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RESUMO 3º Trimestre P.D.a.
RESUMO 3º Trimestre P.D.a.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM
Sumário
ETAPA 1......................................................................................................3
AU1 - Psicologia do desenvolvimento........................................................................3
SEÇÃO 1: O conceito de Psicologia do Desenvolvimento...................................3
SEÇÃO 2: As áreas de abrangência da Psicologia do Desenvolvimento............4
SEÇÃO 3: O enfoque da Psicologia do Desenvolvimento....................................5
SEÇÃO 4: As controvérsias da Psicologia do Desenvolvimento.........................6
SEÇÃO 5: Os métodos da Psicologia do Desenvolvimento.................................7
SEÇÃO: RECAPITULANDO................................................................................8
AU2 - O conceito de desenvolvimento humano........................................................9
SEÇÃO 1: O conceito de desenvolvimento humano............................................9
SEÇÃO 2: O processo de desenvolvimento e a questão da periodização...........9
SEÇÃO 3: Etapas da vida dos sujeitos – parâmetros de desenvolvimento......10
SEÇÃO 4: A importância do contexto para a etapização do desenvolvimento
.................................................................................................................................11
SEÇÃO 5: A construção da singularidade dos sujeitos.....................................12
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................13
AU3 - O desenvolvimento na perspectiva de Jean Piaget......................................14
SEÇÃO 1: Quem foi Jean Piaget.........................................................................14
SEÇÃO 2: A Epistemologia Genética de Jean Piaget........................................15
SEÇÃO 3: As etapas do desenvolvimento na perspectiva piagetiana..............16
SEÇÃO 4: O conceito de conflito cognitivo e as práticas educativas...............17
SEÇÃO 5: O jogo e o simbolismo infantil...........................................................18
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................19
AU4 - O desenvolvimento Psicológico na perspectiva de Vygotsky......................20
SEÇÃO 1: Quem foi Lev Vygotsky......................................................................20
SEÇÃO 2: A teoria histórico-cultural de Vygotsky...........................................21
SEÇÃO 3: O conceito de mediação......................................................................22
SEÇÃO 4: Desenvolvimento e aprendizagem na perspectiva vygotskyana.....23
SEÇÃO 5: O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal.........................23
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................24
AU5 - O desenvolvimento psicológico na perspectiva de Henri Wallon...............25
1
SEÇÃO 1: Quem foi Henri Wallon......................................................................25
SEÇÃO 2: A psicologia da pessoa na perspectiva de Wallon............................26
SEÇÃO 3: O papel da afetividade no desenvolvimento humano segundo
Wallon.....................................................................................................................27
SEÇÃO 4: As etapas do desenvolvimento segundo Wallon...............................28
SEÇÃO 5: A importância do movimento na constituição da pessoa................29
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................30
AU6 - A Escola Sociológica Europeia......................................................................31
SEÇÃO 1: Quem foi Skinner................................................................................31
SEÇÃO 2: O estudo do comportamento humano..............................................33
SEÇÃO 3: Os reforçadores na teoria de Skinner...............................................33
SEÇÃO 4: Os usos do Behaviorismo...................................................................34
SEÇÃO 5: O uso de reforçadores e a construção da autonomia dos sujeitos..35
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................36
ETAPA 2....................................................................................................37
AU7 - O desenvolvimento psicológico na perspectiva de Carl Rogers.................37
SEÇÃO 1: Quem foi Carl Rogers........................................................................37
SEÇÃO 2: A teoria Humanista............................................................................38
SEÇÃO 3: A relação entre o ensino e a aprendizagem......................................39
SEÇÃO 4: O relacionamento interpessoal como promotor da aprendizagem 40
SEÇÃO 5: Elementos facilitadores da aprendizagem........................................41
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................42
AU8 - O Desenvolvimento Psicológico na Primeira Infância................................43
SEÇÃO 1: O conceito de primeira infância........................................................43
SEÇÃO 2: Desenvolvimento físico e psicomotor até os dois anos de idade.....44
SEÇÃO 3: Desenvolvimento cognitivo até os dois anos de idade......................45
SEÇÃO 4: O desenvolvimento da linguagem.....................................................46
SEÇÃO 5: O desenvolvimento socioafetivo nos dois primeiros anos de vida. .47
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................48
AU9 - O desenvolvimento na perspectiva de Jean Piaget......................................49
SEÇÃO 1: Quem foi Jean Piaget.........................................................................49
SEÇÃO 2: A Epistemologia Genética de Jean Piaget........................................49
SEÇÃO 3: As etapas do desenvolvimento na perspectiva piagetiana..............49
SEÇÃO 4: O conceito de conflito cognitivo e as práticas educativas...............49
SEÇÃO 5: O jogo e o simbolismo infantil...........................................................49
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................49
AU10 - O desenvolvimento Psicológico na perspectiva de Vygotsky....................49
2
SEÇÃO 1: Quem foi Lev Vygotsky......................................................................49
SEÇÃO 2: A teoria histórico-cultural de Vygotsky...........................................49
SEÇÃO 3: O conceito de mediação......................................................................49
SEÇÃO 4: Desenvolvimento e aprendizagem na perspectiva vygotskyana.....49
SEÇÃO 5: O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal.........................49
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................49
ETAPA 1
3
No mais que os indivíduos avançam em seus percursos de desenvolvimento mais
irão se constituindo como sujeitos únicos, a crescente individualização dos sujeitos
explica por que os aportes teóricos da psicologia do desenvolvimento encontramos uma
quantidade maior de escritos sobre as menores idades, uma quantidade menor sobre as
maiores.
Quanto mais nos distanciamos do predomínio de caráter biológico característico
das idades mais precoces, mais nos diferenciamos dos outros indivíduos a nossa espécie.
SEÇÃO 2: As áreas de abrangência da Psicologia do Desenvolvimento
Modelo Mecanicismo
4
Os psicólogos behavioristas são adeptos de um modelo mecanicista. O
organismo humano assemelha-se a uma máquina que reage passivamente às imposições
do meio externo que determinam as suas progressivas modificações. São as
aprendizagens que o indivíduo efetua no contacto com as situações ambientais que
determinam as diferenças qualitativas que ocorrem nas reações comportamentais ao
longo da vida.
Em suma, psicólogos como Watson e Skinner fazendo “tábua rasa” dos
processos maturacionais, negligenciam qualquer interferência de fatores internos
associados ao organismo. Reduzindo o comportamento ao binómio S → R, acreditam
que as diferenças detectadas na evolução do indivíduo se devem exclusivamente às
situações do meio. A este propósito recordemos a célebre convicção de Watson de ser
capaz de fazer de qualquer criança saudável um adulto do tipo que entendesse.
Modelo Organicismo
5
Em contraposição a ideia de que os organismos humanos se desenvolvem
sempre numa mesma direção a perspectiva do ciclo de vida defende que o
desenvolvimento humano não possui nem metazônicas nem universais.
A crítica, ênfase nas variáveis e universais fundamenta-se na importância
atribuída as variáveis, históricas e culturais no percurso de desenvolvimento, indivíduos
que se encontram na mesma etapa da vida, tem percursos de desenvolvimento bastante
distintos se inseridos em diferentes contextos históricos e culturais. Como exemplo,
podemos citar os bebês, do ponto de vista biológico, eles são bastante parecidos, no
entanto, em diferentes culturas eles são tratados de maneiras distintas, podemos
encontrá-los dormindo em berços, em redes ou em esteiras no chão, onde essas
diferenças irão atribuir características diferentes ao percurso de desenvolvimento de
cada um deles.
Um outro exemplo diz respeito à adolescência, historicamente houve um tempo
no qual ela não existia tal qual a concebemos hoje., sempre houve o jovem, contudo o
que hoje entendemos como adolescência é uma construção histórica que se refere ao
momento que estamos vivendo.
A ideia dos ciclos de vida é bem mais promissora para a compreensão do
fenômeno do desenvolvimento do que a ideia dos estágios na medida em que não
remete a uma passagem por um por um percurso natural da vida humana, mas sim a um
percurso contextualizado, histórica e culturalmente.
Ainda que as discussões psicológicas continuem versando sobre as questões da
infância, da adolescência, da vida adulta e da velhice a perspectiva dos ciclos de vida
permite que os sujeitos que se encontram em cada uma dessas etapas sejam pensados de
maneira concreta a partir da inserção no mundo social em situações históricas e
culturais determinadas.
6
Os adeptos da perspectiva heterocrônica afirmam que os fatos psicológicos não
podem ser caracterizados de maneira sincrônica, sendo independentes e heterocrônicos.
Uma posição mais conciliatória tem defendido a ideia de que alguns domínios ou
conjunto de conteúdos como alguns aspectos da linguagem são sincrônicos enquanto
outros como a linguagem e a memória são heterocrônicos.
A continuidade e descontinuidade é uma controvérsia que deve ser objeto de
reflexão, ela pode ser pensada a partir de duas questões:
Podemos prever o desenvolvimento de uma pessoa em um momento
determinado se conhecermos como foi seu desenvolvimento em um momento anterior?
Podemos nos libertar do nosso passado evolutivo se ele foi adverso?
Os estudos da psicologia evolutiva revelam que embora estejamos sujeitos às
mudanças é possível prever tendências de desenvolvimento num determinado período se
conhecermos as características do período anterior uma vez que há uma tendência de
continuidade no desenvolvimento psicológico humano.
No que se refere a segunda questão proposta durante muito tempo acreditou-se
que as experiências prévias sobretudo aquelas vivenciadas nos primeiros anos de vida
deixariam marcas irreversíveis no psiquismo dos sujeitos, os estudos realizados sobre o
tema mostraram que essa irreversibilidade não é real.
Os estudos revelaram também que sujeitos concretos lidam de maneiras
diferentes com o mesmo tipo de experiência revisitando as diferentes formas ao longo
de seus percursos de desenvolvimento.
7
realização da entrevista no sentido de confirmá-las ou refutá-las, o
interrogatório é aberto e guiado pelas hipóteses que o entrevistador vai
formulando.
Os questionários, testes e altos relatos consistem na aplicação de
instrumentos organizados de acordo com os propósitos pretendidos, com
diferentes graus de padronização, de estruturação interna e de sistema de
categorização das respostas.
O método de estudos de caso consiste na análise de casos singulares em
que os aspectos qualitativos e de ossincrásicos são considerados
fundamentais.
As descrições etnográficas se referem às atividades de observação
participante, durante as quais são realizadas anotações que
posteriormente serão utilizadas para descrição pormenorizada.
Os dados a partir da utilização dos diferentes métodos podem ser analisados
tanto do ponto de vista mais qualitativo quanto quantitativo. No entanto o que garante
que uma pesquisa é evolutiva não é nenhum método utilizado para coleta de dados nem
as estratégias utilizadas para a sua compilação e análise.
A garantia de que uma pesquisa seja evolutiva é dada pela utilização de formatos
em que a variável idade assume um papel organizador importante.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
8
AU2 - O conceito de desenvolvimento humano
SEÇÃO 1: O conceito de desenvolvimento humano
9
Há várias teorias da psicologia do desenvolvimento que elaboraram modelos
apoiados em etapas de desenvolvimento que se encadeiam de maneira universal e
atemporal.
No percurso histórico da psicologia evolutiva, esses modelos foram
predominantes na maior parte do tempo. Os modelos que se apoiam na periodização do
desenvolvimento são embasados pelo conceito de desenvolvimento necessário de
caráter predominantemente biológico. A descrição do desenvolvimento como processo
necessário alguns fatores importantes para a constituição dos sujeitos não são
valorizados como os relacionados a experiência social e a comunicação os aportes
teóricos da perspectiva sociocultural apontam justamente a importância desses fatores
para a compreensão do desenvolvimento humano e fundamentam as críticas aos
modelos de periodização que apresenta o percurso de desenvolvimento como sendo
universal e atemporal.
De acordo com os teóricos da abordagem sociocultural, o desenvolvimento pode
assumir características bastante diferentes em contextos distintos, não se trata de negar o
papel de se componentes biológicos do desenvolvimento. Trata-se de pensarmos como
possibilidade de desenvolvimento que irão se concretizar ou não dependendo das
oportunidades oferecidas pelo meio no qual o sujeito está inserido, em outras palavras,
trata-se de articular os componentes biológicos do desenvolvimento cujo demais fatores
que interagem na constituição do indivíduo da espécie humana.
