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A PESSOA HUMANA
Concessão estadualista
As normas jurídicas podem ser impostas por auto vinculação ou hétero vinculação, ou seja
impostas ou não pelo Estado.
- Existe uma consciência jurídica universal que impõe normas jurídicas independentemente
do Estado.
Concessão normativista
Apesar de não se poder negar que as que o cérebro da constituição está nas normas
escritas, esta não explica a globalidade do fenómeno constitucional, pois existem normas
jurídicas e constitucionais não escritas.
Exemplo: -O Reino Unido não tem uma constituição escrita, mas uma constituição
consuetudinária
Se é verdade que o estado não tem o monopólio na feitura das normas constitucionais, e
que podemos encontrar normas constitucionais provenientes do direito internacional e da
união europeia, então hoje temos uma constituição multinível (as normas da constituição
não têm apenas o nível estadual, interno, mas também há normas de nível internacional e
europeu). Porém, mesmo dentro das normas de nível nacional nem todas são produzidas
pelo estado (costume).
Este não está correto, pois no século XIII é feita a Magna Carta no Reino Unido, dando início
ao constitucionalismo britânico. Esta foi um acordo entre o rei, a nobreza e o clero, em que
o rei passa estar limitado nos seus poderes, havendo:
- liberdade de circulação
- existe a proporcionalidade entre o crime e a pena
- acesso à justiça
- etc.
A história do pensamento politico-filosófico diz que desde a Grécia antiga que a temática da
pessoa humana é objeto da preocupação, logo podemos encontrar no pensamento pré-
liberal três momentos cruciais:
- a civilização greco-romana: aqui estão as bases do pensamento politico-ideológico
moderno
- revolução judaico-cristã: aqui que está a ordem de valores ocidental
- a idade moderna: toca numa contradição que ainda hoje não foi superada, é preferível a
liberdade ou a autoridade? ate que ponto a liberdade é o valor prevalecente sobre a
autoridade?
Civilização greco-romana
Aqui encontravam-se 7 linhas ideológicas de debate:
- o direito não consiste somente na lei escrita, existem leis superiores, como
leis morais
- O que é a democracia?
Herodo- tem de se obedecer a três regras:
- igualdade em matéria de direitos
- força da maioria
- responsabilidade dos governantes
Com base nestes dois autores, além das suas ideias de democracia, também
podemos dizer em democracia há tolerância, mas também um princípio da
legalidade.
O homem tem uma natureza dualista: o corpo físico (habita num mundo degradado,
imperfeito) e a alma espiritual (habita o mundo das ideias, onde há perfeição). Para
nascer, a alma junta-se a um corpo físico, com a morte a alma volta para o mundo
das ideias. O corpo é uma prisão para a alma, para a pessoa ser feliz a pessoa deve
esforçar-se para viver de acordo com o mundo espiritual, mas são raras as pessoas
que o conseguem fazer, só os filósofos é que conseguem.
Aristóteles- defende que o melhor governo é o das leis, pois estas são imparciais e
objetivas, não estão sujeitas a emoções humanas
- Liberdade interior
Todos temos liberdade de pensamento, não estando esta sujeita a qualquer tipo de
intervenção do Direito.
- Tema da igualdade
A democracia pressupõe igualdade, logo a participação política tem de assentar na
igual proporcionalidade (1 homem, 1 voto).
Civilização judaico-cristã
Antigo Testamento
Este ensina-nos três coisas:
- o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, daqui estando a origem da dignidade
humana
- Deus dá a liberdade, mesmo para desobedecer
- há um principio da solidariedade, que todos nos devemos ajudar uns aos outros
Novo Testamento
- Para haver dignidade tem de haver liberdade; temos direitos inatos
- jesus aceita morrer por pessoas imperfeitas, pois as pessoas têm uma natureza sagrada
- separação entre religião e Estado (“dar a César o que é de César e a deus o que é de deus);
é bilateral, não podendo o estado interferir na nossa liberdade religiosa, e a Igreja não pode
interferir na vida política
- jesus aceita morrer por pessoas imperfeitas; isto acontece por as pessoas terem uma
natureza sagrada; é reforçado o antigo testamento
- a própria lei pode ser desaplicada para proteção da dignidade da pessoa
- separação entre religião e Estado (“dar a César o que é de César e a deus o que é de deus);
é bilateral, não podendo o estado interferir na nossa liberdade religiosa, e a Igreja não pode
interferir na vida política
Como o Estado permite o homem ser feliz, então é proibido o direito de resistência.
O estado existe para que as pessoas tenham um bom viver (viver com dignidade).
Defende o positivismo, a lei, em si mesma, define o que é justo ou injusto. Não é possível
desaplicar a lei por ser injusta, pois esta é que dita o que é injusto.
Descobrimentos
Quando os espanhóis chegam ao continente americano foram colocadas várias questões: é
possível batizar os índios contra a vontade deles?; é legitima a apropriação das riquezas e
propriedade do índios?
