquitetônicas de uma família para uma residência com medidas
de até 80 m²;

2. Pesquisar projetos referenciais de residências em condomínio;

3. Buscar meios de executar o projeto, garantindo o uso eficiente de luz natural e o conforto
lumínico do ambiente.
10

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A LUZ NATURAL NA ARQUITETURA
Na antiguidade os templos egípcios usavam a luz como elemento arquitetônico,
reproduzindo nos corredores e no passar dos ambientes a ilusão de uma eterna peregrinação. O
Parthenon, templo mais famoso da Grécia antiga, já usava suas colunas e teto como forma de
bloqueio de luz, mesmo em uma estrutura tão aberta, permitindo a visão do interior, mas ainda
assim, utilizando do contraste entre a luz no exterior e a sombra interna, produzindo a atmosfera
mágica de que nem sequer a luz poderia adentrar o local dos deuses, se não pela porta principal
(COSTA, 2013).
(…) Ao princípio as paredes eram grossas. Protegiam o homem. Então o
homem sentiu desejo de liberdade e do prometedor mundo lá fora. Primeiro fez
uma abertura tosca. Então explicou à infeliz parede que ao aceitar a abertura, a
parede deve seguir uma ordem maior de arcos e pilares, com elementos novos e
de valor (…). No entanto, os arquitetos de hoje em dia, quando pensam em
edifícios, esquecem a sua fé na luz natural. Contando com a pressão de um
dedo sobre um interruptor, basta-lhes a luz estática, e esquecem-se das
qualidades infinitamente cambiantes da luz natural, com a qual um edifício é
um edifício diferente a cada segundo do dia. (KAHN, 1965, apud COSTA,
2013 p. 9)

A iluminação mostra-se, portanto, um fator importante na estética e conceito da


arquitetura, uma clara evolução que tivemos desde as cavernas, primeiras habitações, e um dos
poucos casos de regressão, com a dependência excessiva da iluminação artificial. A Figura 1
ilustra a técnica de iluminação solar usada no Parthenon.
Figura 1: Parthenon

Fonte: Site Pinterest1

Elemento importante na construção civil atualmente, o vidro começou a ser usado nas
igrejas a partir da idade média, através da arquitetura gótica, que tinha a luz como um grande
foco, mas somente no século XIV que materiais translúcidos passaram a ser aplicados em
janelas com o objetivo de permitir a penetração da luz nos ambientes internos. No começo eram

1
Site do Pinterest - Imagem do Parthenon - disponível em:
https://br.pinterest.com/pin/546694842253316633. Acesso em 13/02/2021
11

pergaminhos e linhos, materiais orgânicos, mas que ainda não permitiam a visão para o exterior
e eram também muito frágeis. Os vidros nas janelas das residências burguesas começaram a ser
usados no fim do século XV, conceito que foi rapidamente espalhado no século seguinte
(BUTERA, 2009) apud (CINTRA, 2011). Ver exemplo na figura 2.
Figura 2: Arquitetura Gótica

Fonte: Site Guia de Estudo da Arte 2

As janelas envidraçadas permitiram a iluminação do ambiente, ao mesmo tempo em que


permitiam o contato visual com o lado externo. Dessa forma puderam garantir a proteção às
intempéries e aquecimento do ambiente, chegando assim à maior parte das funções que as
aberturas apresentam hoje em dia. A depender do clima do local, as residências começaram a
adaptar as janelas, de forma que se adaptassem às condições do ambiente à volta. Em climas
temperados as janelas de vidro se voltavam à orientação de maior incidência dos raios do sol,
que permitiam o aquecimento do ambiente. Por outro lado, em lugares mais quentes e úmidos as
aberturas eram protegidas por beirais longos, e o vidro não era utilizado, sendo a iluminação e
ventilação garantidas pela amplitude das aberturas (CINTRA, 2011). No entanto, depois da
primeira revolução industrial se tornaram cada vez menos adaptadas às regiões onde ficavam e
se tornaram mais padronizadas.
Butera (2009) apud Cintra (2011) descreve que o aprimoramento e popularização dos
sistemas de iluminação artificial e condicionamento de ar transformaram o conceito da casa em
uma máquina de morar, desassociando a arquitetura em: edificação e a tecnologia para fazer a
edificação funcionar. Dessa forma, as conexões e planejamentos que ligavam as residências com
os ambientes físicos em que estavam inseridas foram cada vez mais se perdendo.
Nesse sentido, o conforto térmico das edificações passou a ser garantido pelos
aparelhos de condicionamento de ar. A iluminação das edificações passou a ser
encarada na maioria das vezes como um requisito funcional, sendo utilizada
prioritariamente a iluminação artificial, com a justificativa do ponto de vista da
produção da atividade. Em outros casos a concepção estética do projeto
acabava por utilizar a iluminação artificial de forma irrestrita e excessiva.
(CINTRA, 2011, p. 18).

2
Disponível em: https://images.educamaisbrasil.com.br/content/banco_de_imagens/guia-de-
estudo/D/arte-gotica-vitrais.jpg. Acesso em 13/02/2021
12

Foi então que ao redor de todo o mundo as edificações começaram cada vez mais a
adotar o “Internacional Style”. Os edifícios com fachadas envidraçadas, aberturas enormes que
permitiam exorbitantes níveis de insolação, que precisavam ser sempre monitoradas e
controladas por sistemas de ar-condicionado, que acabam sendo sobrecarregados, para amenizar
o “efeito-estufa” formado por elas. E assim o discurso de utilizar grandes painéis de vidro para
assegurar a ‘conexão com o exterior’ e ‘garantir a luz natural’ faz com que os usuários acabem
necessitando de elementos de proteção enormes, como cortinas, que acabam impedindo a visão
do lado externo, na tentativa de amenizar o ofuscamento e a insolação causados por essas
grandes aberturas. Com isso, também acaba sendo necessário o uso de sistema de iluminação
artificial para obter uma iluminação em níveis minimamente adequados. E por isso, esse modo
de iluminação na prática mostra-se como inconsistente, pois além de tais fatores, tem
adicionado a si o custo de energia gerado pelo uso de sistema de iluminação artificial e ar-
condicionado. Segundo Butera, (2009, p. 173) apud Cintra,( 2011):

O fato estranho é que se trata do único caso de involução tecnológica de todo o


milênio passado. Já involução, porque (a edificação) voltou a ter uma única
função, a de invólucro, de proteção de chuva, piorando ao mesmo tempo, com
a perda de todas as conexões que tinha com o ambiente físico, as outras
funções que historicamente tinha conquistado

A iluminação artificial é de fato um meio mais prático de iluminar ambientes. O uso da


iluminação natural exige uma análise prévia do clima e ambiente, as aberturas que serão usadas
nas edificações, profundidade até onde a luz é capaz de chegar com qualidade, cuidados com
privacidade, controle térmico, ofuscamento, dentre outros problemas. Entretanto, quais as
razões para utilização da luz natural nos ambientes internos se, para isso, necessita haver uma
série de preocupações?
Hoje temos os meios para estudar os princípios da arquitetura e suas relações com as
condições ambientais que rodeiam as edificações. Podemos aproveitar a tecnologia
desenvolvida com o passar dos anos para analisar o uso da luz natural com o passar dos séculos.
Em um período em que as preocupações ambientais e a preservação são fator essencial a ser
levado em consideração na construção civil (CINTRA, 2011).
Observa-se que a luz natural possui diversos benefícios psicológicos, físicos e
econômicos. Por isso, apesar da praticidade da iluminação artificial, não é ideal que ela
substitua, mas sim complemente a iluminação natural, que é ponto crucial de análise ainda na
fase projetual das residências.

2.2 BENEFÍCIOS DA LUZ NATURAL


“A iluminação natural é um dos principais critérios a influir na qualidade de um
ambiente” (GABRIEL, 2017), apud (CANGUSSU, 2018). O conforto lumínico, volumetria do
ambiente interno, qualidade visual, percepção de materiais e cores e as tarefas a serem
realizadas com o uso da visão são todos aspectos de um ambiente que iluminação natural afeta
diretamente, além de ser importante para a saúde.
A arquitetura pertence a cada local, e cada local tem sua peculiaridade em termos de luz
natural, sendo está uma regra importante a ser considerada para ter a compreensão do problema
arquitetônico. A luz é responsável por tornar cada ambiente único e memorável quanto ao lugar
em si e suas particularidades, caracterizando as mudanças que ocorrem em seu próprio sistema
ao longo do tempo, criando padrões distintos e mudanças sazonais (COSTA, 2013).
13

A luz natural traz incontáveis benefícios, seja no âmbito econômico, no tocante


a redução do consumo de energia elétrica, seja oferecendo bem-estar e
melhorando a saúde e/ou desempenho daqueles que ocupam os ambientes.
Além de permitir uma visão adequada, a luz natural desencadeia vários efeitos
biológicos, circadianos, neuroendócrinos e neurocomportamentais, que devem
ser levados em conta no projeto arquitetônico (CANGUSSU, 2018, p.23).
Para o Thermie Energy ResearchGroup (1994), apud Laranja; Gazzaneo e Cabús
(2009), a iluminação natural é valorizada pelas pessoas em função de sua variedade. Pode-se
dizer que a luz natural traz dinâmica ao espaço iluminado, com o surgimento de
sombreamentos, variações nas cores, nos reflexos e nos valores de iluminância. Isto acontece
por causa da variação da luz natural ao longo do dia, estações do ano, condições climáticas e
características externas do ambiente.