Por exemplo, do ponto de vista biológico todos os indivíduos da espécie humana
que não tenham qualquer tipo de deficiência podem aprender a ler e a escrever.
Contudo, indivíduos que fazem parte de sociedades ágrafas (sem escrita), bastante raras
na atualidade, não aprenderão a ler e escrever pois nunca terão a possibilidade e a
necessidade de interação com materiais escritos.
Isso significa que os fenômenos do desenvolvimento originalmente provenientes
das características da espécie ou das fases do desenvolvimento individual, recebem
significados diferentes e tratamentos peculiares dentro de cada cultura e em cada
momento histórico. Além dos fatores culturais, sociais e históricos que interferem no
percurso de desenvolvimento dos sujeitos, não podemos deixar de considerar a
construção de suas singularidades e tornam sujeitos únicos.
As singularidades são frutos das experiências particulares de cada indivíduo são
únicas, que fazem com que o desenvolvimento psicológico seja repetível. Sujeitos que
se encontram na mesma etapa da vida estejam inseridos em um mesmo contexto terão
percursos de desenvolvimento semelhantes, mas não iguais, pois maneira pela cada um
deles interagirá com o que está posto a sua volta fará com que suas experiências sejam
únicas.
Se atentar para a construção das singularidades dos sujeitos é fundamental para
que as influências dos contextos social, histórico e cultural não passem a ser vistos
como fatores determinantes do percurso do desenvolvimento humano. A construção do
desenvolvimento humano deve ser vista como resultante de uma combinação única dos
fatores psicológicos, sociais, históricos e culturais, impossível de ser repetida.
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Para determinação das etapas do desenvolvimento os autores utilizavam como
critério etapa da vida na qual os indivíduos se encontravam, como elemento divisória
entre as etapas, o fator etário. Atualmente é sabido que as etapas do desenvolvimento se
constituem como parâmetros e devem ser articulados com outros fatores para que seja
possível a compreensão das condutas humanas.
As etapas do desenvolvimento continuam se constituindo como importantes
parâmetros para compreensão do desenvolvimento humano uma vez que sinalizam
aquilo que pode ser esperado do ponto de vista biológico do seu organismo da espécie
humana.
Para que possamos compreender melhor a importância da etapa da vida na qual
o sujeito se encontra para o seu desenvolvimento, vamos nos remeter aos referenciais
teóricos de Vygotsky um dos mais importantes da perspectiva sociocultural da
psicologia.
Para Vygotsky que há quatro fatores que influenciam o desenvolvimento
humano considerados como planos genéticos do desenvolvimento:
A filogênese refere-se à história do ponto de vista de limites e possibilidades de
cada espécie animal
A ontogênese refere-se à história do ponto de vista biológico de cada indivíduo
de uma determinada espécie animal.
A sociogênese prefere-se as possibilidades e limitações oferecidas pelo contexto
no qual o desenvolvimento ocorre., abrange os contextos culturais, sociais e históricos
nos quais o indivíduo está inserido.
A microgênese refere-se a história das aprendizagens individuais que constituem
as singularidades dos sujeitos
A etapa da vida na qual o indivíduo se encontra traz possibilidades e limitações
dadas pela ontogênese. Quando sabemos em qual etapa da vida o sujeito se encontra
temos a possibilidade de saber o que podemos esperar dele do ponto de vista biológico.
Jean Piaget ao elaborar uma teoria na qual o desenvolvimento humano está
organizado em períodos enunciou que uma criança só desenvolve a capacidade de
abstração por volta dos sete anos de idade, na educação infantil não é incomum
encontrarmos propostas de ensino que tem início com o traçado dos números em geral
em atividades para cobrir pontilhados acompanhados da recitação do nome dos
números.
Se essas atividades não são precedidas por outras atividades que possibilitam a
construção do ponto de vista cognitivo do conceito do número e se são propostas para
crianças com idades inferiores apontadas por Piaget podemos inferir essas atividades
não promovem aprendizagem, mas sim a memorização e a mecanização de
procedimentos.
Veremos na discussão dos outros fatores que interferem no desenvolvimento que
não podemos afirmar que a capacidade de abstração ocorre aos sete anos, tendo em vista
que para algumas crianças ela poderá ocorrer antes e para outras depois, dependendo
das oportunidades oferecidas pelo meio o qual estão inseridas.
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Na perspectiva de Vygotsky esse plano genético é chamado de sociogênese e
determina limites e possibilidades de desenvolvimento para os indivíduos que estão
inseridos em um determinado contexto, quando nos referimos ao contexto estamos
levando em consideração as variáveis sociais, culturais e históricas.
Se a etapa da vida torna semelhante os indivíduos que se encontram em uma
mesma faixa etária do ponto de vista do desenvolvimento biológico o contexto torna
semelhantes os indivíduos que estão inseridos em uma mesma realidade. A constatação
que contextos variados oferecem diferentes oportunidades de desenvolvimento, traz
elementos para que a etapização apresentada por algumas teorias psicológicas seja
analisada criticamente.
Um exemplo que pode ser utilizado para ilustrar a relatividade dos períodos de
desenvolvimento apresentados como sendo universais e atemporais desrespeito a
linguagem.
Para Piaget a primeira etapa do desenvolvimento humano intitulada período
sensor e motor vai do nascimento até os dois anos de idade, o que marca o final desse
período e o início do próximo chamado de período pré-operatório é o aparecimento da
linguagem, entendido aqui como a fala.
A criança se começa a falar antes dos dois anos de idade outras que falam depois
dessa idade, o desenvolvimento da fala tem um componente que é biológico e diz
respeito a maturação do aparelho fonador, mas há também a influência do contexto no
qual a criança está inserida. Crianças submetidas a um ambiente falante rico em
estímulos e interações verbais significativas, sentem se mais estimuladas a falar e
apresentam o universo vocabular mais amplo do que crianças submetidas a um ambiente
menos estimulante.
Se o ambiente tem o papel determinante no desenvolvimento da fala infantil,
assumir que todas as crianças falam aos dois anos de idade significa desconsiderar as
diferenças individuais e os diferentes ritmos de aprendizagem, resultantes da interação
do sujeito com o meio no qual está inserido.
Um cuidado especial deve ser tomado em relação a influência do meio no
percurso de desenvolvimento dos sujeitos para que ela não se constitua como um fator
de preconceito em relação as capacidades de desenvolvimento de indivíduos de
contextos sociais menos privilegiados.
Durante muito tempo na história da educação brasileira o pertencimento às
classes sociais menos favorecidas foi utilizado como justificativa para o fracasso escolar
dos indivíduos. Essa justificativa não é procedente, indivíduos de classes sociais menos
favorecidas tem o seu ambiente de origem menos oportunidades de interação com
objetos de conhecimentos variados, contudo, isso não minimiza suas capacidades de
aprendizagem.
O meio familiar no qual o indivíduo está inserido é apenas um dos contextos de
desenvolvimento, cabe a escola ciente do meio social originário de seus alunos
proporcionar as oportunidades que eles não teriam fora da escola. Somente assim a
escola se constituirá como elemento minimizador das diferenças sociais.
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O que determina a não igualdade entre o sujeito de uma mesma faixa etária
inseridos em um mesmo contexto, são as particularidades dos sujeitos. São elas que
tornam as experiências individuais e repetíveis e os sujeitos únicos.
Vygotsky que atribuem a esse plano genético do desenvolvimento o nome de
microgênese, a microgênese é caracterizada pela emergência do psiquismo individual a
partir da articulação entre os fatores biológicos, históricos, sociais e culturais do
desenvolvimento. A microgênese se refere a história das aprendizagens realizadas por
um indivíduo longo de um período relativamente curto. Assim são exemplos de
manifestações da microgênese, aprendizagem de uma nova palavra, uma nova
habilidade apresentada por uma criança, como amarrar o próprio sapato.
Vygotsky se refere-se a microgênese como sendo situações únicas vivenciadas
de maneira particular que modificam a atividade das funções mentais superiores
levando o indivíduo a outros níveis de desenvolvimento.
A microgênese articula os demais fatores relacionados ao desenvolvimento, uma
vez que cada aprendizagem individual ocorre de maneira contextualizada. A
microgênese de aprender a andar de bicicleta na infância por exemplo articula as
capacidades motoras do aprendiz numa determinada etapa da sua vida, num contexto
histórico e cultural no qual essa aprendizagem é valorizada num contexto social no qual
o indivíduo tem acesso ao objeto bicicleta.
Essa microgênese irá ocorrer mais cedo ou mais tarde, dependendo da
articulação de todos esses fatores ou pode nunca ocorrer caso um deles se constitua
como um impeditivo. Indivíduos que se encontram em uma mesma etapa do
desenvolvimento e que estejam inseridos em um mesmo contexto, terão microgêneses
distintas em relação ao mesmo objeto de aprendizagem.
Isso justifica que no contexto escolar crianças da mesma idade inseridas em um
mesmo contexto histórico-cultural e social não aprendam da mesma maneira. Essas
crianças têm experiências únicas e maneiras únicas de interagir com as situações de
aprendizagem disponibilizadas.
Sendo a porta aberta para a construção das singularidades do sujeito, a
microgênese se constitui como um dos principais elementos para o embasamento das
críticas aos modelos de desenvolvimento organizados em etapas. Ele contradiz, por
exemplo, a ideia de que o fator etário pode ser utilizado como critério para separação
entre as etapas do desenvolvimento e que as etapas podem ser pensadas de maneira
descontextualizadas.
Essa consideração também é fundamental para que o docente compreenda por
que nem todos os alunos aprendem do mesmo jeito e ao mesmo tempo. Os métodos
utilizados nas abordagens tradicionais de ensino partiram desse pressuposto e
desconsideravam as diferenças individuais.
Reconhecer as diferenças individuais a partir da construção das singularidades é
fundamental para que elas sejam respeitadas e contempladas.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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Na perspectiva do desenvolvimento como sendo natural, o principal fator que
determina o seu percurso é de origem biológica. Dessa ótica, o desenvolvimento
acontece sempre da mesma maneira: universal e atemporalmente.
Essa perspectiva deu origem a modelos de desenvolvimento organizados em
períodos ou etapas, que não mudam ao longo da história da humanidade.
Na perspectiva do desenvolvimento mediado, outros fatores são levados em
consideração para a sua compreensão, como o contexto no qual o indivíduo está
inserido e as particularidades de cada sujeito.
A adoção dessa perspectiva relativiza as etapas do desenvolvimento, colocando-
as como parâmetros que devem ser analisados em conjunto com os demais fatores.
A compreensão da influência dos fatores na constituição dos percursos de
desenvolvimento humano é fundamental para que as práticas educativas possam ser
pensadas levando em consideração as diferenças individuais, de maneira que atendam às
demandas de aprendizagem de todos os alunos.
Jean Piaget foi um menino prodígio, sempre foi muito estudioso. Com onze anos
de idade publicou o seu primeiro artigo sobre um pardal albino que ele havia observado
em um parque público.
Piaget nasceu 09 de agosto de 1896 na Suíça, aos dezenove anos ele licenciou-se
em ciências naturais e logo em seguida em filosofia, nessa época também apresentava
grande interesse por temas ligados a sociologia, as religiões e a psicologia.
Três anos depois concluiu sua tese de doutoramento na área de biologia, no ano
seguinte mudou-se para França e dedicou-se a estudar psicopatologia lógica e
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epistemologia e filosofia da ciência. Foi nesse momento que o Piaget entrou em contato
com o método de pesquisa e entrevista clínica técnica que passou a utilizar no
desenvolvimento de suas pesquisas posteriores. Nessa época fui convidado a trabalhar
com Alfred Binet, importante psicólogo francês e um dos responsáveis pela criação dos
conhecidos testes de QI, (quociente da inteligência).
Iniciou então seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo e percebeu uma
evolução gradativa nesse desenvolvimento de acordo com a idade da criança, foi a partir
dessa constatação que viajou começou a se interessar pelo desenvolvimento infantil e a
observar as respostas dadas por grupos de crianças de uma mesma idade nos testes
propostos por ele, utilizando a técnica da entrevista clínica.