Francisco Vitória- defendia que os espanhóis não tinham o direito de impor a fé aos nativos;
os índios tinham o direito de se governarem pelas próprias leis
Francisco Suárez- acima do direito de cada povo, há uma ordem jurídica superior aos
Estados; a lei positiva serve para proteger os direitos, e não para legitimar os abusos; é
afirmado um direito de resistência contra governos ilegítimos
Três exemplos:
- admissão da escravatura
- existência de desigualdades entre a lei (se fosse nobre a pena era menor)
- existência de penas cruéis e desumanas, como a tortura para se ter confissão
Idade moderna
Há uma contradição entre a liberdade e a autoridade.
Inventa a palavra “soberania” (poder absoluto que não tem qualquer limite, não é
controlado por qualquer outra autoridade).
Pico della Mirandola- o homem é o centro de toda a realidade, pois o ser humano tem três
características: razão, liberdade e dignidade
Maquiavel- a crueldade pode ser boa, se o fim o justificar; a propriedade é mais importante
que a vida, pois os homens esquecem-se mais rapidamente de quem lhes matou os pais do
que quem lhes roubou algo
Razão de Estado- justificações, que em nome do interesse da coletividade, justificam
algo que seria considerado injustificável (282 nº4 CRP- permite que o tribunal
constitucional reconhecia efeitos a atos inconstitucionais)
Nos finais do seculo XV, inico do seculo XVI, existem três autores importantes:
Thomas More- critica a injustiça, a iniquidade das sociedades do seu tempo, fazendo com
que este fosse visto como um percursor dos socialismo, pois:
- o direito é um instrumento de domínio e de repressão
- a ideia de que na utopia não há propriedade privada; há um principio de igualdade
e de solidariedade entre todos os seus membros; o fim do estado é o bem estar de
todos
- importância da liberdade religiosa
Thomas Hobbes- defende que os seres humanos têm direitos inalienáveis e naturais; todos
somos iguais por natureza, podendo julgar quais os meios que justificam a defesa da nossa
vida; o homem livre é mau por natureza, estando predisposto à guerra (concessão
pessimista), logo, de forma a evitar isto, devemos abdicar os nossos direitos a uma entidade
soberana através de um contrato social (abdicamos dos nossos direitos a favor do Estado).
As noções de certo ou errado, e de justo ou injusto não têm lugar, pois a lei é que diz o que
é justo (Marsílio de Pádua).
Constitucionalismo britânico
Este está sempre em contracorrente, ou seja:
- 1215: através da magna carta há uma limitação do poder do rei (a nobreza e o clero
impõem ao rei uma limitação do poder); estamos perante um limite ao poder real, mas se
olharmos para a europa continental temos a centralização do poder real.
-1640: com a revolução inglesa, onde se procura ainda mais limitar o poder do rei, com uma
instituição que é o parlamento. No seculo XVII, europa continental, tem todo o contributo
para no seculo XVIII se afirmar o absolutismo.
Pufendorf- todos os seres humanos têm dignidade e igual dignidade entre si; há direitos
naturais que não podemos dispor
O Estado serve para garantir a propriedade privada, que não estaria garantida num Estado
de natureza.
Há um contrato com o Estado, através do qual perdemos alguma coisa a favor deste, para
que o mesmo possa conservar e defender os valores da vida, liberdade e propriedade.
O contrato de Locke tem um conteúdo diferente do de Hobbes, que servia para legitimar o
poder do governante, tirando-lhe quaisquer limites.
Os direitos das pessoas são o limite e fundamento do poder, pois o poder existe para
defender os nossos direitos, não podendo agir contra estes.
Locke é genuinamente otimista em relação ao Homem, sendo este mesmo bom (Rosseau
dizia que o homem é naturalmente bom, mas a propriedade privada transforma-o).
Lei natural- qualquer poder do Estado está limitado pela lei natural; a lei humana que viole a
lei natural não é lei
No estoicismo, cícero reconhece que há uma lei natural, que limita a lei do Estado.
Pouco depois de Cícero, São Paulo diz que há uma lei natural que cada um conhece
pela sua consciência. São Tomás de Aquino diz que a lei natural é conhecida pela
razão de qualquer homem é condição de validade da lei humana (a lei humana que
viole a lei natural é invalida).
Cria um sistema de separação de poderes, que reconhece que o poder mais importante é o
legislativo. Ao contrário de Marsílio de Pádua, Locke reconhece limites ao poder legislativo,
submetendo-o à lei natural, mas também fazendo a divisão entre 4 poderes do Estado:
legislativo (dado naturalmente ao parlamento, sendo o mais importante, pois representa a
comunidade); executivo de aplicar as leis (dado ao rei); federativo (diz respeito ao direito
internacional; dado ao rei); prerrogativa para situações de exceção (dada ao rei).
O parlamento é o poder mais perigoso no Estado, por isso ser o mais o importante. Assim é,
pois pode ameaçar a liberdade (esta existe antes, na lei natural).
Locke recusa-se a utilizar o conceito de soberania, pois isto é algo sem limites.
O limite último é a propriedade em sentido amplo (sobre nós, sobre os nossos bens e
liberdade; vida, liberdade e propriedade).
Montesquieu- para garantir a liberdade há que separar o poder; tem como base o modelo
britânico, em que a constituição é de equilíbrio de poderes, estando o poder dividido:
judicial, executivo e legislativo; a divisão não é suficiente, pois pode haver um abuso de
poder, logo há de haver uma interdependência, em que cada poder há a faculdade de
estatuir, mas também de vetar
Quando a lei é aprovada é porque teve o acordo de todo o Estado, logo a lei do parlamento
é soberana, não podendo ser desaplicada pelo tribunal.
