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Copyright © 2023 Ly Albuquerque

Revisão: Camila Brinck

Diagramação digital: Ly Albuquerque

Segunda revisão: Gabriela E. S. Santos @estantedelivrostem

Capa: Ellf designer

Ilustrações: Carlos Miguel artes

Ly Albuquerque

A PROMESSA DE COLIN – SÉRIE BAD PRISON – LIVRO I

1ª Ed.

Rio de Janeiro, 2023

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os

direitos reservados.

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer

meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o
uso da internet, sem permissão de seu editor.

A violação de direitos autorais é crime previsto na lei nº. 9.610, de 19 de fevereiro de


1998.

Esta é uma obra de ficção.

Todos os direitos desta edição reservados à autora.


Sumário
Avisos

Dedicatória

Sinopse

Sobre a série

Quais são os livros da série?

Epígrafe

Playlist

Prólogo

Capítulo 1: O Peso do Julgamento

Capítulo 2: As correntes invisíveis

Capítulo 3: Te conhecer foi o meu delito

Capítulo 4: O cheiro da liberdade

Capítulo 5: Presa em sua rebeldia

Capítulo 6: Fugindo da minha cela interior

Capítulo 7: Seu olhar é a minha prisão

Capítulo 8: O desejo aprisionado


Capítulo 9: Acelerando para a liberdade

Capítulo 10: Sob custódia dos seus beijos

Capítulo 11: A Rebelião do meu coração

Capítulo 12: Detidos pelo tesão

Capítulo 13: Prisioneiro do meu desejo

Capítulo 14: Degraus da prisão do desejo

Capítulo 15: Preso nas tensões do rinque

Capítulo 16: O cativeiro sensual

Capítulo 17: O amor não conhece grades

Capítulo 18: Algemados pelo desejo

Capítulo 19: Os nossos delitos

Capítulo 20: Sentença ardente

Capítulo 21: Liberdade proibida

Capítulo 22: Condenados ao desejo

Capítulo 23: A omissão que aprisiona

Capítulo 24: A verdade que liberta

Capítulo 25: Entre grades e suspiros

Capítulo 26: Quando a justiça é cega

Capítulo 27: Amor à margem da lei


Capítulo 28: Celas de paixão

Capítulo 29: Crimes do coração

Capítulo 30: Celas do destino

Epílogo

Redes da autora:

Próximos Lançamentos da Série BAD PRISON:

Obras da autora

Próximos Lançamentos da autora


Avisos

Por favor, esteja ciente de que este livro contém cenas


sexuais gráficas e aborda temas sensíveis de forma leve, lembrando

que temos um bad boy inconsequente no enredo. Recomendo a


leitura apenas para aqueles com idade apropriada e que se sintam
confortáveis com esses temas.

Esse é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares,


negócios, eventos ou incidentes são produtos da imaginação da

autora ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com


pessoas reais, vivas ou mortas ou eventos é mera coincidência.
Dedicatória

Dedico este romance àqueles que carregam a carga de não


se sentirem suficientes. Que estas páginas sejam um lembrete de

que todos somos dignos de amor, aceitação e realização. Que


encontre na jornada de Colin e Emma, a coragem para reconhecer e
abraçar sua própria singularidade. Lembre-se de que você é mais
do que suficiente, exatamente como é.
Sinopse
:: New Adult :: Good Girl X Bad Boy:: Romance Proibido ::

Eu costumava fazer coisas ruins, mas nunca imaginei ir tão


longe. Eu nunca me esqueci daquele dia e a culpa me assombra até
hoje.

Por isso, quando ela foi para a faculdade, decidi me matricular


também. Eu preciso protegê-la, cumprir a promessa que fiz diante

de um túmulo, mesmo que Emma não saiba disso, mesmo que isso
me leve a cometer mais delitos.

No entanto, Emma Rollins se apaixonou por mim, pelo perigo

que descobriu gostar de correr estando ao meu lado, apesar de


saber que eu tenho um passado sombrio guardado a sete chaves e

como ela diz, sou um bad boy mimado.

Juntos, nós podemos ser uma combinação explosiva, afinal o


proibido é mais intenso, mas eu sei que, eventualmente, a verdade
virá à tona. E quando isso acontecer, não sei se ela será forte o

suficiente para superar tudo.

Ele é o tipo de cara que todos avisam para manter distância,

sei que tenho que ter cautela, mas Colin Prescott é como uma

droga, uma que eu não consigo resistir.

Ele fala em amizade, mas sua presença me revela uma

mentira, até porque sinto seu olhar me perseguindo, seu sorriso


misterioso e seu toque suave me envolvendo em um desejo

possessivo, e ainda assim, ele me faz sentir como um território

proibido em seu mapa. Eu não sei seus motivos, no entanto, sou

atraída para o desconhecido.

A verdade, quando vier à tona, será capaz de me libertar do

seu domínio ou serei levada a uma queda fatal?


Sobre a série

Aviso: A Promessa de Colin, livro 1 da série de BAD


PRISON, é um volume único. A série, por ser cada livro com casais

diferentes e AUTORES diferentes, pode ser lido separadamente, e


os personagens citados: Liam, Hunter e Blake terão suas histórias

contadas por outros autores.


Quais são os livros da série?
Livro 1 – A Promessa de Colin – Ly Albuquerque

Livro 2 – A Busca de Liam – Joane Silva

Livro 3 – O Erro de Hunter – Mário Lucas

Livro 4 – A Conquista de Blake – Jéssica Larissa


Epígrafe

“Sei que o que temos é perigoso, beira o proibido: o desejo


entre um bad boy, tatuado e inconsequente com um piercing genital
e uma garota sonhadora e solitária como eu, pode trazer

consequências inimagináveis.”

Emma Rollins

A Promessa de Colin
“Isso é o que somos, incêndio e caos ao redor.”
Playlist
Ouça no Spotify, clique aqui.

Ou aponte a câmera abaixo:


Prólogo

A vida, a meu ver, é um jogo de alto risco, como as corridas


clandestinas que dou pela cidade. Cada curva é uma aposta, cada
escolha uma jogada arriscada.

Às vezes, é preciso acelerar fundo e deixar tudo para trás.

Outras vezes, é preciso ter coragem para pisar no freio e recomeçar.


E assim, sigo em frente sem garantias, apenas a emoção do
caminho e a incerteza do destino.

E ela, tão diferente de mim, é a certeza em pessoa: um futuro


previsível, um roteiro já traçado. Mas quem disse que a vida é uma

estrada reta? Eu prefiro as curvas, as surpresas, as aventuras que

me levam a lugares desconhecidos.


— Noite de merda, hein, riquinho. — As palavras do policial

ecoam em minha mente como um eco perverso, mas o ignorei.

As algemas cortam os meus pulsos enquanto caminho pelos

corredores frios da delegacia e me dou conta de que a minha vida é


tão imprevisível quanto cruel, e que talvez, só talvez, eu precise

dessa dose de realidade para encontrar meu verdadeiro caminho.

Fiquei calado desde o momento em que fui pego, como


sempre meu pai me instruiu. Mas isso não impede que os policiais

me algemem e me levem para a cela.

É, vou passar umas horas curtindo a hospitalidade do sistema

carcerário.

— O que você fez, rapaz? — pergunta um deles no caminho,


com uma voz grave, e como essa não é uma conversa oficial,

decido abrir a boca.

— Nada demais. – Reviro os olhos. — Só ateei fogo no carro

de um cara que tentou tocar algo que me pertence.

O policial balança a cabeça, desaprovando tanto o que cometi

quanto a minha falta de constrangimento. Ah, se o filho da puta

soubesse que estou sendo preso por um delito tão pequeno, quando
na verdade já cometi crimes bem piores, ele teria um bom motivo
para me desaprovar de verdade.

— Isso não é nada demais? — Ele ri, irônico e carregado de

julgamentos.

— Não quando se tem um pai como o meu.

— Espero que a justiça seja feita. — O tira me analisa com

olhos severos.

Então eu o desafio com um encolher de ombros, ignorando

suas palavras de repreensão e censura. A chama da minha rebeldia

ainda queima forte, mesmo diante da autoridade que me julga com

desdém.

Justiça é uma palavra vazia. Prefiro seguir o meu próprio

caminho, moldando o que é justo com as minhas próprias mãos e

fazendo justiça com as minhas próprias ações. O meu jeito pode

não ser o mais correto, mas é o único que me faz sentir vivo e me

dá a sensação de que a justiça está, de fato, sendo feita.

Mas que ironia, preso como um animal e ao mesmo tempo

capturado por aquele olhar. Ela não sabe quem sou, e nunca

poderia saber, mas ainda assim, sinto-me exposto como nunca


antes. Eu devia ser apenas uma sombra distante, um guardião

secreto e anônimo, mas agora ela sabe da minha existência.

Agora, estou preso não só pelas algemas em meus pulsos,

mas pela sensação fodidamente inebriante de ter seus olhos em


mim.

Finalmente, chegamos à minha cela e o policial de plantão

abre a porta enquanto o outro me livra das algemas, um dos


bastardos me empurra para dentro, sem dar nenhuma explicação.

Olho em volta com curiosidade. A cela é pequena e mal-


iluminada, com uma janela gradeada no alto e um banheiro

improvisado.

Os passos dos policiais indo embora me desperta, um deles


tranca a porta com um barulho metálico.

— Bando de moleques mimados, inconsequentes do caralho!


— O policial do lado de fora cospe no chão, e o seu cuspe parece

trazer consigo todo o ódio que ele guarda. É como se, ao expelir
aquela saliva suja, ele liberasse toda a sua fúria reprimida, como se

pudesse vomitar para fora toda a sua amargura. E eu fico aqui,


encarcerado, observando a forma como seu olhar julga e condena.

Já tive isso em casa a vida inteira, típico. — Eles pensam que


porque são milionários são donos da cidade. Hoje vocês estão onde

merecem!

Sinto o silêncio pesado invadir, enquanto os passos dos


guardas ecoam para longe pelo corredor.

Finalmente olhei para os meus companheiros de cela, dois


estão sentados no banco ao fundo e um na lateral, não consigo

deixar de notar que todos compartilhamos a mesma faixa etária, a


mesma juventude corrompida, cada um com seu próprio drama: um

está sangrando pela boca, outro possui sangue seco nas mãos e o
único limpo mantém seu olhar sanguinário, como se ainda estivesse

em seu próprio campo de batalha.

É, a prisão pode não ser tão ruim.

— Bem-vindo à festa do pijama! — O desconhecido sorri com

um ar enigmático, como se guardasse segredos obscuros sob sua


aparência polida. A fumaça do cigarro em sua mão dança no ar, e

apesar de não ter tatuagens aparentes, há algo nele que sugere um


lado obscuro.

— Pode ter certeza que aqui é melhor do que o lugar onde eu


estava. — Desabafo arrancando a jaqueta, enquanto meu corpo

ferve em uma mistura de fúria e indignação.


Sento-me no banco de cimento, rodeado por olhares
estranhos e hostis, todos com o mesmo ar de selvageria que eu. O
ambiente é opressivo, mas a sensação de poder e liberdade emana

de nossos corpos.

Começo a me sentir entediado, mas sei que tudo que preciso


fazer é esperar. Meu pai vai resolver, não por amor ao seu único
filho, mas para não sujar seu nome, ele vai jogar para debaixo do

tapete a minha merda, como sempre fez.

— A propósito, eu me chamo Colin. — Olho atentamente para


os três.

— Eu sou o Liam[1], ele é o Blake[2] e esse aí é o Hunter[3]. —


Acompanho com o olhar a apresentação breve: o polido, boca
sangrando e mão ensanguentada, respectivamente.

E assim, entre os quatro cantos da cela, nossas histórias se

entrelaçam, como fios de uma teia, cada um com sua razão, cada
um com os seus demônios.

— Por que estão aqui? — pergunto sem um real interesse,


apenas quero passar o tempo. Porque enquanto o cheiro de mofo

impregna minhas narinas, minha mente anseia por uma fuga


momentânea, um alívio temporário, eu daria tudo por um baseado
agora.

Com um suspiro cansado, Hunter pede um cigarro a Blake,


como se soubesse exatamente o que eu estou pensando. Todos nós

parecemos enredados neste mesmo tédio, neste mesmo olhar de


quem quer fazer justiça com as próprias mãos.

Assim que boca sangrando arremessa o maço e o isqueiro

em minha direção visando mão ensanguentada sentado ao meu


lado eu pego um para mim, nem espero por anuência.

Não é um baseado, mas é o que temos e é tudo que preciso

agora para me livrar desses pensamentos sufocantes.

Equilibro-o na boca, e o observo como se ele fosse a única

coisa que me mantém conectado ao mundo. Deslizo o polegar pela


tampa do isqueiro e acendo olhando para a dança suave da chama

encontrando a ponta do meu cigarro. Aproveito para tragar a

fumaça, que se dissolve no ar como meus pensamentos. Cada

inspiração é uma pausa preciosa no caos que me cerca, um


pequeno alívio que me sustenta.

Mas está lá o pensamento obsessivo que não me deixa:


Emma não devia ter me visto, porra!
A prisão é apenas um prelúdio para o que virá. Pois aqui

dentro, estou apenas me preparando para a verdadeira batalha que


está por vir.

— Eu não estou em um dia bom — confessa Hunter, mais


para si do que para nós.

— Acho que nenhum de nós estamos. — Blake sentado no

banco ao fundo ao lado de Liam se encosta na parede. — Quem foi


que você matou? — ele questiona mãos ensanguentadas, e eu

seguro uma risada, porque Blake tem a boca sangrando e fico a

imaginar como ele alcançou tal feito, e se o adversário ainda se


mantém de pé.

— Tomara mesmo que o desgraçado tenha morrido. — Sinto

o gosto amargo do cigarro na boca enquanto ouço Hunter


sentenciar ao meu lado, com a voz firme e cheia de ódio, e tudo faz

sentido.

Boceta.

Afinal, é a única coisa que levaria à cadeia quatro caras que

ostentam sobrenomes pomposos, como os policiais nos chamaram:


mimados, milionários e donos da cidade. Aqui não há Rolex, nem
Mercedes, nem baseado ou champanhe, o que resta são apenas

paredes frias de concreto.

A prisão, esse destino comum para nós quatro essa noite, é a


prova do poder que uma boceta pode ter.

— Foi por causa de mulher? — pergunto, mas é quase uma


afirmação.

Solto uma fumaça que flutua para o teto, observando a sua

dança na luz fraca da cela.

Entendo a fúria de Hunter, o silêncio dilacerante de Liam, a ira

de Blake estampada no rosto. Não é qualquer mulher que nos traria


para cá.

— Ela foi o maior erro da minha vida, hoje a fiz entender que

eu fui o seu.

As palavras de mãos ensanguentadas, ou melhor, de Hunter,

me acertam em cheio, porque Emma também foi o maior erro da


minha vida e agora que ela me viu, também vou me tornar o seu.

Deixo meus olhos se fecharem e me entrego às memórias


recentes, que me envolvem como uma densa névoa. Revivo cada

detalhe do que experimentei horas atrás, como se estivesse


assistindo a um filme em câmera lenta, mas com uma intensidade

que só a minha própria vida poderia me proporcionar.

Seus olhos marejados me encaravam, procurando por

conforto. Eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer para
apagar a dor que ela estava sentindo, mas eu queria estar lá para

ela. Eu pedi para Emma não chorar, erguendo seu queixo

suavemente com meus dedos.

Sua voz saiu fraca, como se ela estivesse se segurando para

não desabar novamente.

— Eu quero vingança. — Meu coração acelerou com a

determinação em sua voz.

Ela não estava mais disposta a ser uma vítima. Emma queria
retribuir o mal que havia sido feito a ela.

Sorri diabolicamente, sabendo que moveria o mundo para que


ela encontre a sua justiça.

— O carro dele, se eu pudesse botaria fogo — sugeriu Emma,

com a sua voz doce, pensando se tratar de uma utopia.

— Então se prepare para o incêndio — eu garanti.

E aqui estou, volto à realidade, meus olhos fixados nas

paredes cinzentas da cela. Tudo ao meu redor é frio e sombrio.


Farei o que for necessário para mantê-la segura, mesmo que

isso signifique queimar tudo ao redor. Em minha mente, ecoa a frase

que murmurei para ela algumas horas atrás: "Se prepare para o

incêndio".

Se prepare para o incêndio, Emma.


Capítulo 1: O Peso do
Julgamento

Dois dias antes da prisão

Vivo em uma cela, onde sou uma solitária prisioneira,

carregando correntes de escolhas que não são minhas.

Sinto o peso opressor da culpa, enquanto meu pai tenta

novamente me encaixar em seu molde perfeito de filha obediente.

— Você sabe que eu só quero o melhor para a sua vida,


Emma, e o melhor é o que eu decido para você. — Respiro fundo e

ignoro, e ele continua a divagar na linha, sem se importar com as

minhas opiniões, um verdadeiro monólogo enquanto me arrasto


para o meu lugar.
Como um gigante de concreto e aço, Warren Towers são as

torres dos dormitórios que se eleva majestoso no coração da Boston


University. As torres se destacam em meio aos prédios mais baixos

ao redor, com suas janelas espelhadas refletindo a luz do sol.

Vou para dentro, sendo recebida por um labirinto de corredores

e portas numeradas, e ao girar a maçaneta sigo para ao quarto que


divido com apenas uma colega.

As áreas comuns, como a cozinha e o banheiro, são


compartilhadas por todos os estudantes. A praça de alimentação

onde eu estava, fica localizada no térreo e é um verdadeiro paraíso

para os estudantes famintos.

É um espaço amplo e movimentado, cheio de opções de

refeições rápidas e saborosas. Há estações para saladas, pizzas,


sanduíches e até mesmo um Starbucks. Para aqueles que preferem

cozinhar em casa, que é o meu caso, há uma loja de conveniência

no térreo que oferece uma variedade de alimentos e produtos

básicos, onde comprei uma proteína para comer junto da minha

salada.

Sempre me senti deslocada e sozinha, mas nunca me

incomodei tanto com isso como agora. Afinal, estou começando o


meu segundo ano em uma universidade de renome que investe nas
relações, mas ainda assim não consegui me conectar com ninguém.

Sinto-me como um fantasma, uma sombra que perambula


pelos corredores da universidade, observando as pessoas vivendo

suas vidas com plenitude enquanto eu fico paralisada em minha

própria insegurança.

Tudo o que restou é um sonho de vida, obscurecido pela

minha falta de autoconfiança e coragem.

É como se eu estivesse assistindo a um espetáculo magnífico,

mas de longe, incapaz de me juntar ao elenco e deixar minha marca

na história. Tudo o que me sobra é o peso das minhas culpas,

segredos e submissão, enquanto a vida passa por mim como um rio

incontrolável.

Enquanto entro em meu quarto, conversando com meu pai ao

telefone — ou apenas ouvindo meu pai despejar ordens e mais


ordens enquanto apenas solto grunhidos concordando sem nem dar

atenção —, olho para os pôsteres de bandas de rock que a minha

colega de quarto pendurou nas paredes brancas.

É interessante como esses pôsteres trazem uma sensação de

vida para o espaço, uma pitada de personalidade que me agrada.


Fico imaginando como meu pai reagiria se visse essas

decorações. Talvez ele torceria o nariz e chamaria de desorganizado


ou de mau gosto. Mas eu gosto disso.

Às vezes, quando estou sozinha, perco a noção do tempo

observando esses pôsteres e imaginando a vida desses artistas e


as histórias por trás de suas músicas.

Os pôsteres de filmes nas paredes e as pilhas de livros sobre

cinema na estante denunciam meu segredo: sou apaixonada por


histórias, e essa paixão sempre me coloca em apuros.

E acrescente também a parte que adoro imaginar a expressão


de desgosto no rosto do meu pai tão tradicional se ele visse isso

tudo.

— Não entendo como você prefere viver nesse dormitório ao


invés de vir para casa em qualquer oportunidade que consegue. —
Sua reclamação me faz segurar uma risada. — Um dormitório como

esse não pode ser um lar, Emma.

Em resumo, Warren Towers é um lugar vibrante e


movimentado, até demais, como agora que vejo Megan, minha

colega de quarto, ocupar o sofá de dois lugares gasto com um grupo


de amigos barulhentos.
Todos riem alto e parecem estar se divertindo muito, enquanto

espalham copos de bebidas e comidas ultraprocessadas pela sala,


mas eu não me sinto à vontade para me juntar a esse caos.

— Não acredito que Colin Prescott aceitou sair contigo,

Megan! — Todos comemoram e parecem surpresos, e eu apenas


dou as costas deixando de lado esse assunto aleatório, abafo o som

do celular para que papai não escute, afinal, não conheço ninguém
do campus além dos professores, minha colega de quarto e Jake.

— Sim! E ele vai vir me buscar aqui, disse que quer conhecer
meu lugar. Eu soube que ele tem um piercing genital. — As vozes

estridentes me fazem revirar os olhos e soltar um suspiro irritado.

— Imagina que delícia transar com um cara com um piercing


no pau, estou morrendo de inveja de você, depois me conte todos
os detalhes — uma das amigas diz.

Mais um desconhecido invadindo este espaço que mal cabe

nós duas, eu não poderia estar mais insatisfeita. Urgh!

Apesar de dividirmos o mesmo teto, Megan e eu mal


compartilhamos palavras.
A escolha dos parceiros de dormitórios é feita de acordo com
nossos interesses, cursos e estilos de vida, numa tentativa de
colegas de quarto e vizinhos se tornarem uma rede de apoio, e

fornecer um porto seguro dentro da universidade.

Mas para mim e minha colega de quarto, essa conexão não se


estabeleceu. A única semelhança que temos é a perda precoce de

nossas mães há menos de dois anos.

Enquanto Megan veio ao mundo numa metrópole, Grand


Rapids, banhada pelas águas do Lago Michigan, eu abandonei uma

cidadezinha pacata do interior de Massachusetts para me aproximar


da Boston University e ir para longe do luto doloroso pela minha
mãe, das expectativas do meu pai e tentar salvar o que me resta de

saúde mental.

O telefone parece um peso morto em minha mão enquanto

meu pai não para de falar do outro lado da linha, suas palavras
sempre como punhais me cortando por dentro. Eu não quero ter

essa conversa, não queria ter atendido, mas simplesmente não


consigo impor limites.

— Emma? Ainda está na linha, filha? — Escuto a voz

autoritária de Roadney Rollins ecoar pelo telefone.


— Sim, papai. — Respondo com um suspiro cansado
enquanto me jogo na minha cama.

Fecho-me para o mundo e fico rodeada pelo meu diário, onde


escrevo histórias mórbidas que me fazem sentir viva. Meus fones de

ouvido, que são o meu refúgio, o único momento onde posso ser
verdadeiramente eu mesma sem o julgamento implacável do meu
pai.

A solidão não me incomoda tanto quanto a sensação de estar

cercada por pessoas que não me entendem, e francamente


ninguém é capaz de tamanha façanha.

Ainda assim, eu sei que preciso tentar me abrir mais e ser


mais receptiva, no entanto é difícil quando tudo dentro de mim é

muito confuso.

— Estou muito zangado que não tenha vindo passar as férias


de verão em casa comigo, ainda não te perdoei por isso.

Sinto uma angústia sufocante tomar conta de mim. Suas

palavras atravessam minha alma, e eu me pergunto se ele


realmente se importa comigo ou se sou apenas um meio para

alcançar seus próprios interesses.


— Precisava colocar os estudos em dia, pai. Boston University

não é para os fracos. — Minto, porque sou uma completa covarde,


mas papai acredita em mim, na minha bondade, e assim ficamos

bem.

No entanto foi maravilhoso ficar aqui, a BU possui um corpo

discente diversificado e ambicioso, o campus em geral é muito fácil

de navegar. E ainda por cima é tão perto da cidade! Adoro estar a

duas paradas do cemitério mais próximo.

— Pensou no que eu te disse? Sobre pintar os cabelos de

loiro? — Fico em silêncio ouvindo mais um de seus pedidos

descabidos, interrompendo minhas divagações.

Sempre quando ele toca no assunto da cor do meu cabelo,

sinto um misto de raiva e tristeza invadir meu peito. A insistência em


me transformar em alguém que não sou é só mais uma prova de

como ele não me conhece de verdade.

— Sua mãe ia ficar muito feliz em vê-la casada com Jake, era
o sonho de Jielin que isso acontecesse, e ele tem uma certa fixação

por loiras, você sabe — insiste.

E agora, mais uma vez, ele traz à tona a questão de pintar

meu cabelo, me casar com Jake, como se isso fosse resolver todos
os nossos problemas. Mas eu sei que não é assim que a vida

funciona.

E eu me calo, sentindo a pressão de minha mãe que mesmo


depois de morta ainda é uma sombra que paira sobre mim,

impedindo-me de ser quem realmente quero ser.

— Jake disse que te convidou para uma festinha na casa dele


aí perto da universidade, se você chegasse lá loira, ele ia te notar,

afinal, você é linda, ficaria ainda mais bonita, filha. — Meu silêncio

parece instigá-lo a continuar seus jogos de persuasão. — É claro


que você vai na festa, né?!

Os sussurros das palavras do meu pai parecem ecoar em


minha mente, como se fossem uma canção desafinada que me

desespera, enquanto ele continua insistindo em que eu mude a cor

dos meus cabelos para conquistar o cara que ele escolheu para

mim, o cara que nunca me notou, o cara que nunca senti nada a
não ser raiva.

Está na ponta dos meus lábios dizer-lhe que não preciso


mudar nada em mim para conquistar Jake ou qualquer outro cara,

afinal as pessoas se apaixonam pelo que somos de verdade. Não é

isso que nos venderam nas histórias e músicas de amor?


Meus fios longos, que para alguns é uma marca de beleza e

feminilidade, para mim se assemelham a correntes que me prendem


em um passado de manipulações e chantagens.

Mesmo desejando cortá-los, sinto-me incapaz de fazê-lo, pois

a sombra de minha mãe ainda permeia meus pensamentos, como


se suas palavras fossem um feitiço que me mantém aprisionada em

suas vontades.

Eu ainda sinto a presença dela ao meu redor, me fazendo

questionar minhas escolhas e meus desejos mais profundos.

— Lembre-se que esse era um desejo da sua mãe, então diga-


me que vai na festa de Jake — insiste.

Engulo em seco, relembrando que ela sempre quis que eu


fosse perfeita para Jake, mas nunca me perguntou o que eu queria

para mim. E agora, mesmo depois de sua morte, ainda me sinto

presa a suas expectativas, como se elas fossem um emaranhado de

fios de cabelos longos, difíceis de serem desembaraçados.

Um ano e meio se passou desde que minha mãe foi

assassinada, mas a dor da sua ausência ainda é tão intensa quanto

naquele dia fatídico.


Lembro-me de seus sorrisos e abraços calorosos, mas

também dos momentos em que sua manipulação obscurecia minha

visão.

E, embora eu saiba que devemos amar nossos pais,

independentemente das suas falhas, não consigo deixar de

questionar por que Deus tão misericordioso como papai diz, me

permitiu experimentar um amor tão distorcido e complicado.

Às vezes, parece que minha alma está presa em uma corda

bamba, tentando encontrar um equilíbrio entre o amor e o ódio que


sinto pela minha própria mãe.

Em meio às lembranças, sinto como se correntes estivessem


presas em mim, me impedindo de ser livre para escolher meu

próprio caminho.

Mamãe era a rainha das chantagens emocionais, sempre me


fazendo sentir culpada por querer algo diferente do que ela

imaginava para mim.

Minhas roupas são todas escolhidas por ela, quando era viva
sempre em tons pastéis, renda, saltos, enquanto eu acariciava as

jaquetas de couro, roupas pretas, jeans desfiados e coturnos.


A ordem ao cabelereiro era a de cortar apenas um dedo de

pontas mantendo meu cabelo sempre na cintura, enquanto isso eu


segurava a revista aberta na página que possuía um corte de cabelo

moderno pouco abaixo do ombro, repicado. Olhava apaixonada.

E assim, eu continuo carregando o fardo de manter os cabelos


longos e a aparência que ela julgava adequada, mesmo que isso vá

contra meus desejos mais profundos.

E pela lógica, agora que estou a milhas de distância de papai,


deveria prevalecer a minha vontade e dizer que não vou a essa

festa, especialmente porque não conheço ninguém além do Jake, o

anfitrião que vai estar ocupado dando atenção a todos.

Deveria confrontar meu pai e dizer que, se ele quer tanto o

Jake na família, deveria casar-se com ele. No entanto, em vez


disso, respondo com a voz fraca e derrotada:

— Sim, papai, eu vou à festa na casa do Jake.

E sim, para ter paz vou continuar escondendo minha revolta,

como uma grande covarde.

Jake Elmore é apenas mais uma peça nesse jogo de


interesses, mas ainda assim me vejo sendo arrastada para essa
festa na casa dele, com a esperança de que algo mude, e existe
uma intuição dentro de mim que depois dessa festa nada será igual.

— Muito bem, filha. Você é uma menina exemplar — meu pai


diz com sua voz autoritária do outro lado da linha, sei que esse é o

máximo de elogio que posso ter dele, e me apego a essa migalha,

sorrindo com pesar. — Será uma psicóloga incrível!

O amargor da mentira ainda persiste em minha boca, como um

gosto indesejado que me faz questionar a minha escolha. Eu não

sou uma estudante de psicologia, e isso é algo que escondo do meu

pai.

Como posso revelar a ele que meu verdadeiro sonho é ser

uma roteirista de cinema, quando ele insiste em um caminho mais


convencional?

Eu temo que a verdade vá cair sobre nós como uma chuva


torrencial, varrendo tudo em meu caminho.

Fecho os olhos e relembro o quanto meu pai acredita que


buscar uma carreira no cinema é um desperdício de tempo e
dinheiro, já tivemos essa conversa, apenas sugeri a possibilidade e

ele e mamãe na época enlouqueceram, até que menti o curso,


dizendo que faria psicologia em homenagem a mamãe, e ele
permitiu que eu me mudasse para cá e viesse estudar.

Então, eu sei que ele não me apoiaria, sei que vai me matar
quando descobrir, mas até lá vou ter o meu diploma, o que é meio

caminho andado.

E se eu contar agora e houver recusa dele a pagar pelos meus


estudos eu teria que encontrar um emprego em tempo integral para

bancar minhas aulas e isso poderia prejudicar meus estudos e meu


sonho. Então, novamente eu fui covarde, sou realmente boa nisso.

Reabro os olhos e percebo que não tenho escolha. Estamos


bem com o meu pai se gabando para todos que terá uma filha

psicóloga enquanto eu estudo sobre o que verdadeiramente amo,


estamos bem.

— Obrigada, papai — respondo sem muito entusiasmo,

sabendo que qualquer deslize pode desencadear uma torrente de


críticas.

— Lembre-se, Emma, que eu só quero o melhor para a sua


vida. E não se esqueça que o melhor é o que eu decido para você,

ninguém no mundo te ama como eu, querida.


— Claro, pai. — Suspiro pesadamente, sentindo-me como uma
marionete presa às cordas invisíveis do seu controle.

Desligo o telefone e minhas mãos tremem enquanto luto para

controlar a ansiedade. Uma crise desencadeada por uma ligação


onde não falei mais do que meia dúzia de palavras.

Como posso manter a sanidade quando dançar conforme a

música de suas vontades me mantém presa em uma cela mental?


Capítulo 2: As correntes
invisíveis
Um dia antes da prisão

Ouço as pegadas atrás de mim, me acompanhando onde quer

que eu vá e acelero o passo, mas a pessoa não desiste. Sinto meu


coração acelerar enquanto resolvo virar entrando rapidamente em
uma loja qualquer e me escondo atrás de um manequim.

É aí então que vejo passar um homem alto e musculoso


andando apressado com um capuz preto cobrindo sua silhueta,

seus passos pesados ecoando no chão de mármore.

Quem é esse homem e por que está me seguindo? Minha

mente começa a se encher de teorias conspiratórias, e o medo toma


conta de mim.
De repente, um barulho estridente me faz pular de susto. É

meu celular apitando em minha mão, indicando uma mensagem da


BU. Mas não posso ler agora, tenho que sair daqui o mais rápido

possível, no entanto a curiosidade me belisca e abro a mensagem:

Caro(a) estudante, Emma Rollins

Esperamos que suas férias de verão tenham sido memoráveis

e que você tenha tido a oportunidade de recarregar as energias para

o próximo semestre acadêmico.

Gostaríamos de lembrá-lo(a) que a próxima semana marca o

final das férias de verão e o início de um novo ano letivo

emocionante. É importante que você esteja de volta ao campus a

tempo para a primeira semana de aulas, para que possa começar

bem o semestre.

— Ai! — Um solavanco inesperado me faz tropeçar e quase


cair no chão.

Ao recuperar o equilíbrio, percebo que esbarrei em um


desconhecido que me encara com olhos irritados, um senhor de

idade avançada.
Sinto o coração acelerado pela adrenalina e o desconforto da
situação, mas a mensagem que acabo de receber me faz esquecer

todo o embaraço: as férias de verão acabaram e é hora de voltar

para as aulas da BU.

— Desculpe-me — gaguejo, sem jeito, enquanto tento me

recompor do susto. — Eu estava distraída com a mensagem da

faculdade.

O desconhecido revira os olhos e murmura algo ininteligível

antes de seguir seu caminho, sem se importar com minha presença.

Enquanto me afasto, não consigo deixar de pensar como a

vida é cheia de surpresas, algumas boas e outras nem tanto. Mas

uma coisa é certa: a próxima semana marca o fim das minhas férias

de verão e o recomeço de uma nova etapa em minha jornada

universitária.

As férias que eu vivi não foram memoráveis como sugeriu na


mensagem automática, mas sim sombrias e entediantes.

Quanto aos cursos de verão, eu os fazia online, sentada na


frente do meu notebook por horas a fio, enquanto o sol brilhava lá

fora e as pessoas se divertiam.


Apesar de me interessar pela área a qual me inscrevi de

especialização em roteiro para cinema, os cursos eram enfadonhos


e se desenrolaram por horas intermináveis, foram um verdadeiro

desafio para a minha paciência.

Em vez de aproveitar os dias na praia, eu passei longas horas


vagando solitariamente por cemitérios locais, onde o único som era

o vento melancólico que soprava pelas árvores.

Eu passava horas lendo sobre a história dos túmulos e


tentando imaginar como eram as vidas das pessoas ali enterradas.
Era um escape da minha própria vida, mas ao mesmo tempo me

deixava ainda mais sozinha.

No entanto, nada disso pode me preparar para o vazio que


sinto agora que as férias de verão estão chegando ao fim.

Enquanto caminho pelos corredores da loja de departamento,


tentando encontrar algo que me satisfaça, fica mais latente a

pressão de ir a essa festa na casa de Jake.

E, em meio a manequins usando roupas em tons pastéis, ou


estampas chamativas parecendo ter sido elaboradas por minha

mãe, meus olhos se fixam em um vestido de couro preto,


complementado por coturnos.
Minha alma grita por essa roupa, por essa ousadia, por esse

desafio às expectativas impostas sobre mim. Finalmente, encontro


algo que me faz sentir viva e verdadeira.

Aproximo-me lentamente e toco a textura fria do couro preto e

imagino como ele irá se moldar ao meu corpo. Olho para os


coturnos e sinto a sua firmeza, como se me dessem um senso de

segurança. Pela primeira vez em muito tempo, eu escolho algo para


mim, algo que realmente gosto, sem a influência de outros.

Sinto como se estivesse tomando as rédeas da minha própria


vida, mesmo que seja apenas na escolha de uma roupa.

Pego o look e olho ao redor como se fosse cometer um crime

caminhando apressada até o provador.

Admiro-me no espelho, vendo meu reflexo adornado com o


vestido de couro preto e os coturnos. Ele é, curto expondo minhas
coxas, um decote que deixa meus seios médios muito vistosos,

consigo me achar bonita, finalmente. De repente, sinto uma


confiança que não experimento há anos.

Este não é apenas um vestido, é uma armadura, uma

afirmação de quem eu sou e do que quero. Penso em soltar meus


cabelos, que há tanto tempo permanecem presos em um rabo de
cavalo baixo.

Desde a morte da mamãe eu tenho mantido esse estilo porque


era o que ela gostava, mas agora, os fios longos me incomodam.

Minhas mãos tremem enquanto alcanço o elástico que segura

o rabo de cavalo e deslizo os dedos pelo cabelo. Eu queria tanto


poder soltá-lo, deixar que caísse em ondas suaves em torno do meu

rosto, mas algo me impede.

Talvez seja o medo de me expor, de ser vulnerável em público,

ou talvez seja algo mais profundo, uma lembrança dolorosa que


ainda me assombra, cabelos longos e soltos lembram as imposições

da minha mãe e embora eu queira bloqueá-la mantendo-os preso,


não consigo me libertar e cortar como sempre quis. Eu não sei, mas
esses cabelos me lembram constantemente do que perdi e do que

não posso recuperar. Mesmo assim, eu continuo a lutar comigo


mesma, desejando ter coragem de mudar, mas temendo o que isso

pode significar.

Olho para o espelho e vejo uma nova versão de mim mesma,


um pouco mais forte e confiante, e apesar de tudo, pronta para
enfrentar o mundo. Compro o vestido e o coturno sem mais
nenhuma hesitação e saio da loja com uma sensação de triunfo.

Com passos cautelosos, sigo em direção à saída da loja,


segurando a minha bolsa com firmeza, no momento em que avisto

Jake no estacionamento do complexo de compras, meu coração


começa a palpitar descontroladamente, e seguro minha bolsa com
força, sinto meu corpo encolher diante de sua presença.

Temo que ele possa ver o vestido de couro preto que acabei

de comprar, que me julgue, que conte ao meu pai e então


desencadeie todo o caos que não quero viver. Minha insegurança

volta a me dominar, como uma sombra persistente que me segue a

todo momento.

Quando ele me olha de baixo a cima com um ar de desdém,

minha autoestima desaba ainda mais, como se eu fosse um objeto


sem valor. Sinto-me encolhida em meu vestido esvoaçante,

estampado, sem vida, enquanto ele parece brilhar com sua

arrogância e autoconfiança.

Será que algum dia conseguirei ser suficiente para alguém?

Ou estou destinada a ser apenas um acessório sem graça na vida

de todos? Com constância pergunto-me por que não consigo me


apaixonar por Jake, seria tão mais fácil se eu me apaixonasse e

meu único dilema fosse estar empenhada em conquistá-lo.

— Ei, Emma! Como foram as férias? — A pergunta educada é

respondida com um aceno breve, nunca temos assunto, nossos pais


impõem essa relação a nós dois, mas não enxergam que não há

nenhuma fagulha de identificação entre nós.

Meus pais sempre enxergaram em Jake a garantia de um


futuro tranquilo e estável para mim, como se minha vida estivesse

fadada a seguir um roteiro previsível e limitado.

— Você parece uma merda, Emma. — Suas palavras me

atingem, deixando-me boquiaberta. — Tem olheiras, mãos trêmulas

e cabelos malcuidados, está passando por uma depressão pelo que

aconteceu com a sua mãe?

E enquanto eu luto para escapar dessa prisão de expectativas,

os pais de Jake usam meu próprio pai como um laranja em seus

negócios obscuros, sei que após a morte da minha mãe algo


aconteceu, papai ascendeu financeiramente. Me casar com ele é a

moeda de troca pelo silêncio de meu pai, uma forma cruel de

garantir a segurança na troca da minha liberdade e da minha


felicidade.
E assim, presa a esse destino pré-estabelecido, sinto-me como

uma marionete nas mãos dos poderosos, um mero objeto de

barganha em um jogo de interesses escusos. E mesmo que eu tente


lutar contra essa correnteza, sei que estou destinada a ser arrastada

pelas ondas da conveniência e da manipulação, sem nunca

alcançar a verdadeira liberdade.

— Pegue. — Ele tira algo do bolso olhando temeroso ao redor.

— O que é isso?

— Algo que vai te relaxar, pode usar amanhã na festa, ficarei

cuidando de você. — Seu sorriso sarcástico não me passa

despercebido. — Vai te fazer alucinar um pouco, mas é leve, não


tem risco de crise de abstinência.

— Isso é droga, Jake? — sussurro, totalmente incrédula.

— Acredite em mim, tem me ajudado muito.

Eu sinto meu coração acelerar enquanto encaro a cartela em

sua mão. Uma parte de mim se pergunta se seria tão ruim


experimentar algo novo, algo que poderia me ajudar a relaxar

naquela festa onde eu me sentiria tão desconfortável, que leve

embora por alguns momentos os meus demônios. Mas a outra


parte, a parte sensata, sabe que não é a resposta para os meus

problemas.

Olho para ele por um instante, Jake não parece tão melhor do

que eu, mas engulo as palavras enquanto decido se pego a cartela

da mão dele, não que eu vá usar, mas não quero lhe contrariar e
arrumar problemas.

No entanto, antes que eu possa tomar uma decisão, um vulto


preto passa por nós empurrando Jake, e fica de costas para mim.

Meus olhos se arregalam em choque e medo, sem saber o que

esperar, é o cara que estava me perseguindo momentos antes,

reconheço sua vestimenta.

O desconhecido usa um moletom preto com capuz, e seu rosto

está completamente escondido pelas sombras. Inalo seu cheiro, um


aroma amadeirado que me envolve completamente. É único e

másculo, provocando uma sensação estranha em mim.

Não tenho tempo para reagir, tudo acontece muito rápido, tão
logo o desconhecido dá um soco em Jake que vai ao chão, e, em

seguida, o encapuzado simplesmente se afasta e desaparece.

Tudo parece acontecer em câmera lenta, ao mesmo passo que


parece que transcorreu em segundos.
Jake se levanta, praguejando.

Olho em volta, perplexa, apavorada, mas não há mais

vestígios do cara, veio e sumiu como uma fumaça.

Será que Jake está envolvido com pessoas perigosas?

Não quero me envolver com drogas ou com qualquer coisa


que possa me colocar em perigo.

Minha cabeça começa a girar e sinto um frio na espinha,


enquanto cenários assustadores passam pela minha mente.

Olho novamente para a mão dele decidida a jogar a cartela de

drogas fora, mas já não está mais lá, o encapuzado levou.

— Você tá bem? — questiono, tentando me aproximar de Jake

que ostenta um olhar furioso. — Eu acho que ele estava me

seguindo, estou assustada.

— Estou bem. — Pego sua irritação enquanto toca o lugar que

foi acertado, dedilhando os danos, mas pela calmaria de Jake, algo

não encaixa... Ele conhece o encapuzado.

— De onde você conhece aquele cara? — pergunto,

totalmente aflita.
— Ele é obcecado por você, Emma — fala com nítido

desgosto, ou será medo?

— O quê? — A pergunta sai baixa, meu corpo inteiro reage a

essa novidade. — Como assim obcecado? Você sabe quem é ele?

Preciso fazer uma denúncia?

De forma inacreditável, Jake não responde, apenas me dá as

costas indo embora, deixando-me sozinha e desamparada.

Com o coração acelerado, começo a ter uma confusão de

sentimentos dentro de mim. Por um lado, estou grata por não ter

sido atacada pelo encapuzado, mas por outro, estou confusa sobre
os motivos de Jake ter sido alvo dele.

Minha mente está a mil por hora, tento encontrar respostas

para o que está acontecendo, mas o silêncio opressivo do


estacionamento só aumenta meu nervosismo.

Obcecado por mim? Alguém realmente me nota?

Enquanto tento controlar minha respiração, uma sensação de

incerteza me invade. Meu coração dispara com a possibilidade de

estar envolvida em uma situação perigosa e eu me sinto perdida em


meio a tantas perguntas sem resposta.
Sinto seu olhar queimar em mim, decido que não posso ficar
aqui parada, sozinha esperando pelo pior, então começo a caminhar

apressadamente em direção ao meu carro.

Minhas mãos tremem enquanto procuro as chaves na bolsa e,

quando finalmente a encontro, abro a porta e entro no Mustang, e

quando bato a porta sinto-me um pouco mais segura, mas ainda

não é o suficiente.

Sempre tento negar e deixar de lado a sensação de estar

sendo vigiada, achando que estou muito paranoica, já até cogitei a

possibilidade de ter desenvolvido algum transtorno psicológico,


porque tudo isso começou após o assassinato da minha mãe, sendo

que seu assassino já está preso.

Mas ainda assim, percebi que alguém está sempre me

observando, me perseguindo, um olhar fixo e penetrante que me faz


estremecer sempre que estou em lugares públicos. Uma sombra

que se move na minha periferia.

Mas hoje, quando me deparei com o cara que parece um vulto


preto, a realidade se tornou ainda mais palpável.

Tento ligar o carro, mas meus dedos estão trêmulos e eu


acabo deixando o carro morrer.
Respiro fundo, tentando me acalmar, e tento novamente. O
motor finalmente ronca e eu engato a marcha, saindo do
estacionamento o mais lento que posso.

Olho pelo retrovisor e vejo o encapuzado parado na entrada do

estacionamento, de pé, amparado em um muro, apesar de não ver


seu rosto pela escuridão do seu moletom e do lugar sem iluminação

que ele escolheu, eu sei que está me observando.

Um arrepio percorre minha espinha e eu acelero o carro,


tentando escapar daquele perigo iminente.

Não sei o que me espera, mas uma coisa é certa: preciso


descobrir quem é aquele homem e o motivo da sua obsessão por

mim.

Sinto-me vivendo em um dos meus roteiros macabros, porque


apesar do pavor que sinto, também fiquei sedenta por mais, quero

sentir seu cheiro novamente.

Posso tá ficando louca, mas quero ver seu rosto, descobrir


quem é a pessoa por trás daquele capuz e descobrir por que seu
cheiro me afetou tão profundamente.
Seu aroma é como uma canção que ecoou nos meus sentidos,
com notas quentes e terrosas que me transportam para um lugar
distante e desconhecido. É como se cada uma de suas notas

olfativas fosse uma pincelada em uma tela em branco, criando uma


obra de arte única e inebriante.

O cheiro do encapuzado é uma mistura de masculinidade e

mistério, uma fragrância encantandora.

Eu tento me controlar, mas não consigo ignorar a sensação


que toma conta de mim. Como posso desejar algo tão perigoso e

desconhecido?

Mas ainda assim, sua presença é avassaladora e instigante, e

meu corpo responde sem que eu possa controlar. Foco unicamente


na estrada a frente rapidamente e tento afastar esses pensamentos,

mas é como se a imagem dele estivesse gravada em minha mente,


me tentando, me provocando.

Será que sou tão vulnerável assim a ponto de ceder a um

desejo tão imprudente?

Minha respiração fica ofegante enquanto eu luto contra a


tentação de sair à procura dele, um desconhecido que pode
facilmente cometer atrocidades comigo, no entanto, nunca fez.
Meus olhos ficam vidrados no retrovisor, procurando qualquer
sinal de sua silhueta, mas a rua está deserta. Sinto meu coração

bater descompassado no peito, enquanto dirijo pelas ruas escuras,


tentando me lembrar do caminho do dormitório do campus. As mãos
tremem tanto que quase perco o controle do volante.

Tento me concentrar no som do motor e no vento batendo


contra a janela, e olho para os lados, tentando encontrar alguma
pista, mas nada parece fora do lugar.

Quando finalmente chego em meu quarto, Megan está


dormindo, aproveito para trancar a porta e as janelas, apesar de

ficarmos no segundo andar.

Sento na beira da cama, o coração ainda acelerado pela

adrenalina do que aconteceu hoje. Minha mente está uma confusão


de pensamentos e emoções, e eu preciso colocar tudo para fora.

Com um suspiro, pego meu diário e começo a escrever,

deixando que as palavras fluam como uma torrente de sentimentos


indomáveis.
Crio um roteiro que se entrelaça com a minha vida, e eu sinto

que estou vivendo no meio de um filme de suspense, onde cada


cena é um mistério a ser desvendado. Minha única saída é a festa
de Jake, onde posso me aproveitar da sua embriaguez para obter

mais informações sobre o encapuzado. É uma jogada arriscada,


mas não tenho escolha. Preciso descobrir a verdade antes que seja
tarde demais.
Capítulo 3: Te conhecer foi o
meu delito
O dia da prisão

"Nada é tão assustador quanto a realidade"

Mordo os lábios enquanto sinto a adrenalina correndo em


minhas veias. A frase do adesivo na traseira do meu Mustang me
atinge em cheio. "Nada é tão assustador quanto a realidade" parece

mais verdadeira do que nunca.

A realidade que enfrento neste momento é a incerteza, o medo

e a busca por respostas em um mundo que parece estar se


tornando cada vez mais sombrio.

Respiro fundo, busco me acalmar, e me lembro da razão pela


qual estou saindo pela noite: a festa de Jake.
Mas, ainda assim, a sensação de que algo terrível está por vir

continua a me assombrar.

Enquanto olho novamente para o adesivo, percebo que ele


agora é mais do que um simples enfeite, é um símbolo da minha

determinação de enfrentar a realidade, não importa o quão

assustadora ela possa ser.

Ligo o carro e sigo em direção à festa de Jake, ansiosa e com

o coração acelerado. Sinto-me vulnerável, mas ao mesmo tempo


determinada a desvendar o mistério do encapuzado. Não posso

deixar que ele continue a ameaçar a minha segurança.

O som ensurdecedor do Linkin Park invade meu carro,

pulsando em meu peito e ecoando em minha alma, o vocalista grita

sobre o quanto quer se curar, o quanto quer sentir como se tivesse


próximo de encontrar algo real, e junto dele canto a letra de

Somewhere I Belong, sinto a emoção transbordar em cada palavra,

cada nota, principalmente sobre o sentimento de vazio.

A voz do meu pai ainda assombra minha mente, ecoa suas

ordens de que preciso me alimentar de músicas sobre a palavra

sagrada, mas meu coração pulsa ao ritmo das guitarras distorcidas


e letras profundas que ecoam nos meus ouvidos. O rock é o meu
refúgio, onde posso gritar todas as dores que carrego em silêncio.

E agora, as palavras ecoam pelo carro como um grito de


liberdade enquanto os acordes me tomam por completo. É como se,

por um breve momento, eu pudesse mergulhar em mim mesma e

esquecer de tudo o que está ao meu redor, de todas as regras e

julgamentos que tentam me moldar.

Aqui, dentro do meu carro, ouvindo rock e usando uma roupa a

qual escolhi, tenho em mente que eu sou sagrada.

Estaciono o carro em uma vaga vazia na esquina da casa.


Ergo a cabeça, criando coragem e saio do carro, meus coturnos

fazendo barulho no asfalto frio, a roupa preta que comprei dando-me

uma falsa impressão de poder e segurança.

A noite está escura e silenciosa, mas eu sinto meu coração

bater forte no peito, impulsionando-me em direção à casa de Jake.

Ele mora em uma das mansões luxuosas da região, divide com

seus amigos do time de hockey, e está sempre cercado de pessoas

inconsequentes e ricas.
Caminho em direção à casa e escuto a música alta vindo do

interior. Aproximo-me da porta e bato algumas vezes, mas ninguém


atende.

— Que patética, Emma! — falo sozinha, minha falta de

traquejo social é constrangedora.

Resolvo invadir sem bater ignorando as boas maneiras e me


deparo com uma cena de caos. Eu abro a porta da mansão e entro

na sala principal, onde a festa está em pleno vapor. O cheiro de


álcool é avassalador e meus ouvidos são invadidos pelo som alto e
estridente das músicas.

A decoração exagerada, com balões, serpentinas e luzes de

neon piscando em todas as direções, me deixa tonta e


desorientada. A multidão de adolescentes dançando, bebendo e se
divertindo parece não notar minha presença, e eu me sinto estranha

e deslocada no meio disso tudo.

Reparo que a música é um convite para me permitir viver


plenamente o presente, sem medo ou insegurança, sem pensar nas

consequências ou no futuro. A batida constante me empurra para


frente, me impulsionando a dançar, a me soltar, a me permitir
experimentar sensações novas e intensas.
Eu gosto da forma que me sinto dançando, fecho os olhos e

me dou conta que a música é a trilha sonora perfeita para essa


noite. É como se cada verso da música Call Me By Your Name me

convidasse a explorar meus próprios desejos e anseios, a abraçar


minha própria sexualidade sem pudor ou vergonha.

Movo-me de forma fluida, meus braços levantados acima da

cabeça, meu cabelo preso voando, se desprendendo e balançando


ao redor do meu rosto enquanto balanço a cabeça no ritmo da
música.

Meu corpo se contorce em um frenesi de sensualidade, os

quadris ondulando em uma dança hipnótica. Estou em um mundo


próprio, um universo onde apenas a música e os meus movimentos

importam, um mundo onde me sinto livre.

Alguém me empurra quebrando o meu momento e olho ao

redor com mais pudores, as pessoas estão bêbadas e dançando se


esfregando em todos os cantos, copos jogados pelo chão, as

risadas, todo o conjunto caótico cria uma atmosfera eletrizante, e


não posso deixar de notar o cheiro de maconha que também é

evidente.
E apesar de toda a estranheza, meus olhos brilham, é a
primeira vez que sou chamada para uma festa da galera da
faculdade e decido agora que gosto de fazer parte disso.

Tento procurar Jake, mas é difícil encontrar alguém específico

em meio a tanta confusão. Então, decido caminhar pelo ambiente.

A festa parece ter saído de controle, afinal a quantidade de


pessoas aqui ultrapassa todos os limites. Olho ao redor e vejo a

multidão apertada, dançando e se movendo em um ritmo frenético,


tão rápido que quase parece impossível acompanhar. A música está

alta demais, ecoando nas paredes e me fazendo sentir como se


estivesse em uma caixa fechada, sem ar suficiente para respirar.

Decido pegar um copo de água para me acalmar, e passo por


corpos suados e perfumes fortes até chegar à cozinha.

Há grupos rindo e conversando em voz alta em todos os

cantos, garrafas de bebida alcóolica vazias se amontoando pela


lixeira, e os móveis parecem ter sido arrastados de suas posições
aleatoriamente para criar mais espaço para dançar.

Sinto um frio na espinha quando percebo que não conheço a

maioria das pessoas aqui, e que estou cercada por estranhos em


uma casa que não é minha.
De repente, entram mais pessoas pela porta, alguém aumenta
o barulho da música e a torna insuportável, e sinto uma dor de
cabeça começar a se formar.

Tento me mover pelo labirinto de corpos para encontrar um

lugar mais tranquilo, mas parece impossível. Meu coração começa a


acelerar, e o suor começa a escorrer pelo meu rosto enquanto tento
desesperadamente chegar à saída. A festa parece ter se

transformado em um pesadelo, e não sei se consigo suportar por

muito mais tempo.

Respiro fundo, e tento me acalmar, busco observar as pessoas

bêbadas ao redor e relembro do meu hobbie, caminhar em

cemitérios e olhar para as covas, e percebo que em ambas as


atividades envolve a observação.

Nas lápides, encontro histórias de vida, personalidade, família


e até mesmo tragédias. Da mesma forma, aqui observo os jovens

bêbados e é curioso como a troca de olhares, danças com corpos

colados podem me contar histórias de amor, amizade, decepção,

traição e muito mais.

No cemitério, cada cova representa o que aconteceu em uma

vida, nesta festa cada pessoa representa uma história.


Algumas histórias podem ser fáceis de decifrar, como a líder

de torcida que é vista como um padrão atlético a ser seguido


cheirando uma carreira de pó branco em cima da mesa, enquanto

outras podem ser mais complexas e requerem mais atenção e

análise, como uma das filhas da minha professora olhando


sedutoramente para o namorado da irmã, que está alheia enquanto

conversa animadamente com o melhor amigo de seu namorado.

Em ambos os casos e em ambos os lugares, é possível


aprender muito sobre a humanidade e a vida, além de encontrar

algumas surpresas e revelações inesperadas.

E então interrompendo a minha observação, avisto Jake


conversando com alguns amigos em um canto. Ele me vê e ostenta

um olhar de surpresa e lamento, e ainda assim acena, mesmo com

uma loira em seu colo, ele me chama para que eu me junte a eles.

— Ei, você veio! — ele grita para ser ouvido acima do som

estridente da música. — Quer beber alguma coisa?

— Não, obrigada — respondo, tentando não demonstrar meu

desconforto estando sozinha em uma ambiente que é sobre

comunidades.
Ele retira do bolso da sua calça jeans uma cartela parecida

com a que me ofereceu ontem.

— Não acredito que você tem LSD, gato. — A garota loira bate
palmas enquanto analiso a interação dos dois.

Com a confiança de quem sabe o terreno em que está

pisando, ele enfia a droga na língua da loira que abre a boca


gentilmente, tudo isso enquanto seus olhos ficam pregados em mim.

E em seguida ele pega uma garrafa de vodca e vem em minha


direção, acaricio meus braços nus sentindo um vento frio mesmo

sendo uma noite de verão.

— Abra a boca para mim, Emma. Todas gostam de me receber


na boca — provoca, fazendo seus amigos rirem.

— Eu não estou bebendo hoje, Jake.

— Tão careta. — Revira os olhos, bebendo o líquido pelo

gargalo, ingerindo mais do que é aceitável para um gole.

Ele me agarra pelo braço com força, fazendo-me sentir como


se estivesse presa em uma armadilha. Sinto o cheiro de vodca

misturado com suor enquanto tento escapar do seu aperto. Seus


olhos escuros brilham com uma malícia sádica que me deixa ainda

mais apavorada.

— Venha dançar comigo, querida — ele diz com a voz

embriagada, mas determinada.

Antes que eu possa recusar, sou puxada para o centro da sala

onde todos se aglomeram dançando, os movimentos de Jake são

descoordenados e me fazem sentir tonta e sem equilíbrio. No


entanto, percebendo que não correspondo com sua dança, ele me

agarra com mais força, suas mãos ásperas e suadas apertando

minha cintura.

— O que você veio fazer aqui hoje, Emma? Reivindicar seu

lugar de putinha barata na minha vida? — zomba com um sorriso

cínico. Eu tento me afastar dele, mas seus braços fortes me


impedem de escapar.

— O quê? Você só pode estar louco! — Tento me desvencilhar,

mas é inútil.

— Ok, vamos lá fora para conversarmos melhor — diz,

agarrando meu braço e me levando em direção à porta, tento lutar,

mas isso faz as pessoas rirem de mim, ninguém o impede, todos


enxergam que suas intenções são ruins, mas ninguém impede,

ninguém se importa comigo o suficiente.

Sou arrastada para a garagem lateral da casa e ele para me


encurralando entre a parede da garagem e seu carro estacionado

do lado de fora. Olho para Jake, que parece cansado e desanimado,

e sinto um aperto no coração.

— Você é um babaca! Eu vou embora! — falo, assustada.

Sinto uma dor aguda ao mesmo tempo em que o elástico é


arrancado do meu rabo de cavalo, sem qualquer cuidado,

arrebentando muitos fios pelo trajeto.

Ele segura meus fios com tanta força que mal consigo respirar.

Os cabelos caem desgrenhados pelo meu colo, me dando uma

aparência ainda mais desarrumada.

— Gosto dos seus fios assim longos, mas prefiro loiras.

Olho ao redor e percebo que estamos sozinhos. A música alta

abafa qualquer grito que possa sair da minha boca. Meu corpo
inteiro treme enquanto tento controlar o medo que se instala em

mim.

— Me solta, Jake!
O pedido morre em meus lábios quando percebo a forma como

ele me encara com um olhar sombrio.

— Você é virgem, Emma? Claro que é, olha para você —

debocha, me fazendo sentir envergonhada e humilhada.

Seu hálito alcoólico me faz sentir náuseas e meu coração

começa a bater ainda mais rápido.

— Abra a boca! — A rispidez em sua voz me faz obedecer, até

porque só quero que ele me deixe em paz, só quero que tudo isso

acabe.

Ele vira o líquido da garrafa de vodca na minha boca. O líquido

queima descendo pela minha garganta, e me faz tossir pela falta de

hábito.

Sinto-me indefesa e vulnerável, como se estivesse prestes a

ser enterrada viva.

— Nunca mais negue nada a mim quando estiver na frente das


pessoas, não me envergonhe, querida.

