Trabalho de Macroeconomia PDF

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CCSA


CURSO: ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINA: MACROECONOMIA

ANA LÍDIA ALVES DE FERRO


ANA LIDIA SOARES TEIXEIRA
ANA MARINA VASCONCELOS RIBEIRO
ANTONIO EVAIR GOMES DOS SANTOS
JEFSON ALBUQUERQUE COELHO
JOSÉ EMANOEL DE ALCÂNTARA DA SILVA

ANÁLISE DO ARTIGO: “DESASTRE AMBIENTAL E ZONAS DE SACRIFÍCIO: O


DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO NO NORDESTE DO BRASIL E POLÍTICAS
PÚBLICAS DE ESTADO” (KNOX, Winifred; FERREIRA, J. Gomes, 2022)

SOBRAL
2023.2
2

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 3
2 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................4
2.1 APRESENTAÇÃO DO ARTIGO E CONTEXTUALIZAÇÃO..............................4
2.2 IDEIAS EXPRESSAS DO AUTOR....................................................................5
2.3 ANÁLISE CRÍTICA E OUTRAS PERSPECTIVAS............................................7
3 CONCLUSÃO..........................................................................................................10
REFERÊNCIAS:......................................................................................................... 12
3

1 INTRODUÇÃO
A pesca artesanal ao longo do extenso litoral brasileiro é uma atividade de
grande importância econômica e social, sustentando comunidades costeiras e
contribuindo significativamente para o abastecimento nacional de pescado. Apesar
de seu papel fundamental, a pesca artesanal raramente recebe o devido
reconhecimento das instituições de fomento nacionais. A falta de informações
estatísticas confiáveis sobre as condições socioeconômicas e a dinâmica dessa
atividade torna ainda mais desafiadora a formulação de políticas eficazes para o
setor e a gestão dos recursos pesqueiros.
No Brasil, em 2010, mais de 99% dos pescadores profissionais registrados
eram pescadores artesanais, caracterizados por baixa escolaridade, renda modesta
e altos níveis de informalidade. Eles enfrentam dificuldades significativas no acesso
a serviços essenciais, além de lidar com relações ambíguas de trabalho, muitas
vezes sujeitas a compadrio e exploração. A perda de autonomia na condição de
assalariado e a desterritorialização cultural são desafios adicionais enfrentados por
essas comunidades.
Este trabalho concentra-se na análise de um artigo que aborda um incidente
crítico que afetou a pesca artesanal, especificamente o derramamento de óleo que
ocorreu no Rio Grande do Norte (RN) em 2019 e se estendeu por outros estados do
Nordeste e dois estados do sudeste. Há uma crítica quanto a inação das autoridades
diante desse desastre, atribuindo-a a dois fatores principais. Primeiro, o desmonte
das políticas públicas entre 2016 e 2019, que resultou na descontinuidade e
enfraquecimento de esforços anteriores de desenvolvimento territorial e inclusão
social. Em segundo lugar, a hostilidade entre o governo federal e os governadores
dos estados do Nordeste, que criou um ambiente de desconfiança e ineficiência na
resposta à crise.
Essa hostilidade transformou o Nordeste em uma "zona de sacrifício", onde
os impactos do derramamento de óleo se somaram às desigualdades históricas e à
exclusão social. A análise se estenderá às políticas públicas, às instituições
envolvidas e à resposta da sociedade civil, particularmente dos pescadores e
organizações que defendem as comunidades tradicionais.
Dessa forma, este estudo tem como objetivo geral analisar como se
apresentou para os autores o cenário de fragilização do território litorâneo brasileiro
afetado pelo derramamento de óleo, relacionando-a ao desmonte das políticas
4

públicas e à resposta tardia das instituições responsáveis por lidar com essa
catástrofe socioambiental.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: será apresentado o artigo
em análise e seus respectivos autores, além de uma abordagem teórica e histórica
da temática abordada. Em seguida, as ideias do artigo serão apresentadas e vistas
sob outros aspectos. posteriormente haverá uma análise crítica sobre os pontos de
vista colocados na pauta. E, por fim, a conclusão, trazendo um panorama geral e as
considerações finais do trabalho.

2 DESENVOLVIMENTO
Nestas seções apresentam-se o artigo o qual o presente trabalho se dedicou
a analisar, uma breve contextualização teórica e histórica do tema, além de
demonstrar as ideias expressas pelos autores de tal trabalho, abordando os demais
aspectos sobre a temática. Esta seção encerra com uma abordagem crítica dos
assuntos apresentados, através de outras perspectivas.