A principal ameaça à liberdade são os juízes, o tribunal, por isso o seu poder deve ser nulo, o
poder judicial não é um verdadeiro poder.
O poder político não deve ser separado, mas concentrado. A soberania está na coletividade,
pois esta assenta na vontade geral, que é a vontade que prevalece, sendo a lei a expressão
desta.
Todos os homens nascem livres e iguais, daí a ideia de 1 homem, 1 voto; a soberania
pertence à nação; fundamento do poder está nos direitos do Homem
- Britânica
Stuart Mill- importância da liberdade individual e da limitação do poder
- Francesa
Benjamin Constant- os direitos individuais são uma limitação do poder e da soberania do
povo
- Bill of Rights (1789-1791) - consagrado o direito de reunião e de petição; direito que todos
os norte americanos têm de que ninguém pode testemunhar contra si próprio (direito ao
silêncio); clausula aberta (não tipicidade dos direitos fundamentais): há mais direitos
fundamentais do que aqueles que resultam do elenco da constituição, podendo ser
encontrados no costume, no direito internacional, etc.
Pensamento contrarrevolucionário
Edmund Burke- os direitos humanos não são resultado de uma revolução, mas de uma
herança; sublinha a importância do costume em detrimento da lei; deu mais importância ao
passado histórico do que à vontade do povo, representado no Parlamento
Pensamento socialista
Existem várias concessões socialistas, mas todas elas querem criar uma nova sociedade.
Existem três vertentes:
- socialismo cristão – Saint Simon não defende a abolição da propriedade privada, mas
defende a intervenção do Estado
Platão- modelo de Estado totalitário, assente numa forte intervenção do Estado; compete
ao Estado a educação das crianças, selecionar as pessoas aptas e não aptas, quem casa com
quem; o objetivo último do Estado é preservar a pureza da raça; Estado assente no governo
dos Homens e não das leis
Thomas Hobbes- Estado com uma força ilimitada, alicerçado no medo; tinha uma visão
pessimista do ser humano, sendo um conflituoso e mau
Hegel- o Homem só se realiza no Estado, pois o homem tem um destino que também é o
destino do Estado (o Estado tem uma missão, que está no espírito do povo, devendo
ultrapassar qualquer obstáculo); o Estado é elevado à categoria de Deus, sendo divinizado
Nietzsche- elogia a crueldade; o cristianismo é visto como uma religião de fracos, pois
valoriza a piedade; valoriza a guerra, o pensamento antissemita e a eliminação de raças
inferiores
Ius cogens- as normas do ius cogens têm imperatividade própria, vinculando todos os
Estados, independemente da sua vontade
Com a existência de tribunais para a defesa dos direitos humanos, há uma erosão e
diminuição do domínio reservado aos Estados. Apesar de existirem matérias reservadas aos
Estados, a matéria dos direitos humanos deixou de ser uma delas.
Liberdade
O Homem não é uma realidade abstrata, mas algo concreto.
Maritain- a dignidade humana tem uma natureza sagrada; o Estado existe para o ser
humano, e não o contrário, há uma subordinação do Estado à pessoa
Karl Jaspers- ninguém tem certezas absolutas, então devemos relativizar as nossas próprias
certezas, mas também ser tolerantes das certezas dos outros; a junção da tolerância e do
relativismo expressa a liberdade
Democracia
Raymond Aron- defende a essência da democracia do ocidente, assente no respeito pelo
pluralismo e na salvaguarda dos direitos das pessoas; o Estado existe com um papel social; a
liberdade envolve o poder escolher entre duas opções, sem que ninguém o possa impedir
ou castigar pela escolha
John Rawls- não há democracia sem respeito mútuo e tolerância, porém o respeito não
pode fazer esquecer a existência de uma hierarquia de valores, não tendo todos o mesmo
peso
Argumento: se há valores numa sociedade que estão consagrados na constituição,
mas uns que não estão, então há uma hierarquia; dentro da constituição nem todos
os valores têm igual peso, os valores que não podem ser suspensos, têm de ser
superiores aos outros
Karl Popper- ao contrário de Karl Jaspers, Karl Popper afirma que devemos aspirar a
verdade, o que significa que há uma teoria melhor, afastando as anteriores (assim, amanhã
esta pode ser afastada por outra ainda melhor); a essência desta passagem é o pluralismo,
pois há uma necessidade de haver uma discussão aberta a várias ideias
Levanta o paradoxo da tolerância: devemos ser tolerantes aos intolerantes ou
responder-lhes com ignorância?
O problema desta ideia é que aceita como democrática uma decisão que o conteúdo
pode não ser legitimo.
Zagrebelsky- parte do entendimento de que não existem certezas definitivas, o que hoje se
decide, amanhã pode ser revisto e alterado
Será legitimo recorrer à força para impor a democracia? Um Estado que não cumpra
as regras democráticas pode ser forçado por outros estados a cumprir?
A resposta é tendencialmente não, pois a guerra é mais lesiva do que a ausência da
própria democracia.