A ameaça fica mais perigosa quando ele destrava e abre porta

do carro, consigo fugir nesse instante dele de distração, mas


tropeço em um galão de gasolina e caio sentada no chão e ele me
pega no colo desajeitadamente e me joga no banco traseiro. Entra
em seguida e nos tranca.

Sinto-me em uma prisão móvel, sem saber o que ele fará


comigo em seguida.

Nada é tão assustador quanto à realidade, leio o adesivo na

traseira do meu carro que está estacionado um pouco mais à frente,


e neste momento, a minha realidade parece um pesadelo sem fim.

Quando Jake se aproxima, eu sinto um medo terrível tomar


conta do meu corpo. Eu tento lutar, chuto, uso todas as forças que

tenho, mas é em vão, ele é um maldito atleta. Ele me vence rude

por cima de mim, fico apenas imobilizada deitada no banco com as

mãos acima da cabeça e seu corpo pesando sobre o meu enquanto


ele sorri com desdém. Suas palavras cortam como facas afiadas:

— Meu pai disse que devo me casar contigo, mas você é


entediante, Emma. Mostre-me o quanto você pode ser quente —

provoca e eu grito, me chacoalho tentando me soltar, mas ele


começa a me tocar, a mão livre sobe pela minha coxa desnuda. Eu
tremo e convulsiono o corpo, tentando escapar do toque nojento

dele. — Se vamos nos casar, você terá que dar a boceta para mim
de qualquer jeito — ele diz com um sorriso cínico.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto tento empurrá-
lo para longe de mim. Não está em meu roteiro perder minha
virgindade em um maldito carro com um cara fedendo a álcool e alto

de droga forçando-me, pelo contrário, isso foge totalmente ao


roteiro.

— Me solta, Jake! — eu grito, desesperada, mas ele não

parece se importar.

Aproxima o rosto do meu, olhando diretamente nos meus olhos


e vendo o medo que sinto.

— Você pode tentar escapar, fica ainda mais gostoso quando


eu conseguir rasgar sua boceta. — Ele gargalha, mantendo-me

imobilizada, meu peito arfante pela luta, cabelos desgrenhados e


provavelmente a maquiagem muito borrada. — Será que você vai
ficar obcecada pelo meu pau como as outras? Ou serei eu

obcecado por mais da sua boceta?

E a palavra obcecado me desperta um gatilho: Ele é obcecado


por você. Lembro-me do olhar de pavor de Jake no estacionamento,

o soco, o cara é muito maior que ele, então reúno coragem e


começo a blefar:
— Se você continuar, ele vai vir atrás de você. — Seu olhar
confuso me encara e eu esclareço:— o meu perseguidor, eu vou
mandar ele cortar seu pau. Não vou ter piedade de você, Jake, eu

vou jogar merda na cova clandestina que ele enterrar seu pequeno
membro para que a polícia nunca o encontre — falo, usando todo o

ódio que consigo reunir e então paro de lutar, mantenho-me quieta,


reuni uma força mental que nem sabia que possuía. — Mas, se me
deixar em paz agora, posso ser piedosa, faça a sua escolha — falo

com uma confiança assustadora, é quase uma prece, que alguém


realmente se importe comigo a esse ponto.

Uso a única carta na manga que possuo, e acredito que ele vai

zombar e desacreditar de mim, no entanto, como num passe de


mágica, ele me solta.

Abre a porta do carro e me fala dando as costas:

— Meu pau nem mesmo fica duro com você, Emma. Você não
é quente o suficiente nem para uma foda difícil no carro, querida.

Sinto-me humilhada, com raiva e, acima de tudo, aliviada por


ter escapado de uma situação que poderia ter sido muito pior.

Eu salto do carro em um frenesi, ainda tento controlar meu


corpo que treme mais do que tudo e meus pensamentos
tumultuosos. Mas a visão de Jake entrando na casa à minha frente
me faz sentir que estou prestes a explodir.

Jogo-me de joelhos no chão, sem forças para levantar, e a


ânsia toma conta de mim.

Forço o vômito, com nojo do que acabei de passar, com nojo

de mim, sinto a vodca misturada com a bile amarga subir pela minha
garganta e sair de dentro de mim.

Tudo o que ele disse ressoa em minha mente: Meu pau nem
mesmo fica duro com você, Emma. Você não é quente o suficiente
nem para uma foda difícil no carro, querida.

Eu não sou suficiente. Nunca sou suficiente para ninguém, e a


julgar pela bagunça que sou agora nem para mim consigo ser
suficiente.

De repente, o cheiro do encapuzado se mistura com o vômito


no ar, e eu fecho os olhos, tento afastar a lembrança do meu
perseguidor, se antes eu achava que estava ficando louca, agora

tenho a certeza, porque nitidamente estou fantasiando com o cara


que me persegue, como se ele fosse um super-herói que vai sempre
me proteger quando eu estiver em apuros, mas a realidade é nua e

crua, ninguém se importa comigo.


Mas no momento em que os meus olhos reabrem, um par de

pés calçando o tênis da marca mais badalada do momento aparece


na minha frente. O couro preto, as solas grossas e os detalhes em
metal dão um toque de rebeldia. Eu fecho os olhos e inspiro

profundamente o aroma reconfortante de perfume masculino caro,


que me envolve como um abraço.

Estranhamente, apesar da situação angustiante, sinto-me

protegida, como se tudo pudesse ser resolvido apenas pela sua


presença.

Então, lentamente, ergo meu olhar, que está nublado pelas

lágrimas, e começo a encarar a sua figura. Seu corpo está envolvido


por uma calça jeans justa, desbotada e rasgada que abraça suas
pernas musculosas, dando um ar de casualidade ao mesmo tempo

em que destaca a sua masculinidade.

A camiseta preta de algodão é simples, mas a peça que

realmente dá o toque final ao visual é a jaqueta de couro preto, seus


zíperes e botões de metal adicionam um elemento de perigo e
rebeldia, e ela parece ter sido feita sob medida para ele.

Seus lábios rosados são tão convidativos, mas a barba por


fazer que demarca seu rosto traz uma aura de tensão que me faz
hesitar.

A tatuagem de rosa na lateral de seu rosto é pequena, mas


chama minha atenção imediatamente. Pego-me interessada em

vistoriar as partes cobertas de seu corpo para ver se encontro mais


tatuagens.

A tatuagem no rosto emite um sinal profundo e perigoso para

mim, como se dissesse "cuidado, perigo adiante".

E ainda assim, não consigo deixar de admirar sua aparência

rebelde e máscula.

Desde o tênis descolado até a jaqueta de couro preto que


envolve como uma segunda pele. Ele exala um magnetismo que me

atrai irresistivelmente, apesar dos sinais de perigo que o rondam.

E em meio ao caos que me cerca, a violência que acabei de


sofrer, eu encontro a paz no brilho intenso dos seus olhos, que me
encaram com tanta compaixão e ternura, como se soubesse tudo o

que estou passando e estivesse pronto para me proteger de todo o


mal, ou então é apenas o meu psicológico fodido me fazendo

acreditar que alguém realmente se importe comigo nesse mundo.


Ele me vê em minha miséria, e por um momento, esqueço
Jake e todo o meu sofrimento. Passo a mão nos lábios limpando um

rastro do meu vômito, ainda estou tremendo.

Simplesmente não consigo desviar o olhar, mesmo estando em


uma situação tão vulnerável. Encara-me de volta com um olhar

intenso e sem dizer uma palavra, suas mãos me envolvem e ele me


ajuda a levantar. Eu me sinto grata por sua ajuda, mas também me
pergunto quem é esse homem misterioso e por que ele está aqui

fora.

— Quem foi? — Sua voz fria e contida me arrepia por dentro.


Como uma brisa fria de outono que se insinua em minha pele.
Capítulo 4: O cheiro da
liberdade
A prisão

Apesar do temor que sinto por não o conhecer, sua voz é

também deliciosamente atraente, como um chamado misterioso, no


entanto penso em Jake, crescemos juntos e ainda assim ele me
provou que não é digno da minha confiança, então decido que

talvez ninguém no mundo seja.

— Não importa — retruco, enfurecida. — Ninguém se importa


comigo, por que você está aqui me dando atenção?

Sou totalmente rude, mas estou quebrada e com dor no corpo

e principalmente no ego, que já não era dos melhores — diga-se de

passagem — e apesar da minha postura questionável ele não se


intimida. Pelo contrário, parece ficar ainda mais concentrado em
mim, como se cada palavra que eu falo fosse uma música que ele

quer ouvir.

— Foi o Jake? — pergunta entredentes.

Em um primeiro momento me surpreendo que ele suponha,

mas em seguida me dou conta que ele deve ter cruzado com Jake
enquanto vinha aqui atrás.

O desconhecido tira um cigarro do bolso junto do isqueiro de

metal, acende e dá um longo trago, enquanto me observa com


atenção.

Seus olhos percorrem meu rosto, fixos em meus lábios,


enquanto a fumaça que ele expira se dissipa no ar, formando

pequenas nuvens de mistério.

Seus olhos azuis são profundos transbordando uma mistura de

emoções intensas. Sua mão livre toca o meu queixo, erguendo-o

com gentileza e firmeza, como se quisesse me proteger do mundo

lá fora. Sinto o calor emanando do seu corpo próximo ao meu,


fazendo-me sentir como se alguém no mundo realmente se importe

comigo.
— Não se subestime. — A lágrima solitária cai grossa com seu
pedido, como ele consegue mexer tanto com os meus sentimentos?

— Não chore! — Sua voz rouca e suave sussurra em meu ouvido,

traz um arrepio gostoso na minha pele. — O que quer fazer sobre

Jake?

A menção do nome dele me fez estremecer de raiva e tristeza.

A forma como me humilhou, a frase ainda dispara em minha mente:

Meu pau nem mesmo fica duro com você, Emma. Você não é

quente o suficiente nem para uma foda difícil no carro, querida. Não
sou suficiente.

O que mais me dói é saber que mesmo depois do que ele fez
hoje, no final de tudo vou me casar com Jake, vou ter que seguir o

roteiro que meu pai designou para mim, no entanto, o ódio e a fúria

me tomam inteira.

— Eu quero vingança. — Reúno determinação e lhe digo,

divagando em voz alta.

Sou uma boa garota, não devo pensar em me vingar, na igreja

que eu ia com papai sempre pregaram o perdão, a benevolência,

dar o outro lado da face para bater, no entanto eu sempre quis

revidar a tudo, e ao olhar meu reflexo no vidro da janela, neste


momento sou uma bagunça, não pareço nem de longe uma boa

menina, estou muito perto da minha verdadeira face: sombria e


ferida.

Porque é essa a verdadeira face da menina que encontra paz

indo a cemitérios, que prefere viver com mortos e elaborar roteiros


sobre a própria vida que nunca vão se tornar reais, mas que isso me

faz sentir no controle de algo. Também sou a garota confusa sobre


amar e odiar os pais, a que não vê verdade quando se encara no
espelho, a que não tem nem mesmo controle sobre as próprias

escolhas do futuro, faz tempo que estou assim, sombria e ferida.

O desconhecido sorri diabolicamente ao ouvir meu devaneio


sobre vingança, ergue uma sobrancelha como se dissesse: diga-me

mais sobre isso, e a rosa em seu rosto se movimenta um pouco.

Mostre-me o quanto você pode ser quente. As palavras de

Jake dão asas ao meu desejo mais obscuro, a roteirista mórbida


que há em mim e ninguém sabe.

Olho para o galão de gasolina que tropecei na porta da

garagem, e em seguida para o isqueiro de metal na mão do


desconhecido e por último para o carro que Jake acabou de ganhar
de seu pai, o mesmo automóvel que usou para abusar de mim

tocando-me sem consentimento.

— O carro dele, se eu pudesse botaria fogo — falo, mas em


seguida baixo o rosto, certa de que o conhecido vai me julgar, o

silêncio me faz olhar aflita para os seus olhos, e ali enxergo que tipo
de cara ele é, enquanto o meu patético prometido é do tipo que quer

que eu mostre o quanto posso ser quente, esse cara é o que diz:

— Então se prepare para o incêndio.

Sei que não foi a sua intenção, no entanto soou muito sedutor.

E faz meu coração acelerar. Por um momento, sinto que não é

apenas sobre colocar esse carro em chamas, mas sobre algo maior.

É como se eu estivesse prestes a ser consumida por um fogo


que iria purificar minha alma e me transformar em algo ainda mais

forte e resistente. Eu fecho os olhos e inspiro profundamente, sinto o


aroma de cigarro misturado com seu perfume caro. Quando abro os

olhos novamente, encontro seu olhar intenso e determinado.

Seu sorriso diabólico me deixa desnorteada por um instante,


mas ao mesmo tempo sinto meu coração acelerar em empolgação.
Este desconhecido com olhar ardente entende o meu desejo mais
sombrio, meu desejo de vingança, e não me julga.

Seu tom confiante me faz acreditar que posso incendiar tudo


que eu quiser, e isso me assusta ao mesmo tempo em que me deixa

muito interessada.

Não sei se o destino será gentil comigo, mas estou disposta a


arriscar tudo, pois aqui, ao lado deste desconhecido, ainda

tremendo pelo ódio, sinto uma chama arder dentro de mim, uma
chama que me fazia sentir mais viva do que nunca.

Vejam-me queimar, é o que Michele Morone canta nas caixas


de som do interior da casa de forma estridente.

Então, em um rompante, deixo o ódio em sua versão mais crua

tomar conta de mim e pego o galão de combustível com força, abro


a tampa e o despejo com raiva na lataria do carro de Jake.

Lembro das palavras cruéis dele, sua agressividade, do seu

toque impuro, do seu hálito embriagado, e tudo isso é o combustível


que inflama minha ira.

Meus olhos chispam com a ação da vingança enquanto eu


derramo todo o líquido do galão, e quando acabo, olho para o cara
ao meu lado, cujo olhar parece apreciar minha determinação
selvagem.

Com o galão nas mãos, sinto um poder ardente pulsando em


minhas veias. Como se cada gota de gasolina derramada fosse uma

justiça feita, um grito de liberdade. Lembro das risadas dos seus


amigos, das pessoas o vendo me arrastar para fora sem meu
consentimento e apenas ignoraram, da certeza de impunidade de

Jake, da forma que achou que podia me tocar como e quando

quisesse. E eu grunho enquanto derrubo cada gota em seu carro


novo.

Com um sorriso no rosto, finalmente sinto a força para me

vingar e superar minha dor. Eu sou a própria chama, e nada pode


me impedir agora.

Jake grita na porta e me olha arregalando os olhos quando se


dá conta da cena à sua frente.

— Liguem pra polícia! — O olhar enraivecido dele fica estático

observando-me. — Que porra é essa, Emma? — Seu grito


assustado faz o cara ascender o isqueiro o testando, ele dá um

último trago em seu cigarro e aponta para o carro.


— Juntos, Emma? — ele sugere e coloco minha mão sobre a

sua, assentindo.

Sombria e ferida, vejam as minhas sombras e sintam-me ferir

de volta.

— Emma, para agora! Não se atreva! — Os olhos de Jake

refletem a incredulidade e a ira misturadas em um turbilhão de

emoções.

— Isso é o quanto eu posso ser quente, Jake. — Esclareço,

enquanto o grito desesperado dele mal chega a meus ouvidos.

Meu corpo está em transe, minha mente absorta neste

momento de puro êxtase, e em seguida encostamos juntos o

isqueiro aceso na lataria do carro molhado por combustível. Eu e o


desconhecido, unidos em um encontro explosivo que jamais vou

esquecer.

O fogo começa a dançar na superfície do automóvel. As


chamas lambem o carro, e criam um espetáculo infernal à minha

frente.

Sinto a energia pulsando em meu corpo, misturando-se à


adrenalina e ao fogo que se alastra. O brilho do incêndio reflete em
meus olhos, faiscando em tons quentes e sedutores. Ao meu lado, o

desconhecido me observa, e ao fundo Jake está perplexo.

Um sorriso malicioso escapa dos meus lábios, enquanto o som


das labaredas dançando na lataria do carro se intensifica,

abaixamos as mãos e damos um passo para trás, mas nossas mãos

permanecem unidas.

Eu assisto com deleite a cena que eu criei, a vingança sendo

concretizada na forma de fogo. Olho para o cara ao meu lado, seu

rosto é como uma obra de arte, uma rosa negra tatuada em sua
pele, seus olhos verdes profundos como uma floresta, e eu me

perco neles.

Quero mergulhar em sua alma e conhecer todos os seus

segredos, saber quem é o homem por trás da tatuagem e toda a

aura de rebeldia. O fogo faz sua pele brilhar, iluminando-o com um

halo de perigo e desejo. E eu fico aqui, parada, fascinada e atraída,


querendo estar sobre sua pele como a rosa em seu rosto.

O fogo dança freneticamente à nossa frente, criando uma


cortina de chamas que nos faz dar passos para trás. Sinto o calor

intenso se aproximando, mas não me assusto, pois a mão do

tatuado está firme na minha. Ela é tão quente quanto as chamas


que consomem o carro diante de nós, e me passa uma segurança

que nunca experimentei antes na vida.

Cada pequena explosão que o carro emite parece como uma

música para os meus ouvidos, e sou atingida pela sensação de

justiça queimando dentro de mim.

É algo realmente indescritível, eu não seria capaz de elaborar

um roteiro como esse, mas sou grata por ser capaz de vivê-lo, e
agora sei que tudo na minha vida vai mudar, como se a Emma

submissa e permissiva, estivesse sendo incinerada com o carro.

O cheiro de fumaça e gasolina impregna minhas narinas, mas


não me incomoda, ao contrário, é como um convite para a aventura.

Sinto o olhar me sondar e aperto a mão do bad boy tatuado,


sentindo uma conexão insana. É como se estivéssemos juntos em

um mundo à parte, onde tudo é possível, onde não há regras a

seguir, apenas a nossa própria justiça. E essa verdade é tão insana

quanto fascinante.

Revidar é maravilhoso, é uma forma de libertação! É como se

eu pudesse enfim deixar de ser a garota quieta e complacente e me

transformar em uma guerreira corajosa, pronta para lutar pelo que


acredita.
Como a grande roteirista mórbida que sou, certamente essa

seria uma grande cena para iniciar um romance, no entanto, o

barulho das sirenes da polícia quebram todo o meu encanto.

O tatuado ainda segura minha mão, mas agora nossos dedos

estão tensos, nossos corações batem acelerados. O fogo consome

o carro por completo, criando uma cortina de fumaça preta que se

eleva aos céus, enquanto eu e ele permanecemos aqui, imóveis e


atentos.

Essa noite, enquanto o fogo se espalha diante dos meus olhos,


eu sinto o cheiro da liberdade. E é um aroma inebriante, misturado

ao som das chamas crepitantes e ao vento que sopra forte. Eu me

sinto viva como nunca antes, como se tivesse finalmente encontrado

a minha verdadeira essência.

E neste momento, percebo que a liberdade não é apenas um

conceito abstrato, mas algo que pode ser palpável, posso inalar e
viver intensamente. A liberdade cheira a fogo, a adrenalina, a

ousadia, e eu estou aqui, experimentando tudo isso, sem medo do

que possa acontecer.

Não sei o que virá a seguir, mas sei que nada mais será igual

após essa noite.


Capítulo 5: Presa em sua
rebeldia
A prisão

— Sua desgraçada! — A voz de Jake surge, enquanto ele

passa os dedos nervosamente em seu topete. — Você destruiu o


meu carro!

— Toque em mim de novo, e será você queimando ao invés do

seu carro — aviso, como uma criminosa, é oficial, queimei a boa


garota.

O barulho das sirenes preenche o ar e ecoam em meus

ouvidos, acompanhado pela gritaria dos vizinhos que observam a

cena de suas janelas.

O tatuado me puxa pelas nossas mãos unidas com firmeza, e


eu sigo seus passos enquanto a adrenalina corre pelas minhas
veias. Sinto o calor do fogo nas minhas costas e o cheiro de fumaça

me sufocando.

As luzes vermelhas e azuis das viaturas da polícia piscam,


iluminando a noite e ecoando uma sirene ensurdecedora. A

confusão é total, com jovens correndo em todas as direções para

escapar da festa que acabou saindo de controle. Nos misturamos


aos outros, tentando encontrar uma saída, mas logo sinto as mãos

geladas de Jake me agarrando com força.

— Emma, corra e vá embora sem olhar pra trás — o

desconhecido grita ao meu lado, enquanto empurra Jake com

firmeza. — Vai, Emma! — Ele me encoraja, e eu sinto um aperto no


peito ao deixar sua mão e correr em direção ao meu carro.

Assim que alcanço a traseira do meu carro, leio a frase que


sempre mexe comigo “Nada é mais assustador do que a realidade”,

mas contra o conselho do desconhecido, eu olho para trás, e

testemunho com tristeza o momento em que os policiais algemam o

homem que despertou o pior e o melhor em mim.

Eles o algemam como um criminoso, e seu olhar encontra o

meu em meio ao caos de pessoas fugindo, sirenes, Jake xingando e

tudo mais, e seguro as chaves do meu carro, e cogito em me


entregar aos policiais, o tatuado os encara com uma fúria contida,
seus olhos são um reflexo deste momento tenso. Eu fico paralisada,

sem saber o que fazer. Eu não quero deixá-lo lá, mas ao mesmo

tempo, não sei como ajudá-lo. No peito, tenho uma sensação de

desespero, sabendo que a situação está completamente fora do

meu controle.

Ele sussurra algo para mim, mas suas palavras são abafadas
pelo barulho ensurdecedor ao nosso redor. Mesmo assim, consigo

ler seus lábios rosados: "Vá embora, sem olhar pra trás".

Eu me sinto dividida entre a necessidade de ajudá-lo e o medo

de que isso possa piorar sua situação. As chaves tremem em

minhas mãos enquanto destranco as portas do carro e entro. No fim,

decido seguir em frente e dirigir para longe dali. Sigo o conselho

dele e não me atrevo a olhar para trás. Apenas acelero o motor e

fujo do tumulto, com o coração apertado e o pensamento


emaranhado entre o medo e a compaixão.

Enquanto me afasto da cena do crime, não consigo deixar de

pensar no tatuado e em suas ações. Sua coragem e sua

preocupação comigo me impressionam, e eu me sinto grata por ter


conhecido alguém assim. E fico inconformada por sequer saber seu

nome.

Mas, ao mesmo tempo, uma sensação estranha toma conta de


mim. Por que ele se importou tanto comigo? Eu mal o conheço e

ainda assim ele arriscou sua liberdade por mim.

Sinto uma pontada de culpa por tê-lo deixado para trás, mas
sei que não poderia fazer mais. E sei que tenho uma dívida e um dia

eu vou retribuir o favor, mas por agora, só posso agradecer em


silêncio.

A viatura desliza pela rua ao meu lado, levando consigo o


homem corajoso que se arriscou por mim. Observo-o através da

janela, seus cabelos bagunçados dançando ao vento, e o rosto


iluminado pelos lampejos da luz da rua. Seus olhos verdes
encontram os meus por um breve momento, transmitindo um misto

de determinação e preocupação.

Nossos olhares se encontram e é como se houvesse um laço


invisível nos conectando. Sinto meu coração apertar enquanto ele é

levado para longe, e sem pensar duas vezes, sussurro um


agradecimento.

— Obrigada.
Ele me devolve um sorriso cínico, um repuxar de lábios

rosados que parecem brincar comigo, e querer dizer "não precisa


agradecer", enquanto seus olhos verdes ainda estão fixos nos

meus.

— Te vejo por aí — ele sussurra, de uma forma carregada de


um tom misterioso e sedutor, e sinto que essa frase quer dizer mais

do que uma mera casualidade, é uma certeza, ele vai me ver por aí.

O que me choca é que ele parece não dar a mínima com o fato
de ser levado pela polícia.

A viatura acelera e o carro some na curva da rua, deixando-me


sozinha com a sensação de que aquele homem misterioso ainda

faria parte da minha vida de alguma forma.

Uma sensação de desamparo toma conta de mim quando


percebo que ele está partindo, levado pela correnteza implacável do
destino. Gostaria de poder fazer algo mais, de poder agradecer-lhe

novamente ou expressar minha gratidão de alguma forma. Mas tudo


o que me resta é assistir enquanto ele se afasta, desaparecendo na

escuridão da noite.

A viatura se afasta e eu fico parada na rua, perdida em meus


pensamentos. O sorriso cínico do tatuado ecoa em minha mente, e
me pergunto como ele pode ser tão desprendido diante de sua
prisão iminente.

Luto contra o aperto no peito, uma mistura de tristeza e


admiração. Ele foi um raio de luz em meio a minha escuridão, um

estranho que cruzou meu caminho e mudou tudo. Agora, ele se vai,
levando consigo uma parte da minha gratidão e uma sensação de

que algo especial foi perdido.

Enquanto a viatura se distancia, mantenho meus olhos fixos na


janela vazia, desejando-lhe segurança e espero que nossos

destinos se cruzem novamente. Seu gesto altruísta e sua presença


momentânea em minha vida deixam marcas indeléveis em meu
coração, e sei que jamais vou esquecer o cara que, por um instante,

fez-me sentir protegida e valorizada.

Dentro de mim existe uma mistura de tristeza e curiosidade por

ele, cujo nome eu nem sequer sei, mas que me salvou de ser presa,
de todas as formas.

Então, sem ter uma direção clara em mente, guio meu carro

pelas ruas da cidade, perdida em um mar de pensamentos


turbulentos.
Os prédios altos erguem-se imponentes ao meu redor, sendo
testemunhas silenciosas da minha confusão interna. As ruas, que
normalmente são cheias de vida e movimento, agora por ser

madrugada já estão desertas, ampliando a sensação de solidão que


me envolve.

Minha mente é inundada por questionamentos sobre o homem


desconhecido, cujo olhar corajoso ainda ecoa em minha memória.

Quem será ele? Que forças o impulsionaram a agir em meu

favor? Por que ele escolheu arriscar sua própria liberdade para me
ajudar? Cada pergunta é como um turbilhão de interrogações,

girando incontrolavelmente em minha cabeça.

Tento imaginar sua vida, suas motivações e os desafios que o

levaram a se tornar alguém tão corajoso e altruísta. Será que ele já

enfrentou situações semelhantes? Quais serão suas cicatrizes


invisíveis? O que o futuro reserva para ele agora que foi capturado

pelas mãos da lei? O que será de nós dois?

Enquanto as ruas continuam a desfilar diante dos meus olhos,


sinto-me imersa em um mar de incertezas. Minhas mãos apertam

firmemente o volante, buscando algum tipo de conforto ou clareza.


Mas as respostas permanecem distantes, envoltas em um véu de

mistério e inquietação.

A cidade parece um labirinto de dúvidas, cada esquina

escondendo segredos e possibilidades desconhecidas. Enquanto


avanço, procuro em vão por pistas, por algum indício que possa me

guiar em direção a respostas.

No entanto, por enquanto, tudo o que posso fazer é seguir em


frente, deixando o vento soprar em meu rosto e espero que o

destino traga à tona as respostas que tanto anseio.

Ligo o som do carro, e toca a mesma canção de antes de

chegar à festa, e busco refúgio nas notas que ecoam pelo interior do

veículo. A melodia de "Somewhere I Belong" enche o espaço,

enquanto as palavras ressoam profundamente dentro de mim. Cada


verso parece ter ganhado um novo significado, como se as letras

tivessem sido escritas especialmente para este momento de vazio e

desorientação.

Deixo que as lágrimas escorram livremente pelo meu rosto,

misturando-se com a dor e a angústia que têm dominado meus

pensamentos. Enquanto me entrego ao som e à intensidade da


música, minha voz se mistura às letras, gritando com toda a força

dos meus pulmões.

As palavras da canção capturam perfeitamente a essência do


que estou vivenciando: a busca incessante por um lugar onde eu me

encaixe, onde eu me sinta verdadeiramente pertencente. Cada nota,

cada acorde é uma expressão da minha luta interior, da minha


jornada em busca da minha verdadeira personalidade.

Enquanto canto a plenos pulmões, sinto-me envolvida por uma

catarse poderosa, uma libertação das amarras que me prendem ao


vazio. É como se, por alguns instantes, eu encontrasse um refúgio

dentro de mim mesma, um lugar onde as incertezas e as dores se

transformam em força e determinação.

As lágrimas misturam-se com as palavras da música,

formando um turbilhão de emoções que se espalham pelo carro.

Não há vergonha nesse momento de vulnerabilidade, pois é através


dessa expressão sincera que encontro um alívio para a minha alma

inquieta.

E enquanto a música me envolve, sinto uma chama de

esperança se acender dentro de mim. Mesmo em meio ao vazio e à

incerteza, sei que existe um caminho para encontrar o meu lugar,


para preencher os vazios que habitam meu coração. Ouvir essa

música no momento certo parece ser um sinal de que estou no


caminho certo, que não estou sozinha nessa busca.

Então, com as lágrimas ainda rolando, continuo cantando com

toda a minha força, deixando as palavras da música me guiarem. A


cada verso, sinto uma renovação da minha determinação, uma

certeza de que, no final, encontrarei o lugar onde verdadeiramente

pertenço.

E assim sigo adiante, na estrada escura e desconhecida da

vida, embalada pela música e consciente que cortes precisarão ser

feitos para que eu me encontre verdadeiramente.

Enquanto o carro avança pelas ruas, uma sensação incômoda

de vazio toma conta do meu peito, como se algo essencial tivesse


sido arrancado de dentro de mim. Tento desesperadamente

identificar a origem desse sentimento, mas é como se uma parte de

mim tivesse sido deixada para trás, presa ao homem misterioso que

cruzou o meu caminho nesta noite caótica.

Sua presença despertou algo em mim, algo que há muito

tempo estava adormecido. Ele me viu além das aparências, além


das máscaras que eu usava para me proteger do mundo. Naqueles
breves instantes de conexão, senti-me completa, inteira, como se

fosse o suficiente ser exatamente como sou.

Agora, com sua ausência, esse vazio se intensifica. Questiono-


me se voltarei a encontrar alguém que me faça sentir daquela

maneira novamente, alguém que enxergue a minha verdadeira

essência e me aceite incondicionalmente. Será que o destino

permitirá que nossos caminhos se cruzem novamente?

Enquanto dirijo pela cidade, envolta em pensamentos

turbulentos, uma certeza se solidifica em meu coração: algo mudou


dentro de mim. A experiência compartilhada com aquele homem

desconhecido despertou uma sede por autenticidade, por conexões

genuínas e por encontrar meu próprio lugar no mundo.

O vazio persiste, mas também traz consigo uma centelha de

esperança. Talvez essa lacuna em meu peito seja um lembrete

constante de que há mais por vir, de que meu encontro com aquele
cara não foi apenas uma casualidade, mas sim o início de uma

jornada que ainda está por se desdobrar.

E assim, com a chama da esperança ardendo em meu íntimo,


sei onde devo ir e o que devo fazer: matar de vez a boa garota que

há em mim.
Capítulo 6: Fugindo da minha
cela interior
Presente

Caminho pela rua deserta que já conheço bem, e me deparo

com o único lugar que senti vontade de estar: o cemitério antigo e


sombrio, cercado por um muro de pedra.

Observo o portão de ferro, enferrujado pelo tempo, balançando

com a brisa suave que sopra no ar. As folhas secas das árvores ao
redor sussurram em um tom melancólico, e o céu noturno cria uma

atmosfera ainda mais sombria. Ainda assim, sinto uma curiosidade


intensa, quase palpável, para explorar histórias além dessas portas.

Caminho lentamente, ouvindo o som dos meus passos


ecoarem pelo caminho de pedras irregulares que levam até a

entrada. Meu coração bate mais rápido, e me pergunto por que não
posso ser alguém normal, com costumes normais, de ficar em casa

ou apenas ler um livro, não entendo minha busca incessante por


emoção. Mas a curiosidade é mais forte do que o medo, e eu

empurro o portão enferrujado com cuidado.

O cemitério é um labirinto de túmulos antigos, cobertos de

musgo e esquecidos pelo tempo. A quietude é interrompida apenas

pelo som dos meus passos e dos pássaros que pousam nos galhos
das árvores. Sinto um arrepio percorrer minha espinha, mas

continuo caminhando, sentindo-me como se estivesse explorando

um mundo mágico e proibido.

À medida que eu caminho, começo a notar as inscrições nos

túmulos, alguns dos quais datam de mais de um século atrás. Há

nomes e datas gravadas em pedra e bronze, e fico imaginando

quem foram essas pessoas, o que fizeram em suas vidas, e se


alguém ainda se lembra delas.

Finalmente, encontro um túmulo que chama minha atenção. É

antigo, mas ainda está bem conservado, com uma escultura de um

anjo de asas abertas, segurando um lírio branco em uma das mãos.

Eu sinto uma estranha atração pelo lugar, como se algo dentro

de mim estivesse me chamando para entrar e explorar, começou


após a morte da minha mãe, e quando cheguei à universidade,
totalmente sozinha em um lugar novo, se tornou uma obsessão.

Sinto-me inspirada por toda a beleza e melancolia deste lugar,


e penso em como posso incorporar essas sensações em meus

roteiros.

Cada lápide que encontro é uma nova história para descobrir e

contar. A cada passo, uma nova inspiração.

É como se a calmaria e o medo que me despertam aqui me


dessem a inspiração que preciso para criar personagens e tramas

que toquem o coração do público. E eu sigo caminhando, cercada

pela beleza do cemitério antigo e pelas histórias que esperam para

serem contadas.

O ambiente solene também me proporciona um sentimento de

segurança, onde sozinha posso refletir sobre as minhas emoções e

pensamentos sem ser interrompida.

Sinto-me estranhamente calma e em paz no meio dos mortos,

já que não me sinto suficiente com os vivos, e é como se estivesse


em um lugar sagrado. Eu me aproximo de uma lápide velha e

corroída pelo tempo, e começo a reparar.


A lápide é feita de pedra escura, aparentando ser granito ou

mármore. O nome "Ana" está gravado em letras douradas em cima


da frase "A vida é curta demais para ser normal" que está escrita em

letras maiúsculas, em negrito e na cor branca.

Abaixo da frase, em letras menores, está escrito "Amada mãe


e esposa, que partiu deste mundo em 1992" em uma cor branca

discreta, quase apagada em relação às outras letras. A lápide tem


um formato retangular e está fixada em uma base também de pedra
escura, em um ângulo inclinado em relação ao solo.

No entanto, percebo que Ana tem razão, afinal a vida é

realmente curta demais para ser normal, embora eu sinta que estou
há muito tempo vivendo no limite entre a sanidade e a loucura.

Observo a lápide por um tempo, tentando imaginar quem era a


pessoa que repousava ali. Será que Ana era uma pessoa feliz e

realizada em vida? Será que ela tinha sonhos e aspirações que


nunca foram cumpridos? Eu não sei, mas uma onda de empatia e

tristeza toma conta de mim enquanto eu permaneço diante da


lápide.

Olho rapidamente para as outras lápides e mausoléus ao meu


redor. Cada um tem sua própria história, cada um tem alguém que o
ama ou ao menos finge que sim. Encaro o céu escuro acima de

mim, e me pergunto se essas pessoas encontraram a paz que tanto


desejavam após a morte, e rezo para que a boa menina em mim

encontre, porque definitivamente a estou enterrando hoje.

Fecho os olhos e respiro fundo sentindo o cheiro da gasolina


vindo de mim, e percebo que vir aqui não tem a mesma graça de

antes, eu costumo vir atrás de histórias, de inspiração para os meus


roteiros, mas hoje, pela primeira vez, sinto que viver é muito melhor
do que elaborar qualquer um dos meus roteiros.

Reabro os olhos e vejo a lápide de Ana bem à minha frente.

Sinto um misto de tristeza e raiva, pois aqui diz que ela era uma boa
mãe, mas a minha não era. A lápide da minha mãe também diz,

mas é só ilusão, mentira deslavada. Ela nunca me respeitou, e


mesmo morta, me empurrou para o garoto que tentou me machucar,

me jogou no precipício de olhar-me no espelho e não me


reconhecer.

Encontro uma lápide com o nome de "John", com uma cruz


cristã gravada em cima. As datas indicam que ele viveu apenas por

20 anos. Eu paro diante de sua lápide por um momento, imaginando


o que pode ter causado sua morte tão jovem. E me dou conta que
tenho 19 anos, se me restasse apenas mais um ano de vida, como
eu gostaria de vivê-la? Certamente não seria odiando o que vejo no
espelho, a sombra da minha mãe.

Respiro fundo e tento me acalmar, mas a raiva ainda está aqui,

borbulhando dentro de mim. Eu sei que preciso fazer algo que me


faça sentir mais forte, mais poderosa. Olho em volta e vejo que o
cemitério está deserto, a não ser pelas lápides.

Com determinação, pego a tesoura e o espelho da minha


necessaire. A lua ainda brilha no céu, mesmo já estando próximo ao
nascer do sol, enquanto eu respiro fundo, pronta para me libertar

dos cabelos longos que minha mãe tanto queria que eu mantivesse.
As ordens dela ainda ecoam em minha mente, mas eu sei que

preciso seguir meu próprio caminho.

— Tira só as pontinhas. — Era o que ela sempre dizia ao


cabeleireiro.

Sem hesitação, começo a cortar os cabelos, sentindo a


adrenalina correndo em minhas veias. Cada mecha que cai no chão

de pedra do cemitério me liberta mais e mais. Não me importo com


o comprimento ou o estilo, apenas sigo cortando, permitindo que os
fios caiam ao redor de mim.
É um ato de autoafirmação, um momento de transformação em
que estou me libertando das amarras dos meus pais e abrindo
caminho para uma nova versão de mim mesma. Cada corte é um

passo em direção à liberdade, como se estivesse deixando para trás


a imagem antiga de mim mesma.

— Emma, fecha essa revista, que corte de cabelo horrendo,


veja esses cabelos curtos e repicados que cafona! Todos sabem

que uma mulher precisa ter cabelos longos, precisa parecer

feminina, que homem pode querer alguém como essa mulher da


revista! — Bufa revirando os olhos castanhos como os meus. —

Não me olhe assim, quando cair em si, vai ver que tenho razão,

filha.

Sinto a brisa fresca da madrugada bater em meu rosto,

enquanto meus dedos se movem habilidosamente cortando as

madeixas. É como se a cada fio cortado, eu me libertasse um pouco

mais da imagem que eu mesma criei para agradar os outros e


finalmente pudesse ser quem eu sou de verdade.

Quando termino de cortar, meus dedos ainda tremem


segurando a tesoura, observo o espelho em minha mão e eu vejo a

imagem de uma garota determinada, corajosa o suficiente para


desafiar as expectativas impostas sobre ela. Cabelos curtos e

desgrenhados, como sempre sonhei, um sorriso de satisfação no


rosto e a sensação de que estou assumindo algum controle da

minha própria vida. Os cabelos cortados são um símbolo de tudo o

que deixei para trás e tudo o que estou abraçando.

Uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto, mas é uma

lágrima de libertação, de felicidade por finalmente poder ser quem

eu realmente sou.

Eu sei que minha mãe ficaria chocada se visse meus cabelos

agora, mas estou orgulhosa por finalmente ter encontrado a

coragem de ser eu mesma.

Levanto-me, com a confiança que posso lutar, posso enfrentar

as adversidades, posso queimar tudo ao redor, posso revidar. Não


sou mais aquela menina frágil e indefesa que minha mãe queria que

eu fosse.

Olho para a lápide de Ana, ela é a única testemunha da minha


perda de sanidade, mas a única coisa que tenho de resposta é o

que está em sua lápide “a vida é muito curta para ser normal”,

penso que se ela estivesse viva, certamente ia me encarar agora


com um sorriso de aprovação. Ela sabe que eu sou forte, que eu

posso superar qualquer coisa. E agora, eu sei disso também.

Meu celular toca, no visor o nome do meu pai acende, e pela


primeira vez na vida, eu ignoro suas chamadas.

“Como foi na festa?”

“Já está em casa?”

“Deve estar com pouca bateria para não me atender, você


sempre atende.”

Pego o aparelho e digito freneticamente clicando enviar logo

em seguida sem ponderar muito.

“A festa foi melhor do que eu esperava, já estou a caminho de

casa e a partir de amanhã voltam as minhas aulas, assim sendo, eu

só vou te atender quando puder e quiser, pai! Então evite me ligar.”

Sorrio vitoriosa, afinal, essa é a primeira vez que exponho as

minhas vontades, e até cogito dele ligar de volta gritando ou que

envie mil absurdos, no entanto, papai apenas visualiza e não


responde.
Assim que saio do cabeleireiro, a tarde cai e o cansaço
começa a tomar conta do meu corpo. Mas a falta de notícias sobre o

bad boy tatuado me deixa totalmente insana.

Enquanto me tranco no banheiro, ouço Megan, minha


companheira de dormitório, comentar com suas amigas sobre

quatro caras de universidades próximas que foram presos na

madrugada.

— Nossa que desperdício, conheço de vista os quatro, um

mais gostoso que o outro. — Uma delas se lamuria. — Não se fala

em outra coisa.

— Os quatro são ricos, não demora muito estarão livres e

desimpedidos para nós. — Riem como hienas e reviro meus olhos.

— E o carro do Jake, soube que a sua companheira de quarto

que fez isso.


— Emma?! Ela é uma mosca morta, nunca faria algo assim. —

Megan contrapõe sua amiga.

Fico atenta quando elas falam para onde os caras foram


levados, e em seguida todas saem para buscar algo no refeitório

para comer. Sem pensar duas vezes, sigo para a delegacia, com o

coração na boca.

Sinto meu estômago revirar enquanto observo os tijolos

vermelhos que compõem a fachada do prédio. Há uma placa de

metal na parede, indicando que este é o Departamento de Polícia de


Boston, e sinto um arrepio na espinha ao imaginar o tatuado

desconhecido chegando aqui algemado.

À minha esquerda, há uma escada que leva a uma entrada


lateral, e vejo algumas pessoas entrando e saindo o que me faz

observar cada uma delas, como nunca cogitei vir a uma delegacia
antes? Parece muito interessante para observar pensando nos

meus roteiro futuros.

Há carros de polícia estacionados na rua em frente ao prédio,

com as luzes piscando, e ouço a sirene de uma viatura se

aproximando.

A porta principal é feita de madeira escura, com uma janela de

vidro na parte superior. Posso ver algumas pessoas andando lá

dentro, vestidas com uniformes de polícia. Há uma pequena área de


espera na entrada, com algumas cadeiras e um balcão de

atendimento ao público.

Meus olhos são atraídos para uma parede coberta de cartazes,

com fotos de pessoas desaparecidas, procurados pela polícia, entre

outros, estou tentada a fotografar tudo com o meu celular para


escrever mais tarde, minha mente fervilhando de ideias.

Há também um quadro de avisos com informações sobre os

direitos dos cidadãos e números de telefone úteis. O lugar é


realmente muito instigante.

Sinto um misto de ansiedade e curiosidade enquanto observo

a movimentação dentro e fora da delegacia. Não tenho certeza do


que vou descobrir aqui, mas sei que preciso encontrar o cara que
me ajudou naquela noite e saber se existe alguma forma que eu
possa ajudá-lo.

A delegacia é ampla e iluminada, mas não de uma forma


agradável, há uma tensão palpável no ar, e o cheiro forte de álcool e

produtos de limpeza se misturam, o barulho dos murmúrios e gritos

de prisioneiros e policiais ecoam pelas paredes. Sinto meu coração

acelerar e minhas mãos suarem, ansiosa para ter notícias dele o


mais rápido possível.

Encaro nervosamente a atendente. Minhas mãos tremem e

minha voz sai fraca. E ela me olha com nítido desinteresse.

— Olá. Eu quero saber do cara que foi preso na madrugada.

— Bato meu coturno no chão repetidas vezes, tentando aliviar a


ansiedade que me consome.

Minhas roupas despojadas, calça jeans e regata branca, me


deixam um pouco desconfortável, pois sei que minha mãe não

aprovaria esse estilo, mas estou aprendendo a me libertar do seu


controle, lembrando a mim mesma de que ela está morta e não tem
mais poder sobre mim.

— Qual o nome e sobrenome? — A pergunta da mulher atrás


do balcão faz todo sentido, mas, naquele momento, minha mente
está em branco. Bato com a língua no céu da boca, tentando pensar
em uma resposta, qualquer coisa que me ajude a encontrá-lo.

— Não sei, ele deve ter uns vinte anos, algo por aí —
respondo, frustrada por não poder fornecer mais informações

precisas.

A mulher suspira e consulta os registros em seu computador.


Seus olhos percorrem a tela e ela solta um suspiro de

desapontamento.

— Vários com essa descrição deram entrada aqui nesta noite,

ao menos uns quatro. Preciso de mais informações para localizar o


rapaz que você procura. Nome completo, data de nascimento...

alguma outra pista? — Sua resposta condiz com as fofocas que


Megan espalhava entre as amigas, e isso só aumenta minha
preocupação e frustração.

— A tatuagem! Ele tem uma tatuagem no rosto, uma rosa. —


argumento com a atendente, insistindo em obter alguma informação
sobre o desconhecido que despertou minha curiosidade.

— Colin! — Não é a mulher que diz, mas uma voz masculina

por trás de mim.


Giro meu corpo em sua direção, e meu coração dispara no
peito. É ele, o enigmático tatuado, aquele que desperta em mim
uma mistura de fascínio e medo.

Um prisioneiro ouvindo a porta da cela sendo aberta para a


liberdade, é similar ao que sinto ao ouvir sua voz novamente.

Saber que ele não é apenas um fragmento da minha

imaginação, mas uma realidade tangível, faz com que eu perceba


que não estou apenas fantasiando com um roteiro meu, mas sim
vivendo a realidade.

Aqui está ele, o tatuado enigmático, com seu perfume


envolvente e o cheiro de nicotina que o acompanha. Seus olhos

fixam-se em mim, estudando-me com curiosidade, e meu corpo


inteiro reage à sua presença. Ele é tão irresistivelmente bonito e

emana um ar de perigo que me instiga, deixando-me nervosa e ao


mesmo tempo intrigada. E sorrio, porque agora sei o seu nome.
Colin.
Capítulo 7: Seu olhar é a minha
prisão

Os olhos dele me transpassam como raios de luz verdes,

revelando sua fúria contida. Sinto como se estivesse perdida em


uma densa floresta, incapaz de escapar do seu olhar.

Movimenta-se, avançando na minha direção e me deixando


ainda mais desconcertada com a proximidade. Seus lábios carnudos
em forma de coração se abrem, exalando palavras firmes, mas

permeadas por uma preocupação que me faz questionar o que

realmente está se passando em sua mente.

— Falei para você ir embora sem olhar para trás. — Ele me


repreende com firmeza, mas suas palavras carregam um tom de

preocupação.
Então, com um suspiro pesado, se afasta, dando espaço para

que eu possa respirar novamente.

Minhas palavras se embaraçam ao tentar justificar minha


presença aqui. No entanto, a preocupação genuína em seu olhar me

faz sentir um misto de gratidão e vulnerabilidade.

Antes que eu possa dizer mais alguma coisa, um policial entra

na delegacia, acompanhando um homem algemado. Colin aponta

discretamente para a saída e eu o sigo, confiando em sua liderança.

Observo a forma como se move com confiança caminhando

em silêncio, deixando para trás a agitação da delegacia, enquanto

sigo com a adrenalina percorrendo minhas veias. O ambiente é frio

e assustador, e sinto um arrepio percorrer minha espinha.

No entanto, ele parece não se importar, caminha com sua

jaqueta de couro e tênis impecáveis. Parece estar em casa aqui, e


não deixo de reparar como ele sempre se encaixa bem no caos.

Assim que pisamos fora, encosta na parede ao lado da


delegacia e acende um cigarro que tira do bolso da calça, nem

mesmo me oferece um, e apenas mantenho-me atenta a ele. Colin.


— Por que você veio até aqui, afinal? — ele pergunta, fitando-
me intensamente. A fumaça do cigarro que exala embaça minha

visão, criando uma névoa entre nós.

Respiro fundo, buscando coragem para explicar minha

motivação. Minhas palavras fluem, carregadas de culpa e um desejo

genuíno de ajudar.

— Fiquei preocupada com você. E também queria saber mais

sobre o que aconteceu, se eu poderia te ajudar em algo.

— Não se preocupe comigo. E o que aconteceu é problema

meu. Você não precisa se envolver mais nisso. — Colin solta um

suspiro, sua expressão se torna ainda mais séria.

Percebo que está determinado a me afastar, a manter-me

longe de seus problemas. Mas minha curiosidade é como um fogo


ardente dentro de mim, impossível de ser extinto. Decido persistir,

pois há algo nele que me atrai e me faz querer saber mais.

Não desvio o olhar, encontro coragem em meu interior para

enfrentar a sua resistência.

— Por que você me ajudou ontem? Você não me conhece.

Ele me encara por alguns segundos, parecendo ponderar a

resposta, dá mais um trago em seu cigarro, parecendo ganhar


tempo, e se mantem em silêncio até que libera a fumaça de seus

pulmões. Então, finalmente fala:

— Eu não sei. Talvez tenha sido um momento de fraqueza.

Ou talvez eu só tenha achado que você merecia ajuda. Não sei


explicar.

Fico surpresa com a honestidade de sua resposta. Colin é um

enigma, e a cada resposta que ele dá, mais curiosa eu fico.

— Ei, Colin, só para constar, me chamo Emma — eu digo,


esperando apaziguar o clima. — Nem mesmo nos apresentamos
como se deve.

Colin respira fundo, parece entediado e cansado, e mordo os


lábios ao perceber que ele já sabia o meu nome. Talvez eu esteja
sendo um pouco óbvia demais, definitivamente não sei flertar.

Enquanto tentamos interagir, um policial passa por nós e

encara abertamente a minha regata branca. Sinto um calor subir


pelo meu rosto ao me dar conta que meus mamilos estão levemente

evidentes. Fico ruborizada e tento disfarçar, cruzando os braços


sobre os seios, e me envergonho por ter escolhido essa roupa.

Colin parece perceber minha aflição então retira a jaqueta que

está usando e a coloca sobre meus ombros, passando pelos meus


braços em um gesto protetor. Seu olhar se torna possessivo e

desafia o policial, como se dissesse "caia fora".

E de forma surpreendente, o policial se afasta e parte para


dentro da delegacia. Fico aqui, sem jeito, sem saber o que fazer,

coloco um punhado de cabelos atrás da orelha, tentando me


recompor.

— Cabelo legal, Emma! A noite foi quente, hein? — Colin

comenta, seu tom sarcástico envolvendo suas palavras como um


véu de mistério.

Seu olhar perspicaz parece notar cada detalhe, desde a


tonalidade negra dos meus cabelos até o corte repicado que os

envolve, criando um long bob que repousa suavemente logo abaixo


dos ombros.

Os cachos delicados, formados com o auxílio do baby liss,


acrescentam uma dimensão de beleza que eu não conhecia em

mim mesma. Agora, me sinto verdadeiramente bonita, graças a


ajuda de um cabelereiro qualquer, mamãe certamente

enlouqueceria se eu escolhesse um qualquer ao invés de procurar


referências de que esse é o melhor.
No entanto, diante do elogio singular, um misto de euforia e
incerteza toma conta de mim. Não sei se Colin me vê como uma
garota com quem ele pode andar de mãos dadas, compartilhar

delitos e usar sua jaqueta. Ou talvez ele me veja apenas como uma
irmã em potencial, alguém a quem proteger e guardar.

"Cabelo legal" é uma expressão tão ambígua que não consigo

decifrar suas intenções. No entanto, meu rosto arde como se o calor


do elogio tivesse encontrado um ponto vulnerável dentro de mim.

— É... foi uma noite agitada — respondo, tentando manter a

compostura. A adrenalina ainda corre pelas minhas veias e meu


coração bate mais rápido só de estar perto dele. — Então você já
está solto e está tudo bem? Fico muito feliz, e um pouco menos

culpada.

— Não precisa sentir culpa, vá embora sem olhar pra trás —

Colin diz, com a voz firme e um olhar intenso.

Mas há algo em sua expressão que me faz pensar que há


mais por trás dessa resposta curta. Talvez ele esteja escondendo

algo, talvez não queira me envolver em seus problemas.

— Não precisa ser grosseiro! — contraponho, um pouco


irritada com sua atitude. — Tenho uma dívida contigo, Colin. Você
me encobriu e levou a culpa toda sozinho, saiba que tem a minha
lealdade. — Tento mostrar a ele que não quero apenas ser uma
garota que passou uma noite agitada ao seu lado, mas alguém em

quem ele possa confiar.

Minhas palavras fazem com que ele comece a tragar com mais
rapidez, como se não quisesse me ouvir mais. Talvez ele esteja
lutando contra seus próprios demônios, talvez tenha medo de me

envolver em sua vida perigosa. Decido respeitar isso.

— Sério, vou para casa. Nos vemos por aí, então — concluo,
dando-lhe um último olhar antes de seguir em frente.

Há algo nele que me atrai, que me faz querer desvendar seus


segredos e conhecer sua verdadeira natureza. Mas por enquanto,

preciso respeitar seus limites e esperar pelo momento certo.

Tão emocionante finalmente ter todos de volta ao campus!

Tenha um ótimo resto de semana!

Nossas recomendações para hoje:


- Descubra onde estão suas aulas e encontre a melhor

maneira de chegar lá;

- Certifique-se de ter tudo o que for necessário para o primeiro

dia de aula;

- Aproveite! O dia está lindo, perfeito para explorar o campus.

Maldito SMS, acho que sou a única que não desabilitou essas
mensagens da BU. Neste dia de volta às aulas, eu busco não

somente conhecimento acadêmico, mas também anseio desvendar

os enigmas sobre Colin Prescott. Sim, depois de procurar pelo nome


Colin entre os amigos das redes sociais de Megan, eu o encontrei.

Caminho em direção ao portão principal que contém uma

grande placa escrita: Boston University Campus Fenway-Kenmore,


e observo os belos prédios de tijolos vermelhos que compõem a

arquitetura histórica do lugar.

Há estudantes conversando em grupos, outros lendo livros e

alguns jogando frisbee no gramado verde. Eu sempre fico um pouco

intimidada pela grandiosidade do campus, mas também animada

por estar em um lugar tão importante.

Enquanto passeio pelos amplos corredores, tateio o tecido da

jaqueta de Colin a qual estou vestindo, e gosto da textura do couro,


de como o preto agora combina com o tom dos meus cabelos,

observo as paredes repletas de cartazes coloridos anunciando os

diversos clubes e eventos da universidade. O som de passos


apressados e vozes animadas preenche meus ouvidos, dando uma

sensação de vida pulsante ao ambiente.

Sigo em frente, e reparo no sol que brilha forte no céu,


criando um jogo de sombras e luzes ao longo do caminho. O aroma

de café fresco e livros novos se misturam no ar, evocando uma

atmosfera de conhecimento e aprendizado iminente.

Ao chegar ao estacionamento, meus olhos vasculham a

procura do carro de Colin, afinal aproveitei meu último dia de férias

para saber mais sobre ele, precisei fazer o sacrifício de fuçar as


redes da minha companheira de quarto para encontrá-lo, já que

ambos se seguem, e agora sei o seu sobrenome, e seu poder, Colin

Prescott é filho de um poderoso magnata de Nova Iorque, e me deu


trabalho juntar as peças, porque ele não tem muitas postagens nas

redes, e as que possui são sempre enigmáticas.

Como seu último post que me trouxe uma mistura de


curiosidade e preocupação. Nele tinha a foto de um carro que julgo

ser o dele, um Audi R8 preto, imponente e intimidador, com suas


linhas esportivas e design futurista, e na legenda a seguinte frase:

“Não me siga, eu já morri por dentro.”

Olho em volta, procurando pelo veículo, pois também

descobri que Colin é o defensor do time de hockey da Boston


University, isso porque em uma das suas postagens tinha uma foto

preto e branca de uma camisa do time, o 7 estampado com a logo

do time, e na legenda: “Um labirinto sem saída”. Reparei que existe

um padrão de tom sombrio nas suas legendas, e a vontade de


desvendá-las ecoa em minha mente.

Também descobri que todo o time estaciona nessa parte do


campus, e uma onda de apreensão toma conta de mim quando não

vejo seu carro.

De repente, eu ouço o som de um motor potente e olho para o


lado, vejo o carro esportivo preto se aproximando em alta

velocidade, o mesmo da foto de suas redes sociais, o som

estridente dos freios ecoam pelo estacionamento. Fico imóvel por


um momento, sentindo meu sangue gelar. Então, a porta se abre e

Colin sai do carro, seus dedos seguram o cigarro com uma

elegância rebelde, desafiando as convenções. A cada sopro de

fumaça, uma nuvem de mistério se forma ao seu redor.


Meus olhos seguem cada movimento dele enquanto bate a

porta do automóvel, sua postura é confiante e sinto um arrepio

percorrer minha espinha enquanto ele se aproxima, suas pernas

musculosas e confiantes trazem-no em minha direção.

Seu rosto esculpido é ainda mais bonito iluminado pela luz do

sol, fazendo os cabelos castanhos claros brilharem, e sua barba

cerrada completa o ar de mistério que o cerca. Quando ele tira os


óculos escuros, posso ver o brilho em seus olhos verdes, que me

deixam sem fôlego.

Seus músculos definidos se destacam sob a camiseta justa,

mostrando as tatuagens que cobrem seus braços, seu perfume

amadeirado invade minhas narinas, me deixando tonta, ele tem o

mesmo cheiro do cara de capuz que me persegue, que


coincidência!

Dessa vez usa coturnos e calças jeans pretas rasgadas. Sinto


um arrepio percorrer minha espinha quando ele me encara, com um

sorriso de lado que faz meu coração bater mais rápido.

Ele quebra o silêncio com sua voz rouca e envolvente e o tom


naturalmente sarcástico:

— Desculpe pela entrada dramática, princesa.


Para na minha frente, e seguro a alça da minha mochila

enquanto meu coração dispara ainda mais. Nervosamente, eu o


encaro, sem saber o que esperar. O vento toca meus cabelos e

começo a me questionar se estou bem em minha singela regata

preta e calça jeans, sinto as mãos suadas e minha respiração fica

presa na garganta.

Ao ouvir sua voz, eu sorrio e sinto um misto de nervosismo e

fascinação. Olho para ele, admirando o nariz aristocrático que orna


perfeitamente bem com os lábios rosados, e percebo o quanto ele é

alto e musculoso, seus braços fortes expostos pela camiseta justa.

— Carro legal. — Aponto para o automóvel com o queixo e


caminho até ele observando com atenção.

O Audi R8, na cor preta, tão polido que parece absorver toda
a luz ao redor, exala um ar de poder e mistério. As rodas cromadas

brilham sob a luz do sol, refletindo um mundo de possibilidades.

— Que coincidência te encontrar aqui? — A pergunta foge de


seus lábios e então volto meu olhar para ele.

— Não é uma coincidência, eu vim atrás de você.

Sua expressão é fechada, como se estivesse guardando algo

dentro de si. Mas mesmo assim, eu não consigo desviar meu olhar
dele.

— Quero dizer que eu não me importo de me envolver — digo,

tomando coragem. — Eu quero ajudar de alguma forma, Colin. Por


favor, me deixe ajudar.

Ele me encara novamente, e seus olhos verdes me enfeitiçam

como uma vasta floresta. Eu sinto meu coração bater mais rápido
em meu peito, enquanto aguardo sua resposta.

— Você é uma garota teimosa, sabia? — ele diz, finalmente,


jogando o cigarro em cima da lixeira e apagando-o. — Mas eu

agradeço a preocupação, Emma. E pode ser que, quem sabe, eu

precise de uma ajuda mais tarde.

Um sorriso se forma em meus lábios, e eu sinto como se

tivesse conquistado algo importante. Colin é um mistério, mas agora


sinto que estamos um passo mais próximos de nos conhecermos
melhor.

— Obrigada, Colin — digo, tentando expressar toda a gratidão


que sinto. — Eu só queria te ajudar de alguma forma, mesmo, sou
muito grata por tudo que fez por mim aquela noite.
Fico nervosa enquanto tenho a sua atenção, as pessoas ao
redor passam nos observando já que a maioria que estaciona aqui é
da equipe dele e o conhece, enquanto eu sou apenas alguém

invisível no campus.