2.1 APRESENTAÇÃO DO ARTIGO E CONTEXTUALIZAÇÃO


O Artigo em análise tem como tema: “Desastre ambiental e zonas de
sacrifício: o derramamento de petróleo no nordeste do Brasil e políticas públicas de
Estado", elaborado por Winifred Knox e José Gomes Ferreira, ambos da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O Trabalho foi publicado em
2022, na Revista da ANPEGE.
O Brasil é contemplado por um litoral que contém mais de 7 mil quilômetros
de extensão que cruza da região norte ao sul do país. Com isso, essa área assume
uma importância significativa, economicamente e culturalmente, para a população
residentes dessa área e tendo a cultura da pesca artesanal e turismo como uma das
principais formas de atividade econômica local.
Nesse sentido, a região Nordeste abrange boa parte desse litoral (o que será
a ambientação da abordagem a ser apresentada) influenciando fortemente a
economia dos nove estados da região, principalmente, pela a aquicultura e turismo,
porém tal região historicamente sempre foi excluída das políticas de investimentos
de industrialização do país, políticas essas que foram e são todas voltadas a região
sudeste (Azzoni, 1997), assim a região serviu como fonte de mão de obra barata
para essa industrialização.
5

Ademais, é importante recordar que os nordestinos foram forçados a


deixarem sua terra natal pelas péssimas condições de vida no local, entre alguns
fatores responsáveis por tal situação foram as desigualdades regionais e,
principalmente, as secas do século XX o que tornava a vida quase insustentável a
tais condições. Aqui, percebe-se a histórica relação entre a região e o Estado, que
muitas vezes é de desvantagem a maior região do país territorialmente e também
uma das mais frágeis.
Nesse contexto, o descaso dá origem ao Nordeste como uma zona de
sacrifício, termo que será apresentado mais amplamente a frente, isso pelos os
acontecimentos da catástrofe ambiental ocorrida no litoral brasileiro, inicialmente em
2019, afetando primeiramente o Nordeste, pelo o derramamento de petróleo bruto
em águas marinha sobre a jurisdição nacional e chegando a poluir as praias do
litoral (Nordeste) e afetando diretamente e significativamente a vida no continente e
no mar, porém o termo “Zona de Sacrifício” toma sua forma a partir da análise da
atuação (ou não atuação) do Governo Federal no acidente ambiental de grandes
proporções e consequências, já que o governo efetuou suas ações de forma tardia e
sob pressão/ordenação judicial e só quando o óleo chegou ao Sudeste, mesmo já
existindo o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em
Águas sob Jurisdição Nacional (PNC), plano que só foi acionado mais de 40 dias
após os primeiros aparecimentos das manchas de óleo. No entanto, toda essa
desarticulação do Estado tem motivos muito maiores do que apenas a
vulnerabilidade histórica já existente, a hostilidade política entre o então presidente
da república e os governadores, opositores políticos, foi o ambiente que resultou
nessa falta de urgência nas ações de reparação dos danos ambientais, econômico e
social, colocando em destaque não o problema em si, mas sim as disputas políticas.
Diante da situação de desastre ambiental e inação da União, as primeiras
ações de recuperação das praias e tentativas de redução dos impactos vieram da
própria população e associações locais, já que o Estado não executava seu plano de
ação, sua obrigação que lhe é atribuída por mera disputa de poder político.

2.2 IDEIAS EXPRESSAS DO AUTOR


Os autores fizeram o desenvolvimento do seu artigo na ideia central da
existência de “zonas de sacrifícios” permitidas pelo Representante da República em
uma determinada época. Esse termo foi utilizado para classificar determinadas áreas
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em situações de vulnerabilidade em questões econômicas, sociais e ambientais que