Os estudos de Piaget sobre a inteligência infantil revolucionaram os
conhecimentos sobre cognição realizados até então, ao mostrar que as crianças não
pensavam como os adultos e que construíam o próprio aprendizado.
Aos vinte e cinco anos Jean Piaget retornou a Suíça para dirigir o Instituto Jean-
Jacques Rousseau, iniciou as pesquisas que deram origem a sua teoria intitulada
epistemologia genética.
As influências de sua formação inicial na área das ciências naturais e da biologia
podem ser percebidas em sua obra mais importante. Sobretudo no que diz respeito a
organização do desenvolvimento em etapas pensadas a partir das etapas da vida
humana.
Uma das importantes contribuições das descobertas piagetianas para a área da
educação diz respeito a apontamento das limitações das práticas pautadas pela
transmissão de conhecimentos.
De acordo com a perspectiva piagetiana se por um lado essas práticas não podem
fazer com que as crianças aprendam aquilo que elas ainda não têm condições de
absorver por outro mesmo tendo essas condições se elas não se sentirem motivadas a
mobilizar suas capacidades cognitivas para dar conta da nova aprendizagem não
ocorrerá.
As ideias piagetianas ao demonstrarem a inadequação das metodologias
tradicionais de ensino que priorizavam a recepção passiva de conhecimentos embasaram
a revisão das práticas de ensino e levaram a concepção da abordagem construtivista de
ensino, também chamada de construtivismo.
Abordagem construtivista de ensino coloca o aluno em um papel ativo no
processo de construção de novos conhecimentos e pressupõe atividades educativas nas
quais o professor assume o papel de mediador entre os educandos e os objetos de
conhecimento.
Jean Piaget faleceu em 17 de setembro de 1980 em Genebra aos oitenta e quatro
anos, mas suas ideias ainda são bastante discutidas nos cenários educacionais
brasileiros.
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A resposta para esses questionamentos pode ser encontrada em várias teorias
psicológicas. Dentre as quais a epistemologia genética.
Epistemologia genética, teoria criada por Jean Piaget, recebe esse nome porque
tem como fontes conhecimentos científicos, a epistemologia e a gênese desse
conhecimento, a genética.
O foco da epistemologia genética é o sujeito epistêmico, ou seja, sujeito da
aprendizagem e os processos utilizados por ele para a construção de conhecimentos.
Para isso que a Piaget estudou como os indivíduos passam de um estado de
conhecimento para outro que é chamado de transcurso de desenvolvimento.
Dessa forma definiu a epistemologia genética como sendo a disciplina que
estuda os mecanismos e os processos pelos quais o indivíduo passa em seu aprendizado.
Partindo dos estágios de menor conhecimento para os estágios de conhecimentos mais
elevados em direção aos conhecimentos científicos.
A teoria piagetiana foi elaborada com base na observação das relações contínuas
estabelecidas entre o sujeito e os meios físico e social, as quais um constitui o outro e
ambos se transformam mutuamente. Sendo assim, as ideias piagetianas iam de encontro
com as teorias que defendiam que o conhecimento era inato aos seres humanos e
aquelas que achavam que aprendizagem era uma cópia fiel da realidade externa,
transmitida por alguém mais experiente da espécie.
Para ele a aprendizagem só poderia ocorrer por intermédio de interações com o
ambiente a partir das quais ocorrem trocas recíprocas entre o sujeito e o meio, nessa
perspectiva o meio assume um papel de grande relevância no percurso de
desenvolvimento dos sujeitos. Os estudos realizados para elaboração da epistemologia
genética, Piaget realizou investigações sobre a construção do conhecimento humano
desde o nascimento até a idade adulta, dando uma ênfase maior aos processos mentais
ocorridos na infância.
Em suas pesquisas, observou que as crianças que se encontravam em uma idade
próxima tinham os mesmos erros nos testes aplicados por ele, por ocasião das pesquisas
realizadas. Na aplicação de testes começou a se interessar pelas respostas erradas dadas
pelas crianças. E a perceber que elas só eram consideradas como tal porque eram
analisadas do ponto de vista dos adultos.
Como fruto de suas investigações, Piaget desenvolveu sua teoria epistemológica
na qual descreve diferentes níveis de desenvolvimento pelos quais o indivíduo passa ao
longo de sua vida, denominados estágios ou etapas de desenvolvimento.
Piaget descreveu quatro grandes estágios de desenvolvimento sequenciados e
que tem critérios etários de separação:
Período sensório-motor de zero a dois anos,
Período pré-operatório de dois aos sete anos,
Período operatório concreto dos sete aos doze anos,
Período operatório formal, os doze anos em diante
Nos primeiros dois anos de vida a criança age sobre o mundo e o explora
utilizando suas sensações e seus movimentos. Essa construção é muito atrelada ao aqui
e agora, uma vez que ela não possui ainda recursos para representar os objetos do
mundo.
Por volta dos dois anos a criança começa a falar e junto com ela aparecem
funções simbólicas importante desenho, jogo simbólico, entre outras. Que lhe permitem
agir sobre o mundo de uma outra maneira.
16
Na perspectiva piagetiana, desenvolvimento cognitivo de sujeitos se constitui
como uma sucessão de estágios e sub estágios nos quais os esquemas mentais se
organizam e se combinam entre si, formando estruturas. Piaget apresentou seus aportes
teóricos quatro estágios de desenvolvimento sequenciados e separados entre si por
fatores etários, que representam os marcos de transformações qualitativas nas estruturas
cognitivas dos sujeitos.
Primeiro estágio descrito por Piaget é o sensório motor que tem início no
nascimento do bebê e se estende até os dois anos de idade. Uma das principais
características desse período é que a criança conhece o mundo por meio da
manipulação, da percepção e dos movimentos.
Período sensual e motor é seguido pelo período pré-operatório que vai dos dois
aos sete anos aproximadamente, esse período é marcado pelo aparecimento da
linguagem que provoca grandes transformações nas áreas social, afetiva e intelectual. A
linguagem permite que a criança se despregue progressivamente na realidade imediata
que possa representá-la. O egocentrismo se faz presente nessa etapa do desenvolvimento
e o pensamento mistura realidade e fantasia.
Aos sete anos tem início o período operatório concreto que se estende até os
onze, doze anos aproximadamente. E que durante muito tempo coincidiu com o início
da escolarização formal, essa é uma etapa decisiva de avanços mentais para criança,
uma vez que tem início uma fase ininterrupta de novas construções. Esse período é
marcado por início da construção lógica, entendida como a capacidade do sujeito para
realizar uma ação física ou mental dirigida para um objetivo e de revertê-la para o seu
início. Embora a criança crie condições para abstração nesse período a manipulação de
situações concretas ainda se faz necessária.
O último período descrito por Piaget tem início aos doze anos e é chamado de
operatório formal, nesse período o indivíduo apresenta o pensamento formal e não há
mais a necessidade da manipulação física dos objetos. Marca a entrada dos indivíduos
na adolescência e representa um grande salto qualitativo no desenvolvimento cognitivo
do sujeito. É nesse momento que surge o pensamento abstrato ou pensamento hipotético
dedutivo, esse pensamento se manifesta quando o indivíduo é capaz de raciocinar
logicamente mesmo que o conteúdo do seu raciocínio seja falso. Dessa forma, depois
dos onze ou doze anos na adolescência e até a vida adulta, o pensamento abstrato se
torna possível e vai se desenvolvendo.
É importante ressaltar que embora a descrição das etapas piagetianas não aborde
especificamente as idades posteriores adolescentes o desenvolvimento continua
ocorrendo permitindo que os indivíduos adquiram novos conhecimentos até o final de
suas vidas.
Uma das principais contribuições dos estudos realizados por Jean Piaget para a
área educacional diz respeito a constatação de que o sujeito participa ativamente no seu
processo de construção de conhecimentos acerca da realidade externa. Que a interação
entre os sujeitos é fundamental para o desenvolvimento afetivo e intelectual.
A transposição dessas ideias para as práticas educativas coloca o educando suas
ações, seus modos de agir e pensar num lugar central no processo de aprendizagem. A
valorização das interações coloca o professor e os pares como figuras fundamentais para
promoção de avanços no percurso de construção de novos conhecimentos.
A partir dos anos 1980 a concepção construtivista do desenvolvimento de Jean
Piaget invadiu as escolas do mundo, em especial as do Brasil, dando origem ao que foi
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chamado nas escolas brasileiras de construtivismo piagetiano. De acordo com Nogueira
Leal a epistemologia genética piagetiana auxilia o professor no planejamento de
atividades que sejam adequadas em termos cognitivos para as diferentes etapas do
desenvolvimento, uma vez que a oferece um referencial do que pode ser esperado em
cada uma delas.
Além disso, a descrição piagetiana de como ocorre a aprendizagem humana
permite ao professor identificar os elementos que devem ser contemplados nas situações
educativas para que a aprendizagem efetivamente ocorra.
Para Piaget quando o indivíduo domina tudo que está posto a sua volta, ou seja,
quando não há nada desconhecido ele se encontra no estado de equilíbrio ou
equilibração cognitiva. Ao se deparar com um novo elemento, um objeto, uma palavra,
uma situação, esse equilíbrio cognitivo é rompido e é gerado um conflito cognitivo, o
conflito cognitivo gera um desequilíbrio cognitivo.
Assim, toda vez que o indivíduo se encontra em desequilíbrio cognitivo, ele
mobiliza suas capacidades para superar o conflito cognitivo, o primeiro movimento na
busca pela superação é a tentativa de assimilação entendida como a tentativa de
superação do desconhecido a partir de sua aproximação com os conhecimentos que já
haviam sido construídos anteriormente.
Quando isso acontece a criança passou por um processo de acomodação
entendido como uma modificação de suas estruturas cognitivas para incorporação de um
novo elemento e retorna ao estado de equilibração cognitiva.
Para Piaget se não houver conflito cognitivo não há mobilização das capacidades
do sujeito e aprendizagem não ocorre. Essa afirmação piagetiana é fundamental para
que o professor possa propor, boas situações de aprendizagem nas quais o conflito
cognitivo mobilize os alunos de maneira que participem ativamente do processo de
construção de novos conhecimentos.
A necessidade de gerar conflito cognitivo leva o questionamento e ao
consequente abandono das práticas escolares tradicionais nas quais a ação do aluno
estava restrita a cópia a mecanização de procedimentos e a memorização dos conteúdos.
O estágio pré-operatório descrito por Piaget tem seu início marcado pelo
aparecimento da linguagem que permite a criança uma nova forma de ação sobre o
mundo.
Uma outra conquista de grande importância nesse período é o que Piaget
chamou de função simbólica e que envolve três outros aspectos além da linguagem, o
desenho, o jogo simbólico e a imitação.
O aparecimento da linguagem permite que a criança não precise mais do objeto
concreto nem do momento presente para realizar a sua representação. Assim a criança
pode pegar um pedacinho de madeira e utilizá-lo como se fosse um carrinho, pode
brincar de casinha ou de médico imitando situações do seu dia a dia ou ainda imitar uma
pessoa do seu convívio.
Segundo Uzun (2010, p. 146), função simbólica infantil se manifesta quando a
criança consegue diferenciar significantes e significados, por meio de suas
manifestações a criança torna-se capaz de representar um significado, objeto,
acontecimento através de um significante diferenciado e apropriado para essa
representação.
Progressivamente a criança de dois a sete anos passa a ter a possibilidade de
representar ações, situações e fatos da vida dela, manifestando-as por meio da
18
construção da imagem mental, da imitação diferida, do jogo simbólico, da linguagem e
do desenho.
Piaget descreve a evolução do jogo simbólico infantil em três fases distintas:
A primeira fase tem início com a projeção dos esquemas simbólicos nos
novos objetos, ou seja, a criança passa a atribuir a outras pessoas e as
outras coisas o esquema que se tornou familiar. Sendo assim nessa fase é
como uma criança fazer a boneca dormir, comer e tomar remédio, é
comum também ela transformar simbolicamente um objeto em outro,
potinhos em personagens, pedrinhas em comidinhas e assim por diante.