— Eu sei — ele diz com um tom de voz mais suave. — E eu


aprecio isso.

— Eu tô muito culpada, você fez aquilo porque eu te induzi e…

— Colin me interrompe.

— Emma, eu não sou o tipo de cara que me deixo induzir, eu

faço só o que eu quero.

Suas palavras penetram fundo em minha consciência. Meus


lábios ficam entreabertos, atônitos diante da brutalidade de sua

sinceridade. Eu quero ser assim, capaz de seguir apenas meus


próprios desejos sem me deixar influenciar pelo querer de outra

pessoa, não quero mais ser um mero fantoche nos planos do meu
pai, eu quero finalmente ser a protagonista da minha vida.

E eu invejo seu ímpeto, e desejo perigosamente estar ao seu


redor.
Capítulo 8: O desejo
aprisionado

Tento retomar a conversa, procurando compreender a

extensão dos danos que causei.

— E os seus pais? O que eles disseram sobre a sua prisão?

Sua vida foi arruinada, por mim, Colin. — A apreensão me faz


morder as bochechas enquanto espero por alguma reação dele.

A culpa pesa em minha voz, minha mente ecoando com as

consequências de minhas ações. Colin respira fundo, seu olhar


distante por um momento antes de me responder.

— Só eu posso arruinar minha vida, Emma. Não dou esse


mérito a ninguém, e acredite, sei fazer isso com maestria. — Suas

palavras são carregadas de uma determinação feroz, deixando-me

sem palavras diante de sua autoafirmação.


Não quero me afastar dele, quero conhecê-lo um pouco mais e

suas motivações, e apesar de saber que ele nunca teria algum


interesse por mim, decido tentar ao menos uma proximidade, afinal

preciso fazer amizades e acho que essa pode ser uma tentativa.

Então, ofereço-lhe um gesto simples.

— Me deixa pagar um café, pra diminuir um pouco o meu


estrago. — Minhas palavras pairam no ar, enquanto ele parece

contrariado, até mesmo hesitante.

— Não! A gente se vê por aí, Emma. — Sua recusa é firme,

mas compreendo sua relutância em me envolver mais, ou melhor,

de se envolver mais comigo.

— Eu entendo se não quiser ser visto com a esquisita do

campus, eu só queria ser gentil. Mas entendo, mesmo.

Sinto-me derrotada, resignada a aceitar suas palavras. Porém,


antes que possa me afastar, sua mão segura meu braço, seu toque

enviando arrepios através de todo o meu corpo. Seu olhar intenso

prende minha atenção, deixando-me sem palavras.

— Você não é esquisita, e eu não quero que você seja vista ao

meu lado porque não quero te corromper. — Sua voz é baixa, quase

um sussurro, porém suas palavras ressoam em minha mente. O


peso de seu toque e a sinceridade em seus olhos me deixam sem
fôlego.

Neste momento, todas as incertezas desvanecem. Existe uma


conexão inexplicável entre nós, algo que transcende as aparências

e as convenções sociais. E é essa conexão que me enche de

coragem e determinação para desafiar as expectativas e mergulhar

no desconhecido.

— O quê? Do que você tá falando, você é descolado, popular,

eu sou... Eu. — Abro os braços, um sorriso nervoso estampado em

meu rosto. A diferença entre nós parece tão grande, quase

insuperável.

— É isso que você quer ser, descolada e popular? O que te

impede? — Colin questiona, desafiando minhas inseguranças e

incertezas. Cada uma delas se ergue, formando uma barreira entre


mim e o que eu desejo.

Suspiro, lutando contra as vozes internas que me limitam.

— Você pode ser o que quiser, Emma. — Sua voz possui uma
nota de confiança, uma melodia encorajadora que ecoa em minha

mente.
Seu olhar vai para a jaqueta que está me engolindo, muito

grande em meu corpo pequeno, um símbolo de nossa conexão


improvável. E, em um impulso, tomo uma decisão.

— Não vou devolver sua jaqueta. Agora que sou uma

criminosa, vou continuar cometendo delitos e esse é um, vou roubá-


la para mim. — Minhas palavras flutuam no ar, carregadas de uma

mistura de ousadia e brincadeira.

Colin parece surpreso, mas logo seu sorriso se forma.

— Sinto te desapontar, mas não é roubo se eu dei a você para

vestir. — Seu tom é descontraído, como se estivesse se divertindo


com a situação.

Dou de ombros, um sorriso travesso iluminando meu rosto.

— Então, vou considerar isso um presente, um símbolo da

minha teimosia, porque não vou deixá-lo se afastar até que eu


possa pagar por sua ajuda.

Dou de ombros.

— Cappucino, sem espuma! — diz, fazendo surgir um sorriso


em meus lábios, ele passa na minha frente.
Do jeito que ele fala... Parece até que sabe que eu só tomo

cappuccino e sempre com espuma, religiosamente...

Mas é claro que isso foi uma coincidência, afinal nunca nos
vimos antes da festa no Jake.

Caminhamos lado a lado, seguindo em direção ao Caffe Nero,


o lugar onde sempre apareço pela manhã. Seus passos firmes e

confiantes ecoam ao meu lado, enquanto me sinto envolvida em um


enredo improvável.

O aroma do café paira no ar, mesclando-se com a tensão que

cresce dentro de mim. Minha mente vagueia pelos romances que li,
onde a mocinha encontra um poderoso CEO no Starbucks, com seu

coque frouxo e olhar enigmático. Mas aqui estou eu, com os cabelos
curtos, soltos ao vento, vestindo uma jaqueta preta de couro uns
quatro números acima do meu e acompanhada por um cara que, de

certa forma, é um criminoso, assim como eu.

— Cappuccino, com espuma! — Contraponho, minha voz


carregada de um tom divertido e desafiador, e ele faz o pedido ao

atendente.

Um sorriso se forma em meus lábios, respondendo à sua

brincadeira. Ele caminha à minha frente, liderando o caminho até o


balcão de retirada do café.

Espero sentando-me, para guardar uma mesa para nós, já que


esse café sempre lota pela manhã, e enquanto o espero olho ao
redor, e Jake entra em meu campo de visão.

Estranhamente, ele não tentou contato comigo após a perda

do seu carro, e também não contou nada ao meu pai, afinal


Roadney Rollins não me ligou mais.

No entanto, fico alarmada. As preocupações não deixam de


me assombrar, ele está em uma mesa ao fundo, e quando olha para

mim e em seguida vê Colin trazendo dois cafés ele franze o cenho e


logo caminha pra fora, em seu semblante vejo o mesmo medo que

enxerguei no dia que o encapuzado o socou.

— Você acha que Jake vai tentar uma revanche? — Gaguejo,


culpada, antes de desistir de terminar a pergunta enquanto Colin

senta em minha frente com nossos cafés. — Quer dizer, se ele fizer
isso, estaria no direito dele. Eu não me importo com ele, esquece.

Colin para por um momento, seus olhos fixos em mim,


transmitindo uma mistura de compreensão e apoio.
— Emma, se quer um conselho, fique longe do Jake. Ele não
merece o poder de te afetar desse jeito, e pode ter certeza que ele
não vai tentar nada.

As palavras dele penetram fundo em meu coração, como uma

lufada de coragem, e não consigo deixar de imaginar que essa


certeza dele tem a ver com alguma conversa entre os dois que eu
fiquei de fora, mas decido por ora, deixar isso de lado, afinal ainda

tremo só de lembrar o que Jake queria fazer comigo.

— Colin, mais uma vez, não sei como te agradecer. Você me


ajudou quando ninguém mais o fez.

Ele sorri, um gesto suave que ilumina seu rosto.

Mas antes que possamos continuar, uma voz familiar corta o

ar, interrompendo nosso momento íntimo.

— Ei, Colin! — A voz de Megan irrompe, a surpresa evidente

ao nos ver juntos, os olhos azuis da loira indo e vindo entre nós dois

sentados frente a frente. — Eu soube por alto sobre o que

aconteceu na festa. Por isso você não apareceu para conhecer meu
quarto, né?!
Sinto um aperto no peito ao perceber que ele é o cara sobre o

qual ela vem falando há algum tempo. A realidade bate em minha


porta, lembrando-me de que somos de ambientes diferentes, que

ele está destinado a estar com alguém como Megan, popular,

padrão, confiante.

Como pude ser tão tola em acreditar que teria alguma chance

com ele?

Dentro de mim, algo murcha feito um balão furado.

— Acho que você esqueceu de cumprimentar a Emma — Colin


diz, com um tom de desafio e um olhar significativo para Megan.

Ela leva alguns segundos constrangedores para processar as

palavras dele e finalmente murmura um cumprimento forçado, seus


olhos transbordando de descontentamento.

— Ela não é importante! É apenas minha companheira de

quarto. — Ri sem jeito, e vê o desagrado estampado no rosto dele,


então pigarreia e tenta de novo. — A propósito, oi, Emma — Megan

responde a contragosto, e eu respondo com um aceno trêmulo,

enquanto na verdade gostaria de lhe dar o dedo do meio, vaca!


— Que coincidência adorável vocês duas serem companheiras

de quarto — ele diz com um cinismo forçado — então a Emma me

mostrará o quarto, não preciso mais de você. Até mais, Megan —


Colin rebate, levando o copo de café aos lábios e bloqueando o

olhar do dela, deixando-a perplexa com sua rejeição.

Fico parada, segurando meu café, sentindo-me mortificada e


exposta diante dessa situação inesperada. Ela logo sai de perto,

confabulando com suas amigas enquanto gesticula e bufa me

encarando.

— Isso foi rude, Colin! — Expresso minha indignação, tentando

proteger Megan mesmo após sua atitude pouco amigável.

— Ela foi rude com você, Emma. Não merece a sua simpatia

— ele responde, parecendo desapontado.

— Bem, você quer realmente conhecer o quarto? — brinco,


tentando desviar o clima tenso que se instalou entre nós. — Essa é

mais velha que a Terra.

— Eu realmente quero conhecer o dormitório, todos os caras


do time alugaram seus cantos, então não conheço o Warren Towers

e você vai ter que me mostrar, a não ser que não queira —
contrapõe, mas há um tom de desafio em sua voz. — Você se

tornaria uma péssima amiga se me negar.

— Então somos amigos — comento, testando a frase em meus

lábios. — Você não precisava ter se indisposto com a rainha do

baile — brinco, baixando meus olhos para o copo fumegante. —


Sabe que eu não sou nada especial, não é? — digo, sentindo

minhas palavras se dissolverem em minha boca como açúcar no

café.

— Você não tem noção do tamanho da besteira que está

falando, afinal quantas garotas por aí atearam fogo no carro de um

cara que realmente mereceu? — Seus dedos ágeis deslizam


suavemente, colocando uma mecha do meu cabelo rebelde atrás da

orelha. Seus olhos verdes profundos se encontram com os meus,

prendendo-me em seu olhar magnético. — Eu queria que você


olhasse para si como eu a enxergo.

— Você me enxerga? — pergunto, incerta se sou capaz de

suportar a intensidade do seu olhar, minha voz vacila, refletindo a


vulnerabilidade que ele desperta em mim.

Ele inclina-se mais perto, suas palavras ecoando como um


sussurro ardente.
Sinto meu coração acelerar e minhas bochechas corarem. Não

consigo resistir a esse sorriso sedutor e a essa voz que me faz

tremer por dentro.

— Até na escuridão.

— Você sempre me envolve em um emaranhado de palavras

enigmáticas, me sinto perdida no labirinto dos seus significados —


comento, buscando decifrar os segredos ocultos por trás das suas

expressões.

Ele franze o cenho, os olhos fixos em mim enquanto saboreia

seu café com um ar misterioso.

— Dê-me um exemplo — ele pede, desafiando-me a revelar


minhas inquietações.

— Meus cabelos, você apenas disse que o corte é legal, mas

isso não me diz nada, Colin Prescott. — Minha voz traz um toque de
curiosidade. — Cabelo legal pode ser estranho, porém vou ser

educado, também pode soar como, ok, lembra o corte da minha tia,

ou caramba! Você ficou quente, mas vou ser discreto. — Gesticulo


enumerando.
Um sorriso brincalhão dança em seus lábios, revelando que

ele presta mais atenção do que aparenta.

— Você quer ser elogiada, Emma Rollins. — E, para minha

surpresa, pronuncia meu sobrenome com intimidade, meus lábios

se entreabrem, surpresa pelo fato dele conhecer meu nome


completo. — Lembra do que eu disse sobre te enxergar até na

escuridão?

Assinto, ecoando em minha mente que ele parece realmente


me ver de uma forma além do que qualquer pessoa já me enxergou,

e essa percepção me assusta. E me excita também.

— Certo, eu quero ser elogiada, Colin — Confesso, ansiando

por suas palavras. — Sem enigmas — esclareço.

Seus olhos percorrem das minhas madeixas até cada traço


do meu rosto. Como se estivesse lendo os segredos escondidos por

trás da minha expressão corada. Sinto-me exposta diante do seu

olhar penetrante, mesmo com uma maquiagem discreta que apenas


realça minha beleza natural.

Os segundos se arrastam enquanto ele se demora em meus

lábios, sua língua molhando o lábio inferior em um gesto sedutor


que faz meu corpo reagir instantaneamente.
Meu olhar cai em seus lábios, e imagino o sabor proibido que
eles possuem. Sinto minha boca salivar, desejando ser capturada

pela sua, ansiando por sentir o calor do seu beijo e descobrir se é

como ele, voraz e emocionante.

A tensão sexual é palpável no ar, uma eletricidade que nos

envolve e nos consome. Minhas pernas se movem inquietas,


enquanto um calor pulsante se intensifica entre elas.

— Você está ainda mais linda. — Finalmente ele quebra o

silêncio, com sua voz carregada de sensualidade e mistério. — Os


cabelos curtos e escuros combinam perfeitamente com você. Mas

não é apenas isso, Emma. — Cada palavra é como um afago na

minha pele, despertando sensações elétricas que percorrem todo o


meu corpo. Cada pausa e inflexão em sua voz apenas aumenta a

minha expectativa, deixando-me à beira da insanidade, desejando


mergulhar mais fundo em sua mente e em seu toque. — Sua atitude
como um todo está diferente, radiante. Há uma força em você que

antes eu apenas intuía, e agora ela se manifesta de maneira


cativante. Você está realmente muito quente.

Minhas pernas fraquejam com suas palavras, e meu coração

se enche de um sentimento que não sei explicar. É como se ele


tivesse desvendado algo dentro de mim que ninguém mais viu
antes. E é isso que me faz temer ainda mais essa atração perigosa
que sinto por ele.

Seu elogio é mais do que uma mera observação superficial.

Ele vai além das aparências, mergulhando nas profundezas da


minha essência. A intensidade de suas palavras me enche de uma

energia que eu não sabia que possuía.

— São palavras que soam muito profundas para alguém que


acabou de me conhecer. — Contraponho, tentando parecer

despreocupada, embora meu coração esteja batendo tão forte que


eu tenho certeza de que ele pode ouvi-lo.

Colin dá um cínico repuxar de lábios, e esse é um sorriso que


ilumina todo o seu rosto e me faz sentir como se estivesse flutuando
em nuvens.

— Que bela forma de me agradecer o elogio, Emma — ele


sussurra, sua voz carregada de desejo, noto pela rouquidão
repentina.

Seus dedos envolvem os meus, e um choque elétrico

percorre o lugar, deixando-me ofegante. Para qualquer pessoa


observando de fora, somos apenas um jovem casal desfrutando de
um inocente café, mas o jogo de olhares e palavras entre nós é pura
provocação.

A intensidade dos seus olhos fixos nos meus faz meu coração

disparar, enquanto seu toque suave incendeia minha pele.

— Eu vou descobrir uma forma de fazê-la pagar pelo favor


que lhe fiz e depois você vai embora sem olhar pra trás, com te

pedi, não posso te corromper.

Sua promessa de fazer-me pagar pelo favor que me fez ecoa


em meus ouvidos, e a ideia de ser corrompida por ele desperta uma

luxúria proibida em meu íntimo.

Sussurro em resposta, com a voz embargada pelo desejo: —


Faça o que quiser comigo, Colin.

Nossos olhares se encontram em um pacto silencioso,

enquanto a tensão erótica se intensifica a cada segundo, ele


pragueja baixinho.

E, então, ele se levanta da cadeira, deixando-me aqui, sem

saber o que fazer ou dizer. Colin é um mistério para mim, e eu não


sei se devo confiar nele ou me afastar como ele tanto me pede. Mas
uma coisa é certa, suas palavras e sua presença mexem
profundamente comigo, despertando sentimentos que eu achava
que estavam mortos para mim.

— Nos vemos por aí, Emma — sussurra já na porta da


cafeteria.

Assisto ele caminhar pra fora e resisto a vontade insana de

correr atrás dele, andar ao seu lado pelo resto do dia com a sua
jaqueta, parecendo ser a sua garota.

E caramba! Eu queria ser a sua garota, e o pensamento me

assusta.

Fico imaginando como devem ser intensos os beijos de Colin,


já que receber seu toque sutil foi reconfortante mais do que pude
prever.

— Faça o que quiser comigo, Colin. — A voz teatralmente fina,

tenta novamente e nego com a cabeça. — Eu disse as palavra que


me pediu, quer que eu tente mais uma vez?
Percebo o quão fodido sou no momento em que me dou conta

que estou sentado à beira da cama num quarto envolto em uma


penumbra rubra. Jurei a mim mesmo que Emma não me afeta, que
ela é apenas alguém que eu devo proteger devido aos meus erros.

No entanto, preciso encarar a triste realidade, e ter a noção do quão


equivocado estava.

— Você quer um remedinho para ajudar? — questiona a

prostituta, com os olhos cansados e a voz impregnada de


melancolia, rompe o silêncio ao me oferecer uma solução para
minha própria desolação.

Ela aponta para o meu pau, oculto sob o tecido de minha calça
jeans, adormecido e inerte.

— Não, porra! — respondo, totalmente irritado sem desviar


meus olhos da janela do quarto.

Ela se aproxima com passos lentos e sensuais, seus seios

quase pulando da lingerie vermelha, e tenta passar a mão em mim,


mas eu a impeço.

— Quer que eu volte a ficar de costas com os cabelos sobre a

coluna a sua vista? — ela pergunta, com um sorriso provocante nos


lábios.
Eu balanço a cabeça em negativa, me levantando da cama.

Sinto-me perdido em um mar de desejos conflitantes.

Katryna está diante de mim, exalando sua experiência, seus


cabelos longos e sedutores caem sobre seus ombros, mas meu

olhar já não reage como antes.

Meus pensamentos vagam em direção à Emma, a imagem de

seus cabelos curtos e pretos dançando ao vento.

Há uma semana, tudo mudou. Emma cortou os fios e os


escureceu e seu gesto desafiador despertou uma chama diferente

dentro de mim, uma chama que Katryna não pode mais alimentar.

Eu costumava fechar os olhos enquanto fodia Katryna e


imaginava que era Emma que estava ali enquanto colocava a

prostituta com cabelos parecidos com os seus de quatro na cama, e


fantasiava que era seu corpo que eu fodia com fúria e desejo. E
depois, mentia para mim que era apenas uma fantasia boba.

Mas agora, diante de Katryna de cabelos longos enquanto


Emma tem fios curtos, percebo que a mera encenação não tem
mais graça. Agora Emma me olhou de volta, sorriu em minha

direção, não tem como encenar isso.


Não há mais fogo, não há mais entrega. Minhas mãos
percorrem o corpo curvilíneo sem o tesão desenfreado de antes,

enquanto minha mente vagueia em busca daqueles cabelos curtos e


boca delicada e rosada que me enlouquecem.

A culpa não pesa em meu peito, por saber que estou usando

uma prostituta há um ano como uma substituta de algo que não


posso ter.

Sinto-me aprisionado em um jogo de desejos e

arrependimentos, sem saber qual caminho seguir. Katryna continua


sua dança sensual, mas seus cabelos longos já não têm o mesmo
poder sobre mim. E Emma, com seu corte audacioso, me mostrou

que usar outra mulher não vai saciar o tesão insano que possuo por
ela.

Permaneço imóvel, com a imagem de Katryna desnuda diante


de mim. Seu corpo exala desejo, suas curvas são convidativas e sei
que ela pode foder gostoso, mas meu ímpeto é nulo, apesar de ficar

duro sempre que lembro do seu rosto corando me pedindo para


fazer o que quiser com ela. Porra.

Enquanto meu olhar vagueia por seu corpo, minha mente se

perde em pensamentos proibidos, em lembranças de um encontro


inesperado. A imagem de Emma, com seus mamilos eriçados na
frente da delegacia, como ela pôde ficar excitada em meio a todo

aquele caos? Me deixou louco de vontade de virar qualquer esquina


e fodê-la como um animal.

— Se quiser, posso passar o sabonete de baunilha que você

gosta. — Oferece e fecho os olhos respirando profundamente.

O cheiro do quarto é forte e desagradável, mas ainda assim, a


ideia não me soa boa.

Desde o dia em que vi Emma sair da farmácia com o sabonete


que usa, eu o comprei e peço a Katryna que o use comigo, e é

como uma lembrança constante da minha fraqueza.

Emma exala um aroma irresistivelmente doce, que me envolve


como uma brisa suave. O cheiro sutil de baunilha se mistura à sua

pele, como se fosse a essência de um sabonete delicado que ela


escolheu com cuidado.

É uma fragrância que se revela com gentileza, como um

convite discreto para aproximar-me dela. Não é um perfume


avassalador que domina o ambiente, mas sim um aroma que surge
de forma graciosa, como se dançasse no ar ao seu redor. Mas hoje,

fantasiar com Emma enquanto fodo Katryna não tem graça.


— Não é você. É algo pessoal — respondo, passando a mão

pelos cabelos. — Não devia ter vindo aqui — digo, evitando encará-
la nos olhos. — Eu só preciso de um momento sozinho.

Ela não insiste e sai do quarto, deixando-me sozinho com

meus pensamentos e arrependimentos.

Como pude deixar as coisas chegarem a esse ponto? Eu, que


por todo esse tempo me mantive controlado, agora me sinto perdido

e literalmente impotente.

Mais um dos meus erros foi não ter desviado dela no

estacionamento da faculdade, apesar que o meu corpo me coagiu a


aceitar seu pedido, fui obrigado a ir para a cafeteria, para que
pudesse disfarçar a evidente ereção que me dominou quando senti

seu cheiro assim tão perto, afinal foi difícil dominar a possessividade
que me dominou ao seu redor, porra!

Era a minha jaqueta que ela usava, como se marcasse seu

território e dissesse a todos que é minha, andando por aí com o meu


cheiro, e eu sei que ela é minha, de um jeito distorcido, mas é. E eu
quero que todos saibam disso.

A simples visão da peça em seu corpo despertou em mim uma


desejo doentio, um tesão incontrolável.
A minha partida abrupta da cafeteria também não passou
despercebida. Eu precisava me afastar, fugir dela e do seu cheiro,
do seu olhar, pois quando toquei suas mãos quase perdi o controle

e cedi. Meu corpo implorou por seus lábios, por seu toque, por
explorar cada centímetro de sua pele.

É um dilema insano, esse confronto entre o desejo e a

prudência.

E assim, nesse turbilhão de emoções proibidas, eu me perco.


A guerra entre o meu lado selvagem que toma tudo o que quer, e o

cara que prometeu diante de um túmulo protegê-la, e agora mais do


que nunca, preciso afastar Emma para que esteja segura de mim.

E tendo em vista o seu fascínio recíproco, sei que a única


saída é fazer com que ela me odeie pra sempre, porque eu não sou
capaz de resistir a ela, então prefiro vê-la me repudiar com todas as

forças do seu ser, a testemunhar o brilho do seu desejo que me


enche de culpa e se torna a minha penitência e me faz descumprir
tudo o que um dia prometi, tudo o que devo a ela.

Então tomo a minha decisão, vou decepcioná-la a tal ponto


que ela me odeie para sempre e vá embora sem olhar pra trás como
pedi.
Eu vou possuí-la, e em seguida, vou quebrá-la.
Capítulo 9: Acelerando para a
liberdade

Colin Prescott acabou de publicar uma foto!

Meu coração dispara ao receber a notificação no meu celular.


Com um clique rápido, ofegante, sou transportada para a sua
postagem. Uma imagem misteriosa domina a tela: um frasco vazio

de sabonete líquido, sem rótulo, mas estranhamente familiar, parece


o que uso desde menina, mas não dá pra ter certeza. A foto está em

preto e branco, dando um ar misterioso e sofisticado.

A legenda é curta, mas carregada de significado, diz: "A


verdadeira liberdade é não ter nada a perder. #enigmático

#profundo".

As palavras ecoam em minha mente, como se fossem uma

mensagem cifrada direcionada apenas a mim. Fico intrigada com a


escolha das hashtags, pois "enigmático" e "profundo" são

exatamente as palavras que usei para descrevê-lo quando nos


encontramos na cafeteria da faculdade, há uma semana.

Desde aquele dia, já tem uma semana e Colin se afastou


completamente. Ele mudou o lugar onde estaciona o seu carro, de

forma que, mesmo que eu espere ansiosamente no local de sempre,

ele nunca está lá.

Sinto-me confusa e frustrada com essa sua atitude

contraditória. Por que ele me diz palavras doces sobre como me

enxerga até na escuridão e, ao mesmo tempo, me afasta com


brusquidão?

É como se estivéssemos presos em um jogo de sentimentos


conflituosos, onde cada movimento dele é um passo em direção ao

abismo da incerteza.

Enquanto encaro a foto do frasco vazio, sinto um misto de

emoções. Tento decifrar os sinais ocultos dessa foto, uma coisa é


certa: algo enigmático e profundo está acontecendo entre nós.

Meu celular vibra e, num instante, meu corpo fica tenso. É

uma mensagem dele. Colin. Meus dedos trêmulos deslizam pela

tela para ler suas palavras que aparecem diante de mim:


"Hoje vou conhecer o seu quarto, passo aí para te buscar às
20 horas, e então você paga a sua dívida."

Fico encarando a mensagem atônita, sem saber como reagir.

A surpresa toma conta de mim, pois Colin possui o meu número. Na

foto ele está de jaqueta preta e cigarro nos lábios.

Por um momento, questiono como ele conseguiu esse


contato, mas logo percebo que suas conexões e recursos são

ilimitados.

Ele é um cara popular, filho de um magnata poderoso, e é

capaz de obter qualquer informação sobre qualquer pessoa com

facilidade, mas gosto de saber que usou de seu poder para

conseguir informações sobre mim, na verdade, gosto da ideia dele


buscar qualquer coisa a meu respeito.

Meus dedos percorrem freneticamente o teclado do celular

enquanto solto um sorriso ousado e mordo os lábios, provocando-o:

"Como devo me vestir? Como alguém que vai cometer um

crime ou como alguém acima de qualquer suspeita?"

Sua resposta não demora a chegar, e uma onda de excitação

percorre meu corpo:

"Mostre-me o seu pior."


A adrenalina bombeia em minhas veias, e o roteiro que estou

elaborando no notebook é deixado de lado, abandonado em meio às


páginas abertas.

Estou enlouquecida para me arrumar e encontrá-lo. O desafio


está lançado, e não posso deixar de lado a sua provocação.

Com a mente fervilhando de possibilidades e o coração

pulsando em meu peito, me apresso em me preparar. Escolho uma


roupa que exala mistério e confiança, cuidando de cada detalhe

para me apresentar como uma figura enigmática e irresistível. Meu


olhar reflete a determinação de alguém que está disposta a ir até o
limite, arriscando-se no território desconhecido de Colin.

Enquanto me arrumo, tenho a sensação de que algo

extraordinário está prestes a acontecer. Uma mistura de emoções


toma conta de mim: antecipação, medo, excitação.

Neste momento, não há lugar para hesitação. Deixo para trás


a segurança das minhas certezas e me entrego à incerteza do

desconhecido. Pois é justamente nesse abismo de possibilidades


que descubro quem sou de verdade, onde desvendo a intensidade

das minhas paixões mais profundas.


Decidi por uma saia colegial xadrez em tom de verde musgo e

uma blusa de botão branca justa, que realça as minhas curvas, uma
bota de salto alto e uma jaqueta de couro que faz parecer que eu

poderia ser uma motoqueira perigosa. Eu me olho no espelho e


sinto uma onda de confiança, como se estivesse pronta para

enfrentar qualquer desafio.

Às 20 horas em ponto, a campainha ecoa pelo ambiente, e


meu coração dispara. Respiro fundo, preparando-me para o

encontro com Colin. Ao abrir a porta, deparo-me com sua figura


imponente, observando cada detalhe de seu visual cuidadosamente

escolhido. Ele está vestindo uma camiseta preta justa e jeans que
ressaltam sua aura de bad boy. Uma atração intensa e perigosa

percorre meu corpo, fazendo-me tremer por dentro.

— Ei, amigo! — cumprimento, jogando suas palavras da

cafeteria de volta.
— Roupa legal — zomba, fazendo-me revirar os olhos, afinal
já reclamei da dualidade de suas palavras, mas agora descubro que
gosto desse jogo, e posso jogá-lo também, no entanto. Com um

sorriso malicioso nos lábios, ele conclui. — Pronta para cometer um


delito?

— Sim.

— Você não vai sequer pensar a respeito ou me perguntar


sobre o que é? — Ele franze o cenho, tentando provocar uma

reação, mas eu simplesmente dou de ombros, desinteressada.

— Ah, eu achei que estava seguindo o seu estilo, Colin. Você


nunca me contou nada antes.

— Ouch, essa doeu, Emma. Sabe, eu realmente não sei se


fico lisonjeado ou amedrontado. — Colin solta uma risada

desprovida de humor, enquanto um brilho travesso toma conta de


seus olhos, como se estivesse saboreando essa pequena batalha

de palavras.

— Você acredita que sinto o mesmo com os seus enigmas?

— Jogo as palavras e ele sorri de forma cínica. — Oh, Colin, por


favor, você sabe que sou uma garota má, não preciso de detalhes

sobre o nosso crime — respondo com sarcasmo, rolando os olhos.


— Claro, claro, como pude esquecer que você é a rainha do
submundo, Emma? — ele diz, irônico.

Eu levanto uma sobrancelha e sorrio de canto.

Há uma tensão carregada no ar, uma eletricidade que


percorre cada palavra e olhar trocados entre nós.

— Então, este é o seu quarto — questiona passando do limiar

da porta, olhando tudo ao redor.

— Ah, Colin, é tão emocionante ver o quão impressionado

você está com a grandiosidade do meu humilde lar — ironizo,

observando sua expressão enquanto ele analisa cada canto.

— Megan deve estar devastada por ter perdido a

oportunidade de me guiar nessa jornada fascinante — ele responde


brincalhão e eu seguro uma risada.

Dou de ombros e sorrio com malícia.

— Bem, você terá que se contentar comigo como sua guia

turística de segunda classe. Prepare-se para a experiência mais

incrivelmente medíocre que você jamais teve.

Ele solta uma risada forçada e me desafia.

— Dê o seu pior, Emma.


— Oh, você pediu por isso. Prepare-se para o espetáculo das

maravilhas — digo, de forma exagerada. Começo a descrever cada


cômodo de maneira irônica. — À sua esquerda, temos a luxuosa e

espaçosa cozinha, onde poderá cozinhar o jantar gourmet de uma

lata de feijão. E à sua frente, o majestoso sofá de dois lugares, um


para sentar e outro para se perguntar por que você veio aqui.

Ando em direção ao quarto e abro a porta com um gesto

dramático.

— E agora, meu caro, o momento que todos esperavam: o

nosso magnífico santuário. Prepare-se para se maravilhar com duas


camas simples e um armário que faz um ótimo trabalho em

esconder nossas roupas vergonhosamente modestas.

Ele solta uma risada enquanto observa o ambiente.

— Ah, eu adoro uma excursão pelos piores lugares — Colin

responde com um sorriso genuíno estampado no rosto. — Acho que


só falta você me mostrar o seu esconderijo secreto, onde guarda

suas máscaras de assassina em série.

— Claro, porque eu guardaria minhas máscaras em um lugar


tão óbvio — respondo, também com um sorriso irônico entrando na
sua vibe. — Mas se quiser, posso te mostrar o porão, onde costumo

fazer rituais satânicos nas noites de lua cheia.

Colin ri, parecendo divertido com a minha resposta.

— Você sabe que se quiser mesmo me assustar, vai ter que

fazer melhor do que isso, né? — desafia, e eu mordo os lábios


gostando muito da nossa interação.

— Quem disse que eu quero te assustar? Afinal, você é o rei

dos enigmas, eu só estou tentando acompanhar o seu ritmo —


brinco, pegando a chave de casa. — Quer beber alguma coisa?

Acho que ainda tenho uma garrafa de vinho barato em algum lugar

por aqui.

Ele olha ao redor, mas seus olhos se fixam primeiro no alto da

beliche onde Megan dorme que possui uma placa escrito “NO

BOYS[4]”, um acordo que fizemos assim que começamos a dividir o


quarto, e que ela já descumpriu, e que estou quebrando agora

também.

Depois, os olhos verdes se fixam no meu notebook aberto,


com o arquivo do roteiro que eu estava elaborando antes da sua

mensagem. Ele se aproxima da minha cama e senta, colocando o

notebook no colo como se fosse um tesouro valioso.


— Seu olhar é a minha prisão. — Lê demonstrando

curiosidade, e meu rosto cora violentamente de tanta vergonha. —


Detidos pelo tesão. — Um sorriso rasga em seus lábios. — Isso é

quente.

— Nada demais, apenas divisões de cenas de um roteiro

bobo que estou criando para passar o tempo — explico, sentindo

uma mistura de surpresa e apreensão em relação a sua reação.

Colin olha para mim, com os olhos brilhando de interesse.

— Eu gosto, fale mais sobre isso.

— Um roteiro nada mais é do que um documento, como um

guia para as cenas e diálogos de um filme ou qualquer outro produto

audiovisual. Gosto de criá-los e imaginar as cenas acontecendo em


minha mente como se fossem em um telão de cinema.

Percebo um lampejo de empolgação em seus olhos, e


começo a descrever a construção de narrativa e criação de

personagens que estou em mente. Gesticulo animadamente,

tentando transmitir a essência da história.

— Ana é uma garota que perdeu a mãe de forma trágica e

sangrenta, e carrega essa dor todos os dias.


— E por que ela vai ao cemitério sempre? Saudades? — ele

pergunta, dedilhando o resumo que fiz da personagem.

Parece interessado além do convencional, mas apenas entro


nas minhas anotações de forma profissional.

— Na verdade, Ana sempre teve a mãe comandando a sua


vida, suas escolhas, quem ela é, e agora que a dominância da mãe

foi arrancada dela, Ana está totalmente perdida, e não consegue

cortar o cordão umbilical da dependência emocional a qual foi criada

— explico, tentando passar os sentimentos certos para o roteiro. —


Já que o convívio das duas foi tirado dela, essas idas ao cemitério

começam como uma forma de buscar algum contato físico. —

Engulo o bolo seco que se forma em minha garganta, mas respiro


fundo, afinal estamos falando de Ana, uma personagem fictícia

criada pela minha mente muito fértil.

— E então ela encontra John — ele pergunta engolindo em


seco e apontando para o arquivo na palavra “encapuzado”.

— E então, ela conhece John, um homem obcecado por ela


que a persegue para protegê-la, acredito que ele seja um fugitivo da

polícia ou de alguma clínica psiquiátrica. — Rimos. — Ele está

sempre envolto em um moletom preto e com o rosto coberto por


uma balaclava[5]. — Percebo que usei muita animação e mordo os

lábios freando meus impulsos, porque amo meus roteiros, mas sei

que ninguém os leva a sério. — Dois jovens quebrados. Um clichê


adolescente, nada demais, como eu disse.

Já ia fechar a tela, mas Colin parece vidrado, seus olhos

percorrem as palavras escritas, absorvendo cada detalhe.

— Você fala sério que o primeiro beijo deles acontece em um

cemitério? Ouvindo Golden hour? — ele pergunta, intrigado. — Isso


não soa clichê para mim.

Dou de ombros, soltando um leve sorriso, e escondo o fato de

que gosto da canção de Jake Lawson, porque ela me causa


angústia e alguma emoção inexplicável.

— É o primeiro beijo da Ana, e levando em conta o contexto


da história dos dois, achei que seria um momento simbólico e cheio

de emoção. E, vamos combinar, entre os mortos, eles encontram

um tipo de paz inesperada.

Colin me observa com admiração e um toque de surpresa.

— Hum, então você está na cena da primeira vez dos dois,


qual será o nome da cena?
— Ainda não sei, talvez algo como cativeiro sensual ou
encarcerado pelo seu corpo — falo, e ambos rimos. — Ou talvez eu

tenha ideias melhores.

— Emma, você é uma caixinha de surpresas.

Reviro os olhos, fingindo tédio.

— E lá vamos nós com as suas frases cheias de múltiplos

sentidos. Você está se tornando tão previsível na sua

imprevisibilidade, Colin Prescott.

Ele solta uma risada gostosa, divertindo-se com a nossa troca

de sarcasmos.

— Ah, Emma, você não faz ideia do quanto gosto dessa sua

boca esperta. Ainda tem muito mais surpresas guardadas na

manga.

E nesse momento, enquanto nossos olhares se encontram,


sinto uma faísca de conexão, algo além do sarcasmo e das

provocações. Talvez, em meio a esse jogo, exista algo mais


profundo a ser explorado entre nós.

Colin voltar a ler atentamente, e eu começo a me sentir cada

vez mais exposta, como se realmente tivesse interesse no meu


mundo, minhas ideias, quem eu sou.
Afinal, me inspirei no meu encapuzado misterioso para
elaborar essa história, mas nunca contarei a ninguém sobre ele, até
porque quem acreditaria que alguém totalmente desinteressante

como eu possui um perseguidor?

Principalmente um que, misteriosamente, cheira como Colin,


o que é uma utopia já que ele é o cara mais popular da

universidade, nunca ia perseguir alguém como eu.

A única pessoa capaz de desvendar esse mistério é Jake,


mas não consigo pensar na possibilidade de lidar com ele ainda
depois do que fez comigo.

E então, Colin olha para mim com uma expressão de pura


admiração.

— Sabe, Emma, você é incrível. Eu admiro a forma como sua

mente funciona, como você consegue criar histórias tão


emocionantes e profundas. É como se eu pudesse sentir a dor e a
angústia da Ana, e ao mesmo tempo, a esperança que ela tem em

John. Você é talentosa demais para manter isso para si, deveria
compartilhar suas histórias com o mundo.

Fico sem palavras diante do elogio sincero, sinto meu coração

acelerar com a emoção, afinal costumo ser elogiada somente pelos


professores. Meu rosto cora, e sei que não posso me aprofundar
nesse assunto, porque meu pai me mata se descobrir que não curso
psicologia como menti para ele, mas agora percebo o quanto sinto a

falta de ter um apoio como esse.

— Como eu disse, por enquanto é só um passatempo, mas


pretendo tornar tudo mais profissional, e quem sabe um dia estarei

nos cinemas como uma grande roteirista. — Tento soar brincalhona,


mas meus olhos são esperançosos. — Vamos embora, você me
prometeu um delito para cometer.

— Vamos lá, Emma.

Assim que saímos do dormitório, Colin se mostra tão animado


quanto eu para o próximo passo do nosso plano. Caminhamos lado

a lado, trocando sorrisos e olhares cúmplices, quando finalmente


chegamos à rua e o carro dele está estacionado ali, reluzente e
imponente como sempre.

O vento fresco da noite balança meus cabelos soltos


enquanto ele destrava as portas com um clique suave do controle.

— Vamos lá, Emma — diz ele, abrindo a porta para mim e me


convidando a entrar no Audi.
Não resisto e solto uma exclamação animada, batendo
palminhas como uma criança que acaba de ganhar um presente.

— Sério que vou andar nesta máquina? — pergunto,


maravilhada. — Estou pensando em ser sua parceira de crime tipo
que, pra sempre, desde que tenha acesso a essa belezinha —

brinco, me acomodando no banco do carona.

Colin solta uma risada divertida, mas logo assume um tom


sério, me encarando nos olhos, de pé fora do carro segurando a

porta enquanto preciso erguer o rosto para encará-lo.

— Eu levo a sério os crimes que cometo, se você conseguir


ser uma garota má, posso pensar em aceitar sua oferta. — O sorriso

molhador de calcinhas que ele me lança, faz-me morder os lábios


nervosamente.

— Sou uma garota muito má. Já roubei biscoitos do frasco da


minha avó quando era criança — blefo, e ele parece se divertir com

a minha tentativa de parecer durona e ter acesso ao seu carro.

— Ah, é? Então acho que teremos que colocar à prova suas


habilidades criminosas, senhorita Rollins. — Ele dá a volta e

assume seu lugar ao volante.


As luzes do painel se acendem tão coloridos quanto um arco-

íris, enquanto ele se ajusta no banco, coloca o cinto de segurança


com gestos precisos e confiantes.

Observo com fascínio cada movimento dele, sentindo-me

atraída pela aura de perigo e ousadia que emana, seus olhos


faiscando com determinação.

Dá a partida e o motor ronrona como uma fera prestes a ser

liberada. Seguro-me com firmeza quando o carro arranca em alta


velocidade.

Enquanto percorremos as ruas iluminadas pela luz da lua,


minha mente corre a mil por hora. Não posso negar a atração que

sinto por esse bad boy enigmático, por mais complicado que tudo
isso seja.

A energia entre nós é intensa, uma mistura perigosa de

sedução e desafio. Sinto a adrenalina correr em minhas veias


enquanto ele acelera pela estrada nos tirando do estacionamento do
dormitório.

O vento faz cócegas no meu rosto enquanto olho pela janela,


e a liberdade pulsa em mim. Eu sorrio maliciosamente, sentindo-me
como uma personagem de filme de ação.
Enquanto o carro desliza pelo asfalto da Commonwealth
Avenue, os altos prédios acesos formam um horizonte brilhante e
deslumbrante. A beleza urbana de Boston é algo que me encanta

profundamente.

Vim de uma cidade pequena, e sempre sonhei em algo maior


para mim. E aqui, nas ruas movimentadas e cheias de vida, tenho a

sensação de um começo promissor para minha carreira.

As luzes da cidade parecem dançar ao redor do carro, criando


um ambiente mágico e fascinante. O som do motor, combinado com

as batidas da música que Colin deixa tocar no último volume, criam


uma melodia animada que me faz sentir viva e empolgada enquanto
a banda Motörhead faz confissões sobre uma doce vingança e

como vai fazê-la ser dolorosa e sangrenta em Sweet Revenge.

Afundo no banco do carona, admirando a paisagem que


passa diante dos meus olhos enquanto inalo o cheiro delicioso de
Colin dirigindo ao meu lado.

A cada esquina, uma nova surpresa: lojas, bares,


restaurantes, todos parecem se misturar em uma sinfonia de cores e
sons. Sinto-me parte deste universo, conectada com cada pedaço

que passa por mim.


A cidade é um palco, e eu, uma atriz ansiosa por entrar em
cena. Aqui, posso ser quem quiser, e isso é algo que me fascina. A

sensação de liberdade é quase palpável, e me deixa extasiada.

Olho para Colin de soslaio, notando a forma como ele segura


firmemente o volante, seu olhar penetrante refletindo um mistério
profundo.

Eu não posso evitar pensar no que nos aguarda, nas


emoções proibidas que estão por vir./
Capítulo 10: Sob custódia dos
seus beijos

Colin estaciona o carro próximo ao pequeno grupo de

pessoas que aguardam ansiosamente. São rostos conhecidos da


faculdade, olhares excitados e sorrisos nervosos preenchem o

ambiente, percebo os cochichos e olhares curiosos a meu respeito


ao lado de um cara popular.

Observo atentamente a paisagem ao redor, percebendo que


estamos em uma estrada abandonada, isolados da fauna da

civilização. Uma brisa suave sussurra entre as árvores, como se

também estivesse ciente do segredo que está prestes a começar.

Meus olhos encontram os de Colin, buscando respostas

silenciosas. Ele me encara com esperança, aquele olhar penetrante


que faz meu coração acelerar e minhas pernas tremerem.
— Seu delito é ser minha parceira nessa corrida clandestina.

Dizem que um homem precisa andar com a sorte ao seu lado, então
ande ao meu lado e seja a minha sorte. — Um sorriso diabólico se

forma em seus lábios, irradiando confiança e audácia. — Ou então,

se tiver medo, pode assistir do lado de fora.

Meu olhar é uma mistura entre a surpresa e a tentação, mas

rapidamente recebo a mensagem implícita em suas palavras.

Um sentimento de coragem toma conta de mim, impulsionado

pela presença magnética de Colin. Eu balanço a cabeça

afirmativamente.

— Eu vou com você — afirmo, deixando que a emoção

invada cada parte de mim, e penso no quanto tudo isso levará ainda
mais realidade para os meus roteiros. — Vou ser a sua sorte.

A lua ilumina a estrada deserta, criando um ambiente sombrio

e misterioso. As luzes dos faróis dos outros competidores brilham,

destacando os carros que se alinham na pista improvisada.

O cheiro de gasolina e borracha queimada preenchem o ar, e

sinto uma ansiedade misturada com o medo percorrer todo o meu

corpo enquanto voltamos para dentro de seu carro.


— Pronto, Colin? — Um dos caras pergunta colando a cabeça
dentro da janela e olhando de mim para o tatuado sexy ao meu lado.

Colin acena para mim, e eu respondo com um sorriso

nervoso, e então ele acena positivamente para o cara como

resposta. Os outros pilotos também estão prontos, ansiosos para

acelerar e competir em uma corrida proibida, e o nervosismo é

sentido no ar.

A multidão se afasta e a percepção me atinge em cheio: estou

dentro do carro do bad boy popular da faculdade, e eu realmente

estou ao seu lado, como sua cúmplice e companheira de aventuras

perigosas.

Não importa o resultado, estou animada por fazer parte dessa


experiência, e ansiosa para digitar tudo freneticamente em um dos

meus roteiros.

Sinto o meu coração bater forte enquanto Colin acelera o

carro, a estrada se torna um borrão de luzes e sombras, uma

mistura de emoção e adrenalina que me faz sorrir.

Meu cabelo voa ao vento, e eu seguro firme no banco

agarrada ao cinto de segurança, observando Colin com atenção

enquanto ele muda de marcha com habilidade.


A multidão ao redor se transforma em uma névoa de cores e

gritos de encorajamento, e os espectadores se tornam sombras


fugazes, e testemunham o espetáculo ilegal que se desenrola diante

dos olhos. Mas minha atenção está focada exclusivamente em


Colin, em sua habilidade de dominar a pista e superar esse desafio.

Ele está concentrado, os olhos fixos na estrada que se


desenrola diante de nós como uma serpente sinuosa, enquanto o

motor ruge e responde aos seus comandos habilidosos. Ele


manobra o carro com uma destreza impressionante, deslizando

pelas curvas e acelerando nas retas com confiança.

Os outros carros passam rapidamente, como estrelas

cadentes em uma noite escura. Sinto a emoção pulsar dentro de


mim, enquanto o motor do carro de Colin ruge em perfeita harmonia

com meus batimentos cardíacos acelerados.

A cada ultrapassagem, meu corpo se enche de uma


empolgação arrebatadora. A adrenalina corre em minhas veias,
fazendo-me sentir viva e vibrante. Vejo o brilho de excitação nos

olhos de Colin, sua concentração absoluta, enquanto ele se entrega


por completo à corrida.
De repente, o barulho do motor aumenta, e vejo Colin

acelerar ainda mais, ultrapassando todos os carros à nossa frente.

Grito de animação, a empolgação tomando conta de mim


enquanto percebo que estamos na liderança.

Observo cada movimento dele, suas muitas tatuagens


aparentes, o rosto corado, as mãos firmes com vários anéis dando-

lhe estilo, sua habilidade com o volante, a destreza com que muda
de marcha. Ele é um piloto incrível, e eu me sinto sortuda por estar

aqui ao seu lado.

Olho para frente e percebo que estamos cada vez mais perto
da linha de chegada. Vejo seus olhos brilhando de determinação, e
sinto a emoção tomar conta de mim. Cada segundo parece uma

eternidade, pelo retrovisor vejo que estamos em uma pequena


distância do outro competidor.

— Vamos lá, Colin! — Grito a plenos pulmões, totalmente

nervosa, ansiosa.

E então, em um último impulso, Colin ultrapassa a linha de

chegada, um grito de triunfo escapa de meus lábios, enquanto o


carro desliza pela pista, numa vitória triunfante, deixo-me guiar pelo

som ensurdecedor dos aplausos da multidão extasiada.


Olho para Colin, seu rosto iluminado pela emoção e pelo
sorriso radiante. Nossos olhos se encontram por um breve instante,
compartilhando a intensidade do momento.

É uma conexão silenciosa, uma cumplicidade entre nós, as

pessoas geralmente me cansam, mas tudo com ele é tão fácil.

— Você é incrível! — exclamo, hipnotizada.

Colin para o carro, e possuo uma mescla de euforia e alívio,

enquanto o cheiro de borracha queimada paira no ar. Estou exausta,


mas também submersa na sensação de realização e aventura,

definitivamente eu gosto de correr riscos.

— Você me deu sorte — ele diz, tocando meu rosto com


delicadeza. Eu sorrio, sentindo o meu coração acelerar, Colin
aproxima o rosto do meu, vislumbrando meus lábios, e fico

apreensiva, ele vai me beijar? Eu vou gostar disso? — Amiga —


conclui, caindo em total contradição já que seu rosto se aproxima do

meu, e sinto meu estômago se contrair em antecipação.

Nossos olhares se entrelaçam em um momento de

cumplicidade, enquanto o silêncio paira no interior do carro. A


adrenalina ainda pulsa em minhas veias, mesclada com a doçura do
triunfo. As palavras de Colin ecoam em minha mente, ressoando
como um eco. Você é a minha sorte.

Seus dedos, tão fortes e seguros, acariciam suavemente meu


rosto, como pétalas de seda em contato com a minha pele. Um

arrepio percorre minha espinha, e um sorriso tímido se forma em


meus lábios, incapaz de esconder a excitação que toma conta de

mim.

Aproximando-se com cautela, inclina seu rosto em direção ao


meu, como se mergulhasse em um oceano desconhecido. Meus

olhos se fixam em seus lábios, que se aproximam lentamente dos

meus.

O coração bate descompassado, uma sinfonia intensa que

ecoa em meus ouvidos.

A incerteza permeia o ar, enquanto uma onda de antecipação

toma conta de mim. Um turbilhão de pensamentos invade minha

mente, questionando se o meu primeiro beijo será como uma chama

ardente ou uma brisa suave. Será capaz de desencadear uma


tempestade de emoções dentro de mim?

Nossos lábios quase se tocam, e eu fecho os olhos,


entregando-me ao momento e à inevitável onda de desejo que me
envolve. Já quase consigo sentir a suavidade dos seus lábios

resvalando nos meus e é como se o tempo se suspendesse, e


então, finalmente, o encontro acontece.

Os gritos de comemoração, o cheiro de asfalto queimado,


tudo desaparece, e só resta a sensação dos lábios de Colin

acariciando os meus.

— Bora, campeão! — Um cara grita enquanto tenta abrir a


porta do carro, e quebra o nosso momento.

Quando nos afastamos, eu sinto que tudo mudou. Agora,


somos mais do que parceiros em um crime, mais do que meros

conhecidos, é inegável a nossa atração. Nós somos algo novo, algo

emocionante, algo que eu não posso esperar para explorar.

Ele destrava as portas e desce do carro sendo engolido pela

multidão que grita o seu nome, eu pulo para fora, sentindo os

olhares julgadores direcionados a mim por estar com ele, e ostento


um sorriso aberto que faz meus lábios doerem, e me dou conta que

nunca me diverti tanto.

Meus olhos acompanham a cena, observo Colin ser envolvido


pela multidão. Seus feitos na corrida despertam admiração e elogios

fervorosos, e a energia que o rodeia é palpável. Eu fico aqui, ao lado


do carro, sentindo a mistura de emoções que ainda pulsam em meu

corpo.

— Ei, sou Kaiden! — O cara que interrompeu nosso beijo,


tudo bem, não foi um beijo, foi mais um leve tocar de lábios, mas

ainda assim foi interrompido por esse ser, que aparece em minha

frente, com sua pele levemente bronzeada e olhar curioso sobre


mim. — Colin não me falou que traria alguém.

— Emma. — Apresento-me contida.

— Hmm, não lembro de vê-la por aí.

— Ela é minha companheira de quarto. — A voz de Megan


surge ao meu lado, e vejo seu olhar franzido para mim.

— Achei que eu não era alguém importante, Megan —

contraponho, jogando suas palavras na cafeteria contra ela que


apenas dá de ombros.

— E você, Emma, não me avisou que viria acompanhada pelo


Colin. — Ela torce os lábios, manifestando seu descontentamento.

— A última vez que chequei, a minha mãe estava enterrada.


— Reviro os olhos, deixando claro meu sarcasmo, enquanto o tal

Kaiden solta um sorriso cheio de si.


— Gostei do jeito dela — ele diz, e seguro um sorriso, lembro

de vê-lo comentar nas fotos de Colin nas redes sociais.

Um toque suave em meu braço me desperta atenção para

Megan, que me puxa de lado nos dando privacidade. Levanto uma


sobrancelha, intrigada.

— O que foi? — pergunto, notando a seriedade em seu rosto.

— Sabe, eu sei que você está se aproximando do Colin, mas

preciso te avisar: ele é um bad boy inconsequente. — Megan

suspira, como se tivesse dito algum segredo nacional.

— E daí? Por que eu deveria me importar? — respondo,

tentando disfarçar a inquietação em minha voz.

— Emma, ele pode parecer emocionante e sedutor, mas

também é perigoso. Ele não se importa com as consequências de

suas ações, tem um pai que limpa toda a sua sujeita, e pode acabar
te machucando. Cuidado, você é uma garota boa, não se perca no

processo.

— Obrigada pelo toque, não sabia que você se importava


comigo — falo na defensiva, ainda não entendo qual é a da Megan,

na cafeteria me diminuiu, no quarto me ignora, e agora acha que é a

minha mãe.
— Moramos juntas, e apesar de não nos falarmos, gosto de

dividir o quarto contigo, não quero outra pessoa no meu espaço,

então talvez eu me importe. — Rimos. — Não deixe que sua

vontade de conhecer o piercing genital dele se transforme em sua


ruína. Bad boys como o Colin podem ser irresistíveis, mas também

podem deixar um rastro de destruição em nossas vidas — diz,

olhando para Kaiden, que desvia rapidamente o olhar dela.

E duas coisas me chamam a atenção: pego no ar que existe

algo mal resolvido entre os dois, Megan e Kaiden. E o piercing de

Colin, mas esse tópico decido empurrar para depois, já que estou
começando a corar na frente de Megan.

— Eu entendo suas preocupações, Megan, mas eu preciso


seguir meu próprio caminho e descobrir por mim mesma se vale a

pena arriscar. A vida é cheia de incertezas, e talvez o Colin seja

apenas uma delas.

— Apenas prometa que vai manter os olhos abertos e o

coração protegido. Não quero ver você se machucando e tendo que

sair da faculdade me restando ter que procurar outra companheira


de quarto, Emma.
— Prometo, Megan. — Sorrio, no meio da promessa. — Vou

tomar cuidado e não vou permitir que ele me destrua. Mas também
não vou deixar de viver intensamente.

Desvio meu olhar dela e deixo cair em Colin, ele é um

vendaval de perigo e emoção, um ímã irresistível que desafia todas


as minhas convicções. Seu espírito audaz e ousado é como um fogo

ardente que queima em seu olhar, e eu me vejo atraída por essa

intensidade.

Mas sei que essa atração é um campo minado, um território

perigoso. Meu pai, com sua postura conservadora e rígida, não

aprovaria essa conexão com alguém como Colin, mesmo ele sendo
filho de um homem poderoso. Ele é tudo o que meu pai odiaria, e a

simples ideia de desafiar suas expectativas já faz meu coração

acelerar.

Resistir a Colin não é fácil. Ele é um desafio constante, um

convite tentador para me aventurar além dos limites estabelecidos.


Cada parte de mim sabe que isso pode me levar a um caminho

perigoso, mas a atração que sinto é inegável.

Enquanto as vozes ecoam ao meu redor, eu me pergunto se


poderei resistir por muito tempo. Mas, por agora, eu guardo minhas
emoções em segredo, permitindo que apenas as chamas
silenciosas dancem em meus olhos. A batalha interna está apenas

começando, e as nossas diferenças nos reservam uma jornada

incerta.

Colin se aproxima, abandonando sua comitiva de

admiradores que observam atentos nossa interação. Seu braço forte


envolve meu ombro com um gesto possessivo, enquanto os olhares

curiosos dos outros nos rondam.

Alguns se aproximam de nós oferecendo drogas e bebidas,


mas Colin recusa a tudo. Seu olhar, furioso e determinado, nega

com rudeza quando me oferecem diretamente.

Alguns usam a jaqueta vermelha e de mangas brancas com a

logo do time de hóquei estampada com o número 7, que é o de


Colin, escrito “Prescott”.

— Vamos embora — sussurra em meus ouvidos, sua mão


percorrendo suavemente minha coxa desnuda, e algo me diz que
esse gesto mais parece ele demarcando território sobre mim, e sim,

eu devia ficar ofendida, no entanto, um arrepio percorre minha pele,


enquanto suas palavras ecoam, despertando uma ansiedade
vibrante. Sinto minha respiração acelerar, meu corpo pulsando com
a expectativa. — Agora vai ser um novo delito cometido a sós —
conclui.

— Certo, amigo — debocho, e sorrimos cúmplices. Risque


isso, essa amizade nunca vai acontecer.

Nossos desejos se entrelaçam em um jogo perigoso de


olhares e suspiros, enquanto confirmo com um morder de lábios. O
íntimo de minhas pernas se agita, pulsando em antecipação ao que

está por vir.

Nossos passos se afastam do tumulto, seguindo o caminho


que nos levará a um encontro clandestino, apressados vamos para

dentro do carro.

— Por que você parou aqui, Colin? — Minha voz falha,


carregada de temor, ecoando no silêncio do carro com seu motor

desligado.

Através da janela do carona, meu olhar se fixa no portão


enferrujado do cemitério, o mesmo lugar onde há alguns dias eu

cortei meu cabelo na noite em que Colin foi preso, o mesmo lugar
onde encontrei o nome da personagem que estou construindo para
o roteiro.

— Ana — ele diz, e viro o pescoço em sua direção, totalmente

confusa. — No roteiro, o primeiro beijo entre Ana e John acontece


em um cemitério.

— Colin... — Tento retrucar, mas ele se aproxima enquanto

aumenta a música.

— Você criou um roteiro incrível, Emma. Mas sabe o que falta


nele? Vida! — Com um gesto suave, ele recua o banco do carro,

criando mais espaço. Meu coração começa a acelerar enquanto


percebo suas intenções. — Sabe por que o primeiro beijo não pode
ser no cemitério? Porque não há paixão em um lugar assim.

Sinto um misto de surpresa e excitação quando ele me puxa

para o seu colo. Nossos corpos se encontram de forma


perfeitamente encaixada, minhas pernas se entrelaçam entre suas

coxas fortes.

O calor de sua pele atravessa a camada de tecido que nos


separa, minha fina calcinha e seu jeans grosso, enviando arrepios
deliciosos por todo o meu corpo.
Minhas mãos instintivamente encontram seu peitoral tatuado,
buscando apoio enquanto me acomodo em seu colo.

Sua presença dominante me envolve, e a sensação de estar


tão perto dele é intoxicante. Nossos olhares se conectam e eu
enxergo o quanto ele me deseja, e isso é algo novo para mim, e

intensifica ainda mais os meus sentidos.

O aroma másculo de sua pele invade minhas narinas,


misturando-se com o perfume suave do carro, sinto seu coração

acelerado em minha palma fazendo com que minha respiração se


torne irregular. A excitação é mútua, inegável.