até então foram ou continuam sendo negligenciadas pelo governo. A seguir, será
abordado pressupostos que o autor descreveu para a negligência do governo com o
desastre ambiental gerado por derramamento de óleo na região Nordeste do Brasil
em 2019.
O presidente eleito Jair Bolsonaro teve grande índices de negação vindo da
região nordeste do país e consequentemente houve hostilidade entre o presidente e
os governadores dos nove estados dessa região. Nesse cenário, tal região não teve
grandes inclusões em planos econômicos de crescimento.
De forma lenta, o Brasil havia adotado políticas de prevenção a desastres
ambientais com base em leis e decretos criados desde 2000 e outras que foram
sendo criadas. Isto é, duas delas foram o Comitê Executivo e o Comitê de Suporte
da PNC que foram revogadas em 2019 pelo presidente. Nesse mesmo ano
aconteceu o maior desastre ambiental que já aconteceu na região litorânea do país.
Grandes quantidades de óleo cru aparecendo no litoral da região nordeste.
O desastre aconteceu dia 30 de agosto e durou até março de 2020 atingindo
11 estados, porém o problema só ganhou significância nacional quando as manchas
apareceram nos estados de Espírito Santo e Rio de Janeiro e até isso acontecer
durou cerca de 40 dias. De acordo com os autores, a ação tardia do governo com o
Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição em águas por Óleo
levantou questões do porquê ela só seria aplicada após aparecer na região Sudeste.
O caso de revogação do Comitê Executivo da PNC favoreceu para a ação
tardia do governo perante a situação e trouxe dificuldades na implementação do
plano de combate ao óleo. Nesse viés, houve grandes consequências econômicas e
sanitárias nesta região. Pois a pescaria que supre um terço da produção nacional de
pescado do país (Ministério da pesca e aquicultura, 2011, p.21) teve o valor do seu
produto diminuído pela metade, pois a possibilidade de os peixes estarem
contaminados pelo óleo fez com que a demanda de seu produto diminuísse e
consequentemente a renda deles diminuíram. Além disso, vários pescadores e
cidadãos se voluntariaram na coleta de óleo nas praias e sem a devida proteção
trouxe riscos à saúde. Com isso, a população estava com problemas de
vulnerabilidade econômica, sanitária e ambientais.
Em síntese, o autor defende a ideia das “zonas de sacrifício” com base nas
condutas do presidente na época. Além disso, o autor dá ênfase na negligência e a
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ação tardia do governo perante essa situação, o tratamento político diferenciado


para com determinadas regiões (Sudeste e Nordeste), a diminuição do poder de
órgãos responsável por combater desastres ambientais e as consequências que os
pescadores e moradores tiveram de sofrer por conta disso. No geral, o autor
defende a sua ideia com base nesses fatos ocorridos.

2.3 ANÁLISE CRÍTICA E OUTRAS PERSPECTIVAS


Como mencionado anteriormente, os autores apropriaram-se do termo “zonas
de sacrifício” para se referir às regiões que carecem das políticas públicas e que
são, de alguma forma, afetadas pelo desenvolvimento industrial. Viégas (2006, p. 1),
concorda nessa perspectiva ao considerar que a expressão “zonas de sacrifício” é
utilizada pelos movimentos de justiça ambiental para designar localidades em que se
observa uma superposição de empreendimentos e instalações responsáveis por
danos e riscos ambientais. Ela tende a ser aplicada a áreas de moradia de
populações de baixa renda, onde o valor da terra relativamente mais baixo e o
menor acesso dos moradores aos processos decisórios favorecem escolhas de
localização que concentram, nestas áreas, instalações perigosas. A designação
“zona de sacrifício” surgiu nos Estados Unidos, quando o movimento de Justiça
Ambiental associou a concentração espacial dos males ambientais do
desenvolvimento ao processo mais geral que produz desigualdades sociais e raciais
naquele país. Tal movimento ganhou força em 1987, quando um estudo patrocinado
pela Comissão de Justiça Racial da United Church of Christ mostrou que todos os
depósitos de lixo tóxico do território americano estavam localizados em áreas
habitadas pela comunidade negra. Seu resultado apontou para a existência do que
passou a ser chamado de “racismo ambiental”, articulando as lutas ambientais às
lutas tradicionais pelos direitos civis.
Ainda de acordo Viégas (2006, p. 20), na perspectiva dos estudiosos da
desigualdade ambiental, o termo "zona de sacrifício" passou a designar locais onde
há ocorrência de múltiplas práticas ambientalmente agressivas, atingindo
populações de baixa renda ou minorias étnicas. Tais populações são vítimas de
impactos indesejáveis de grandes investimentos que se apropriam dos recursos
existentes nos territórios, concentram renda e poder, ao mesmo tempo em que
atingem a saúde de trabalhadores e a integridade de ecossistemas de que
dependem. Como agravante, esses mesmos grupos, submetidos aos mais variados
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riscos ambientais, são aqueles que dispõem de menos condições de se fazerem


