PROCÓPIO Et Al - Nossas Telas São Plurais

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Editora Insular série Jovens Pesquisadores Estudos contemporaneos em telejornalismo ~ Narrativas de jornalismo para telas Cérlida Emerim, Cristiane Finger e lluska Coutinho (org) Conselho Editorial da Série Jovens Pesquisadores erste vizeu, Antonio Fausto Neto, Cristiane Finger, Cérlida Emerim, tie Melo, Eduardo Meditsch, Flavio Porcello, lluska Coutinho, Juremir Machado, Lila Luchessi, Luiz Gonzaga Motta, Miquel Alsina Capa e projeto grafico Editor Eduardo Cazon Nelson Rolim de Moura Revisdo Carlos Neto eS Estudos contemporaneos em telejornalismo = Narrativas de jornalismo para telas / Carlida Emerim, Cristiane Finger e lluska Coutinho (org,) = Florianépolis: Insular, 2018. 220 p. il, (Série Jovens Pesquisadores: 1) ISBN 978-85-524-0108-7 1. Telejornalismo. 2. Narrativas do real. 3. Recon- figurag6es narrativas. |. Titulo, cpp 070.41 pols de MN Re Ratan nee oan EDITORA INSULAR INSULAR LIVROS (48) 3232-9591 (4g) 3334-2729 secteur comb Florianépolis/SC - CEP 68025-210 facebook.com/Editoralnsular Rua Antonio Carlos Ferreira, 537 ‘witter.com/Editoralnsular Bairro Agrondmica www insular.com.br Insularlivros@gmail.com _—aal Capitulo 6 Nossas telas sao plur. As narrativas dos telejornais sobre mulheres, presos e 0 espaco local Carla Ramalho Procépio, Caroline Marino, Gustavo Teixeira Tuska Coutinho a Introdugaéo Na contemporaneidade o telejornalismo mantém sua importancia | central no Brasil como forma de acesso a informagées sobre o pais; suas narrativas sobre fatos e acontecimentos permeiam interacdes sociais, realizam construgdes imagéticas hegeménicas, (é)ditam © Brasil, Nas telas de TV, computadores e smartphones que dao a ver 0 mundo, os conflitos sio colocados em cena por meio da dramaturgia como forma preferencial de estruturagio de histérias audiovisuais (Coutinho, 2012). No momento em que a sociedade demanda por maior pluralismo e diversidade, em todos os niveis, propée-se nesse capitulo’ um olhar de destaque para narrativas de violencia e também de exclusio, sobretudo de vozes e imagens de quem est em condiges de subalternidade, na periferia da geo- grafia midiatica, Propée-se, tomando como método a andlise da materialidade audiovisual, investigar as narrativas, também morais, apresentadas em dois programas jornalisticos de veiculagdo nacional, Profisséo Repérter (Rede Globo) e Caminhos da Reportagem (TV Brasil). A anélise da cobertura da questo carceraria no telejornalismo 1. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenagao de Aper- feigoamento de Pessoal de Nivel Superior ~ Brasil (CAPES) ~ Cédigo de Financiamento oo, ¢ ainda do CNPq ¢ Fapemig. 87 brasileiro éassim tensionada por trés eixos principais: 1) como sig (re)conhecidos os presidiarios nas narrativas de conflito carcerério? Com que énfases discursivas e visuais determinados personagens e/ou assuntos sio colocados em cena?; 2) Qual a participacao das mulheres nessas narrativas midiaticas? Onde estéo as mulheres e quais lugares e papéis elas ocupam em um recorte do que telejor- nalismo brasileiro da a ver, e significar?; 3) Ha espaco para a repre- sentacio do regional, seus saberes e diversidades no telejornalismo de rede nacional? Que imagem de local, de seus cidadaos e espagos de insergao na realidade emerge nas telas jornalisticas? [As questdes teméticas ainda tém como principio de articula- ‘sao comum a busca por pluralismo e diversidade tanto nos pro- gramas jornalisticos de emissoras publicas quanto nos produzidos eveiculados naquelas de exploragao comercial. Entende-se que os noticiérios televisivos si um bem piiblico na sociedade do tele- jornalismo e que, portanto, devem ser plurais e diversos, como 0 cotidiano que buscariam narrar, Por meio da avaliagao de um recorte especifico sobre a ques- ‘80 dos presidios em todo o Brasil, buscamos investigar se 0 jor- nalismo audiovisual pode ser compreendido como um espago de exercicio dos direitos & comunicagao e informagao, ou de repro- ducao de exclusies, Sobre representacao e diversidade, e seu espago ha tela Ao considerar os esquemas de mediacdo exercidos pelos meios de comunicasao,é possivel entender que essa relagao ~ pessoas e midi : ao 4 transmissao de informagdes e de material simbélice individ font’ “8s estabelece © modifica as relagies entre 0° 9 ee oe profunda © modo como entendem 0 ane ee ee ° dinamica materiale imaterial do mun’ comunicarape nj omereesio do desenvolvimento dos ne o aoe ee seria fundamental para compree”’’ ra Ces nsttucionas das sociedades modernas ° Nese sentid, ce * por elas” (Thompson, 1998 P-14)- €identidades press qn nn Sore Adiversidade de representa Presentes (ou nao) nas produgdes mididiticas PO™ 88 uma intensa relagdo com as interagoes sociais, sobretudo no que diz respeito aos espagos ocupados eas oportunidades de didlogo. A nogao de que a cultura funciona como um conjunto de significados partilhados (Hall, 1997) também funciona como elemento central para a compreensao de como as midias atuam na organizagao da vida cotidiana oferecendo perspectivas e entendimentos que, por meio da partilha, fortalecem/legitimam ou silenciam