Enquanto me ajusto em seu colo, sinto a pressão de suas

mãos firmes em minha cintura, mantendo-me próxima a ele. Cada


toque, cada movimento, é carregado de uma eletricidade sensual
que faz meu corpo ansiar por mais. A maneira como ele me segura

transmite uma mistura irresistível de proteção e desejo, tornando-me


vulnerável e entregue a essa conexão ardente.

Neste momento, não há mais roteiros ou personagens

fictícios. Existe apenas nós dois, e a teoria a qual preciso


comprovar.
— Você tem um ponto — digo, determinada a contradizê-lo,

movendo-me suavemente sobre suas pernas, enquanto um sorriso


lento se forma em seus lábios. — Não cabe a você me dizer o que
devo ou não escrever, Colin. Você sabe como construir a química

entre um casal? — questiono, passando a língua por seu pescoço,


seguindo o que escrevi em meu roteiro, com leveza sugo sua pele,
marcando-o como John marca Maria.

— Emma. — Seu gemido me impulsiona a continuar, deslizo


as mãos sobre seu peito, e exploro seus músculos firmes.

— Saiba que um beijo pode acontecer em qualquer lugar,

desde que haja uma conexão verdadeira — sussurro em seu


ouvido, traçando as unhas em sua nuca, assim como Ana faz com
John.

Sinto sua ereção pulsante sob mim, seu quadril se movendo


contra o meu, enquanto sua mão firme e possessiva segura minha
coxa.

— É o primeiro beijo dela, acho que deveria ser especial —

ele argumenta.

— Isso é o que acontece entre Ana e John, como os dois


estão doentes, quebrados, mas o que torna tudo especial não é o
lugar, e sim a forma como eles o vivenciam — falo, roçando meus
lábios nos seus. — A falta de sanidade e prudência dos dois, torna
tudo mais... — Ofego, sentindo o doloroso pulsar latente no meio

das minhas pernas. — Quente.

— Você é o maior crime que eu sigo cometendo, Emma. —


Seu trocadilho parece uma confissão, mas ignoro mais um de seus

enigmas, e apenas me entrego, fecho os olhos, e ele dedilha o


painel do carro e no instante seguinte, sua boca se encontra com a
minha.

— Eu nunca fui beijada, como a Ana — confesso, contra sua


boca.

— Então esse capítulo se encerra hoje.

Obrigo-me a copiá-lo e coloco toda a minha atenção na forma

como sua língua invade meus lábios, ele guia o beijo, é molhado,
intenso, o jeito como sua língua duela com a minha faz disparar
eletricidade por todo o meu corpo, fazendo meus mamilos pesarem

no sutiã, meu interior doer de necessidade de algo que nunca senti.

Ele engole meu suspiro e aprofunda o beijo e, por Deus, eu


não quero parar nunca mais de fazer isso.
Assim como Maria, tenho meu primeiro beijo com um
cemitério como testemunha, enquanto "Golden Hour" explode no

interior do carro.

I don't need no light to see you

Eu não preciso de luz alguma para te ver

Shine

Brilhar

It's your golden hour (oh)

É a sua hora dourada (oh)

Colin segura meu rosto com suas mãos fortes, transmitindo


um misto de autoridade e desejo. Seus lábios quentes e famintos

devoram os meus de uma forma avassaladora. Nossas línguas se


entrelaçam em uma dança erótica, explorando cada centímetro de

forma curiosa.

O ar ao nosso redor fica carregado de tensão sensual. Sinto


seu toque firme e possessivo em minha cintura, puxando-me para
mais perto de seu peitoral musculoso. Nossos corpos se pressionam

e nada parece suficiente para diminuir tamanho desejo.

Sua mão desliza ousadamente por minhas costas, deixando


um rastro de arrepios em seu caminho. Sinto a pressão de sua
ereção pulsando contra mim, esticando a calça jeans, e luto contra o
instinto de roçar e saber o quanto pode ser quente.

Os gemidos entrecortados escapam de nossas bocas,


revelando a urgência e o tesão que nos consomem.

Seus dedos ágeis exploram minha pele, deixando um rastro

de calor e anseio. Cada toque é uma carícia provocante,


despertando em mim uma fome insaciável. Minhas mãos encontram
seu cabelo macio, puxando-o levemente, intensificando ainda mais

o prazer compartilhado.

O mundo ao nosso redor desaparece, dando lugar a um


universo onde só existimos nós dois. Somos como personagens

principais em nosso próprio roteiro, desafiando as convenções,


vivendo intensamente cada cena, cada capítulo dessa história
proibida.

Enquanto nos separamos por um instante, ofegantes, ainda


envolvidos pela aura do beijo, nossos olhos se encontram em um
silencioso entendimento.

Sei que o que temos é perigoso, beira o proibido: o desejo

entre um bad boy tatuado e inconsequente com um piercing genital


e uma garota sonhadora e solitária como eu, pode trazer
consequências inimagináveis. Mas, por um momento, decido ignorar

as advertências e me lançar nesse turbilhão de sentimentos.


Capítulo 11: A Rebelião do meu
coração
Um ano antes

Estou ansioso para descobrir qual será o próximo capítulo


dessa saga de decepção e abandono. Talvez ele tenha planejado

essa visita surpresa para me dar as más notícias pessoalmente, o


que é o prelúdio de alguma desgraça, já que ele decidiu desde o
meu nascimento que é muito mais divertido manter uma distância

segura e sem nenhum tipo de envolvimento emocional.

Que sorte a minha!

— Eu não faço ideia por que você me trouxe aqui — reclamo,

batendo a porta do carro com mais força do que o necessário.

Isso claramente irrita o homem diante de mim, cujo rosto é

praticamente idêntico ao meu, exceto pelos vinte anos a mais que


ele tem e as vinte tatuagens a mais que eu tenho.

Meu pai.

— Você não tem ideia do que quero te mostrar, Colin? Sério?

— A aspereza em sua voz me deixa irritado.

Eu só quero voltar a fumar meu baseado e seguir com a porra

da minha vida em paz, sem ele, sem sua presença opressora, afinal
com a sua ausência eu já lidei a vida inteira.

— Eu não vou entrar nesse maldito cemitério, Elliot. —

Enfrento, o irritando ainda mais o chamando pelo nome.

Encaro o lugar à frente, fúnebre e macabro, eu sei o que ele

está tentando fazer, me arrancar uma reação, mas o que meu pai
não sabe é que estou morto por dentro, não há nada que me

choque, não há luz que me tire da escuridão, eu já fui consumido

inteiramente por ela.

— Você vai entrar. — Se aproxima encarando com desdém


minha calça jeans gasta e regata branca, e eu o imito medindo com

o olhar seu terno alinhado. Eu, definitivamente, nunca vou ser o filho

que ele sonhou, assim como ele nunca vai ser o pai que eu precisei,

e estamos bem sobre isso, eu acho. — Ou você entra comigo ou


estou colocando todas as suas merdas para fora de casa, estou
farto da sua estupidez, Colin.

Dois detalhes chamam minha atenção. Primeiro, meu pai é do

tipo passivo/agressivo, ou seja, ele nunca xinga, então “merdas” e

“estupidez” saindo de sua boca em uma mesma frase é realmente

um acontecimento, e me faz rir com sarcasmo, é, dessa vez o irritei

pra valer.

Segundo, ele nunca faz ameaças que não esteja disposto a

cumprir, e eu realmente não me importo com a sua merda de

cobertura em Nova Iorque, afinal eu tenho a casa simples do meu

avô que herdei, e sei me virar sozinho arrumando grana nas

corridas clandestinas, no entanto, sei que a minha mãe certamente


faria um drama sobre ficar no meio entre seu marido ausente e seu

filho problemático.

Então, percebendo o quão irritado ele está, decido segui-lo

para essa maldita necrópole. Quanto mais rápido eu entrar e o

enfrentar até que entenda que não sou sua marionete, mas rápido

eu volto pra minha vida e minha maconha.

Caminhamos entre as sepulturas, o silêncio ecoa entre as

lápides e soam como suspiros contidos e segredos inaudíveis. Cada


sepultura é um capítulo encerrado, uma história que se despede

para além das sombras.

Ao fundo, um enterro acontece, as lágrimas derramadas, as

flores murchas e os suspiros de saudade são as notas dessa


sinfonia silenciosa.

Neste lugar de reflexões e enigmas, onde os nomes gravados

nas pedras são lembranças congeladas no tempo, fico incomodado,


já que a única vez que entrei em um cemitério foi para enterrar meu

avô materno.

Ele foi o que tive mais perto de um pai, e naquele dia enterrei

uma parte minha junto com ele, a única parte boa que ainda
acreditava que eu podia ser prioridade de alguém.

Depois de sua morte, me tornei sem perspectiva, me

entreguei pra valer ao destino, e nem meu pai, muito menos essa
vinda ao cemitério vai mudar isso.

— É aqui que a sua inconsequência trouxe uma inocente, e é


aqui que você vai acabar se não aceitar a minha ajuda — Elliot

Prescott exclama furiosamente, seus olhos severos me encaram.

Minha última merda exigiu tudo do meu pai para limpar minha
barra, e eu sei que ele o fez não por mim, mas pensando em sua
imagem e nos seus negócios.

Olho ao redor, e algo me chama a atenção. Não sei se é o

efeito da maconha que ainda não saiu totalmente do meu sistema


ou se estou realmente começando a ver fantasmas de verdade, mas

ali está ela, algumas sepulturas à nossa frente: uma jovem deitada
sobre uma delas, escrevendo algo em um caderno. Meu pai segue
meu olhar, sua expressão mudando de raiva, para pena.

— Que porra é essa? — a pergunta foge dos meus lábios,

porque é a cena mais triste que já assisti, uma pessoa tão solitária
ao ponto de parecer tão à vontade em um lugar como esse.

— É a única filha dela.

— Filha? Ela tinha uma filha? — Minha voz sai em um fio, e


então encaro meu pai, atordoado com toda essa merda.

— Sim, ela deixou uma filha e um marido. Aquela ali é a filha

dela. Os funcionários disseram que ela vem aqui todos os dias


desde o enterro, já estão a ponto de ligar para a polícia ou interná-la
em alguma ala psiquiátrica.

Meu coração falha uma batida. De relance, percebo que ela

deve ter a mesma idade que eu, ou talvez um ano ou dois mais
nova.
Ela deveria estar ingressando na faculdade, não em um
cemitério. Mas quem sou eu para julgar?

Afinal, eu também não deveria estar envolvido com uma


gangue e estou, não devia me drogar tanto, não devia fugir tanto da

realidade e ainda assim o faço.

Aparentemente, nós dois estamos realmente mortos por


dentro, envoltos na mesma escuridão.

— Qual é o nome da garota? — pergunto, apontando o


queixo em direção àquela jovem solitária alheia à nossa presença

que despertou em mim o desejo de mudar tudo, quem eu sou, o que


fiz, quem eu quero ser.

— Emma Rollins. Esse é o nome dela.

— Emma Rollins. — Testo o nome em um sussurro e meu pai


olha dela para mim, percebendo o meu interesse.

— O pai dela está quebrando, você sabe, ficaram as


despesas médicas do tempo que a esposa ficou entre a vida e a

morte, e ele vai ter que tirar da poupança que usaria para levar a
menina à universidade.

— Usa o seu dinheiro pra melhorar a vida dela, paga essa

droga de universidade dela — ordeno, apontando com o queixo para


a garota e Elliot sorri com o sarcasmo que eu ostentava há poucos
minutos.

— Nós podemos negociar, Colin. Sua vida em minhas mãos


pela melhora da vida dela.

Presente

Foi em um cemitério como esse que a vi pela primeira vez, ela

era uma visão solitária imersa em sua própria criação. Emma dava
vida a personagens fictícios, escrevendo distraidamente, alheia à

minha presença e do meu pai.

E, assim como o casal que ela retrata em seu roteiro, aquele


lugar sombrio, repleto de memórias, também se tornou um divisor

de águas em nossa história, mesmo que Emma não tenha

consciência disso.

O cenário singular, onde a morte impera, foi onde a nossa

história nasceu. Fim e começo se entrelaçando.

E agora, novamente em um cemitério, é o maldito lugar onde

cedi ao desejo que venho refreando há tanto tempo.


Não que eu me importe, mas sei que existe uma etiqueta

moral de merdas que não podemos fazer na vida, e definitivamente


deve incluir: não foder a garota cuja família eu destruí.

Isso soa errado demais até para os meus padrões nada


convencionais, mas enquanto seguro o maxilar de Emma, a

afastando e tendo o vislumbre dos seus lábios entreabertos e

inchados pelo nosso beijo, eu não consigo resistir, trago-a para mim

e colo nossos lábios, selando a minha sentença.

Minha.

Agarro-a com força, temendo que se eu a soltar ela se torne

uma miragem, lambo sua boca exigindo passagem, condenando-me

de uma vez por todas.

O beijo de Emma é totalmente inexperiente, instintivo, natural,

ela imita todos os meus movimentos e isso é enlouquecedor, saber

que a estou moldando é excitante pra caralho.

Enquanto ela se esfrega com violência no meu colo buscando

algum alívio, minha mão mergulha para dentro da sua tentadora

saia colegial, afinal não posso deixar minha garota passar vontade.

Dedilho sua calcinha sentindo como está molhada, e o cheiro

de boceta pronta para ser fodida exala no carro fazendo latejar


dolorido o meu pau, e me transformo em um condenado, morrendo

de tesão e envolto pela culpa como um sentenciado à prisão

perpétua. Porque, por mais fodidamente corrompido isso seja, serei


o primeiro a possuir essa boceta.

Com uma dose de rudeza e selvageria, mordisco seu lábio

inferior e ela crava as unhas no meu ombro enquanto mói contra o


meu pau, deslizo minha mão por baixo da sua calcinha, encontrando

o calor úmido que me espera.

— Porra! — Não consigo conter um gemido quando sinto sua

boceta, e o quanto está melada, pronta para mim.

Ela retira a boca da minha para gemermos juntos enquanto


abre ainda mais as pernas dando-me total acesso a boceta depilada

com lábios delicados.

O carro se torna nossa testemunha de prazeres proibidos, e o

quadril dela dança de forma lasciva e desenfreada, onde cada

movimento e cada toque me leva ao limite. Banho seu pescoço com

beijos suaves, no entanto, quando seus quadris perseguem meus


dedos, não resisto a vontade de cravar meus dentes em sua pele.

Seus ruídos e gemidos se tornam uma sinfonia de luxúria,


ecoando nas paredes do meu carro, enquanto eu tento manter o
controle e perco a luta covardemente, e já começo a buscar na

memória os lugares onde tenho camisinha guardada.

— Oh, Colin! — O choramingo se mistura com o meu nome,

perdido em um beijo insano que nos consome. O quadril dela se


contorce de forma selvagem e desinibida, conduzindo-me à beira da

insanidade.

Com destreza, meus dedos acariciam seu clitóris, explorando


paciente, enquanto encontro seu ritmo predileto, Emma perde o

controle quando pincelo o dedo devagar, bem suave, sem aplicar

força, para cima e para baixo, melando a minha calça com a sua
excitação, enquanto separo nossas bocas apenas para grudar meus

dentes em seu pescoço e sugá-lo com fúria, marcando-a como

minha.

Com a mão livre dedilho sua garganta, e rosno ao ver minha

marca bem ali, na pele pálida que agora está arroxeada.

— Você vai me fazer gozar nas calças, não é?! — minha voz

sai mais rouca do que pretendi, perdi até o controle sobre isso.

— É verdade, sobre o piercing? — sua pergunta é quase um


sussurro lascivo, e intensifica ainda mais minha excitação.
Aumento o ritmo em seu clitóris e seu gemido é sufocado por

um beijo voraz, fazendo com que Emma jogue a cabeça para trás,

vulnerável e trêmula de prazer sobre o meu comando impiedoso.

Com um sorriso malicioso, respondo provocativamente:

— Terá que descobrir por si mesma se é verdade ou não —


respondo provocador, envolto em uma névoa de tesão que me faz

perder a noção do certo e do errado, esquecendo-me de qualquer

razão que me impeça de tomar sua virgindade aqui e agora.

Provoco seus mamilos pontudos raspando com meus dentes,

deslizando sobre sua blusa branca social, controlando a urgência de

arrancá-la, e fazer voar cada maldito botão.

— Colin, eu vou... — Suas palavras se extinguem nos lábios,

e a cena que se desenrola diante de mim é o maldito cenário com o

qual fantasiava há tanto tempo.

E agora descubro que a prostituta que eu vinha encontrando

não conseguiu chegar nem perto disso. As pernas apertam meu


punho, meus dedos sentem os espasmos da boceta totalmente

melada.

Assistir Emma gozar é a coisa mais sensual que já presenciei


na vida, fecho os olhos com brusquidão, para não gozar nas
próprias calças sem sequer ter usado meu pau.

Talvez seja porque já a observo há tempo demais, ou porque

ela é totalmente proibida para mim, mas o fato é que finalmente a

tenho em minhas mãos.

E mesmo sabendo que vou ter que quebrá-la, nada me

impede de pegar um pedaço dela, de aproveitar o pouco que posso

ter.

Recebo seu abraço enquanto ela volta do barato de seu gozo,

seu rosto desmoronando, escondido na curva do meu pescoço, e

temo que o meu pau perfure o tecido grosso da calça jeans,


enquanto o cheiro de baunilha dela se mistura com o da lubrificação

de sua boceta criando um aroma afrodisíaco que me deixa insano.

Porra! Preciso juntar todos os pedaços da maldita

autocontenção que tenho para não a jogar no banco de trás e fodê-

la como bem entendo.

— Ei, isso foi intenso — ela diz, com um tom brincalhão, e só

agora me lembro que ainda estamos estacionados em frente a um

maldito cemitério, enquanto ela está sentada no meu colo.

— Intenso é pouco. E a culpa é toda sua, por despertar o lado

safado em mim — falo ao mesmo tempo em que levo meus dedos


que a tocaram para os lábios e os chupo como se fosse realmente
sua boceta apertada. — Quem diria que uma roteirista poderia ser

tão depravada. — Solto uma risada irônica, e um sorriso perverso se

forma em seu rosto.

— Depravada? Talvez eu apenas tenha desvendado o seu

verdadeiro eu, Colin. Afinal, todos têm um lado sombrio que anseia
por liberdade. E você parece ansioso para explorar o seu. — Sua

voz é carregada de provocação.

Eu aperto com firmeza suas nádegas, deixando claro quem


está no controle.

— Talvez você esteja certa, Emma. Talvez eu tenha mantido


meu lado obscuro reprimido por tempo demais. E agora, com você

ao meu alcance, não há mais motivos para me segurar. — Minha


frase é sincera, mas ela encara como uma brincadeira, sorrindo.

De repente, o som das sirenes ecoa ao longe, interrompendo


nosso momento de êxtase. Emma se levanta abruptamente do meu
colo e salta para o banco do carona, com uma expressão de pânico

estampada no rosto.

Não perco tempo e coloco o carro em movimento, acelerando


para nos afastar da frente deste lugar amaldiçoado.
— Meu Deus, temos que sair daqui, Colin! Imagina só se nos
pegam em plena ação na frente do cemitério, com as roupas todas
desalinhadas. Seria um verdadeiro desastre! — Ela alisa

freneticamente suas roupas, tentando se reorganizar, mas seus


lábios mordidos revelam uma mistura de excitação e riso contido.

A adrenalina toma conta do ambiente, enquanto o som das

sirenes se distancia cada vez mais. Sinto uma mistura de alívio e


diversão diante da situação surreal em que nos encontramos.

É como se estivéssemos protagonizando uma cena de filme,


correndo contra o tempo para evitar uma revelação embaraçosa.

Acelero o carro, desviando pelas ruas em uma dança


frenética, enquanto compartilhamos risos nervosos. O ar carregado
de tensão e desejo é substituído por uma sensação de aventura e

alegria proibida. Ela está definitivamente vivendo no limite, imersa


no meu mundo.

O silêncio paira no interior do carro, carregado de promessas


e expectativas, enchendo o espaço vazio com uma tensão palpável.
Estaciono em frente à entrada do dormitório dela, mas algo dentro
de mim me diz que não estou pronto para deixá-la ir.

— Você é um parceiro de crime incrível. Uma noite e tanto,

não acha? — Emma brinca, quebrando o silêncio carregado.

Um sorriso surge em meus lábios, enquanto a observo,


saboreando cada palavra que escapa de sua boca.

— Amanhã estarei aqui para te buscar para a aula. — Minhas


palavras saem mais como uma ordem do que um convite. Como se
fosse uma promessa inegociável.

A expressão em seu rosto revela que ela não apenas

entende, mas também aprecia a intensidade por trás das minhas


palavras.

— Está bem. — Seu rosto se aproxima do meu, e sinto sua

respiração quente acariciando minha pele enquanto ela sussurra em


meu ouvido: — Ainda vou descobrir a verdade sobre o piercing,
Colin Prescott.

Uma onda de arrepios percorre todo o meu corpo, e não


consigo conter a intensidade do meu desejo. Seguro seu rosto entre
minhas mãos e sugo seu lábio inferior, provando seu sabor e me

embriagando com seu perfume que é mais intoxicante do que


qualquer droga que já experimentei. O efeito que Emma exerce
sobre mim é transcendental.

— Não me tente a ponto de te mostrar aqui e agora, correndo

o risco de você ser expulsa do dormitório, Emma Wandinha Adams[6]


— provoco, sabendo que estamos brincando com fogo. Ela nega
com a cabeça, se afastando de mim.

— Boa noite, Colin.

Antes de sair do carro, ela pega a minha blusa do time de


hockey que estava jogada no banco traseiro, e pendura no ombro.

— Meu último delito da noite — diz, ostentando um sorriso

brincalhão nos lábios e caminha para fora.

Essa é a minha camisa da sorte, mas foda-se, não consigo


parar de pensar nela usando algo com o meu nome estampado.

Permaneço sentado no carro, observando cada passo que ela

dá enquanto se afasta. Meus olhos não conseguem desviar-se da


visão tentadora de sua bunda, quase sendo exibida pela saia

colegial.

Um sorriso bobo possessivo se forma em meus lábios,


revelando a insanidade que se apoderou de mim. Estou
completamente louco por ela, e não tenho a menor intenção de lutar

contra esse sentimento avassalador.

À medida que o silêncio se instala no interior do carro, minha


mente se enche de pensamentos confusos e emocionantes.

Ah, sim, essa noite foi apenas o começo de algo intenso e já

estou ciente que vou queimar no inferno por tudo isso.

Mas por enquanto, vou me iludir que é tudo maravilhoso, que


essas memórias criadas são tesouros a serem guardados, como se

eu pudesse ser eu mesmo sem pensar em destruí-la.

Infelizmente, é só uma questão de tempo até chegar o


momento de quebrar tudo isso em pedaços.

Enquanto aguardo não tão ansiosamente pelo nosso


inevitável fim trágico, vivo cada momento com uma intensidade
insana.

Mal posso esperar pelo próximo capítulo dessa história

incendiária que estamos "roteirizando" juntos.

Quem precisa de contos de fadas quando se tem um enredo


repleto de perdição e desgraça?

Em verdade, estou me preparando para um espetáculo de


horrores, onde sou eu no palco principal, aplaudindo cada momento
com uma risada cínica.

Enquanto fecho os olhos, as lembranças da primeira vez que


a vi inundam minha mente, como uma pintura vívida em tons de

melancolia.

E quando ela partiu do cemitério naquele dia, fiz uma


promessa silenciosa junto à sepultura de sua mãe, e essa promessa
ressoa como um juramento solene todos os dias na minha cabeça.
Capítulo 12: Detidos pelo tesão

Responda a essa mensagem dizendo que não está usando a


minha blusa da sorte para dormir.

Uma risada escapa dos meus lábios enquanto leio a


mensagem que Colin acabou de me enviar.

Com um toque de travessura, tiro uma foto sentada na minha

cama refletida no espelho.

Na imagem, estou com os cabelos meio presos e usando


nada além da blusa impregnada com o seu cheiro. Ela escorre pelas

minhas coxas, solta em mim, perfeita para uma noite de sono.

Respondo: “Sou inocente, não faço ideia do que você está

falando.” Envio a mensagem e logo vejo a informação de que ele


está digitando, surgir na tela. Mordo os lábios, sentindo a

eletricidade no ar, e respondo:


“Vai voltar aqui?” A mensagem é acompanhada por um

sorriso malicioso.

“Eu nunca saí”, responde em seguida, deixando claro que

permaneceu no mesmo lugar.

Caminho até a janela, acreditando que é uma brincadeira

dele, no entanto o vejo estacionado no mesmo local.

Ele sai do carro, e meu coração dispara com sua presença.

Rapidamente, digito: “A rainha do baile está bebendo com as

amigas hienas na sala.”

“Então eu entro pela janela e vamos ter que ser silenciosos”,

a provocação está lançada.

Antes que eu possa negar, meus olhos se fixam nele

enquanto ele habilmente começa a escalar os galhos da majestosa

árvore de carvalho vermelho que vai do chão ao quinto andar,

passando aqui pelo segundo.

Meu coração dispara de ansiedade e excitação ao ver que ele

realmente vai escalar até aqui. Olho rapidamente para a porta, deixo

os ouvidos atentos para as amigas de Megan falando mal dos

professores, e verifico olhando para baixo ao redor, para assegurar


que realmente não há testemunhas no estacionamento deserto
nesta altas horas da madrugada.

Com um misto de nervosismo e desejo, abro o vidro da janela,

para permiti-lo entrar no meu pequeno refúgio.

Um arrepio percorre minha espinha, enquanto me dou conta

de que só posso ter enlouquecido completamente ao me colocar


nessa loucura ao lado dele, e ansiar por isso.

Observo com fascinação enquanto ele se aproxima da árvore

do carvalho vermelho, seus movimentos ágeis e precisos revelando

uma destreza incomum. Os galhos retorcidos se curvam sob seu

peso, como se cooperassem com seu objetivo audacioso de chegar

até mim. Seus músculos tensos e definidos são delineados sob a


camiseta justa, mostrando a determinação em cada movimento.

Com olhos fixos nele, vejo-o alcançar o primeiro galho,

impulsionando-se com destreza e confiança. Cada lugar que ele

toca é calculado, uma dança harmoniosa entre sua habilidade e a

resistência dos galhos. Seus olhos encontram os meus, transmitindo


uma mistura de emoções intensas e me dou conta do quanto ele

traz emoção para a minha vida antes tão pacata.


Enquanto Colin se aproxima do segundo andar do prédio,

meus batimentos cardíacos aceleram, a antecipação e o perigo


entrelaçando-se em um turbilhão de sensações. Sua silhueta se

destaca contra o céu noturno, como um intrépido conquistador que


desafia todas as convenções e limites, sorrio ao imaginar John, meu
personagem, nessa situação e faço uma anotação mental de

escrever algo a respeito em meu roteiro.

Finalmente, ele alcança a altura desejada, pronto para


atravessar a janela e entrar em meu mundo. Sorrimos, e logo em

seguida balanço a cabeça em negativa por esse encontro


clandestino, onde o proibido se torna irresistível.

No momento em que ele coloca um pé no parapeito da janela,


o tempo parece desacelerar, como se a própria realidade segurasse

a respiração, ciente de que ele entrou escondido apenas para me


ver, depois de me dar primeiros beijos inesquecíveis.

É nesse instante, enquanto observo-o passar inteiramente


para dentro de uma maneira inusitada e arrebatadora, que a

adrenalina se mistura com a emoção, e eu me pergunto como


resistir e proteger meu coração conforme prometi a Megan?
— Você é louco! Alguém podia ter visto — reclamo, embora

minhas mãos já estejam segurando seu rosto, puxando-o em minha


direção. — Por que você ficou lá embaixo? Por que não foi embora?

— questiono, enquanto beijo suas bochechas suavemente.

— Por que eu devia ter ido embora?

— Pare de ser enigmático, Colin Prescott. Responda-me —

peço, levantando-me na ponta dos pés para encostar nossas testas.

Seus olhos famintos se fixam em mim, como se lessem todos


os desejos ocultos que possuo. Ele se inclina sobre mim, os lábios

quase roçando minha orelha, sussurrando com luxúria.

— O cheiro doce de baunilha da sua pele misturado com o

almiscarado da sua boceta... Ambos estão impregnados no meu


carro, em minha roupa... eu simplesmente quero mais.

— Colin... — A súplica morre em meus lábios quando os seus

se chocam com fúria, roubando tudo de mim.

Sinto suas mãos fortes explorando minha cintura, deslizando

com possessividade pela curva do meu corpo até alcançarem a


maciez da minha bunda. Um gemido escapa dos meus lábios

enquanto ele apalpa o local com uma urgência primitiva, minhas


pernas fraquejam e sou sustentada de pé por ele.
O som gutural que escapa da garganta de Colin ecoa no
interior do quarto, ressoando como uma nota selvagem que atiça
meus sentidos. Seus dedos apalpam cada parte da minha bunda

como se procurassem por algo, e seus olhos fixam-se nos meus,


carregados de desejo e autoridade.

— Me diga que você está usando calcinha, qualquer coisa


embaixo dessa camiseta. — A pergunta é feita em um tom grosso,

másculo.

— E-eu não sabia que receberia visita, então... não estou


usando nada por baixo — minhas palavras escapam em um

sussurro, revelando minha vulnerabilidade perante ele.

Um grunhido primitivo escapa dos lábios de Colin,

reverberando em minhas entranhas como um eco do desejo


incontido.

Sua mão ergue um pouco da camisa, expondo minhas coxas,

e sei que está me torturando acariciando a bainha e roçando de leve


a minha pele, evidenciando seu domínio sobre mim, no entanto
sinto-me atraente, poderosa, suficiente e quente em seus braços.

Somos um emaranhado de mãos tateando, explorando cada

centímetro de pele exposta, nosso caminhar é descompassado pelo


pequeno espaço do quarto. O ar se torna denso, impregnado de
eletricidade, enquanto nossas bocas se encontram em um beijo
faminto e voraz.

— Colin... — A súplica é desgovernada quando ele resvala de

leve seus dedos na minha intimidade.

— Porra, que boceta molhada, Emma — grunhi. — Tão


escorregadia.

Em meio ao frenesi do momento, percebo que estou sendo

suavemente deitada na minha cama, o colchão macio cedendo sob

o peso do nosso desejo compartilhado. Ele descalça seus sapatos

com uma destreza impressionante, revelando a intensidade que


tudo acontece ao redor de Colin.

Sua figura se ergue sobre mim com uma elegância


predadora, seu olhar ardente fixando-se no meu, repleto de uma

luxúria incontrolável. Enquanto nossos corpos se fundem em um

abraço ardente, as risadas das meninas no cômodo ao lado ecoam

como uma trilha sonora que alimenta ainda mais a nossa


adrenalina, intensificando a chama que arde entre nós.

Os gemidos abafados escapam de nossos lábios,


sincronizados com o ritmo frenético dos nossos corpos
entrelaçados. Não consigo pensar com coerência sobre o quão

errado é o que estamos fazendo.

— Sente tesão por saber que elas podem entrar aqui a

qualquer momento e testemunhar o quanto estou duro por você? —


Sua voz rouca sussurra em meu ouvido, no instante seguinte ele

morde levinho o meu pescoço enviando arrepios eletrizantes por

todo o meu corpo.

Minhas unhas cravam-se em sua pele, marcando-o como

meu, enquanto perco o controle sobre meus quadris que se

contorcem em busca de mais daquela sensação avassaladora que


ele despertou em mim no carro, apenas momentos atrás.

Seus dedos habilidosos deslizam com maestria pela parte

interna da minha coxa, tateando cada centímetro de pele sensível.


Um suspiro escapa de meus lábios, minha respiração se tornando

mais acelerada, errática, revelando o desejo incontrolável que arde

dentro de mim.

Esse toque quente é como uma chama que incendeia minha

pele, deixando-me ansiosa por mais.

— Abra as pernas para mim, Emma. Quero descobrir com a

minha língua os segredos que se escondem entre elas. — Sua voz


é rouca e autoritária.

E em um primeiro momento sinto-me envergonhada, afinal

nunca fiquei nua dessa forma diante de um homem, mas diante de


Colin, e da forma intensa como me observa e comanda, encontro

uma chama ardente que incendeia minha pele e derrete todas as

inibições.

Minha intimidade, no interior das minhas pernas, pulsa em

desespero, e então cedo ao seu comando, e abro lentamente as


pernas, revelando o ponto do meu corpo que mais anseia por sua

atenção.

Abaixa-se pelo meu corpo, e ergue a camisa até a minha


cintura, fixando os olhos verdes no meio das minhas coxas, e

convulsiono excitada ao extremo enquanto vejo sua mão se encher

acariciando sua ereção.

— Você é tão deliciosamente bonita, Emma. Mal consigo

raciocinar ao seu redor. — O rosnado provoca arrepios em minha

espinha, enquanto meus lábios entreabertos deixam escapar


gemidos de pura entrega.

Seus polegares abrem meus lábios vaginais e sua língua

invade o meu clitóris fazendo minha coluna se desprender do


colchão, o barulho é enlouquecedor, estou tão melada, pingando por

ele.

Fico totalmente insana ao senti-lo com a boca quente no lugar

mais sensível e pulsante do meu corpo neste momento. E ele geme

contra mim.

— Humm, que boceta gostosa, Emma.

A língua pincela com suavidade cada dobra, subindo e

descendo, despertando sensações intensas em meu âmago. Se

enfia na minha vagina, a língua entrando e saindo, me esticando,

fazendo-me ter uma noção de como é recebê-lo de alguma forma,


enquanto seu dedo indicador esfrega meu clitóris.

Seguro os lençóis, mas ainda não é suficiente para acabar


com a minha agonia, então penetro os dedos pelos cabelos dele, e

fico ainda mais insana tendo alguma sensação de poder. Meus

olhos reviram, perco o controle do meu corpo, me esfrego sem

pudor na boca dele.

A ansiedade cresce, disparo em uma sinfonia de suspiros e

murmúrios, e ele continua a me cheirar e lamber, como se eu fosse

algo que ele esperou muito tempo para ter e agora não terá pressa
em desfrutar.
— Colin...Ah! — Libero o orgasmo que transborda de dentro

pra fora, e Colin sobe, beijando-me e engolindo meu gemido,

enquanto estou em minha névoa de prazer o vejo se livrar da blusa,

e em seguida da calça jeans, ficando apenas em sua boxer branca.

De repente, a porta do quarto se abre, rompendo o véu de

intimidade que nos envolve. Colin se move rapidamente, cobrindo-

nos com a minha colcha, enquanto tentamos recompor nossas


respirações aceleradas. Ainda estou em um estado de torpor,

incapaz de processar plenamente a situação.

Meu coração dispara, temendo que ela descubra o que estava

acontecendo entre Colin e eu. Ainda estou atordoada demais para

pensar em algo coerente para dizer.

— Estou muito, muito bêbada, Emma — Megan fala de forma

arrastada, entrando no quarto e apagando a luz.

Com movimentos desajeitados, ela sobe para sua cama sem

sequer olhar na nossa direção, e sobe no alto da beliche e se

remexe por alguns segundos até finalmente se aquietar e

adormecer.

Minha mente ainda está em um turbilhão de sensações,

absorvida pelo calor do corpo de Colin e pela paixão que ainda flui
entre nós. Nem percebi quando as amigas de Megan foram embora.

Sussurro baixinho no ouvido de Colin, minha voz misturando-

se com a escuridão do quarto: — Você precisa ir embora.

Ele solta um suspiro suave, seus dedos traçando a lubrificação


escorrendo pelas minhas coxas.

— É o que você quer? — Sua resposta me faz olhar ao redor,


tê-lo sobre mim seminu, enquanto estou totalmente exposta parece

certo demais, e eu não quero que ele vá.

De repente, rompe no quarto o som grave dos roncos de


Megan, que nos arranca risos abafados.

Ainda mergulhados na escuridão, já que recebemos apenas


um feixe de luz da lua, nossos corpos se abraçam, compartilhando

um momento de cumplicidade e risos sinceros. Nossos lábios se

encontram novamente, agora em um beijo suave e lento, como se

soubéssemos que é o momento de nos despedir.

Aproveito a proteção do manto da escuridão, permito-me

explorar o corpo de Colin com minhas mãos, deslizando-as com

suavidade sobre sua pele. Sinto a firmeza de seu peitoral e cada


gomo de seus músculos abdominais enquanto minhas carícias
avançam. Quando chego ao cós de sua cueca, ele solta um suspiro
carregado de desejo, instigando-me ainda mais.

Com um sorriso travesso nos lábios, aproximo-me do ouvido


de Colin e sussurro provocadoramente:

— O piercing... Agora vou descobrir se é lenda ou real. —

Minhas palavras carregam uma mistura de brincadeira e


curiosidade.

Ele responde com confiança, sua voz soando rouca e


carregada de expectativa:

— Vá em frente. Desvende o mistério.

Com mãos ágeis e um misto de excitação e antecipação,

começo a deslizar a mão para dentro da sua boxer.

O toque suave e desafiador desencadeia um turbilhão de

sensações, enquanto me aproximo cada vez mais do objeto do meu


desejo que está empunhado para o lado esquerdo.

Estamos imersos na escuridão íntima e cúmplice, ansiosos por

explorar e descobrir cada detalhe do outro, deixando que o tesão


guie nossas mãos.
Megan se remexe acima de nós fazendo a cama ranger, em
meio a seus murmúrios adormecidos, e a proximidade
compartilhada nesta cama de solteiro com Colin desperta em mim

uma mistura de excitação e medo.

Cada movimento dela aumenta a adrenalina correndo pelas


minhas veias, e então fico com as mãos paralisadas atenta a

movimentação da minha companheira de quarto, enquanto uma


tensão eletrizante toma conta do ambiente.

Embora esteja consciente do risco de sermos descobertos, do

perigo de sermos vistos por Megan em um momento tão íntimo,


meu coração bate em perfeita sincronia com o pulsar do desejo
latente entre as minhas pernas.

É uma dança perigosa entre a urgência do prazer e a


necessidade de discrição, um jogo de emoções contrastantes que

me consome, e atiça.

Enquanto Megan continua a se mexer acima de nós, em seu


sono profundo e alheia à minha visita clandestina que se desenrola

sob o mesmo teto.

Com a calmaria que se instala no quarto, à medida que Megan


volta a apenas roncar tranquilamente, decido que é hora de pôr fim
à minha curiosidade. O mistério que envolve o piercing de Colin
finalmente será desvendado, e a antecipação percorre cada fibra do
meu ser.

Um sorriso brincalhão dança em meus lábios, enquanto minha


respiração acelera e meus sentidos se aguçam. Sussurro em seu
ouvido, provocando-o com um tom sedutor:

— Vamos lá desvendar um dos seus enigmas, Colin Prescott.

Seu olhar cintilante de desejo encontra o meu e a permissão

está concedida, a excitação se intensifica.

Com uma mistura de ansiedade e antecipação, minhas mãos


deslizam com determinação pelo eixo, descendo-o lentamente,

revelando o tesouro oculto.

À medida que meus dedos tocam os longos centímetro de seu


sexo, o sorriso de Colin se alarga enquanto meus lábios entreabrem

surpresos.
Capítulo 13: Prisioneiro do meu
desejo

O sorriso cínico de Colin se alarga, enquanto nossos olhos se

encontram em um misto de cumplicidade e desejo compartilhado.

— Não tenho um piercing, Emma.

— As meninas disseram, eu ouvi.

— Não tenho um, tenho quatro — fala com a voz rouca.

Tateio a parte inferior de seu eixo, e sinto em meus dedos os

quatro pequenos halteres na linha do freio em direção a base do

pênis, que está duro sob o meu toque, a textura é interessante, e


Colin geme sentindo meus dedos, demonstrando o quão sensível é

para ele a região.

— Isso parece incrivelmente prazeroso — sussurro. — Queria

ver com mais luz — reclamo, sentindo sua circunferência e tamanho


avantajado, enchendo o meu punho.

— Já imaginou sentir tudo isso dentro de você?! — A voz é

grossa, rouca em meu ouvido, enquanto acaricio as pequenas bolas

de metal com os dedos.

— É bom?

— Extremamente bom, toque assim... — Coloca a sua mão


sobre a minha e guia-me a tentar fechar a mão no eixo grosso e

longo de seu pau e em seguida começa lentamente a subir e descer

apertando. — Nossa, Emma, não consigo parar de pensar na


sensação da sua boceta tão delicada engolindo o meu pau, subindo

e descendo pelas escadas... — Quando fala a última palavra me faz

tatear cada um dos halteres, e percebo que a haste de metal com


duas pequenas esferas idênticas nas pontas realmente dão a

sensação de degraus de escada.

Sinto-me febril, imaginando cada cenário dito, fantasio sobre

ser penetrada por ele enquanto corremos o risco de sermos pegos,


e isso me faz rebolar no vazio, no entanto, preciso esclarecer algo,

antes que as coisas esquentem ainda mais.

— Colin, eu sou... — Fico envergonhada, e não consigo

terminar a frase.
— Eu sei que você é virgem, Emma. Mas podemos fazer
muitas coisas, ainda assim — diz.

Provando seu ponto, ele nos senta à beira da cama, me

coloca por cima de seu colo e chuta para fora sua cueca presa nas

pernas, ficando totalmente nu.

E seu pênis empunhado para cima se perde entre nós dois,


ele começa a roçar os piercings no meu clitóris, e a sensação do

metal frio na área sensível é deliciosa.

— Isso, Emma, se esfrega no meu pau. — A voz grossa me

faz arfar, e buscar mais contato, mais atrito.

Mordo os lábios para abafar meus gemidos, e logo Colin


morde meu lábio inferior, sugando, possuindo, enfia sua língua na

minha boca quando o abandona, ergue mais a blusa passando-a

pela minha cabeça, fico totalmente nua.

Estou levando as mãos aos seios para tampá-los, mesmo

estando apenas na penumbra, mas ele é mais rápido, aperta meus

dois mamilos enquanto seu pau desliza para cima e para baixo em
meu clitóris, em uma carícia enlouquecedora.

Desce a língua levando-a em meus mamilos e ofego

descaradamente, totalmente perdida em cada uma das sensações


que ele despertou. Suga de forma voraz e remexo embaixo dele.

— Minha. — O escuto declarar em meio a minha névoa de

tesão.

Conforme meu clitóris é estimulado, cresce dentro de mim o


desejo de tê-lo por inteiro, imagino a sensação de ser alargada por
Colin e toda a sua grossura, e a fantasia me leva à beira do

precipício.

— Goze pra mim, Emma — a voz rouca ordena, e me


entrego, sentindo o corpo sacudir pelo impacto do orgasmo que me
invade, ao mesmo tempo em que Colin segura os lençóis com rudez

e crava os dentes em meu ombro, os jatos quentes são sentidos em


minha barriga e coxas.

Sorrio com satisfação ao ver os olhos de Emma se fechando

suavemente, entregando-se a um sono profundo, após o orgasmo


seu corpo relaxou de forma profunda.

Cuidadosamente, sento-me na cama, cauteloso para não a

acordar. Observo seu rosto sereno enquanto me aproximo da blusa


do time de hockey da Boston University jogada no chão. Suas cores

vibrantes, o vermelho intenso contrastando com o branco impecável,


destacam-se na penumbra do quarto.

Com dedos delicados, deslizo a blusa sobre a cabeça e os


ombros de Emma, sentindo o tecido macio e familiar envolvê-la. A

camiseta que ainda exala meu perfume, misturada ao aroma de


baunilha característico dela, cria uma fusão íntima de nossas

essências.

Enquanto ajeito a camisa em seu corpo, em um gesto íntimo

e pessoal, uma maneira de deixar uma marca minha sobre ela,


mesmo na ausência física, e meus olhos deslizam pela silhueta

delicada de Emma, até penso em limpá-la, no entanto, não sou a


porra de um cavalheiro, além do mais ver o meu esperma em sua

pele me deixa totalmente louco de vontade de obrigá-la a andar


para todos os lugares assim, marcada com o meu cheiro, isso é o
quão doente eu sou por ela.
Os traços marcantes da minha passagem estão presentes,
marcas de dentes em seus seios e ombros, e um chupão
provocante em seu pescoço.

Nossos momentos de inconsequência deixaram um rastro

sensual em sua pele, assim como minhas costas ardem pela força
que ela usou cravando suas unhas, tudo isso é uma prova visível do
fogo que ardeu entre nós.

Observo a desordem que criamos, a cama desarrumada e

minha camiseta amassada jogada em um canto da cama, a prova


da nossa intensidade e luxúria. Um sentimento de prazer

acompanha meu corpo, tomo consciência que subir aqui foi a


melhor e mais pecaminosa decisão que tomei em muito tempo.

Satisfeito com o resultado, meu sorriso se alarga enquanto


me preparo para partir. Observo Emma uma última vez, com a

minha camisa a engolindo, adormecida e vulnerável, e um


sentimento de posse e desejo se mistura em meu peito.
Caminho pelo estacionamento da universidade, minha mente
cheia de pensamentos conflitantes sobre o curso que meu pai
insistentemente me empurrou para fazer, após nosso acordo. E,

apesar de começar contrariado, admito que gosto da atmosfera da


universidade, especialmente do hóquei, um esporte que entrou na

minha vida por causa do legado de ex-jogador do meu pai. Cedi às


suas vontades por conta do acordo, mas não posso negar que fiz
amizades sinceras com alguns dos caras do time.

Enquanto destravo a porta do carro, sinto uma presença ao


meu lado e, antes que eu possa reagir, o idiota do Jake aparece na

minha frente. Ele olha para mim com raiva e eu simplesmente não

consigo evitar um sorriso sarcástico, embora meu punho esteja

fechado com força.

— Espero que você não esteja saindo do quarto da minha

prometida, Prescott. — Ele dispara as palavras com ódio, e meu


desprezo se mistura com uma pitada de desafio. — A virgindade

dela é minha! — Eu não consigo me segurar e solto uma risada de

desprezo.

— Vá se foder, Elmore — cuspo seu sobrenome, assim como

ele fez comigo.


— Você não pode roubar a minha prometida — ele rebate,

suas palavras atingindo-me em cheio e ameaçando meu controle.

Meus olhos se estreitam e eu dou um passo em sua direção.

— É mesmo?! — rosno, as palavras carregadas de desafio.

Ele não recua, me encara curioso, provocando-me ainda mais

com suas palavras insolentes.

— Não entendo você. Emma pode até ser gostosinha, mas é

estranha pra caralho. Metade desse maldito campus quer transar


contigo, mas você se recusa a tocar qualquer uma dessas

vagabundas. Está obcecado por Emma. De onde diabos isso veio?

Minha voz sai rude e cortante:

— Você é mais um querendo estar na minha cama, por isso

está cuidando da minha vida, Jake? Se for, dispenso, só fodo


bocetas.

Pego meu isqueiro de prata e acendo a ponta do cigarro,

dando um trago profundo, soltando um xingamento entre os dentes.


O sabor do cigarro na minha boca é amargo, uma forma de afastar o

gosto dela e do seu corpo delicioso que ainda me consomem.

A fumaça serpenteia pelo ar da madrugada, envolvendo-nos

naquele estacionamento deserto. Jake está ali comigo, mas assim


como eu, ele deveria estar ocupado com alguma vadia qualquer.

— Sabe, Elmore, a única razão pela qual eu ainda não te

deixei em coma é porque fazemos parte do mesmo time. E o cara


que te substituiria é um completo inútil, e eu odeio perder —

confesso, deixando claro o aviso implícito. — Então, seja sábio e

mantenha-se o mais distante possível dela. Caso contrário, em um


momento de raiva, posso muito bem esquecer essa motivação e

fazer exatamente o que venho prometendo há algum tempo.

Olho diretamente nos olhos de Jake, desafiando-o com meu

olhar.

— Vou descobrir o porquê de você estar sempre grudado


nela. E quando eu descobrir, nada vai me impedir de reivindicar o

que é meu.

Ele me encara, tentando esconder a concentração em seus

olhos. Mas eu não me importo.

— Tente — desafio, deixando claro que não temo suas


ameaças vazias.

Isso o irrita profundamente. Jake Elmore é como meu pai,


acredita que dinheiro e poder são suficientes para encobrir qualquer
coisa, e essa sensação de impunidade fez com que ele tentasse

tocar em Emma na noite da festa.

Ele acredita piamente que o dinheiro e o poder lhe dão o

direito de pisar em qualquer um, incluindo nela, mas aprendeu da


pior forma a maior lição da vida, sempre existe alguém com mais

dinheiro e poder.

Foi por isso que, além de incendiar seu precioso carro, decidi
chantageá-lo. Mas parece que ele não entende a mensagem e

continua persistindo.

— Estou falando sério, Colin. A virgindade dela é minha,

mesmo que isso seja totalmente ridículo e medieval. Afinal, ela é

estranha, mas será minha esposa, como planejado pelos nossos

pais. Uma união de forças, no seu nível mais alto — ele afirma, com
um brilho nos olhos que só a ganância pode proporcionar.

Eu dou um trago no meu cigarro, tentando conter a minha


vontade incontrolável de dar um soco na cara dele, ganho tempo

lembrando da última conversa que tive com meu pai, assim que saí

da prisão:

— Papai, não poderia estar mais feliz em ouvir sua voz —

debocho, enquanto seguro o celular da advogada em minhas mãos.


Ela me observa com um sorriso contido, sua pele negra brilhando

em seu terno impecável. Parece que passo mais tempo com a

equipe jurídica do meu pai do que com ele mesmo. — A que devo a

honra dessa ligação?

— Você tem noção do quanto sua rebeldia vai me custar,

Colin?!

— Não faço ideia, mas acredito que todo o seu dinheiro sujo

pode pagar por isso.

— Você é realmente um inútil. Eu deveria ter tido mais filhos,

assim suas irresponsabilidades teriam um impacto menor.

As palavras já não me atingem mais. Ele perdeu qualquer

poder sobre mim.

— Ou então, meus irmãozinhos, negligenciados como eu fui a


vida toda, poderiam ser tão rebeldes ou até mais do que eu, e lhe

causariam ainda mais problemas. — Suspiro, fingindo tédio. — Na

verdade, agora que penso a respeito, gostaria de ter tido irmãos. —


Ouço seu suspiro pesado do outro lado da linha.

— Se você aparecer na prisão mais uma vez, verá como eu

destruo a vida dela.


É exatamente isso. Revelar fraquezas diante de Elliot Prescott

é um erro fatal.

Ele não tem piedade, e descobri isso ainda muito novo,

quando tinha apenas sete anos. Em um ato de rebeldia por não ter

visto meus pais durante três meses, afinal o trabalho e as viagens


sempre foram mais importantes do que eu, invadi o quarto dos meus

pais e quebrei tudo, rasguei todas as suas roupas e sapatos, dei

descarga em joias, o desespero me tomou e fui ao extremo para


conseguir ter alguma reação dos meus pais.

E, em retaliação, ele matou meu cachorro na minha frente,

enforcado, ele destruiu a única companhia sincera que eu tinha nos


meses de solidão morando em uma mansão recheada de

empregados agindo de forma mecânica porque tremiam de medo do

patrão.

“Homens como nós, com o nosso poder, não podem ter

fraquezas, aprenda a ser um homem de verdade, Colin.” É o que ele


sempre diz, e é assim que ele me priva de tudo o que amo, e tenta

me fazer uma pedra, sem sentimentos como ele. E eu luto,

buscando emoção em tudo que faço.


A única semelhança que possuímos é que ambos vivemos
em extremos, a diferença é que ele tem uma vida regrada, calculada

e sem sentimentos, e eu vivo como se fosse morrer no minuto

seguinte.

E, assim como eu sei como fazê-lo ceder, ele sabe como

ninguém me fazer parar, e naquele dia no cemitério, Elliot descobriu


a minha fraqueza: Emma Rollins.

— Não me importo com a garota. Destrua como quiser a vida

dela. Foda-se! — Desligo, e entrego o celular para a advogada,


completamente transtornado.

Este é o meu jeito corrompido de salvá-la.

A advogada do meu pai tenta intervir, e dizer o quanto meu

pai é preocupado com o meu futuro, que ele me ama, e se eu não


estivesse tão irritado, estaria rindo da cara dela.

— Você diz isso porque ele não é seu maldito pai. — Eu a


dispenso com um gesto impaciente.

E como num passe de mágica, ouço a voz doce de Emma


ecoar no ambiente. Ela está na delegacia, tentando obter

informações sobre mim.


Caminho com confiança em sua direção, e embora saiba que
ela não deveria estar aqui, não deveria se importar comigo. Ela
precisa ficar longe de mim, pois sou totalmente corrosivo, uma

verdadeira ameaça para a sua vida. No entanto, meu coração


acelera ao saber que ela se importa, que veio atrás de mim, que
quer me ajudar.

— Colin! — Entrego meu nome a ela que tenta me descrever à


atendente.

Faço isso mesmo sabendo que deveria ter partido sem que ela

me visse. Mesmo sabendo que ela precisa se afastar de mim, por


tudo que fiz à família dela, por tudo que a minha família ainda pode
fazer para destruí-la ainda mais.

No entanto, a maldita atração que sinto por essa garota me faz


observar cada detalhe. Seu corte de cabelo combina perfeitamente

com suas madeixas escuras, e não posso deixar de notar como ela
fica extremamente sexy em um simples jeans e regata.

Meus olhos percorrem seu corpo, e fecho as mãos em punhos

para controlar a vontade de tocá-la, sentir sua pele na minha palma.


Ainda não me acostumei com o fato de que agora ela olha para
mim. Durante tanto tempo fiquei nas sombras, observando-a de
longe, apenas vendo seu perfil ou suas costas. Ter seu olhar
direcionado para mim ainda é intimidante.

Emma gira em minha direção, seus olhos fixos nos meus. O

desejo queima em meu interior, lutando contra minha razão. Eu sei


que devo afastá-la, protegê-la dos perigos que me cercam, de quem
eu fui, de quem eu sou e do que posso ser, mas a conexão entre

nós é irresistível.

E agora aqui estou eu, de pé, tragando meu cigarro e


encarando a cópia barata do meu pai. Um sorriso irônico se

desenha em meus lábios, pois se não permito que Elliot Prescott


use minhas fraquezas contra mim, certamente não será esse projeto

de merda chamado Jake Elmore que conseguirá.

“Homens como nós, com o nosso poder, não podem ter


fraquezas, aprenda a ser um homem de verdade, Colin.”

Relembro um dos ensinamentos tóxicos do meu pai, e respiro

fundo, apago o cigarro e o jogo na lixeira. Semicerro os olhos, e


adoto meu olhar ameaçador, e o cara à minha frente pode sentir o
impacto, seu corpo inteiro se retrai diante de mim.

— Sabe de uma coisa, Jake? Estou cansado de você e de


todas as suas merdas. É uma pena que sua família tenha que pagar
por suas péssimas escolhas. — Faço uma pausa, fingindo uma
tristeza sarcástica enquanto repuxo os lábios. — Transmita minhas

lembranças ao seu querido papai — debocho, e sem demora, entro


no meu carro e dou partida.

Se tem uma coisa que aprendi com meu pai é como ferir sem

piedade. Afinal, eu vi o pior do ser humano em seus olhos enquanto


observava meu cachorro lutando pela vida. E foi o mesmo sadismo
que vi no olhar de Jake após sua tentativa de tocar em Emma na

festa. Agora, enquanto olho para o retrovisor, percebo que também


possuo esse mesmo sadismo ao pensar nele tocando Emma.

Lembro dos seus gemidos suaves, as mãos curiosas tateando

e conhecendo meu corpo, os lábios afoitos me beijando com a


pressa de quem esperou tempo demais para ser beijada, e porra!
Eu odeio que terá que ser justamente eu a machucá-la.
Capítulo 14: Degraus da prisão
do desejo

Observando atentamente Colin durante o jogo, seu corpo ágil

e habilidoso deslizando pela quadra que, Megan já me corrigiu, que


se chama rinque de hóquei. Ao mesmo tempo, não posso deixar de

notar Jake, movendo-se com destreza e agressividade, deixando


claro o seu estilo de jogo. Os dois jogadores parecem estar
constantemente envolvidos em confrontos tensos, trocando olhares

desafiadores que demonstram uma rivalidade intensa, mesmo os


dois sendo do mesmo time.

As arquibancadas ao redor da quadra estão repletas de fãs


apaixonados, cujos gritos e aplausos ecoam pelo ambiente, criando

uma atmosfera eletrizante. A energia é muito boa, e a cada jogada

emocionante, a torcida se manifesta com um entusiasmo que


contagia.
— Incrível como eles dominam o gelo, não é? — comento,

desviando o olhar por um momento para Megan ao meu lado.

Ela assente, com os olhos fixos na quadra.

— É impressionante mesmo. A velocidade, a agilidade...


Parece até que estão desafiando as leis da física.

A iluminação intensa destaca o contraste entre a superfície


branca do gelo e as linhas que demarcam o campo de jogo. O som

dos patins deslizando rapidamente sobre o gelo se mistura ao

impacto dos tacos atingindo o pequeno disco de metal. É um


espetáculo visual e sonoro que cativa a atenção de todos os

presentes.

Para mim, que é a minha primeira vez assistindo a um jogo de


hóquei sobre o gelo, essa experiência é fascinante. Impressiona-me

ver como os seis jogadores de cada time se movimentam

rapidamente, aproveitando a fluidez do gelo para acelerar suas

jogadas. As tacadas no disco atingem velocidades impressionantes,


percorrendo longas distâncias em questão de segundos.

O objetivo principal do jogo é marcar o maior número de gols

possível. A velocidade e a intensidade do hóquei sobre o gelo o

tornam um dos esportes mais rápidos e dinâmicos do mundo. No


entanto, também é conhecido por sua natureza física e agressiva,
sendo um jogo no qual a competitividade muitas vezes se

transforma em confrontos brutais. Enquanto Jake mostra sua

agressividade em campo, Colin, como goleiro, assume uma posição

mais protegida na área do gol, pronto para defender sua equipe

contra os ataques adversários.

— Parece que ele nasceu para isso. O jeito como ele se


movimenta no gelo é tão natural — falo, olhando fissurada para

Colin. Megan sorri.

— Há quem diga que o hóquei corre nas veias da família

Prescott. O pai de Colin também era um jogador excepcional, dizem

que seus antepassados também eram.

No meio desse ambiente empolgante, fico dividida entre

torcer por Colin e preocupar-me com sua segurança diante da

ferocidade de Jake. Enquanto o jogo se aproxima de seus últimos

dez minutos, o suspense e a emoção aumentam, deixando-me

ansiosa para descobrir o resultado final dessa partida intensa.

A quadra é ampla, com medidas precisas que delimitam as

áreas de ataque e defesa. Ao redor, as paredes são expostas por

painéis de vidro transparente, permitindo uma boa visão de todo o


movimento. O ar está frio e o cheiro característico do gelo fresco

paira no ambiente.

Os jogadores do time se movem com coordenação e

estratégia, passando o disco de um para o outro, lançando-o em


direção ao gol com velocidade e precisão. A combinação de técnica,

velocidade e trabalho em equipe é uma visão impressionante de se


admirar.

Meus olhos se fixam onde está Colin, vestindo seu uniforme

de jogo com as cores vermelhas vibrantes da Boston University. Seu


corpo atlético se movimenta com agilidade e determinação enquanto
ele se posiciona guardando as redes usando muitos equipamentos

de proteção: capacete, protetor bucal, protetor de pescoço,


ombreiras, luvas, cotoveleiras, joelheiras, caneleiras. Seus reflexos

rápidos e precisos são evidentes em cada defesa que realiza.

Apesar de não entender os detalhes técnicos do hóquei,


consigo sentir a paixão e dedicação de Colin pelo esporte.

Enquanto o jogo prossegue, posso sentir a energia


contagiante que envolve a quadra. Os aplausos e encorajamentos

dos treinadores e companheiros de equipe preenchem o ar,


incentivando cada jogador a dar o seu melhor.
É um ambiente de trabalho árduo, mas também de

camaradagem e espírito de equipe.