2.2.1 Conforto lumínico


A ABNT (1999) descreve que conforto luminoso é um conjunto de condições que
garantem o desenvolvimento de tarefas visuais com a máxima precisão e o mínimo de esforço.
Descrição praticamente idêntica à de Lamberts, Dutra e Pereira (1997) apud CINTRA (2011),
que apenas acrescentam o menor risco de prejuízo à vista e risco de acidentes. Cintra (2011) diz
que, para apresentar um bom nível de conforto luminoso o ambiente deve estar adequado às
necessidades de iluminação demandadas pelas atividades que serão realizadas neles, e cada
tarefa deve ser considerada pelo projetista, tanto por quem (pessoas com qual idade, sexo,
relações contextuais com o local), em que local, hora e etc.
Dessa forma, o conforto lumínico e sua garantia de qualidade estão relacionados às
atividades a serem realizadas no ambiente, à melhor forma possível de realizá-la, o mínimo de
condições de luz para realizá-la sem esforço, e à minimização dos riscos ao desenvolvê-la,
garantindo adequados níveis de contraste, direcionamento das sombras e ausência de
ofuscamento.
Segundo Vianna e Gonçalves (2011, p. 16 e 17) apud (IKEDA, 2012), as variáveis do
conforto lumínico podem dividir-se em três níveis distintos:
1° nível - relativo ao clima e meio ambiente: São a fonte primária de luz – o sol, a fonte
secundária de luz – abóbada celeste, a radiação solar direta e difusa, a nebulosidade, a latitude,
época do ano e hora do dia, os níveis externos de iluminância, os acidentes geográficos, as
nuvens e os poluentes;
2° nível - relativos ao projeto e construção das edificações e da cidade: Neste nível estão
a tipologia arquitetônica, os elementos de proteção externos, as aberturas, a orientação e
implantação do projeto, elemento de proteção interna, a reflexão do entorno, as obstruções
externas, as cores, texturas, componentes de reflexão externas e internas, a iluminação artificial
dentre outros;
3° nível - aqueles relativos ao próprio usuário: Se enquadram neste nível a atividade
desenvolvida pelo usuário do ambiente, as exigências humanas e funcionais na residência.
Ou seja, para garantir o conforto lumínico aos usuários do ambiente, é necessário
identificar as necessidades de cada tarefa, pois cada situação demanda uma iluminância
específica, e o projetista deve fazer o possível para atendê-la suficientemente.
14

Para a determinação da qualidade de conforto luminoso Palhinha (2009) afirma que a


maneira da distribuição da luz no interior do ambiente é mais importante que a quantidade de
luz a entrar, isso considerando a possibilidade de existirem grandes diferenças entre os níveis de
iluminação dos locais próximos à janela para os locais distantes. Mesmo que o valor de
iluminação nos locais distantes seja adequado, ainda existirá a tendência por acender a luz.
Já em relação ao ofuscamento, a IESNA (2000) apud SANTANA et al (2020)
recomenda que para evitá-lo a luminosidade da tarefa deva ser cinco vezes maior que qualquer
plano que possa ser visto de forma direta.

2.2.2 Benefícios à saúde


Martau (2009) afirma que a modificação dos hábitos de trabalho e descanso, que levam
ao uso prolongado da iluminação artificial, aumentando o período do dia em que as pessoas
passam em claridade, ou geram a permanência em espaços com iluminação deficiente, são
fatores que estão deixando as pessoas doentes.
De acordo com Martau (2009) pode-se dividir e analisar os benefícios da luz natural ao
ser humano a partir de três óticas: O sistema visual, que diz respeito ao conforto lumínico e
visual do indivíduo em um ambiente fechado, o perceptivo, que é a capacidade de percepção de
uma pessoa, e do ciclo circadiano, também chamado de ritmo biológico. Alguns ciclos
circadianos que podem receber influência da luz são o de ritmo de atividade e repouso, social e
temperatura corporal.
No ano de 2002 foi descoberto um fotorreceptor na retina, não relacionado à visão, mas
sim, responsável pelo controle da produção de melatonina. O receptor envia sinais para glândula
pineal a depender da intensidade luminosa do ambiente, controlando assim a produção da
melatonina, hormônio da noite, responsável principalmente pelo regulamento do sono,
provocando o sono ao liberar mais melatonina quando a intensidade da luz está baixa
(NOTOMI, 2019). Desse modo, uma intensidade luminosa que durante todo o dia atinge a retina
com valores muito baixos em relação aos valores adequados pode acabar gerando uma
irregularidade no ciclo da melatonina, liberando-a em horas de atividade, gerando sonolência,
letargia, dentre outros sintomas que podem atrapalhar as atividades do dia a dia (MARTAU,
2009).
O ser humano é uma espécie diurna, e por padrão realiza suas atividades durante o
período da manhã, por esse fator que a iluminação, especialmente natural, é muito responsável
pelo controle do ritmo biológico corporal, visto que ela é a melhor forma que o corpo tem de
identificar se é dia ou noite.
Em relação às vantagens do uso da iluminação natural em relação à artificial, Martau
(2009) diz que a qualidade da luz recebida de origem natural e artificial é diferente. Apenas a
luz natural possui os comprimentos de onda que atingem o olho e diferentes profundidades da
pele, desencadeando reações fisiológicas importantes de produção de substâncias organizadoras
do equilíbrio metabólico.
Além disso, a luz natural possui alta concentração de luz azul, que produz no
organismo, pelo sistema nervoso central, o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e vários
esteróides, e, pela pele, elementos como a vitamina D, que neutralizam substâncias e equilibram
o corpo. A exposição à luz pode ter impactos tanto negativos quanto positivos à saúde humana,
impactos esses observáveis em evidências desde imediatas à exposição à evidências reveladas
15

após vários anos. Por isso, para um projetista que busca análises quanto à luz, entender a
influência da luz no corpo humano é também entender como a iluminação afeta os usuários dos
edifícios (MARTAU, 2009).
A iluminação inadequada durante o dia ainda é também uma das características que
geram a Síndrome do Edifício Doente (SickBuildingSyndrome – SBS). Esta síndrome faz com
que pelo menos 20% de seus usuários apresentem sintomas como letargia, dificuldade de
concentração, entre outros. Sintomas que em geral desaparecem com a saída dos ocupantes dos
edifícios (GARROCHO, 2009), apud (CINTRA, 2011).
Por isso Figueiró (2009) apud Cintra (2011) ressalta a necessidade da iluminação
natural nas edificações. Principalmente nos casos em que os usuários passam muito tempo em
casa, como idosos e crianças, que também são as pessoas que mais necessitam de proteção à
saúde e cuidado com os ciclos biológicos para garantir seu bem-estar.
Dessa forma identificamos que sim, a utilização da luz natural é importantíssima para o
funcionamento do organismo. O cuidado com a iluminação das edificações, especialmente das
residências, onde os indivíduos passam boa parte do dia, é essencial para o bem-estar e saúde.

2.2.3 Iluminação natural e eficiência energética


A energia elétrica no Brasil possui um custo demasiadamente elevado. De acordo com o
Ministério de Minas e Energias (2016) apud Sampaio e Faria(2020), o Brasil possui uma matriz
energética diversificada, tendo em comparação com outros países uma porcentagem muito
maior de fontes de energia renovável, 74,6%, contra 23,3% da média mundial, especialmente o
uso de energia hidrelétrica. O que é um ponto positivo.
Apesar disso, Sobreira et al. apud Sampaio e Faria (2020) ainda defende que a adoção
de sistemas de iluminação natural eficientes é um fator fundamental para garantir o bem-estar
do meio ambiente, já que todos os métodos de geração de energia, mesmo sustentáveis, ainda
agridem de alguma forma a natureza.
Além disso, claro, o fator econômico deve ser sempre levado em consideração, já que é
possível obter uma grande redução dos gastos com energia elétrica quando se usa a iluminação
natural, grande responsável pelos gastos de energia em uma residência. Sampaio e Faria (2020)
indicam que os efeitos econômicos da diminuição da iluminação artificial podem chegar a até
20%
O desligamento das lâmpadas, especialmente em casos em que não seriam usadas
lâmpadas LEDs, também favorecem a diminuição da temperatura do ambiente, e este fator,
aliado à relação entre a iluminação natural e ventilação por meio das janelas, auxilia no conforto
térmico natural, diminuindo a carga sobre os sistemas de condicionamento de ar.
Como dito por Cintra (2011), o aproveitamento da iluminação natural por si só não
resulta diretamente em economia. Para que essa economia ocorra faz-se necessário que a carga
do sistema de iluminação artificial seja diminuída por consequência da iluminação natural. Essa
integração pode também promover a diminuição na carga da refrigeração do ar, caso a
residência possua, além da economia gerada pelo desligamento das lâmpadas do sistema
artificial.
16

2.3 GRANDEZAS FÍSICAS E CONCEITOS DA LUZ


A luz pode ser definida como uma radiação eletromagnética sensível aos olhos, capaz
de causar sensação visual (SCHMID, (2005) apud LOSS, (2013).Egan e Olgyay (2002), apud
Danieleski (2018) afirmam que a experiência visual é formada pela combinação do olhar
humano e da interpretação, que pode ser mudada através de mudanças na iluminação. Ideia
convergente com a de Lima (2010), apud Danieleski (2018), que diz que os estímulos físicos
permitem a visão dos seres humanos, e as propriedades de percepção permitem que o indivíduo
tenha sensações a partir desses estímulos. Dessa forma, entender os aspectos físicos e variáveis
da luz é importante para que se possa compreender a percepção humana, os diferentes aspectos
da luz que são responsáveis por determinar o conforto visual.
A refletância, iluminância, luminância, ofuscamento e contraste são os aspectos e
conceitos mais importantes a se saber acerca da luz, na hora de trabalhar com ela
arquitetonicamente.
A refletância mede a reflexão, que se caracteriza como a capacidade de uma superfície
redirecionar o fluxo luminoso incidente, sendo medida em porcentagem. Aspectos das
superfícies como opacidade, cor e textura influenciam a refletância (DANIELESKI, 2018).
A iluminância é um dos aspectos mais importantes a ser levado em consideração para
analisar a iluminação dos ambientes internos, pois, como dito por Ferreira (2014), na prática é a
quantidade de luz dentro de um ambiente.
É definida como a distribuição da luz sobre uma superfície, ou seja, a luz que incide
sobre um plano. A tabela 1 apresenta alguns exemplos de valores de iluminância em ambientes
externos.