Porém, a clausula democrática faz parte da UE, em que nenhum Estado pode ser
membro da EU se não adotar um regime democrático, podendo levar uma sanção.
Justiça social
Esta é uma preocupação da doutrina social da Igreja desde o seculo XIX.
Ocorre um debate entre dois autores de ideologias políticas diferentes, acerca da explicação
da justiça social:
John Halls- (democrata) defende o Estado previdência, um “Estado Zorro”, que reparte a
riqueza, os que mais têm possam contribuir para o mínimo de existência para os que menos
têm
A raiz histórica da justiça social está no princípio da solidariedade, em que todos somos
responsáveis uns pelos outros, não sendo a sociedade somente uma fonte de direitos, mas
também de deveres.
Riscos contemporâneos
Há riscos contra o próprio ser humano, passando por uma liberdade ilimitada.
Individuo
Cada um de nós tem uma individualidade biológica própria, somos seres únicos e
irrepetíveis.
Esta realidade é inalienável e inata, não podemos dispor do estatuto de pessoa.
Os nossos direitos servem como fundamento e limite do poder, havendo direitos humanos
universais, pela circunstância de sermos indivíduos, independemente do local (vida,
liberdade, dignidade, reserva da vida privada, propriedade privada, etc.).
Também existem direitos sociais de carater universal, como a saúde, segurança social,
educação, habitação, etc.
Membro da coletividade
Fazemos parte da coletividade.
Se vivêssemos sozinhos não haveria necessidade de existir direito, pois não existiriam
problemas do mesmo. Logo, onde há direito há uma sociedade.
A nação pode ser fonte de direito, pois o espírito desta pode resultar em normas
consuetudinárias. Em Portugal encontramos 3 exemplos:
- existência de feriados religiosos, mesmo sendo um
Estado laico
- o dia de descanso ser ao domingo, tendo uma
conotação religiosa
- dimensão do conceito de direito civil de bons
costumes
- Povo
Deste surgem 3 conceitos:
Cidadão- tem um vínculo jurídico com o Estado, fazendo parte do povo do mesmo;
aquele que por razões jurídicas, baseadas no local de nascimento ou no sangue, é
nacional de um estado
Estrangeiro- todo o que tem um vínculo jurídico com outro Estado que não o
português
Apátrida- não tem vínculo com nenhum Estado
A cidadania está ligada à participação política, pois esta está reservada aos cidadãos
de um determinado Estado. Contudo, existem algumas exceções históricas e
linguísticas:
- cidadãos europeus podem participar na nossa vida politica, e nós na deles
- cidadãos de outros países de língua portuguesa (se houver reciprocidade)
Parte da humanidade
Está na base da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em que cada um de nós faz
parte da vida humana, não existindo uma separação entre Estados, há fraternidade e
solidariedade entre todos.
- há um certo diluir da fundamentalidade, pois há casos em que há direitos sem haver uma
pessoa individual (ex.: património cultural)
- há uma tentativa de se criarem direitos fundamentais contra a dignidade da pessoa
humana (ex.: direito à pedofilia ou direito à prostituição)
Levanta a questão do que fazer perante uma lei injusta. A resposta está no direito de
resistência e acesso aos tribunais, que não são obrigados a aplicar uma lei injusta.
Tipos de poder:
- poder político
- económico
- religioso
- Técnico científico
- Informativo: media e redes sociais têm poder, não são facilmente controláveis
- Interprivados: entre si têm manifestações de autoridade e obediência (ex.: pais e filhos
menores)
- Poder expresso: visível que todos conhecem
- Oculto: sabemos que existe, mas manobra nas sombras, não é
transparente
- Poder de natureza formal: resultam do texto jurídico
- Natureza informal: não resultam do texto jurídico, impõem-se
- Há poderes de natureza fatual (ex.: revolução)
Limitação do poder
O poder está limitado pelo direito, estando subordinado à lei, mas também limitado pelo
facto.
Legitimação do poder
Este apresenta duas famílias:
- conceções anarquistas: nunca é possível legitimar o poder, o poder político é sempre
ilegítimo, é uma forma de repressão
Estado pré-liberal
Estado caracterizado pela ampla dimensão territorial, dimensão do poder civil e religioso, e
intervenção do Estado em todos os setores.
Estado grego
Reduzida dimensão territorial (cidades estado-pólis).
Surgem as principais conceções filosóficas a propósito do poder político. Têm aqui a origem
os conceitos de democracia, não obediência à lei injusta, pátria e regras de participação na
democracia.
Estado romano
Reduzida dimensão inicialmente, mas terminou num império.
Estado medieval/corporativo
Coloca o problema de se existiria Estado. Duas respostas:
- em Portugal havia Estado, a centralidade régia começou muito cedo: o pluralismo do
centro político correspondia a um pluralismo das fontes de direito; organização da
sociedade em corporações, que representavam os interesses das respetivas profissões
Jean Bodin- surge o conceito de soberania; dentro do Estado não há poder superior ao do
rei, e fora do Estado não poder superior ao do Estado
2 modelos de Estado:
- Estado barroco/renascentista: intervenção económica do Estado expressa no
mercantilismo, monopólios da coroa; a expansão ultramarina coloca o problema de
saber qual o direito que deve reger estas novas populações, fazendo surgir duas
conceções: defesa de que a regência dos próprios povos, e a defesa de que estes se
devem submeter ao direito do Estado metrópole; renasce o direito romano,
recuperando-se a autoridade do rei dentro das estruturas políticas
Estado liberal
Este surge como concessão contrária ao Estado iluminista.