ouvir no espaço público, não tendo oportunidade de colocar em questão os efeitos
da desigual distribuição da poluição e da proteção ambiental.
Na disputa a qual é apresentada entre o poder público e as comunidades
locais atingidas pelo desastre, pode-se considerar o que Leroy (2011, p. 5) afirma ao
dizer que está se discutindo tão somente um conflito entre a concepção dominante
do desenvolvimento e as formas de sobrevivência de certos grupos sociais. No
entanto, as profundas crises ambientais fazem com que a contradição principal
esteja entre o desenvolvimento hoje hegemônico e o futuro da humanidade. Assim,
quando povos indígenas e outras populações rurais/florestais reivindicam seu
território, ou quando moradores de zonas de sacrifício denunciam a contaminação,
estão afirmando a sua vontade de conservar algo precioso para o futuro do planeta e
da humanidade. Sua luta não é mais só deles, mas de todos que se preocupam com
o futuro. Eles dão sentido e concretude ao artigo 225 da Constituição, que assegura
o direito ao meio ambiente de forma ecologicamente equilibrada.
Os autores destacam ainda a hostilidade e ineficiência percebidas no governo
em relação à gestão de desastres ambientais, a importância da questão em termos
de significância nacional e as críticas direcionadas às decisões consideradas
erradas, tomadas pelo presidente da época, Jair Messias Bolsonaro.
A esse respeito é importante destacar a trajetória de Bolsonaro na
presidência. Um desgoverno marcado por controvérsias e decisões errôneas
tomadas pelo mesmo, referente a proteção ambiental, onde o ex-presidente chegou
a cogitar a possibilidade de extinguir o Ministério do Meio Ambiente. Apesar de não
ter sido levada adiante, houve um relaxamento com relação às políticas de proteção
ambiental, como por exemplo a revogação do Comitê Executivo e o Comitê de
Suporte da PNC, que será tratada posteriormente. Esta e outras ações do governo,
como a extinção de secretarias e exonerações de especialistas, demonstram o
descaso do governo e um desmonte da política ambiental.
De acordo com relatório feito pela Comissão Externa que acompanhava as
investigações do desastre, foi concluído que os órgãos federais foram omissos
diante do mesmo, contribuindo para a tomada de decisão tardia (Agência Câmara de
Notícias), o que inviabilizou a possibilidade de minimizar os impactos ecológicos no
país. Sua resposta tardia ao desastre é altamente condenável, pois o Plano Nacional
de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo deveria ter sido ativado muito
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antes das manchas de óleo atingirem a região Sudeste, vale ressaltar que o Plano
só foi ativado por meio de ação judicial. A falta de preparação eficaz revela uma
visão de curto prazo e confirma, mais uma vez, a falta de priorização da proteção
ambiental.
O ex-presidente ainda adotou uma postura lamentável diante do assunto. Em
uma de suas declarações feitas sobre o desastre, ele afirmou que o derramamento
de óleo não era responsabilidade do Brasil, ou seja, sua única preocupação era
encontrar um culpado, alguém que ele pudesse responsabilizar. Essa postura não
vinha apenas de Bolsonaro, mas essas manifestações que buscavam apenas
encontrar um culpado também partiram do ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, que chegou a acusar o Greenpeace, uma Organização Não Governamental
(ONG), de ser responsável pelo vazamento de petróleo. Essas manifestações
demonstram, mais uma vez, a total negligência tanto de Bolsonaro quando de seu
Ministro, pois em vez de agirem de forma responsável e dedicada a encontrar
soluções, optaram por buscar culpados, revelando um sério déficit no
comprometimento com a preservação e com a população que estava sendo afetada
pelo problema.
Partindo do pressuposto dos autores, aborda-se o fato de a revogação do
Comitê Executivo da PNC ter favorecido para a ação tardia do governo, tendo em
vista que o objetivo do PNC, que foi criado pelo governo Dilma Rousseff (PT) em
2013, é preparar o país para casos como esse. O comitê Executivo, que foi excluído
através de decreto por Bolsonaro, previa elaboração de simulados e treinamento de
pessoal, além de manter recursos para resposta à emergência. Já o comitê de
Suporte, também excluído por Bolsonaro, tinha a incumbência de indicar recursos
humanos e materiais para ações de resposta a incidentes com óleo. A existência
desses comitês desempenhava um papel crucial na preparação e resposta a
situações de derramamento de óleo, algo que se mostrou necessário, especialmente
após o desastre ambiental de 2019. A exclusão dos mesmos, deixou o país em uma
situação de vulnerabilidade, o que se tornou propício ao levantamento de
questionamentos sobre a capacidade do governo de lidar eficazmente com
desastres ambientais desse tipo.
Com relação ao fato de o governo ter utilizado de favoritismo político por ter
agido somente quando a região Sudeste foi atingida, é algo questionável, uma vez
que o Nordeste é uma região que historicamente é excluída de políticas de
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investimento para industrialização. Não necessariamente se trata de favoritismo, e