— Você vai continuar escrevendo nisso? São os momentos


finais do jogo. — Enquanto Megan grita entusiasmada e torce por

Kaiden, eu me concentro em finalizar o roteiro que preciso entregar


antes das provas finais. Sentada ao lado dela, tento me isolar do
barulho da quadra de hóquei e das emoções fervorosas que

envolvem o jogo.

— Não entendo nada do jogo, mas entendo do roteiro que


preciso finalizar antes das provas finais — resmungo.

— Vai, Kaiden! — Ela grita a plenos pulmões, para o capitão


do time.

— Achei que vocês dois não se curtissem — comento.

— Ele é um babaca, mas é um gostoso. — Suspira com os

olhos pregados nos caras em ação na quadra. — Você vai aprender


isso com o tempo, porque o Colin não é muito melhor que isso.

Enquanto ela se distrai com o jogo e os jogadores em


movimento, volto minha atenção para o roteiro em minhas mão,

porém, não consigo parar de pensar que desde o quente e


inesperado encontro com Colin em meu quarto, não nos vimos
novamente.

Julgo que ele tem estado ocupado com os intensos treinos


para esse jogo, já que não me mandou uma mensagem sequer, e

não o encontro no lugar que ele devia estacionar, enquanto isso, lido
com as preocupações do meu pai em relação à investigação dos
bens da família Elmore.

Uma denúncia anônima desencadeou a investigação, e meu

pai está em pânico, temendo que isso possa afetar sua posição. Os
últimos dias têm sido cheios de estresse e preocupações, enquanto

tentamos entender o impacto dessa situação em nossa vida.

Apesar de tudo, tento me concentrar no roteiro, escapando

um pouco das turbulências ao meu redor. O barulho das torcidas, os


gritos de Megan e o pulsar de adrenalina na quadra são apenas um

pano de fundo para as palavras que preenchem minha mente, a


primeira transa entre Ana e John. Desde a noite em meu quarto,

ando inspirada para escrever algo ousado para os dois.

Sigo buscando uma forma de trazer com que os dois

consigam sentir prazer mesmo em meio a história de tragédias que


os cercam, enquanto o jogo chega aos seus momentos finais e a
torcida se intensifica.

— Isso, Colin! — Megan grita, e meus olhos conseguem


pegar a defesa deslumbrante que ele faz.

Enquanto Megan continua a torcer fervorosamente pelos

caras, uma mistura de emoções me invade. Embora tenhamos nos


aproximado recentemente, eu ainda não consigo decidir se devo

confiar completamente nela. Suas palavras sobre Colin ecoam em


minha mente, deixando uma semente de dúvida em relação a ele.

Um babaca que também é gostoso, até aqui ele foi realmente

gostoso, porém um babaca tentando sempre me afastar.

Enquanto foco o olhar no caderno em minha mão, minha

mente vaga para o encontro tumultuado com Colin em meu quarto.

Lembro-me de sua presença dominante, da atração explosiva que


crepitou entre nós, no incrível orgasmo que me fez atingir, afinal a

sensação de me masturbar não chega aos pés do que ele

despertou.

No entanto, desde aquele momento, ele tem estado ausente,

fugindo de mim, e existe uma intuição que me diz que ele está se
afastando, e não consigo entender por que ele me enxerga como

um território proibido em seu mapa.

O apito final soa e o jogo chega ao fim, a quadra é tomada

por uma explosão de manifestação. Os jogadores se abraçam,


pulam de alegria e erguem os tacos em triunfo. A torcida vai ao

delírio, enchendo o ambiente com gritos e aplausos

ensurdecedores.

Eu observo Colin no meio da celebração, eles estão

classificados, seu rosto transborda de felicidade e orgulho. Os

companheiros de equipe o cumprimentam com tapinhas nas costas


e sorrisos de satisfação, exceto Jake, ele segue direto para fora da

quadra sem falar com ninguém, sem fazer parte da conquista

coletiva que enche o ar de um espírito de união e camaradagem.

Acredito que seja pela situação complicada de sua família, no


entanto, ao passar por Colin, ele o empurra com brusquidão e em

seguida some da vista da quadra.

— Você vai na festa após o jogo na casa do Colin, né?! —

Megan pergunta, empolgada, enquanto nos levantamos prontas

para nos afastarmos da quadra, fico reflexiva sobre a atitude de


Jake, mas acredito que seja ainda pelo carro dele que ateamos

fogo.
Olho para Megan, surpresa pela pergunta repentina. Colin

não me avisou da festa. A proposta me deixa um tanto

desconfortável, já que minha relação com ele é complexa e incerta.


A ideia de frequentar uma festa onde ele não me convidou

diretamente desperta um misto de curiosidade e apreensão.

— Vamos, Emma! As festas do Colin são muito boas, e mais


privadas, apenas os caras do time que levam um ou dois

convidados.

Eu hesito por um momento, ponderando sobre a situação.

Será que devo ir à festa sem um convite direto dele? Por que ele

não me chamou? Será que algo que eu fiz não o agradou aquela

noite? No entanto, a curiosidade e a vontade de desvendar os


mistérios que cercam nosso relacionamento falam mais alto.

— Acho que sim, Megan. Seria legal ir à festa e comemorar a


vitória do time com todos — respondo, tentando manter a minha voz

confiante, apesar das dúvidas que pairaram na minha mente.

Não posso evitar um leve desconforto ao pensar em depender


da boa vontade de outra pessoa para entrar na festa de Colin.

— Tudo bem, então. Vamos no carro de Kaiden — responde,


e tento parecer despreocupada, mas a verdade é que estou curiosa
para descobrir como Colin irá reagir à minha presença na festa, se

vai me ignorar, ou será que ele estará com outra?

Passo a mão em minha blusa observando a minha escolha de

roupa para vir ao jogo e agora partir para a festa na casa dele.

Estou usando uma jaqueta de couro preta justa, com algumas

tachas e patches de bandas icônicas. Por baixo, coloquei a blusa

dele oficial do time. Combinei com uma calça jeans skinny rasgada
nos joelhos e um par de botas pretas de salto alto. Meus cabelos

escuros caem em cascata pelos ombros com ondas suaves que

Megan fez no baby liss.

Enquanto analiso meu visual, Megan passa à minha frente,

trazendo consigo um brilho glamoroso e uma aura de popularidade.

Seu vestido rosa pastel revela sua preferência pelo estilo patricinha,
com babados delicados e um cinto fino marcando sua cintura. Seus

cabelos loiros estão impecavelmente arrumados em um penteado

sofisticado, e seus olhos brilham com uma maquiagem impecável.

— Você acha que estou apropriada para a festa? — pergunto

segurando-a pelo braço e desço o olhar pelo meu corpo.

— Uau, Emma, você está arrasando com esse visual roqueiro

que também é da garota do goleiro! — Megan exclama, admirando


meu olhar.

— E-eu não sou a garota de ninguém — defendo-me, mas

gaguejo de forma tímida, e ela dá de ombros.

— Seu estilo é tão único e autêntico, as pessoas tem

comentando que talvez tenha sido isso que o conquistou. Tenho


certeza de que vai chamar muita atenção na festa, principalmente

do camisa 7 — diz, apontando para o número estampado na camisa

que uso.

— Estamos dando um tempo, eu acho — esclareço.

— Como te disse, babaca. — Ela revira os olhos.

Eu sorrio, agradecendo o apoio dela. E embora nossos estilos

sejam opostos, me sinto na obrigação de apoiá-la também.

— E você, Megan, está deslumbrante como sempre. Esse

vestido é perfeito para você, realçando sua elegância e charme.

Tenho certeza de que o capitão vai ficar impressionado. — Rimos,


cúmplices.

Passamos por um grupo de garotas deslumbrantes em

suas roupas de grife e maquiagens impecáveis, fico incrédula


que Colin realmente se interesse por mim enquanto vejo as

garotas gritando histéricas o seu nome.


— Colin!

— Ele podia me agarrar com o mesmo ímpeto que

defendeu hoje.

Observo o grupo de garotas que estão enlouquecidas


gritando o nome de Colin, e não posso evitar soltar uma

resposta sarcástica.

— Ele deve ter ficado com todas elas — digo, com um

tom de desânimo. No entanto, Megan me surpreende ao

balançar a cabeça negativamente.

— Colin nunca se envolveu com ninguém da

universidade. Kaiden disse que ele tem uma fixação por uma

garota, mas não sei, acredito que seja alguém do seu


passado. — Ela dá de ombros, deixando um ar de mistério

pairar no ar.

Meu coração dispara e uma onda de ciúmes instantânea


me atinge. Quem será essa garota que ocupa os pensamentos

de Colin? Fico intrigada e determinada a descobrir mais sobre

essa conexão misteriosa que ele parece ter.

Sinto uma pontada de orgulho por eu ser a única que

ele se envolveu aqui, misturada com uma dose de


preocupação. Afinal, a última foto que ele postou foi na
madrugada que saiu do meu quarto.

A imagem que Colin postou em sua rede social deixou minha


mente em chamas. Era uma foto sua intrigante, mostrando a pele

com tons arroxeados, e instantaneamente lembrei-me de ter sido eu

quem causou aquelas marcas em sua pele.

Meu rosto ruborizou ao ver aquilo, mas foi a legenda que me

arrebatou: "Louco para vê-la subir e descer cada degrau da minha

escada".

Os comentários dos seguidores eram diversos, e um deles,

vindo de seu amigo Kaiden dizia: "Uau, isso foi quente!". Outro
comentário insinuava: "Essa gata adora mesmo deixar suas

marcas".

Mesmo sabendo que as pessoas não tinham conhecimento

de que fui eu a responsável por aquelas marcas, ainda assim, senti


uma mistura de vergonha e excitação ao relembrar daquela fatídica
noite.

No entanto, a revelação de Megan faz tudo mudar. Apesar


dele ser um dos caras mais cobiçados no campus, ele nunca se
envolveu romanticamente com ninguém da B.U. Essa informação
me fez perceber que, apesar do burburinho sobre seu piercing,
somente eu sei como são e entendo a referência profunda por trás
da legenda que ele postou.

A frase sobre subir degraus da sua escada ganha um novo

significado para mim, pois fui eu quem experienciou essa intimidade


com ele. Essa conexão exclusiva entre nós é algo especial, uma

parte oculta da história que apenas eu compreendo.

Após aquela noite intensa, fiquei tão curiosa que decidi


pesquisar sobre o piercing genital conhecido como “escada de
Jacob”.

À medida que lia, descobri que esse tipo de piercing vai além
da estética, proporciona também prazer adicional durante a
intimidade. Os quatro piercings ao longo do eixo peniano criam uma

estimulação adicional durante o ato sexual, aumentando a


sensibilidade e proporcionando uma experiência única tanto para o
homem quanto para a parceira.

Não posso negar que, ao ler sobre esses detalhes, minha


mente se encheu de pensamentos ousados e meu corpo se aquece
com a ideia do que Colin pode me fazer experimentar e das

sensações que ele pode me fazer vivenciar.


A descoberta desperta em mim um misto de curiosidade e
excitação, alimentando ainda mais a atração que sinto por ele.

E também despertou meu interesse e minha mente começa a

divagar, imaginando o motivo pelo qual Colin escolheu fazer esse


piercing específico.

Será que o que fizemos naquela noite tem alguma ligação

com suas palavras na legenda da foto?

Eu sei que, se algum dia existir a chance de nos envolvermos


novamente, será uma experiência intensa e repleta de prazer.

Enquanto aguardo o momento certo para explorar esse

território desconhecido com Colin, guardo esses pensamentos só


para mim, sabendo que somos os únicos a compreender o
significado por trás da referência dos degraus e escadas. Essa

descoberta nos une em um segredo íntimo e misterioso,


fortalecendo ainda mais a chama que arde entre nós.

Com nossos estilos contrastantes, nos preparamos para

enfrentar a festa juntas. Cada uma de nós trazendo uma


personalidade única para a ocasião, prontas para aproveitar a noite
ao nosso próprio modo.
Capítulo 15: Preso nas tensões
do rinque

No estacionamento a céu aberto, o clima de euforia toma

conta do lugar enquanto pessoas espalhadas pelos arredores


comemoram a vitória do time. A música alta e as vozes animadas

preenchem o ar, criando uma atmosfera festiva.

Caminho ao lado de Megan, que parece estar no seu habitat


natural, enquanto se posiciona no meio dos jogadores do time que
se encontram reunidos ao redor de um caminhonete.

Eu me aproximo do grupo, sentindo-me pequena em meio ao


mar de músculos. Os jogadores riem e brincam uns com os outros,

exibindo uma camaradagem que nunca tive com ninguém, e de

repente os invejo por isso. Observo Colin de relance, com um


sorriso amarelo no rosto enquanto recebe os cumprimentos de um

de seus colegas.
Desvio o olhar dele e foco no momento em que Megan abraça

Kaiden, e os dois selam os lábios na frente de todos. Enquanto isso,


a maioria age naturalmente e o restante apenas ignora e eu me

sinto um tanto deslocada no meio do grupo de atletas imponentes,

ainda vestidos com seus uniformes suados e intimidantes.

— Ei, capitão, tem um lugar para a Emma ir conosco? —

Megan pergunta, direcionando-se ao capitão do time. Os olhares se


voltam para ele, esperando a resposta.

Antes que ele possa responder, Jake, com sua postura

provocativa, ainda muito suado e com o rosto avermelhado, sugere:

— Se Emma quiser, pode vir no meu colo. — Suas palavras

totalmente inapropriadas são seguidas por risadas maliciosas, e


antes que eu possa reagir, Colin irrompe na minha frente e o agarra

pelo colarinho.

— Ficou maluco, porra! — explode, sua voz transbordando

fúria contida, e apesar de odiar vê-lo entrar em uma briga por mim,
confesso que aprecio a sua defesa.

No entanto, Jake não recua, encara Colin com insolência,

provocando-o ainda mais com um sorriso mórbido nos lábios.


— Você cuida tão bem da sua garota que ela precisa pedir
carona para outro cara, babaca! — As palavras dele são cortantes,

lançando uma faísca no ar carregado de tensão, até penso em

entrar no meio, no entanto os caras são realmente grandes e brutos,

eu seria destroçada.

Kaiden, visivelmente desconfortável com a situação, intervém,

separando os dois, os empurrando.

— Parem agora, caralho! — Kaiden grita, sua voz ecoando

pelo estacionamento, buscando acalmar os ânimos exaltados. —

Somos uma equipe, parem de brigar.

— Emma, vai comigo — Colin ordena com autoridade, seus

olhos fixos nos de Jake que revira os olhos em resposta. A


intensidade do momento é palpável, repleta de emoções conflitantes

e uma atmosfera carregada.

Em meio ao turbilhão de sentimentos e confusão, sinto uma

ferida aberta em meu peito. A ausência de Colin tem me magoado

profundamente, e essa disputa acirrada só serviu para aumentar


minha decepção. Minhas mágoas estão à flor da pele, mas não

posso permitir que minha vulnerabilidade seja exposta perante

todos.
Diante dos olhares curiosos e apreensivos guardados para

mim, tomo uma decisão impulsiva, desejando expressar minha


insatisfação de forma inquestionável.

— Pois eu prefiro ir com Kaiden, se tiver vaga no carro. —


Minhas palavras são firmes, embora meu coração esteja pesado de

tristeza.

O silêncio se instaura no ar, as expressões perplexas e


surpresas estão estampadas nos rostos ao meu redor.

— Viu?! Eu acho que na verdade ela prefere ir no meu colo —


Jake insinua, não perdendo a oportunidade de inflamar ainda mais a

situação.

Deus! Por que ele precisa ser tão babaca?

Kaiden, sabiamente, segura Colin antes que ele possa reagir


impulsivamente. Minha paciência atinge seu limite com Jake, e a
raiva ferve em minhas veias.

— Cala essa boca maldita, Jake! — vocifero, desejando

silenciar suas palavras venenosas. — Tudo o que o seu pai não


precisa agora é lidar com a sua cara arrebentada.

— Você acha que o seu namoradinho obcecado vai me


arrebentar?
— Se ele não fizer, faço eu. Ou esqueceu do que eu sou

capaz quando estou com raiva? — ameaço, e todos ao redor


debocham de Jake que fica ainda mais furioso, vejo em seu olhar o

ódio fervilhar.

— Emma, por favor, leve o Colin daqui. — Kaiden, assume o


papel de mediador, intercedendo e faz um pedido direto para mim.
— Vá com ele, por favor, precisamos melhorar os ânimos, e ele vai

socar a minha cara se eu aceitar levar você.

Encaro os olhos verdes de Colin que mostram a fúria contida,


incitando-me a recuar e evitar que a situação se agrave. Afinal, ele

já pagou um preço alto por minha causa, uma noite na prisão, e não
desejo que isso se repita.

Gradualmente, a multidão começa a se dispersar, alguns


entrando em seus carros, outros dirigindo-se à festa pós-jogo na

casa de Colin.

— Deixa de ser covarde, Kaiden. — Megan dá um soco leve


no ombro do amigo de Colin. — Emma, pode ir conosco — ela me
chama, acenando para que eu me junte a eles.

A hesitação me envolve, pois não sei se devo me envolver

ainda mais nesse mundo de confusão e emoções tumultuadas. No


entanto, algo dentro de mim é impulsionado a aceitar o convite.

— Vamos, Colin. — Dirijo-me a ele, buscando desviar sua

atenção de Jake e direcioná-la para mim. — Eu vou com você, me


tira daqui — sussurro em seu ouvido, e assim consigo fazer com

que me dê atenção.

O olhar dele se conecta ao meu, e por um breve instante,


consigo ver a complexidade de suas emoções refletidas em seus
olhos.

Consigo puxar Colin até próximo de seu carro, mas seus

olhos cheios de raiva se fixam em mim.

— Por que você queria ir com Kaiden? — a pergunta sai de


seus lábios com um tom de incredulidade.

Respiro fundo, e tento conter as lágrimas que ameaçam


escapar, e o encaro.

— Porque você me beijou e depois simplesmente


desapareceu, como se eu fosse insignificante. Se você não está

interessado, tudo bem, mas não precisa se afastar assim, você vai
dar uma festa e nem teve a decência de me convidar — pressiono

meu indicador contra seu peito, lutando contra a dor que dilacera
meu coração. — Isso machuca, sinto-me como se não fosse nada,
depois de você me iludir que eu era importante pra você.

Ele se aproxima, pega meu rosto com suas mãos fortes,


nossas testas se encostam e sinto sua musculatura quente contra

minha pele. Aproveito a proximidade para inalar seu cheiro, que é


idêntico ao homem que me persegue. A mistura de medo, desejo e

confusão permeia o ar entre nós.

— Emma... — ele sussurra meu nome, sua voz carregada de


emoção. — A festa não é importante, você é. — As palavra me

fazem negar com a cabeça.

— Você está mentindo, você me afasta, me esconde


verdades, eu não significo nada pra você, Colin.

— Pensei em você a cada minuto desses dias que estive


longe — insiste.

Meus olhos buscam os dele, ansiando por uma explicação,

por um motivo para tanta aflição.

— Então por que você me afasta, Colin? — Minha voz treme,

revelando a dor e a confusão que me consomem. Ele hesita por um


instante.
— Isso aqui, nunca vai ter um final feliz — responde com

sinceridade. — Eu não sou o cara certo para você, Emma.

Minhas mãos tremem, mas uma força interior me impulsiona a

lutar por nós, pelo que sentimos desde o primeiro olhar, na chama
que crepitou entre nós no primeiro momento e se transformou em

um incêndio trazendo caos a todos ao redor. Isso é o que somos,

incêndio e caos ao redor.

— Isso é uma escolha que eu faço, Colin — esclareço,

decidida a deixar claro o que realmente desejo. — Eu decido quem

é o cara certo para mim. Não o meu pai, não o Jake, nem você.
Essa escolha cabe a mim. Estou farta de ordens sobre a minha vida,

são as minhas escolhas!

Sem mais palavras, colo nossos lábios em um beijo


desesperado e cheio de saudade. Meus dedos se enroscam em

seus cabelos enquanto mordo seus lábios com intensidade,

expressando toda a minha saudade, necessidade, minha raiva e


meu rancor.

Nossos lábios se movem freneticamente, o gosto metálico de

sangue surge, e continuo beijando-o e buscando conexão e


entendimento. As mãos de Colin deslizam pela minha cintura,
apertando-me contra ele, enquanto as minhas se agarram os seus

ombros, em um esforço para nos manter unidos.

O meio das minhas pernas pulsa com a lembrança da noite


que estive nua em suas mãos, e fico sedenta por mais, afinal, provar

seus beijos, sentir seu toque, é viciante.

Quando finalmente nos separamos, nossas respirações estão

descompassadas e nossos olhares se encontram. O verde floresta

de Colin é carregado de uma mistura de arrependimento e desejo,


enquanto o meu transmite a necessidade de entender o que

realmente está acontecendo entre nós.

— Emma, eu... eu vou te machucar, saiba disso — ele


confessa, com a voz trêmula e sincera, em mais um de seus

enigmas.

Meus dedos deslizam pela mão de Colin, entrelaçando-se

com os dele, transmitindo meu apoio e a minha falsa compreensão.

— Nada machuca mais do que aguentar a sua ausência. Eu


quero estar com você — respondo, buscando a coragem para

enfrentar nossas próprias barreiras.

Colin leva seus dedos aos meus lábios, acariciando-os

suavemente. Seu toque é delicado, mas repleto de um desejo


incontrolável. Sinto-me cativa sob o olhar intenso e penetrante dele,

enquanto sua mão segura minha mandíbula com uma leve pressão,
ele sempre tenta me dominar, e eu sempre tendo a ceder.

Passo a língua pela ponta do seu polegar, e ouço o seu


rosnado: — Minha. — Suas íris escurecem enquanto observa meus

lábios acariciando seu dedo. — Repita que quer estar comigo. Diga

que nada dói mais do que ficar distante de mim. — Sua voz é um

fio, e sua mão possessiva segura-me pela mandíbula enquanto os


olhos verdes vasculham os meus parecendo duvidar que isso é

verdade.

Por que ele não acredita que sua presença é importante?

— Eu quero, mais do que tudo, quero estar com você, Colin.

Eu não quero nenhuma distância entre nós — confesso.

Colin fecha os olhos por um momento, como se estivesse

lutando contra seus próprios demônios internos. Quando ele os abre


novamente, vejo a intensidade em seu olhar.

— Eu não mereço você — ele declara, seus olhos brilhando

com determinação.

— Mas eu sou sua — digo e é o estopim para que sua boca

colida com rudez com a minha em um beijo longo e possessivo.


Nossos corpos se aproximam, buscando uma fusão completa,

enquanto o mundo ao nosso redor parece desaparecer. Suas mãos

apertam minha polpa da bunda e sinto a ereção crescente roçar em

minha barriga, o rosnado animalesco que ele emite se mistura com


os meus gemidos.

— Precisamos de você pra começar a festa, porra! — A voz


de um dos caras surge ao longe.

Colin mantém seus lábios grudados nos meus, incapaz de se

separar desse beijo intenso e cheio de paixão. Sua voz, abafada


pela proximidade, ecoa em um grunhido rouco.

— Você passa a noite comigo — ordena, transmitindo um


desejo incontrolável em suas palavras.

Eu o encaro, um sorriso travesso brincando em meus lábios,

desafiando-o sutilmente.

— Isso não soa como um pedido, Colin Prescott — cantarolo,

aproveitando o momento para provocá-lo.

Ele franze o cenho, lutando para encontrar as palavras certas

no meio à intensidade do momento. Parecendo frustrado com sua

falta de jeito em expressar seus desejos.


— Merda, não sei fazer essas coisas, Emma — confessa,

mostrando sua vulnerabilidade.

Aproveito a oportunidade para brincar com ele, mostrando

que também tenho minhas exigências.

— Certo, bad boy mimado, que tal começar me perguntando

se quero passar a noite contigo? — provoco, buscando equilibrar o

jogo de poder entre nós.

Colin parece disposto a seguir o jogo, e tenta se expressar da

forma que consegue.

— Diga que quer passar a noite comigo, Emma. — Seu olhar

suplica, misturando desejo e insegurança.

Eu não consigo conter o riso, me divertindo com sua tentativa

falha de ser gentil.

— Certo, isso é um começo... — brinco, provocando-o ainda


mais. — Se você for um bom garoto, posso pensar a respeito.

Aproveito sua distração momentânea, escapo do seu agarre


possessivo e corro em direção à porta do banco do carona.

— Agora, coloque essa máquina em movimento — exijo, com

uma pitada de desafio em minha voz.


Colin, embora surpreso com minha fuga, não demora a reagir.
Desafio-o com um olhar malicioso, ansiosa para ver até onde ele irá

para conquistar minha companhia durante a noite.

E aí está, o sorriso provocante que molha calcinhas que só

ele é capaz de lançar, encarando-me com uma pitada de diversão.

— Você está me desafiando, Emma Rollins. Mal sabe o que

está por vir. — Destrava as portas com um clique, e caminha

lentamente em minha direção, sorrio vendo o volume extenso da

sua ereção e quando estamos muito perto, ele apenas abre para
mim a porta, em seguida dá a volta no carro e entra no banco do

motorista, e logo o motor ronca, anunciando nosso início de jornada.

Enquanto a estrada se estende à nossa frente, sinto uma

mistura de ansiedade e antecipação.

Caminho com passos firmes pela calçada, sentindo o eco


acelerado dos meus batimentos cardíacos nos ouvidos, enquanto
me aproximo do majestoso prédio de apartamentos. Sua fachada

imponente revela um estilo moderno e luxuoso, que contrasta com a


simplicidade do meu cotidiano.
A festa com os caras do time e as pessoas populares do
campus é um mundo completamente diferente do meu, e estar ao
lado de Colin apenas intensifica a sensação de estar em um lugar

desconhecido. Em um gesto involuntário, meus dedos se fecham ao


redor dos dele, buscando um pouco de conforto para acalmar meu
coração palpitante.

Ao adentrar o prédio, sou recebida pelo ar fresco e sofisticado


que permeia o ambiente. O som suave do elevador me acompanha
enquanto subo lentamente até o quinto andar que é correspondente

ao apartamento de Colin.

Cada segundo parece se arrastar como uma eternidade,


aumentando ainda mais a tensão que paira no ar e alimentando

minhas dúvidas sobre o que está por vir.

As portas do elevador deslizam com um sussurro suave,


revelando um corredor elegantemente decorado. Cada passo que
dou ecoa pelo piso de mármore, intensificando a sensação de

caminhar em direção ao desconhecido.

Minhas mãos começam a suar, um sinal evidente do


nervosismo que me consome, à medida que me aproximo da porta
do apartamento dele. Paro por um momento, inspirando fundo para
reunir coragem.

— Vamos lá, mostre-me todo o seu poder, bad boy mimado —

brinco, tentando amenizar a tensão que paira no ar.

Minhas palavras são uma mistura de desafio e curiosidade,


afinal desejo descobrir os segredos que ele esconde por trás de sua

fachada rebelde, e conhecer o seu lugar é um excelente começo.

Seu sorriso irônico se desenha no rosto, revelando que ele


aceita o desafio.

— Prepare-se para conhecer o meu lado mais obscuro,

Wandinha — ele debocha, usando o apelido nada convencional que


me deu. Um riso escapa dos meus lábios, mesclando-se com a
tensão no ar.

— Uma vez você me disse que me enxerga além da


escuridão, e agora eu também quero vê-lo assim, então estou mais
do que pronta para conhecer seu lado obscuro — confesso,

revelando minha disposição em explorar as camadas profundas de


sua personalidade.

A pequena rosa tatuada na lateral do seu rosto se move

enquanto ele beija suavemente minha testa em um gesto de ternura.


Esse simples ato é suficiente para acalmar meu coração acelerado.

Após alguns instantes de suspense, a porta se abre

lentamente, revelando o interior impecavelmente decorado do


apartamento de Colin.

Meus olhos se arregalam diante da visão deslumbrante que

se desenrola diante de mim.

A decoração reflete uma personalidade sofisticada e ao


mesmo tempo ousada, assim como ele. É uma mistura de estilos,
onde o clássico se funde com elementos modernos, criando um

ambiente sedutor e intrigante. A paleta de cores é sutil, com tons


neutros que transmitem elegância e calma.

Enquanto meus olhos percorrem o espaço, noto a presença

de algumas obras de arte selecionadas cuidadosamente, exibidas


em paredes estrategicamente iluminadas. São pinturas que
transmitem emoção e provocação, despertando uma curiosidade

intensa dentro de mim.

Enquanto meus olhos percorrem o espaço, minha atenção é


capturada pelas pinturas cuidadosamente dispostas nas paredes do

apartamento de Colin.
Uma delas retrata um rinque de hóquei, com jogadores em

pleno movimento, suas expressões cheias de emoção e paixão. As


cores vivas e os traços dinâmicos transmitem a energia e a
intensidade do esporte, transportando-me para o centro da ação.

Posso quase sentir a tensão no ar, a força dos golpes e a emoção


que permeia o rinque. É como se o quadro pulsasse com vida,
capturando a essência da competição e do desejo de vencer.

Mais adiante, encontro um retrato expressivo de uma mulher


com olhos penetrantes. Seu olhar transmite mistério e sensualidade,
convidando-me a desvendar seus segredos ocultos. As suaves

pinceladas delineiam suas feições, realçando a delicadeza e a força


que residem em seu interior. É como se a pintura me desafiasse a
desvendar a alma daquela mulher, a mergulhar em seus dormitórios

e descobrir seus desejos mais íntimos.

Um quadro magnífico retrata uma cena de corrida, capturando


a emoção e a adrenalina no ar. Os corredores são representados

em pleno movimento, seus corpos tensos e determinados. Cada


pincelada transmite a sensação de velocidade e superação,
imergindo-me na energia pulsante da competição. É um constante

da busca incansável pela excelência e do prazer de desafiar os


limites.
— Ela se parece comigo — comento, enquanto observo o
quadro mais adiante.

É um retrato expressivo de uma mulher com olhos castanhos

penetrantes. Seu olhar transmite mistério, as bochechas estão


levemente coradas e ela usa um óculos de grau como eu fazia até
pouco antes de ingressar na universidade. Depois, papai melhorou

financeiramente e pude operar a minha miopia.

As suaves pinceladas delineiam suas feições, realçando a


delicadeza de sua face. É como se a pintura me desafiasse a

desvendar a alma daquela mulher.

— Comprei recentemente, e estou apaixonado por essa arte


justamente por isso, porque se parece com você.

A confissão me faz amolecer, a forma como ele me faz sentir

adorada contrasta com a sua fala sobre a certeza de que vai me


machucar.

O apartamento de Colin é um reflexo de quem ele é: um

homem complexo, cheio de mistérios e fascínio.

No entanto, confesso que esperava um lugar mais


desgrenhado, e pelo contrário, o local é ricamente bem-cuidado,

contrastando com o caos que é Colin Prescott.


Capítulo 16: O cativeiro sensual

Enquanto admiro o ambiente, sem conseguir conter minha

surpresa, Colin se aproxima silenciosamente. Seus braços fortes me


envolvem em um abraço acolhedor, e um arrepio percorre minha
espinha ao sentir sua proximidade.

Seu perfume masculino, familiar e reconfortante, inebria meus


sentidos, e faz meu coração disparar. Neste momento, o mundo ao

nosso redor parece desvanecer, restando apenas nós dois aqui,


conectados em um momento único.

— Bem-vinda ao meu cativeiro, Emma — brinca. — Espero


que goste do que vê. — Sua voz ressoa suavemente ao meu

ouvido, cheia de um tom carinhoso.

Um sorriso se desenha em meus lábios enquanto me permite

afundar ainda mais em seu abraço. A sensação de segurança e


pertencimento toma conta de mim, e uma certeza inabalável se

instala em meu ser.

— Estou encantada, Colin. Você realmente sabe como

impressionar. Este lugar é incrível. Não se parece como um


cativeiro, está mais para uma cela de luxo — contraponho, entrando

no nosso jogo de palavras distorcidas.

Afasto-me um pouco para poder olhar em seus olhos e o


enxergo repleto de calor e afeto, o que me envolve por completo, e

me perco nestes olhos verdes que parecem conter um universo de

emoções.

— Venha, eu preciso de um banho, e em alguns minutos esta

sala estará lotada — Colin diz, em um tom decidido.

— E-eu posso te esperar aqui — gaguejo nervosamente,

sentindo meu coração acelerar, afinal ficar sozinha com ele nu

tomando banho parece uma ideia muito proibida.

— Não quero você sozinha com os caras — ele responde, em


seu tom possessivo.

— Para de ciúmes.

— Não é ciúme, eu confio neles e em você, mas sei que não

os conhece, e eles podem ser totalmente sem noção na maior parte


do tempo, sabe como é, somos homens. — Ele revira os olhos,
como se estivesse mencionando algo claro.

— Sim, aquela coisa sobre estar no gene ser babaca —

cantarolo, sarcástica.

— Sim, algo assim. — Dá um último beijo na palma da minha

mão. — Preciso checar se está tudo em ordem e já entramos.

Enquanto ele segue para dentro da cozinha, meus olhos são

imediatamente atraídos pela vibração e pela decoração ao meu

redor.

Os móveis parecem ter sido cuidadosamente selecionados,

exalando luxo e bom gosto. Um sofá de couro macio em tom


caramelo se destaca no centro da sala de estar, complementado por

uma mesa de centro de vidro brilhante, adornada com livros de

carros de luxo na capa meticulosamente organizados.

As paredes são pintadas em um suave tom de cinza claro,

proporcionando um pano de fundo neutro e elegante para a

decoração. Pequenos objetos de arte são estrategicamente


posicionados nas prateleiras, enquanto esculturas imponentes

repousam contra as paredes, dando à sala uma atmosfera


sofisticada. Cada peça parece valer mais do que tudo que meu pai

já ganhou em toda a sua vida.

— De onde vem esse amor por arte? — pergunto, enquanto

observo Colin verificar as bebidas na geladeira.

— Minha mãe, ela sempre me envia peças que sabe que eu


vou gostar, já que ela sempre vai a exposições, faz parte do

cronograma da vida de uma socialite.

— São incríveis, sua mãe parece conhecer bem o seu gosto.

— Ela conhece, na verdade, esse é o único assunto ameno


que temos — ele confessa, enquanto eu continuo a explorar a sala.

— Eu entendo até demais.

Minha mente leva-me à relação conturbada com o meu pai, e


basicamente também possuímos poucos assuntos amenos, já que

até o papo mais trivial nos faz entrar em uma rota de colisão. O
celular de Colin toca enquanto ele checa algo na geladeira, e volto a
me distrair observando o lugar.

Atrás do sofá, uma parede de vidro revela uma vista

deslumbrante da cidade, iluminada pelos arranha-céus e as luzes


noturnas brilhando. É uma visão que parece ter saído de um filme,
uma mistura perfeita entre modernidade e romantismo.
A cozinha adjacente é equipada com eletrodomésticos de

última geração e armários de madeira escura, que contrastam


elegantemente com o branco impecável das bancadas de mármore.

Uma mesa de jantar, cercada por cadeiras estofadas em veludo.

— Pronto, vamos lá dentro, os caras já estão subindo — Colin


diz após checar o celular, indicando que a festa está prestes a
começar.

Enquanto percorro o apartamento, minha atenção é capturada

por cada detalhe meticuloso. Cortinas de tecido fino suavizam a


entrada de luz, criando uma atmosfera suave e aconchegante.

Tapetes de pelúcia proporcionam uma sensação reconfortante sob


meus pés.

Obras de arte abstratas adornam as paredes, trazendo uma


expressão artística que acrescenta um toque de originalidade ao

espaço. Cada pincelada e traço revelam emoções e sentimentos,


proporcionando uma experiência visual única.

É um espaço que reflete a personalidade refinada de Colin,


com seu bom gosto e apreciação pela arte, assim como pela

adrenalina, mas também transmite a sua vontade de criar um lar


acolhedor.
Ao adentrar sua suíte, me deparo com uma roupa de cama
toda em preto cintilante, trazendo um ar de luxo e sofisticação. As
janelas são amplas, revelando uma vista deslumbrante de Boston.

Enquanto Colin entra no banheiro, meus olhos são atraídos

para a foto de cabeceira ao lado da cama.

Nela, ele está abraçado a um homem mais velho. Na imagem,


Colin parece diferente, mais descontraído e genuíno, sem a
armadura de sarcasmo que normalmente o acompanha. É uma foto

que revela um momento de afeto e felicidade, e percebo que deve


ser uma lembrança valiosa para ele.

Enquanto observo atentamente a foto de cabeceira na suíte


de Colin, uma sensação de curiosidade me envolve. É notável que

ele mencione o contato com sua mãe, mas nunca fale sobre seu pai.

E agora, ao examinar os detalhes do apartamento, percebo


que não há fotos de família expostas, exceto por essa que retrata

Colin abraçado a um homem de cabelos brancos e rosto marcado


por rugas.

Meus olhos se fixam no retrato, tentando desvendar os


mistérios que ele pode conter. O homem retratado ali parece

carregar consigo a sabedoria da idade e uma história repleta de


experiências. Suas mãos enrugadas e o sorriso gentil capturam a
essência de alguém que viveu intensamente.

No entanto, a ausência de qualquer menção ou presença de


seu pai no apartamento desperta uma curiosidade ainda maior em

mim. Por que Colin não fala sobre ele? Qual é a história por trás
dessa lacuna em sua vida familiar?

Minhas suposições e questionamentos preenchem minha

mente enquanto os passos agitados e as vozes animadas da parede


ao lado começam como uma trilha sonora ao fundo.

E essa descoberta, ou falta dela, sobre a figura paterna de

Colin acrescenta uma camada intrigante ao enigma que ele


representa.

Do lado de fora do quarto ouço vozes animadas e passos


apressados. O som da música começa a ecoar pelos cômodos,

preenchendo o apartamento. Sabendo que aqui há apenas um

apartamento por andar, suponho que não teremos muitas

reclamações dos vizinhos.

— Ei, é tão injusto que você tenha roupas tão legais! — grito,

admirando o armário de conceito aberto de Colin.


Meus olhos percorrem as peças estilosas e os acessórios

cuidadosamente expostos. Anéis, colares, cintos, tachas nas


jaquetas e tênis que adicionam um toque de personalidade única.

Passo a mão em uma camisa com a estampa "Imagine


Dragons", uma banda que também sou fã.

— Estou realizando um furto, Colin. A culpa é sua por

comprar coisas tão legais! — falo em tom brincalhão, enquanto a


porta se abre.

No momento em que ele emerge do banheiro, apenas


envolvido por uma toalha amarrada na cintura, meu olhar é

imediatamente capturado pelas tatuagens que adornam seu corpo

musculoso. Cada traço de tinta conta uma história, revelando uma

galeria de arte pessoal espalhada por seus braços, barriga e pernas.

A variedade de desenhos revela uma mistura de símbolos,

estilos e influências, cada um contribuindo para a narrativa de Colin.


Observo as linhas delicadas e os traços audaciosos, as cores

vibrantes e os sombreamentos precisos, tudo se unindo em uma

obra-prima viva.

A combinação das roupas estilosas com as tatuagens

marcantes cria um visual impactante e autêntico. Cada peça de


roupa, cada adorno e cada tatuagem parecem ser partes de uma

expressão única de si mesmo, uma forma de arte que ele carrega

consigo.

— Está me checando, Rollins? — Sua voz zombeteira,

pronunciando meu sobrenome, envia um arrepio sensual pela minha

espinha, enquanto minhas bochechas coram em resposta.

— Talvez. — Minha voz é suave, carregada de desejo

contido, enquanto meu olhar percorre cada centímetro de sua pele


adornada com tatuagens.

Enquanto meu coração acelera e meu corpo anseia por

lamber cada uma delas, conto com toda minha força de vontade e
aprecio em silêncio essa exibição visual de sua personalidade.

Cada tatuagem conta uma narrativa, como capítulos de um


roteiro que desejo desvendar.

Sinto uma atração irresistível por esse lado misterioso de

Colin, pelas histórias que suas tatuagens escondem e pelos


segredos que revelam. Cada tatuagem parece ser uma porta para

conhecer mais sobre ele, para mergulhar em suas experiências e

desvendar os mistérios que o cercam.


— Você é tão depravada, Wandinha. — Sua voz carregada de

desejo, sussurrando meu apelido de forma provocante, faz meu


corpo se contorcer de antecipação.

— Você realmente precisa parar de me chamar assim. —


Tento repreendê-lo, mas meu riso trai minha tentativa de ser séria.

Colin se aproxima lentamente, segurando meu rosto com

suas mãos firmes, e nossos lábios se encontram em um beijo


ardente e sedutor. Nossas línguas dançam em perfeita sintonia,

aprofundando a conexão entre nós.

Com os lábios ainda colados aos meus, ele sussurra com a

voz rouca e carregada de desejo:

— Ter você no meu lugar, usando a minha blusa é


enlouquecedor.

— Pretendo usar muitas outras roupas suas. — Minha


resposta é um sussurro carregado de promessas sensuais.

Ele solta uma risada rouca, seus olhos brilhando de

excitação.

— Você realmente precisa parar de roubar minhas roupas, ou

vou sofrer de um caso grave de bolas azuis[7]. — Seu tom de voz,


misturando brincadeira e desejo, faz meu corpo se arrepiar ainda

mais.

Nossos corpos estão colados, a tensão sexual pairando no ar


enquanto nos fitamos intensamente. A atmosfera está carregada de

desejo. Cada toque, cada palavra sussurrada, aumenta o meu

tesão.

Colin desliza suas mãos do meu rosto para o meu pescoço,

seus dedos acariciando minha pele com uma suavidade que

contrasta com a intensidade do momento. Sua voz rouca ecoa em


meus ouvidos, provocando arrepios por todo o meu corpo.

— Tão proibida, e ainda assim tão irresistível, Emma. Eu


poderia me perder em você infinitas vezes.

Sorrio, sentindo meu coração acelerar e minha respiração se

tornar irregular. A atração entre nós é inegável, uma energia


magnética que nos envolve e nos consome. Cada encontro, cada

toque, é uma explosão de paixão e prazer.

— E você é a minha perdição, Colin. — Minha voz trêmula

reflete o desejo que arde dentro de mim. — Você faz com que eu

me encontre.
Sem esperar por mais palavras, nossos lábios se encontram

novamente em um beijo voraz e intenso. A língua forte de Colin está


em minha boca e ele faz um som gutural enquanto suas mãos

apertam meu quadril e me puxa para ele.

Levanto meus braços e os enrolo em seu pescoço, e em


resposta ele aperta a minha bunda, as mãos massageando minhas

nádegas com possessividade.

Nossos corpos se movem em perfeita sincronia, dançando em

uma sinfonia de prazer e luxúria. As mãos dele exploram cada curva

do meu corpo, incendiando minha pele com seus toques ardentes.

Em meio à paixão desenfreada, a toalha de Colin desliza pelo

seu corpo, revelando sua forma esculpida e máscula. Tateio seus

músculos tensos e definidos que refletem a intensidade do


momento.

— Meça o meu pau com a sua mão, querida, deixe-me sentir

o seu calor — pede enquanto puxa o meu pulso para baixo até que
esteja pressionado em sua protuberância, a ereção dura pulsa em

meus dedos quando os fecho ao seu redor, e não resisto quando a

curiosidade me belisca, descolo nossos lábios e desço meu olhar


para cada pedaço dele.
— Isso é muito grande — comento, dando um passo para trás
enquanto encaro seu pênis. — Quer dizer, já vi atores pornôs, mas

sei que a estatística diz que a maioria dos homens não tem a

metade disso tudo — falo, nervosamente atropelando as palavras.

— Você está falando de estatísticas enquanto olha o meu

pau, preciso te revelar: você é comprovadamente uma nerd —


brinca, mas dá um passo em minha direção colando novamente

nossos corpos.

— Ele é bonito, muitas veias como em seus braços e rosado


da cor dos seus lábios. — Com a respiração ofegante, eu o elogio,

incapaz de conter a admiração que sinto por ele.

— Então gosta do que vê?! — Assinto afirmando, e ele

continua. — Meu pau é grande e grosso demais para a sua boceta


virgem, Emma. Mas tenho certeza que você será uma boa garota e

vai aguentá-lo inteiro dentro de você. — As palavras chulas, fazem o


interior das minhas pernas pulsar, e ele acaricia meus lábios com o

olhar fixo, quase consigo ouvir o girar das suas engrenagens. —


Sua boca é tão gostosa e safada, quero vê-la cheia do meu sêmen,
podemos começar pela sua boca, deixe-me fodê-la.
— Colin, as pessoas... — Olho para a porta, e engulo para
remover a secura em minha garganta, enquanto lembro de seus
amigos que estão a algumas paredes de distância.

— Se entrarem, verão a realidade, que você é minha. —

Ergue a sobrancelha. — Alguma outra objeção?

Molho os lábios, apreensiva, temo por machucá-lo, ou fazer


algo errado, no entanto, quero vivenciar isso, em minha mente, a

voz do meu pai sobre religiosidade e pureza me soa como alerta,


mas jogo de lado, porque eu realmente quero dar um boquete a um
cara gostoso que eu sou apaixonada, garotas fazem isso o tempo

todo.

— De joelhos — ordena, olho ao redor, ele está de costas


para a porta, e seu corpo robusto certamente me tamparia, caso

alguém entre.

Meus joelhos se dobram, e ele se coloca à minha frente,


agarra a base de seu pau e o empunha em minha direção, o esfrega

pelo meu rosto de forma descoordenada, como se marcasse o


território, o líquido do pré-sêmen melando todo o meu rosto,
enquanto seu olhar parece vidrado em cada movimento. Enrola os
dedos pelos meus cabelos, a mandíbula tensa, e percebo o quanto
está se controlando para não me assustar.

— E-eu, nunca fiz isso. — Murmura uma maldição enquanto

ouve a minha confissão.

— Ponha a língua pra fora. — Passa seu polegar em meu


queixo e em seguida abre a minha boca. — Olhos em mim, todo o

tempo. — Aceno positivamente enquanto cumpro sua ordem, e o


vejo deslizar a ponta de seu pau em minha língua, a pele é quente,
e serpenteio por toda a glande fazendo com que ele solte um

gemido áspero. — Agora abra a boca e me chupa. — No segundo


em que meus lábios se abrem ele empurra lentamente o membro
grosso que exige que eu ceda além dos meus limites o recebendo.

— Porra, Emma! — Geme, enquanto enterra a mão no meu


cabelo. Com a mão livre toca o polegar em minha bochecha, e é
doloroso o pulsar em minha intimidade. — Você chupa tão bem, não

vou durar muito. — Enfia mais na minha boca, e começa a empurrar


para fora e para dentro, me equilibro segurando seus quadris.

— Você aguenta um pouco mais rude, querida?! — respondo

com um zumbido e ele sorri diabolicamente. — Humm, isso te


excita, não é?! — Começo a balançar minha cabeça indo de
encontro as estocadas dele, e engasgo quando a ponta toca a
minha garganta, mas isso parece excitá-lo ainda mais. — A menina

exemplar é apenas uma casca. Por dentro, você é uma depravada


que gosta de ser fodida de forma rude, gosta de correr riscos, e eu
posso te dar tudo isso, Rollins.

Meus dedos estão cravados nas coxas tensas dele, e


certamente deixarei hematomas na região, seus olhos vidrados
estão focados em mim, na saliva misturada aos seus fluidos que

escorre pelo meu queixo enquanto empurra cada vez mais fundo,
atingindo a minha garganta me fazendo regurgitar. Acho que nunca
serei capaz de chupá-lo sem engasgar.

— Isso, Emma, você é tão boa pra mim.

Quando a sua cabeça cai para trás, os olhos se fecham, sinto


como é dolorosa a pulsação em meu clitóris. Um gemido longo e

trêmulo foge em seus lábios e o domínio intensifica em meu cabelo.


A libertação de Colin é espessa e salgada em minha língua, e ele
segura minha cabeça enquanto se esvazia em minha garganta.

No entanto, o momento é abruptamente interrompido pela voz


de Kaiden, que escancara a porta.
Capítulo 17: O amor não
conhece grades

Não me movo, e Colin também não. Ainda estou excitada

demais para me importar, envolta em observar Colin na ponta do pé,


seus lábios entreabertos, o corpo inteiro tenso, em receber cada

gota sua e o sabor picante do seu sêmen, na delícia que é senti-lo


amolecer calmamente ainda cravado nos meus lábios.

— Sai, porra! — Colin grunhe de costas para o amigo, ainda


em êxtase.

— Foi mal! Mas, eu preciso de uma camisinha, cara. — A voz


do capitão soa aflita.

— Segunda gaveta do banheiro, na estante da sala, atrás da


televisão, dentro de todos os vasos de planta, dentro da bomboniere

da cozinha, agora sai.


— Valeu! — Ouço a porta se fechar, e relaxo um pouco.

O retiro de meus lábios e seus olhos são orgulhosos

encarando o fio de fluidos que nos conecta e dou um gole, passo a

mão pela boca tentando me limpar e me recompor, e ele se joga na


cama, totalmente nu.

Trocamos um olhar cheio de desejo e promessas silenciosas,

cientes de que teremos que sair do quarto e socializar. Enquanto


nos afastamos com relutância, nossos corações permanecem

conectados.

— Lembre-me de nunca mais olhar para Kaiden — confesso,

e ele ri.

— Como se o bastardo nunca tivesse recebido um boquete


na vida. — O tom irônico combinado com o revirar de olhos me faz

relaxar um pouco.

Sento-me na cama ao seu lado, sentindo o corpo todo

sensível.

— Uau! Você traz muitas garotas aqui, pelo tanto de

camisinha espalhada pela casa. — Tento soar despretensiosa, mas

é amargo o sabor do ciúme. — Inclusive na bomboniere, sério?!


— Eu nunca trouxe nenhuma garota aqui para transar, mas os
funcionários espalham camisinhas por todo o lugar por ordem do

meu pai, afinal, tudo o que ele não quer é que eu espalhe minha

genética problemática no ventre de ninguém. — Sorri com

amargura, e essa é a primeira vez que ele me fala sobre seu pai.

— Então eu sou sua primeira em algo, justo — afirmo.

— Justo?

— Sim, afinal você é o meu primeiro em tudo.

— Você é uma virgem muito safada, eu aprecio isso. —

Mordo os lábios, e tento me concentrar em não o checar deitado

totalmente nu. No entanto, falho observando suas coxas grossas.

— Acho que preciso lavar o rosto antes de ir lá fora.

— Eu adoraria que todos sentissem o cheiro do meu pau em

cada parte do seu corpo.

— Colin... — Era pra ser uma reprimenda, mas soa mais


como um gemido.

— Tudo bem, mas já aviso, vamos ficar apenas dez minutos

lá fora, em seguida voltamos aqui, eu preciso fazê-la gozar. —

Ergue a coluna da cama e leva sua mão até minha boceta coberta
pela calça jeans. — Aqui está sendo muito negligenciado, vou cuidar

disso, querida.

Colin se levanta e pega uma muda de roupas, enquanto eu

fico encarando seu corpo, maravilhada com sua beleza, e me


questionando quando foi que me tornei tão atraída por ele. Observo

sua bunda enquanto ele se veste, até que ele se vira e me dá seu
sorriso cínico, e ergo as mãos mostrando-me como culpada por

espioná-lo.

— E John e Ana, como vão? — ele pergunta, referindo-se aos


personagens do roteiro que estou escrevendo, enquanto continua se
vestindo na minha frente.

Fico reflexiva sobre sua segurança e confiança, pois não

consigo me imaginar nua na frente de alguém com a luz acesa,


agindo de forma natural como ele.

— Eles estão avançando bem em sua relação. No momento


em que estou, eles decidem fazer uma tatuagem de casal —

respondo, lembrando-me dos detalhes do meu próprio trabalho.

— Adorável! — Ele caçoa, soltando uma risada. — E qual


será o desenho?
— Uma cruz, como aquelas que ficam nos túmulos, sabe?!

Algo bem obscuro para refletir suas almas sombrias — esclareço,


descrevendo a escolha dos personagens.

Colin para por um momento, segurando uma camisa

vermelha, e fixa seu olhar em um ponto distante. Depois, ele volta


seu olhar para mim, sorrindo.

— Se fizéssemos uma tatuagem de casal, certamente seria


uma fênix — ele diz, deixando-me intrigada com sua escolha.

— Fênix?! Como aquela que renasce das cinzas? —

pergunto, curiosa para entender seu raciocínio.

— Sim, afinal, na primeira vez em que nos tocamos, ateamos

fogo em um carro. — Sua escolha de palavras causam um arrepio


em minha pele.

Afinal, a palavra "tocamos" parece calculada, saindo de seus

lábios, e eu mal consigo me lembrar que, de fato, demos as mãos


naquele dia. Sua confissão me pega de surpresa, e meus lábios
entreabrem, buscando as palavras certas.

— O toque não foi o principal naquele dia, e sim o fato de que

nos vimos pela primeira vez — digo, tentando expressar o


significado mais profundo daquele momento.
— Eu não te vi pela primeira vez naquele dia — sua confissão
me deixa atônita, sem palavras.

— Não?! — Minha voz sai quase como um sussurro, cheia de


surpresa e curiosidade.

— Vá lavar o rosto, e vamos lá para fora. Mal posso esperar

para expulsar todos daqui — ele diz, mudando de assunto


abruptamente, mas seu sorriso sugere que há muito mais a ser
revelado.

E essa noite eu vou desvendar cada um dos seus enigmas.

A festa está animada, com as pessoas espalhadas pela sala

luxuosa de Colin. No entanto, tudo está sob controle, ao contrário


das festas selvagens de Jake.

Aqui, há no máximo vinte pessoas, e a música está em um


volume agradável, criando um ambiente sensual. A meia luz é

complementada por um globo brilhante no alto, que emite tons


vermelhos e azuis, dando um toque especial ao lugar.

Logo que saímos do quarto, Kaiden e Megan se juntam a nós


no sofá. Agora sei que Kaiden é do Bronx, e ele compartilha suas
travessuras de infância sem parar por dez minutos seguidos. Eu dou
boas gargalhadas com suas histórias, aproveitando a descontração
do momento. Ele é um cara legal.

Colin está sentado à minha direita, com a mão relaxada em

minha coxa. É um gesto carinhoso que mostra a todos que eu sou


sua garota, e isso me deixa arrepiada. Então, relaxo minha cabeça

em seu ombro, marcando também meu território de forma sutil.

— Cerveja, Emma? — Megan oferece assim que volta da


cozinha.

Lembro-me do quanto Jake se irritou pela minha forma

“careta” de agir, e por um momento me sinto menos descolada,


olhando ao redor, mas antes que eu possa tomar alguma decisão,

Colin a repreende.

— Ela ainda não tem idade legal para beber. — O encaro

atentamente, e não deixo de reparar que ele não está bebendo hoje

e também não está fumando como seus amigos.

Minha companheira de quarto sorri para nós e revira os olhos

de forma brincalhona, logo se senta no colo de Kaiden, que leva um

cigarro à boca e no próximo segundo está prendendo e soltando a


nuvem de fumaça que espalha o cheiro de maconha, e ele não é o

único ao redor, o que faz meus olhos arderem um pouco.

Ele passa o baseado para Colin, que nega, fazendo com que

Kaiden o encare com curiosidade.

— Não quero beijar minha garota com esse cheiro

impregnado — Colin confessa, e ouço alguns dos caras do time

debochando dele. No entanto, eu apenas sorrio e dou a ele um


selinho, orgulhosa de seu respeito e consideração.

No instante em que a melodia profunda e sensual de “Call out


my name” começa a ressoar na voz doce de The Weekend, Colin

me puxa para dançar, misturando-se aos outros casais pela sala.

Sinto um breve momento de hesitação, mas acabo cedendo,


colocando meus braços ao redor do pescoço dele. Dançamos juntos

em silêncio por um momento, deixando que a letra da música

penetre em nossos corações.

"Nós nos encontramos

Eu te ajudei a sair de um lugar destruído

Você me confortou

Mas me apaixonar por você foi o meu erro"


A música parece ter um significado especial para Colin, e é

nesse momento que ele decide ser mais ousado. Inclina a cabeça, e

suavemente cola nossos lábios, diante de todos os presentes na


festa.

Por um instante, fico surpresa, mas logo me entrego ao beijo,

correspondendo com paixão. Continuamos dançando juntos, agora


com nossos corpos ainda mais próximos, sem nos importar com

quem possa estar nos observando. Neste momento, na minha

mente, não existe mais ninguém além de nós dois nesta sala.

E sinto-me grata por sentir tantas emoções desde quando o

conheci.

— Ouvi dizer que você nunca se envolveu com ninguém da

universidade, então por que eu? — pergunto curiosa, enquanto

continuamos dançando e nos aproximando cada vez mais.

— Por que não você? — ele responde com um sorriso

sedutor.

— Você e suas respostas enigmáticas cheias de profundidade

— resmungo brincando. — Lembro de ter ouvido Megan falar que

você estava interessado nela.


— Eu estava me aproximando dela para descobrir mais sobre

você — ele revela, com um olhar intenso.

— Sobre mim? Você realmente sabia que eu existia antes

daquela noite na festa de Jake. — Me dou conta, totalmente


surpresa ao ver sua cabeça afirmar. — Quando você me viu pela

primeira vez? Quando começou a se interessar? Colin, não seja

enigmático — acrescento, começando a parar a dança, totalmente

envolvida pela história que ele está prestes a contar.

— O que vou ganhar se eu contar? Você vai dormir comigo?

— provoca, mantendo um olhar travesso.

— Durmo, mas conte primeiro — respondo, ansiosa para

ouvir a história que revelará como tudo começou entre nós.

— Chega de festa para nós — diz, e em seguida troca olhares

silenciosos com Kaiden que assente. — Vamos.

Enquanto Colin me leva para dentro, ouço o capitão dizer: —

Só mais meia hora e então todos vamos cair fora, galera.

Passamos para dentro de seu quarto, e dessa vez ele passa


a chave na porta.

Ainda estou abalada pela revelação dele, confusa, e


totalmente incrédula.
— Pode começar a se explicar. — Cruzo os braços enquanto

me sento na cama, observo-o sentar ao meu lado.

— Herdei uma casa do meu avô materno, que ficava nos


arredores de Providence, em Rhode Island. — Ergo as

sobrancelhas surpresa com a proximidade com a minha casa, mas

continuo atenta o ouvindo. — Durante um período complicado da


minha vida, fiquei morando lá sozinho e me envolvi com uma

gangue e fiz algumas escolhas erradas. — Engole em seco, e me

pergunto quais foram essas escolhas erradas, no entanto, apenas o

observo como uma mera ouvinte. — Mas então, em um dia


qualquer, eu te vi pela primeira vez, Emma, e desde então, não

consigo mais deixar de te ver — Colin revela, com uma mistura de

sinceridade e vulnerabilidade em sua voz.

— Como assim, não consegue deixar de me ver? —

pergunto, confusa e curiosa sobre suas palavras.

Colin se aproxima, segurando meu rosto gentilmente em suas

mãos, seus olhos fixos nos meus, transbordando emoção. Um

sorriso tímido se forma em seus lábios antes de ele responder.

— Eu sou o John — ele diz, encarando-me.


Em um primeiro momento, fico confusa com o jogo de

palavras, mas então lembro-me do personagem que criei que é


baseado no cara de moletom com capuz que me segue há certo

tempo e eu nunca soube sua identidade.

Mas então tudo faz sentido, Colin bateu em Jake no dia em


que ele tentou me oferecer droga, na noite do incêndio eu senti o

cheiro do encapuzado em Colin, quando ouviu a história do meu

roteiro ele ficou totalmente interessado, os trocadilhos sobre


continuar cometendo um crime estando comigo, simplesmente

porque ele é o meu perseguidor.

— O-quê? Você... — Desvencilho-me, totalmente assustada.


— Você é o cara com capuz me seguindo, por isso disse que depois

que me viu nunca mais parou de me ver, por isso você cheira como

ele — falo de forma desconexa. — E você não está negando. Por


que ficou me seguindo? — Olho para a porta trancada, minha única

rota de fuga.

— Emma. — Ele toca a minha mão, tentando me acalmar. —

Eu protejo você.