O aparecimento dessas representações mostra que o simbolismo está
desligando-se do exercício sensual e motor e assumindo formas de
representação independentes.
A segunda fase, segundo Piaget tem início por volta dos quatro anos é
marcada pelas construções lúdicas. Nessa fase as crianças apresentam o
progresso na coerência das cenas no estabelecimento da ordem que se
apresenta. Há uma preocupação maior em relação a imitação fidedigna
da realidade, manifestada por um cuidado maior com os detalhes que
compõe cada cena lúdica. Também é característica do jogo simbólico
nessa fase se estende até por volta dos sete anos, o início do simbolismo
coletivo, uma diferenciação e ajustamento de papéis. Os jogos nessa fase
favorecem a socialização e possibilitam uma representação mais coerente
e ordenada das ideias.
A terceira fase que vai dos sete, oito anos até os onze, doze anos, é
caracterizada pelo declínio do simbolismo lúdico. Nessa fase, ele dá
lugar aos jogos de regras e as construções simbólicas cada vez mais
próximas à realidade, há um considerável avanço nas construções, nos
trabalhos manuais e nos desenhos que se apresentam cada vez mais
adaptados ao real.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
19
AU4 - O desenvolvimento Psicológico na perspectiva de Vygotsky
SEÇÃO 1: Quem foi Lev Vygotsky
Vygotsky que nasceu em 1896 numa cidade pequena da antiga Bielorrússia, era
membro de uma família judia, sendo o segundo de oito irmãos.
Seu pai era chefe de departamento em um banco e representante de uma
companhia de seguros. Enquanto sua mãe era professora formada, mas não exercia a
profissão. Membro de uma família bastante culta e com uma situação financeira
privilegiada sua educação primária foi conduzida por um preceptor particular.
Somente os últimos anos do ensino secundário foram realizados em uma escola
particular judaica, seu interesse pelos estudos e por diversas áreas do conhecimento teve
início cedo, ele organizava grupos de estudos com seus amigos, eram assíduos
frequentadores da biblioteca local e aprendeu diversos idiomas dentre os quais o
esperanto.
Vygotsky iniciou seus estudos no curso de medicina e Moscou por influência de
sua família, logo pedindo transferência para o curso de Direito. Após a conclusão do
curso de Direito, passou a se dedicar a licenciatura e aos estudos da psicologia. Seus
estudos o tornaram renomado psicólogo e fizeram com que ele retornasse ao curso de
medicina.
Na faculdade de medicina exerceu vários cargos políticos e científicos, além de
ter realizado diversas intervenções com crianças com deficiências físicas e mentais. Da
mesma forma que sua atividade acadêmica foi diversificada sua atuação profissional
também o foi, atuou como professor e pesquisador nas áreas de psicologia, pedagogia,
filosofia, licenciatura, deficiência física e mental e pedologia.
Os aspectos característicos da psicologia de bigodes que passaram a ser
conhecidos no Brasil a partir dos anos 1980. Durante toda a sua vida profissional
Vygotsky que manteve uma vida intelectual intensa, dedicando se a grupos de estudos e
participando de atividades literárias e teatrais.
Em 1924 Vygotsky casou-se e teve duas filhas.
20
Em 1920 Vygotsky que havia contraído tuberculose, doença com qual conviveu
por catorze anos e que provocou sua morte aos trinta e sete anos. Os textos escritos por
Vygotsky que são densos, cheios de ideias e misturam reflexões filosóficas com
imagens literárias, proposições mais gerais e datas de pesquisa que às vezes
exemplificariam.
Embora façamos referência a teoria vygotskyana, seus escritos não chegaram a
se constituir como tal, na medida em que sua morte prematura interrompeu a sua
produção. Muitas de suas ideias ainda em processo de desenvolvimento na ocasião de
sua morte continuaram a ser desenvolvidas por um grupo de outros pesquisadores que já
vinham trabalhando com Vygotsky.
Apesar do tempo transcorrido desde a sua morte as ideias de Vygotsky que
continuam tendo grande relevância tanto no campo da psicologia quanto da educação.
Seus estudos deram origem a uma nova abordagem na psicologia conhecida como
psicologia, histórico-cultural.
21
Nessa perspectiva o cérebro é a base do funcionamento psicológico humano.
Sendo assim, o homem possui uma existência material de base biológica que define
limites e possibilidades de desenvolvimento.
Contudo, o cérebro humano não possui uma estrutura fixa e imutável, ele é um
sistema aberto de grande plasticidade cuja estrutura e modo de funcionamento são
moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.
Sendo assim, na perspectiva Vygotskyana os homens se transformam de
biológicos em sócio históricos em um processo no qual a cultura é fundamental para a
constituição da natureza humana. Nesse processo a relação do homem com o mundo a
sua volta não se dá de forma direta, mas sim mediada por instrumentos signos.
22
próprio sujeito dirigindo-se ao controle das ações psicológicas quer sejam do próprio
indivíduo ou de outras pessoas.
23
níveis de desenvolvimento. A zona de desenvolvimento real e a zona de
desenvolvimento potencial.
Para Vygotsky na zona de desenvolvimento real estão todas as aprendizagens já
realizadas pelo sujeito, ou seja, tudo aquilo que ele já consegue fazer sozinho sem ajuda
de outras pessoas. Uma criança que já saiba amarrar sapatos, por exemplo, tem a
capacidade de realizar essa ação como parte da sua zona de desenvolvimento real.
Nas zonas de desenvolvimento potencial se encontram as capacidades que estão
em vias de serem incorporadas pelos sujeitos, mas para as quais ele ainda precisa de
ajuda de alguém mais experiente.
Uma criança que saiba andar de bicicleta com rodinhas tem essa capacidade
como parte da sua zona de desenvolvimento real num determinado momento um adulto
decide que já é hora de tirar as rodinhas a vez retiradas por um tempo o adulto precisará
ajudá-lo.
Quanto a criança demanda ajuda do adulto, andar de bicicleta sem rodinhas faz
parte da sua zona de desenvolvimento potencial, a partir do momento em que ela
consegue fazê-lo sem ajuda essa capacidade passa a fazer parte da sua zona de
desenvolvimento real.
Para Vygotsky que entre aquilo que o indivíduo consegue fazer desde que é
auxiliado por alguém mais experiente da espécie, zona, desenvolvimento potencial. É
aquilo que ele consegue fazer sozinho, zona de desenvolvimento real, há um espaço
intermediário ao qual ele deu o nome de zona de desenvolvimento proximal.
A zona de desenvolvimento proximal se constitui então como caminho a ser
percorrido pelo indivíduo para o desenvolvimento das funções que estão em processo de
amadurecimento e que estão consolidadas no nível do desenvolvimento real.
O conceito de zona desenvolvimento proximal começou a ser bastante discutido
nos contextos educacionais, uma vez que o professor precisa intervir nela para
promover a aprendizagem de seus alunos, para que possa intervir na zona de
desenvolvimento proximal dos alunos, professor precisa identificar aquilo que o aluno
já sabe sobre o que será ensinado, ou seja, aquilo que já faz parte da sua zona de
desenvolvimento real.
Feito isso ele precisa prever aquilo que o aluno é capaz de saber desde que é
auxiliado pelo professor, ao fazer isso o professor está identificando aquilo que faz parte
da zona de desenvolvimento potencial do seu aluno, quando não parte dessa
identificação o professor não consegue promover a construção de novos conhecimentos.
Vale ressaltar que para Vygotsky que a intervenção do outro social mais
experiente não é necessariamente do professor, para ele a intervenção na zona de
desenvolvimento proximal pode ser fruto da interação com qualquer outra pessoa com o
saber diferente.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
24
Um conceito que ficou bastante conhecido na obra de Vygotsky foi o conceito
de Zona de Desenvolvimento Proximal, por suas implicações para as
práticas educativas.
Segundo o estudioso, a Zona de Desenvolvimento Proximal é um espaço
intermediário entre aquilo que o indivíduo consegue fazer sozinho (Zona de
Desenvolvimento Real) e aquilo que ele consegue fazer, desde que auxiliado por
alguém mais experiente (Zona de Desenvolvimento Potencial). É nessa Zona que,
segundo Vygotsky, as intervenções de outros indivíduos promovem a aprendizagem.
Para Vygotsky, as aprendizagens são fundamentais no processo de constituição
humana, na medida em que são elas que promovem o desenvolvimento.
Essas ideias provocaram a revisão das práticas educativas tradicionais. Piaget
chamou a atenção, também, para a importância do jogo simbólico no percurso de
desenvolvimento infantil, que tem início com o aparecimento da linguagem.
25
segunda como participante do movimento de resistência francesa contra a invasão dos
nazistas.
Aos vinte e três anos Wallon se formou em filosofia e começou a atuar como
docente no ensino secundário, em sua atuação manifestou discordância em relação aos
métodos autoritários utilizados pela supervisão nas escolas para o controle disciplinar
que poderia levar ao obscurantismo e a desconfiança sua discordância das práticas
vigentes decorria de sua formação humanista, vivenciada no seio de uma família de
tradição universitária e republicana.
Sua intensa vida política foi marcada por posicionamentos pessoais explícitos
em relação aos regimes vigentes na época, ao perceber que os partidos da esquerda se
constituíam como uma alternativa ao fascismo, Wallon se filiou ao Partido Socialista
tendo logo depois se desligado dele por discordar de suas posturas eleitoreiras.
O Wallon começou a participar do círculo da Rússia Nova, um grupo de
intelectuais que se dispõe a se aprofundar nos estudos do materialismo dialético. A
intenção de Wallon era de verificar as possibilidades oferecidas por esse referencial
teórico para as diferentes áreas do conhecimento.
Durante a segunda grande guerra por conta de sua participação no movimento de
resistência francesa, Wallon passou a ser perseguida pela gestada passando a viver na
clandestinidade. Nessa época ele se filiou ao Partido Comunista e se manteve como
parte dele até o final da sua vida.
O interesse de valor pela psicologia começou já no seu curso secundário, mas
como não havia na universidade um curso específico de psicologia, ele optou por cursar
Medicina, Wallon atuou como médico até 1931, em Instituições psiquiátricas
atendendo principalmente crianças com distúrbios neurológicos e do comportamento.
Paralelamente a sua atuação como médico e psiquiatra, o interesse Wallon pela
psicologia infantil foi crescendo, Wallon fundou um laboratório voltado para pesquisa e
para o atendimento de crianças consideradas anormais.
Durante quatorze anos esse laboratório funcionou junto a uma escola da periferia
de Paris, para que a criança pudesse ser estudada de maneira contextualizada. Essa
proximidade colocou Wallon em contato com importantes questões da educação.
Para Wallon entre a psicologia, pedagogia, deveria haver um movimento de
ajuda mútua e constante, escreveu diversos artigos sobre temas ligados à educação.
Participou ativamente dos debates educacionais da sua época e elaborou um importante
projeto de reforma educacional.
26
A teoria walloriana é conhecida como psicologia da pessoa completa, uma vez
que visa a produção de um saber psicológico que leva em conta a totalidade da pessoa
em suas condições concretas de existência.
Por considerar o homem como um ser indissociavelmente biológico e social os
estudos realizados por Wallon sobre psiquismo humano se situam entre os campos das
ciências naturais e sociais. Para ele a formação da inteligência é fruto da genética e das
interações sociais.
Para Wallon o ambiente social e os aspectos biológicos têm uma relação de
reciprocidade e de interdependência na constituição do indivíduo da espécie humana.
Wallon apresenta em sua teoria a ideia de três campos funcionais, afetivo, motor
e cognitivo que funcionam de forma integrada. Para ele, a pessoa é o todo que integra
esses campos, sendo ela própria um campo funcional.
Para Wallon o desenvolvimento da pessoa se dá de maneira progressiva pela
sucessão de fases nas quais hora predomina os aspectos afetivos, poros cognitivos. É
esse predomínio de um aspecto sobre o outro, Wallon dá o nome de predominância
funcional, esse predomínio é orientado pelo princípio da alternância funcional.
De acordo com o Wallon cada uma das fases do desenvolvimento tem suas
particularidades definidas pela predominância de um tipo de atividade, as
predominâncias estão relacionadas aos recursos que a criança tem em cada fase para
interagir com o ambiente.