Tabela 1: Exemplos de valores de iluminância em ambientes externos


Dia ensolarado de verão em local aberto ≅ 100.000 lux
Dia encoberto de verão ≅20.000 lux
Dia escuro de inverno ≅3.000 lux
Boa iluminação de trabalho interno ≅ 1.000 lux
Boa iluminação de rua ≅ 20 – 40 lux
Noite de lua cheia ≅ 0,25 lux
Luz de estrelas ≅ 0,01 lux
Fonte: Niskier e Macintyre, (2000) apud Pereira (2010)

Já a luminância pode ser definida como a intensidade luminosa produzida ou refletida


por uma superfície aparente (PEREIRA, 2010). É a luminância a luz refletida das superfícies
para os olhos do observador. Na prática, a luminância é a medida que indica a sensação de
claridade que o olho humano enxerga de uma superfície iluminada. A figura 3 ilustra a diferença
entre luminância e iluminância.
17

Figura 3: Diferença entre luminância e iluminância

Fonte: OSRAM, 2014a apud FERREIRA, 2014

O contraste é a “função da relação entre as luminosidades do objeto e do fundo”


(COSTA, 2000, p. 58) apud (DANIELESKI, 2018). Em casos de baixo contraste, o ideal é que
se aumente a iluminação para facilitar o desenvolvimento das atividades.
Já o ofuscamento é o desconforto visual gerado pela distribuição inadequada de luz,
brilho e contraste, reduzindo a capacidade do indivíduo de enxergar e discernir objetos. Pode ter
origem direta, através de fontes de luz, ou reflexiva, sendo causado pela reflexão da luz a partir
de uma superfície. A partir de 200cd/m² a luminância pode ser considerada incômoda (OSRAM,
2014a apud FERREIRA, 2014). A figura 4 ilustra os tipos de ofuscamento.

Figura 4: Ofuscamento direto e reflexivo

Fonte: OSRAM, 2014a apud FERREIRA, 2014

2.4 Normatizações e recomendações acerca da iluminação natural em residências


Admitir luz natural através das aberturas de forma a garantir adequados níveis de
iluminação e de distribuição no ambiente, controlando os respectivos ganhos de calor solar, num
equilíbrio térmico-luminoso, geralmente é uma tarefa que apresenta dificuldades em nível de
projeto de arquitetura (BOGO, 2007).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem algumas normas com a
função de regulamentar a aplicação da iluminação em edifícios. As normas são generosas, e
usam valores bem abaixo das indicações de pesquisadores. No entanto, são importantes e
eficientes indicadoras quanto aos valores mínimos de iluminação recomendados para cada caso.
A NBR 15575 (ABNT, 2013) aborda várias questões sobre o desempenho de edifícios
residenciais, com o foco nas exigências dos usuários. A norma avalia diversas questões, entre
elas o conforto tátil (térmico, lumínico e acústico). O item de conforto lumínico define que
18

“durante o dia, as dependências da edificação habitacional devem receber iluminação natural


conveniente, oriunda diretamente do exterior ou indiretamente, através de recintos adjacentes”.
Reinhart (2005, apud Cintra, 2011) determina 100 lux como o valor mínimo de
iluminância natural útil (Useful Daylight Iluminance – UDI), enquanto a NBR 15.575 (2013)
determina 60 luxes o valor mínimo para a Iluminância de projeto (IP) em ambientes de
permanência prolongada, banheiros, cozinhas e área de serviço de edificações residenciais de
até cinco pavimentos, no entanto, recomenda que para promover maior conforto ao usuário deve
se utilizar o nível intermediário ou superior. A Tabela 2 apresenta os valores de iluminância
indicados pela ABNT.
Tabela 2: Nível de iluminância de fonte natural para edificações residenciais

Nível de iluminância natural


Ambientes
Mínimo Intermediário Superior
Sala de Estar
Dormitório
≥ 60 lux ≥ 90 lux ≥ 120 lux
Copa / Cozinha
Área de Serviço
Banheiro
Corredor ou escada interna à unidade
Corredor de uso comum (prédios) Não exigido ≥ 30 lux ≥ 45 lux
Garagens / estacionamentos
Fonte: ABNT NBR 15575-1, 2013

2.5 VARIÁVEIS E ESTRATÉGIAS DA ILUMINAÇÃO NATURAL:


A luz que entra de uma janela pode vir de fontes e formas variadas (Figura 5). A luz
natural se constitui na luz solar direta, que se altera continuamente durante o dia devido ao ciclo
do sol e fatores como condição do céu, apresentando claridade elevada; e luz solar difusa, que é
a luz direta difundida, de baixa claridade, que é refletida a partir do solo, nuvens, prédios e até
da vegetação (COSTA, 2013).
Figura 5: Os vários componentes da luz natural

Fonte: Costa, 2013


19

Inúmeras circunstâncias são responsáveis por determinar a quantidade de luz que


adentra um determinado ambiente. A orientação da edificação, estação do ano e condição do céu
são exemplos desses fatores. Por isso, é importante avaliar quais fatores e variáveis podem
interferir na iluminação natural.
Segundo Costa (2013), a intensidade com que a luz natural chega e sua distribuição no
interior de um ambiente depende diretamente de vários fatores, entre eles a disponibilidade
natural da luz, presença ou não de obstáculos que bloqueiam sua passagem até as janelas, como
objetos externos, persianas, beirais, tetos de sombra etc. Posição, tamanho, orientação e forma
das aberturas, bem como a opacidade do vidro.
As decisões projetuais e construtivas, disponibilidade de materiais, opinião dos usuários
e cultura local são os fatores que determinarão as características adotadas quanto às aberturas e
entrada de luz por meio das aberturas.
Um eficiente projeto de iluminação natural busca aproveitar a luz e dominá-la, leva
sempre em consideração essas variações presentes no ambiente a ser construído, e busca
soluções arquitetônicas que possibilitem a compreensão do comportamento da luz, intensifique
suas vantagens e benefícios e minimize as desvantagens da iluminação solar no ambiente
(COSTA, 2013).

2.5.1 Variáveis arquitetônicas em edificações residenciais:


De forma eficiente, a luz natural pode penetrar o interior de uma edificação pelas
aberturas laterais e/ou zenitais, poços de luz e podem possuir ou não elementos de controle
(CINTRA, 2011). Baker e Steemers (2002) apud CINTRA (2011) criam uma classificação para
os principais componentes de projeto de iluminação natural. Segundo os autores, estes podem
ser classificados como componentes de condução, passagem e elementos de proteção e controle,
podendo ser usados de forma isolada ou juntos.
Os componentes de condução são espaços que precedem ambientes internos, permitindo
que a luz chegue ao centro do edifício para ser distribuído (figura 6), como átrios ou poços de
luz, mas também podem ser espaços cercados por vidro, que permitam a passagem da luz pro
interior, ao mesmo tempo em que cria um espaço aquecido, como uma estufa (figura 7), mais
comum em climas temperados (BAKER E STEEMERS, 2002) apud (CINTRA, 2011).

Figura 6: ilustração de um átrio de luz Figura 7: Ilustração de uma estufa

Fonte: Cintra, 2011 Fonte: Cintra, 2011


20

Os componentes de passagem são os mais básicos. Aqueles que permitem a passagem


direta da luz para o interior. Podem ser subdivididos em componentes de passagem laterais
(portas e janelas; figura 8), zenitais (aberturas zenitais; figura 9), ou globais, superfícies de
vedação feitas de vidro ou outro material translúcido, semelhante à estufa, mas contido na
estrutura de forma direta, e não se estendendo para além da parede “padrão” (BAKER E
STEEMERS, 2002) apud (CINTRA, 2011).

Figura 8: Ilustração de aberturaslateraisFigura9: Ilustração de aberturas zenitais

Fonte: Cintra, 2011 Fonte: Cintra, 2011

Ainda de acordo com Baker e Steemers (2002) apud CINTRA (2011), os elementos de
proteção são barreiras que têm como função impedir parte da luz incidente nos ambientes,
evitando excessos, bloqueando ou redirecionando a luz solar direta.
Mesmo após adentrar o interior da residência a luz natural ainda precisa se distribuir no
ambiente, e fatores como a área, posição das aberturas, profundidade dos espaços, e até mesmo
cor e textura das superfícies devem ser levados em consideração na hora de realizar um projeto
de iluminação natural (CINTRA, 2011). O controle da radiação solar, nas paredes e vidraças,
pode ser feito pela orientação das suas áreas e seu dimensionamento, cores, parâmetros ópticos,
elementos para-sóis e/ou vegetação (CORBELLA E CASTANHEIRA 2001) apud (BOGO,
2007).
Por isso, a seguir serão abordadas mais detalhadamente algumas dessas variáveis
apresentadas, que deverão ser levadas em consideração no projeto da residência:

2.5.2 Elementos de passagem e profundidade dos ambientes


Quando se busca realizar um projeto arquitetônico focando na qualidade da iluminação
natural, um dos, se não o fator mais importante a ser considerado é a decisão quanto às aberturas
utilizadas e sua relação com a profundidade dos cômodos e ambientes internos. É essencial que
o dimensionamento adequado da área das aberturas em relação às fachadas seja utilizado para
garantir conforto e qualidade de iluminação natural, satisfatória aos usuários (CINTRA, 2011).
A partir das aberturas, a luz natural disponível no ambiente exterior penetra no
ambiente interno das edificações; essas aberturas são, portanto, consideradas
como fontes superficiais de luz, em função de área, orientação solar,
localização na fachada, forma, transmitância do vidro utilizado, bloqueio a
partir de elementos de controle solar. (BOGO, 2007, pg. 38).
21