sim da negligência do presidente, tendo em vista que ele sempre minimiza a
relevância de assuntos relacionados ao meio ambiente, nesse episódio não seria
diferente. Vale destacar que seu governo tem um histórico de desastres recentes no
Brasil, como as queimadas no Pantanal e na Amazônia que foram minimizadas pelo
gestor. Ou seja, a proteção ambiental sempre foi tratada como segundo plano ou
como algo de mínima relevância para o país.
A ação tardia do governo causou impactos nas comunidades locais,
especialmente os pescadores e moradores da região, pois houve diminuição da
renda devido à contaminação. Apesar de ter sido disponibilizado ajuda emergencial
às famílias afetadas, nota-se novamente mais uma falha do governo, tendo em vista
que a ajuda só chegou em novembro, três meses depois de iniciado o desastre.
Destacando também os riscos à saúde daqueles que se voluntariaram para a
limpeza sem proteção adequada, essas sendo consequências diretas da inação do
governo. O relatório parcial realizado pela Comissão Externa também concluiu que
não houve alerta e pronta orientação às prefeituras e às comunidades locais, nem
informação clara acerca da toxicidade do óleo e dos riscos de contaminação
(Agência Câmara de Notícias) e os possíveis riscos à saúde, o que denota uma
falha de comunicação do governo.
O correspondente da BBC News Brasil, João Fellet, demonstra, segundo
especialistas ouvidos pelo canal de notícias, que existem casos em que não há
necessidade de acionar o Ministério do Meio ambiente, como o de poluição por lixo,
por exemplo, ou casos de pequena escala, porém, como o ocorrido em 2019, cabem
ao Ministério e ao IBAMA, a limpeza e a investigação. Tais órgãos têm a primazia,
porém contam com a ação das secretarias estaduais e municipais, além da defesa
civil.

3 CONCLUSÃO
Pode-se considerar que, de acordo com o que foi analisado, o litoral afetado
pelo desastre do derramamento de óleo em 2019, trouxe para o debate a
classificação das regiões do nordeste, as principais atingidas, como zonas de
sacrifício. O termo já havia sido usado anteriormente em pautas ligadas às
necessidades de políticas ambientais e sociais nos EUA, com relação às áreas
afetadas pela poluição.
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Os autores Knox e Ferreira trouxeram um panorama geral das conquistas e


perdas que as regiões do Brasil, caracterizadas nessa classificação, tiveram ao
longo dos governos, desde os anos 2000, seja no âmbito ambiental, no econômico e
social.
É de notar, portanto, que os autores demonstraram que o desastre afetou de
diversas formas as populações das regiões atingidas, pois as mesmas tiveram
perdas econômicas quanto ao sustento da pesca e do turismo, por exemplo, como
de forma social, quanto ao descaso demonstrado ao longo do texto. Sem mencionar
os impactos ambientais para o ecossistema presente nesses locais.
Dessa forma, entende-se o trabalho dos autores como uma forma de
denúncia quanto à atuação do governo frente ao ocorrido, mas também ao
desmonte de políticas, que, para os estudiosos, permitiria medidas não somente
perante o fato ocorrido, mas também na prevenção de desastres como esse.
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REFERÊNCIAS:
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mineração. Brasil de fato, Belém. 2020. Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2020/02/17/zona-de-sacrificio-dois-anos-apos-crime-barcarena-sofre-
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https://congressoemfoco.uol.com.br/projeto-bula/reportagem/salles-sugere-que-navio-do-greenpeace-
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https://oeco.org.br/reportagens/bolsonaro-defende-o-fim-do-ministerio-do-meio-ambiente/. Acesso em:
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O mistério do óleo: Venezuela? Navio grego? Investigação sigilosa não responde quem derramou
óleo no litoral brasileiro. Uol. São Paulo, 2022. Disponível em:
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