Por exemplo, o primeiro ano de vida a um predomínio das emoções no
desenvolvimento infantil, porque esse é o único recurso que os bebês dispõem para
mobilizar os adultos que estão à sua volta.
A partir do segundo ano de vida, o aparecimento da linguagem, a criança passa a
dispor de recursos cognitivos para atuar sobre o mundo, vale dizer que o aparecimento
da linguagem e o consequente predomínio da razão só se faz possível pela incorporação
das aprendizagens realizadas na etapa anterior.
Cada um dos estágios de desenvolvimento oportuniza novas conquistas
decorrente das interações vivenciadas na etapa anterior. Constituindo-se ao mesmo
tempo num processo de integração e diferenciação.
O estudo das emoções humanas tem um papel central na teoria de Wallon. Seu
interesse pelo tema foi despertado porque como médico ele sabia que o comando das
emoções estava localizado em uma área nobre do cérebro humano e pela observação de
que no primeiro ano de vida das crianças eram as emoções que garantiriam a
sobrevivência dos bebês pela sua capacidade de mobilização dos adultos.
O início de suas investigações sobre o papel das emoções no desenvolvimento
humano se deu em um momento em que historicamente eram atribuídos juízos de valor
a elas como sendo ruins ou boas sem que houvesse uma discussão mais aprofundada
sobre as suas funções.
Para Wallon a lógica mecanicista das teorias sobre as emoções existentes na
época não dava conta de sua complexidade, as teorias existentes na época se
enquadravam duas tendências a primeira via as emoções como reações incoerentes que
tinha um efeito tumultuador sobre as atividades motora e intelectual.
Na posição oposta, a segunda tendência considera as emoções como sendo
reações positivas, lotadas de poder agregador para os adeptos dessa tendência, as
27
emoções provocam uma descarga de adrenalina na corrente sanguínea que aumenta a
disponibilidade de glicose e oferece maior disponibilidade energética ao organismo.
Para que pudesse compreender o papel das emoções no desenvolvimento
humano, Wallon dirigir o seu foco de análise para a criança, uma vez que no adulto a
manifestação das emoções aparece reduzida.
No início da vida do bebê, sua dependência em relação ao adulto é total e sua
primeira atividade eficaz é desencadear no outro ações de ajuda para satisfazer as suas
necessidades. Seus movimentos expressam suas disposições orgânicas e seus estados
afetivos de bem ou de mal-estar os adultos interpretam as expressões do bebê e atendem
as suas necessidades.
Além de atender o bebê, os adultos estabelecem intencionalmente uma
comunicação com ele, e pouco a pouco vai demonstrando o funcionamento da vida em
sociedade.
Um exemplo desse processo diz respeito a manifestação das emoções pelo bebê,
nos primeiros meses o sorriso infantil é fruto de uma descarga motora e o bebê sorri
mesmo que não estando na presença de outras pessoas.
É um sorriso fisiológico, como fruto das interações por volta dos três meses o
bebê começa a sorrir na presença de outras pessoas passando a apresentar um sorriso
social.
No segundo semestre de vida já é possível perceber a manifestação de emoções
bem diferenciadas, como alegria, o medo, a raiva e a perplexidade pelo bebê como fruto
das aprendizagens realizadas até então.
Um outro aspecto para o qual Wallon chamou a atenção se refere as emoções diz
respeito aos efeitos que ela suscita no ambiente, segundo o autor, as reações que as
emoções suscitam no ambiente se constituem como uma espécie de combustível para a
sua manifestação.
28
bastante ênfase os pronomes eu e meu, a maior consciência de si leva
também a uma maior consciência corporal.
4. No estágio categorial sete, onze anos, o predomínio é da razão, ele é
caracterizado por uma maior disciplina mental, nele são manifestados
dois tipos de pensamento, o pré categorial e o categorial:
O pensamento pré-categorial é caracterizado pelo
sincretismo no qual a criança mistura fantasia e realidade
sem distinção para explicar as coisas que estão a sua
volta.
Pensamento categorial é o tipo de pensamento que
permite a criança dar explicações lógicas para diferentes
situações.
5. O estágio da adolescência dos doze anos em diante predominou as
emoções por se constituir como um período importante na
individualização dos sujeitos caracterizada por uma ambivalência de
sentimentos. Ao mesmo tempo em que o adolescente se sente dependente
dos adultos, ele se opõe a eles para firmar suas posições.Esse é um
período fundamental para a escolha dos valores morais e vigorarão na
vida adulta, nele a um fortalecimento do pensamento categorial e uma
reorganização do esquema corporal.
Ao apresentar os estágios de desenvolvimento infantil Wallon explicita a sua
ideia de que em cada etapa há um tipo diferente de interação da criança com o meio.
Passagem dos estágios para ele acontece de forma progressiva, mas não linear,
caracterizada por um movimento de reformulações.
29
A função cinética regula o estiramento e encurtamento das fibras
musculares é responsável pelo movimento propriamente dito.
A função postural ou tônica é responsável pela variação no grau de tônus
dos músculos.
No desenvolvimento humano, antes de agir sobre o meio físico, o movimento
atua sobre o meio humano mobilizando as pessoas por intermédio do seu teor
expressivo. A primeira função do movimento no desenvolvimento infantil é afetiva, só
no final do primeiro ano, quando há o maior domínio do ato motor, o movimento se
torna instrumento de exploração do mundo físico e passa a ter uma dimensão cognitiva.
A função muscular postural também está associada a atividade intelectual, sendo
que as variações tônicas refletem o curso do pensamento humano a percepção também
está intimamente relacionada a função tônica.
As pessoas modificam suas posturas corporais na busca da melhor posição para
perceber os estímulos do meio no qual estão inseridas. Essa relação entre o pensamento
e o movimento é mais evidente na criança no percurso de desenvolvimento à medida
que os progressos cognitivos avançam o movimento passa a se integrar a inteligência,
com isso a criança torna-se cada vez mais capaz de prever mentalmente a sequência dos
atos motores complexos.
É muito difícil que a criança contenha voluntariamente seus movimentos, a
consolidação das disciplinas mentais é um processo lento e gradual e que demanda
amadurecimento cerebral, o desenvolvimento cognitivo e a interação com o meio.
Assim cabe a escola não exigir prematuramente a contenção dos movimentos
pelas crianças e ao mesmo tempo oferecer elementos para quê? Progressivamente elas
possam ter disciplina mental.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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AU6 - A Escola Sociológica Europeia
SEÇÃO 1: Quem foi Skinner
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Seu primeiro livro intitulado O Comportamento dos Organismos foi lançado em
1938 e constituiu-se como um marco de uma nova vertente do comportamentalismo,
durante mais de cinquenta anos pós a publicação do seu livro suas teorias foram
desenvolvidas, elaboradas e submetidas a críticas e reelaboradas.
Burrhus Frederic Skinner nasceu em 1904 na Pensilvânia nos Estados Unidos,
foi criado em um ambiente de disciplina bastante severa e sempre se mostrou como um
estudante rebelde.
Na adolescência interessava-se pela poesia e pela filosofia, com a pretensão de
se tornar um escritor, sua primeira formação acadêmica foi na área de literatura, como
suas tentativas de escrever foram frustradas, eles se aproximaram da área da psicologia,
que cursou em Harvard, local no qual entrou em contato com o behaviorismo.
Seu gosto pela leitura o levou a entrar em contato com os referenciais teóricos
desenvolvidos por John B. Watson sobre o comportamentalismo e sobre suas
consequências epistemológicas, vertente teórica da qual se tornaria um dos principais
representantes.
Seu início de carreira na área da psicologia foi marcado por anos dedicados a
experiências com ratos e pombos, paralelamente a produção de livros. O método que
desenvolveu para observar os animais de laboratório e suas reações aos estímulos levou
a criar pequenos ambientes fechados e ficaram conhecidos como caixas de skinner.
Ingressou no doutorado em filosofia em Harvard em 1928, nessa época uma
nova visão do mundo e é nele se configurando, antes mesmo que descobrisse ou
construísse o essencial de sua teoria: "O universo dos operantes, as respostas, os
reforços e os estímulos discriminativos".
Skinner viveu em um ambiente social obscuro, caracterizado pela superação da
grande depressão dos anos 1930 e a posterior vitória na guerra, foi esse o contexto que
despertou o seu interesse pelo comportamentalismo uma vez que Skinner acreditava que
quanto maior fosse o conhecimento sobre as condutas humanas maiores seriam as
possibilidades de utilizar esse conhecimento para superação dos problemas.
Ao longo de toda a sua vida, Skinner nunca deixou de propor ideias originais e
criativas nos mais diversos âmbitos, suas reflexões ganhavam formas de modo prático,
concreto e técnico.
A educação se constituiu como uma das suas preocupações em diversas
atividades como no desenvolvimento de projetos de um berço infantil de máquinas de
ensinar e de ensino programado. Quando sua segunda filha nasceu Skinner desenvolveu
o berço para ela, visando uma grande liberdade de movimento e encorajamento da
autonomia desde cedo que ficou conhecido como Aeroberço.
Sua invenção constituiu em uma caixa com controle de temperatura de umidade
e com um painel de vidro na qual o bebê sem qualquer fralda ou lençol poderia ser
posto para dormir.
Embora não fosse a sua intenção submeter a filha a um experimento em uma
caixa sob condições controladas a invenção de skinner foi bastante criticada por conta
das comparações com os equipamentos utilizados por ele em suas experiências em
laboratório com animais.
Em 1948 aceitou o convite para ser professor em Harvard, no curso de
psicologia, permaneceu nesse cargo até o final de sua vida. Morreu em mil novecentos e
noventa em ativa militância a favor do behaviorismo.
32
SEÇÃO 2: O estudo do comportamento humano
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O comportamento operante, a aprendizagem dos comportamentos será
propiciada pela ação do organismo sobre o meio e o seu efeito.
Comportamento operante opera sobre o mundo por assim dizer quer seja
direta ou indiretamente, dessa forma o comportamento operante pode ser
compreendido como todo comportamento realizado de forma desejada e
intencional como ler um livro, escrever um email, tocar um instrumento,
entre outros.
A ideia de comportamento operante na teoria de Skinner, possibilita a criação do
conceito de condicionamento operante. Para Skinner o condicionamento operante
consiste no planejamento de um mundo no qual o indivíduo faça coisas que afetem esse
mundo ao mesmo tempo em que é afetado por ele.
A consequência que produz tal efeito recebe o nome de reforço ou
reforçador, entende-se como reforço qualquer estímulo que possibilita o aumento
da probabilidade da resposta.
Para a Skinner há dois tipos de reforçadores, positivos e os negativos:
São reforçadores positivos os estímulos que promovem o comportamento
desejado representando recompensa e ou prazer, por exemplo, se o aluno
tira uma nota boa nas avaliações escolares e recebe um presente dos pais,
presente se constitui como um reforçador positivo.
O reforçador negativo visa reduzir o eliminar determinada resposta, na
perspectiva de skinner a redução ou eliminação da resposta se deve ao
fato de que os estímulos assim considerados afugentam os organismos.
34
Essa aplicação se faz pela utilização do ensino programado pelo controle e
organização das situações de aprendizagem e pela elaboração de uma tecnologia de
ensino.
A instrução programada baseada nas ideias skinnerianas visa a
aprendizagem dos educandos tendo por princípios básicos:
A observação desses princípios faz com que os alunos possam aprender no seu
tempo sendo reforçados pelas aprendizagens realizadas. Cabe ao professor supervisionar
as ações e se colocar à disposição para as eventuais dúvidas que venham a surgir.
Outras áreas do conhecimento também têm recebido a contribuição das técnicas
e conceitos advindos do Behaviorismo como o caso de treinamentos realizados em
empresas, técnicas terapêuticas aplicadas em clínicas psicológicas, trabalho educativo
realizado com crianças com deficiências, estratégias utilizadas na publicidade, dentre
outras aplicações.
No Brasil as ideias behavioristas têm sido bastante utilizadas na área clínica
tanto para descrever os comportamentos em diferentes situações, bem como para
modificá-los. Nessa vertente o terapeuta modela o comportamento do paciente pela
oferta de reforçadores positivos, extingue os indesejados pelo reforçamento negativo.