Como dito por Cintra (2001), aberturas amplas têm a capacidade de garantir ambientes
com maior nível de iluminação e uma vista mais plena para o exterior, no entanto, elas também
trazem muitos pontos negativos. A perda do controle sobre a iluminação desejada, podendo
exceder o limite de iluminância que garanta conforto visual, o aumento da capacidade de trocas
térmicas com o interior (condução, convecção e radiação), podendo tornar o interior da
residência mais quente, gerando desconforto térmico, o que acarretaria no aumento do uso de
climatização artificial e diminuiria a eficiência energética e economia gerada pela iluminação
natural.
Por esse motivo, é de extrema importância que seja feito o dimensionamento ideal das
aberturas, tomando-se o devido cuidado para que estas não acabem por se tornar estufas, ou
descumpram funções básicas de uma residência, como proteger o ambiente interno e conceder
privacidade aos seus usuários.
Por isso a luz natural difusa é mais desejada que a direta, pois pode ser mais bem
controlada, sofrendo menos com problemas de ofuscamento e ganho desnecessário de calor.
“Uma luz homogênea, com melhor distribuição do que a luz solar direta inadequada para as
atividades de trabalho nos ambientes internos” (BOGO, 2007, p. 42).
Assim, a proporção entre área envidraçada e área opaca na fachada e a
existência ou não de elementos de proteção solar, deve ser equilibrada de
maneira adequada às necessidades de iluminação natural, vista para o exterior e
as questões termo energéticas. (CINTRA, 2011, p. 34)
De acordo com o Regulamento Técnico de Qualidade para o Nível de Eficiência
Energética de Edificações Residenciais (BRASIL, 2010) área de abertura é: área livre em metro
quadrado (m)² sem obstrução por elementos fixos de sombreamento que sejam paralelos ao
plano de abertura.
A relação entre a área da fachada e a área de suas aberturas é chamada
internacionalmente de Window to Wall Ratio (WWR). No Brasil, o Regulamento Técnico da
Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos
(RTQ-C) define como Percentual de Abertura da Fachada (PAF). É um critério de análise que
define o nível de desempenho energético da edificação, baseado na luz e temperatura.
Bannisteret al (1998) apud IKEDA (2012), em estudos realizados na Austrália chegam à
conclusão de que mais de 50% de abertura na fachada acaba sendo ruim para qualquer
edificação, considerando o contexto australiano. Ikeda (2012) defende que, por mais que o
estudo de Bannisteret al (1998) tenha sido feito considerando o contexto italiano, a orientação
de que a taxa de abertura não deve ultrapassar os 50% é pertinente, pois uma abertura maior
certamente poderia acarretar em problemas de conforto ambiental.
No entanto, cada projeto tem sua particularidade, e as respectivas taxas de abertura nas
fachadas desses projetos devem estar de acordo com as necessidades climáticas e culturais do
local. Cabendo ao profissional responsável avaliar e determinar a taxa que melhor atenda as
necessidades de conforto visual dos usuários e quais fachadas devem ter maior ou menor taxa de
abertura (IKEDA, 2012).

2.5.2.1 Aberturas laterais


As aberturas laterais são no geral a forma mais comum de iluminação presente nas
residências. Especialmente por meio das janelas convencionais. Por definição, uma abertura
num elemento arquitetônico, possibilitando inserção de ventilação e de insolação dos ambientes
internos, conceito não aplicável atualmente, devido ao desenvolvimento das estruturas
22

envidraçadas. Outra importante função da janela é a de permitir a visão entre ambiente externo e
interno (COSTA, 2013).
Segundo Costa (2013) é preciso levar cuidadosamente em consideração elementos da
fachada, como tamanho e posição, em relação ao nível da linha de visão do ocupante, pois, os
elementos aplicados buscando a iluminação natural podem afetar a visão para o exterior, criando
um conflito entre as funções da janela. Ou seja, um desenho de fachada que priorize a luz
natural deve manter o contato com o exterior como um plano de prioridade inferior.
De acordo com Vianna e Gonçalves (2001) apud Cintra (2011), a iluminação lateral tem
como particularidade a sua desuniformidade, distribuindo de forma desigual a luz natural pelo
ambiente, pois quanto mais distante da janela, mais a iluminação alcançada é rapidamente
reduzida, fazendo com que em ambientes profundos, realizar tarefas visuais mais distantes das
aberturas se torne totalmente inviável. Esse esquema é ilustrado na Figura 10:

Figura 10: Esquema da relação entre a altura da janela e a profundidade do ambiente para
garantir iluminação adequada

Fonte:Cintra, 2011.

Assim, segundo Lechner (2009) apud Costa (2013) algumas estratégias de iluminação
podem ser adotadas para que inconvenientes sejam eliminados:
1. Colocar janelas elevadas, distribuídas com abundância, tanto em número como em tamanho:
Aumentar o tamanho de uma janela em um ambiente trás por consequência o aumento
na penetração de luz. Vianna e Gonçalves (2007) apud Cintra (2011) indicam que a eficiência
de profundidade da luz que adentra por uma abertura lateral é de aproximadamente 1,5 a 2 vezes
a distância entre o piso e a verga da janela por onde a luz entra. Por isso é importante que,
sempre que possível, a altura do teto seja aumentada, permitindo assim janelas mais altas. No
entanto, a distribuição mais homogênea da luz natural pelo ambiente ainda pode estar ligada ao
comprimento horizontal da janela e se estiverem separadas, ao invés de agrupadas.
2. Colocar janelas em mais de uma parede sempre que possível:
A utilização de duas ou mais janelas, gerando uma iluminação bilateral, torna possível
que a luz seja melhor distribuída no interior dos ambientes. Dessa forma as janelas de paredes
contíguas têm grande eficácia em reduzir o ofuscamento, pois, as aberturas em variados planos
iluminam as paredes adjacentes correspondentes, reduzindo o contraste.
23

3. Filtrar a luz natural:


A luz solar pode ser filtrada através de elementos de proteção, já citados anteriormente
e que serão melhores bem exemplificados mais para frente. Entre eles podem ser telas, árvores,
vegetação, entre outros tipos de bloqueios à iluminação direta.
4. Proteger as janelas do excesso de luz solar no verão:
É importante levar em conta o verão como uma época quente e em que, o ideal é a
passagem de menos luz e calor natural. Devem-se utilizar elementos de proteção à entrada de
luz. Sistemas de sombreamento, por exemplo. Estes elementos ainda podem também ajudar a
suprir a incidência solar direta, reduzindo o ofuscamento.
5. Utilizar sistemas de sombreamento móveis:
As alterações que acontecem na luz natural são particularmente relevantes nas
orientações Leste e Oeste, já que com o variar da hora recebem luz direta e difusa. Sistemas de
sombreamento móveis como persianas e cortinas são soluções práticas e eficientes, capazes de
se ajustar de acordo com a necessidade imposta pelo horário e intensidade da luz solar, se
tornando possivelmente a resposta mais adequada para condições tão distintas.
As aberturas laterais são as mais comuns e práticas, e via de regra, estarão presentes em
todos os tipos de edificações. Desde que tomadas as devidas estratégias e cuidados com sua
utilização, são elementos muito eficientes na iluminação dos interiores.

2.5.2.1 Aberturas zenitais


A maior vantagem das aberturas zenitais em relação às aberturas laterais é a capacidade
de distribuição da luz natural proporcionada por aberturas zenitais apresenta alta uniformidade,
em qualidade e quantidade. Apesar disso, traz consigo diversos problemas e inconvenientes que
fazem necessário que se pense bem em que ocasiões utilizar uma. Não satisfazem as
necessidades de vista e de orientação, portanto não têm elementos suficientes para substituir a
iluminação lateral, apenas complementá-la (COSTA, 2013).
A luz zenital pode causar reflexos e ofuscamento de forma desagradável. Os reflexos
poderiam ser evitados não posicionando fontes de luz acima de zonas críticas de tarefa visual,
mas para isso seria necessário que antes da concepção do projeto o usuário definisse em quais
locais iria realizar tais tarefas, impossibilitando a alteração posterior (COSTA, 2013).
Aberturas zenitais permitem ainda a entrada de muita radiação solar, e com ela, calor.
Por todos esses motivos que aberturas zenitais são mais comuns em ambientes com pé direito
mais alto, além disso é ideal que sejam usados elementos de controle solar, permitindo a entrada
apenas de luz difusa, reduzindo os problemas de ofuscamento e aquecimento no ambiente.
É também importante tomar cuidado com o controle da luz que entra no edifício. Clima
local, condições do céu, nebulosidade, luminância, iluminância, tipologia e formato da abertura
zenital são fatores que devem ser levados em conta, já que, não há forma prática de aplicar um
elemento de proteção móvel. Por isso Vianna e Gonçalves (2001) apud COSTA (2013), indicam
que a área de uma abertura zenital pode cobrir uma área equivalente a no máximo 10% da área
do piso. No entanto, Costa (2013) considera essa uma análise e recomendação genérica, sendo
necessário que os casos sejam avaliados individualmente, a depender da tipologia, material,
entre outras características da própria abertura. Existem diversos tipos diferentes de abertura
zenital (figura 11), com suas muitas aplicações.
24

Figura 11: Tipos de aberturas para iluminação zenital

Fonte: COSTA, 2013.

2.5.2.3 Profundidade
No geral, o contexto internacional apresenta normas e recomendações que relacionam,
em sua maioria, o limite de profundidade do aproveitamento da luz natural dos ambientes
internos à altura das janelas. Hopkinson, Petherbridge e Longmore (1975) apud COSTA (2013)
defendem que a eficiência da profundidade da penetração de luz é de, aproximadamente, 1,5 a 2
vezes a distância entre o piso e o topo da janela por onde a luz entra. Reinhart (2005) apud
CINTRA (2011) cita regras como por exemplo a “Tips for Daylighting”, indicando que a
profundidade dos ambientes deve ser mantida entre 1,5 e 2 vezes a altura da verga da janela para
garantir níveis adequados de iluminação e distribuição de luz (REINHART, 2005) apud
CINTRA, 2011). E o DaylightGuide for Building, que diz:
A partir disso Reinhart (2005, apud CINTRA, 2011) pôde reunir diversas regras que
indicam valores de profundidade com base na altura das aberturas laterais, variando entre 1,5 e
2,5 vezes, assim como pode ser observado na tabela 3 a seguir, adaptada por Cintra (2011), que
resume os dados do autor.
Tabela 3: Tabela de resumo das regras internacionais de limite de profundidade do
ambiente em relação a altura da janela
DIFERENTES VERSÕES DE REGRAS GERAIS
REFERÊNCIAS
PARA ILUMINAÇÃO NATURAL
A luz natural em um edifício apenas será significativa
A Green Vitruvius, p. 72 (Cofaigh et al.
cerca de duas vezes o pé-direito de uma fachada
1999)
envidraçada.
A profundidade máxima da área com iluminação natural
corresponde a 2,5 vezes a diferença entre o topo da janela DIN V 18599 part 4 (DIN V 18599 2005)
e a altura do plano de trabalho.
Uma janela comum pode gerar iluminação útil a uma
US DOE – Building Toolbox Design
profundidade de cerca de 1,5 vezes a altura da janela. Com
Construct&RenovateIntegrated Building
prateleiras de luz ou outros sistemas refletores esta
Design Passive Solar (US DOE 2005)
distância pode ser aumentada em duas vezes ou mais.
Manter a profundidade dos ambientes entre 1,5 e 2 vezes a
Tips for Daylighting, p. 3-1 (O’Connor et
altura do topo da janela para níveis adequados dos níveis
al. 1997)
de iluminação e boa distribuição da luz.
Ambientes com profundidade de 1,5 vezes a altura do topo DaylightingGuide for Canadian
da janela permitem que a luz do sol gere níveis adequados CommercialBuildings, p. 23 (Enermodal
de iluminação e boa distribuição da luz. 2002)
25

Há uma relação direta entre a altura da janela e a


profundidade de penetração da luz natural. Uma
DaylightingGuide for Buildings p.4
iluminação adequada normalmente penetra 1,5 vezes a
(Robertson K. 2005)
altura da janela, podendo penetrar em até 2 vezes
considerando-se raios solares diretos.
Para evitar grandes variações entre níveis de iluminância
(maiores que 25:1), a distância da parede da janela à IESNA LightingHandbook 8-24 (IESNA
parede interna deveria ser limitada a 2 vezes a altura da 2000)
janela com vidros incolores
Fonte: Adaptada de Reinhart, 2005, apud Cintra, 2011.