Retira do bolso a chave da porta e a coloca em minha palma,


fechando-a em seguida.
— Colin... — Retrocedo um passo, ainda absorvendo todas
as novidades. — Me protege do quê?

— Dos avanços do Jake, da família dele, do seu pai, das suas


idas sozinha ao cemitério, de si mesma.

— Por quê? — a pergunta sai sem som, parece que esqueci


como se fala.

— Porque eu amo você. — Uma lágrima cai dos meus olhos

no instante em que me dou conta que nunca ouvi essa declaração


antes.

De nenhum garoto, muito menos dos meus pais, a vida toda


eu nunca fui amada o suficiente para que as pessoas colocassem

em palavras.

O impacto das palavras me atinge, olho para ele, o cara mais


desejado do campus, popular, jogador de hóquei, filho de um

magnata poderoso, como ele pode me amar?

— Não diga nada, Emma. Apenas sinta o meu amor, mas não
me ame de volta, eu não mereço isso.

— Não entendo... — Corta-me.

— Não entenda, apenas sinta.


— Então, você me ama. — Testo a frase em meus lábios, e
ainda estou confusa sobre como me sinto sobre isso.

— Emma, eu sempre me vi como o tipo do meu pai, que não


se apaixona, que mantém as emoções à distância. Mas quando

você entrou na minha vida, tudo mudou. Descobri que sou do tipo
que, quando se apaixona, é de verdade, sem reservas, sem dúvidas

— Colin revela, deixando-me boquiaberta com suas palavras


sinceras. — Mas não se engane, assim como John, o seu
personagem, eu não sou um amante convencional, tenho em

comum com ele o fato de que nós dois perseguimos, erramos pra
caralho, assim como ele, estou envolto na escuridão, totalmente
corrompido, assim como ele eu sou corrosivo para qualquer um que

ousa se aproximar.

Fico em silêncio por um momento, processando as palavras


profundas de Colin. Cada uma delas parece tocar um lugar diferente

dentro de mim, despertando emoções que eu não sabia que


existiam.

Quando ele se descreve como o tipo do seu pai, alguém que


mantém as emoções distantes e evita se apaixonar, eu consigo

sentir a intensidade da sua jornada pessoal. E saber que a partir do


momento em que entrei em sua vida, tudo mudou, é uma revelação
que me faz perceber que aconteceu o mesmo comigo quando o
conheci, além de fazer com que eu me sinta privilegiada por ser
parte dessa mudança.

Colin se descreve como corrosivo para qualquer um que se


aproxime dele, e essas palavras penetram profundamente em meu
coração. Elas revelam a sua autopercepção e a consciência das

suas próprias falhas e feridas. É uma admissão poderosa, que


mostra sua vulnerabilidade e a luta interna que ele enfrenta.

Diante dessas palavras, eu me sinto compelida a responder,

compartilhando meu próprio entendimento e aceitação.

Meu coração está repleto de emoções enquanto eu expresso


meus sentimentos a Colin. Aproximo-me dele, dou um passo em

sua direção, e olho profundamente em seus olhos.

— Colin, suas palavras me tocam profundamente. Mas saiba


que também vejo a beleza que se esconde nesse caos — confesso,

enquanto permito a sinceridade transparecer em minha voz. — Você


é muito mais do que a soma dos seus erros e imperfeições. É um
ser humano em busca de redenção e amor, assim como Ana e

John, assim como eu. Nós compartilhamos essa jornada de


autoconhecimento e superação, e é exatamente isso que nos torna
humanos e dignos de amor.

Minhas mãos tremem levemente enquanto eu toco


suavemente o rosto de Colin, onde a rosa está tatuada. Sinto a
textura da tinta embaixo dos meus dedos. Com um olhar cheio de

carinho e gratidão, eu asseguro:

— Eu amo você, desde o dia em que segurou minha mão.


Você me viu em meu pior momento, quando eu estava perdida e

quebrada. E agora, sabendo o quanto tem cuidado de mim, só


posso me sentir profundamente grata por ser amada por você.

No entanto, Colin parece resistir às minhas palavras e

sussurra enquanto segura minha mandíbula, afastando-me de beijá-


lo.

— Emma, não diz isso. — Ele parece confuso, lutando contra


seus próprios demônios.

Não me deixo abalar por sua resistência. Olho firmemente em


suas íris verdes e mantenho minha determinação.

— Eu digo sim, Colin. Amo a nossa essência, com todas as

cicatrizes e imperfeições. É nessa profundidade que encontramos a


verdadeira conexão, a verdadeira beleza. Não tenha medo de se
permitir amar e ser amado, mesmo nos momentos em que a

escuridão pareça nos envolver. Juntos, podemos enfrentar qualquer


obstáculo e construir algo extraordinário.

O ambiente ao nosso redor está preenchido pelo silêncio que

contrasta com a animação das pessoas na sala. A música sensual


ainda ecoa, criando um clima envolvente.

Com uma mistura de determinação e nervosismo, minhas

mãos deslizam até a minha calça jeans, desabotoando-a e


deixando-a cair no chão. Agora, fico apenas em minha calcinha de
renda, despi-me em plena luz acesa, superando minhas

inseguranças e mostrando-me vulnerável diante de Colin. Ele fica


perplexo com minha atitude.

— O que você está fazendo? — pergunta com as

sobrancelhas franzidas — te chamei para dormir comigo, apenas


para realmente... — engole a seco — dormir.

Respiro fundo, encarando-o com olhos cheios de desejo e


amor.

— Você se despiu para mim hoje, agora é a minha vez de me


expor completamente para o homem que me ama e a quem eu amo
de volta.
— Emma, não! Não quero que você se sinta pressionada a
fazer isso. — Colin tenta me deter, preocupado.

Sorrio, segura de minha decisão.

— Eu não estou fazendo isso por pressão, Colin. Estou

fazendo porque eu quero. Quero me entregar completamente a


você.

Ele olha para mim, atônito, e tenta me advertir:

— Não espere flores e romance, Emma. Eu não sou o tipo de


cara que segue os padrões românticos.

Levo minhas mãos ao seu rosto, sentindo a determinação


crescer dentro de mim.

— Eu não espero flores e romance, Colin. Eu espero ação.


Espero que você incendeie cada um que ousar me ferir, que me
proteja até de mim mesma. Eu não espero nada menos do que isso,

e isso você já me dá.

Com resolução, passo a blusa pela cabeça, revelando meu


conjunto de lingerie branco simplório, enquanto permaneço sob seu

escrutínio silencioso.

Em um momento de vulnerabilidade e coragem, mostro a ele


que estou disposta a me entregar por completo, aceitando-o em
minha vida, com todas as suas imperfeições e peculiaridades.
Capítulo 18: Algemados pelo
desejo

Como um animal observando sua presa, ele caminha ao meu

redor, checando-me, para às minhas costas e acaricia minha nuca


causando arrepios em meu corpo, desce pela trilha da minha coluna

e para no fecho do meu sutiã, com destreza abre-o e faz a peça


deslizar pelos meus braços até cair no chão.

Um beijo é deixado na altura da minha lombar, e não o ver,


apenas senti-lo por trás, deixa-me ansiosa. As mãos tocam cada

lado das tiras da minha calcinha e descem com suavidade até o

ponto que só me resta tirar os pés de dentro para livrar-me da peça.

Quando reaparece na minha frente, seu olhar cai para os

meus seios expostos que ele até então não tinha visto, o olhar
vidrado é assustador, quando ele estende a mão para mim, seus

dedos resvalam suavemente por baixo dos meus seios.


— Eles são tão bonitos, Emma. — Sinto o rosto esquentar

com o elogio, quero tampá-los de seu escrutínio ao mesmo tempo


em que preciso continuar recebendo seus olhares e toques, é uma

guerra interna sem vencedores.

Os dedos frios de Colin circulam lentamente cada um dos

meus mamilos quentes, fico surpresa com a sensação agradável de

ter alguém acariciando o lugar intocado, e grito quando ele belisca


de levinho o esquerdo.

— Huum, você gosta rude, não é?! Você foi feita para mim. —

Diz, enquanto massageia a região.

A proximidade em que ele está agora me permite sentir a

ereção potente em suas calças, o momento é quente demais, não


consigo pensar em nada além dos dedos de Colin que agora

beliscam juntos meus dois mamilos ao mesmo tempo, fazendo com

que meu corpo inteiro reaja com eletricidade, estou entorpecida.

Inalo com força, tentando me manter de pé.

— Sabe, Emma, apesar de achar uma grande besteira, eu sei

que a virgindade de uma garota é algo com muito significado — diz

enquanto olha em meus olhos e se abaixa até a altura dos meus


seios, um sorriso diabólico rasga seus lábios quando lambe a carne
rígida e sensível depois dos seus toques brutos.

A língua é quente e úmida, e acaricia a pele pálida, cor de

pêssego, dos meus mamilos. Usa seus lábios além da língua para

que se movam em círculos, provocando e atormentando.

— Colin... — Reviro os olhos e deixo escapar um gemido do


nome do causador de todo o frisson que atinge meu corpo.

— Entregar-me seu primeiro sexo com penetração, não é uma

atitude que você deve tomar de forma precipitada — fala com a

boca rente ao meu mamilo e as palavras causam assopros quentes

na região e perco a racionalidade. — E embora eu queira muito ser

o primeiro a quebrar sua doce boceta apertada, devo esclarecer que


existem muitas formas de provar que você é minha, assim como

existem muitas formas que eu posso te foder, sem que você acorde

amanhã totalmente arrependida e não possa mais voltar atrás.

Estou muito bêbada de tesão para prestar atenção ao que diz.

Aperto minhas coxas necessitada de atrito, de atenção, enquanto


ele raspa os dentes, os suga, a ponta afiada de sua língua rodopia

sobre o cume endurecido, deixando-me insana, bêbada de desejo.


— Assim? — pergunta lambendo, e olho o atordoada — ou

assim?! — De repente, ele dá uma mordida e sinto as pernas


fraquejarem, sou sustentada por suas mãos firmes que passam por

minha cintura enquanto ele mordisca o outro mamilo.

Sinto os seios pesados, doloridos, sensíveis nas pontas, e

então Colin me conduz até a sua cama, onde caio sentada,


observando-o abrir o cinto de sua calça e livrar-se dela junto de sua

cueca boxer, o pênis robusto, grosso demais surgindo duro em toda


a sua glória.

— Deite-se de barriga para cima — ordena, respirando


alterado, parecendo que busca se controlar, ou então já está

totalmente entregue ao tesão desenfreado que nos consome


sempre que nos tocamos. E, ansiosa, sigo a sua ordem vendo-o se

livrar da camisa.

Mordo o interior da bochecha enquanto sinto o colchão


afundar quando ele sobe totalmente nu, é agora? Ele vai realmente
tirar a minha virgindade? Eu vou gostar disso? Será doloroso?

Ele se desloca acima de mim, seus joelhos apoiados em cada

lado do meu rosto, seu pau melando minhas bochechas enquanto


ele o esfrega em meu rosto e a ponta deixa o líquido pegajoso do

seu pré-sêmen.

— Primeiro, eu vou foder sua boca. — Enumera, enquanto


raspa a glande melada na costura dos meus lábios. — Depois, vou

foder seus peitos, e gozar neles, e por último, vou comer sua boceta
e sua bunda com a minha boca, vai ser um verdadeiro banho com a
minha porra, e então você saberá o que é ser toda minha, Emma. —

O olhar frenético que me lança enquanto fala de forma


despretensiosa, faz o interior das minhas coxas pulsar em

antecipação. — Agora, abra a boca e deixe meu pau bem


lubrificado, baby.

Suspiro e o obedeço, separo os lábios enquanto meus olhos


não deixam os seus, e ele mergulha com rudez em minha boca.

— Isso, receba-o inteiro — geme, e empurra mais

profundamente, atingindo a minha garganta, o que me faz regurgitar,


e seus olhos brilham assistindo enquanto me engasgo com o pau

totalmente rude na minha boca. — Porra, Emma!

Tento aguentar o máximo que consigo, mas é grande demais,

e implacável em minha boca. Quando ele sai completamente leva


consigo um filete da minha saliva, e mal consigo respirar quando ele
entra novamente, fazendo lágrimas surgirem em meus olhos, sou
apenas uma bagunça agora.

Agarra um punhado dos meus cabelos e inclina a minha


cabeça, indo mais fundo, remexo na cama, febril, necessitada,

amando tê-lo fora de controle e assustada com o tamanho do meu


tesão.

— Você é muito melhor do que qualquer imaginação ou


encenação, Emma.

De repente, ele sai inteiro da minha boca, e desce um pouco,

parando no vale dos meus seios, ele definitivamente vai cumprir sua
promessa.

Suas mãos massageiam meus seios e em seguida os


amassam, Colin aperta e empurra as duas mamas juntas, e em

seguida alinha seu pau no meio e empurra entre meus seios.

— Minha — geme, puxando lentamente para frente e para


trás, fico totalmente rendida olhando para cima e me vejo totalmente
subjugada a ele que mantém os olhos vidrados na nossa conexão,

seus polegares brincam com meus mamilos enquanto mantém os


seios apertados, seu pau aumenta a velocidade encontrando um
ritmo próprio e o calor cresce entre minha pernas enquanto assisto
impotente como ele sabe acender meu corpo inteiro.

Empurra a ponta de seu pau cada vez mais perto do meu


rosto e sei que está perto do gozo quando sua mandíbula aperta e

os olhos verdes se fecham, parecendo entrar em um transe próprio


enquanto seu corpo, tomado por tatuagens, paira sobre o meu.

Meus quadris se movem junto com os dele, o fogo me toma

inteira, seus olhos se abrem quando coloco a língua para fora e


lambo a glande salgada, cada vez que ele empurra e em seguida

puxa.

— Emma... — ofega com a respiração irregular.

Agarra seu pau com a mão, com o corpo agitado, as coxas

tensas, e o vejo esporrar, cobrindo meus seios e parte do meu rosto.

Ela cai para frente, as mãos pousando perto da minha

cabeça, o rosto a centímetros do meu, e reparo na testa suada, as

bochechas coradas, e em nossas respirações erráticas.

Colin segura minha bochecha com a palma da mão e toma

meus lábios com o seus, mergulha sua mão pelo vão das minhas
coxas, e o permito colocar sobre meu clitóris. Ele pressiona o lugar,

persuade, enquanto mordisca minha boca sentindo seu gosto em


mim, o som que foge de meus lábios é suave quando ele pressiona

meu clitóris, e em seguida desce seus dedos, e rosna ao sentir


como minha entrada está molhada.

— Você parece tão minha coberta com o meu sêmen e com a


boceta melada por mim, não acha?!

Meus dentes batem nos lábios enquanto me entrego, abro as

pernas e deixo meus quadris perseguirem seus dedos que tateiam


experientes a carne pulsante do meu clitóris, recebo sua língua em

minha boca, e disparo uma sequência de gemidos, totalmente

rendida, sedenta por algo que não sei o que é, mas preciso que
Colin apenas continue.

— Relaxe, Emma, estou cuidando de tudo, apenas goze!

Cravo minhas unhas em seu braço e deixo vir o orgasmo

voraz que me atinge como um soco.

E antes que eu possa me recuperar, ele desce da cama e me

puxa pelas pernas, colocando meus quadris na beirada. Agarra

cada uma das minhas coxas, as abre e se agacha, encarando o

meio. Provocador, ele cheira o ar e sorri de forma sarcástica.

— Baunilha misturado com boceta, este é o meu novo vício.


Nos entreolhamos por um segundo, e no instante seguinte ele

desce os olhos vasculhando cada parte do meu corpo, os seios

brutalizados por ele, minha barriga plana que expõe as respirações


erráticas, e logo contorço meus quadris ao percebê-lo analisando

minha boceta exposta.

— Por favor... — suplico.

Ele se ajoelha e beija a parte interna da minha coxa, segura-

me com firmeza exposta para os seus olhos e desliza o rosto pelas


minhas dobras, melando-se todo.

— Colin... — chamo, ofegante, a visão é quase demais para

assistir, preciso gritar, me contorcer, estou totalmente fora de meu


sistema.

— Deixe-me, ter um gosto dessa boceta tão doce, Emma.

Sua língua se arrasta dura em meu centro, debaixo para

cima, do fundo melado ao topo latejante onde está meu clitóris.

Minhas costas arqueiam, perdendo o contato com o colchão, minha


cabeça rola para trás.

— Colin... Colin... — devastada, eu o chamo, gemo, me


contorço inteira, ele é emocionante, brutal, algo que eu nunca seria
capaz de escrever e me admira que eu seja capaz de viver com ele

e com o que faz comigo.

Seus dentes resvalam em meu clitóris, a ponta da língua dura

provoca o lugar, me fazendo arfar, seguro os lençóis buscando


amparo. Ele desce a língua raspando em meu períneo até que

encontra meu ânus, e ali enfia a língua entrando e saindo,

penetrando o lugar e fico totalmente entregue.

— Minha — rosna, de forma animalesca enquanto mergulha

de volta, percebo que Colin está se masturbando, sua mão

apertando o pau no mesmo ritmo em que sua língua fode minha


bunda, e com a mão livre, ele bate os dedos em meu clitóris.

É devastador, alucinante, tudo parece desabar dentro de mim.

Gozo, perdendo a noção de tudo ao redor, quando começo a voltar


do pouso, sinto os jatos quentes de Colin se derramando em minha

barriga, ele esfrega seu pau em minha boceta e em minha bunda,

melando tudo.

De pé, ele observa meu corpo, com um fogo maníaco em

seus olhos, mantém um sorriso orgulhoso nos lábios.

— Nenhuma obra de arte desta casa é melhor do que isso —

conclui e com o impacto do orgasmo que tive é difícil manter os


olhos abertos, até que os fecho, entregando-me à exaustão.

Leva tudo de mim vê-la banhada sobre o meu sêmen e não

meter fundo em sua boceta, mas eu sei que apesar do momento de

mudança, no fundo Emma ainda carrega a menina boa que espera

a aprovação do pai retrógrado, e que ela acordaria terrivelmente


arrependida se eu tivesse tomado sua virgindade.

E vou mais além, se algum dia ela descobrir o que fiz, ela vai
se odiar profundamente por ter que carregar o fardo de ter perdido a

virgindade com o cara que conduziu sua mãe para a morte.

No silêncio sereno do quarto, observo Emma deitada na


cama. Seu rosto angelical repousa sobre o travesseiro, envolto em

tranquilidade. Os suaves raios de luz da lua banham delicadamente

seu rosto, realçando sua beleza natural. Seu cabelo espalha-se


suavemente pelo travesseiro, como uma moldura perfeita para sua

expressão serena.

Lembro-me quantas vezes, enquanto a espiava, tive vontade

de vê-la dormindo, faltou muito pouco para que invadisse sua casa e

a observasse em seu sono.

Cuido para não fazer barulho ao me aproximar, não quero

interromper seu sono tranquilo. Minha respiração fica mais calma


enquanto observo cada detalhe dela, cada curva, cada traço

delicado. Sinto um misto de admiração e gratidão por tê-la ao meu

lado.

Quando me aproximei de Megan, meu intuito era conseguir

um passe para entrar no dormitório de Emma, vê-la em seu espaço,

descobrir o que ela tanto escrevia já que toda vez que a via no
cemitério ou ao ar livre no campus estava atenta ao seu manuscrito,

agora eu sei que é o roteiro de Ana e John, de uma forma

corrompida, ela escrevia sobre nós dois. A nossa história, porém,


com diferentes nuances.

É incrível como, mesmo enquanto dorme, ela emana uma

força e uma vulnerabilidade ao mesmo tempo. Seus lábios


levemente entreabertos convidam o descanso merecido, enquanto
seu corpo repousa em uma postura relaxada carregando meu cheiro
impregnado.

Observá-la dormir é um momento de paz, uma pausa no caos


do mundo exterior. É um lembrete de que estamos juntos, que a

possuo agora, mesmo sabendo que teremos um final.

Com cuidado, estendo minha mão e acaricio suavemente sua

bochecha. Sinto a maciez de sua pele sob meus dedos e uma onda

de ternura me envolve. Um sorriso leve surge em meus lábios ao

perceber como ela se aconchega ainda mais na cama, como se


sentisse minha presença mesmo no sono profundo.

Fico aqui, ao lado dela, absorvendo cada detalhe, cada


instante de paz e tranquilidade que sua presença me proporciona.

Meu celular toca no bolso da calça caída pelo chão, e me


obriga a levantar e pegá-lo. Com um último olhar admirador, me

afasto silenciosamente do quarto, deixando-a descansar e sonhar.

Atendo Kaiden, totalmente irritado, meu melhor amigo devia


saber que hoje à noite não quero ser incomodado, afinal ele sabe de

tudo, quando nos tornamos amigos pelo time, ele meio que me
pegou perseguindo Emma pelo campus e fiquei sem opção, ou lhe
contava as minhas intenções, ou ele ia me denunciar à polícia, mas
isso acabou nos fortalecendo como amigos.

— Achei que estaria mais feliz depois de gozar, Prescott.

— Fala logo o que quer.

— De nada por acabar com a festa antes do previsto para que


você pudesse estraçalhar sua presa.

— Kaiden, não me irrite. — O pedido faz o bastardo gargalhar


do outro lado da linha.

— Não faça nada estúpido, ela é uma boa garota.

— Eu farei algo estúpido, afinal isso é quem eu sou, você


sabe, ela sabe e ainda assim aceitou. Agora conte-me uma

novidade. — Seu suspiro resignado me faz relaxar.

Caminho até a sacada, com as mãos tremendo, louco para


tragar a porra de um cigarro, mas não posso, não farei isso com ela

aqui, não vou dormir ao lado dela fedendo a essa merda.

— Você tem uma corrida na próxima semana, vou investir um


bom dinheiro, não me decepcione, campeão — diz, e sorrio
animado.

Viro-me e a encaro de pé, cabelos bagunçados, minha blusa


a cobre até as coxas, um sorriso apreensivo nos lábios e um olhar
preguiçoso.

— Ei! Você não estava na cama. — A voz doce de Emma me


envolve, então desligo Kaiden.

— O capitão ligou, tenho uma corrida semana que vem —


confesso enquanto me jogo na cadeira, em seguida ela senta em
meu colo, passando os braços pelo meu pescoço.

— Como começou o seu desejo de correr?

— Desde cedo sentia uma atração irresistível pela adrenalina.


Lembro-me dos dias quentes de verão, quando as ruas do bairro
ganhavam vida e se transformavam em palco para as minhas

primeiras aventuras em alta velocidade. Foi nessa época que


descobri a minha paixão pelas corridas. Aos sete, depois de perder
meu cachorro. — Empurro pela garganta a informação de que o

meu pai o matou. — Comecei a testar fugir de casa montado na


minha bicicleta, sentindo o vento acariciar meu rosto enquanto

deslizava pelas ruas estreitas.

— Isso parece tão triste, um menino de sete anos fugindo de


casa — ela diz, parecendo me encarar com ternura.

— Nunca consegui, mas dei trabalho para os seguranças do

meu pai. — Rio com amargura.


— Sinto muito, Colin.

— À medida que ganhava confiança, comecei a buscar

emoções cada vez maiores. Meus olhos brilhavam ao assistir


corridas na televisão, imaginando como seria estar no volante de um
carro veloz, superando limites e desafiando o tempo. Assim que

terminei o colegial, conheci um grupo de amigos igualmente


aventureiros, o lado bom é que comecei a correr clandestinamente,
e a cada corrida, experimentava a emoção pulsante de acelerar, a

sensação de poder e liberdade que somente a velocidade


proporciona.

— E o lado ruim? — pergunta.

— Acabei me envolvendo com uma gangue pesada. — Ela


engole, visivelmente incomodada com a informação, então mudo o
assunto. — Aquela fase da minha infância moldou o que sou hoje. A

paixão pelas corridas nunca me abandonou, tornou-se uma parte


indissociável da minha essência. As pistas e as competições podem
ter mudado ao longo do tempo, mas a fome por velocidade e a

busca pela emoção continuam a pulsar dentro de mim, e assim


como o hóquei, alimenta meu espírito competitivo e meu desejo
insaciável por desafios.
— Isso parece emocionante, e igualmente perigoso, Colin.

— Sou movido pela sede de adrenalina, pelo gosto do perigo


controlado e pela sensação única de estar vivo enquanto deslizo
pelas pistas em busca da vitória.

— Você quer que eu seja a sua sorte, na próxima corrida?

Como respondo que quero que ela seja a minha sorte


sempre, sem soar como um maldito obsessivo?

— Se você quiser, eu quero — suavizo e ela sorri, mordendo

os lábios e afirmando.

O que ela não sabe é que desde quando a vi pela primeira


vez, ela é a minha sorte.
Capítulo 19: Os nossos delitos

Uma semana depois

As luzes da cidade começam a ganhar vida enquanto a


escuridão da noite envolve a paisagem. Estou sentado no banco do
motorista, minhas mãos firmemente segurando o volante, meu

coração pulsando com uma mistura de emoção e determinação. Ao


meu lado, Emma, com os olhos brilhantes, segura-se ao apoio do
banco do carona, ansiosa pelo que está prestes a acontecer.

Ela passou a semana inteira no meu apartamento, não a

deixei ir embora. Todos os dias a busquei na saída das suas aulas e


a levei para o meu lugar, mesmo que eu passe a tarde inteira

treinando com o time de hóquei, gosto de chegar à noite em casa e


tê-la dormindo em minha cama usando as minhas camisas.

Meus banhos tem sido mais longos, e nem na pré-

adolescência me masturbei com tanta frequência como agora, essa


manhã, ela foi ousada, afinal todos os dias acordo com uma puta
ereção e vou direto para o banheiro me aliviar, no entanto essa

manhã, Emma me surpreendeu, fecho os olhos e me vem à


lembrança na mente.

Odeio quando o despertador do meu celular toca, meu pai


costuma dizer que acordar cedo faz parte do manual dos homens

poderosos, pois então pressinto que serei um eterno fracassado,

porque não funciono bem até almoçar.

O rock pesado da banda Metálica para de ressoar no quarto,

e sei que foi ela que desligou, seu gemido suave enche os meus

ouvidos, e sinto-a mover a bunda roçando no meu pau coberto


apenas pela maldita boxer.

Toco seu quadril na intenção de movê-la para mais distante


da minha iminente ereção, no entanto sinto que está sem calcinha

por baixo da minha blusa que ela veste.

— Porra! — Meu xingamento foge dos lábios quando percebo

que estou massageando sua barriga por dentro da camisa, sentindo


a pele quente e macia e trilhando para baixo, já que desde semana

passada não toco sua boceta. Ficamos apenas nos beijos e

amassos por cima das roupas.


A bunda gostosa começa a rebolar de leve sobre o meu pau,
como se testasse seu ritmo favorito.

— Alguém acordou com tesão? — sussurro em seu ouvido, a

voz ainda sonolenta, mas o corpo inteiro acordado, dou uma leve

chupada em seu pescoço e ela remexe a bunda gostosa me

maltratando.

— Você quer dizer que alguém, além de você, acordou com

tesão. — A resposta me faz rir, se ela soubesse o quanto tem sido

um martírio para mim todas as manhãs...

Subo minha mão para o seu seio, tento deixar de lado a

lembrança de como foi bom fodê-los, os aperto e acabo moendo os

quadris nos dela. Prendo o mamilo entre os dedos e belisco levinho,


e ela suspira remexendo todo o corpo.

— Tenho uma resposta científica para isso, ereção matinal —

implico, virando-a para mim. — Não precisamos disso. — Retiro a

camisa e ela é como uma boneca de pano em minhas mãos,

totalmente rendida enquanto ergue os braços para que a peça saia


e eu consiga tê-la nua sob meus olhos.

— Também tenho uma desculpa científica, período fértil. —

Sua voz é um grunhido quando me movo para cima dela e logo


fecho a boca em seu mamilo. — Colin...

Sua cabeça afunda no travesseiro, e o corpo esguio se

contorce, mas retiro os lábios para irritá-la.

— Você não tem período fértil, já te vi uma porção de vezes


tomando anticoncepcional.

— Colin, você repara em absolutamente tudo que eu faço?

A resposta é sim, mas ignoro a pergunta para não a assustar.

Agarro sua coxa para enganchar sua perna sobre o meu


quadril, e empurro minha dureza protegida pela cueca contra sua
boceta.

Suas unhas cravam em meus ombros, e me esfrego

necessitado sentindo o quanto ela está molhada e convidativa,


minhas mãos golpeiam seus seios, e observo-a se desfazer com os

lábios entreabertos e o olhar perdido no meu.

Suas mãos pequenas e delicadas deslizam por minhas costas

e me curvo perseguindo seu toque.

— Eu pensei sobre o que me disse na outra noite, sobre a


minha virgindade. — Sua respiração parece difícil, e não consigo

pensar em nada que não seja a boceta quente, melada e pulsante


que está recebendo meu pau tão bem. — Eu entendi o seu ponto,
penetração é importante, mas isso aqui. — Aponta nossos corpos.

— Também é sexo, também é ser sua por inteiro. — Sorrio


orgulhoso, mas meus movimentos em seu clitóris são impacientes e

famintos. — Mas eu quero ir além, no entanto acho que você teme


esse posto, de ser o meu primeiro.

— Emma, eu nunca vou negar meu pau pra você, isso é um


fato. — Ela empurra os quadris contra mim, enquanto ouve minhas

palavras. — Mas preciso que você tenha absoluta certeza do que


quer e do que tá fazendo.

Abaixamos nossa cabeça ao mesmo tempo para olhar nossos

quadris se movendo juntos.

A cabeça do meu pau fugiu pelo cós da cueca, e Emma se

arrasta sobre ele, desesperada pelo atrito e levando-me à lona.

— Só quero dizer que eu nunca vou negar meu pau a você,


assim como devia negar sua virgindade, no entanto não consigo

pensar em nada que não seja me enterrar inteiro dentro da sua


boceta, baby — balbucio, totalmente perdido em seu corpo.

Não há penetração, apenas seu clitóris se esfregando no meu


eixo, nós dois nos movendo, tremendo, um tesão doloroso.
— Colin... Eu vou... — Emma não termina a frase porque no
segundo seguinte está convulsionando, enquanto explodo melando
sua boceta e a marcando como minha.

Agora, sentada ao meu lado com sua maldita saia colegial e

top, ela reluz sob a luz da lua, meus olhos batem no chupão em seu
pescoço e sorrio orgulhoso, porque ostento alguns também, essa é
a nossa coisa, não nos preocupamos em mostrar a todos que

somos um do outro, não há esconderijos.

A gritaria ao nosso redor me desperta a atenção para a rua


que se estende à nossa frente, iluminada pelos postes e pelos faróis

dos carros que passam ocasionalmente.

O ronco do motor ecoa no interior do veículo, um som que

ecoa força e poder. Estamos prestes a entrar em um mundo à parte,


onde as regras são diferentes e o limite é apenas uma sugestão.

À medida que nos aproximamos do ponto de partida, o ar fica

carregado de eletricidade. Os outros competidores estão alinhados,


seus motores rugindo, esperando ansiosamente pelo sinal de
largada. A minha mente está focada no desafio à frente, na

necessidade de mostrar minha habilidade e conquistar a vitória.


O sinal verde é dado e, com um movimento rápido, piso no
acelerador, sentindo a potência do carro responder
instantaneamente. A velocidade aumenta rapidamente, enquanto

deslizamos pelas ruas noturnas, contornando curvas com precisão


milimétrica. O vento sopra em nossos rostos, misturando-se com a

adrenalina que corre em nossas veias.

Emma segura-se ao banco, mesmo presa ao cinto de


segurança, seus olhos fixos na estrada à nossa frente. A confiança

que ela deposita em mim é uma motivação adicional para superar


meus limites, para mostrar a ela a emoção de estar no meio da

ação, de sentir a velocidade extrema e a energia pulsante das

corridas.

Os outros competidores estão próximos, cada um deles

buscando a mesma sensação de emoção e vitória. Adrenalina e

competitividade se misturam no ar, criando uma atmosfera elétrica


que nos envolve. Cada ultrapassagem é uma conquista, cada curva

dominada é uma afirmação de habilidade e determinação.

À medida que a corrida avança, minha concentração é total,


meu foco absoluto. Os ruídos ao nosso redor se misturam, enquanto

meus sentidos se sintonizam com a pista e com o movimento do


carro. Emma segura-se com firmeza, sua expressão revelando uma

mistura de excitação e admiração.

A noite parece passar em um borrão de luzes e velocidade.

Os quilômetros percorridos são apenas um detalhe, pois estamos


imersos no momento presente, no desafio que se desenrola diante

de nós. A competição é intensa, mas o desejo de vencer é ainda

maior.

E então, com um último esforço, cruzamos a linha de

chegada. O coração bate forte em meu peito, e uma onda de euforia

toma conta de mim.

Emma solta um grito de empolgação, seu sorriso iluminando o

interior do carro. Nós conseguimos, superamos o desafio e

conquistamos a vitória.

— Continuo te dando sorte — ela diz, animada.

Os motores ainda ecoam em meus ouvidos enquanto nos

afastamos da linha de chegada. O carro está repleto de uma mistura

de respirações ofegantes e triunfo.

Descemos do carro e imediatamente busco as mãos de

Emma, ansioso por ficarmos juntos. No entanto, antes que

possamos nos encontrar, somos separados pela multidão de


pessoas que se aproxima, querendo me parabenizar e fazer

perguntas sobre a corrida.

Respiro fundo, tentando acalmar minha mente acelerada, mas


meus sentidos permanecem em alerta máximo. Meus olhos captam

a figura de Jake se aproximando de Emma, sua expressão

presunçosa e os olhos fixos nela. Sei que ela ainda guarda suas
ressalvas depois do que ele tentou fazer contra ela. Sem hesitar, me

desvencilho da multidão e me aproximo dela, chegando antes de

Jake.

— Emma, fique perto de mim — peço, capturando sua

atenção, e ela percebe a tensão em minha voz.

— O que está acontecendo, Colin?

— Jake não tem respeito pelos limites. Não vou permitir que
ele se aproxime de você.

Parecendo ouvir meu mau presságio, Jake estende a mão em

direção à Emma, seus olhos cheios de arrogância. O sangue lateja


em minhas veias, meus dedos se apertam ao redor das mãos de

Emma. Encaro Jake diretamente nos olhos, meu olhar carregado de

aviso e ira contida.


— Ei, Emma, você fez um ótimo trabalho na corrida! Seu pai

vai adorar saber das suas atividades extracurriculares — a


provocação em sua voz faz o rosto dela franzir.

— E quem vai contar ao pai dela, você? — minha pergunta


cortante faz com que o covarde me encare.

— O que é que você tem a ver com isso, cara? — Ele se

aproxima de mim, e me posiciono em frente à Emma, encarando-o


firmemente.

— Emma está comigo. Então, se você tentar se meter com


ela, terá que lidar comigo, Jake. E você sabe muito bem que não

jogo limpo. — As palavras saem de minha boca como um aviso

ameaçador. — Sua família, a essa altura, deve estar ciente disso. —

Meus olhos alternam entre ele e Emma, transmitindo claramente


que estou disposto a protegê-la a qualquer custo.

A raiva se torna quase palpável no rosto de Jake, meu olhar é


afiado, estou deixando claro implicitamente que ela é minha, que

qualquer acordo feito entre suas famílias está destruído, e apesar do

seu descontentamento evidente, ele recua, mas isso não é uma

atitude de cautela, é mais como uma cobra se preparando para o


bote. Caminha para longe, mas ainda assim, suas palavras finais

são carregadas de desafio.

— Isso não acaba aqui, Prescott.

— Eu vou gostar do duelo, Elmore — respondo com

desprezo, cuspindo seu sobrenome como ele costuma fazer com o


meu.

Enquanto observo Jake se afastar, uma mistura de alívio e

determinação percorre meu corpo. Eu deixei claro que não permitirei


que ele se aproxime de Emma.

Ela está comigo agora, e farei o que for preciso para mantê-la
segura e protegida. Emma me olha com admiração e gratidão em

seus olhos, e isso só aumenta minha determinação em protegê-la.

— Será que ele vai contar algo ao meu pai? Ele me tranca no
quarto pra nunca mais sair, Colin. — Seus lábios tremem, e seguro

seu rosto em minhas mãos.

— Ele sabe que não é páreo para mim, Emma, relaxa! —

Beijo sua testa e inalo o cheiro doce de baunilha. — Vou pegar o

dinheiro que ganhei da corrida e então vamos pra casa, vou cuidar

de você, essa semana te negligenciei demais — confesso e vejo


seu rosto corar, e acabo rindo, ela é uma safada.
Empurro-a rudemente contra meu carro, esfrego meu pau

dolorido de tão duro em sua barriga, passo a mão em sua nuca e


trago-a para mim colando nossas bocas.

Foda-se Jake, eu quero que cada pessoa no mundo saiba

que ela é minha. Passo a língua na costura de seus lábios e ela os


abre me recebendo, suas pernas fraquejam e o meu carro a ampara

assim como meu corpo a prende entre nós.

Ela separa nossos lábios e olha ao redor, se preocupando

com os demais, e rosno roubando sua atenção.

— Vamos para casa, Colin — pede, e sinto o cheiro da sua


excitação exalar, já que o tecido dessa maldita saia colegial é fino.

Eu quero tanto fodê-la que isso está mexendo com toda a


minha racionalidade, porque o meu desejo é erguer suas pernas

aqui e agora e a lamber diante de todos, mas respiro fundo e

retrocedo, deixando-a sair do meu agarre.

No caminho de volta para casa, mantenho meus olhos fixos


na estrada escura à nossa frente. As corridas clandestinas sempre

nos levam a lugares isolados e sombrios. Enquanto estou imerso


nessa atmosfera tensa, Emma se move inquieta no banco ao meu
lado e logo toca suavemente meu braço, trazendo-me de volta à

realidade.

Ela estende a mão e a leva ao meu pescoço, acariciando a

pele, aperto a mão ao redor do volante, afinal estou excitado e

sensível desde o momento em que a beijei na saída da corrida.

De relance, vejo-a se inclinar e lamber fazendo um caminho

quente em meu pescoço, e aperto o câmbio, sentindo as bolas

apertarem nas calças.

— Pare no acostamento por um momento, Colin. — Sua voz

doce me pede, e meus sentidos ficam alertas imediatamente.

Desvio para o acostamento e ascendo as luzes do carro,

revelando um cenário envolto em completa escuridão. Árvores


imponentes cercam a estrada e não há sinal de movimento ao

nosso redor.

— O que aconteceu? — pergunto, franzindo a testa, seguindo


o exemplo de Emma e soltando o cinto de segurança, tentando

entender aonde ela quer chegar.

Emma morde os lábios e faz uma pergunta intrigante.


— Você não acha essa estrada meio sinistra? — Sua voz
carrega uma mistura de curiosidade e nervosismo. Eu concordo com
a cabeça, compartilhando a mesma sensação.

— Sim, é um tanto assustadora — respondo, meu olhar

percorrendo o ambiente sombrio. — O que você tem em mente?

Uma sugestão inesperada escapa dos lábios de Emma,


fazendo-me arregalar os olhos.

— O que acha de nos beijarmos aqui, nesse cenário? — Ela


propõe, aproximando-se de mim e começo a recuar o banco para
dar-lhe espaço. — Não acha que esse é o cenário perfeito para a

minha primeira vez?

A pergunta me pega de surpresa e meus lábios se curvam em


um sorriso incrédulo.

— Considerando que nosso primeiro encontro foi em meio a

um incêndio e o primeiro beijo foi em frente a um cemitério, faz


sentido que nossa primeira vez não aconteça em um quarto comum,

não é? — brinco, apreciando sua ousadia.

A surpresa se mistura com uma intensa antecipação


enquanto imagino a beleza desse momento. A escuridão ao nosso
redor, as árvores que parecem nos observar, criando um cenário
misterioso e romântico.

Minhas mãos encontram seu rosto delicado e nossos lábios

se encontram em um beijo necessitado, sem nos importarmos com


o ambiente sinistro que nos cerca.

— Você é definitivamente a Wandinha Addams — provoco,

lembrando de sua personalidade peculiar e seu amor pela emoção.

— Eu prefiro ser a rainha do submundo, como você já me


chamou — ela brinca, e eu apenas balanço a cabeça

negativamente, encantado por cada aspecto dela.

Emma, minha garota destemida, gosta de adrenalina tanto


quanto eu. Quando ela se acomoda em meu colo, acaricio seu
rosto, afastando algumas mechas de cabelo do caminho, lanço para

frente e tomo sua boca, que se abre e recebe a minha língua forte e
inflexível.

Agarra um punhado da minha camisa e senta na minha

ereção, um rosnado foge do fundo da minha garganta, mordo seu


lábio inferior, ganancioso, minhas mãos vão para debaixo da saia e
aperto sua bunda.
Meus dedos flexionam ao redor de sua mandíbula, mas não
pressiono, ela mói o quadril contra minha ereção, procurando

friccionar nossos sexos, e um rugido áspero derrama de minha


garganta.

Chupo sua língua, e a ataco com beijos cruéis e a mordisco

na sua mandíbula.

— Minha, você é minha. — declaro com a voz crua enquanto


demonstro a minha possessividade em relação a ela. — Se Jake ou

qualquer um tentar algo contra você, eu mato, Emma.

— Colin...

— Você duvida que eu faça? — questiono e ela nega com a


cabeça. — Eu sou doente por você, Emma.

— Então, por favor, nunca se cure.

Pressiono capaz de perfurar o aço em seu centro, e ela


monta, mesmo com nossas roupas a vejo perseguir com o quadril,

desesperada, e desabotoo cada maldito botão da sua blusa,


expondo os seios que me pertencem, fecho minha boca em seu
mamilo esquerdo e em seguida vou para o direito, os dando atenção

como merecem.
Suas mãos pequenas e delicadas tocam a braguilha da minha

calça, e apenas a observo descer o zíper e a ajudo erguendo os


quadris para que desça a calça junto da minha cueca, ainda não sei
o que ela realmente pretende, no entanto, a combinação Emma e

meu pau é irresistível.

Surpreendendo-me, ela coloca a calcinha de lado e empunha


meu pau na sua entrada molhada, faz um movimento experimental

com os quadris, o engolindo, mas quando o sente empurrar em sua


barreira, recua, curiosa ela tenta mais uma vez, fazendo-me
praguejar ao sentir sua maciez e o quanto está molhada, quando

tenta de novo em um primeiro momento, acredito que ela vá se


esfregar ali, no entanto, no segundo seguinte ela está descendo,
rasgando a boceta no meu pau e fazendo-me sentir seu hímen se

romper.
Capítulo 20: Sentença ardente

Agarro-me em Colin, totalmente rígida contra a queimadura

repentina e brutal, afinal perder a virgindade realmente dói. Minha


boca se abre em um grito agudo.

— Relaxe — ele sussurra com os dentes cerrados.

— Eu acho que não consigo aguentar mais do que isso —


falo em um fio de voz, dando conta que entrou apenas sua glande e
ainda falta todo o eixo.

Colin gira-me, e no instante seguinte deita o banco e fica por

cima de mim. Com um soco forte de seu quadril, entra por completo
e eu grito.

— Não tem um jeito de fazer isso fácil — a voz áspera

grunhe.

Sua respiração está errática e os bíceps tensos se segurando


acima de mim, enquanto seus quadris cavam mais fundo.
— Você é demais para mim — choramingo, recebendo um

leve chupar de lábios inferiores.

— Você aguenta, Emma. Relaxe, para que a sua musculatura

me receba mais facilmente, sua boceta está me estrangulando,


porra!

Meu corpo aperta ao seu redor que geme, mas começo a

relaxar quando seus lábios possuem os meus, brutalizam a minha


boca em um beijo avassalador onde sua língua faz os mesmos

movimentos que fez em meus mamilos e no meio das minhas

pernas nas vezes em que me lambeu.

Mais relaxada, ele arrasta seu pênis para fora, e logo o

empurra de volta, grosso, duro, agarro seu ombro e cravo minhas


unhas.

— Isso, me receba, Emma — o gemido cru, me faz arrepiar

enquanto o sinto empurrar novamente, desta vez minhas pernas

ficam frouxas, e começo a me acostumar com a invasão.

Cada vez que Colin me enche, instintivamente sinto vontade

de investir contra ele, rendo-me a sensação de sua puxada

escorregadia, e então a queimadura intensa quando desliza para

dentro mais uma vez.


— Isso... — murmura — Sonhei tanto tempo com isso, Emma.
— Seus olhos se fecham e agarro seu queixo, recebendo os olhos

verdes em mim.

— Olhe para mim, Colin — peço, tomada de paixão.

— Eu sempre estou olhando para você, querida.

— Até na escuridão — concluo, com o que ele já me disse e

ele acena positivamente, agarra meu seio em sua palma larga,

enquanto perco-me no arrastar quente de seu pênis, nos

conectando por completo.

— Até na escuridão, Emma. Mas agora você não está lá, é a

sua hora dourada — ele diz, fazendo alusão a música que gosto e
foi trilha de nosso primeiro beijo, com movimentos mais afiados, os

quadris encontrando os meus em estocadas mais violentas, e isso

atinge um lugar em mim que me faz começar a balbuciar,

desconexa, a fricção arranca um gemido doloroso da minha

garganta.

Seu beijo é esfomeado, como se quisesse possuir todos os


meus gemidos para si, saboreando tudo de mim, não há mais nada

que Colin não possua.


Meu orgasmo é afiado, muito mais intenso do que vinha

experimentando com ele, meu grito é ouvido pela estrada silenciosa.

Ele realmente me fode, quadris bombeando para frente e para

trás, obsceno, bruto, rosnando como um animal, e consigo senti-lo


gozar, a pressão do seu esperma me enchendo.

— Só faltava marcá-la aqui — geme as palavras, ainda

ofegante. — Agora não falta mais. Minha. — Goza com um rosnado


retorcido, e reviro os olhos amando senti-lo me encher

completamente.

Mesmo quando Colin desliza para fora, consigo senti-lo latejar

dentro de mim.

Ele retira sua camisa, e começa a me limpar, vejo o sague na


camisa branca e mordo os lábios, imaginando o estrago no estofado

do carro.

— Foi mal, não pensei nos demais detalhes da cena —

esclareço e ele sorri.

— Por favor, espero que John leve Ana de forma mais


delicada do que eu fui. Te machuquei?

— Acho que não tem uma forma de fazer isso sem machucar,
Colin.
— Isso é sobre todo o nosso relacionamento ou apenas sobre

a sua primeira penetração? — A pergunta me pega desprevenida


enquanto o vejo passar a camisa em seu pênis e rosnar olhando. —

Então, estamos realmente em uma cena de seu roteiro, temos


escuridão, cenário aterrorizante e agora, sangue — brinca e aceno

positivamente.

— Parece realmente genial — gracejo, sentindo as

bochechas corarem.

Assim que chegamos à casa de Colin, meu celular vibra, e


vejo que se trata de uma mensagem do meu pai. Meu corpo inteiro
treme com a expectativa. Será que Jake lhe disse algo?

"Filha, quando puder me ligue."

Gosto que agora ele peça, em vez de exigir minhas ligações.

Preciso de um momento para lidar com isso, afinal caso haja


alguma intriga de Jake, preciso resolver o quanto antes. Aviso a
Colin que preciso atender uma ligação e entro sozinha no banheiro

da suíte, fechando a porta atrás de mim.


Ligo para o meu pai, esperando pela resposta, mas para
minha surpresa, ele atende no primeiro toque.

— Filha, como você está? Imagino que esteja estudando


muito, já que não me liga mais — ele reclama, e eu dou uma

tossida, tentando me recompor.

— Estou bem, papai, e você, como vai?

— Vou bem, querida. No entanto, confesso que estou

desmotivado. Eu imaginava que, a essa altura, você e Jake já


estivessem namorando. A família Elmore compartilha o mesmo

sentimento de frustração que eu.

Engulo em seco e penso por um momento como seria a


reação do meu pai se eu chegasse em casa com Colin. Como ele
reagiria às suas tatuagens, ao seu jeito sarcástico, às suas palavras

profundas.

E então, percebo que ele nunca aceitaria que eu namorasse


Colin, a menos que eu lhe conte o quão terrível Jake foi para mim.
Respiro fundo e reúno coragem.

— Pai, Jake fez algo terrível na noite da festa. Eu não quis te

contar para que não se preocupasse.

— O que aconteceu, Emma?


As palavras se entrelaçam em minha garganta, mas preciso
compartilhar minha verdade com ele, mesmo que seja doloroso.

— Ele tentou me convencer a usar drogas e, quando eu


recusei, ele me jogou dentro de seu carro e me tocou. — Minha voz

treme, e lágrimas começam a rolar molhando meu rosto. — Ele


estava muito drogado e não respeitou meus limites. Graças às

ameaças vazias que fiz, ele recuou e não foi adiante — confesso,
sentindo o peso sair das minhas costas, já que tenho tentado

esquecer aquele momento com unhas e dentes.

Há um silêncio angustiante do outro lado da linha, e posso

sentir meu coração apertado, esperando a resposta do meu pai.

Estou prestes a contar a ele que Colin me ajudou a me vingar,

mas a voz de meu pai me desmotiva.

— Pobre Jake, as drogas estão deixando-o confuso, filha.

Precisamos ter compaixão — meu pai diz, e eu entreabro os lábios,

chocada.

Esperava que sua voz carregasse uma mistura de

incredulidade, raiva e profunda tristeza, no entanto ele parece

decepcionado comigo.
— Pai, você ouviu o que eu disse? Ele me tocou contra a

minha vontade e... — Sou cortada.

— Emma, se vocês vão se casar, é natural que ele te toque

eventualmente. O que me chateia é que você não seja uma boa


pessoa ao ponto de ter piedade por outro ser humano que precisa

de ajuda.

As lágrimas caem mais intensamente, e minha voz fica


embargada enquanto respondo.

— Usar drogas não o isenta do que ele fez, papai. Foi um


crime. — Minha voz soa frágil por um momento.

— Vocês se conhecem desde criança, isso não foi um crime,

Emma. Você leva as coisas muito a sério.

Esse é o veredito dele, sempre a favor de Jake, maldito

Elmore.

Assim que as palavras do meu pai ecoam em meus ouvidos,

percebo a verdade amarga que sempre esteve presente em nossa

relação. É um momento de clareza dolorosa, quando a realidade se


desdobra diante de mim.

As lágrimas não param de escorrer pelo meu rosto enquanto


tento entender como alguém que deveria me proteger e apoiar é
capaz de minimizar o que aconteceu comigo. A decepção e a

tristeza se misturam dentro de mim.

— Pai... — Minha voz treme, carregada de uma mistura de


tristeza e indignação. — Eu não consigo acreditar que você está

defendendo o Jake. Ele cruzou todos os limites, e você está

justificando suas ações. Como pode?

Há um silêncio do outro lado da linha, e posso sentir a tensão

aumentando. Meu pai respira fundo antes de responder.

— Emma, você precisa entender que as pessoas cometem

erros. Jake está lutando suas próprias batalhas, e a compaixão é

essencial nessas horas. Eu não estou dizendo que o que ele fez foi
certo, mas...

Eu o interrompo, com a voz embargada pelas lágrimas e pela


dor que me consome.

— Papai, eu preciso que você me apoie. Eu fui agredida,

desrespeitada, e tudo o que você tem a dizer é que eu deveria ter


piedade dele? Eu esperava que você estivesse ao meu lado, me

protegendo, mas... mas parece que você sempre escolhe o lado

dele. — Minha voz falha, e sinto meu peito apertar enquanto as


palavras saem com dificuldade.
— Emma, o pai dele paga o meu salário, a família dele ajuda

a nossa... — O corto, indignada.

— Eu achei que tínhamos uma relação melhor do que isso.

Mas, agora, vejo que você sempre esteve mais preocupado em


manter as aparências do que com o meu bem-estar. Eu preciso de

alguém que me apoie, que me defenda, e parece que esse alguém

não é você.

Há um longo silêncio do outro lado da linha, e sinto meu

coração pesar com a falta de resposta. Percebo, com tristeza, que

minha esperança de encontrar conforto e apoio em meu pai foi


completamente destruída.

Engulo em seco e, com a voz embargada, digo as palavras

finais antes de desligar a chamada.

— Eu preciso cuidar de mim agora. Se você não pode me

apoiar, então vou encontrar forças dentro de mim mesma. Desculpe


por esperar demais de você, papai.

Com o coração partido, encerro a ligação e me permito

chorar, deixando para trás a ilusão de que meu pai estará ao meu
lado quando eu mais precisar. Agora é hora de encontrar minha
própria força e seguir em frente, longe da sombra tóxica que essa

relação representa.

Enquanto as lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto, a


porta do banheiro se abre lentamente. Colin entra silenciosamente,

seus olhos cheios de preocupação e compreensão. Ele se aproxima

de mim com cuidado, como se estivesse pisando em um terreno


frágil.

Sem dizer uma palavra, ele me envolve em seus braços,

oferecendo o conforto que tanto preciso no momento. Seu toque é


reconfortante, e sinto que posso me deixar afundar em sua

presença segura.

Ele acaricia suavemente minhas costas enquanto soluço em

seus braços. Ele não tenta consertar as coisas com palavras vazias;

em vez disso, ele simplesmente está aqui, presente e disponível

para mim.

Ele não me julgou, incendiou tudo para que eu me sentisse

vingada, enquanto meu próprio pai está ao lado do meu agressor.

Passam-se minutos, talvez horas, enquanto me permito

desabafar todo o peso que carreguei por tanto tempo. Colin


permanece paciente, segurando-me firmemente, transmitindo um

apoio silencioso.

Quando finalmente encontro forças para me acalmar, ergo o

rosto e encontro o olhar preocupado dele. Seus olhos são um

oceano de compaixão e ternura, e sei que posso confiar nele.

— Obrigada por estar aqui. — Minha voz soa fraca, mas

carrega uma gratidão sincera. — Eu... Eu realmente precisava


disso.

Colin sorri gentilmente, seus dedos deslizando suavemente

pelo meu rosto para enxugar as lágrimas remanescentes.

— Estou aqui por você, Emma. Sempre estarei. Sinto muito

pelo que você está passando, mas saiba que não está sozinha. Eu
estou ao seu lado, não importa o que aconteça.

Suas palavras aquecem meu coração e me lembram que há

pessoas que valorizam e entendem minha dor. Pela primeira vez em


muito tempo, sinto uma pontada de esperança.

— Eu... eu não sei como lidar com tudo isso, Colin. É difícil
enfrentar a rejeição do meu pai e ainda lidar com as consequências

do que Jake fez comigo.


Colin segura minhas mãos gentilmente, transmitindo apoio e
coragem através do contato.

— Você é forte, Emma. Mais forte do que imagina. E não


precisa enfrentar tudo isso sozinha. Estou aqui para te apoiar, para

te proteger.

Deixo escapar um suspiro de alívio, e rendo-me à presença

reconfortante dele.

Com cuidado e delicadeza, ele desliza seus braços fortes ao


redor do meu corpo, envolvendo-me em um abraço reconfortante.

Sinto a segurança de seus músculos firmes e a ternura em seu

toque enquanto me levanta do chão, como se eu fosse a coisa mais


valiosa do mundo.

Cada movimento é calculado e suave, evitando qualquer


desconforto ou dor adicional. Seu cuidado é palpável, como se ele

pudesse ler minha fragilidade e desejasse proteger-me de qualquer


mal que possa existir.

Enquanto me carrega em seus braços, sinto-me como uma

princesa sendo levada pelo meu cavalheiro protetor. A sensação de


flutuar em seu abraço, deixando todas as preocupações para trás, é
incrivelmente reconfortante.
Colin caminha com passos lentos e cuidadosos até a cama,
onde delicadamente me acomoda sobre os lençóis macios. Sua
gentileza é evidente em cada movimento, e eu me sinto amada e

acolhida em seus braços.

Enquanto ele se senta ao meu lado, suas mãos continuam a


me envolver com carinho. Sua presença é um bálsamo para minha

alma ferida, trazendo um alívio que eu não sabia que precisava.

Neste momento, eu percebo o quão sortuda sou por tê-lo ao


meu lado. Colin é mais do que apenas um parceiro romântico; ele é
meu porto seguro, meu refúgio em meio à tempestade. Enquanto o

silêncio preenche o quarto, eu me dou conta de que Colin é mais do


que o cara que perdi minha virgindade. Ele é alguém que desperta

uma paixão avassaladora em mim, que me faz sentir viva, intensa e


completa. Ele é aquele que incendeia tudo por mim.

E aqui, em seus braços, sei que estou exatamente onde


pertenço.

Enquanto ele continua a fazer cafuné, aproveito a segurança


de seu toque para compartilhar meus sentimentos mais profundos.

— Ainda estou me sentindo dolorida, Colin. Não apenas

emocionalmente, mas também fisicamente. Essa noite... Nossa


aventura no carro... — murmuro, mordendo os lábios, apreensiva.

Colin pausa por um instante, seu rosto revelando uma mistura


de preocupação e compreensão.

— Sinto muito, Emma. Eu deveria ter sido mais cuidadoso,


mais atento ao seu conforto. Eu não queria que a nossa primeira
vez fosse assim, envolta pela minha fera interior em ação.

— Não é sua culpa, Colin. — Seguro sua mão com ternura. —


Eu gostei de cada detalhe — confesso, corando imediatamente. —
Foi digno da nossa história.

Um sorriso gentil se forma em seus lábios, os olhos verdes

transbordando de amor e compaixão enquanto enxuga suavemente


minhas lágrimas com seus dedos longos e grossos.

— Eu acredito em nós, Colin. E mesmo que ainda haja dor e

cicatrizes, sei que podemos construir algo bonito juntos. Estamos


aprendendo a enfrentar nossos passados e a nos abrir para um
futuro melhor. — Aperta minha mão com firmeza, demonstrando seu

apoio inabalável. — Você disse que me machucaria, mas não é


verdade. Você é quem cura minhas dores.

Colin move os lábios lentamente, como se quisesse me

revelar algo importante, mas o olhar de culpa estampado em seu


rosto denuncia que há algo que ele está escondendo de mim. A
angústia toma conta do meu peito, e um arrepio percorre minha

espinha.

Percebo o instante exato em que ele desiste de compartilhar


aquilo que o atormenta. Seus olhos evitam os meus, desviando o

olhar para o chão, como se carregasse um fardo pesado demais


para ser revelado.

Uma mistura de medo e curiosidade se instala em mim,

ansiando por descobrir o que se esconde por trás desse segredo.

— Durma, Emma. Você precisa descansar. Hoje foi insano —


ele diz suavemente.

Enquanto ele me diz para deitar, as palavras ressoam em

meus ouvidos, mas a inquietação persiste. A verdade é um


fantasma pairando no ar, ameaçando revelar-se a qualquer
momento. Eu me questiono se estou preparada para enfrentar as

consequências dessa revelação, se serei capaz de lidar com as


verdades obscuras que possam surgir.

Sei que há algo que ele não está me contando, e hoje

percebo que é algo grave. Internamente, pergunto-me: quando a


verdade vier à tona, será capaz de curar sua doença por mim, como
ele diz, e me libertar do seu domínio, ou serei levada a uma queda

fatal?

Deito-me junto das incertezas que permeiam minha mente,


deixando um rastro de preocupação no ar, mas, por enquanto,

decido confiar em Colin e encontrar conforto nos braços dele, na


esperança de que, juntos, possamos superar qualquer obstáculo
que surja em nosso caminho.

Enquanto meus olhos se fecham, a imagem de Colin com


aquela expressão de culpa não me abandona.
Capítulo 21: Liberdade proibida

A casa de Kaiden está transformada em um verdadeiro

cenário de filme de terror. A decoração de Halloween é espetacular,


com cada detalhe meticulosamente pensado para criar uma
atmosfera assustadora e envolvente.

Ao adentrar a sala, meus olhos percorrem a cena com


admiração. Teias de aranha se espalham pelos móveis, criando um

véu pegajoso e sinistro. Abóboras esculpidas com caretas malignas


são dispostas em cada canto, emitindo uma luz alaranjada e

inquietante.

