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ERMATOSES DO PAVILHAO AURICULAR ________ RESUMO Aloisio Gamonal ! Apresentamos uma atualizac&o sobre as dermatoses que ocorrem edro Robson Boldorini ® no pavilhao auricular, Propomos uma classificacdo em sete grupos Shirley Gamonal * realizamos uma sucinta descri¢ao clinica de cada uma das 84 enti- dads catalogadas, cle forma didética, coma finalidade de auxiliar 0 médico, sobretudo o clinico geral, 0 dermatologista e 0 otorrinola- ringologista, no diagnéstico de tais patologias. ‘UNITERMOS Pavilhao Auricular, orelha, clinica e classificagao dermatoses. 1 - Professor Adjunto de Dermatologia da Faculdade de Medicina da UBJF 2 - Graduando em Medicina pela UAE 3 - Médica Dermatologista, Correspondéncia: Aloisi Gamonal 16036-000 - Juiz de ForaiMG - E-mail: gamonal@medicina.ufjé br INTRODUCAO ANATOMIA DO. PAVILHAO AURICULAR sistema condutor do som deriva do apa- relho branquial, sendo que os primeiros sinais do ouvido externo e médio si0 notades no embriao de quatro semanas, onde trés arcos branquiais separados por duas fendas aparecem de cada lado da ca- beca. O pavilhao auricular se desenvolve em torno da 1? fenda branquial, de seis tu- bérculos mesenquimais localizados nas ex- tremidades dorsais do 1° @ 2° arcos bran- quiais, os quais se fundem ao redor da 6* semana, encontrando-se desenvolvido em torno do 3° més. Figura 1 Extraida de Miniti '" A1 fenda branquial se aprofunda para formar 0 conduto auditivo extemo ao mes- mo tempo em que uma invaginacao da faringe, a primeira bolsa faringea caminha para fora em sua diregao resultando na for- mao da trompa de Eustaquio e na cavida- de do ouvido médio. As cartilagens dos 1° 2 arcos branquiais dao origem aos ossiculos 3° arco e a 2 fenda desaparecem preco- cemente +. Em virtude dessa miltipla deriva- (0 6 facil admitira viabilidade do surgimento de grande niimero de anomalias © owvido externo compreende o pa- vilhao da orelha e 0 meato actistico exter- no, Donaldson e Miller descreveram 0 pa- vilhao auricular como um apéndice flexi- vel, de fina cartilagem elastica recoberta de pele, Em sua porcao anterior, a pele aciere- pavilhao auricular é um apéndice vestigial sujeito a traumatismos mecanicos e ambientais constantes, sendo tal vulnera- bilidade agravada pela vascularizacao de- ficiente e pela pouca quantidade de tecido subcutaneo entre a pele ¢ o pericondrio. Tais peculiaridades propiciam, mesmo com pequenos traumas, inflamacao focal dérmica com edema e necrose, ocasionan- do dano epidérmico e pericondrite secun- daria", A secrecao dos elementos glandula- res da pele constitui o principal mecanis- mo de defesa, especialmente contra agres- s6es microbianas, sendo que tal mecanis- mo de defesa pode ser modificado por mailtiplos fatores, sobretucio endégenos, de- terminados por alteragées metabélicas. A primeira conseqiiéncia desse desarranjo é a facilidade as infecgdes, que so sempre temidas, em virtude das deficiéncias estru- turais locais. Além de infeccoes, esses dis- tGrbios metabdlicos, produzindo alteragdes vasculares ¢ nervosas ou anormalidades de elementos circulantes, propiciam modifica- Ges locais, que, muitas vezes, acrescidos de outros sinais ¢ sintomas, sugerem ou fir mam determinado diagnéstico ". O presente trabalho tem como obje- tivo uma atualizagao sobre as dermatoses do pavilhao auricular conseqiientes a pro- cessos locais ou sistémicos, através de uma classificacao etioldgica compreendendo 84 enticlades divididas em 7 grupos, de forma didatica, visando facilitar a explanacao e tendo como pblico alvo o clinico geral, o dermatologista ¢ 0 otorrinolaringologista. se firmemente e isso determina o aparec- mento de uma concavidade e clevacoes no pavilhao *. Em sua face lateral, que ¢ con- cava, ha uma area denominada concha; em torno dessa destacam-se quatro salién- cias: hélice, anti-hélice, trago e antitrago. (RRA RTD LTO OTA TOO TRSDRDE ON DTTC VOSS HTT EAL) SEMIOLOGIA OTOLOGICA 205 Figura 2 Anatomia do Pavilhao Auricular, extraido de Sobotia " Na porco inferior do pavilhdo en- contramos outra saliéncia desprovida de cartilagem, chamada de l6bulo 8. © pavi- Ihao