Cintra (2011) estudou e simulou com o software daysim diversas cidades, situações e
orientações, levando em consideração abertura de 1/6 da área do piso e observou que a
profundidade alcançada pela luz no interior dos ambientes dentro da iluminância recomendada
de 100 lux foi entre 0,8 e 1,2 vezes a altura da janela, em todas as cidades e orientações. Isso
considerando o horário de ocupação de 8:00 às 18:00. Um resultado bem abaixo dos valores
descritos e recomendados na literatura, e ainda mais abaixo do que a recomendação do código
urbano. Constatou ainda que a profundidade máxima para que se alcance uma iluminância de 60
lux é de 2,57 vezes a altura da janela, ou, no caso de ambientes com proteção solar, o limite da
profundidade é reduzida em 17,9%, passando para no máximo 2,11 vezes a altura da janela.
Constata-se, portanto que as pesquisas mais antigas apresentam valores altos, e que não
garantem os níveis de fato satisfatórios de iluminação dos ambientes internos das edificações.
Dessa forma, uma profundidade de 1,2 vezes a altura da janela se estendendo a no máximo 1,5
vezes dependendo do cômodo, mostra-se um valor adequado.

2.5.3 Refletância: Cores e superfícies:


Hopkinson, Longmore e Petherbridge (1975) apud Cintra (2011) afirmam que apesar
das janelas serem as responsáveis pela entrada da luz natural no ambiente, a característica
fundamental na distribuição dessa luz ao longo do ambiente diz são as características das
superfícies internas, que através das reflexões poderão permitir que a luz atinja maior
profundidade no espaço, e diminuir o contraste entre a área diretamente iluminada e as áreas
sombreadas. “Essas características internas dizem respeito à forma do ambiente, ao tipo e
posição dos móveis e ao acabamento das superfícies internas” (CARAM, et al, 2001) apud
(CINTRA, 2011, p.36).
Quando há incidência de luz em superfícies opacas, parte dessa luz é absorvida e parte
refletida. Dessa forma, a razão entre a luz incidente em uma superfície e a luz refletida por ela é
chamada de refletância da superfície, ou, fator de reflexão (ABNT 1998a). E o contrário, a razão
entre a luz incidente e a luz absorvida é chamada de absortância.
Uma superfície pode refletir mais ou menos luz de acordo com sua cor e superfície.
Castro et al (2003), mediu as refletâncias de 15 cores de tinta, chegando aos resultados de 84%
entre as porcentagens de refletância de luz visível, tendo o preto refletido 4% e o branco 88%.
Dornelles (2008) realizou uma pesquisa, verificando através de um espectrofotômetro a
refletância de 78 amostras de cores de tinta látex acrílico e PVA, comumente usadas em
superfícies opacas de edificações no Brasil. A Tabela 4 apresenta uma adaptação dos resultados
da autora, desconsiderando as luzes ultravioleta, infravermelho e as diferentes marcas.
26

Tabela 4: Valores de refletância solar de diversas cores e tipos de tinta

N° Nome Comercial Refletância


1 Amarelo Antigo 46,5
2 Amarelo Terra 31,1
3 Areia 55,5
4 Azul 13
5 Azul Imperial 37,3
6 Branco 88,4
7 Branco Gelo 65,2
8 Camurça 40,7
9 Concreto 26,6
10 Flamingo 45,7
11 Jade 50,5
Acrílica Fosca 12 Marfim 67,2
13 Palha 65
14 Pérola 67,7
15 Pêssego 57,5
16 Tabaco 20,9
17 Terracota 30,1
48 Alecrim 36,7
49 Azul bali 40,2
50 Branco Neve 92,4
55 Marrocos 39,3
56 Mel 53,6
60 Telha 23,3
61 Vanila 72,7
18 Amarelo Antigo 47,6
19 Amarelo terra 29
20 Azul 12,4
21 Branco Gelo 68,8
22 Cinza 15,5
23 Cinza BR 44,8
24 Crepúsculo 33,3
25 Flamingo 48,1
Acrílica Semibrilho
26 Marfim 66,9
27 Palha 64,2
28 Pérola 68,2
29 Preto 3,3
30 Telha 21,5
31 Terracota 27,4
32 Verde Quadra 11,6
33 Vermelho 28,9
Látex PVA Fosca 34 Amarelo Canário 65,7
27

35 Amarelo Terra 34,3


36 Areia 58,5
37 Azul angra 66,4
38 Bianco Sereno 74
39 Branco 91,3
40 Branco Gelo 67,6
41 Erva Doce 76,4
42 Flamingo 47,2
43 Laranja 51,4
44 Marfim 69,6
45 Palha 69,1
46 Pérola 75,1
47 Pêssego 57,8
64 Azul Profundo 16,8
65 Branco Neve 88,2
67 Camurça 44,1
68 Cerâmica 26,6
69 Concreto 28,9
75 Preto 2,9
76 Vanila 69,2
77 Verde Musgo 17
78 Vermelho Cardinal 27,6

Fonte: Adaptado de Dornelles, 2008, p.96

Traçando um valor de refletância desejado de 65%, temos que Branco, Branco Gelo,
Marfim, Pérola, Branco Neve e Vanila são as melhores opções entre as tintas acrílicas. Entre as
de Látex adiciona-se Amarelo Canário, Azul Angra, Bianco Sereno, Erva Doce e Palha.
Outras variáveis ainda influenciam nos níveis de refletância das superfícies. Uma
superfície fosca apresenta um valor de refletância menor que uma superfície polida. Além disso,
a posição e tipo da superfície também são muito importantes. A tabela 5 apresenta refletâncias
típicas sugeridas por alguns autores de acordo com o tipo da superfície. Dentre as fontes, nota-
se que os valores mais abrangentes são indicados pela NBR ISO/CIE 8995 (ABNT, 2013).

Tabela 5: Refletância de superfícies recomendadas para superfícies internas


Superfície Steffy Vianna e Gonçalves Brown e Dekay NBR ISSO/CIE 8995
Pisos 10 a 20% 10 a 20% 20 a 40% 10 a 50%
Tetos 70 ou mais 70% 70 a 80% 60 a 90%
Paredes 30 a 50% 50% 40 a 80% 30 a 80%
Fonte: Adaptado de Steffy, 1990, apud SOUZA, 2003; adaptado de ABNT (2013b, p. 4), Brown e Dekay
(2004, p. 242), Vianna e Gonçalves (2001, p. 132) apud DANIELESKI, 2018
28

Vianna e Gonçalves (2007) apud CINTRA (2011) dizem que, por mais que o usuário vá
ter participação decisiva nas escolhas das superfícies do edifício, é importante que o arquiteto ao
menos recomende e indique cores para as superfícies internas dos ambientes. Os autores
indicam que o teto deve ser sempre pintado com cores claras, de preferência branco, já que essa
é a superfície que apresenta maior refletância de luz, com coeficiente de reflexão de 0,7. As
paredes devem ser também preferencialmente claras, já que são superfícies muito importantes
no que diz respeito à reflexão interna. Como normalmente possuem móveis, quadros, entre
outros objetos do tipo, adota-se o coeficiente de refletância de 0,5. Já quanto ao piso, não existe
grande preocupação quanto à cor, já que tem pouca contribuição na reflexão de luz interna dos
ambientes (Coeficiente entre 0,1 e 0,2).
Com isso conseguimos observar que os dados de Steffy (1990) apud SOUZA (2003), e
os coeficientes adotados por Vianna e Gonçalves (2007) apud CINTRA (2011), entregam
resultados próximos. As recomendações de Brown e Dekay, e da NBR ISSO/CIE 8995 embora
sejam mais altas, são não tão mais altas, ainda que as normas da ABNT são, por padrão, menos
exigentes que as dos pesquisadores. Portanto, é coerente levá-los em consideração.

2.6.4 Elementos de proteção:


Abrir passagem à luz natural nos ambientes internos significa utilizá-la de forma
adequada, e para isso, é necessário ter controle sobre ela, cuidando para que o ambiente não
acabe por sofrer com os efeitos decorridos do excesso de calor, ofuscamento e degradação dos
materiais, que atrapalhem o conforto ambiental. Para controlar a luz direta, poder-se-ia utilizar
um vidro de maior opacidade, no entanto, isso impediria parte da passagem da luz, atrapalhando
a iluminação interna e se mostrando uma estratégia ineficiente. Hopkinson, Petherbridge e
Longmore (1980) apud BOGO (2007), evidenciam a necessidade de controlar cuidadosamente a
desejável luz natural no interior dos edifícios, pois, mesmo nos climas temperados, os usuários
desejam receber luz solar nos períodos por ela desejados.
Apesar disso, devem-se tomar cuidados para que os elementos de proteção sejam
usados corretamente, de modo que não atrapalhem outra importante função das aberturas, a
visão entre interior e exterior, e até mesmo que o dimensionamento incorreto dos elementos
impeça a própria entrada de luz. Muitas vezes acontece de excesso de controle da luz solar
direta (superdimensionamento de elementos de controle solar), impedindo a possibilidade de
melhor uso da luz natural (BOGO, 2007).
Os elementos de proteção são muito importantes visto que a entrada excessiva de luz já
se mostrou um problema de diversas formas. Esses elementos são um meio de lidar com as
aberturas, garantindo a entrada correta da iluminação natural, mas ainda é importante que o
dimensionamento e tipo dos elementos de proteção utilizados sejam decididos com cautela, para
não interferirem em outras funções das próprias janelas.
O uso dos elementos de controle solar altera a trajetória da iluminação natural
transmitida, a quantidade, e afeta a distribuição da luz natural no interior das edificações. Isso se
deve ao bloqueio/filtração parcial incidente na abertura, e aos diversos processos de reflexão de
luz que ocorrem nos elementos de controle. Dessa forma, a luz natural admitida no interior de
um ambiente depende, em termos de quantidade e distribuição, também da geometria, ângulo,
forma e refletância dos elementos de proteção solar (BOGO, 2007). As figuras 12 e 13 ilustram
a diferença entre a entrada de luz em aberturas com e sem proteção solar.
29

Figura 12: Incidência de luz natural em abertura sem elementos de proteção solar.