As paredes estão revestidas por cortinas de veludo negro,

que dão um ar sombrio e elegante ao ambiente. À medida que a

música Criminal da Britney Spears ecoa pela sala, o chão é coberto


por uma névoa artificial, criando uma atmosfera de suspense e

mistério.
Colin me puxa para o centro da sala, onde um grande

candelabro pendurado no teto é o ponto focal. Ele se destaca no


meio da multidão, sua fantasia cuidadosamente planejada desperta

olhares curiosos e admirados, vestido como o sedutor vampiro que

é, envolve seus braços em volta da minha cintura, trazendo-me para


perto dele. Seus lábios roçam suavemente meu ouvido enquanto ele

sussurra com um tom provocante:

— E eu sou um vampiro que pretende sugar todo o seu

sangue... de prazer, é claro.

Um arrepio percorre meu corpo, e meu coração dispara em


resposta às suas palavras provocativas.

Ele usa um elegante terno preto com detalhes em vermelho,


combinado com uma capa longa e dramática. O cabelo

perfeitamente penteado para trás, revelando sua testa pálida e olhos

intensos, com presas de vampiro aplicadas nos dentes. Para

adicionar um toque sedutor, usa um colar com um pingente em

forma de cruz invertida e uma pitada de sombras escuras nos olhos,


destacando ainda mais sua expressão misteriosa.

— Um vampiro sedutor, gosto demais disso — gracejo

enquanto o abraço.
Colin não consegue conter o riso ao ver minha fantasia de
Wandinha Adams. Eu o encaro com um olhar desafiador, sabendo

que minha escolha pode parecer clichê, mas é perfeitamente

adequada para a ocasião.

Com um toque de sarcasmo, respondo:

— Ta aí, uma boa ideia de roteiro, um vampiro sedutor —


declaro, fazendo-o rir.

— Roteiros e mais roteiros, você não cansa, Wandinha? —

Sua provocação me faz rir. — Você devia enviar seu roteiro para o

projeto da universidade — comenta, e novamente entramos nesta

discussão, desde quando ele viu esse cartaz insiste nisso.

— Sou iniciante, nunca serei escolhida.

— Mas se for, terão vários olheiros no projeto, será um grande

pé na porta.

— Vamos só aproveitar a noite, Colin.

Meus cabelos curtos estão ocultos sob uma peruca preta e

longa, cuidadosamente estilizada em duas tranças que caem pelos

meus ombros. A peruca completa a aparência gótica, adicionando

um ar de mistério e rebeldia ao meu visual.


O vestido preto justo e elegante, com detalhes em renda nos

punhos e gola, realça minha silhueta e traz à tona a essência da


personagem. Uma gargantilha de veludo com um pingente em forma

de aranha adorna meu pescoço, acrescentando um toque de


extravagância e ousadia.

Meus olhos são realçados por uma maquiagem esfumaçada


em tons de preto e cinza, enquanto um batom vermelho escuro

destaca meus lábios, evocando a aura misteriosa de Wandinha,


coloquei um punhado de maquiagem de sangue escorrendo dos

lábios para dar um ar mais dramático.

Enquanto Colin me observa, percebo um brilho de admiração

em seus olhos, mesclado com o desejo que sempre me desperta.


Ele se aproxima, levando suas mãos até meus cabelos, deslizando

os dedos suavemente pelas tranças.

— Você está incrível, Emma. Essas roupas pretas e toda a


coisa gótica, é muito você e seus roteiros.

Um sorriso travesso se forma em meus lábios, e eu o puxo


para perto, sussurrando em seu ouvido:

— Apenas espere até ver o que essa Wandinha é capaz de

fazer esta noite.


O ambiente está repleto de personagens assustadores,

clássicos do terror e referências culturais.

Avisto um casal vestido como Frankenstein e sua noiva, com


costuras detalhadas em seus trajes, transmitindo uma atmosfera

macabra e romântica ao mesmo tempo. Próximo a eles, uma mulher


aparece como a icônica Noiva Cadáver, com um vestido desbotado
e pálido, seus olhos negros realçados pela maquiagem.

Ao longe, vejo um grupo de amigos que optou por uma

abordagem mais cômica, todos vestidos como zumbis desajeitados,


com roupas rasgadas e maquiagem cadavérica. Suas expressões

faciais exageradas e passos cambaleantes arrancam risadas da


multidão.

Em outro canto da sala, um casal decidiu se inspirar em


contos de fadas sombrios. A mulher veste um traje impecável de

Branca de Neve, mas com uma reviravolta sinistra: a maçã


envenenada em sua mão tem um brilho verde assustador. Seu

acompanhante se transformou no temido Lobo Mau, com uma


máscara assustadora e garras afiadas.

Enquanto passo por cada pessoa e absorvo a atmosfera da


festa, sinto uma vibração de empolgação e diversão no ar. É
inspirador ver a criatividade e a dedicação das pessoas em suas
fantasias, cada uma delas contando uma história única e
acrescentando um toque especial à noite.

Olho para Colin ao meu lado e vejo o brilho nos seus olhos,

seu fascínio pela diversidade das fantasias que nos cercam.

— Quero que conheça meu primo — ele diz, elevando a voz


para se fazer ouvir acima da música pulsante. Assinto, curiosa para
conhecer essa pessoa especial em sua vida. — Nossos pais são

dois fodidos, mas o meu primo é um cara legal, apesar de ser muito
introvertido e totalmente pacato — confessa. — No entanto ele está

apaixonado pela melhor amiga, então dei um forcinha o convidando


para vir e trazê-la hoje.

— Uau! Tomara que eles consigam se ajustar, acho fofo esse


lance de melhores amigos que dão certo, mas é perigoso —

comento, pensativa. Ao mesmo tempo, minha mente começa a


divagar sobre os possíveis desdobramentos dessa história de amor

entre melhores amigos. Sinto uma mistura de doçura e apreensão,


consciente de como esse tipo de relacionamento pode ser

complicado e até mesmo trágico em alguns casos. — Logan[8] é um


menino bom, espero que dê certo para ele. Meu tio quer moldá-lo
para os negócios, morre de vergonha do garoto, parece que essa é
a sina dos Prescott, odiarem seus filhos.

— Eu sinto muito — murmuro, minha voz carregada de


empatia.

— Eu realmente não me importo mais, no entanto sinto que

Logan quer arrumar um meio de conquistar a admiração do pai, o


que é uma grande merda.

Percebo seu tom realmente indiferente, e me pergunto o

quanto a relação dele com o pai já se desgastou.

— Queria dizer que não, mas entendo o seu primo.

Com um nó na garganta, engulo em seco. A verdade é que

estou ignorando as inúmeras mensagens do meu próprio pai,


questionando se voltarei para casa no Dia de Ação de Graças no

próximo mês. A resposta é óbvia: não irei.

Após ter revelado a Roadney Rollins todas as atrocidades


cometidas por Jake, e ter sido confrontada com seus julgamentos e

desdém, não tenho a menor vontade de voltar para aquele ambiente

tóxico. Na verdade, nunca tive vontade.

Suspiro, tentando aliviar a tensão que se acumula em meus

ombros. Percebo que já enfrentei um desafio semelhante ao de


Logan, a aprovação de nossos pais, mesmo sabendo que isso pode

ser uma busca interminável e, muitas vezes, dolorosa. Por hora,


entreguei os pontos.

E assim que bato o olho no casal de amigos, entendo o


grande dilema aqui. Um menino inseguro e um peixe fora d’água

aqui e uma garota que é um acontecimento.

O primo de Colin, um rapaz nerd e envergonhado, está


vestido como Logan, o famoso Wolverine dos X-Men. Ele incorpora

perfeitamente o personagem com seu traje detalhado e imponente.

Seu físico esbelto é realçado pelo traje justamente cortado,

imitando as garras afiadas e letais do mutante. O primo de Colin se

esforçou para reproduzir todos os detalhes, desde a máscara até os

músculos falsos que lhe conferem uma aparência mais imponente.

No entanto, sua melhor amiga...

Possui a pele negra, e está deslumbrante vestida como

Tempestade dos X-Men. Ela exala confiança e poder em sua

fantasia impecável.

Seu traje é uma representação fiel da icônica mutante. Um

elegante macacão preto e ajustado abraça seu corpo esguio,

acentuando suas curvas com elegância, reparo em alguns caras a


observando. O traje é complementado por uma capa branca

esvoaçante que se estende atrás dela, dando um toque de

grandiosidade ao seu visual.

Seu cabelo é um verdadeiro espetáculo. Trançado em

dreadlocks elaborados, está adornado com ornamentos prateados

que brilham com a luz da festa. Cada trança parece uma obra de
arte, combinando com a energia elétrica que ela representa como

Tempestade.

A pele negra de sua personagem é respeitada e celebrada

em sua fantasia. Ela usa maquiagem sutil para realçar seus traços,

destacando seus olhos expressivos e lábios sedutores. Sua

presença é magnética, irradiando uma aura de força e confiança


que é impossível de ignorar.

Enquanto me aproximo, sou saudada com um sorriso radiante


e um olhar desafiador.

Colin e eu nos aproximamos do casal, cumprimentando-os

com entusiasmo.

— Ei, priminho! Curtindo a festa? — Colin cumprimenta seu

primo com um sorriso orgulhoso. — Essa é a minha garota, Emma.

Minha garota.
Garota dele.

— Obrigado, Colin, pelo convite — diz, ajustando os óculos e

sorri para mim. — Prazer em conhecê-la, Emma. — Ele fica quieto,

sem jeito e Colin tosse.

— Sua amiga? Como se chama. — O primo intervém o

ajudando, e ele ergue as sobrancelhas percebendo que a estava

deixando de fora.

— Esta é a Ava[9]. — Olha para ela com ternura. — Ava, este

é meu primo Colin e essa é Emma, a sua garota.

— Legal vocês dois de X-men — comento e a menina sorri.

— Sim, nós simplesmente amamos, certo, Logan? — graceja

e o amigo sorri, ambos compartilhando um olhar cúmplice, algo só


deles.

— Amamos — completa.

Deus, a forma fofa como ele olha para ela, eu quero suspirar,

no entanto me seguro. Como ela não percebe toda essa paixão?

A amiga ousada dá uma risada contagiante e se junta à

conversa.
— E estamos aqui para proteger todos nós nesta noite

assustadora! Seja lá o que vier pela frente.

Todos rimos, compartilhando a alegria e a energia contagiante


da festa. Essa combinação única de personalidades, o nerd tímido e

a amiga ousada, deixa-me curiosa a respeito de como ambos

lidarão com tudo, ele vai realmente conseguir conquistá-la ou terá


seu coração triturado? A amizade tão bonita deles resistirá?

Kaiden e Megan, o casal anfitrião da festa de Halloween,

roubam a minha atenção já que também capricharam em suas


fantasias, trazendo um toque de originalidade e diversão para a

ocasião.

Kaiden, o anfitrião da festa, decide incorporar o icônico vilão

dos filmes de terror e se transforma em Jason Voorhees, da franquia

"Sexta-Feira 13". Ele veste uma réplica detalhada da máscara de

hóquei desfigurada de Jason, que cobre seu rosto, deixando apenas


os olhos penetrantes à mostra. Kaiden usa uma jaqueta de couro

preta desgastada, manchada de sangue falso, combinada com uma

camisa rasgada e calças escuras. Suas mãos são cobertas por


luvas de couro envelhecido, enquanto seus pés estão calçados com

botas resistentes. Ele carrega uma machete enferrujada em suas

mãos, pronta para aterrorizar qualquer um que ouse cruzar seu


caminho. Kaiden se movimenta com uma aura sinistra, fazendo jus

à imagem temível de Jason Voorhees.

— Eu ouvi dizer que você e Kaiden costumam usar a fantasia

de Jason, inclusive esperavam que você fizesse dupla a ele hoje —

comento o que ouvi pelos corredores da universidade.

— Não queria uma máscara entre nós, afinal, pretendo te

beijar a noite toda — diz, abraçando-me, quando Megan se


aproxima.

Ela se veste como a icônica boneca possuída, a Noiva de

Chucky. Megan usa um vestido de casamento branco rasgado e


manchado, com rendas desfiadas e aspecto desgastado. O vestido

é combinado com uma jaqueta de couro preta e desbotada, dando

um toque rebelde à sua aparência.

Seu cabelo é estilizado em mechas desgrenhadas e

bagunçadas, enquanto seu rosto é caracterizado com maquiagem

pálida, cicatrizes falsas e lábios vermelhos intensos. Megan carrega


uma faca ensanguentada em suas mãos, simbolizando sua conexão

com Chucky, o infame brinquedo assassino. Sua expressão

desafiadora e confiante completa o visual arrepiante da Noiva de


Chucky.
Kaiden e Megan, vestidos como personagens emblemáticos
do terror, são a combinação perfeita de assustadores e estilosos.

Eles encantam os convidados com sua dedicação aos detalhes e à

atmosfera sombria da festa. Juntos, eles se destacam como um


casal sinistro, exibindo uma sintonia impressionante em suas

fantasias e criando uma presença assustadora que adiciona emoção

e diversão ao evento.

No calor da festa de Halloween, decido ignorar o incessante

toque do meu telefone. Não quero lidar com dramas familiares nesta

noite, quero apenas ser uma jovem comum, aproveitando o


momento.

Beijo Colin, sentindo o gosto do vinho em sua língua, e


envolvo meu braço em volta de seu pescoço enquanto nos juntamos

aos nossos amigos na pista de dança. A música animada nos


envolve, e me entrego à energia contagiante.

Neste momento, quero deixar para trás todos os anseios e

preocupações que me cercam. Não quero pensar no meu pai e em


suas ordens, nem nas ameaças de Jake.

Quero apenas me perder na música e nos braços de Colin, e


expurgar as preocupações que nos ronda, afinal eu percebo que ele
me toca de forma suave e controlada, e sinto seu olhar carregado
de um traço de culpa a cada vez que terminamos de transar.

A noite está viva com cores vibrantes, com as pessoas


fantasiadas se movendo ao som da música. A atmosfera é

eletrizante, repleta de risadas, conversas animadas e sorrisos


contagiantes. É como se, por algumas horas, pudéssemos deixar

para trás todas as nossas preocupações e nos entregar à diversão e


à alegria.

Envolvida nos braços de Colin, permito-me sentir o calor do


seu corpo e a energia pulsante da festa. O mundo ao nosso redor

desaparece, e só existe a música, a dança e a conexão intensa


entre nós. É um momento de fuga, uma pausa nos desafios do

cotidiano, onde posso me permitir ser livre e viver o presente.

Enquanto dançamos, sinto uma sensação de euforia e


liberdade se espalhando por todo o meu ser. Nada mais importa
além deste momento, desta festa, destes amigos e deste amor que

compartilho com Colin. Por algumas horas, esqueço as


responsabilidades e me entrego à felicidade efêmera da juventude.

A noite avança e as batidas da música nos envolvem,

prometo a mim mesma que aproveitarei cada segundo dessa festa.


Sem pensar no amanhã, sem deixar que os problemas da vida
adulta me atormentem. Por agora, sou apenas uma jovem comum,
mergulhando na alegria e na celebração do Halloween.

Enquanto a noite de festa e diversão continua a minha volta, a


angústia dentro de mim cresce a cada momento que passa. É como
se houvesse uma nuvem negra pairando sobre nós, obscurecendo o

brilho do nosso relacionamento. E não consigo evitar de perceber


que Colin compartilha dessa mesma angústia, refletida em seus
olhares, toques e gestos.

Seus olhos, uma vez cheios de amor e ternura, agora


carregam uma sombra de culpa. Seus gestos, antes carregados de
carinho e proteção, agora parecem hesitantes, como se ele temesse

quebrar algo frágil.

A inquietação toma conta de mim, pois sei que algo sombrio


está sendo escondido de mim. Uma verdade dolorosa que Colin

ainda não está pronto para compartilhar. E essa incerteza, essa


espera pelo momento em que tudo será revelado, me apavora. Pois,
no fundo, sei que essa revelação tem o poder de me quebrar.

Perguntas e medos ecoam em minha mente. O que será essa


revelação? O que ela significará para nós? E como poderei lidar
com as consequências? A cada dia, a curiosidade se mistura com o
temor, e o peso dessa carga se torna insuportável.

Eu me pergunto se estamos destinados a enfrentar as


sombras juntos ou se seremos levados a um abismo profundo e
desconhecido. A confiança que construímos com tanto esforço

parece estar balançando, ameaçando ruir a qualquer momento.

Enquanto a festa continua ao nosso redor, tento afastar esses


pensamentos sombrios e me entregar ao momento presente. Mas é

inevitável que a angústia persista, como um nó apertado em meu


peito, lembrando-me constantemente da tempestade que se
aproxima.

Enquanto meus olhos percorrem o ambiente festivo, observo


nossos amigos rindo e se divertindo, mergulhados em uma
atmosfera de alegria e descontração. Um sorriso sincero se forma

em meus lábios, pois percebo que é exatamente isso que desejo


para o Dia de Ação de Graças: estar cercada por pessoas que
apreciam minha presença, onde não há imposições ou a

necessidade de me adequar a padrões pré-estabelecidos.

Em meio à animação, minha determinação ganha forma.


Sinto a urgência de tomar uma decisão e, com um impulso
repentino, pego meu celular e começo a digitar uma mensagem

para o meu pai. As palavras fluem rapidamente, impulsionadas pela


força da minha convicção, e antes que eu tenha tempo de hesitar,
pressiono o botão de enviar.

"Não conte comigo no Dia de Ação de Graças."

Um misto de alívio e apreensão percorre meu corpo enquanto


observo a mensagem partir, sabendo que estou desafiando as

expectativas e as tradições familiares arraigadas. Mas essa é uma


escolha necessária para minha própria sanidade e felicidade.

A ideia de passar mais um feriado mergulhada em um


ambiente tóxico, onde a pressão e as exigências são constantes,

tornou-se insuportável. Eu mereço ter um tempo para mim, longe


das obrigações e das máscaras que sou forçada a usar. Quero estar

ao lado das pessoas que me amam e me aceitam como sou, sem


julgamentos ou condições.

Enquanto aguardo a resposta do meu pai, uma mistura de


nervosismo e alívio preenche meu peito. Sei que minha decisão

pode causar conflitos e desapontamentos, mas também reconheço


que é uma afirmação do meu direito de escolher o que é melhor

para mim.
Não estou fugindo da responsabilidade ou negando a
importância do Dia de Ação de Graças. Estou, simplesmente,
buscando meu próprio caminho para a gratidão, rodeada por

aqueles que verdadeiramente valorizam minha presença e me


fazem sentir amada e respeitada.

Enquanto a resposta do meu pai não chega, respiro fundo e

abraço a certeza de que tomei a decisão certa. Estou pronta para


enfrentar as consequências e seguir em frente com confiança,
sabendo que estou priorizando minha própria felicidade e bem-estar.

Neste Dia de Ação de Graças, quero celebrar não apenas as


bênçãos que recebi, mas também minha coragem de tomar as
rédeas da minha vida e buscar a autenticidade e a felicidade que

mereço.
Capítulo 22: Condenados ao
desejo

Querido(a) aluno,

Finalmente é dezembro! Chegou aquela época do ano

novamente: finais e mudanças. Continuem a trabalhar duro, a linha


de chegada está à vista!

Enquanto leio a mensagem da universidade em meu celular,


fico em alerta, afinal, desde o Halloween meu pai não me liga ou

envia mensagens, e eu sei que isso não pode ser algo bom. Afinal,

eu posso lidar com o seu caos, mas é a primeira vez na vida lidando
com o seu silêncio, e não sei se fico feliz ou temerosa, afinal,

silêncio precede as grandes tempestades.

Sinto o olhar zombeteiro de Colin sobre mim. Seus lábios se

curvam em um sorriso provocador, e eu apenas reviro os olhos,


acostumada com suas implicâncias.

— Você deve ser a única do campus que se cadastrou para

receber essas mensagens da universidade, Emma — ele comenta,

divertindo-se com a situação.

— Gosto de receber mensagens da B.U.

Dou de ombros enquanto o respondo, e em seguida olho para


ele ainda com uma toalha branca enrolada no quadril, o que

significa que ainda precisará de alguns minutos.

A verdade é que, mesmo com toda a loucura dos últimos dois


meses, com os jogos de Colin, as corridas e minha luta para

conciliar os trabalhos da faculdade e estar presente para ele, sinto

um orgulho genuíno por fazer parte dessa comunidade acadêmica.

Enquanto encaro a tela do celular, meus pensamentos vagam

para a nossa primeira vez juntos. Colin tem sido extremamente

cuidadoso e atencioso desde então, preocupado em não me

machucar, já que seu tamanho avantajado sempre me deixa


dolorida. No entanto, hoje estou decidida a instigá-lo para que seja

meu verdadeiramente, quero tê-lo em sua verdadeira essência.

Uma centelha de desejo percorre meu corpo, alimentando

minha determinação em nos entregarmos plenamente um ao outro.


Guardo o celular no bolso, meu olhar encontra o de Colin, que
parece captar a mudança em minha expressão. Há um brilho de

antecipação em seus olhos, um misto de curiosidade e ternura. Eu o

esperei pacientemente sair do vestiário após o treino de hóquei,

ansiosa para irmos para o seu apartamento.

No entanto, ao olhar através da porta do vestiário, uma ideia

insana passa por minha mente muito fértil. Uma risada escapa de
seus lábios e ele percebe a faísca travessa em meus olhos.

— No vestiário, Emma, sério? — ele diz, com os cabelos

ainda molhados, e sinto uma onda de vergonha me percorrer.

— Vista-se logo, esquece isso — respondo, tentando

esconder minha empolgação, mas no segundo seguinte, ele me


surpreende ao me puxar para dentro e trancar a porta do vestiário

masculino. O som do trinco ecoa no ambiente, selando nosso

momento de intimidade.

Meu coração dispara dentro do peito, uma mistura de

excitação e nervosismo toma conta de mim. Meus olhos percorrem


o espaço ao nosso redor. O vestiário masculino está mergulhado em

uma penumbra suave, com filetes de luz do sol se infiltrando pelas

frestas das janelas.


A luz suave se espalha pelos bancos de madeira e também

sobre os armários alinhados nas paredes que exibem os nomes dos


jogadores.

O aroma de sabonete e desodorante paira no ar, misturando-


se ao cheiro característico do suor dos atletas.

O vestiário é espaçoso, com fileiras de armários metálicos

alinhados nas paredes. Bancos de madeira se estendem ao longo


do cômodo, proporcionando um lugar para os jogadores se

sentarem enquanto se trocam. Toalhas brancas e uniformes


pendurados em ganchos completam a cena.

Colin se aproxima de mim, sua presença imponente


preenchendo o espaço. Seus olhos faíscam com uma mistura de

desejo e diversão, enquanto ele se aproxima lentamente. Sinto meu


corpo tremer diante da iminência do que está por vir.

Suas mãos fortes encontram as minhas, entrelaçando nossos


dedos com ternura. Seus lábios roçam suavemente na curva do

meu pescoço, deixando um rastro de arrepios pelo meu corpo. A


eletricidade entre nós é palpável, o ambiente carregado de uma

tensão erótica.
As vozes abafadas de outros atletas que estão passando do

lado de fora se tornam apenas um murmúrio distante, enquanto nos


entregamos à paixão proibida. O calor do momento contrasta com o

ambiente fresco do vestiário, criando uma atmosfera ainda mais


intensa.

Cada toque, cada beijo, é uma explosão de sensações, um


mergulho profundo em um mundo só nosso. As vozes do mundo

exterior desaparecem, e somos consumidos pelo desejo. No


vestiário, somos apenas eu e Colin, entregando-nos ao amor e ao

prazer de forma avassaladora.

O tempo parece suspenso, e nada mais importa além do


toque de nossas peles, dos suspiros compartilhados e dos gemidos
sussurrados.

Com a chegada implacável do inverno em Boston, as

temperaturas caem e as roupas pesadas se tornam uma


necessidade para enfrentar o frio cortante. Mas, para Colin, despir-

me dessas camadas de tecido ganha um significado completamente


diferente.

Os olhos cintilantes refletem o desejo fervoroso de me livrar


de cada peça de roupa, uma a uma, como se estivesse
desvendando um precioso presente escondido sob um papel de
embrulho.

Seus dedos habilidosos deslizam pelos botões e zíperes,


libertando-me das camadas protetoras e revelando minha pele

exposta ao seu olhar faminto. A cada peça que cai no chão, a


intensidade entre nós aumenta, criando uma aura de calor e
excitação que desafia a frieza do ambiente. O inverno pode ser

implacável, mas a paixão ardente que compartilhamos é capaz de


derreter até mesmo o gelo mais resistente.

A palma de sua mão vai diretamente para os meus seios, a

forma vidrada como olha para os meus mamilos me faz ofegar,


quando os belisca engulo uma respiração profunda.

Desajeitada, levo minhas mãos ao nó da toalha em sua


cintura e o desfaço, o deixando tão nu quanto eu, e ele sorri

diabolicamente.

— Tão impaciente — repreende, no entanto, sua mão grande


cava a carne macia dos meus quadris, enquanto envolvo meus
dedos em sua dureza, sentindo a pele quente e seus piercings frios.

Coloco-me de joelhos, e encaro seu membro a menos de um

palmo de distância do meu rosto, o seguro e o empunho o


encostando em sua barriga e passo a língua em seus piercings na
parte inferior, molhando todo o eixo e imediatamente sua mão vem
para os meus cabelos.

— Emma... Devagar! — pede, mas eu sorrio totalmente

sarcástica.

— Você está me fodendo devagar há dois meses, Colin,


mostre-me o seu pior — peço. — Não sou frágil, eu aguento a sua

carga.

Seus olhos brilham como fogo enquanto observa minha

língua descer até suas bolas, dou uma sugada leve e o ouço

praguejar, desço a minha boca e cuspo em seu períneo, lambendo


em seguida, e ele aperta ainda mais forte meus cabelos.

— Renda-se, Colin, perca o controle comigo — digo, quando


nossos olhos se encontram, enxergo o quanto ele está por um fio.

Queima o meu couro cabeludo quando ele me ergue, pondo-

me de pé. De repente, me coloca contra a parede de armários de


metal, sua boca toma a minha em um beijo urgente, sua língua

acariciando a minha, sugando, levando-me à beira do abismo.

Ele se abaixa e agarra a minha coxa e a engancha

envolvendo o seu quadril, agarra a minha bunda e me levanta como


se eu não pesasse nada.

Enrolo minhas pernas ao seu redor e arranho sua pele com

as minhas unhas enquanto o sinto entrar em mim com um impulso

firme.

Seus quadris me empurram contra os armários, fodendo sem

qualquer controle, permaneço apenas parada recebendo a sua

carga, o acompanhando, Colin joga a cabeça para trás, grunhindo, a


respiração selvagem, o vapor se tornando uma neblina entre nós.

É escorregadio, intenso, seu pau cresce dentro de mim,


grande, grosso, batendo forte, e quando estou prestes a formar meu

orgasmo, ele nos desconecta.

Sua mão desliza pela minha pele, quando ele força minhas
bochechas da bunda a se separarem, seu dedo não para até que

ele chegue no buraco enrugado.

— Colin... — sussurro, apreensiva.

— Relaxe, me deixe entrar, Emma. — Tento obedecer a seu

pedido, mas é difícil, fico travada, e então seus lábios mordiscam os


meus.

Ele curva o dedo para dentro, aproveitando meu relaxamento.


— Pulsando... Tão apertado... — respira de forma selvagem

— vai ser tão gostoso comer seu cu. — Empurra, fazendo arder,

meu corpo inteiro reage a sua invasão, o dedo enterrado até a junta
quando ele insere mais um dedo.

Começa o vai e vem com seus dois dedos e, vira meu

pescoço e me beija molhado, chupando minha boca. Emito um som


agudo quando um terceiro dedo entra.

Suas pálpebras estão pesadas, os lábios abertos sussurrando


um suave “porra”, e os dedos afundando em mim.

Enquanto me estica, Colin emite grunhidos e engole meus

gemidos.

— Quero ficar enterrado nessa bunda o dia inteiro, mas sei

que não vou durar cinco segundos. — As palavras ditas ao pé do


ouvido me arrepiam, saber que o proporciono tanto prazer, deixa-me

poderosa.

Vira-me, e levo as mãos às portas dos armários, através do


grande espelho diante das pias, consigo ver a cena, Colin cospe em

seu eixo por trás de mim, puxa a minha bunda para si mantendo-a

aberta enquanto sinto a glande começar a entrar em meu buraco


rugoso, totalmente virgem.
— Oh! — Suspiro, sentindo a queimação, a invasão que é

dolorosa e ao mesmo tempo prazerosa.

— Apertado pra caralho, Emma.

De forma crua o recebo, de pé, apoiando-me sobre os

armários, totalmente ousada, enquanto Colin afunda os dentes nos

meus ombros, e me empino, gostando de vê-lo perder o controle

comigo. Quando ele goza, eu sorrio, sentindo-me vitoriosa.

Quando ele nos desconecta, ainda sinto o latejar em meu

sexo.

— Emma, eu te machuquei? Você precisa respeitar os meus

limites.

— Eu gosto quando você os perde comigo.

— Eu fodi sua bunda de pé no vestiário, Emma. Você tem


noção?!

— Tenho noção até demais, Colin, ainda sinto como se

estivesse dentro de mim — confesso e ele me segura pela mão.

— Venha, deixe-me cuidar de você.

Guia-nos até o chuveiro quente, e apenas fico parada

sentindo os jatos da água em meu corpo, enquanto ele me ensaboa,

parecendo uma carícia suave.


— É errado eu querer que você faça isso todos os dias? —

questiono brincalhona e ele beija a ponta do meu nariz.

— Eu, definitivamente, não seria contra. — A resposta vem


junto de seus dedos acariciando meu clitóris com a mão ensaboada,

e já sei que ele não vai parar até me ver gozando trêmula em seus

braços.

Assim que abrimos a porta do vestiário, ainda ajustando

nossas roupas, nos deparamos com um homem impecavelmente

vestido em um terno bem ajustado. O impacto da colisão me deixa


momentaneamente envergonhada, pensando no que ele pode ter

ouvido da nossa conversa anterior. Mas quando viro meu olhar para

Colin ao meu lado, percebo que algo está errado. Seu rosto está
pálido, e sua expressão revela uma mistura de surpresa e

apreensão.

Intrigada, sigo seu olhar e me deparo com o homem à nossa

frente, e é então que percebo as semelhanças perturbadoras entre

eles. É como se estivesse olhando para Colin no futuro, só que

trajando um terno, todo formal e sem as características tatuagens


que conheço tão bem. A coincidência é desconcertante, e a tensão

no ar se intensifica.

Antes que eu possa processar completamente o encontro

inesperado, o homem se dirige a Colin:

— Livre-se da vadia, e vamos conversar no meu carro.

Sinto uma mistura de indignação e choque ao ser tratada


daquela forma desrespeitosa, mas quando seus olhos se encontram

com os meus, algo inesperado acontece. Sua expressão se

transforma em uma palidez repentina, como se tivesse visto um

fantasma. Uma troca de olhares intensa e desconcertante se


desenrola entre nós por alguns segundos, até que ele se vira e

segue caminhando em direção à saída, sem olhar para trás. E é

nesse momento que percebo que Colin não vai me defender ou


confrontar seu pai em minha defesa.

— Vamos lá, papai.

Colin diz, sem sequer me defender do xingamento de vadia, e

segue caminhando para fora, dando-me as costas sem olhar para

trás, e seu pai olha-me por mais alguns segundos, até que vai junto
do filho sem sequer se desculpar.
Fico ali, parada e abalada, sem conseguir compreender o que
acabei de presenciar. A sensação de abandono e confusão toma

conta de mim, enquanto tento assimilar a atitude de Colin e a reação

do seu pai. É como se o chão tivesse sido tirado de debaixo dos


meus pés, deixando-me desnorteada e desamparada.

Nesse instante, tantas perguntas invadem minha mente. Por


que o pai de Colin parece me conhecer? Por que ele ficou pálido ao

me ver? E por que Colin simplesmente me deixou aqui, sem ao

menos me defender ou se desculpar pelo tratamento humilhante

que recebi? Tento juntar os fragmentos da situação, mas tudo o que


encontro é um vazio de respostas.

Apenas uma coisa é certa: algo muito mais complexo e


profundo está acontecendo, algo que ultrapassa o meu

conhecimento e a minha compreensão.

E agora, mais do que nunca, sinto-me perdida em meio a um


emaranhado de segredos e mistérios que envolvem Colin e sua

família.
Capítulo 23: A omissão que
aprisiona

Assim que meu pai adentra o carro, seu motorista fecha a

porta com firmeza, nos proporcionando um momento de privacidade


no banco traseiro. Sentados lado a lado, o clima tenso paira no ar

enquanto aguardo o que está por vir.

— Sinceramente não sei quem é pior, você e seu ímpeto


maldito ou seu primo que é um fraco. Meu pai que criou a mim e
meu irmão com mãos rígidas e neste momento ele deve se revirar

no túmulo ao ver a merda que são os nossos filhos. — Ele começa

seu sermão de forma censuradora.

Uma onda de irritação toma conta de mim ao ouvir o nome de

Logan ser mencionado em meio àquela discussão. Meu primo não


merece o tratamento que recebe de seu pai e tio, assim como eu,

mas a diferença entre nós é que eu tenho a capacidade de suportar,


de lidar com a carga pesada que eles nos impõem. Sou feito do

mesmo material defeituoso que os dois, mas Logan é diferente. Ele


é bom.

Mesmo diante de tudo isso, ele mantém uma bondade e uma


pureza que admiro profundamente. É um contraste marcante com o

resto da família.

— Deixa o Logan fora da nossa merda — resmungo,


remexendo-me desconfortavelmente no assento do carro, tentando

encontrar uma posição mais adequada.

— Veja bem, eu entendo a questão da juventude e os

hormônios em ebulição, Colin — meu pai prossegue. — No entanto,

trepar com a garota cujo a mãe dela...

No entanto, antes que ele possa continuar com suas palavras

de julgamento, interrompo-o abruptamente, não suportando mais

ouvir suas críticas e insinuações.

— O que você quer, Elliot? — Cuspo as palavras com raiva,


encarando-o furiosamente. — Eu não vou até seus esconderijos

reclamar de como você trata suas prostitutas.

— Ela não é uma prostituta, é uma garota que teve a vida

arruinada por você, e agora achando pouco, você quer arruinar a


honra da menina — rebate.

— Como se você realmente se importasse com essa merda

— disparo, a ironia permeando minha voz. — Não, você não se

importa de verdade. Então, poupe-me de seus discursos hipócritas.

— Colin, o ex-namorado de Emma está irritado com o fato

dela abrir as pernas para você. Ele entrou em contato com o meu
jurídico. — Ele ajeita a gravata, e o gesto, aparentemente casual, é

apenas um magnata ajustando o terno. Mas eu conheço o seu tique

nervoso, ele está à beira de um colapso. Então, ele coloca a mão

em qualquer coisa ao seu alcance para espairecer por um instante.

— O menino fez um acordo conosco, retirou a queixa do seu

incêndio contra o carro dele, e, em troca, você o deixaria em paz.


No entanto, Jake Elmore disse que você não parece... disposto a

seguir com o combinado.

— Não fiz parte de nenhum combinado com ninguém da

família Elmore, se você o fez, limpe a sua merda longe da minha

bunda — respondo, sentindo uma mistura de raiva e determinação

transbordando em minhas palavras. Encaro meu pai, que sorri de


forma ameaçadora, revelando um lado obscuro que eu desconhecia.
— Se a garota descobrir o seu envolvimento no crime que

levou a mãe dela, e te denunciar, você vai arruinar a fama da nossa


família — papai rosna as palavras, e agora entendo todo o sermão:

medo.

Seus olhos estão cheios de um ódio intenso e seu tique

nervoso passando a mão agora na lapela do terno revela a tensão


que o consome. Ele está à beira de me matar com as próprias

mãos, desesperado para controlar a situação e proteger a reputação


dos seus negócios, do seu sobrenome. Mas suas palavras não me

intimidam. Eu não vou ceder às ameaças dele.

Olho para meu pai e começo a medir suas atitudes, e o

alarme ressoa em minha mente, ele veio a Boston em carne e osso,


ele está falando palavrões, totalmente insano, nada disso faz parte

do seu padrão silencioso e passivo-agressivo, é rude demais, o que


entendo que todo esse conjunto, não é nada bom para mim.

— Termine com ela, Colin. Ou vou me envolver nessa história,


e algo me diz que você não vai gostar dos métodos que utilizarei.

Meus punhos se fecham com força, e um misto de raiva e

desafio brilha em meus olhos.


— Eu vou terminar com ela — declaro, a confiança em

minhas palavras ecoando em meio ao clima tenso. — De qualquer


forma, ela não é nada para mim — minto, porque se ele souber o

quanto ela é a minha fraqueza, certamente vai destruí-la.

— Eu sinto o cheiro da sua mentira, filho.

No entanto, meu pai não se dá por satisfeito. Sua expressão

se torna ainda mais sombria, deixando claro que ele está disposto a
ir além para assegurar que eu obedeça suas ordens.

— Eu vou terminar com ela — asseguro, e isso o faz

retroceder.

Respiro fundo, sentindo a pressão aumentar e uma feroz

determinação se acender dentro de mim. Se há algo que aprendi ao


longo dos anos é a não subestimar meu pai, mas também a não

ceder facilmente às suas manipulações. Se ele acredita que pode


controlar cada aspecto da minha vida, está prestes a descobrir que

comigo não é tão simples assim.

Mantendo minha postura firme, olho diretamente nos olhos de

Elliot, e decido que não vou permitir que ele controle minha vida e
me force a tomar decisões com base em seu medo e interesses. É
chegada a hora de enfrentar as consequências das minhas escolhas
e lidar com as adversidades que virão.

Com uma sensação de libertação crescendo dentro de mim,


percebo que a melhor decisão que posso tomar é ser honesto com

Emma, revelar toda a verdade e enfrentar as consequências dos


meus atos. Já carrego o peso da culpa há tempo demais, e não
posso mais viver com essa mentira sufocante.

Decido que é hora de permitir que Emma me denuncie, de

encarar as consequências legais pelos meus atos e de assumir a


responsabilidade por minhas escolhas. Ao fazê-lo, estarei finalmente

cortando os laços que me prendem ao meu pai, libertando-me de


sua influência tóxica e controladora. Se eu me apresentar à polícia
ele vai desfazer nosso acordo e destruir a vida da Emma, mas se

ela me denunciar, não houve nenhuma quebra, então é assim que


precisa ser.

Sei que essa revelação terá um impacto profundo em nossa

relação, e é possível que nosso vínculo seja rompido para sempre.


No entanto, prefiro enfrentar a verdade e suportar as
consequências, do que continuar vivendo uma vida baseada em

mentiras e enganos.
O caminho à minha frente não será fácil. Vou encarar o
julgamento da sociedade, pagar por meus erros e enfrentar as
consequências legais. Mas, ao mesmo tempo, sinto um alívio

genuíno ao imaginar que estou me libertando do jogo do meu pai e


trilhando meu próprio caminho, mesmo que isso signifique estar

atrás das grades.

Encontro a porta do meu apartamento entreaberta quando

chego e, imediatamente, meu coração se aperta com uma sensação

de apreensão.

Observo atentamente a sala enquanto entro, e é então que

meus olhos se fixam em uma mochila jogada no sofá. Minha


respiração fica mais pesada, pois algo dentro de mim já suspeita do

que está prestes a acontecer.

Caminho pelo corredor em direção ao meu quarto, e a porta


está escancarada, revelando Emma em meio a um cenário de

desmonte.
Ela está tirando suas roupas do meu closet e colocando-as

cuidadosamente na mochila vazia enquanto outra já cheia está


jogada na sala. Seu rosto está marcado por lágrimas, e um nó se

forma em minha garganta ao testemunhar sua tristeza.

Fico parado no batente da porta, sem saber exatamente o

que dizer ou fazer.

Observo-a em silêncio, minha mente tentando processar tudo


o que está acontecendo.

É doloroso vê-la chorar, e a culpa se mistura com a tristeza


em meu peito. Quero correr até ela e abraçá-la, consolá-la, mas sei

que não será tão simples assim. Nossas palavras serão difíceis, as

emoções estarão à flor da pele.

Quando nossos olhares se cruzam, Emma limpa uma lágrima

teimosamente, e vejo nos seus olhos castanhos toda a amargura e

decepção que ela está sentindo.

Respiro fundo, buscando forças para encarar a conversa que

inevitavelmente virá. Atravesso o limiar do quarto e me aproximo

dela, buscando estabelecer um mínimo de conexão entre nós.

— Foi boa a conversa com seu pai? — Sua pergunta é

carregada de ironia e dor, e me atinge como um tapa.


Engulo em seco, lutando contra a vontade de dizer algo

impulsivo ou desculpar-me imediatamente. Preciso escolher minhas

palavras com cuidado.

— Emma, eu... — Minha voz falha por um momento, lutando

contra a turbulência das emoções. — Essa é uma frase complexa,

afinal nunca pode ser boa uma conversa com meu pai, ele é um pé
no meu saco.

Sento-me na beira da minha cama king size, busco um pouco


de estabilidade emocional, enquanto observo-a com atenção.

Seus olhos estão vermelhos e inchados, e a expressão em

seu rosto mostra o peso das palavras que foram ditas. Sinto um
aperto no peito, pois sei que preciso encontrar as palavras certas

para acalmá-la.

— Seu pai me chamou de vadia e você não me defendeu.

Talvez seja porque é isso que sou para você, não é?! — Ela

desabafa, sua voz carregada de dor e decepção.

Seu questionamento corta fundo, e sinto um misto de tristeza

e frustração.

— Você sabe que não, Emma. Eu já te disse uma porção de

vezes que eu te amo, e nunca disse isso para mais ninguém em


toda a minha vida. Você é especial para mim, e a última coisa que

eu quero é que você se sinta menosprezada ou desrespeitada.

Ela se senta ao meu lado, ainda fragilizada pelas lágrimas

que insistem em cair. Sinto o desejo de envolvê-la em um abraço


protetor, e sem calcular levo minha mão em seu rosto, suavemente

enxugando as lágrimas que escapam.

— Então, por que não me defendeu?

— Não vale a pena, vai por mim, você não gostaria de ver

uma discussão entre mim e meu pai. Ele é uma pessoa difícil, e
suas palavras podem ser ainda mais cruéis, e eu não quero que

você veja o meu pior lado. Eu preferi evitar mais conflitos naquele

momento, mas isso não significa que concordo com ele ou que não

me importo com o que ele disse.

Emma suspira, revelando sua frustração e decepção, mas

também um sinal de que está disposta a ouvir-me.

— Estou muito chateada, Colin — ela murmura, sua voz

carregada de emoção.

— Eu sei, mas ouça-me. — Acaricio delicadamente seu rosto,

enxugando cada parte molhada com a palma da minha mão. — Eu

te amo, Emma. Você duvida disso? — Faço uma pergunta sincera.


Ela nega com a cabeça, os olhos fixos nos meus, revelando

uma leveza momentânea em meio à tempestade de emoções.

— Eu estava pensando nas férias de inverno, tem o Natal e


eu pensei de passarmos juntos, mas agora vejo que o seu pai... —

Emma começa a dizer, mas eu a interrompo, capturando seus lábios

em um beijo apaixonado.

Esse beijo é a minha última oportunidade de experimentar a

felicidade que só ela, minha droga e minha cura, pode proporcionar.

Como um viciado prometo a mim mesmo que esse beijo é

como um último trago, uma busca desesperada por aquele êxtase

que só ela pode me dar.

Seu cheiro, sua pele suave, seu calor que se mistura ao meu,

tudo isso intensifica a sensação de estar sob o efeito dessa droga. E

entrego-me a ela sem reservas, sabendo que depois desse


momento, não haverá reabilitação capaz de me trazer de volta.

Tê-la nos meus braços eleva o meu nível de dependência. No


mesmo momento meu pau fica duro feito pedra, vou perdendo a

consciência do certo ou errado, e me afundar em seu calor molhado

é a única coisa que consigo pensar com nitidez.


Emma é a minha droga favorita, e também a mais letal de

todas, pois é ela quem me vicia e me faz querer cada vez mais. Mas
ao mesmo tempo em que essa droga me consome, sei que ela

também é minha cura.

Só ela é capaz de acalmar minha alma agitada e trazer


sentido à minha vida tumultuada.

No entanto, mesmo nesse momento de prazer e intensidade,


sei que nossa realidade logo nos separará. Não estaremos juntos

até o Natal, mas nesse beijo final, eu aproveito cada segundo como

se fosse o último gole de uma droga proibida. É um momento

efêmero, mas extremamente poderoso, que guardarei como uma


lembrança inebriante.

— Colin, o que você está fazendo? — resmunga com os


lábios colados nos meus.

Estou tão duro que me esqueci o quão errado é o que estou

fazendo, a ideia de foder com ela antes de lhe contar a verdade é


muito tentadora.

— Shiii... Me deixa fazer amor com você — peço.

— Eu ainda estou chateada.

— Eu sei, mas por favor, me dê isso.


Puxo sua blusa para cima, passando por sua cabeça e revelo
os seios pálidos.

— Estão muito duros — falo, enquanto os belisco e ouço o


gemido dela, a porra do som que eu gostaria de ouvir a vida inteira.

— Colin... — Joga a cabeça para trás rendendo-se, e fecho a


minha boca chupando o mamilo, raspo os dentes e assisto-a

remexer incomodada.

— Oh, sua doce boceta quer atenção, não é?! — instigo. —


Livre-se da calça jeans e abra as pernas para mim, Emma, me

alimente da sua boceta, querida.

Tão entorpecida quanto eu, ela obedece, se desfaz da calça e

em seguida de sua calcinha, enquanto livro-me da minha camisa e

abro minha calça enquanto meus olhos observam cada detalhe


dela, a forma curvilínea e envergonhada com que se deita na minha

cama e espalha as pernas abertas.

A boceta rosada fica exposta e reparo nos pequenos lábios


que são maiores, um pouco mais longos que os grandes lábios.

Sim, conheço de cor a anatomia da sua boceta.

Inclusive, sei que assim que apenas assopro seu clitóris ela
se contorce.
— Oh, Colin!

Assim como sei que no momento em que a ponta da minha


língua dura toca seu ponto sensível, ela leva as mãos em meus
cabelos e puxa-me para si.

Subo e desço a língua, sem qualquer pressa, comendo sua


boceta como se deve, curtindo o barato que só consigo obter
fodendo cada parte do corpo de Emma.

Quando deslizo meu corpo para cima e encaixo meu pau em


sua entrada, sinto-a melada ao extremo, e preciso fechar os olhos
com toda força, porque parece demais.

— Porra, Emma. — O rosnado me escapa e é sempre


delicioso afundar meu pau nela, a forma como se contorce, as
unhas me arranhando, a anatomia difícil, é sempre difícil, apertado,

como se ela não fosse feita para me receber e ainda assim é gulosa
ao ponto de forçar para dentro,

Cavo para dentro dela, fundo, insano, necessitado, porque é

assim quando se tem um vício, nunca é suficiente, o melhor trago é


sempre o próximo.

Emaranho minha mão em seus cabelos e a puxo para cima, a


boca colidindo com a minha e a beijo enfiando minha língua, e a
lambendo como fiz com sua boceta, e o gesto a faz ofegar.

— Eu amo foder você — declaro. — Eu amo como você me


recebe. Amo o seu corpo. Eu amo você.

Sinto seus espasmos, o orgasmo sendo construído, mordisco


seu pescoço e soco mais forte na sua boceta, Emma se contorce,
apertando-me ainda mais, minhas bolas se apertam e deixo-me ir,

jorrando dentro dela.

E isso é a merda do vício, você sempre quer mais, não sabe a


hora de parar, até que quando olhar ao redor tudo está destruído, e

você não tem mais opção, ou você para o consumo, ou o vício mata
você.

Observo Emma dormir tranquilamente, envolta na névoa de


prazer que compartilhamos. O quarto está quente graças ao
aquecedor, proporcionando um ambiente aconchegante. Com

cuidado, deslizo para fora da cama, removendo-a gentilmente do


meu peito.
Visto-me rapidamente, consciente de que o tempo está se
esgotando. Pego suas roupas e as coloco de volta em sua mochila,

garantindo que tudo esteja em ordem para quando ela acordar.


Quero facilitar as coisas para ela, para que não tenha que se
preocupar com nada quando o momento de lhe contar a verdade

chegar.

Envio uma mensagem para Megan, pedindo que ela venha


buscar Emma daqui a aproximadamente uma hora. É tudo o que

tenho agora, apenas uma hora até que minha vida desmorone por
completo. Cada minuto que passa parece uma eternidade, e o peso
da confissão iminente aperta meu peito.

Enquanto espero pelo inevitável, meu coração acelera. O


relógio continua a avançar implacavelmente, cada segundo me
aproximando do momento decisivo.

E é isso que eu tenho, uma hora até que minha vida


desmorone.
Capítulo 24: A verdade que
liberta

Acordo com o carinho de Colin em meus cabelos e um sorriso

se forma em meu rosto e sorrio, mesmo estando chateada com ele


por não ter me defendido de seu pai. Acredito em seu amor, mesmo

nos momentos difíceis.

— Nós precisamos conversar, Emma — ele diz, com uma


expressão séria, e eu pisco os olhos sonolenta.

— Não pode esperar um pouco mais? — pergunto, esperando

ganhar algum tempo.

— Não, não posso mais adiar, infelizmente.

Levanto-me da cama e começo a vestir a roupa de frio que


ele separou para mim, notando que ele já guardou minhas outras
roupas na mochila. Meu coração começa a bater forte no peito,

pressentindo que algo importante está prestes a acontecer.

— Você está terminando comigo? — a pergunta sai dos meus

lábios carregada de apreensão. — Ou melhor, você está terminando


comigo depois de gozar?

— Não, mas acho que você vai terminar comigo depois do

que eu lhe contar — ele responde, carregando um tom de tristeza


em sua voz.

A frase ressoa em meus ouvidos, ecoando como um


presságio sombrio. A incerteza toma conta de mim, enquanto

imagino o que ele poderia ter a dizer, algo que o deixasse tão

apreensivo. Meus pensamentos correm desenfreados, tentando


antecipar o que está por vir, mas minha mente não consegue chegar

a uma conclusão clara.

Enquanto termino de me vestir, fito Colin em busca de

respostas, esperando que ele possa aliviar a ansiedade que se


apoderou de mim. No entanto, vejo em seus olhos a tristeza e a

preocupação, e sinto uma pitada de medo se infiltrar em meu peito.

— Diga de uma vez. — O enfrento de pé, mas ele permanece

sentado, olhando-me com pesar.


— John... — Ele começa e o corto.

— Sem enigmas, Colin.

— Emma, por favor, não torne isso mais difícil, apenas feche

os olhos e sinta. — Colin pede com urgência para que eu feche os

olhos e me deixe levar. Relutantemente, obedeço, sentindo suas

mãos cobrindo meus olhos, mergulhando-me na escuridão. Sua voz


ecoa em meu ouvido, trazendo à tona suas palavras dolorosas:

— Me imagine como um personagem em seu roteiro,

quebrado como John. — Meus lábios se entreabrem em um ofegar

involuntário, captando a intensidade e a vulnerabilidade de suas

palavras. — Desde criança fui criado para ser uma pedra, sem

sentimentos, porque no mundo das famílias aristocratas o maior erro


que se pode ter é sentir demais. — Um arrepio percorre minha

espinha ao ouvir a referência ao personagem fictício que representa

sua própria essência. Fico ofegante, lutando para assimilar a

magnitude do que ele está prestes a compartilhar. — Meu pai fez

questão de quebrar todos os elos que eu possuía, se eu fazia

amigos, ele me trocava de escola, se eu me apegava a algum bicho,


então ele os matava na minha frente, se eu sentia muito amor por

meu avô paterno, então ele o coloca morando do outro lado do país.
— Isso parece terrível — expresso minha consternação,

reconhecendo a terrível natureza dessa experiência. Colin destampa


meus olhos, permitindo que eu o encare.

Meus olhos encontram os dele, e meu coração se aperta com


empatia e compreensão.

— Então cada vez mais eu precisava botar pra fora os meus

sentimentos, e tomado pelo desejo de pertencer a algo, eu entrei em


uma gangue, me afundei nas drogas, no desejo incessante por

adrenalina, por sentir.

— Colin, isso é horrível, foi um integrante de uma gangue que

matou a minha mãe.

— Você nunca me falou dela, como era a sua relação com a


sua mãe? — Colin pergunta-me, seu tom sério ecoando no quarto.

— Era ruim, eu sempre fui muito submissa, ela era muito


tóxica, mas ainda assim era a minha mãe, a única que tive. — Dou

de ombros, relembrando o peso dessa relação conturbada. —


Aonde você quer chegar, Colin?

— Como foi o assassinato dela? — sua pergunta direta me

pega de surpresa, fazendo-me estremecer.


— Ela estava no lugar errado, na hora errada. — Respiro

fundo, refletindo sobre o trágico dia de sua morte. Minha mãe estava
de pé na calçada, saindo de um mercado local quando foi atingida

por um tiro. Meus lábios entreabrem-se, revelando a lembrança


dolorosa.

— O que a minha mãe tem a ver com essa conversa? — A


verdade começa a se desenrolar diante de mim, atingindo-me como

um trem desgovernado. — O assassino dela está preso, eu sei que


está... — Minha voz treme enquanto dou dois passos para trás,

buscando amparo na distância.

— Como ele a atingiu, Emma? — A pergunta de Colin penetra


fundo em meu coração, desvendando uma realidade assustadora.

— Ele estava fugindo da polícia em alta velocidade. — A


primeira lágrima escorre dos meus olhos, carregada de angústia. —

Ele atirou em plena luz do dia, mirando a polícia, mas um dos tiros
acabou acertando minha mãe.

— Como ele poderia atirar e dirigir em alta velocidade? —


Sua pergunta é como um soco no estômago, fazendo-me empurrar

seu peito, buscando apoio emocional.


— Me diga que não era você dirigindo, Colin! — Meu grito
emerge do mais profundo da minha alma, desesperado por uma
negação que me permita respirar novamente. Ele afirma com a

cabeça, confirmando meus temores.

— Eu e Dean estávamos fugindo da polícia, mas tudo saiu do


controle, e sinceramente, Emma, eu não me importei com a morte
da sua mãe, que ela era uma inocente, uma vítima de dois caras

inconsequentes. — Suas palavras me atingem como punhais, a


verdade crua e dolorosa sendo revelada, despedaçando a confiança

que um dia tive nele.

Lágrimas incontroláveis escorrem por meu rosto, minhas


mãos tremem enquanto seguro firmemente a minha mochila que ele
arrumou meticulosamente.

— E então o quê? Você decidiu vir atrás de mim para rir da

minha cara? Dizer que me ama, levar minha virgindade... foi


divertido para você, Colin?! — Minha voz treme de dor e raiva,

lançando-lhe um olhar carregado de desconfiança.

— Muito pelo contrário, Emma. — Sua voz ressoa com

sinceridade, mas isso não diminui a tormenta que sinto dentro de


mim. — Meu pai me levou ao cemitério, e lá eu vi você, deitada
sobre o túmulo da sua mãe. Naquele momento, você deu luz à
minha escuridão.

— Pare de me dizer palavras bonitas! — exclamo, lutando


contra a mistura de emoções que me consome.

— E então eu fiz um acordo com o meu pai. Ele ajudaria seu

pai a te manter na universidade, e eu faria tudo o que ele quisesse.


Foi assim que o seu pai se tornou uma peça-chave nos negócios do

meu pai, um "laranja" sem saber de nada, é claro. Foi um acordo


entre meu pai e o chefe do seu pai, o prefeito. — As palavras dele

ecoam pelo quarto, e minha mente luta para absorver essa

revelação devastadora.

Levo as mãos aos quadris, totalmente incrédula diante dessa

teia de segredos e manipulações.

— Mas isso não foi suficiente. Naquele dia, depois que você

foi embora do cemitério, eu jurei diante do túmulo da sua mãe que

eu cuidaria de você — ele revela com uma intensidade que corta

fundo em minha alma.

Dou uma volta ao redor do quarto, enquanto acaricio minha

testa, tentando aliviar a dor de cabeça latente que surge


repentinamente. Minha mente está um turbilhão, tentando assimilar

a magnitude da traição e do fardo que ele carrega em seus ombros.

— E então eu comecei a te seguir nos lugares públicos. Você

estava distraída, esquecia coisas nos lugares... Uma vez, você


deixou seu celular em cima do balcão do supermercado. Eu o

pegava e, em uma oportunidade favorável, o colocava dentro da sua

bolsa. Você também esquecia chave, a bolsa. Fui me tornando um

especialista em você, percebendo seus pequenos detalhes. Quando


você pisca rápido, é porque não está prestando atenção em nada ao

redor. Quando sorri enquanto escreve, é porque está criando um

banquete sangrento em forma de cena...

Ele se aproxima de mim, e eu dou alguns passos para trás,

sentindo-me ameaçada.

— Percebi o quão doce é o seu cheiro, o quão rosados são

seus lábios, a forma como sua bunda fica empinada... Fui me

apaixonando, me interessando demais, como nunca antes.

— Um maldito stalker! — Minhas palavras saem carregadas

de raiva e desgosto, e ele acena positivamente, como se admitisse

sua culpa.
— E então havia Jake. Ele passou a frequentar sua casa,

conversar com seu pai. Eu sabia que você estava distraída, fora de

foco, então eu o afastei de você.

— Espera! Jake nunca teve interesse em mim! — exclamo,

incrédula com essa nova revelação.

— Você era submissa, não dava trabalho, se vestia de forma

adequada. Sua família era leal à dele. Era exatamente o que a

família Elmore queria para Jake, e ele nunca iria contra seu pai.
Então sim, ele estava prestes a atacar.

— E então você foi lá e o impediu, não é verdade?! — Minhas

palavras soam como um grito de angústia e incredulidade.

— Eu apenas te poupei das mãos de um estuprador viciado.

Ou você acha que foi a única a cair nas mãos daquele lunático?

A revelação é avassaladora, e eu sinto o chão se abrindo sob

meus pés. A verdade cruel se instala em minha mente, e eu não

consigo conter um suspiro desesperado.

— Meu Deus!

A revelação de suas manipulações e controle sobre minha

vida é avassaladora. O ar ao redor parece pesar, e meu corpo treme

com a mistura de raiva, tristeza e incredulidade.


— Eu sabia que Jake e sua família iriam aproveitar seu

momento de vulnerabilidade para reivindicar você, então eu o


mantive ameaçado, para que ficasse longe.

— Devo te agradecer? — Minha voz soa cínica, tentando


esconder a dor que toma conta de mim. No entanto, ele ignora meu

sarcasmo e continua falando, revelando mais detalhes de sua

manipulação:

— Fui eu quem pagou funcionários para fechar os olhos

quando você entrava nos cemitérios à noite. Me aproximei de

Megan para que ela me contasse caso você precisasse de algo.


Sou eu quem cuida para que seu pai não descubra sobre sua

mudança de curso até que você esteja pronta para contar a ele.

A cada palavra que ele pronuncia, minha sensação de perda


e invasão cresce. Engulo em seco, tentando conter o turbilhão de

emoções que me consome.

— Até mesmo a minha privacidade você sabe, não tenho

nada só para mim. Tudo foi tomado por você. — Minhas palavras

saem amargas, enquanto engulo o nó na garganta. Meu corpo está

tenso, trêmulo, lutando para não explodir diante de tudo isso. — Isso
tudo é um absurdo. Você interfere diretamente na minha vida a um
nível que não sei distinguir o que é o curso natural do destino e o

que é sua interferência.

Sua resposta é fria, como se fosse uma justificativa para suas


ações.

— Prometi à sua mãe que cuidaria de você, Emma.

A incredulidade me consome. Como ele pode se sentir no

direito de controlar minha vida dessa forma?

— E como você está livre? Como conseguiu não ser preso

como o seu comparsa. — Minha voz corta o ar, impaciente por

respostas.