auricular prende-se ao cranio e ao couro cabeludo através dos misculos auriculares anterior, superior ¢ posterior, os quais sio inervados pelo nervo auricular posterior, ramo do nervo facial, ¢ por ra A anamnese consiste em obter a his- toria da doenga atual com seus diferentes sinais e sintomas; analisar os antecedentes pessoais e familiares ¢ os ambientes geo- grafico, profissional e psicalégico, Os sin- tomas locais que podem resultar em con- sulta médica sao: a otaigia, a qual pode ser conseqilente a uma lesao externa visivel do pavilhao (p.ex.: afeccao dermatolégica, pericondrite, abscesso}, lesdes otoscépicas (p.ex.: otite externa, zoster, corpos estra- hos no conduto), dores reflexas a partir de lesGes em outros sitios (p.ex.: dentarias, laringeas, parotideas), dores neurdlgicas (p.ex.: nervo auriculo-temporal, ramo do mandibular); pulsagdes dolorosas ao nivel do pavilhao nos casos de abscesso, peri- condrite; zumbidos encontrados em todas as lesdes obstrutivas do ouvido externo, assim como afeccdes dos ouvidos médio e interno; disacusias por malformacées do ouvido externo, por lesdes obstrutivas, estenose e/ou infeccao do conduto auditi- mos temporais do nervo facial ’. A imtigacao éderivaca do ramo parietal daartéria temporal superficial, que é um dos ramos terminais da artéria cardtida externa, e do ramo auricular da artéria auricular poste- rior, que se origina da artéria carétida exter- na na parte superior do pescoco. A drena- gem venosa ¢ feita por veias homdnimas e pela emissaria mastéidea, sendo a via de dre- nagem linfatica as cadeias de linfonodos an- terior, inferiore posterior ‘ ‘A inervacao sensitiva compreende os ramos superticiais do plexo cervical (occi- pital menor, que inerva a pele da face late- ral da cabeca e da superiicie craniana da oretha; auricular magno, que inervaa pele sobre a glandula parétida e a pele das duas superficies da orelha), 0 nervo auriculo- temporal, ramo do nervo mandibular (ter- ceira divisao do trigémio), que inerva a ore- Jha externa ea membrana timpanica, além do couro cabeludo, jun¢ao témporo-man- dibular e glandula parétida ’ vo externo, por afecgdes na unidade tim- pano-ssicular e nos Ifquidos labirinticos; otorréia por lesdes do ouvido extemo (p.ex.. sangue nos casos de pélipos neoplasicos; serosidade na otite externa; secregao puru- enta nas infeces); otorragia decorrente de traumatismos do meato aciistico externo, de ruptura da membrana timpanica ou por fraturas de base de cranio; vertigem labi- rintica que consiste na sensa¢ao subjetiva, por parte do paciente, de estar girando em torno dos objetos (vertigem subjetiva), ou ‘os objetos estarem girando em torno do mesmo (vertigem objetiva). A investigacao semistica do aparelho auditivo consiste do exame fisico (inspecao externa, palpacao e otoscopia), e na avali- acao funcional. Na inspegao pode-se reco- nhecer processos inflamatérios e neoplasi- cos, cistos, fistulas, furinculos do meato externo, malformagées congénitas, entre ‘outros. A palpacao permite avaliar a forma, a consisténcia e a dor provocada ao nivel Ca EDS NTR NSD DETR OS OT TRA das lesées do pavilhao, permitindo, tam- bém, evidenciar linfonodos periauriculares nos processos supurativos. A otoscopia consiste no exame do meato aciistico extemo e da membrana tim- panica, possibilitando a inspecdo das le- s6es existentes e a palpacao por meio de pequenos estiletes os quais permitem estu- Dermatoses préprias do pavilhdo auricular: Malformagdes congénitas; Pseu- docisto da auricula; Ceruminoma; Seroma; Otite Externa Maligna; Otite Externa Difusa; Pericondrite; Hematoma de Ore- tha; Congelamento do Pavilhao Auricular; Dermatite Eczematéide Infecciosa; Con- drodermatite Nodular Cronica da Orelha; Hipertricose da Orelha. Doengas inflamatérias: Eczema atépico; Eczema seborréico; Eczema de contato; Fitofotodermatose; Pitiriase rosea; Dermatite artefacta Doencas metabélicas: Amiloidose; Mucinose papulosa; Pelagra; Uricose gotosa; Ocronose. Doencas infecciosas: Micoticas: Pitiriase versicolor; Can- didiase; Actinomicose; Lobomicose; Para- coccidioidiomicose; Cromomicose; Rinos- poridiose; Aspergilose; Esporotricose. Bacterianas: Erisipela; Celulite; Furun- culose; Lues; Acne; Abscessos; Hanseniase; Tuberculose. Virdticas: Verrugas; Herpes zoster; Herpes simples; Rubéola; Molusco conta- gioso; Sarampo. DESCRICAO CLINICA DAS DERMATOSES Dermatoses préprias do pavilhdo auricular: Malformacdes congénitas*"': Existem muitas anormalicaces congénitas envolven- do 0 ouvido, resultado de um mau desenvol- vimento do primeiro e segundo arcos bran- dar a dor provocada, a consisténcia © os limites de uma tumoracdo. Os exames com- plementares mais freqiientes do aparelho auditivo séo constituidos pela exploragao funcional da audigao (provas com diapa- sao ¢ a audiometria), pelo exame da fun- ‘cdo vestibular iprovas térmicase pelo exa- me radiiolégico "2" Protozoiticas: Leishmaniose. Doengas tumorai: Benignas: Cisto Epidérmico; Queléi- de; Nevo Sebaceo; Leiomioma Vascular; Tumor Glémico; Ceratoacantoma; Reticu- lohistiocitoma;; Ceratose Seborréica; Malignas: Melanoma; Epitelioma Espinocelular; Doenga de Bowen; Epiteli- oma Basocelular; Mieloma Multiplo; Nevos: Celular; Comedoniano; Azul; de Ota; de Ito. Doencas de origem obscura: Lupus Eritematoso Discdide; Sarcoidose; Crioglo- bulinemia; Policondrite Recidivante; Gra- nuloma Anular; Psoriase; Hiperplasia An- giolinfdide; Pénfigos; Vitiligo; Porocerato- se de Mibelli; Alopécia Areata, Miscelanea: Genodermatoses: Histiocitose X; Por- firias. Sindromes: Histiocitomatose Reuma- tdide; Sindrome Carcinéide; Sindrome de Luz-Clara-Bantam; Sindrome de Louis-Bar; Sindrome de Wiskott-Aldrich; Acroderma- tite Enteropatica; Sindrome de Pringle- Bourneville, quiais. Dentre elas exemplificamos: ‘A) Macrotia: aumento do pavilhao auricular; B) Microtia: diminuigao do pavilhao auricular, geralmente associada a malfor- mages da face; (BT TAEDA CA DOSTANA EIDE EDR DEIEDEFORA VOLS PE CHEPEUD. SHENGNA AD) 207 © Anotia: auséncia de pavilhao au- ticular, sendo uma situagao rara; D) Melotia: pavilhao auricular situado na posi¢ao transversal e bem mais anterior; £) Anomalias no relevo do pavilhao auricular: s40 numerosas e hereditatias; F) Anomalias do lébulo: auséncia de l6bulo, hipertrofia ou mesmo bilobulagoes podem ocorrer; G) Aderéncias do pavilhao auricular: situacao na qual a pele do segmento supe- rior do pavilhao auricular continua-se com a do couro cabeludo causando a auséncia do sulco retroauricular; H) Orelhas em abano: situacéo na qual 0 sulco retroauricular é muito profun- do proporcionando a projecao do pavilhao auricular em direcao anterior, sendo que, geralmente o pavilhao é bem formado; |) Apéndices auriculares: caracteriza- se por um ldbulo de tecido cartilaginoso descoberto de pele, nico ou miltiplo, de localizagao mais freqiiente na regio ante- riot ao trago e ramo ascendente da hélice, em decorréncia de um crescimento exces- sivo do ramo mandibular ou hidide; J) Diverticulos, cistos e fistulas conge- nitas: um defeito no desenvolvimento da primeira fenda branquial determina a for magao de diverticulos em fundo cego, as- sim como, pequenos cistos epiteliais que se abrem através de uma fistula, geralmente proxima a raiz da hélice. Pseudo cisto da auricula: caracteriza- se por uma lesao cistica firme e endurecida no pavilhao auricular, geralmente pés trau- matismos, ocorrendo, freqiientemente, em lutaclores. A drenagem proporciona a safda de um liquido espesso e viscoso. Ceruminoma: também denominado de adenoma de glandulas ceruminosas, 6 um tumor benigno pouco comum, proprio do meato aciistico externo. Manifesta-se como vegetacdes com minima ou nenhu- ma infiltracao, que, crescendo, ocluem 0 ‘meato actistico extemo ou exteriorizam-se, E constituido por estruturas glandulares revestidas por epitélio prismatico pseudo- estratificado, com transformacao apdcrina, assemelhando-se as células dos oncocito- mas da glandula salivar. Em algumas areas podem ser encontrados cordoes celulares pouco diferenciados ou com metaplasia epiderméide, sugerindo um falso diagnés- tico de malignidade*. Seroma: consiste em um actimulo de liquido seroso, de tamanho variado, pocen- do ocorrer precocemente apés um ato ci- rurgico, sendo, porém, uma situagao rara 10S dias