Tem 5 inovações:
- separação de poderes, com o propósito de limitar o poder
- supremacia da lei, pois é a expressão da vontade geral, havendo uma supremacia do
parlamento em relação ao rei
- igualdade de todos perante a lei
- importância dos direitos fundamentais
- abstencionismo do Estado
- globalização
Veio por em causa a omnipotência do Estado, que em certos setores o Estado não é
suficiente, há uma impotência do Estado de regular tudo por si só.
- integração europeia
Esta significa 3 coisas:
- matérias cuja decisão deixou de estar nas mãos do estados-membros e passou a
ser EU
- matérias partilhadas, num fenómeno de coadministração
- a partilha de matérias pode não envolver somente 2, mas todos os membros
- neofeudalização
No plano interno, existe uma pluralidade de entidades públicas com o próprio
espaço de decisão (autarquias, regiões autónomas). Porém, também existem grupos
de interesse (sindicatos, associações de estudantes).
Formação
Existem 4 processos:
- elevação de uma comunidade não estadual (ex.: descolonização)
- agregação de dois ou mais Estados já existentes
- desmembramento de Estados que antes estavam integrados
- secessão de uma das partes
Extinção
Um Estado pode se extinguir por três vias:
- um Estado passa a ser uma comunidade não estadual, pois integra-se noutro Estado
- desaparecimento de um Estado: tem estatuto de Estado, mas dentro de outro Estado
- integração/incorporação num Estado ou em vários Estados
Transformação
- transforma-se a sua soberania (ex.: Estados-membros da EU)
- perda/aquisição de soberania no plano internacional
- ocupação/desocupação do território de um Estado
- anexação/perda do território
17-Elementos do Estado
Elementos materiais
Povo
Povo- conjunto de cidadão de um Estado
Sabemos quem é cidadão de um Estado, pois cidadão pressupõe um vínculo jurídico entre a
pessoa e o Estado.
Este vínculo pode se basear em dois critérios:
- sangue (ius sanguinis): baseia-se na hereditariedade
- território (ius solis): baseado no território onde nasceu
A cidadania é um direito fundamental, consagrado na Constituição e na Declaração
Universal dos Direitos do Homem.
Não envolve a necessidade de residir no Estado do qual é cidadão.
A nacionalidade nunca se pode perder por sanção, somente por vontade própria.
Esta perda é irreversível, podendo voltar a adquirir.
Artigo 15º CRP- nº1: não pode existir discriminação entre nacionais, estrangeiros e apátridas
Nº2: exceções destas descriminações
Nº3: exceção à exceção, em que os cidadãos estrangeiros de Estados de
língua portuguesa podem ter alguns direitos, desde que os cidadãos
portugueses também os tenham nesses países, principio da reciprocidade
Nº4: permite a estrangeiros que residem em Portugal, com o princípio de
reciprocidade, de elegerem e serem eleitos em eleições autárquicas
Nº5: permite aos cidadãos de estados-membros residentes em Portugal, com
princípio de reciprocidade, serem eleitos e elegerem deputados para o
Parlamento Europeu
Território
Este é um elemento essencial do Estado, não há Estado sem território.
Território- local do exercício pleno dos poderes do Estado; local de exercício pleno dos
direitos dos seus cidadãos
Aplicação do direito no território do Estado: o Estado tem o papel central de todo o direito
aplicado no seu território. Porém não é só o Estado que produz direito aplicado no seu
território:
- num plano inferior ao Estado, as universidade, autarquias, regiões autónomas
- num plano superior ao Estado, a UE, Nações Unidas
Há casos de territórios que são partilhados entre dois Estados (situações de contitularidade).
A história também ilustra que há territórios que são terra de ninguém.
O poder político do Estado tem como instituição jurídica central a Constituição, que confere
juridicidade ao poder.
Não há Estado sem poder político, mas também não há Estado sem Constituição.
- O Estado e o seu poder estão limitados pelo direito (conceito de Estado de direito).
Estado de direito formal- o Estado está apenas limitado ao direito que o Estado cria;
autolimitação do Estado; autovinculação do Estado
Estado de direito material- o Estado está limitado ao direito que ele cria e ao direito
superior à vontade do Estado (ius cogens); heterovinculação do Estado
- O poder político do Estado, no plano interno, está limitado pela descentralização, ou seja,
a repartição do poder do Estado por outras entidades publicas (ex.: Regiões Autónomas)
Elementos formais
Designação do Estado
O nome do Estado obedece às seguintes ideias:
- o nome do Estado é um elemento de identificação do Estado e da população, dos cidadãos
do Estado
- princípio da não repetibilidade, não há Estados com nomes iguais
- a designação do Estado pode sofrer alterações
- pode fazer menção à natureza do regime ou à sua religião
- pode ter duas designações
Reconhecimento do Estado
Natureza declarativa- durante muitos séculos reconheceu-se a existência do Estado mesmo
que outros Estados não o reconhecessem
Natureza do reconhecimento do Estado- progressivamente, houve uma necessidade do
reconhecimento da comunidade internacional para a existência de um Estado
Símbolos nacionais
Bandeira: há Estados que integram na sua bandeira a bandeira de outros Estados; o Estado
pode mudar de bandeira
Existem 2 modelos:
- Estado unitário
- Estado composto
Estado unitário
Nesta forma de Estado há um único poder político.