35
Num segundo momento as crianças começam a entrar em contato com as regras
pela mediação dos adultos, são eles que mostram para as crianças o que é certo e o que é
errado, o que pode e o que não pode ser feito, assim por diante.
Nesse momento as crianças são heterônimas, ou seja, as regras estão fora das
crianças e elas as obedecem porque tem alguém dizendo para que isso seja feito.
Objetivo das intervenções dos adultos é que as crianças possam compreender a
importância das regras para a vida em sociedade, internalizem-nas e passem a utilizá-las
independentemente da presença de outras pessoas, quando ela é capaz de fazer isso, ela
se encontra num estado de autonomia.
A escola deveria ser um local privilegiado para formação de sujeitos autônomos,
mas historicamente isso não tem ocorrido. Skinner afirmou que na educação o
reforçamento positivo deveria ser oferecido pelo prazer de aprender.
Para ele aprender deveria ser tão prazeroso que o educando teria vontade de
aprender sempre mais. Skinner se posicionou contra a utilização de punições nos
variados contextos alegando que elas poderiam causar traumas e situações vexatórias
para os indivíduos punidos.
Apesar disso a partir de uma leitura um tanto enviesada da obra de Skinner a
escola sobretudo no ensino tradicional lançou mãos de punições e premiações para fazer
com que os educandos adotassem as condutas valorizadas por ela.
Durante algum tempo foram aplicados castigos físicos no ambiente escolar
visando a melhoria dos resultados apresentados pelos alunos ou a supressão de
comportamentos considerados indisciplinados.
Por outro lado, alunos bem-comportados ou que apresentavam as melhores notas
da turma eram premiados com medalhas, tinha o nome registrado no painel da escola ou
ganhavam carimbos de incentivo a continuar.
O uso de punições como reforçadores negativos e de premiações como
reforçadores positivos no ambiente escolar precisa ser analisado criticamente, embora se
o uso seja bastante naturalizado os reforçadores não contribuem para a formação de
sujeitos autônomos agindo na formação de sujeitos heterônomos.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
36
A questão que se coloca é que o uso de reforçadores no contexto escolar reforça
a heteronomia dos sujeitos, impedindo a formação de sujeitos autônomos.
ETAPA 2
Carl Ransom Rogers nasceu em Ilinois, nos Estados Unidos, em janeiro de 1902,
foi importante psicólogo clínico e psicoterapeuta norte-americano que atuou também
como docente em cursos de psicologia em seu país.
Foi considerado por alguns autores da área da psicologia como o mais influente
psicólogo e psicoterapeuta da história americana.
Sua notoriedade e reputação bem como o seu reconhecimento acadêmico e
público sobretudo a partir da década de 1940, nos Estados Unidos decorreram da
abordagem produzida por ele e aplicada no campo da psicoterapia, a que chamou de
terapia centrada no cliente ou abordagem centrada na pessoa.
Sua dedicação à psicologia começou em 1928 quando começou a trabalhar com
crianças e adolescentes carentes em Rochester, onze anos depois em 1939 Rogers
publicou o seu primeiro livro intitulado Tratamento Clínico da Criança Problema no
37
qual apresentou suas reflexões e considerações sobre o trabalho desenvolvido em
Rochester.
O ano seguinte tornou-se professor na Universidade Estadual do Ohio nesse
período utilizou para o trabalho didático com seus alunos entrevistas gravadas de
sessões de psicoterapia que foram posteriormente analisadas e supervisionadas.
Entre 1944 e 1957 Rogers exerceu a docência no curso de psicologia da
Universidade de Chicago, nessa mesma instituição Rogers fundou um centro de
aconselhamento. Foi nesse período que ele publicou a obra que impulsionou a
divulgação de suas ideias para além dos Estados Unidos, olivro lançado era intitulado
Terapia Centrada no Cliente.
Sua abordagem era bastante inovadora para a época e se opunha as ideias
características das abordagens convencionais utilizadas com mais frequência, que era o
behaviorismo e a psicanálise.
Abordagem proposta por Rogers apresentava uma visão holística, ecológica,
organismo e sistêmica da pessoa, levando ao desenvolvimento de uma psicologia
humanista.
Rogers fundamentou sua nova abordagem nas filosofias existencialistas e
personalistas, bastante presente nas discussões acerca da psicologia na época. Ele
também se destacou na luta pelo fim do monopólio da atividade psicoterapeuta exercida
até então exclusivamente por médicos e médicos psiquiatras.
Entre 1957 e 1963 Rogers foi docente da Universidade de Visconde, ao mesmo
tempo em que realizou pesquisas com indivíduos psicóticos e com indivíduos sem
qualquer tipo de patologia psicológica.
Em 1964 com sessenta e dois anos Rogers decidiu afastar-se da docência
universitária e dedicar-se apenas as pesquisas e publicações faleceu em 5 de fevereiro
de 1987 em La Jolla, Califórnia, local no qual passou a morar desde que decidiu se
afastar da do senso universitária.
As ideias de Roger continuam atuais e ainda permeiam as discussões na área da
psicologia, em sites especializados, em associações e outras organizações que partilham
os seus princípios e o seu legado.
A teoria humanista desenvolvida por Carl Rogers surgiu como uma terceira via
entre as duas abordagens predominantes na psicologia e meados do século XX, de um
lado estavam os representantes da psicanálise criada por Freud e do outro os
representantes do behaviorismo que teve em Skinner um dos seus maiores
representantes.
Foi a contraposição as ideias de Freud que a teoria de Roger fosse considerada
humanista por se basear em uma visão otimista do ser humano. Para ele a sanidade
mental e o desenvolvimento pleno das potencialidades pessoais são tendências naturais
da evolução humana, uma vez removidos eventuais obstáculos nesse processo as
pessoas retomam a progressão construtiva.
Para Rogers o organismo humano possui uma tendência atualização que objetiva
a autonomia, em sua teoria essa é a única força motriz dos seres vivos e no caso dos
seres humanos, ela foi responsável pela criação da sociedade e da cultura.
A sociedade e a cultura se tornaram forças independentes dos indivíduos e como
tal podem trabalhar a favor ou contra o desenvolvimento de suas potencialidades.
Rogers criou um método terapêutico não diretivo no qual o terapeuta deveria assumir
uma postura incondicional e empática nessa perspectiva o cliente ter um adotado por
38
Rogers é visto como um ser dotado de capacidade para se autocompreender, para
compreender o mundo a sua volta.
Rogers defendia a ideia de que a própria pessoa era responsável pela sua cura,
sua posição era contrária defendida por Freud para quem o ser humano é fortemente
comandado pelo seu inconsciente e por forças instintivas, Rogers por sua vez não
acreditava na força do inconsciente, mas sim na perspectiva humanista.
A concepção de terapia apresentada por Rogers não poderia deixar de causar
polêmicas, na medida em que ela firmava o contrário do que era disseminado no seio da
profissão.
Para Roger embora as experiências infantis e os processos de aprendizagem
pudessem ajudar ou prejudicar a formação e autotransformação da personalidade de
cada sujeito a personalidade humana era moldada pelo presente pela maneira como ela
era percebida pelo indivíduo, conscientemente.
Autoatualização: termo cunhado por Carl Rogers para nomear a força do
indivíduo que provoca o desenvolvimento pleno de todas as suas potencialidades.
Funcionamento pleno: termo utilizado por Rogers para designar o “estado” do indivíduo
que, tendo consciência de si e do mundo à sua volta, consegue relacionar-se com todos e
com tudo, de maneira harmônica.
Na perspectiva rogeriana a estima positiva recebida pela criança seria
responsável pelo desenvolvimento de uma espécie de autoestima denominada por
Rogers de autoatualização.
Para Rogers autoatualização é o nível mais alto da saúde psicológica e alcançada
por um processo denominado por ele de funcionamento pleno. Abordagem psicológica
proposta por Rogers despertou críticas, inspirou a realização de pesquisas colaborativas
e foi amplamente utilizada na psicologia clínica.
Seu legado é visto como um dos principais responsáveis pela busca de uma
maior humanização da área da psicologia.
39
A diminuição dos fatores de ameaça do eu agem como facilitadores da
aprendizagem;
A aprendizagem significativa demanda a ação do sujeito sobre o objeto
de conhecimento;
A participação do sujeito no processo de aprendizagem se constitui como
um facilitador da aprendizagem
As aprendizagens que envolvem sentimentos e razão tendem a ser mais
duradouras e abrangentes.
Autocrítica e autoavaliação realizadas pelo indivíduo agem como
facilitadoras da independência, da criatividade e da autoconfiança.
Aprendizagem que deve ser mais valorizada é a do próprio processo de
aprender, uma vez que ela permitirá o sujeito continuar seu processo de
mudanças continuamente.
Rogers apontou aspectos importantes que devem ser levados em consideração na
proposição de situações de aprendizagem, mas não manifestou uma grande preocupação
em definir práticas para a área da educação.
Sua maior atenção recaiu sobre a relação professora aluna, para Rogers essa
relação deveria ser impregnada de confiança e destituída de noções de hierarquia. Para
Rogers a escola deveria oportunizar aos alunos apropriação dos conteúdos escolares de
maneira pessoal e significativa por meio de uma visão crítica daquilo que estava sendo
ensinado.
Aprendizagem significativa para Rogers é aquela que provoca modificações quer
seja no comportamento do indivíduo, na escolha da ação futura, nas suas atitudes ou na
sua personalidade. É uma aprendizagem que não se limita a uma acumulação de fatos
ou ao aumento de conhecimentos, mas que penetre o indivíduo.
Embora anticonvencional a pedagogia rogeriana não significa abandonar os
alunos a si mesmos, na perspectiva do autor cabe ao professor dar apoio para que os
alunos caminhem sozinhos.
41
Aceitação na perspectiva rogeriana diz respeito à confiança básica no
organismo humano e a crença de que o outro é digno de confiança.
Aceitação ou consideração positiva referem-se a aceitação do outro
indivíduo como uma pessoa separada que tem valor próprio, o professor
que tem aceitação respeita seus alunos e os envolvem um clima de
confiança. A adoção dessa atitude em sala de aula contribui para a
substituição do clima autoritário para um clima de confiança e de
segurança que é muito menos ameaçador para os alunos.
A compreensão empática é outro elemento apontado por Rogers para o
estabelecimento de um clima para aprendizagem significativa, a empatia
faz com que os alunos se sintam valorizados por se sentirem
compreendidos. Para que o professor seja empático ele precisa se colocar
na situação do aluno e ver pelos olhos dele os elementos contextuais do
seu entorno e as possíveis implicações de suas múltiplas experiências em
situação de sala de aula. A empatia requer por parte do professor o
desenvolvimento da habilidade de escuta atenta do outro no caso do
aluno. Roger se chama-se Escuta Tenta de Escuta Ativa pela qual é
possível verificar se aquilo que está sendo dito corresponde efetivamente
ao que está sendo compreendido.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
42
AU8 - O Desenvolvimento Psicológico na Primeira Infância
SEÇÃO 1: O conceito de primeira infância
43
A partir dessa constatação a psicologia do desenvolvimento passou a adotar uma
perspectiva dos ciclos de vida, entendidos como parâmetros de desenvolvimento que
levam em consideração a interação do indivíduo com o meio no qual está inserido.
A separação do desenvolvimento em etapas organizadas pelos critérios etários só
se justifica quando há um interesse de estudo num determinado período da vida humana,
para destacar as características mais comumente encontradas nele.
A denominação primeira infância é bastante variada nas diferentes teorias
psicológicas podendo ser utilizada em referência aos dois primeiros anos de vida ao
período entre os dezoito e os trinta e seis meses de vida ou aos três primeiros anos de
vida.
Em outras áreas do conhecimento, como é o caso do direito, esse termo é
utilizado para designar um período maior que vai desde o nascimento até os seis anos de
idade, utilizaremos o termo primeira infância para nos referir ao período que vai do
nascimento até aproximadamente os dois anos de idade.
Segundo Dias e colaboradores o desenvolvimento humano é um processo
holístico e contextualizado, que ocorre ao longo de toda a vida dos indivíduos
acarretando mudanças progressivas, contínuas e cumulativas que provocam no
indivíduo reorganizações constantes ao nível das suas estruturas físicas, psicológicas e
sociais que evoluem num contínuo faseado integrativo.