atuais. Apds a sua instalacao, tor- na-se necessaria a drenagem para a resolu- 0 do processo, sendo que a profilaxia para tal condigao consiste na confeccao de um curativo compressivo no pds operaté- rio imediato. A permanéncia desse liquido ocasiona a formacao de um tumor benig- no produtor de serum. Otite externa maligna: & uma otite externa grave, causada pela Pseudomonas aeruginosa, de cardter invasivo, que se ini- no conduto auditivo externo podendo atingir a regiao parotidea, mastéidea, ouvi- do médio e base do cranio, manifestando- se por otorréia purulenta, otalgia rebelde, prurido, hipoacusia, osteite do meato acis- tico externo, podendo evoluir para parali- sia facial periférica. Ocorre, geralmente, em imunodeprimidos®*" Pericondrite: 6 uma infeccao do pe- ric6ndrio do pavilhao auricular causada por flora mista de cocos Gram-positivos € Pseudomonas aeruginosa, através de solu- des de continuidade da pele ou por disse- minagio de infeccdes adjacentes 2o pavilhao auricular. Manifesta-se por dor local intensa, edema, hiperemia, espessamento do pavilho © supuracdio com drenagem de fragmentos de cartilagem necrosada, resultando, em iti ma anilise, em seqiielas deformantes, como. a“orelha em couve-flor” #9" Hematoma da orelha: 6 uma colecdo serossangilinolenta localizada entre 0 pericdndrio e a cartilagem do pavilhao auri- cular, geralmente de origem traumatica, de a EST CAL OO OSTA TARO DA NERSDRCE REAL DEAUOETOW VOUS 25 VE) STENRIOOUAAAE ROD) 208 localizacao freqilente na porcio superior da face extema do pavilhao auricular em virtu- de de ser uma area mais exposta ao trauma e por estar 0 pericOndrio frouxamente unido a cartilagem nesse local, O hematoma pode infectar-se originando uma pericondrte, acar- retando retraces do pavilhao auricular que, quando extensas, podem chegar ao ponto de transformé-lo num coto pregueado e distor me, tipo couve-flor?”, Otite externa difusa: é um processo inflamatério da derme e epiderme do meato aciistico externo, ocasionado por solugdes de continuidadle da pele em con- seqiiéncia de traumatismos, queimaduras, corpos estranhos, retencao de agua no meato actistico externo, entre outros. Cli- nicamente se manifesta por dor local exa- cerbada com a mastigacao, hipoacusia, pele do conduto auditivo externo edema- ciada, hiperemiada, dolorosa & compres- S80, podendo a infiltracao ser tao intensa a ponto de obliterar totalmente o conduto. A flora microbiana é representada, principal- mente por estafilococos, estreptococos, proteus, aspergilos e bacilo piocianico (Pseudomonas aeruginosa)" Congelamento do pavilhao auricular: © pavilhao auricular pode softer queimadu- ras de primeiro, segundo ou terceiro graus pela acio do frio, ocorrendo, inicialmente, palidez, com anestesia ¢ posterior formacio de vesiculas até necrose da pele ou da pele e cartilage, Podem ocorrer infec¢des secun- daiias nessas queimaduras que eventualmen- te levam appericondrites com posterior defor- midades no pavilhao auricular?” Dermatite eczematéide infecciosa: exprime uma reagio de hipersensibilidade alérgica da pele do meato actstico exter- no ou do pavilhao auricular geralmente em conseqjiéncia a alergenos alimentares, medicamentosos, microbianos e cosméti- cos. Na fase aguda, a pele se toma eritema- tosa, tumefeita, com posterior vesiculagao, seguida de exsudacao serosa citrina, dolo- rosa e pruriginosa, Em sua fase crdnica, 0 eczema geralmente é seco, com pele atrofica e brilhante, com areas descamativas. Quar do ha infeccao secundaria, ocorre a instala- ao de um exsudato purulento™! Condrodermatite nodular cronica da oretha: caracteriza-se por apresentar uma lesio nodular endurecida, circunscrita por halo eritematoso, dolorosa, aderida a pele € A cartilagem, podendo ulcerar-se, origi- nando a saida de pequena quantidade de pus com evolucao para crosta. Ocorre mais freqiientemente no homem, em geral apés 08 40 anos, localizando-se, principalmen- te, nahélice. Ocorre a degeneracao da car- tilagem auricular devido ao proceso infla- matério, que, nos casos mais graves, origi- na pseudocistos * Hipertricose da orelha: consiste no actimulo localizado de pélos no pavilhao