Fonte:Adaptado de Bittencourt e Cândido, 2004

Figura 13: Incidência de luz natural em abertura com elementos de proteção solar.

Fonte: Adaptado de Bittencourt e Cândido, 2004

A respeito do controle solar e iluminação natural Laar (2001) apud BOGO (2007)
realizou um estudo de sistemas de sombreamento e iluminação para um edifício em clima
tropical, no Rio de Janeiro. A análise contou com dezesseis tipos diferentes de sistemas de
controle de luz, considerando diversos fatores de avaliação, entre os quais: sombra, iluminação
natural, proteção contra o brilho e desempenho térmico. Dos dezesseis sistemas analisados por
ele, o resultado foi de que apenas nove deles cumpriam ao menos minimamente os requisitos de
sombra e luz natural juntos. A tabela 6 a seguir é uma adaptação dos resultados de Laar (2001)
feita por Bogo (2007), e apresenta os dados dos dezesseis sistemas analisados e suas avaliações.

Tabela6: Avaliação de controle solar e uso da luz natural para sistemas de sombreamento
Sistemas Simples Luz Proteção Desempenho
Descrição Sombra
Sistemas Fixos Natural do Brilho Térmico
1A Vidro refletivo/absortivo Médio Não Não Mau
1B Vidro refletivo/absortivo Médio Não Não Médio
1C Vidro eletrocrômico Médio Não Médio Bom
Painéis Cortados à Laser
2 Não Sim Não Bom
Plexigia Luz Natural
30

Prateleiras de luz
3 Parcial Sim Não Muito bom
ext.+int.
4 Quebra-sol horizontal Sim Não Sim Muito bom
5 Quebra-sol vertical Sim Não Não Muito bom
Sistemas Móveis
A1 Persianas internas Sim Não Sim Mau
A2 Persianas externas Sim Não Sim Muito bom
Persianas dentro de
A3 Sim Não Sim Médio
vidros duplos
B Veneziana LCO Não Sim Não Bom
Veneziana externa de
C1 Sim Médio Sim Excelente
iluminação natural
Veneziana interna de
C2 Sim Médio Sim Médio
iluminação natural
Veneziana de iluminação
C3 natural dentro de vidro Sim Sim Sim Médio
duplo
Sistemas
Combinados

Prateleiras de luz + Muito Muito


3+5 Sim Muito bom
Brises fixos bom bom
Plexigias de luz natural
Muito
2+3+5 ou LCP + Prateleira de luz Excelente Sim Muito bom
bom
+ Brise vertical
Fonte: BOGO, 2007, adaptado de LAAR, 2001

Dessa forma podemos observar que os sistemas combinados são os capazes de


apresentar maior qualidade geral. Além disso, podemos observar que as venezianas, qualquer
que seja o tipo, são um ótimo elemento de proteção.

3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa utiliza o método dedutivo (pois parte do geral – de conhecimentos já
comprovados - para o específico – da aplicação desse conhecimento em uma área de estudo) e
se caracteriza quanto a sua natureza como sendo uma pesquisa aplicada por ter intenção de gerar
um projeto arquitetônico, visando a adequação do uso de luz natural no ambiente, garantindo
seus benefícios aos moradores.
Quanto aos seus objetivos é classificado como exploratória buscando obter mais
informações sobre as aplicações da luz natural em residências e orientar os objetivos com
levantamento bibliográfico sobre o tema, análise de projetos correlatos, e reprodução de modelo
em software.
31

Tem uma abordagem quantitativa, pois faz uso de conceitos que podem ser medidos e
resultados replicáveis para desenvolver técnicas computacionais que simulem o funcionamento
de um sistema produtivo.
Seu procedimento se caracteriza como uma simulação, tendo em vista que utilizará
modelos estudados para desenvolver o projeto em questão e identificar a melhor forma de
oferecer qualidade e conforto lumínico.

3.2. LEVANTAMENTO DE DADOS


Os dados serão levantados de forma secundária (quando os dados são adquiridos por
informações de fontes já existentes), através de levantamento bibliográfico: Consiste em um
levantamento de dados buscando informações para criar um escopo teórico sobre os seguintes
assuntos: uso de luz natural em edificações, ambientes com medidas reduzidas e projetos
arquitetônicos correlatos. Para o desenvolvimento desta etapa, será feita pesquisa em livros,
periódicos, monografias, dissertações, teses, Normas Técnicas e check-list existentes, utilizando
as ferramentas de fichamento e compilação de informações com suas devidas referências, para
argumentar e fundamentar o anteprojeto a ser proposto.

3.3. ANÁLISE DOS DADOS


Após o levantamento dos dados será feito uma análise quantitativa das informações
coletadas, priorizando aquelas informações que apresentaram melhores resultados de qualidade
lumínica, em seus determinados períodos e espaço adequados, assim será seguida as seguintes
etapas:

1ª Etapa - Elaboração do programa de necessidades – Nesta etapa será reunida as


informações colhidas através dos levantamentos feitos nas etapas anteriores, analisando
qualitativamente as de maior relevância citada pelo usuário, para então formular o programa de
necessidades, que é o documento que guia tecnicamente o planejamento das propostas a serem
geradas.

3.4. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA


Nesta etapa da pesquisa, busca-se gerar alternativas que contemplem as estratégias de
arranjo físico e iluminação, elaborando desenhos que expressem a conjunção das necessidades
do usuário com as formulações técnicas escolhidas. Para elaboração dos desenhos e perspectivas
serão utilizados os programas AutoCAD e Sketchup.

4. PROJETOS CORRELATOS
Para a concepção do projeto e aplicação de estratégias de iluminação natural em projeto
arquitetônico de residência em condomínio fechado, foi necessária a busca de alguns projetos
correlatos para serem usados como referência para o desenvolvimento deste trabalho. Foram
selecionados como correlatos alguns projetos que fazem o uso de estratégias de iluminação em
residências pequenas.

4.1. Casa Sustentável – Minas Gerais - Brasil


Neste projeto Gustavo Penna e a equipe de projeto buscam a concepção de uma casa
sustentável feita de matéria e espírito. “Em seu espírito, a unidade de habitação pretende, além
32

da função técnica, ser um lar, lugar de cada pessoa se sentir valorizada, acolhida em seus
sonhos, esperanças e desejo de conviver”.
Figura 14: Casa sustentável

Fonte: Site Gustavo Penna e Associados, 20213.

O projeto usa de elementos como grandes aberturas, cozinha aberta e integração entre
sala de estar e jardim para permitir a entrada e distribuição da luz, usando ao mesmo tempo da
volumetria lúdica como ferramenta de sombreamento para as fachadas transparentes, ao mesmo
tempo em que cumpre outros papéis como a ventilação natural.
Figura 15: Planta baixa: Casa sustentável

Fonte: Site Gustavo Penna e Associados, 2021

3
Disponível em: https://www.gustavopenna.com.br/casasustentavel. Acessado em 23 Abr 2021
33

A planta baixa usa uma parede transparente para iluminar totalmente a sala e cozinha
amplas, permitindo uma grande iluminação natural nas áreas mais sociais, enquanto o banheiro
divide essa parte do resto da casa, isolando os quartos dessa iluminação excessiva e abrindo
neles aberturas próprias, menores, e que permitem uma entrada mais controlada de luz.

4.2. Casa Ger – Kanghwa – Coreia do Sul


O projeto do AtelierJun se encontra em uma área estritamente residencial entre encostas
suaves. A Ger, uma forma residencial tradicional da Mongólia, é um espaço onde as pessoas
vivem em torno de uma abertura no centro, por isso, o nome da casa. As Figuras 16 e Figura 17
a seguir apresentam imagens da Casa Ger.

Figura 16: Casa GerFigura 17: Abertura zenital da Casa Ger

Fonte: Fotografias de Namgoong Sun, 20214

De acordo com os responsáveis pelo projeto, em casas pequenas é extremamente


importante o cuidado com o telhado. Por isso, optaram por um telhado complexo, fugindo de
um modelo simples de duas águas. As paredes dos quatro lados são inclinadas ao centro para
enfatizar a sala de estar, que é o coração da casa, e uma clarabóia foi instalada para tornar o
espaço central ainda mais claro por meio da iluminação natural. A sala de estar, voltada para o
jardim sul, cria um ambiente acolhedor com grande abertura e luz que entra pela clarabóia. O
interior tem acabamento em branco, destacando a tonalidade da luz que muda com o tempo.

4.3. Casa Morro da Manteiga – Tupandi – Brasil


Neste projeto os recursos eram limitados. Os clientes, buscando a mudança da cidade
para a zona rural, tinham três principais desejos muito bem pontuados. Tijolo aparente, visão do
pôr do sol da sala e privacidade. Após testarem diversas opções de layouts, os projetistas
chegaram à conclusão de descolar a área íntima da área social. As Figuras 18 e Figura 19
mostram a casa do morro da manteiga.

4
Disponível em: www.archdaily.com.br/br/956310/casa-ger-atelierjun. Acesso em: 23 Abr 2021
34

Figura 18: Diagrama casa Morro da Manteiga Figura 19: Casa Morro da Manteiga

Fonte: LEIVA arquitetura/Fotografia de Gabriel Konrath, 20215

Foram adicionados também pátios internos nas laterais (Figura 20), centralizando a
circulação. Dessa maneira, garantindo iluminação natural abundante na área social, circulação
do vento e, também, a sensação de amplitude apesar da área pequena.