Sendo um processo holístico e contextualizado que ocorre ao longo de toda a
vida o desenvolvimento humano acarreta mudanças progressivas, contínuas e
cumulativas no indivíduo.
Período da infância, das primeiras experiências da vida do indivíduo enquanto
criança tem um papel fundamental na determinação daquilo que o ser humano será
como adulto uma vez que é nesse período que o sujeito aprende sobre si, sobre os outros
e sobre o mundo que o cerca.
44
Esse desenvolvimento requer articulação entre fatores internos ou simbólicos do
organismo e fatores externos que são construídos tanto por meio da maturação do
organismo como de suas interações com o mundo a sua volta.
O desenvolvimento psicomotor está sujeito em primeiro lugar a uma série de leis
biológicas fortemente relacionadas ao calendário maturativo do sujeito, contudo, isso
não significa que o desenvolvimento psicomotor seja apenas uma realidade biológica.
Assim como ocorre com o desenvolvimento físico em geral, o desenvolvimento
dos aspectos psicomotores também está sujeito as interações e consequentemente a
estimulação.
Dessa forma há neles certos componentes maturativos relacionados ao
calendário maturacional do cérebro e certos componentes relacionais referentes ao meio
no qual a criança está inserida.
Os componentes relacionais decorrem do fato de que é por meio dos seus
movimentos e das suas ações que a criança entre em contato com as pessoas e com os
objetos os quais se relaciona de forma construtiva.
Cientes da importância da psicomotricidade nos dois primeiros anos de vida, os
educadores devem criar situações nas quais as crianças possam experimentar diferentes
objetos, materiais e espaços, explorando as múltiplas possibilidades do seu corpo e dos
seus movimentos.
Ao disponibilizar os materiais, organizar os espaços, realizar boas intervenções
no sentido de possibilitar as crianças múltiplas experiências, o educador está
contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento psicomotor na primeira infância.
45
nascimento até os dois anos de idade é chamada de período sensório-motor, na
perspectiva piagetiana nesse estágio a criança constrói conhecimento sobre o universo
que acerca por meio da percepção e dos movimentos.
Para Piaget este é um período de grandes conquistas e de grande
desenvolvimento cognitivo, uma das principais funções da inteligência nesse período é
justamente a diferenciação entre os objetos externos e o próprio corpo.
Esse período caracteriza-se também pela ausência da função semiótica simbólica
já que a inteligência é prática a criança conquista por meio da percepção e dos
movimentos o universo a sua volta.
Criança ao nascer é dotada de reflexos hereditários e natos que pelo exercício
realizado na interação com o meio vão se transformando em esquemas motores que
apresentam uma eficiência cada vez maior.
Quanto maiores forem as possibilidades de exercitação mais amplas serão as
possibilidades de desenvolvimento, os conhecimentos construídos se constituem como a
base para o aparecimento da linguagem e para consequente adoção de uma nova ação
sobre o mundo.
46
Na perspectiva de Vygotsky que a criança pré-verbal demonstra um tipo de
inteligência prática que lhe permite agir sobre o ambiente sem a mediação da
linguagem.
Nesta fase mesmo sem dominar a linguagem enquanto o sistema simbólico a
criança já utiliza manifestações verbais. Por meio do choro, do riso e do balbucio, as
crianças pequenas encontram alívio emocional e estabelecem contatos sociais de
comunicação difusa com as pessoas.
Em um determinado momento do desenvolvimento infantil por volta dos dois
anos de idade os percursos do desenvolvimento da linguagem se encontram dando início
a uma nova forma de funcionamento psicológico.
A fala torna-se intelectual com função simbólica, generalizante e o pensamento
se torna verbal, mediado por significados dados pela linguagem, a partir de então, o
indivíduo da espécie humana passa a ter a possibilidade de um modo de funcionamento
psicológico mais sofisticado mediado pelo sistema simbólico da linguagem.
47
Fatores geográficos de nascimento de vivência, como o país, a cidade, a
zona geográfica
E de determinados fatores pessoais por exemplo o gênero, as aptidões
físicas e psicológicas, entre outros.
Dessa forma, o processo de socialização da criança é fruto da interação dela com
seu meio, cujos resultados dependem das características da própria criança, da forma de
agir dos agentes sociais e das características do contexto no qual essa interação ocorre.
Nos dois primeiros anos de vida o processo de socialização é bastante intenso e a
criança passa por uma intensa construção de conhecimento sobre o funcionamento da
sociedade na qual está inserida.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
48
AU9 - O desenvolvimento na perspectiva de Jean Piaget
SEÇÃO 1: Quem foi Jean Piaget
Jean Piaget foi um menino prodígio, sempre foi muito estudioso. Com onze anos
de idade publicou o seu primeiro artigo sobre um pardal albino que ele havia observado
em um parque público.
Piaget nasceu 09 de agosto de 1896 na Suíça, aos dezenove anos ele licenciou-se
em ciências naturais e logo em seguida em filosofia, nessa época também apresentava
grande interesse por temas ligados a sociologia, as religiões e a psicologia.
Três anos depois concluiu sua tese de doutoramento na área de biologia, no ano
seguinte mudou-se para França e dedicou-se a estudar psicopatologia lógica e
epistemologia e filosofia da ciência. Foi nesse momento que o Piaget entrou em contato
com o método de pesquisa e entrevista clínica técnica que passou a utilizar no
desenvolvimento de suas pesquisas posteriores. Nessa época fui convidado a trabalhar
com Alfred Binet, importante psicólogo francês e um dos responsáveis pela criação dos
conhecidos testes de QI, (quociente da inteligência).
Iniciou então seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo e percebeu uma
evolução gradativa nesse desenvolvimento de acordo com a idade da criança, foi a partir
dessa constatação que viajou começou a se interessar pelo desenvolvimento infantil e a
observar as respostas dadas por grupos de crianças de uma mesma idade nos testes
propostos por ele, utilizando a técnica da entrevista clínica.
Os estudos de Piaget sobre a inteligência infantil revolucionaram os
conhecimentos sobre cognição realizados até então, ao mostrar que as crianças não
pensavam como os adultos e que construíam o próprio aprendizado.
Aos vinte e cinco anos Jean Piaget retornou a Suíça para dirigir o Instituto Jean-
Jacques Rousseau, iniciou as pesquisas que deram origem a sua teoria intitulada
epistemologia genética.
As influências de sua formação inicial na área das ciências naturais e da biologia
podem ser percebidas em sua obra mais importante. Sobretudo no que diz respeito a
organização do desenvolvimento em etapas pensadas a partir das etapas da vida
humana.
Uma das importantes contribuições das descobertas piagetianas para a área da
educação diz respeito a apontamento das limitações das práticas pautadas pela
transmissão de conhecimentos.
De acordo com a perspectiva piagetiana se por um lado essas práticas não podem
fazer com que as crianças aprendam aquilo que elas ainda não têm condições de
absorver por outro mesmo tendo essas condições se elas não se sentirem motivadas a
mobilizar suas capacidades cognitivas para dar conta da nova aprendizagem não
ocorrerá.
As ideias piagetianas ao demonstrarem a inadequação das metodologias
tradicionais de ensino que priorizavam a recepção passiva de conhecimentos embasaram
a revisão das práticas de ensino e levaram a concepção da abordagem construtivista de
ensino, também chamada de construtivismo.
Abordagem construtivista de ensino coloca o aluno em um papel ativo no
processo de construção de novos conhecimentos e pressupõe atividades educativas nas
49
quais o professor assume o papel de mediador entre os educandos e os objetos de
conhecimento.
Jean Piaget faleceu em 17 de setembro de 1980 em Genebra aos oitenta e quatro
anos, mas suas ideias ainda são bastante discutidas nos cenários educacionais
brasileiros.
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Piaget descreveu quatro grandes estágios de desenvolvimento sequenciados e
que tem critérios etários de separação:
Período sensório-motor de zero a dois anos,
Período pré-operatório de dois aos sete anos,
Período operatório concreto dos sete aos doze anos,
Período operatório formal, os doze anos em diante
Nos primeiros dois anos de vida a criança age sobre o mundo e o explora
utilizando suas sensações e seus movimentos. Essa construção é muito atrelada ao aqui
e agora, uma vez que ela não possui ainda recursos para representar os objetos do
mundo.
Por volta dos dois anos a criança começa a falar e junto com ela aparecem
funções simbólicas importante desenho, jogo simbólico, entre outras. Que lhe permitem
agir sobre o mundo de uma outra maneira.
Na perspectiva piagetiana, desenvolvimento cognitivo de sujeitos se constitui
como uma sucessão de estágios e sub estágios nos quais os esquemas mentais se
organizam e se combinam entre si, formando estruturas. Piaget apresentou seus aportes
teóricos quatro estágios de desenvolvimento sequenciados e separados entre si por
fatores etários, que representam os marcos de transformações qualitativas nas estruturas
cognitivas dos sujeitos.
Primeiro estágio descrito por Piaget é o sensório motor que tem início no
nascimento do bebê e se estende até os dois anos de idade. Uma das principais
características desse período é que a criança conhece o mundo por meio da
manipulação, da percepção e dos movimentos.
Período sensual e motor é seguido pelo período pré-operatório que vai dos dois
aos sete anos aproximadamente, esse período é marcado pelo aparecimento da
linguagem que provoca grandes transformações nas áreas social, afetiva e intelectual. A
linguagem permite que a criança se despregue progressivamente na realidade imediata
que possa representá-la. O egocentrismo se faz presente nessa etapa do desenvolvimento
e o pensamento mistura realidade e fantasia.
Aos sete anos tem início o período operatório concreto que se estende até os
onze, doze anos aproximadamente. E que durante muito tempo coincidiu com o início
da escolarização formal, essa é uma etapa decisiva de avanços mentais para criança,
uma vez que tem início uma fase ininterrupta de novas construções. Esse período é
marcado por início da construção lógica, entendida como a capacidade do sujeito para
realizar uma ação física ou mental dirigida para um objetivo e de revertê-la para o seu
início. Embora a criança crie condições para abstração nesse período a manipulação de
situações concretas ainda se faz necessária.
O último período descrito por Piaget tem início aos doze anos e é chamado de
operatório formal, nesse período o indivíduo apresenta o pensamento formal e não há
mais a necessidade da manipulação física dos objetos. Marca a entrada dos indivíduos
na adolescência e representa um grande salto qualitativo no desenvolvimento cognitivo
do sujeito. É nesse momento que surge o pensamento abstrato ou pensamento hipotético
dedutivo, esse pensamento se manifesta quando o indivíduo é capaz de raciocinar
logicamente mesmo que o conteúdo do seu raciocínio seja falso. Dessa forma, depois
dos onze ou doze anos na adolescência e até a vida adulta, o pensamento abstrato se
torna possível e vai se desenvolvendo.
51
É importante ressaltar que embora a descrição das etapas piagetianas não aborde
especificamente as idades posteriores adolescentes o desenvolvimento continua
ocorrendo permitindo que os indivíduos adquiram novos conhecimentos até o final de
suas vidas.
Uma das principais contribuições dos estudos realizados por Jean Piaget para a
área educacional diz respeito a constatação de que o sujeito participa ativamente no seu
processo de construção de conhecimentos acerca da realidade externa. Que a interação
entre os sujeitos é fundamental para o desenvolvimento afetivo e intelectual.
A transposição dessas ideias para as práticas educativas coloca o educando suas
ações, seus modos de agir e pensar num lugar central no processo de aprendizagem. A
valorização das interações coloca o professor e os pares como figuras fundamentais para
promoção de avanços no percurso de construção de novos conhecimentos.
A partir dos anos 1980 a concepção construtivista do desenvolvimento de Jean
Piaget invadiu as escolas do mundo, em especial as do Brasil, dando origem ao que foi
chamado nas escolas brasileiras de construtivismo piagetiano. De acordo com Nogueira
Leal a epistemologia genética piagetiana auxilia o professor no planejamento de
atividades que sejam adequadas em termos cognitivos para as diferentes etapas do
desenvolvimento, uma vez que a oferece um referencial do que pode ser esperado em
cada uma delas.