auricular. E de carater familiar. curso crénico, freqiientemente associado a asma e/ou rinite alérgica, sendlo que os critérios maiores para a diagnose sdo o pru- rido, morfotopogratia, tendéncia a croni dade e/ou recidivas freqtientes ", Na infan- cia ocorrem lesdes exsudativas eritemato- vésico-crostosas, localizadas nas regides malares, fronte, no encaixe auriculo facial € na regido posterior do pavilhao auricu- lar, podendo generalizar-se, ocorrendo, fre- qiientemente, infecgao secundaria devido a0 prurido *. No periodo pré-puberal ocor- re acometimento das regides de dobras, face e dorso das méos e pés com areas de liquenificagao e escoriagao (dermatite cro- nica), sendo que nas fases de agudizacdo ha eritema, vesiculacao e secregao; no aduk to ocorre clinica semelhante. Eczema seborréico: 6 uma afeccao crénica, freqéente, nao contagiosa, ocor- rendo nas regides cutaneas ricas em glan- dulas sebaceas, apresentando as formas clinicas do lactente - escamas gordurosas e aderentes, sobre base eritematosa no cou- (RT -RET ETENORDO CST LIVERS DA UNVERSDADETEOE ADE DEFORA VES 2 SEEMIRGID AMELIE) 209 10 cabeludo, manchas eritémato-escamo- sas na face, tronco e outras regides - e do adulto, apresentando lesdes eritémato-esca- mosas na face e couro cabeludo ". Quan- do 0 couro cabveludo ¢ acometido, a regio retroauricular freqlientemente esta afetada No pavilhao auricular, as dreas mais afeta- das so a concha e a fossa triangular» Eczema de contato: decorre de dois mecanismos eliopatogénicos: por irritacao primaria ou por sensibilizacao. No primei- ro 6 causada por exposicao a agentes ca- pazes de produzir dano tecidual, caracte- rizando-se por dor, ardor, calor local, erite- ma e formagao de vesiculas e ou bolhas; na dermatite de contato irritativa crénica corre eritema e ressecamento da pele, se guidos de hiperceratose e fissuras. A der- matite de contato alérgica é uma reagao do tipo celular-mediada devida ao apareci- mento de sensibilidade a substancia em coniato com a pele, apresentando-se sob varias formas clinicas: eritematosa, eritéma- to-vesiculosa, eritémato-vésico-secretante e eritémato-secretante-infiltrativa-liquenifica- da", As localizagdes do eczema de contato s40 mais freqtientes na face, mos, pescoco. pés. No pavilhao auricular podemos ter 0 comprometimento da regio superior da anti- hiélice por “sprays” de cabelas; nos Iébulos, causado por niquel e cromo de brincos; na concha e meato ocasionado pelo uso de estetoscépios, receptores de telefone, esmal- te de unhas, gotas otolégicas ™*. Fitofotodermatose: & uma afeccao cujo mecanismo etiopatogénico ¢ o mes mo da dermatite de contato por irritante primario, com a diferenga de que a subs- tancia se toma irritante quando sua estru- tura quimica é modificada pela exposigao solar, surgindo manchas eritematosas com disposigao irregular, as vezes bolhas, evo- luindo para melanodermia com desapare- cimento das lesoes, mesmo sem tratamen- to". No pavilhao auricular hé preferéncia pelo ldbulo, margem da hélice e regiao pos- terior, determinada pelo uso de lavandas e coldnias & base de alfazema °. Pitiriase rosea: 6 uma afeccao infla- matéria subaguda, com incidéncia maior nas mulheres, caracterizada por lesdes e- ritémato-escamosas disseminadas; ovala- das (com 0 maior eixo paralelo as coste- las).; com bordas ligeiramente elevadas € centro amarelacio descamativo; apresentane do, conjuntamente, papulas eritémato-esca- mosas lenticulares em proporcao varivel; progressivas; com evolugao de quatro a oito semanas @ com regressao posterior e cura. As eflorescéncias localizam-se no tronco, po- endo atingir face, pescoco e membros”. Dermatite artefacta: também denomi- nada de facticia ou patomimia, é de origem psicogénica e constituida por lesdes cutane- as produzidas pelo doente, de configuragao geométricas, bizarras, de aparecimento abrupto, variando desde eritema, vesiculas e bolhas, até ulceragdes ou necroses; pode vir associada com tricotilomania > Deongas metabslicas: Amiloidose: é uma afeccdo em que ha depésito de uma protefna anormal na pele ou em outros érgaos, possuindo for mas clinicas cutaneas e sistémicas. As