Neste Estado o poder pode ser: centralizado: só existe uma pessoa coletiva, que é o Estado
Descentralizado: o Estado partilha o poder com outros órgãos;
pode ser de doi tipos:
- descentralização administrativa: a função
administrativa é partilhada (ex.: universidades)
- descentralização político-administrativa: não é
apenas a função administrativa, mas também a
politica e a legislativa que o estado confia a
outras entidades (ex.: Regiões Autónomas)
Estado composto
Nesta forma de Estado há vários centros de poder político.
Estados federados- não têm soberania no plano externo, mas têm no plano interno;
têm o poder de fazer a sua própria constituição, ainda que tenha de respeitar a
constituição do Estado federal
Características de Estados federais:
- cada cidadão está sempre sujeito a duas ordens jurídicas (do Estado federal e do
Estado federado onde reside)
- as constituições dos Estados federados estão subordinas à constituição do Estado
federal, é esta que dita quais as competências da federação; há um principio de
igualdade dos Estados, pois o parlamento americano é composto por duas camaras,
a camara dos representantes (numero de representantes de forma proporcional à
população desse Estado) e a camara do Senado (cada Estado tem dois senadores)
- há uma soberania no plano interno dos estados federados
- predominância federal: dada por 4 argumentos:
- força da constituição federal
- tem a ultima palavra em matéria da
constituição, o que é constitucional e o que não
é
- relações externas (segurança, defesa, moeda,
tudo decisão da federação)
- prevalência do direito federal
Uma Região Autónoma não tem soberania no plano interno, nem poder constituinte
próprio, nem uma constituição própria (têm um Estatuto político-administrativo).
Dois modelos:
- modelo italiano: todo os Estado está dividido em regiões autónomas
- modelo português: só algumas partes são Regiões Autónomas
Estados semissoberanos
Têm alguma capacidade no plano internacional, mas é limitada, não é plena.
Vários tipos:
- estado vassalo: relação quase feudal
- estado protegido: pode esconder situações coloniais
- estado-membro de uma confederação
- estados exíguos: reduzida dimensão territorial (ex.: vaticano)
- estado neutralizado: proibido de participar em qualquer conflito armado
Falso Estado
Existem territórios com a designação de Estado, mas não o são, são verdadeiras colónias.
- justiça
A justiça é o limite do exercício do poder e o fim do próprio Estado.
A justiça está relacionada com a igualdade no sentido da justiça social. Assim, a lei é
igual para todos, mas distingue o é diferente.
- bem-estar
Os que vivem em sociedade têm de ter o mínimo para a existência.
Funções do Estado
O estado não se circunscreve à prática de atos jurídicos. Assim, pode se distinguir entre
funções jurídicas e funções não jurídicas.
Funções jurídicas
Estas traduzem-se na produção de atos jurídicos, distinguindo-se:
- função constituinte: traduz-se na feitura ou modificação da Constituição
Classificação:
- função política: opções fundamentais que se prendem com a Constituição, o
desenvolvimento e sobrevivência da sociedade política
- função de natureza técnica: utilização de meios para a produção de bens ou serviços
Poderes do Estado
O melhor modelo é o da separação ou o da concentração de poderes?
Montesquieu- o melhor sistema é o da divisão e limitação de poderes; divisão com
interdependência
Os poderes podem estar divididos em função das matérias, mas também do território.
Conceitos
Titularidade- a pessoa física que ocupa o respetivo órgão; o vínculo jurídico que une o titular
ao respetivo órgão é o cargo
Competência- o conjunto de poderes funcionais que o órgão tem para poder intervir e
decidir
Agente- não expressa a vontade jurídica, mas colabora na formação e execução da vontade
(ex.: serviços académicos que executam as decisões do reitor, mas não tomam nenhuma)
Tipos de órgãos
Órgãos singulares- composto por um único titular
Órgãos colegiais- compostos por uma pluralidade de titulares
Ajurídicos
3 processos:
- golpe de Estado: alteração das regras de designação dos titulares à margem do direito,
mas com a particularidade de que a alteração é feita pelos titulares do próprio poder para
se prolongarem neste
- rebelião: alteram as regras de designação dos titulares à margem do direito, com duas
particularidades:
- feitos para substituir o titular do poder
- têm como protagonistas os militares
- revolução: alteração violenta das regras constitucionais
Jurídicos
- Herança: transmissão hereditária do poder à luz das regras da sucessão:
- automatismo (sabe-se quem sucede a
quem antecipadamente)
- continuidade
- independência (não está dependente
de votos, interesses)
- cooptação: titular de um órgão é escolhido por outros titulares do mesmo órgão
- nomeação: designação de um titular de um órgão feita por outro órgão diferente
- inerência: alguém é titular de um órgão por ser titular de outro órgão
- eleição: processo de designação dos governantes através dos votos da maioria de uma
pluralidade de pessoas
Sistemas eleitorais
Sistema eleitoral- conjunto de regras que disciplinam os atos eleitorais, que são uma forma
de expressão da vontade dos eleitores em escolher pessoas, textos, partidos, programas, etc
Maioritário
O candidato ou lista que vence não permite a representação dos vencidos, mas não significa
que apenas tem representação no órgão colegial os vencedores.