Além disso, a descrição piagetiana de como ocorre a aprendizagem humana
permite ao professor identificar os elementos que devem ser contemplados nas situações
educativas para que a aprendizagem efetivamente ocorra.
Para Piaget quando o indivíduo domina tudo que está posto a sua volta, ou seja,
quando não há nada desconhecido ele se encontra no estado de equilíbrio ou
equilibração cognitiva. Ao se deparar com um novo elemento, um objeto, uma palavra,
uma situação, esse equilíbrio cognitivo é rompido e é gerado um conflito cognitivo, o
conflito cognitivo gera um desequilíbrio cognitivo.
Assim, toda vez que o indivíduo se encontra em desequilíbrio cognitivo, ele
mobiliza suas capacidades para superar o conflito cognitivo, o primeiro movimento na
busca pela superação é a tentativa de assimilação entendida como a tentativa de
superação do desconhecido a partir de sua aproximação com os conhecimentos que já
haviam sido construídos anteriormente.
Quando isso acontece a criança passou por um processo de acomodação
entendido como uma modificação de suas estruturas cognitivas para incorporação de um
novo elemento e retorna ao estado de equilibração cognitiva.
Para Piaget se não houver conflito cognitivo não há mobilização das capacidades
do sujeito e aprendizagem não ocorre. Essa afirmação piagetiana é fundamental para
que o professor possa propor, boas situações de aprendizagem nas quais o conflito
cognitivo mobilize os alunos de maneira que participem ativamente do processo de
construção de novos conhecimentos.
A necessidade de gerar conflito cognitivo leva o questionamento e ao
consequente abandono das práticas escolares tradicionais nas quais a ação do aluno
estava restrita a cópia a mecanização de procedimentos e a memorização dos conteúdos.
52
O estágio pré-operatório descrito por Piaget tem seu início marcado pelo
aparecimento da linguagem que permite a criança uma nova forma de ação sobre o
mundo.
Uma outra conquista de grande importância nesse período é o que Piaget
chamou de função simbólica e que envolve três outros aspectos além da linguagem, o
desenho, o jogo simbólico e a imitação.
O aparecimento da linguagem permite que a criança não precise mais do objeto
concreto nem do momento presente para realizar a sua representação. Assim a criança
pode pegar um pedacinho de madeira e utilizá-lo como se fosse um carrinho, pode
brincar de casinha ou de médico imitando situações do seu dia a dia ou ainda imitar uma
pessoa do seu convívio.
Segundo Uzun (2010, p. 146), função simbólica infantil se manifesta quando a
criança consegue diferenciar significantes e significados, por meio de suas
manifestações a criança torna-se capaz de representar um significado, objeto,
acontecimento através de um significante diferenciado e apropriado para essa
representação.
Progressivamente a criança de dois a sete anos passa a ter a possibilidade de
representar ações, situações e fatos da vida dela, manifestando-as por meio da
construção da imagem mental, da imitação diferida, do jogo simbólico, da linguagem e
do desenho.
Piaget descreve a evolução do jogo simbólico infantil em três fases distintas:
A primeira fase tem início com a projeção dos esquemas simbólicos nos
novos objetos, ou seja, a criança passa a atribuir a outras pessoas e as
outras coisas o esquema que se tornou familiar. Sendo assim nessa fase é
como uma criança fazer a boneca dormir, comer e tomar remédio, é
comum também ela transformar simbolicamente um objeto em outro,
potinhos em personagens, pedrinhas em comidinhas e assim por diante.
O aparecimento dessas representações mostra que o simbolismo está
desligando-se do exercício sensual e motor e assumindo formas de
representação independentes.
A segunda fase, segundo Piaget tem início por volta dos quatro anos é
marcada pelas construções lúdicas. Nessa fase as crianças apresentam o
progresso na coerência das cenas no estabelecimento da ordem que se
apresenta. Há uma preocupação maior em relação a imitação fidedigna
da realidade, manifestada por um cuidado maior com os detalhes que
compõe cada cena lúdica. Também é característica do jogo simbólico
nessa fase se estende até por volta dos sete anos, o início do simbolismo
coletivo, uma diferenciação e ajustamento de papéis. Os jogos nessa fase
favorecem a socialização e possibilitam uma representação mais coerente
e ordenada das ideias.
A terceira fase que vai dos sete, oito anos até os onze, doze anos, é
caracterizada pelo declínio do simbolismo lúdico. Nessa fase, ele dá
lugar aos jogos de regras e as construções simbólicas cada vez mais
próximas à realidade, há um considerável avanço nas construções, nos
trabalhos manuais e nos desenhos que se apresentam cada vez mais
adaptados ao real.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
53
Jean Piaget foi um importante epistemólogo suíço que se dedicou a estudar a
origem e o desenvolvimento da inteligência humana.
Através da utilização da técnica de pesquisa intitulada entrevista clínica, Piaget
coletou dados sobre as construções psíquicas dos indivíduos em diferentes etapas da
vida e elaborou uma teoria chamada Epistemologia Genética.
Na Epistemologia Genética, o desenvolvimento humano está organizado em
quatro etapas, que têm características próprias: período sensório-motor; período pré-
operatório; período operatório concreto e período operatório formal. Na perspectiva
piagetiana, o sujeito da aprendizagem participa, ativamente, do processo de construção
de conhecimentos.
Ele constatou, também, que para que a aprendizagem ocorra, é necessário que
haja o conflito cognitivo. O conflito cognitivo tira o indivíduo do estado de equilíbrio
cognitivo e faz com que ele mobilize suas capacidades para dar conta do novo.
Essas ideias provocaram a revisão das práticas educativas tradicionais. Piaget
chamou a atenção, também, para a importância do jogo simbólico no percurso de
desenvolvimento infantil, que tem início com o aparecimento da linguagem.
Vygotsky que nasceu em 1896 numa cidade pequena da antiga Bielorrússia, era
membro de uma família judia, sendo o segundo de oito irmãos.
Seu pai era chefe de departamento em um banco e representante de uma
companhia de seguros. Enquanto sua mãe era professora formada, mas não exercia a
profissão. Membro de uma família bastante culta e com uma situação financeira
privilegiada sua educação primária foi conduzida por um preceptor particular.
Somente os últimos anos do ensino secundário foram realizados em uma escola
particular judaica, seu interesse pelos estudos e por diversas áreas do conhecimento teve
início cedo, ele organizava grupos de estudos com seus amigos, eram assíduos
frequentadores da biblioteca local e aprendeu diversos idiomas dentre os quais o
esperanto.
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Vygotsky iniciou seus estudos no curso de medicina e Moscou por influência de
sua família, logo pedindo transferência para o curso de Direito. Após a conclusão do
curso de Direito, passou a se dedicar a licenciatura e aos estudos da psicologia. Seus
estudos o tornaram renomado psicólogo e fizeram com que ele retornasse ao curso de
medicina.
Na faculdade de medicina exerceu vários cargos políticos e científicos, além de
ter realizado diversas intervenções com crianças com deficiências físicas e mentais. Da
mesma forma que sua atividade acadêmica foi diversificada sua atuação profissional
também o foi, atuou como professor e pesquisador nas áreas de psicologia, pedagogia,
filosofia, licenciatura, deficiência física e mental e pedologia.
Os aspectos característicos da psicologia de bigodes que passaram a ser
conhecidos no Brasil a partir dos anos 1980. Durante toda a sua vida profissional
Vygotsky que manteve uma vida intelectual intensa, dedicando se a grupos de estudos e
participando de atividades literárias e teatrais.
Em 1924 Vygotsky casou-se e teve duas filhas.
Em 1920 Vygotsky que havia contraído tuberculose, doença com qual conviveu
por catorze anos e que provocou sua morte aos trinta e sete anos. Os textos escritos por
Vygotsky que são densos, cheios de ideias e misturam reflexões filosóficas com
imagens literárias, proposições mais gerais e datas de pesquisa que às vezes
exemplificariam.
Embora façamos referência a teoria vygotskyana, seus escritos não chegaram a
se constituir como tal, na medida em que sua morte prematura interrompeu a sua
produção. Muitas de suas ideias ainda em processo de desenvolvimento na ocasião de
sua morte continuaram a ser desenvolvidas por um grupo de outros pesquisadores que já
vinham trabalhando com Vygotsky.
Apesar do tempo transcorrido desde a sua morte as ideias de Vygotsky que
continuam tendo grande relevância tanto no campo da psicologia quanto da educação.
Seus estudos deram origem a uma nova abordagem na psicologia conhecida como
psicologia, histórico-cultural.
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Marx vinha sendo estudado por outros teóricos na década de 1920, mas que foi o
primeiro teórico a relacioná-lo com as questões psicológicas concretas.
De acordo com Vygotsky, é na relação com a sociedade que o homem
internaliza o mundo material e passa a ter condições de interpretá-lo de acordo com a
sua subjetividade uma vez que o homem é ao mesmo tempo histórico, cultural e
individual.
A nova psicologia proposta por Vygotsky, apoia em três ideias principais:
As funções psicológicas humanas têm um suporte biológico na medida em que
são produtos da atividade cerebral.
O funcionamento psicológico encontra fundamento no estabelecimento de
relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais são desenvolvidas em um
processo histórico.
A relação entre o homem e o mundo não é direta, ela é mediada por sistemas
simbólicos.
Nessa perspectiva o cérebro é a base do funcionamento psicológico humano.
Sendo assim, o homem possui uma existência material de base biológica que define
limites e possibilidades de desenvolvimento.
Contudo, o cérebro humano não possui uma estrutura fixa e imutável, ele é um
sistema aberto de grande plasticidade cuja estrutura e modo de funcionamento são
moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.
Sendo assim, na perspectiva Vygotskyana os homens se transformam de
biológicos em sócio históricos em um processo no qual a cultura é fundamental para a
constituição da natureza humana. Nesse processo a relação do homem com o mundo a
sua volta não se dá de forma direta, mas sim mediada por instrumentos signos.
56
foi criado e o modo de utilização desenvolvido durante a história do trabalho coletivo.
Como tal, é um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o mundo.
Da mesma maneira que os instrumentos são criados para ampliar as capacidades
humanas no plano concreto os signos são criados como meios auxiliares para solucionar
problemas no plano psicológico. Como lembrar, comparar coisas, relatar, escolher, entre
outros.
Eles se constituem como marcas externas que auxiliam o homem em tarefas que
exigem a memória e atenção. São exemplos da utilização de signos. Fazer uma lista de
compras por escrito, usar um mapa para encontrar um local determinado, fazer um
diagrama para orientar a construção de um objeto, entre outros.
A linguagem humana é constituída por um conjunto de signos quando utilizamos
a palavra bicicleta por exemplo, ela não é o objeto representado, mas nos remete a ele.
Em síntese, enquanto os instrumentos são elementos externos ao indivíduo
voltados para fora dele com a função de provocar mudanças nos objetos e controlar
processos da natureza, os signos ou instrumentos psicológicos são orientados para o
próprio sujeito dirigindo-se ao controle das ações psicológicas quer sejam do próprio
indivíduo ou de outras pessoas.
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Vygotsky defende a ideia de que as aprendizagens acontecem em diversos
contextos e não só na escola. A interação com os objetos de conhecimento dadas as
oportunidades oferecidas pelo meio, o indivíduo constrói conhecimentos.
No entanto a escola se constitui como um lugar privilegiado para que as
aprendizagens ocorram, uma vez que ela se constitui como um espaço no qual há uma
intenção explícita de promovê-las.
Se a aprendizagem se constitui como a mola propulsora do desenvolvimento a
escola tem um papel fundamental no delineamento do percurso de desenvolvimento dos
indivíduos cabe a ela portanto identificar os aspectos fundamentais para que a
aprendizagem ocorra e propor situações nas quais esses aspectos estejam presentes de
maneira a oportunizar o pleno desenvolvimento dos educandos.
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Vale ressaltar que para Vygotsky que a intervenção do outro social mais
experiente não é necessariamente do professor, para ele a intervenção na zona de
desenvolvimento proximal pode ser fruto da interação com qualquer outra pessoa com o
saber diferente.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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