amiloidoses cutaneas compreendem uma forma primaria ou idiopatica e uma forma secundaria, sendo que essa ultima decorre de outros quadros dermatolégicos bem definidos, como por exemplo, a doenga de Bowen, nevos intradérmicos, entre outros. As manifestagaes clinicas da amiloidose cutanea primdria sao lesdes maculosas, maculo-papulosas ou papulosas, de colo- races € localizacdes variadas ", Quando ha comprometimento do pavilhao auricu- lar, o mesmo encontra-se edemaciado por infiltracao difusa de material amildide; no meato auditivo externo podem ocorrer nd- dulos por deposigaio do mesmo material ". Mucinose papulosa: as mucinoses sio afeccdes que apresentam depésito anormal de mucina na pele. Na mucinose papulosa a erupgdo cutinea é representada por pa pulas, de consisténcia mole, translicidas, geralmente da cor da pele, dispostas em 5 CTR TSEC HOT VERT SRE TA DEITIES 250) EDU-SEENRRODDANEL EO) 210 arranjo linear ou em pequenos grupos, de localizacao preferencial na face e nas ex- tremidades. Ha uma variante da mucinose papulosa, 0 escleromixedema, que além das lesdes papulosas apresenta um espes- samento difuso da pele o qual acarreta 0 aparecimento de grandes rugas transversais na fronte; nédulos e infiltracéo difusa do pavilhdo auricular, pescoco e regides ano- genitais podem ocorrer “. Pelagra: desenvalve-se em pacientes desnutridos pela caréncia de acido nicot nico @ outros elementos do complexo B, sendo que as manifestacdes clinicas prin- ipais séo dermatite, diarréia e deméncia, As manifestagées iniciais e caracteristicas sdo as lesdes dermatolégicas representadas por eritema vivo nas dreas expostas a radi acao solar (na face, formam mascaras até pr6ximo ao couro cabeludo}, com evolu- a0 para edema, bolhas, sufusdes hemor ragicas, seguidas de hiperpigmentacdo e atrofia da pele '®. Os pavilhdes auriculares sao atingidos freqiientemente por serem reas expostas a radiacao ultravioleta ". Uricose gotosa: ¢ um distirbio do metabolismo das purinas, caracterizado por hiperuricemia e por surtos de artrte, sendo que no ataque agudo a pele encontra-se eritematosa, edematosa, quente e doloro- sa*, Na forma crdnica ha nédulos amare- lados (tofos gotosos)., encontrados princi- palmente na hélice e anti-hélice dos pavi- Ihdes auriculares, cotovelos, bolsas pré patelares, entre outros locais, que se ulce- ram eliminando cristais de urato®. Ocronose: é uma afeccio metabéli- ca congénita que ocorre pela falta da oxidase do dcido homogentisico que deri- va dos aminoacidos tirosina e fenilalanina, com acimulo do mesmo nas cartilagens, originando hiperpigmentagées variaveis (castanho-amareladas ou azul-enegrecidas), nas regiées auriculares, face, extremidade nasal, articulagdes condro-costais, cémea e conjuntiva ",O pavilhao auricular mos- tra-se, inicialmente, opaco & transilumina- cao e, progressivamente, a cartilagem tor na-se irregularmente espessada, inflexivel e azulenegrecida, podendo ocorrer calci- ficagao posterior; 0 cerume e o timpano apresentam-se enegrecidos " Quadros de attrite de coluna vertebral e quadril ocor rem tardiamente, resultando em lordose, cifose e dores tipo cidtica Doengas infecciosas: Micéticas Pitiriase versicolor: 6 uma afeccao fdingica muito comum na camada cérnea da epiderme, manifestando-se por maculas com descamagao de cor varivel, miltiplas, de formatos variaveis, de localizacao habi tual no pescoco, térax e parcdes proximais dos membros superiores "".Quando acome- te 0 pescoco, o pavilhao auricular pode ser igualmente afetado 5, Candidiase: ¢ uma infeccao causada por levedura do género Candida, localizada nna sua maioria na pele e mucosas podendo ocorrer comprometimento sistémico. Na pre- senca de condigdes predisponentes como umidade, maceracao, diabetes, gravidez, al- texagdes imunolégicas, a levedura se instala originando a patologia. O pavilhao auricular or ser uma area intertriginosa pode ser aco- metido, manifestando-se como areas eritema- tosas, imidlas, maceradas, de extensio varid- vel *'". A candidose mucocutanea crénica é um quadro clinico raro e grave, de causa he- reditéria ou adquirida, iniciando-se com es- tomatite ou paroniquia e evoluindo