Figura 20: Pátio interno Casa Morro da Manteiga

Fonte: Fotografia de Gabriel Konrath, 2021.

5. RESULTADOS
5.1. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDOS
O objeto de estudo deste trabalho trata-se de um lote localizado no município de
Bananeiras/PB (Figura 21). Trata-se do lote 28, no bloco I, do Condomínio Residencial Yes
Banana (Figura 22). O terreno tem 12x30m, totalizando uma área de 360m². A frente do lote se
posiciona para o lado sudoeste.

5
Disponível em: www.archdaily.com.br/br/959878/casa-morro-da-manteiga-leiva-arquitetura. Acesso
em: 23 Abr 2021
35

Figura 21: Bananeiras no mapa do estado

Fonte: Site da UFPB, 20216

Figura 22: Lote

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

A cidade de Bananeiras se encontra na região do agreste paraibano, possui um clima


tipicamente mais frio que o padrão nordestino, de acordo com dados do Centro Europeu de
Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, do inglês European Centre for Medium-Range
WeatherForecasts (ECMWF), reunidos de 2009 a 2019 pelo site ‘CLIMATE-DATA’. A
temperatura média da cidade é de 23.9°C, nas épocas mais frias descendo até mesmo abaixo de
20°C. A altitude chega a 516m acima do nível do mar.
As residências já existentes no condomínio são de classe média com padrões variados,
sendo a maioria delas casas térreas.
A convenção do condomínio define a área de construção mínima como 60m². Além
disso, estabelece os recuos mínimos dos terrenos intermediários da seguinte forma:O recuo
frontal será quatro metros (4,00 m), laterais – um metro e meio (1,50 m), fundos – três metros
(3,00 m). Nos terrenos de esquinas com duas ruas, a de menor testada terá recuo de quatro
metros (4,00 m), a de maior testada, três metros (3,00 m), laterais – um metro e meio (1,50 m),
fundos – três metros (3,00 m).

6
Disponível em: http://www.agencia.ufpb.br/mapas/bananeiras/bananeiras.html. Acesso em: 28 Mai 2021
36

5.2. CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS


Os usuários da edificação são uma família composta por três pessoas. Um casal,
casados há mais de vinte anos. Tendo o homem (o pai) 47 anos e a mulher (a mãe) 50, junto
com uma filha de 16 anos de idade. Não possuem pretensão alguma de aumentar a família, e
estão buscando se mudar para um local mais tranquilo e afastado do centro da cidade. A mãe
trabalha como funcionária pública, técnica administrativa no Campus da UFPB na cidade.
Trabalha apenas durante o período da manhã, chegando em casa após as 13h da tarde.
Geralmente almoça em casa, mas em determinados dias, quando está muito atrasada, há
exceção. Já o pai trabalha em 2 empregos. Seu emprego fixo é o de técnico em enfermagem no
hospital municipal, dando plantões de 12h, das 8h às 20h, em uma escala de 12/72. Nos dias em
que não está de plantão, ele trabalha com um serviço de fisioterapia à domicílio. Exceto pelos
dias em que está no hospital o pai sempre almoça em casa. A filha está no ensino médio, e é
muito interessada por e estuda eletrônica, robótica e programação, estuda durante o período da
manhã e sempre almoça em casa. A renda mensal da família é de aproximadamente R$7.200,00.
A mãe sempre cozinha o almoço nas tardes anteriores ao dia em que será comido, e a
filha, quando chega em casa da escola, o prepara para quando os três forem comer, normalmente
em horários diferentes. O café da manhã é feito também em horários separados, mas têm o
costume de jantar reunidos.

5.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO


Para a elaboração do programa de necessidades foi preciso identificar os problemas e
necessidades dos moradores, como também quais atividades são realizadas em cada ambiente da
moradia. Essa identificação foi feita através de uma entrevista feita com os pais, onde foi
possível compreender as necessidades destes por meio de um questionário. A tabela 7 a seguir
apresenta um quadro de programa de necessidades a ser seguido na concepção do projeto.

Tabela7: Quadro de programa de necessidades

Ambiente Atividades executadas Pedidos e necessidades Dimensionamento

Sala de Na sala de estar são Foram desejados 5 assentos de É o cômodo onde mais
estar realizadas diversas sofá na sala de estar. Preferem ficam as pessoas e onde
atividades, dentre elas: conceitos abertos, com visão são recebidas as visitas,
recepcionar amigos e direta da sala de estar para a além disso, os próprios
familiares, descansar, cozinha. A sala de estar é onde a usuários determinam que a
assistir TV e realizar família passa a maior parte de sala de estar é o ambiente
atividades em família. seu tempo, lá eles permanecem onde mais permanecem e
muito enquanto usam o celular e que consideram necessitar
assistem televisão. A mãe tem o de mais espaço.
costume de observar o exterior.

Cozinha As atividades realizadas na Não existe preferência quanto à A família não possui
cozinha consistem em separação entre a sala de jantar muitos armários e
armazenar e higienizar e a cozinha. A quantidade de eletrodomésticos para
alimentos, cozinhar, cadeiras necessárias na mesa de ocupar a cozinha, como
realizar refeições, jantar é de 4 cadeiras. Pediram freezer e aparelho
eventualmente estudar ou que o botijão de gás fosse microondas, mas pediram
ler. deixado para o exterior. que a cozinha fosse
especialmente grande.
37

Área de A área de serviço é usada A mãe tem o costume de lavar A área de serviço não
serviço como lavanderia e depósito boa parte das roupas à mão, por precisa de muito espaço
de produtos de limpeza isso, pede um tanque espaçoso. extra.
residencial.

Banheiro O banheiro é utilizado para A família pediu um banheiro Preferem um box


armazenar objetos e bem iluminado. razoavelmente espaçoso,
produtos de higiene além disso, o banheiro não
pessoal, realizar a higiene necessita de área extra.
pessoal, e aliviar-se. O
banheiro é usado
principalmente pela filha
ou por eventuais visitas.

Suíte A suíte é caracterizada Nela haverá 1 cama de casal. Além da cama de casal o
como uma zona íntima, que Eles têm o hábito de dormir quarto deverá contar com
será ocupada pelo casal, com o uso de ventilador. um guarda-roupa grande,
dividida entre o quarto e o Preferem uma iluminação no entanto, não ouve
banheiro onde são natural e reduzida, deixando a grande pedido especial de
realizadas as seguintes luz ambiente mais baixa. dimensionamento.
atividades: dormir,
descansar, armazenar,
vestir, despir, realizar a
higiene pessoal e aliviar-se.

Quarto O quarto também é uma A filha tem o costume de ler e O quarto pode ter uma área
zona íntima, que será estudar no quarto, o que exige razoável, graças ao pedido
utilizado pela filha. Nele uma boa iluminação. Neste das duas camas.
serão realizadas as quarto a pretensão é que se
atividades de dormir, tenha espaço para duas camas
descansar, armazenar, de solteiro.
vestir e despir,

Garagem Na garagem abriga-se o Não fizeram questão de que


veículo automóvel da fosse construída uma garagem
família. fechada ou coberta.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

5.4. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS


Para que se tenha um melhor entendimento de como e porque o layout escolhido foi a
melhor proposta, viu-se a necessidade de apresentar todas as propostas de projeto geradas para
este trabalho com a finalidade de escolher por aquela que melhor atendesse as necessidades dos
usuários. A cada proposta de projeto foi realizado uma análise das vantagens e desvantagens de
cada opção.

5.4.1. Proposta 1
O principal objetivo da primeira proposta era usar uma disposição que permitisse uma
garagem na casa. A Figura 23 apresenta a planta baixa da primeira proposta.
38

Figura 23: Planta baixa da proposta 1

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Não foi usada parede ou meia parede para dividir cozinha e sala, proporcionando uma
grande distribuição da luz natural que entra pelas diversas aberturas da sala de estar, além de
proporcionar uma boa integração entre os ambientes, aumentando a sensação de clareza da
residência.
Vantagens:
 Possui Garagem
39

 Cozinha e Sala Espaçosas


 6 Assentos no sofá
 Quartos atendem todas as necessidades dos moradores
 As aberturas e profundidades proporcionam boa iluminação
Desvantagens:
 Banheiro da suíte estreito
 Garagem atrapalha entrada de luz pela janela da frente
 Circulação entre sala e cozinha apertada
 Banheiro da suíte afastado das demais áreas molhadas

5.4.2. Proposta 2
A proposta 2 apresenta muitas semelhanças à primeira, tendo uma alteração na suíte,
como apresentado na Figura 24:
Figura 24: Planta baixa da proposta 2

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021


40

A maior diferença da segunda proposta para a primeira é a posição do banheiro da suíte,


que fica alinhado com as demais áreas molhadas, facilitando o projeto hidrossanitário.
Vantagens:
 Possui Garagem
 Cozinha e Sala Espaçosas
 6 Assentos no sofá
 Quartos atendem todas as necessidades dos moradores
 As aberturas e profundidades proporcionam boa iluminação
 Áreas molhadas próximas
Desvantagens:
 Garagem atrapalha entrada de luz pela janela da frente
 Circulação entre sala e cozinha apertada

5.4.3. Proposta 3
A proposta 3 apresenta um esquema um pouco diferente das anteriores, utilizando um
pergolado entre a sala e o banheiro da suíte, proporcionando uma maior entrada de iluminação
enquanto funciona como divisória da área social, mais iluminada, da área íntima, mais reservada
e fechada. A Figura 25 apresenta a planta baixa da proposta 3.
Figura 25: Planta baixa da proposta 3

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021


41

A proposta 3 apresenta uma posição inversa dos quartos, aproxima o banheiro da suíte
das áreas molhadas em relação à primeira proposta e aproveita melhor a área interna dos
ambientes.
Essa proposta não possui garagem, mas em detrimento dela, que não foi exigida, as
áreas internas de todos os cômodos pôde ser aumentadas.