Existem dois:
- sufrágio uninominal: por cada circulo só há um nome, um deputado a ser eleito (modelo
britânico ou francês)
- sufrágio plurinominal: em cada circulo eleitoral são eleitos vários deputados (modelo
americano na eleição do colégio eleitoral)
Modalidades:
- a uma volta: tende a esgotar-se na representação de dois partidos (britânico)
- a duas voltas: se na 1ª volta nenhum candidato tiver mais de 50% dos votos, há uma
segunda volta, onde ganha quem tiver mais votos
Proporcional
Existe uma correspondência entre o nº de votos obtidos por cada lista e o nº de deputados
num parlamento.
Este torna o parlamento mais representativo, mas torna difícil atingir maiorias absolutas,
havendo uma instabilidade.
Misto
Cada pessoa recebe 2 boletins de voto, onde metade dos deputados são escolhidos por
sufrágio plurinominal e a outra por sufrágio uninominal
Exercício privado
Este tem dois fundamentos:
- princípio da subsidiariedade
- dureza político-económica: quantos menos intervenção do Estado, menos poder político,
mais sociedade civil
O exercício privado pode ser no âmbito da função administrativa, em que as funções são
acessoriamente confiadas a entidades privadas.
Também há um exercício provado da função política, como os partidos políticos, que são
entidades privadas que participam na vida política.
Exercício publico
A regra é que o exercício publico é exercido pelas entidades públicas.
Este é, normalmente, direto, ou seja, feito pelas entidades publicas. Porém, é possível que
estas criem entidades privadas controladas por si para exercerem uma atividade de
natureza publica.
Formas de decisão
Unilaterais: só há uma vontade. Podem ser:
- gerais e abstratas: de natureza normativa; pode ser
feita pelo exercício da função legislativa (criação da lei)
ou pela função administrativa (criação de um
regulamento), ou pelo poder judicial (assento, agora
considerados inconstitucionais)
- individual e concreto: aplicados a destinatários
identificados a situações identificadas, sem abstração
(ex.: sentenças dos tribunais)
Enquanto no direito privado é lícito tudo o que não é proibido, no direito publico só
é lícito o que é permitido, ou seja, só podem agir nos termos definidos pelo direito.
- princípio do respeito pelos interesses e direitos dos cidadãos: quem decide tem de decidir
em prol do bem comum
Os interesses e direitos dos cidadãos funcionam como razão de ser e limite do poder.
Não é possível agir contra os direitos, a menos que seja em casos de extrema
necessidade.
- princípio da justiça: este tem três corolários (boa-fé; segurança jurídica; confiança legítima)
- princípio da proporcionalidade
Este dá-nos três ideias:
- significa proibição de excesso; a intervenção não pode ir além do que seja
necessário
- princípio da adequação, em que a medida a adotar tem ser a única justificável para
aquele caso
- proporcionalidade em sentido rigoroso, em que há o mínimo de custos para o
máximo de vantagens
- colaboração dos interessados: quem tem interesse na decisão deve ser chamado a intervir,
deve ser ouvido antes da decisão
A partir do momento que a soberania tem limites, ela deixa de ser soberana. Assim,
esta só pode ter limites religiosos ou autolimites (os que o governante cria para si).
Estado de direito formal- todo o Estado tem direito, e por isso está limitado ao
direito que o Estado cria; todo o direito é uma autolimitação
Formalismo do direito- o conteúdo do direito não importa, mas sim saber se quem o
criou tinha uma norma que o permitia, se o autor da norma tinha uma norma que
lhe conferia essa competência
Para o jusnaturalista, ao longo dos tempos, há um direito que resulta das coisas e não da
vontade do Estado. Este pode resultar de uma via racional (Kant) ou via de uma tradição
cristã (Santo Agostinho; São Tomás de Aquino).
Este também pode ser direito internacional (ius cogens), ou seja, um direito que se aos
Estados, independente da sua vontade.
24- Mecanismos de controlo do poder do Estado
Estes podem ter várias configurações.
- maiorias qualificadas
Quanto maior for a maioria para aprovar um diploma, maior é a necessidade de
controlo de entendimento.
- O ministro das finanças tem de aprovar todos os atos do governo que envolvam aumento
de despesas ou diminuição das receitas. Isto dá ao ministro das finanças um direito de veto.
- dupla instância
De uma decisão de um tribunal pode-se recorrer a outro.
Aprovação do orçamento.
Pode pedir que aprovem propostas de lei, pedindo prioridade à sua aprovação.
Caso português- artigo 112 nº2 da CRP, que permite que o governo revogue a
vontade legislativa do parlamento
Conservadorismo
Esta matriz é herdeira do modelo pré-liberal, em tem na rua raiz o pensamento
contrarrevolucionário.