simbolos, personagens, discursos e narrativas atuantes no processo de sig- nificagao. Assim, as representagdes na midia parecem funcionar como espelhos do mundo real, levando a todos os que tiverem acesso a ela, uma suposta verdade. Por isso, a maneira como as coisas so comunicadas ¢ representadas é tao importante quanto © que se quer comunicar. Evidencia-se assim a importancia de estudar as narrativas audiovisuais, e suas produgdes simbélicas, em uma sociedade na qual a televisio permanece como 0 meio mais acessado pelos bra- sileiros para obter informagGes sobre “o que acontece no Brasil e no mundo’, para usar a expresso que de acordo com seu editor chefe busca traduzir nosso telejornal mais longevo e de maior audién- cia. £ sobretudo por meio das telas dos noticiarios televisivos que © pais se torna (re)conhecido; na nagao narrada nos telejornais hé uma promessa de tornar o distante préximo, romper as barreiras ‘geograficas, s6cio-econémicas e mesmo fisicas, considerando que suas imagens e sons alcangam mesmo espagos de interdigao, como hospitais e presidios. Sao esse tiltimo espaco o foco da anélise empreendida nesse capitulo, a partir da compreensio de duas materialidades audio- visuais distintas, Fechados em um mundo de pouco acesso, per- meado de simbolos e esteredtipos, os presidios e seus moradores sio apresentados a sociedade brasileira especialmente por meio de produgdes audiovisuais em diversos géneros e formatos audiovi- suais, como coberturas jornalisticas em telejornais séries, filmes e documentarios. As representagées em tela, ¢ sons, servem de reper- t6rio que acionam um conjunto de significados que constroem 0 imaginario sobre o carcere e seus personagens na vida real. Nas histérias contadas nessas produgdes, revelam-se identidades do pre- sididrio brasileiro, que vao desde o criminoso cruel que representa risco a sociedade até homens que sobrevivem em meio a terriveis 89 condigoes. Mas quem s40 0s presididrios do Brasil nas tela de ry, Em que medida elas sio representativas do pluralismo e diver, dade, do paise dos cidadaos que nele habitam, ainda que em celay Para investigar a representacio dos presidiérios e do universg do cércere no universo do jornalismo audiovisual, a andlise se volta para dois produtos ancorados nas premissas do telejornalismo de representacio da verdade/realidade: Profissio Repérter (TV Globo) e Caminhos da Reportagem (TV Brasil). Considera-se que cada um esses programas pode dar a ver nao apenas 0 “mundo por uma janela’, mas sobretudo permite compreender os processos sociais de representacio e significagao no telejornalismo, as estratégias narrativas e suas préticas. Essa busca por compreensio do telejornalismo, e de seu poten- cial representativo, esté articulada com os estudos realizados no Niicleo de Jornalismo e Audiovisual (CNPq-UFJE) em que, de acordo com a proposta de Coutinho (2016), ha a op¢io também por aplicar e desenvolver 0 método denominado Anilise da Mate- lidade Audiovisual. Toma-se assim como objeto de avaliagio a unidade texto+som+imagem+tempotedigao, que caracteriza os processos de producao e experimentagao do telejornalismo. Ao trabalhar com tal método, destaca-se a dificuldade de ané- lise de produtos audiovisuais utilizando olhares fragmentados ou isolados, que nao permitem uma anilise que considere todos os efeitos que um frame possa produzir combinando som, imagem discurso (verbal e nao verbal) e diversos outros elementos, por Pt vilegiarem a narrativa cientifica junto ao desmembramento de set contetido, Em busca de solucionar a dificuldade de reconstruir est momentos de produgao e experimentagio no apenas midiatice ‘mas também do mundo vivido (e audiovisual) em uma narrativ® cientifica (textual), a andlise da materialidade se articula a partir de ixos de avaliagio estabelecidos em didlogo com as questoes tet cas ede pesquisa. A propria narrativa que se estabelece a partir anilise busca Tecorrer a recursos de escrita que tornem mais coe a experiencia de anilise, aerate sobretudo por nio exigir uma estrulu? ‘a de descolamento dos itens audiovisuais. No caso particular do estudo apresentado nesse capitulo OU MARTIN-BARBERO, Jestis. Dos meios as mediagées: comunicagio, cultura e hegemonia, Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997. ‘MATA, Jhonatan, Um telejornal pra chamar de seu: identidade, representagio insergio popular no telejornalismo local, Floriandpolis: Insular, 2015 LOBO, Paula, CABECINHAS, Rosa, As mulheres nas noticias televisivas. metodologia para uma anilise critica das representagdes sociais de género. 5° Congresso da Associacio Portuguesa de Ciéncias da Comunicasao 6 - 8 Setembro 2007. SOLNIT, Rebecca. A mde de todas as perguntas: reflexes sobre 0s n0vos feminismos. Sao Paulo: Companhia das Letras. 2017 THOMPSON, John B. A midia e a modernidade. Uma teoria social &t midia, Petrépolis: Editora vores, 1998. TV BRASIL, Prisdes e. barbaric: Eim cinco estados diferentes, Caminhos da Reportagem mostra as condiges das penitencidrias nacionals (17/02/2017). Disponivel em http://tvbrasil.ebe.com.br/caminhos- dareportagem/episodio/prisoes-e-barbarie, ‘Acesso: 11/09/2018. 102

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