com le- s6es papulosas ou nodulares disseminadas, que se tornam comeificadas, levando a for- magao de comos cutaneos, os quais se ma- nifestam no pavilhao auricular e em outros locais. ‘Actinomicose: eumicetoma 6 uma in- feccao crénica da pele, do tecido subcuté neo e ossos subjacentes causado por diver s05 fungos, com presenga de fistulas que dre- nam material seroso ou seropurulento com ¢granulos parasitérios e presenca de fibrose; a lesao é mais freqiiente nos membros inferio- res, e, raramente, no pavilhao auricular *”, (T-TEST UVR Da NNEIDADE ERA OEREDETORA VO 2S EET STOOD ASRLIND) Lobomicose: é uma infeceao croni- ca da pele, causada por um fungo, 0 Loboa loboi, caracterizada por lesoes nodulares, verrucosas ou queloidianas isoladas ou em placas, de longa evolucao, encontradas com freqtiéncia nos pavilhdes auriculares @ membros inferiores; podem ocorrer com- plicages como infeccao bacteriana e de- generacao carcinomatosa ". Paracoccidioidomicose: & uma do- enca cronica, granulomatosa, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis e carac- terizada por leses polimérficas, podendo alingir qualquer 6rgdo. A forma tegumentar se apresenta em varios estagios evolutivos, encontrando-se lesdes eritémato-papulosas iniciais ao lado de elementos papulosos, papulo-pustulosos, papulo-vegetantes Lilcero-crastosos; a forma mais comum dle le- ses na pele acorre por disseminagao hema- togenica do parasito estando os linfonodos, geralmente, tumefeitos ou fistulizados. A fre- quéncia de lesdes pulmonares & variavel, entre 50-80% dos doentes '*. Cromomicose: 6 uma micose profun- da causada por fungos pigmentados, de evolugao cronica e progressiva, atingindo a pele e 0 tecidlo celular subcutaneo. As lesdes iniciais sdo papulas ou nédulos que evoluem tornando-se verrucosas, com pos- terior confluéncia dessas lesoes em placas verrucosas; a infeccao é localizada, num membro ou segmento, nao havendo com- prometimento do estado geral ", Rinosporidiose: é uma infeccao cré- nica granulomatosa, causada pelo fungo Rhinosporidium seeberi, que acomete as mucosas dos ouvidos, nariz, olhos, entre outros; caracteriza-se por vegetacoes sésseis ou polipdides, geralmente unilate- ral, com superficie irregular, avermelhada, com pontos brancos e que sangra com fa- cilidade. A localizagao nasal representa cerca de 70% dos casos ". Aspergilose: é a segunda infeccao fiingica oportunistica em freqiléncia nos imunodeprimidos; a espécie mais comum € 0 Aspergillus fumigatus. A aspergilose disseminada é doenca habitualmente fatal, atingindo predominantemente os pulmdes, sendo raras as manifestacdes cutaneas na forma generalizada, Porém pode ocorrer aspergilose cutdnea primaria, que se mani- festa por placas eritematosas tinicas ou miiltiplas ou méculo-papulas que simulam exantema por drogas e que podem pustuli- zar e evoluir para necrose “ Esporotricose: ¢ uma micose profun- da, de evolugao subaguca ou cronica, apresentando-se sob as formas cutaneas ou exiraculaneas, sendo essa Gltima forma muito rara. As formas cutaneas podem ser: 1) cutaneo-linfatica: forma mais co- mum, acorrendo lesao pépulo-nodular no ponto de inoculagao (cancro esporotricé- tico), seguindo o trajeto linfatico, determi- nando linfangite nodular dolorosa, com ten- déncia & infecgao secundaria, sendo que a lesio inicial em criancas geralmente 6 lo- calizada na face; 2) cutanea localizada: lesdes papulo- nodulares, ulcerosas, verrucosas; 3) cutanea disseminada: é rara e re- sulta de disseminagdo hematogénica do pa- rasito por queda da imunidade, manifes- lando-se por lesdes nodulares ou gomosas disseminadas, podendo ulcerar "*, Ha rela- to de casos de esporotricose envolvendo 0 pavilhao auricular §, Bacterianas Erisipela: 6 uma forma dle infeccao su- perficial estreptocdccica, de instalacao ré- pida, acompanhada de febre alta e calatri- 08 com a zona afetada apresentando sinais flogisticos, borda nitida e adenite satélite. A penetracao do patégeno ocorre por so- lucao de continuidade da pele ". A sua localizacao no pavilhao auricular é bastante comum, sendo geralmente secundaria a uma otite extema aguda**. Celulite: é um processo