Vantagens:
 Todos os cômodos espaçosos
 Quartos atendem todas as necessidades dos moradores
 As aberturas e profundidades proporcionam ótima iluminação
 Áreas molhadas próximas
 Possui jardim
Desvantagens:
 Não possui garagem

5.4.4. Justificativa e escolha da melhor alternativa


Devido à melhor utilização da iluminação natural e o melhor aproveitamento do espaço
construído na distribuição dos ambientes a proposta escolhida foi a terceira. Apesar de não
possui garagem, esta não era uma prioridade da família. Além disso, a terceira proposta
apresenta estratégias arquitetônicas melhores acerca da iluminação natural, usando uma parede
transparente ao mesmo tempo em que o pergolado controla a passagem da luz. O vidro permite
ainda a visão para o jardim, e o pé direito alto faz as janelas da sala/cozinha em geral serem
muito eficiente, permitindo que a distribuição da luz pela profundidade dos ambientes seja
perdida com menos intensidade, não prejudicando a iluminação mais ao fundo.

5.5. MEMORIAL DESCRITIVO

Após um estudo das três alternativas geradas e suas vantagens e desvantagens, foi
concluído que a proposta 3 (Figura 25) é a que melhor atende às necessidades dos usuários, as
quais foram coletadas no programa de necessidades.

A proposta desenvolvida foi pensada para atender uma família composta de três
pessoas, buscando integralizar as necessidades funcionais, estéticas e de iluminação natural
caracterizando como uma edificação clara com incidência de muita luz natural. A Implantação
da edificação no terreno primou pela sequência dos setores destinados as áreas sociais, de
serviço e intima, de forma que o funcionamento de cada ambiente não interferisse na utilização
do outro.

A escolha pelo uso de um pergolado interno trouxe ao ambiente da sala a integração do


campo (tipologia do condomínio utilizado) com a área social, proporcionando uma maior
incidência de luz natural e um maior bem-estar pelo uso do verde.

A residência unifamiliar apresenta 77 m² de área construída com uma fachada de


aparência moderna e contemporânea, buscando apesar da área reduzida construída se apresentar
como uma residência com traços retos e materiais resistentes, que serão especificados a seguir.
42

5.5.1. Considerações iniciais

Este memorial descritivo e justificativo visa apresentar de forma específica e detalhada


o projeto arquitetônico de uma residência no município de Bananeiras/PB. Serão apresentadas
as escolhas de materiais utilizados, suas características e finalidade pretendida.

5.5.2. Especificações técnicas

5.5.2.1. Esquadrias

Todas as portas usadas serão portas pivotantes de madeira, para atender as necessidades
dos moradores com medidas entre 60 cm e 70 cm de largura, devido a não prejudicar a área de
utilização dos ambientes, haja vista a necessidade da residência não ultrapassar mais de 80 m².O
vidro na sala que divide a sala de estar do jardim é vidro laminado, garantindo mais segurança.

Todas as janelas serão de madeira com vidro, sendo vidro laminado de controle solar,
melhorando o conforto térmico para compensar o tamanho da área das esquadrias. Na janela da
sala, além disso, optou-se pelo uso de vidro refletivo, diminuindo a intensidade do brilho ao
redor da televisão. Já nas janelas dos quartos será usada veneziana exterior de iluminação
natural.

5.5.2.2 Cobertura

O tipo de coberta será platibanda, apresentando uma estética moderna e que combina
com a aparência do condomínio. As telhas serão de fibrocimento, tendo cerca de 8mm de
espessura e com inclinação de 10% levando até uma calha de laje impermeabilizada no centro
da cobertura. A varanda da casa terá como coberta uma marquise também de laje
impermeabilizada que se estende até a lateral, protegendo a frente da casa. A Figura 26
apresenta protótipo da residência em modelagem 3D, para visualização em perspectiva,
mostrando a cobertura de platibanda e marquise.

Figura 26: Modelo 3D da edificação

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021


43

5.5.2.3. Revestimentos, acabamentos e pintura

5.5.2.3.1. Piso

O piso da sala de estar, cozinha, corredor e quartos será revestido por parquet de
madeira lixado e envernizado, já o piso dos banheiros será revestido com porcelanato esmaltado
retificado de 60x60cm. O porcelanato deverá ser assentado com argamassa pronta, contendo
juntas de dilatação de 1mm.

5.5.2.3.2 Paredes

As paredes serão pintadas com tinta acrílica lavável. De cor branca na cozinha, e na
parede sudoeste da sala de estar, a parede do lado sudeste da sala será revestida com madeira.
Nos quartos será usada a cor marfim. As do banheiro serão revestidas com o mesmo
porcelanato utilizado no piso.

Nas paredes externas será usada tinta acrílica fosca com as cores branco e tabaco, com
disposição conforme apresentado em projeto. A Figura 27 mostra as fachadas da casa em
perspectiva, ilustrando sua pintura externa.

Figura 27: Fachadas em perspectiva

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

5.5.2.3.3 Teto

Todo o forro da casa irá receber pintura em tinta acrílica na cor branca.

5.5.2.3.4. Bancadas

As bancadas tanto da cozinha quanto do banheiro serão feitas de granito preto.

5.5.3. Iluminação natural

A iluminação natural é dividida entre a zona íntima e zona social. Na zona social, a sala
e a cozinha são bastante iluminadas, com uma iluminação muito direta, são usadas esquadrias
grandes nas paredes desses ambientes. Na sala de estar é usado um pergolado com uma parede
transparente, juntoa uma janela não retangular alta ao redor da televisão que proporcionam uma
entrada de luz muito maior nos ambientes sociais, intensificando a luz natural do local, além
disso, o conceito aberto e pé direito alto de 3,20m colaboram com a estética clara do ambiente.
Enquanto isso a zona íntima da casa pôde ser bem isolada dessa parte mais clara, estando
separada pelos banheiros e pelo próprio pergolado, elas têm suas próprias aberturas,
desconectadas da zona de alta iluminação, com uma luz mais contida e difusa. A Figura 28
apresenta a fachada sudeste da residência, onde é possível visualizar as aberturas da sala de estar
e suíte.
44

Figura 28: Vista em perspectiva da fachada sudeste

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dos estudos realizados nesse trabalho, foi possível entender melhor como a
iluminação natural pode influenciar diretamente no bem-estar de uma pessoa. A arquitetura
quando utilizada da maneira correta pode servir como ambiente de abrigo e proteção, mas
também de maneira a gerar conforto e saúde para seus usuários.
Conclui-se que este trabalho atendeu aos objetivos específicos e conseguiu atingir as
necessidades funcionais, estéticas e de conforto para todos os usuários, trazendo maior conforto,
bem-estar e qualidade de vida, numa casa aconchegante e bem distribuída em termos de
orientação solar e ventilação.
45

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Catarina; 2003.
47

APÊNDICE 1: Questionário
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QUESTIONÁRIO

1. Quantas pessoas vão utilizar a residência?


2. Pretendem aumentar a família?
3. Qual a idade destes utilizadores?
4. Qual a rotina destes utilizadores?
5. Qual momento do dia que todos ficam juntos?
6. Como é o café da manhã?
7. Como é o Almoço?
8. Como é o Jantar?
9. Quantos empregados trabalham na casa?
10. Assistem TV juntos?
11. O que mais gostam quando o assunto é passar o tempo?
12. Gostam de Cozinhar?
13. Gostam de receber amigos em casa? Quando? Para que?
14. O que mais irrita você em uma residência?
15. O que você, mais gosta quando se refere a uma residência.
16. Recebe hospedes?
17. Com qual lugar, você mais se identifica: Balada, Boteco, Bar, Restaurante ou Spa?
18. Você tem algum hobby?
19. Toca/possui algum instrumento?
20. Tem animal de estimação?
21. Você gosta de plantas? Flores?
22. O que você detesta fazer em casa?
23. Se você pudesse se transportar para um filme, qual seria?
24. Em uma noite fria, você faz o que?.
25. Em uma noite quente, você faz o que?
26. Qual a sua relação com a tecnologia?
27. Quadrado ou redondo?
28. Quais cores mais lhe agradam? Gosta de tons pastéis ou vibrantes?
29. O que mais gosta em um hotel? O que lhe chama mais a atenção?
30. Você pratica leitura? Qual o melhor lugar para ler?
31. Você tem o hábito de assistir TV no quarto?
32. Você coleciona objetos? O que?
33. Que tipo de elemento você acha que enfeita um ambiente?
34. Qual o tipo de iluminação você gosta? (ex. muita, pouca, ambiente, direta, fria,
quente).
35. Que tipo de abertura ou janela é mais bonito? Madeira? Vidro? Grande? No teto?
36. Muitas paredes ou conceito aberto?
37. Rural ou Urbano?
38. Quantos carros tem a família?
39. Você tem algum hábito inusitado, especial?
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40. Você trabalha em casa? Qual o período?


41. Tem objetos a serem guardados com chaves ou cofre?
42. Alguma observação especial quanto à acústica?
43. O que não pode faltar de maneira alguma nesta residência?
44. Madeira ou Aço?
45. Frio ou Quente?
46. Têm muitas coisas para guardar?
47. E muitos móveis?
48. Na sala o sofá disponível deve ser de 4, 6, 8 ou mais pessoas, pessoas?
49. Você tem preferência em uma sala de jantar separadament e da cozinha?
50. Na cozinha ou sala de jantar, quantas cadeiras são necessárias para a mesa de jantar?
51. Nos quartos, quais as camas de interesse (solteiro, casal, king, Queen)?
52. Gosta de espelhos?
53. Quem geralmente limpa a residência?
54. Moda ou confortável?
55. Existe algum objeto significativo que você deseja utilizar na decoração do ambiente?
56. Lugar que mais gosta na cidade? Por quê?
57. Gosta de banhos longos?
58. E banheiros claros? Ou prefere mais escuros?
59. Possui alguma exigência especial quanto à segurança?
60. Gosta de algum tipo, padrão ou estilo de arquitetura?
61. Costuma dormir com ventilador ou ar -condicionado?
62. Se uma pessoa passa na frente da sua casa, que opinião sobre ela gostaria que
tivesse?
63. Ordenem do menor até o maior (em área), os cômodos de uma casa.
64. Ordenem agora na ordem de tempo de permanência de vocês.
65. Se puder pedir qualquer coisa na sua casa, o que pediria?
66. Qual a sua particularidade para esse projeto (alguma observação em especial que
você gostaria que tivesse em sua nova residência?).
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APÊNDICE 2: Projeto técnico


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