Defende uma sociedade de classes, uma hierarquia social, recusa a legitimidade
democrática em preferência à monárquica, tem resistência à inovação.
Dogmas conservadores:
- importância da história e da tradição (peso dos mortos)
- importância da autoridade e do poder, manifestadas na importância que tem Deus, a
pátria e a família
- importância da segurança e ordem publica
- preferência da liberdade sobre a igualdade
- garantia da propriedade privada
- importância da religião e moral judaico-cristã
Tipos de conservadorismo:
- contrarrevolucionário
- restauracionista
- nacionalista
- neoliberal
- protecionista
Socialismo
Começa como um combate ao liberalismo, assente em 4 preferências históricas:
- preferência da igualdade sobre a liberdade (Rosseau)
- preferência da propriedade coletiva sobre a privada (Rosseau e Marx)
- preferência da intervenção do Estado sobre a abstenção do Estado
- preferência de economia de direção central sobre economia de mercado
- socialismo maoísta: concilia o modelo de forte intervenção do Estado com uma economia
aberta, de mercado, virada para o comercio internacional
Os principais titulares ativos com poder de decisão política são designados por eleições via
sufrágio universal.
Não há Estado pluralista se não houver um controlo dos tribunais da atuação do poder
político
Há uma democracia representativa, pois não é possível o povo exercer o poder diretamente,
tendo de confiar a alguns o exercício desse poder por via de eleição.
É o modelo pelo qual os governantes exercem o poder em nome do povo.
Baseia-se no princípio maioritário, apesar deste não ser critério de verdade, mas de decisão.
Modelo totalitário
Inverte as características do modelo pluralista.
Este surge no Reino Unido, onde o gabinete se tornou um órgão autónomo, já que o
primeiro-ministro era a ligação entre o Rei, o gabinete e o parlamento.
Para evitar que o governo fosse criminalmente responsável perante o Parlamento, os
ministros passam a ter de ter a confiança política do Parlamento, apenas sendo
politicamente responsáveis perante este.
Parlamentarismo monista
O governo depende apenas da confiança política do parlamento. Existem vários tipos:
- parlamentarismo de gabinete
Este é o modelo britânico.
- de assembleia
Surgiu em França, ma III república, e é vigente em Holanda.
- racionalizado
Surge para evitar o parlamentarismo de assembleia.
Vários mecanismos:
- forma mais perfeita é a moção de censura construtiva: quando se quer derrubar
um governo, quem propõe a demissão do governo tem de simultaneamente de
nomear o próximo primeiro-ministro, tendo os partidos de entrar em acordo
- exigir um prazo de tempo entre a apresentação de uma moção de censura e a sua
votação, de forma a que os deputados pensem se vale a pena derrubar o governo
- limitar a iniciativa dos deputados: os deputados que tiveram envolvidos numa
anterior moção de censura, não podem voltar a apresentar tão cedo
- não se exigir que um governo entre em funções, tendo a confiança do parlamento,
desde que não tenha a desconfiança
- exigir-se maioria absoluta dos deputados para ser aprovada uma moção de censura
Parlamentarismo dualista
- sistema orleanista
Vigorou em França entre 1830 e 1848.
- sistema semipresidencial
Vigora em França, desde a constituição de 1958.
O que o caracteriza:
- o governo é duplamente responsável em termos políticos, pelo presidente e pelo
parlamento, bastando que um retire a confiança política para que o governo seja
demitido
- o presidente tem efetivos poderes de intervenção política (pode dissolver o
parlamento, demitir o primeiro-ministro)
Sistema presidencial
O presidente da república é chefe de Estado e chefe do executivo.
Presidencialismo puro
É um sistema de concentração do presidente no eixo da vida política, e feita com base no
modelo de separação de poderes de freios e contrapesos.
Há uma influência do pensamento de Montesquieu, em que cada poder tem duas
faculdades, a de estatuir e de impedir.
Existem eleições intercalares, uma parte dos senadores é renovada. Isto acontece, pois
quando o presidente é eleito é normal que tenha uma maioria nas duas camaras.
Uma vez que os EUA são uma federação, tem de existir duas camaras, ajudando a limitar o
poder do Congresso.
Hiper presidencialismo
No modelo francês da 5ª república, o atual, pode funcionar de duas maneiras distintas:
- O presidente da república é simultaneamente presidente e líder da maioria parlamentar
Sistema convencional
Este resultou da Constituição de 1793 (que nunca chegou a vigorar), inspirado no modelo de
Rosseau.
Sistema diretorial
Presente na constituição francesa de 1795 e na Suíça (1785).
Existiam ciclos constitucionais, em que o poder vai oscilando entre uma assembleia forte e
um executivo forte. Se uma assembleia abusa do poder cria-se um governo forte, e vice-
versa.
Monarquia limitada
O rei goza de um poder de veto absoluto.
Cesarismo
Tem como protagonista do seculo XIX Napoleão Bonaparte em 1801.
Concentração dos poderes numa pessoa, com recurso ao plebiscito para a legitimar.
Governo de Chanceler
Tem a sua origem na Alemanha.
O poder político está concentrado no chefe de Estado, o imperador, mas quem exercia o
poder era alguém da sua confiança política, o chanceler.
Capítulo 3o CONSTITUIÇÃO