semelhante 2 erisipela, porém com infeccao difusa do tecido celular subcutaneo, sendo os lim EAR CREDO HETERO LNESDNSE RD DEIUTOETORA OS TSE SETNRODANEL AD) 212 tes entre a area sadia e a lesada impreci- sos; pode seguir-se a picada de insetos ou a escoriagdes da pele, especialmente pelo ato de cocar, sendo capaz de atingir qual- quer parte do pavilhao auricular ou teci- do periauricular °. E uma entidade poten- cialmente grave podendo evoluir para qua- dro de fasciite necrotizante e sepsis. Furunculose: 6 decorrente de uma infecgao estafilocécica a qual atinge mais de um foliculo piloso com glandula seba- cea anexa. Apresenta-se como drea ede- matosa, eritematosa, dolorosa e quente sobre a qual surgem pontos de drenagem de secrecdo purulenta. Lues: 6 uma doenca infecciosa cau- sada pelo Treponema paltidum, que deter- mina lesdes culdneas polimorfas e pode comprometer outros drgaos; é dividida em: 1) sifilis congénita, cuja via de trans- missao é vertical e hematogénica; 2) silis adcquirida. Essa iltima é classifi cada em: 2.1) recente primatia (presenca de lesdo ulcerada, de bordas endurecidas, indolor, infltrada, no local de inoculacao - é © cancro duro); 2.2) recente secundaria (le- Go inicial é a roséola ~lesdes eritemato-des- ‘camativas ~ € posterior surgimento de leses papulosas palmo-plantares, placas mucosas, alopécia em clareira, adenopatia generaliza- dae papulas vegetantes perianais); 2.3) recen- te latente (sem manifestagdes clinicas visiveis com diagnose através de sorologia); 2.4) tar- dia (6 considerada tardia apés primeiro ano de evolugao; as formas clinicas s4o cutanea, 6ssea, cardiovascular, nervosa ¢ outras); 2.5) tardia latente (auséncia de sinais clinicos, tem- po de duracao superiora um ano esorologia positiva). Na forma recente secundaria encon- tramos maculas e papulas no pavilhao auricular e conduto auditivo externa, sendo que esse dltimo pode ser preenchido por condilomas; 0 cancro primario 6 excepcio- nal ea lues tercidiria 6 muito rara com mani- festagoes no pavilhao auricular *. Acne: & uma afeccao dos foliculos pilossebdceos conseqiiente a uma hiperce- ratose folicular e uma hipersecrecao seb- cea; 0 quadro clinico ¢ polimorfo, caracte- rizado por comedées, papulas, ptistulas, nédulos @ abscessos, geralmente associa do com seborréia, que se localizam na face € na regiao antero-posterior do torax (16) Devido a presenca abundante de glandulas sebaceas no pavilhao auricular, sobretuco a nivel da fossa triangular e concha, temos vis- to oacometimento do pavilhao auricular em quadros acnéicos mais difusos * Abscesso: 6 uma formacao circuns- ctita constituida por liquido purulento, lo- calizada na pele ou tecidos subjacentes, de tamanho variavel, podendo ser proeminen- te; a microbiologia dos abscessos reflete a microflora da drea envolvida '. © pavilhao auricular é acometido, uma vez que é fon- te de freqientes formas de traumatismos® Hanseniase: comprometimento do pavilhdo auricular é muito freqtiente, po- dendo ocorrer: hansenomas, lesdes macu- losas ¢ anestésicas e formas mistas. Em ge- ral, o pavilhao auricular aumenta de volu- me pela infiltracdo do tegumento, levando, nas fases avangadas da doenca, a atrofia e a deformacées graves com anestesia, Para se chegar a esse estagio, outras partes do organismo ja sofreram também lesdes deformantes * Tuberculose: as lesdes cutaneas po- lem decorrer da colonizacao da pele pelo bacilo ou podem ser conseqiientes a um proceso de hipersensibilidade a um foco tuberculoso ativo localizaclo em outro pon- to do organismo, Quando ha inoculagao da micobactéria na pele do individuo nao previamente infectado desenvolve-se 0 complexo primério tuberculoso — papula, placa ou nédulo inflamatério que evolui cronicamente para ulceracdo com linfade- nopatia regional. Nos individuos previa- mente infectados, tuberculino-positivos ¢ com certo grau de imunidade, podem ocor rer atuberculose secundaria, de manifesta- es clinicas diversas. O comprometimen- to do pavilhdo auricular e do conduto au- (a TANDEAOCRLDO HOSTAL TSTARD DA RERSDADEE DED DEIDZDEFORA OS, 5 6 SERAODU ALO)

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