Ele hesita por um momento, antes de responder.

— Meu pai... Ele mantém a família de Dean, que é muito


pobre. Em troca, ele alega que estava sozinho no carro, e como

conseguimos fugir da polícia, tudo ficou confuso, nebuloso. Sem

provas.

A verdade me atinge como uma avalanche. Tudo é ainda

mais complexo do que eu imaginava, e minha mente está em

turbulência, tentando processar todas as informações. A sensação


de traição e manipulação são avassaladoras, e sinto que minha

confiança foi completamente dilacerada.


Tento entender suas motivações, buscando algum sentido em

toda essa confusão.

— Por que você está me contando tudo isso, Colin? — Minha

voz ecoa com uma mistura de desconfiança e curiosidade.

Ele me encara com intensidade, respondendo de maneira

direta.

— Para que você me denuncie.

— Você não acha que é muito tarde? — Minhas palavras são

afiadas, carregadas de amargura.

Ele nega com a cabeça, determinado em sua resposta.

— Não, Emma, não é tarde. Eu simplesmente não suporto

mais lidar com meu pai. Não aguento mais te amar e ter que

esconder a verdade, omitir o verdadeiro início da nossa história.

Nossa história de amor não começou na noite do incêndio. Ela


começou um ano antes, quando te vi no cemitério. E, a partir

daquele momento, minha vida mudou. Depois de te ver, saí da

gangue, entrei na faculdade para ficar perto de você, decidi ganhar


dinheiro com as corridas para não depender mais do meu pai.

Diminuí o consumo de drogas, porque você, sem saber, me deu


forças, me deu um motivo para levantar da cama e buscar ser uma
pessoa melhor.

As palavras dele ecoam em meus ouvidos, e meu coração


parece despedaçar em meio a essa confissão.

— E sobre nós dois, você também planejou tudo isso? —


Minha voz trêmula busca respostas.

Ele nega com convicção, revelando uma fragilidade

inesperada.

— Não, a noite da minha prisão não era para ter acontecido

daquela forma. Eu me distraí por um momento, e então Jake


avançou sobre você. Eu deveria ter me vingado dele sozinho, sem

te envolver. Mas te ver naquele estado me deixou furioso e

irracional. Quando dei por mim, estava te levantando do gramado. E


depois disso, perdi o controle de tudo. Porque, enquanto te

observava, eu me apaixonei, Emma. — Ele fecha os olhos com


força, as palavras saindo pesadas. — Me apaixonei ao ver o quanto
você estava quebrada como eu, ao perceber o quanto você vivia na

escuridão da sua própria mente, assim como eu. No quanto você é


única. Afinal, quantas roteiristas de histórias sombrias encontramos
por aí? — Ele ri sem humor. — Cada vez que te via se perder,
ouvindo rock nos seus fones de ouvido, perdida em seu próprio
mundo, descobri o quão bonita você é de qualquer jeito. Sua
inteligência, sua força e, ainda mais, suas fraquezas. Eu me

apaixonei.

Um soluço escapa de minha garganta, e as lágrimas fluem


livremente, densas como um rio desenfreado. As emoções se

misturam dentro de mim, e a dor se torna quase insuportável.

A intensidade do momento atinge seu ápice, e todas as


minhas emoções se misturam em um turbilhão de amor, ódio e
desespero.

— Por que todo mundo que eu amo também odeio na mesma


proporção? — Minha voz vacila, carregada de dor. — Você era o
único que eu simplesmente amava, mas agora... eu te odeio. Eu

amo minha mãe e também a odeio, o mesmo com meu pai, e agora
você, Colin. O amor não deveria causar tanta dor.

Ele me olha com tristeza e preocupação, tentando encontrar

alguma resposta para a minha angústia.

— John e Ana, eles também sentem essa dor? O amor deles


também dói, Emma. Alguns amores não são saudáveis, é assim

com os seus pais, é assim com John e Ana, é assim comigo.


Uma explosão de frustração toma conta de mim, e grito com
toda a força dos meus pulmões, ofegante e exausta.

— ELES NÃO EXISTEM! — A frase escapa de mim como um

rugido primal. — Mas nós dois existimos.

Ele se mantém calmo, encarando-me com uma mistura de


tristeza e resignação.

— Algo mais que eu deva saber? — pergunto, totalmente


inconformada.

— A rosa no meu rosto, fiz em homenagem à sua mãe, essa


é a rosa que não joguei para ela em seu enterro porque até então

não me importava, essa tatuagem é para que todos os dias, ao olhar


no espelho, eu me lembre do que a prometi.

— Parece que estou em um pesadelo.

— Me denuncie, Emma. Eu vou confessar minha participação,


e então o meu pai vai continuar ajudando a você e seu pai. — Nego
com a cabeça. — E, apesar de te amar, nossa história não pode ter

um final feliz. Eu fui responsável pela morte de sua mãe. Agora você
me odeia, e sei que é assim que deve ser para sempre. E eu
entendo, é melhor que seja assim para nós dois. Pense apenas

coisas ruins a meu respeito. É melhor assim.


Colin olha para o celular, respirando fundo antes de continuar.

— Megan chegou. Eu pedi para que ela viesse te buscar, para

que você não partisse sozinha.

Os sentimentos se entrelaçam em meu peito, uma mistura


confusa de saudade e decepção. Cada lembrança se projeta em

minha mente como cenas de um filme, relembrando momentos


vividos ao lado de Colin.

Seu olhar intenso naquela noite em que nos vimos pela


primeira vez, o toque de suas mãos sobre as minhas no café, seus

olhares possessivos a cada vez que eu usei suas roupas, as noites


compartilhadas em sua cama, onde apenas recebia seu carinho e

ouvia o som do rock ecoando em nossos ouvidos.

Os beijos apaixonados, o sexo cheio de entrega e


preocupação em me proporcionar prazer, as juras de amor que
pareciam verdadeiras, as emocionantes noites correndo

clandestinamente na cidade juntos.

Mas agora, tudo isso chegou ao fim.

Viro as costas para Colin, sentindo o amargor nos lábios e a

certeza dolorida de que meus roteiros sempre tiveram razão: nem


toda história de amor tem um final feliz.
A tristeza me envolve enquanto bato a porta, deixando seu

apartamento para trás. Caminho em direção ao elevador, minha


mente em um estado de entorpecimento, tudo passando como um
borrão até que as portas do prédio se abrem e avisto o carro de

Megan, uma luz de esperança em meio à escuridão emocional que


me consome.

— Merda, Emma, entra! — Megan abre a porta do carona

para mim, e sem pensar duas vezes, entro, jogando minha mochila
no banco traseiro com força.

A tensão paira no ar, e é evidente que essa será a primeira e

última vez que ando de carro com ela. Megan dirige de forma
imprudente, sem qualquer cautela, refletindo o caos que se instalou
em minha vida.

— Colin pediu que Kaiden o encontrasse e que eu viesse


buscá-la, entendi na hora que ele fez merda — Megan comenta,
seus olhos refletindo preocupação genuína.

— É, ele fez. — Minha resposta é curta e sucinta, exausta

demais para prolongar o assunto após tudo que ouvi.

— Devo cortar o pau dele ou apenas rasgá-lo com seu próprio


piercing? — Ela solta um suspiro pesado antes de sugerir, tentando
trazer um pouco de leveza ao ambiente carregado.

Um sorriso sem alegria escapa de meus lábios, reconhecendo


o tom sarcástico em sua pergunta.

Em busca de uma distração momentânea dos meus próprios

problemas, arrisco perguntar sobre sua relação com Kaiden,


tentando entender melhor o passado que os envolve:

— Você e Kaiden já tinham alguma história antes de eu me

relacionar com Colin? — Minha curiosidade genuína encontra um


breve refúgio na narrativa alheia.

— Rejeitei Kaiden no ano passado, em uma das festas. Na

época, eu estava interessada em Colin. Mas Colin não queria nada


comigo, nem com ninguém, então Kaiden começou a ser um
verdadeiro incômodo na minha vida.

Intrigada, peço mais detalhes: — Como assim?

— Ele começou a espalhar que eu tinha herpes genital — diz,


e não esconde o desconforto ao mencionar o incidente.

A careta em seu rosto e a ironia da situação acabam

arrancando um riso de mim, mesmo que sem ânimo.

— É sério? — Minha incredulidade transparece em minha


voz, tentando assimilar a gravidade da situação que minha
companheira de quarto enfrentou.

— Muito sério. Nós brigávamos o tempo todo, e obviamente


ninguém queria se envolver comigo por causa desse maldito boato.

Até que naquela noite, durante a corrida de Colin, depois de mais


uma briga intensa, acabamos transando naquela estrada escura,
Emma. Transamos em uma estrada, você consegue imaginar? —

Megan desabafa, seus olhos refletindo uma mistura de


arrependimento e nostalgia.

Eu poderia compartilhar minha própria experiência, já que

perdi minha virgindade em uma estrada semelhante, mas opto por


apenas assentir, guardando os detalhes para mim mesma.

— E então, depois desse dia, começamos a nos abrir mais

um para o outro, até que agora eu o amo. — Suspira, como se o


peso do passado ainda estivesse presente em suas palavras.

— Parece tão fofo, Megan — comento, buscando enxergar a

doçura em meio ao caos.

Ela concorda, mas logo traz à tona a dura realidade que


enfrentou: — Sim, mas o início foi uma merda. Ele fazia bullying

comigo, tornava minha vida um inferno.


De repente, Megan muda de tom, olhando-me de soslaio com
um brilho peculiar em seus olhos.

— Sabe, Emma, eu não sei o que aconteceu entre você e


Colin, mas vocês eram incríveis juntos, pareciam uma conexão de
almas. Espero que consigam superar tudo e encontrar uma maneira

de seguir em frente. — Ela me oferece um olhar significativo. — Mas


se quiser, eu posso lidar com ele. Estou disposta a fazer o que for
preciso. A oferta do pau está de pé. —Me oferece sua proteção, e

eu não consigo evitar sorrir, balançando a cabeça em negação.

Rejeito a oferta de Megan, porque o odeio ao mesmo tempo


em que o amo. É um conflito interno que me consome, uma batalha

constante que não posso evitar.


Capítulo 25: Entre grades e
suspiros

Parabéns, você terminou com as provas finais! Estamos muito

orgulhosos de todos os nossos alunos estudiosos e esperamos que


todos estejam ansiosos por umas férias de inverno repousantes!

Feliz última aula!

Recebo a mensagem da universidade, parabenizando todos


os estudantes pelo fim das provas finais. Mas infelizmente, não

estive presente na última aula. Decidi antecipar minha volta para

casa, pois nada mais me segurava no campus. Até mesmo as


minhas idas ao cemitério perderam a emoção. Tudo foi arruinado

por Colin.

Desde o dia em que ele revelou a sua verdade, não o vi mais.

Ele tem faltado aos treinos de hóquei, às aulas. Eu sei disso porque
sou uma idiota que ainda se esgueira pelos cantos na esperança de

ter notícias dele.

A última informação que obtive foi quando Megan e Kaiden

conversavam ao telefone, e o capitão do time de hóquei reclamava


que Colin estava se drogando a maior parte do tempo.

Essa notícia me fez chorar ininterruptamente por dois dias.

Sinto como se tudo estivesse desmoronando ao meu redor.

Os planos que tinha para nós, a esperança de um futuro juntos,

embora ele sempre dissesse que ia me machucar e deixava sempre


em aberto o nosso amanhã, tudo se transformou em cinzas.

Colin deixou um rastro de destruição em sua jornada de

autodestruição, e eu sou deixada para trás, afogando-me em


lágrimas e perguntas sem resposta.

Agora, as férias de inverno começaram para mim, mas não há

nada repousante sobre elas. Em vez disso, é um vazio gélido que

me envolve, me lembrando constantemente do que perdi. Não há


felicidade, apenas uma dor profunda e um sentimento de perda

irreparável.

Encaro a imponente fachada de casa, toda enfeitada com

luzes brilhantes e decorações natalinas. As guirlandas adornam a


porta da frente, enquanto as luzes cintilantes envolvem as janelas,
criando uma atmosfera acolhedora e festiva. É uma tradição que

meu pai insiste em manter viva, mesmo após a partida da minha

mãe, que era a maior entusiasta do Natal.

Caminho cautelosamente pela camada branca de neve que

cobre o gramado, sentindo o frio penetrar em meus pés através das

botas. O ar gélido corta meu rosto enquanto avanço em direção à


entrada principal da casa. Cada passo é acompanhado pelo som

abafado da neve sob meus pés, criando uma trilha solitária na

paisagem invernal.

Ao alcançar a porta, minhas mãos trêmulas se aproximam da

maçaneta e a giram lentamente. Sinto um arrepio percorrer minha


espinha enquanto adentro aquele espaço que um dia já foi meu

refúgio.

O cheiro familiar da madeira polida e dos pinheiros enfeita o

ambiente, trazendo à tona memórias de tempos mais felizes.

Respiro fundo, enchendo meus pulmões com aquele ar


familiar, ao mesmo tempo em que uma sensação de opressão se

instala em meu peito.


Voltei à minha prisão, um lugar que antes me acolhia e agora

parece aprisionar minha alma. Cada canto, cada móvel, cada objeto
é um lembrete doloroso do que foi perdido, do que já não pode ser

recuperado.

A casa se revela diante de mim, com seus cômodos

espaçosos e bem decorados, repletos de fotografias antigas, móveis


clássicos e pequenos detalhes que contam a história da minha

família. É uma casa que um dia foi preenchida com jantares em


família, mas agora parece vazia e silenciosa, ecoando a ausência

que se instalou desde a partida da minha mãe.

Enquanto me movo pelos corredores, percebo que tudo está

meticulosamente organizado, como se esperando o retorno daquela


que já não está mais aqui. Os objetos parecem congelados no

tempo, preservando as lembranças de um passado que não pode


ser revivido.

Sinto-me sufocada pela nostalgia e pela sensação de prisão


que permeia cada ambiente. Sinto-me resignada a enfrentar mais

um período de festas em meio ao vazio e à tristeza. As paredes


parecem sussurrar histórias passadas, enquanto minha alma

implora por um alento, por uma esperança de que um dia essa casa
possa voltar a ser um lar verdadeiro, cheio de amor e felicidade.
— Emma! — A voz de papai irrompe no ar, capturando minha

atenção.

Rapidamente, viro-me em direção a ele, ansiosa por esse


reencontro tão aguardado. No entanto, quando nossos olhares se

encontram, sinto uma mudança na atmosfera. Seus olhos desviam-


se do meu rosto e fixam-se em meu cabelo, dando origem a uma
expressão de desgosto em sua face enrugada.

Meu coração afunda em meu peito enquanto espero que ele

abra os braços e me acolha calorosamente, mas em vez disso, sua


atenção está fixada no que eu fiz com meus fios de cabelo. Uma

carranca de descontentamento se forma em sua testa enrugada,


deixando claro que algo não está de acordo com suas expectativas.

Sinto-me pequena diante dele, incapaz de escapar de seu


olhar repreensivo. Minhas mãos instintivamente se levantam,

tentando esconder os fios rebeldes que agora enfeitam minha


cabeça.

— O que você fez? — Sua voz carrega uma mistura de


indignação e decepção, enquanto aponta diretamente para o meu

cabelo, como se aquela simples mudança fosse uma afronta


pessoal.
Minha boca seca e meu coração dispara.

A resposta que me escapa é um murmúrio inaudível, incapaz

de encontrar palavras para explicar minha decisão. A sensação de


desapontá-lo pesa em meus ombros, como se eu tivesse cometido

um erro imperdoável.

Permaneço aqui, diante dele, vulnerável e desejando que o


abraço amoroso que eu ansiava pudesse superar sua
desaprovação. Mas, no momento, seu foco está em algo tão

superficial quanto meu cabelo, deixando-me com a dolorosa


percepção de que nosso relacionamento está repleto de

expectativas não correspondidas e de uma desconexão que parece


cada vez maior.

Suspiro profundamente, sentindo a tensão no ar enquanto


solto minha resposta com um toque sarcástico, uma habilidade que

aprendi com Colin ao longo do tempo: — Apenas uma pequena


rebelião capilar, papai.

Seus olhos se desviam de meu cabelo e agora percorrem


meu corpo, observando atentamente minha escolha de roupa. Estou

vestindo uma roupa preta, inteiramente de couro, que é a


personificação de minha essência rockeira. O casaco de couro se
ajusta ao meu corpo, conferindo-me uma atitude ousada e um ar de
rebeldia. As botas pesadas de sola grossa ressoam a cada passo
que dou, fazendo-me sentir forte e confiante.

A camiseta preta tem estampado o logotipo da banda

Metálica, com letras distorcidas e uma ilustração provocativa. A saia


de couro preto revela um toque feminino em meio à minha aura

ousada, enquanto as meias arrastão dão um toque de rebeldia


adicional.

Meu pai observa minha aparência, claramente menos

satisfeito do que antes. Seu olhar desaprovador parece refletir seu


descontentamento com minha escolha de estilo e minha aparente

falta de conformidade com as convenções tradicionais.

Decido encerrar a conversa antes que a tensão se

intensifique ainda mais.

— Estou exausta, pai, vou me deitar.

Sem esperar por sua resposta, afasto-me rapidamente,

fugindo de seu julgamento e do drama que sempre parece pairar


entre nós.
Seguindo meu caminho, sinto-me revigorada pela liberdade

que encontro no mundo do rock, onde as normas são desafiadas e a


individualidade é celebrada. É nesse refúgio musical que encontro

minha força e minha verdadeira identidade, e não estou disposta a

abrir mão disso, mesmo que signifique desafiar as expectativas e os


olhares desaprovadores de meu pai.
Capítulo 26: Quando a justiça é
cega

Com um misto de nostalgia e apreensão, adentro meu antigo

quarto na casa dos meus pais. A porta range levemente ao ser


aberta, revelando um espaço que um dia foi meu refúgio, mas agora

parece uma cápsula do passado, congelada no tempo.

Meus olhos percorrem o ambiente, capturando as mudanças


que o tempo não pôde conter. O quarto, antes repleto de cores
pastéis e objetos sem graça, agora parece desprovido de qualquer

personalidade. As paredes outrora pintadas em um tom pálido e

suave, agora exibem marcas de tinta descascada e fotografias


antigas penduradas de forma desleixada.

A cama de solteiro, com sua colcha floral desbotada, parece


pequena e insignificante em comparação com minha nova visão de

mundo. As cortinas de renda, antes delicadas e românticas, agora


parecem antiquadas e fora de lugar. O tapete, gasto e desbotado,

não consegue esconder os sinais do tempo que passou.

A escrivaninha de madeira, onde costumava passar horas

escrevendo histórias e desenhando, agora está coberta de poeira e


desordenada. Os objetos que antes ocupavam seu espaço foram

substituídos por pilhas de papéis sem qualquer organização ou

propósito.

Meus olhos se fixam na estante, que um dia abrigou uma

coleção modesta de livros infantis e objetos de decoração insossos.

Agora, a estante está vazia, revelando seu verdadeiro vazio, como


se tivesse perdido sua alma ao longo dos anos. Nenhum vestígio do

meu gosto atual por literatura e arte contemporânea pode ser


encontrado ali.

Respiro fundo e percebo o quanto meu gosto e minha

personalidade evoluíram desde que deixei esse quarto para trás.

Minha paixão pela música, pelo estilo rockeiro e pela expressão

criativa não poderiam ser mais contrastantes com a monotonia e a


falta de vida que antes permeavam esse cômodo.

De repente a porta é aberta de forma brusca, papai encara-

me, totalmente furioso.


— Emma, você aparece em casa parecendo uma dessas
meninas largadas, o que vai me dizer? Que anda usando drogas?

Que andou beijando garotas? Andou em garupa de motos de

desconhecidos?

— Não para tudo isso, pai.

— Não seja irônica comigo. — Dá dois passos em minha


direção, os olhos dele em brasa enquanto me encara. — Isso, não é

a menininha que eu criei, você é... inapropriada.

Abro os braços e dou um giro em sua frente.

— Inapropriada? Eu estudo, tenho boas notas, nunca usei

drogas, nunca te dei nenhum tipo de dor de cabeça, resolvendo


sozinha as minhas questões, agora eu sou inapropriada?

— Isso não tem nada a ver com suas notas ou seu

comportamento exemplar, Emma! — papai grita, a voz carregada de

frustração e desapontamento. — Olhe para você! Parece que se

transformou em uma estranha, em alguém que eu não reconheço

mais. Eu sempre esperei que você seguisse o caminho certo, que


fosse uma jovem respeitável, e agora... agora você está aqui,

vestida como uma rebelde, com atitudes que não condizem com a

educação que lhe dei! Você não respeita mais as tradições da


família, não se encaixa mais no que consideramos aceitável! —

papai vocifera, sua voz ecoando pelo quarto.

Levanto o queixo, sustentando seu olhar ferozmente, decidida

a não me deixar abalar pelas suas palavras.

— Respeitar tradições, papai? As mesmas tradições que me


sufocaram, que me fizeram esconder quem eu realmente sou? Eu

não sou inapropriada, sou livre! Não sou apenas uma extensão de
suas expectativas e desejos. Eu tenho o direito de escolher quem eu

sou, como me visto, como me comporto. Isso não faz de mim


inapropriada, apenas faz de mim uma pessoa diferente daquela que
você imaginou.

Seu rosto se contorce em raiva e desaprovação, e sinto a

tensão entre nós aumentar. Mas eu não posso mais viver na sombra
de suas expectativas, sacrificando minha própria autenticidade.

Ele avança mais um passo, seu rosto a centímetros do meu.


Seu hálito quente e carregado de autoridade me atinge.

— Não me venha com essas palavras. Você está perdida,

Emma. Perdeu seu rumo, sua identidade. Essa rebeldia não vai te
levar a lugar algum!
Com um sorriso amargo nos lábios, eu seguro seu olhar com

firmeza.

— Talvez eu esteja perdida, mas pelo menos estou tentando


me encontrar. Estou aprendendo a ser verdadeira comigo mesma, a

não me encaixar nas expectativas que você, minha mãe e a


sociedade impõem. Se isso é ser inapropriada, então eu prefiro ser
inapropriada! — Um sorriso desafiador escapa dos meus lábios

enquanto dou um passo em direção a ele.

— Você está jogando a sua chance fora, a chance de ser a


esposa do próximo prefeito, de ter conforto, porque é isso que Jake

vai te proporcionar.

— Eu não estou jogando nada fora, pai. Estou apenas

começando a viver de verdade. E se você não consegue aceitar


isso, então talvez seja você que precisa se questionar sobre suas

próprias expectativas e limitações.

Uma mistura de desespero e frustração se espalha pelo rosto


do meu pai. Ele parece não saber como lidar com essa nova versão
de mim, com essa força que brota do meu ser.

— Emma, por favor... volte a ser a minha menininha, a minha

doce e obediente filha.


Atravesso a linha entre nós e coloco minha mão em seu
ombro, encarando-o com ternura, mas firmeza.

A tensão entre nós é palpável, como se estivéssemos em


uma batalha de vontades.

— Emma, o Jake é um rapaz talentoso, sensível...

Interrompo-o, cortando suas palavras com um gesto brusco


da mão.

— Eu não estou questionando o talento ou sensibilidade de

Jake, pai. Estou falando sobre a minha própria vida e as escolhas


que faço. Jake e eu simplesmente não somos compatíveis, e não

quero me envolver em um relacionamento cheio de problemas e


destruição. Eu mereço mais do que isso.

Seu rosto se contorce em uma mistura de frustração e raiva,


mas eu não me deixo abalar. Mantenho minha postura firme, minha

voz determinada.

— Eu aprendi muito com Colin Prescott, pai. Ele me mostrou

que eu sou capaz de ser amada e respeitada por quem eu sou. Ele
valorizou minhas virtudes e me ensinou a me valorizar também.

Agora, eu me vejo como alguém especial, alguém que merece ser


amada por inteiro. — Seguro as lágrimas, porque falar sobre Colin
dói. — Eu não preciso mais ser a garota que precisa manter os
cabelos longos para conquistar a ninguém, eu não sou mais a que
precisa pintar os cabelos para ser notada. Eu sou suficiente,

exatamente do jeito que sou. Eu mereço quem valorize minha luz, e


mais ainda, alguém que ame até a minha escuridão.

As palavras fluem de mim, impulsionadas pela força do amor

que Colin despertou em mim. Ele me mostrou que eu não preciso


me moldar aos desejos dos outros, que eu posso abraçar minha

autenticidade e ser verdadeira comigo mesma.

— Colin me mudou, pai. Ele me ajudou a encontrar a

coragem para enfrentar as expectativas alheias e seguir meu próprio

caminho. Eu não sou apenas "inapropriada" aos seus olhos, eu sou


alguém cheia de potencial e digna de amor e felicidade.

Um momento de silêncio paira entre nós enquanto minha


declaração ecoa pelo cômodo. É isso que aprendi com Colin

Prescott, a forma intensa como ele me amou, ficou obcecado por

todas as minhas nuances, mostrou-me o quanto possuo virtudes, o

quanto sou amável, o quanto mereço ser amada.

E agora eu enxergo o quanto ele me mudou, fez com que eu

entendesse o quanto sou especial, ao menos para ele.


Tudo isso, é construção de Colin, a menina que não tem

medo de vestir o que se sente bem, a menina enfrentando seu pai,


lutando pelo que acredita.

Colin. Colin. Colin.

— Essa mudança toda, Emma, esse jeito de se vestir, de

agir... É por causa desse rapaz? Ele está te influenciando de uma

forma negativa!

Eu aperto seu ombro com mais força, meu olhar transmitindo

determinação.

— Colin não é negativo, pai. Ele me mostrou o verdadeiro


significado da confiança, do amor incondicional. Ele me aceita como

sou, com todas as minhas imperfeições e peculiaridades. Ele me

ensinou a ser forte, a acreditar em mim mesma. E eu sou grata por


isso.

As palavras saem de mim com convicção, ecoando no

silêncio carregado de tensão.

— Colin Prescott é o rapaz que botou fogo no carro de Jake?

— Ele solta um grunhido indignado. — Você quer namorar um


criminoso?
— Não se trata de namorar um criminoso, pai. Trata-se de

amar alguém por quem eu me apaixonei, alguém que me faz feliz e

me aceita como sou. Você não pode decidir por mim quem eu devo
amar.

Ele solta um suspiro frustrado, tentando manter sua postura

de autoridade.

— Nesta casa você só fica se colaborar, se seguir as regras

que eu estabeleço. E se você insistir em não aceitar Jake Elmore,


então está escolhendo o seu caminho, mas o faça fora daqui.

— Pois saiba, pai, que esta casa também é minha, herança

da mamãe. Eu também tenho direitos aqui. Eu não sou mais a


menininha que segue cegamente as suas regras. Eu tenho voz,

tenho vontade própria, e ninguém vai me colocar para fora. — O

silêncio é preenchido pelo desafio que emana de mim. Não tenho


medo de confrontá-lo, de lutar pelo que acredito. — E tem mais, eu

não estou cursando psicologia, nunca foi esse o meu desejo.

Colin me ensinou que eu mereço ser ouvida, que tenho o


direito de tomar minhas próprias decisões, mesmo que isso

signifique ir contra as expectativas de meu pai.


Eu mantenho meu olhar firme, mostrando a ele que não vou

recuar. Que estou disposta a enfrentar qualquer obstáculo para ser


verdadeira comigo mesma.

— Eu não te reconheço, Emma.

Colin preferiu cometer um delito a se curvar para Jake. Colin

preferiu me perder e ter o risco de ir para a cadeia do que se curvar

ao seu pai, ele luta pelo que acredita, foi assim que, mesmo agindo
errado me perseguiu, me protegeu durante um ano inteiro, porque

ele faz sua justiça com as próprias mãos, e aqui estou eu, forçando

a minha justiça.

Porque se por bem papai não me respeita, então eu vou

empurrá-lo para isso.

— Não precisa me reconhecer, pai. Apenas respeite as

minhas escolhas.

— Eu só quero o melhor para a sua vida, o melhor é o que eu

decido para você, ninguém no mundo te ama como eu, filha.

— Eu me amo, pai. E só eu sei o que pode ou não ser bom


para mim, porque no final das contas serei eu sozinha pagando o

preço por cada decisão, ninguém o fará por mim, nem você.
Ele sai furioso do meu quarto, batendo a porta com toda

força.

E de uma vez por todas entendo que eu não sou mera


expectadora, sou Emma Rollins, a protagonista da minha vida.
Capítulo 27: Amor à margem da
lei

A neve ameaça começar a cair e sei que em pouco tempo vai

dificultar meu caminho, então acelero em direção ao cemitério. Cada


passo que dou é carregado de saudade e nostalgia, pois sei que ali,

alguns passos adiante, encontra-se o túmulo de minha mãe.

Em minhas mãos seguro flores brancas, símbolo da pureza e


do amor, no entanto a neve é fria e é branca, o próprio branco é
considerado um tom frio na paleta de cores, então talvez a rosa

branca que levo para mamãe é símbolo do amor que tenho por ela,

e também da frieza.

Enquanto me aproximo do local sagrado, penso que poucos

dias presa em uma casa sendo ignorada por meu pai não foi a
melhor escolha a fazer, talvez ter ficado no campus sofrendo quieta
e vendo Megan e Kaiden tornando-se cada dia mais apaixonados,

nem seja tão ruim assim.

Meu celular emite um som inesperado. Uma mensagem surge

na tela, chamando minha atenção. Minhas sobrancelhas se


franzem, pois sei que a faculdade não costuma enviar mensagens

durante as férias. Curiosa e um tanto atordoada, leio as palavras

que aparecem diante de mim. Parabéns, Emma Rollin, seu roteiro


“Crimes do Coração” foi o escolhido para ser produzido em nosso

projeto.

— Espera, eu não enviei meu roteiro — falo sozinha, a


confusão toma conta de mim. Não enviei nenhum roteiro, então

como poderia ter sido escolhido?

Fico feliz pela escolha, no entanto deve ter sido um engano.

Antes que eu possa raciocinar sobre essa questão, outra mensagem

surge em seguida.

Parabéns, Wandinha Addams, mostre o seu talento para o


mundo, Ana e John serão um sucesso, e melhore suas senhas de

acesso, foi muito fácil hackeá-la.

Com amor, seu vampiro.


Ps: Vvocê ainda não me denunciou, faça logo, é o certo, o
justo.

Colin. Meu coração bate selvagem no peito.

A neve começa a cair suavemente ao redor, cobrindo o

mundo em um manto branco. As primeiras gotas geladas tocam

minha pele, contrastando com a intensidade do momento.

Enquanto tento compreender as palavras de Colin, sou

abruptamente interrompida pela presença imponente de um

estranho que surge ao meu lado, um homem de porte robusto e

expressão séria.

Ao mesmo tempo sinto uma presença atrás de mim, e antes


que eu possa fazer qualquer movimento, sou agarrada por trás. Meu

corpo treme de susto e a surpresa toma conta de mim. Minha

respiração fica entrecortada e meus olhos se enchem de lágrimas.

Antes que eu possa me virar para encarar quem me agarrou,

uma mão cobre minha boca e meus braços são fortemente

imobilizados. Meu coração dispara ainda mais, a adrenalina


tomando conta de mim.

— Não tente nada, Emma. Não quero te machucar, mas você

precisa vir comigo. — A voz sussurra em meu ouvido, carregada de


urgência.

O pânico se mistura com a curiosidade, e minha mente corre

para tentar entender o que está acontecendo. Quem é essa

pessoa? O que ele quer comigo?

Lentamente, o aperto em volta do meu corpo diminui e a mão


que cobria minha boca se afasta, mas seu agarre é firme, quase

doloroso, e sem dizer uma palavra, ele me conduz até um carro


estacionado próximo.

Antes que eu possa reagir, meu olhar se cruza com o do pai


de Colin. Seu rosto exibe uma postura arrogante, e seus olhos têm

um brilho afiado que me faz estremecer por dentro. Há um clima de


temor pelo ar, e o silêncio pesa sobre nós.

Ele abre a porta do carro e gestualiza para que eu entre. Com

um misto de medo e curiosidade, obedeço ao seu comando e me


acomodo no banco traseiro.

Enquanto o carro se põe em movimento, as palavras de Colin


ecoam em minha mente, como uma trilha sonora perturbadora.

“Nunca pode ser boa uma conversa com meu pai.”

O pai de Colin mantém o olhar fixo em mim através do


espelho retrovisor, estudando-me como se eu fosse uma peça de
um jogo complexo que ele está prestes a dominar. Seus traços

rígidos denotam a autoridade que ele exerce sobre o filho e sobre


tudo o que o cerca.

Meu coração bate acelerado no peito, cada batida ressoando

como um lembrete constante de que estou presa, em meio a uma


situação desconhecida e potencialmente perigosa.

No entanto, uma centelha de coragem surge dentro de mim,


alimentada pela determinação em descobrir a verdade por trás de

tudo isso.

— O que está acontecendo? — Minha voz sai um pouco


trêmula, mas carregada de determinação.

Elliot solta um riso sarcástico, ecoando no ambiente confinado


do carro.

— Emma Rollin, a menina que vem causando problemas na

vida do meu filho. Eu ouvi falar muito sobre você, e não exatamente
coisas boas.

Minha respiração se torna mais pesada, e minhas mãos se


apertam em punhos enquanto luto para manter a calma diante da

sua provocação.
— Não sei do que está falando. Eu só quero saber o que está
acontecendo e por que estou aqui.

Seu sorriso arrogante se intensifica, revelando uma ponta de


prazer pelo meu desconforto.

— Você é ingênua demais, Emma. Acreditou em todas as

palavras de Colin, não é? Achou que ele era o herói, o amor


verdadeiro. Mas a realidade é muito diferente, minha cara. Colin é
um fardo, um problema que precisa ser resolvido. E você é parte

desse problema.

— Eu realmente não entendo.

— Eu sei que ele lhe contou sobre a participação no crime


que matou sua mãe, ele cuspiu essa confissão para mim.

— Então você veio atrás de mim por causa disso. Medo. —


Jogo e ele me encara furioso.

— Medo de você? Não! Apenas vim para lhe dizer que tenho
uma conversa marcada com o seu pai, e juntos vamos decidir qual é

a melhor casa de repouso para você.

— O quê?

— Se você denunciar o meu filho, quem vai acreditar nas


palavras de uma louca? — Seu olhar fica vidrado em busca da
minha reação.

— Você e o meu pai vão me internar em um clínica

psiquiátrica? Baseado em quê?

— Nas suas mudanças, seu pai está preocupado, e também


os funcionários do cemitério são testemunhas da sua obsessão pelo

lugar, então problema resolvido.

Engulo em seco, e sinto uma lágrima grossa descer pelo


rosto, meu próprio pai me traiu da forma mais brutal possível.

No entanto, uma ideia me estala, Elliot não me contaria tudo

em primeira mão, se ele o faz, é porque quer negociar de alguma


forma.

— E como eu me livro dessa? — pergunto e ele sorri


diabolicamente.

É incrível a sua semelhança com Colin, a diferença é que ele

é repugnante.

— Nós podemos fazer um acordo — diz, e em seguida toca

seu sobretudo, parecendo que algo em sua arrumação o incomoda.


— Colin desfez o acordo comigo, de continuar estudando, e eu

preciso que ele ao menos tenha um diploma, aquele inútil querendo

ou não, será o meu sucessor. E se continuar fora de controle é


questão de tempo até que eu o encontre morto em uma vala sendo

um caso de polícia qualquer.

— Aonde quer chegar?

— Quero chegar ao ponto que eu devia ter tido mais filhos.

Maldição! — Suas mãos se movem freneticamente. — Enquanto ele

estava obcecado por você, estava estudando e tendo boas notas,

então volte para ele. — Meus lábios entreabrem, surpresa me


tomando inteira. — Volte para ele e emprego seu pai, retrocedo na

ideia de te internar.

— Talvez... Se você se desculpar por me chamar de vadia,

pode ser que eu amoleça.

— Desculpe-me — diz, tocando sistematicamente suas luvas


grossas. — Temos um acordo?
Capítulo 28: Celas de paixão

Devia ser um bom primo e aconselhar Logan a conquistar sua


amiga, penso, enquanto observo a tela do meu celular. Mas, no

fundo, sei que é um escárnio. Afinal, eu não sei conquistar nada,


desde cedo aprendi a tomar tudo o que quero, e foi assim que
acabei me envolvendo com Emma, de certa forma.

Ignoro as mensagens que pipocam no meu celular. As de

Logan, tentando entender o que está acontecendo, as de Kaiden,

que insiste em me envolver em algum treino de hóquei, e até a do


meu pai, me ameaçando de todas as formas possíveis.

No momento, tudo o que eu preciso é de alguns momentos de


miséria a sós, com o meu baseado como fiel companheiro.

Acendo o cigarro de maconha e inalo profundamente,


deixando que a fumaça me envolva. Nestes momentos, consigo
encontrar uma espécie de refúgio temporário, um alívio

momentâneo para as turbulências que cercam a minha vida.


Enquanto as nuvens de fumaça se dissipam, minha mente se perde

em um mar de pensamentos confusos e arrependimentos.

Emma... o nome dela ecoa em minha mente, trazendo

consigo uma mistura avassaladora de emoções. Eu a conheci em

um momento de vulnerabilidade, quando minha vida parecia


desmoronar, e ela foi a luz que iluminou meu caminho. Mas, no

fundo, sabia que não poderia mantê-la ao meu lado. Eu não era

bom o suficiente, não sou o herói que ela merece.

Enquanto meus pensamentos se afundam na escuridão, a

culpa pesa em meus ombros. Fui egoísta, manipulador e, no final


das contas, acabei machucando a única pessoa que realmente me

importo.

O amor que sinto por ela se mistura com a dor da perda, e sei

que é tarde demais para consertar os erros cometidos.

Talvez eu mereça essa solidão, essa sensação de vazio que

parece me acompanhar em cada passo.

Enquanto a fumaça se dissipa, observo o mundo ao meu

redor, percebendo que nada parece fazer sentido.


Sinto um arrepio quando um vulto passa furtivamente por trás
de mim, e imediatamente franzo o cenho em alerta. Meu coração

acelera, pulsando no ritmo de uma ameaça iminente.

— Quem está aí? — chamo em voz alta, meu tom carregado

de tensão. O silêncio é a única resposta que recebo, ecoando pelo

ambiente como um eco sinistro.

Decido levantar-me da cama, a sensação de adrenalina

percorrendo minhas veias. Apago o baseado, deixando-o cair

descuidadamente no vaso do banheiro da minha suíte, aproveito o

momento para vasculhar o local em busca de qualquer sinal de

intrusos.

Meus olhos percorrem cada canto, cada sombra, mas não


encontro ninguém.

— Eu devo estar muito chapado... — concluo em meio a um

sussurro, deixando escapar uma risada nervosa.

A possibilidade de ser apenas a minha mente pregando peças

em mim surge como uma explicação tentadora.

Encaro meu reflexo no espelho, e encontro meus olhos

cansados pelas noites maldormidas e pelas batalhas internas que

travo diariamente.
Quando finalmente saio do banho, um sentimento de alívio

toma conta de mim.

Porém, antes que eu possa dar mais um passo, uma mão se

estende repentinamente e cobre minha boca com um lenço


impregnado de um cheiro forte e sufocante.

Meus olhos se arregalam de pânico, e antes que eu possa

reagir, a escuridão me envolve, engolindo-me em seus braços


gélidos.

A consciência se dissipa lentamente, levando consigo minha


capacidade de lutar. Sinto-me afundar em um abismo silencioso,

incapaz de fazer qualquer movimento ou articular uma palavra. Meu


corpo se torna uma mera marionete, à mercê do destino

desconhecido que me aguarda.

Enquanto me entrego à escuridão, a voz suave paira no ar:

— Sabe qual é o melhor tipo de mocinha em um enredo,

Colin?! Aquela que se vinga.

A voz de Emma parece longe demais, e a escuridão me leva.


Capítulo 29: Crimes do coração

A cela parece mais apertada do que nunca, como se


estivesse se fechando ao meu redor. Encaro Liam, Hunter e Blake,

meus companheiros de infortúnio, e vejo em seus olhares a mesma


angústia e desespero que consomem a minha alma.

— Nós quatro aqui de novo? — Solto uma gargalhada


cinicamente, a amargura transparecendo em cada palavra que

escapa dos meus lábios.

Olho ao redor, observando as paredes frias e implacáveis que


nos cercam.

Será que eles também sentem a dor dilacerante do amor?

Será que compreendem o quão doente estou por ela, por

Emma?
Nós quatro, herdeiros de poder, aprisionados juntos nesta

cela gelada. Somos como espelhos que refletem a mesma


decadência, mas será que eles conseguem enxergar as cicatrizes

invisíveis em minha alma?

Tento abrir os olhos, lutando contra o pesadelo que me

atormenta. Sinto minha testa úmida de suor enquanto a consciência

começa a se sobrepor àquela realidade distorcida.

Respiro fundo, buscando a estabilidade perdida em meio ao

caos.

— Merda de pesadelo — resmungo.

Finalmente, percebo que estou deitado em minha cama, mas

algo está errado. Minha tentativa de me mover é frustrada quando


percebo que meus pulsos estão presos, algemados à cabeceira da

cama.

Olho ao redor, confuso e assustado, tentando compreender

como acabei nesta situação claustrofóbica.

E então, meus olhos encontram os dela.

Emma está aqui, na minha frente, com um olhar que mistura

preocupação e determinação. Seu rosto transmite uma mistura de

sentimentos, e é impossível decifrar suas intenções neste momento.


— O traficante tinha razão, essa maconha é mesmo boa, me
trouxe você — brinco, e ela gira o pescoço para a minha direção. —

Apesar que a parte de estar algemado faz parecer parte da bad

trip[10].

Emma vai de um lado para o outro no quarto, observa a

tatuagem recente que fiz, uma enorme fênix no meu peitoral, uma

eterna lembrança de nós. Nosso diálogo sobre a tatuagem me vem


à mente:

— Se fizéssemos uma tatuagem de casal, certamente seria

uma fênix.

— Sim, afinal, na primeira vez em que nos tocamos, ateamos

fogo em um carro.

No entanto, sou puxado para o presente por seu olhar indo e

vindo e enquanto sou atraído para sua figura envolta apenas na

minha blusa do time, questiono-me se ela usa algo por baixo da

blusa vermelha e branca que a cobre até as coxas.

Não posso negar que meu pau reage, mas agora não é o
momento certo, companheiro. Preciso manter a calma e me

concentrar na conversa.
— Ana e John, eles têm um final feliz — ela declara, seu tom

de voz carregado de convicção.

— Não consigo compreender como isso é possível, Emma!

Todos concordamos que ambos beiram a insanidade, e John é um


maldito perseguidor.

— Ana se vinga dele, no sentido exato da palavra. Olho por

olho, dente por dente — ela diz, enquanto sobe na cama,


aproximando-se perigosamente. — Ela começa a persegui-lo de

volta.

Respiro fundo, e tento controlar meu corpo, minha mente,

mas o cheiro doce de baunilha que emana dela invade meu sistema,
minando minha racionalidade. Sinto um rugido primitivo escapar de

meus lábios, revelando a luta interna que travo para resistir à


tentação.

Meus olhos fixam-se em Emma, sua presença dominando o


espaço entre nós. Seu olhar afiado, seus lábios curvam-se em um

sorriso desafiador. Ela conhece o efeito que tem sobre mim e joga
com isso.

Luto contra os instintos primitivos que clamam por ela,

tentando encontrar uma centelha de controle dentro de mim.


— Sabe, Colin, enquanto eu voltava para cá, reli o meu

roteiro, e me fez lembrar a nossa história.

— Emma, eu quero ser cavalheiro, mas se você continuar se


aproximando assim, eu vou ficar maluco pra te foder — aviso, e

ainda assim ela passa a mão pela minha evidente ereção, em


minhas calças.

— Você me seguiu, me hackeou, fez acordos pelas minhas


costas — diz esfregando a mão pelo meu pau, e meu quadril se

contorce. — Ah... Você também tentou me afastar no começo, e


então me viciou em você.

— Emma... — soo áspero, faminto. — Se continuar me


tocando gostoso assim, eu vou querer... — Sou interrompido.

— E então, sabe o que eu fiz, Colin? — pergunta

desabotoando a minha calça, medo e excitação lutando entre si.

— O que você está fazendo, Emma? — Minha voz é apenas


um murmúrio enquanto ela puxa meu pau para fora, as bolas
doloridas, pesadas, a glande lustrada por um pingo de pré-sêmen, a

necessidade evidente enquanto um gemido sai dos meus lábios. —


Chupa, Emma! — O pedido é choroso, estou pateticamente

implorando por um boquete.


Ela se aproxima, e mordisca o lóbulo da minha orelha, e meus
quadris instintivamente flexionam, se esfregando nela, meu desejo é
de esfregar meu pau em todo o seu corpo, sentir meu cheiro nela.

— Você está sóbrio o suficiente, Colin? Ou duas horas

dormindo não foi o suficiente para tirar toda a maconha do seu


sistema? — a pergunta sussurrada me faz praguejar.

— Meu pau duro não é a prova do quão sóbrio eu estou? —


resmungo.

— Ótimo. — Ela passa as pernas pelos meus quadris e o

monta, meu pau pressionando seu centro que agora sinto que está
sem calcinha.

— O que você está fazendo, Emma? — pergunto vendo-a


cuspir no meu pau, o lustrando. — Porra, você vai me montar?! — a

pergunta é feita entredentes. — Me solta, eu quero agarrar seus


cabelos com toda força enquanto você me cavalgar — peço, mas

ela nega com a cabeça.

— Sabe o que estou fazendo? Estou tendo o controle, afinal

desde o nosso começo eu não tive nenhum poder, tudo estava em


suas mãos, agora é a minha vez de ditar as regras, Colin. —

Esclarece e aceno positivamente entendendo o seu ponto. — Eu


não tive escolha enquanto você dirigia e seu amigo matava a minha
mãe. Tampouco tive escolha enquanto você prometia algo que
mudaria a minha vida inteira diante de um túmulo. Quando você me

perseguiu? Também não me deu alternativas, eu estava como você


está agora, de mãos atadas, apenas recebendo o que você decidia

para a minha vida.

Sua boceta desliza para baixo no meu pau, e ela me encara,


perdida em seu prazer, fico parado, gemendo, deixando que ela

prove seu ponto, desde que envolva sua doce boceta no meu pau,
não tenho nada a me opor.

— Eu fiz um acordo com o seu pai, algo que você nunca vai

saber. — Ofega, e não consigo raciocinar, apenas sinto-a macia e


molhada subir e descer, me montando do jeito que quer, no seu

ritmo. — E eu também cuspi na cara do seu pai, e sabe o que ele

fez?! Apenas limpou e engoliu para si o seu ódio, porque ele precisa
de mim — fala divertida. — Ele quer que eu fique com você, e eu

vou ficar, não porque ele quer, mas sim porque novamente, eu não

tenho escolha.

Suas mãos se apoiam no centro do meu peitoral, ela levanta

e desce, empurro de volta, desesperado para socar cada vez mais

fundo.
— Você me fez te amar, e agora não posso simplesmente

seguir em frente, porque ninguém, nada se compara a nós. — Ela


retira a blusa e joga longe, expondo os seios que são objeto do meu

fascínio.

— Coloque-os na minha boca — peço e ela nega.

— Também não estou voltando mais para a casa do meu pai,

então você terá que me aceitar morando aqui com você —


esclarece, a boceta me estrangulando de tão apertada, as

contrações deixando-me doido para gozar enterrado nela. — Você

está me ouvindo latir ordens, Colin? — Agarra meu queixo, suas


unhas cravadas. — Depois de tanto tempo, estou tomando de volta

o controle da minha vida, então fique ao meu lado, não mais as

minhas costas ou a minha frente.

— Você devia ter me denunciado.

— Eu nunca faria isso — responde, montando mais duro


agora, me recebendo por inteiro, rebolando mais intenso e a cama

acompanha rangendo.

— Por quê?

— Porque eu amo você, porque eu não quero vê-lo preso,

desperdiçando a sua vida em uma cela, porque apesar de ser


cúmplice na morte da minha mãe, você se arrependeu, mostrou um

pingo de humanidade tentando reverter tudo, do seu modo

distorcido você queria me ajudar, cuidar de mim.

— Emma, eu não sou o herói, nesse roteiro eu sou o vilão. —

Ela recomeça a falar, aumentando o tom e sobrepondo ao meu,

enquanto sinto pelo pulsar do seu centro, que ela está muito perto.

— Porque eu odeio saber que você está sofrendo longe de

mim, odeio que tenha ido de volta à escuridão da qual você disse
que eu te tirei quando você me viu, e porque nada tem graça sem

você. Lutei tanto para ser livre, e tudo que quero agora é estar presa

a você, Colin.

— Emma. — As lágrimas descem por seu rosto e ela cola

nossos lábios.

— Eu te amo, Colin.

Quando ela se esfrega uma última vez, um grito corta de sua

garganta, e então fecho os meus olhos e deixo-me ir junto dela.


Gozo como um soco, com as bolas apertadas enquanto Emma

treme acima de mim.

— Eu te amo, Emma.

Ela chora, e eu queria estar solto agora para poder tocá-la.


— Querida, solte-me.

Ela acena positivamente e me livra das algemas. Agarro seu

rosto em minhas mãos e seco cada uma das suas lágrimas.

— Estamos morando juntos, e fazendo mais o que você

quiser — declaro, colando sua testa a minha. — Só não me deixe —

peço, totalmente vulnerável. — Eu vivo no inferno sem você.

— Não quero mais mentiras e omissões pairando sobre nós,

Colin.

— Nunca mais.

— Nem que tente me hackear.

— Tudo bem — afirmo, e sorrio em seguida. — Isso quer

dizer que você é minha?

— Nunca deixei de ser.

E isso é tudo o que eu preciso ouvir.

Quando ela se levanta, e vira de costas para mim, eu vejo a

fênix mediana tatuada em suas costas, e prendo o fôlego.

— Por muito tempo você observou minhas costas, agora

sempre que vê-la, vai lembrar que ressurgimos das cinzas, Colin.
Nossa história de amor é sombria, corrosiva, mas ainda assim, é

nossa.
Capítulo 30: Celas do destino

Parabéns pela formatura, Colin Prescott! - e parabéns a

vocês, pais e familiares de graduados! Sabemos que você tem


apoiado seu aluno, apoiando-o ao longo de suas carreiras na BU, e
é por isso que queremos comemorar com você!

Acabo rindo quando encaro a mensagem no celular do Colin.


Em nossa formatura não convidamos nenhum familiar, fomos

apenas eu e ele.

— Me julgou tanto, e cadastrou o celular para receber

mensagens da BU — alfineto e ele ri do jeito sarcástico que tanto


amo.

— De qualquer forma, essa foi a última mensagem deles que


recebi, não quero apagar.

Enquanto preparo o almoço de Ação de Graças, sinto uma


mistura de emoções. É a primeira vez que meu pai virá ao nosso
apartamento, e isso traz à tona uma mistura de nervosismo e

esperança. Quero que tudo seja perfeito.

Juntamos o dinheiro das corridas de Colin e o que ganhei

com as vendas de alguns dos meus roteiros e compramos nosso


apartamento próprio.

O aroma do peru assado enche a cozinha, trazendo uma

sensação reconfortante. Ao meu lado, ele prova o meu molho de


cranberry caseiro e sorri em aprovação.

Logo a campainha toca, e ele atende apressado, abrindo a


porta para Kaiden e Megan que também vieram passar o dia

conosco, afinal os dois se tornaram nossa família.

— Trouxe a minha especialidade: sopa de abóbora com


croutons crocantes — Kaiden se vangloria colocando-a na mesa.

— Muito gentil da sua parte, capitão — Colin brinca com o

amigo e logo os dois afundam no sofá jogando video game.

— Ansiosa para rever seu pai? — A pergunta de Megan

pega-me desprevenida.

Apesar de trabalhar para Elliot, papai nunca aceitou bem a

minha relação com Colin, então nos afastamos ao longo dos anos,

mas desta vez é diferente, ele arrumou uma namorada e parece


disposto a virar a página realmente, então aceno positivamente,
porque sim, estou ansiosa para revê-lo.

Quando a campainha toca novamente eu sei que é papai, ele

sempre foi extremamente pontual, e então vou eu mesma atender,

sorrio ao vê-lo, está mais jovial.

Então olho para a mulher ao seu lado, ela é o oposto da


minha mãe, suas roupas mais ousadas, mostrando um pouco de

decote, cabelos curtos e um sorriso simpático.

— Entrem! — digo, um tanto nervosa, porque apesar de saber

que papai precisa recomeçar, é difícil vê-lo com uma mulher que

não seja a minha mãe.

Colin logo o cumprimenta e é a primeira vez que o meu pai o

vê, seus olhos mapeiam as tatuagens aparentes de Colin que está

de camiseta, e em seguida seu rosto se contorce em uma carranca,

mas no instante seguinte estende a mão e o cumprimenta.

— Esta é Silvya — apresenta a namorada.

— Sejam bem-vindos — Colin diz.

Papai caminha pela nossa sala observando a decoração um

tanto sombria do lugar e em seguida seus olhos rastreiam os dois

diplomas pregados na parede, o meu e o de Colin. Eu contei a papai


que não cursaria o que ele sempre quis, mas só agora ele vê o que

realmente me tornei.

— Emma, você realmente não quis seguir a psicologia. — As

palavras carregadas de reprovação fogem de seus lábios e antes


que eu possa me defender, Colin o faz.

— Sim, sua filha não é uma psicóloga, ela é uma cineasta

incrível, uma roteirista em ascensão, e todos aqui temos muito


orgulho disso.

— É que, você nunca me pediu a opinião, Emma. — Ele sorri


sem jeito, mas o conheço, sei que está com raiva.

— Acho que diálogo não era o foco principal da nossa

relação, pai.

— Mas podemos mudar isso, não é, Emma? — A namorada


dele diz, aliviando a tensão, enquanto acaricia o braço do meu pai e
meus olhos queimam como brasa observando seu toque.

— Estou disposta a recomeçar, mesmo que seja. — Desvio o

olhar do toque dela, e o encaro. — Difícil.

— Certo, podemos tentar. — Ele sela o acordo enquanto olha


para Colin, e me diz implicitamente que também não é fácil para ele.
Sair do convívio da família Elmore fez bem a papai, agora ele

tem um emprego decente, e sequer menciona o nome de Jake, que


passa mais tempo na reabilitação do que fazendo outra coisa.

Apesar da tensão inicial, o almoço de Ação de Graças se

desenrola surpreendentemente bem. As conversas fluem e o clima


se torna mais ameno. A bolha imobiliária, os jogos esporádicos de
hóquei de Kaiden e Colin, todos rimos quando papai conta que em

sua época jogava futebol de botão, mas sonhava em jogar algo


radical. Ele quer parecer mais divertido para sua namorada, e eu

admiro isso.

Aprendi ao longo do tempo que é crucial estabelecer limites


saudáveis nas relações humanas, e é exatamente isso que faço
agora com meu pai. Não sonho mais que ele acorde um dia e seja o

mais compreensivo, apenas delimito nosso espaço e quando ele


ultrapassa, sabe que vai me perder.

Enquanto a tarde avança e a mesa se enche de risos e

conversas, Colin comenta seus planos de administrar a herança que


recebeu de seu avô materno agora que já está formado, e eu me
sinto profundamente emocionada por vê-lo tão focado no futuro,

querendo me dar uma boa vida, como ele diz.


Mas, de repente, a campainha toca, e nos surpreende, porque
não esperamos por mais ninguém, já passa da hora do almoço. A
não ser que...

Colin se levanta e abre a porta e então paro com o garfo a

caminho da boca com a visão diante dos meus olhos.

Elliot parado na porta segurando uma garrafa de vinho, a


mulher ao seu lado está impecavelmente bem-vestida, assim como
o pai de Colin em seu terno, e ela logo abraça Colin parecendo

apressada.

— Filho, que saudade! — ela diz enquanto pai e filho mantêm


os olhos trancados.

— Entrem! — eu digo. — Fico muito feliz que tenham aceitado


nosso convite — minto, porque foi somente eu os convidando, Colin

não sabia, se soubesse teria negado.

— Por que chamou ele? — ele sussurra em meu ouvido, no


instante em que seus braços circundam a minha cintura.

— Porque ele já entendeu que não pode contra nós, estou


dando uma chance para que ele recomece conosco, dessa vez

como se deve, sem acordos, só manter uma relação, não ser um


carrasco.
— Apartamento bom, filho — Elliot diz, quebrando a tensão.

— A melhor parte foi que o comprei com o nosso dinheiro,

meu e de Emma, de ninguém mais. — E voltamos com a tensão


após a fala de Colin.

— Filho... — a mãe o repreende e ele dá de ombros.

— Você está pronto para começar a trabalhar nas empresas

da nossa família. — A afirmação faz Colin enrijecer ao meu lado.

— Elliot, nada de assunto de trabalho hoje. — A mãe dele

embarga, mas os dois sequer a olham.

— Você disse que eu nunca seria capaz de lidar com suas

empresas. Ouvi a vida inteira que seria indigno. — Mordo os lábios

com a confissão, no entanto Elliot dá dois passos se aproximando


de nós.

— Eu estava errado, costumo errar muito, filho.

— Tenho minhas condições — Colin diz. — E a primeira delas

é que você não está mandando em mim.

— É claro que você as tem. Tudo bem. — O revirar de olhos

de Elliot me faz rir, o jeito tão sarcástico quanto o do filho. — E você.

— Aponta para mim. — Eu não ia te internar, ele nunca me

perdoaria se eu fizesse — diz, olhando para o filho e então encaro


Elliot. Lembro de quando me coagiu a voltar para Colin, no entanto

eu descobri logo depois que papai não me internaria, foi um mero


blefe de Elliot, e no fundo sou grata, porque me fez ter uma reação,

me encorajou a ir ao encontro ao homem que eu amo. — Nossa

relação é corrompida, mas eu ainda preciso dele e ele de mim, de


uma forma ou de outra, ele é o meu único sucessor, e ele precisa de

mim para aprender a lidar com os negócios, sempre vamos precisar

um do outro, e se eu seguisse em frente com a ameaça, eu o

perderia para sempre.

Hoje, eu enxergo a verdadeira face de Elliot, todos os acordos

com Colin, é a sua forma de demonstrar preocupação e amor,


totalmente errado e como ele mesmo diz, corrompido, mas no dia

que ele me encontrou, não era o homem poderoso, e sim um pai

desesperado, hoje com clareza, eu vejo.

Este almoço de Ação de Graças se tornou mais do que uma

simples refeição, é um símbolo de renovação. Afinal nossos pais

nunca deixarão de ser o que verdadeiramente são: ditadores,


tóxicos, metódicos, no entanto eu e Colin estamos aprendendo a

lidar com esses laços de sangue e o principal, a delimitar nossos

limites, para que saibam que nunca poderão ultrapassá-los, e muito


menos nos causar desconfortos.
Depois que todos vão embora, decido parar de adiar o

inevitável.

Estou sentada no banheiro, com as mãos trêmulas,

segurando o teste de gravidez. Meu coração está acelerado, e a


ansiedade toma conta de mim. Colin está do lado de fora,

esperando com uma mistura de nervosismo e expectativa. Não foi

planejado, mas andei esquecendo de tomar meus remédios e

quando dei por mim, estou atrasada.

Respiro fundo e olho fixamente para o teste em minhas mãos.

O momento parece se estender, como se o destino estivesse

segurando a respiração junto comigo.

Então, as duas linhas distintas aparecem, formando um sinal


claro e inegável.

Estou grávida.

Uma onda de emoção me envolve, misturando-se com a

surpresa e a alegria que transbordam em meu peito.


Colin entra no banheiro, seu olhar se encontrando com o

meu. Seus olhos percorrem o teste em minhas mãos e, de repente,


um sorriso ilumina seu rosto.

Seus lábios se abrem, mas nenhuma palavra é necessária.


Os olhares dizem tudo.

— Emma... — Colin diz em um sussurro. — Então, vamos ter

sua barriga cheia de um bebê meu?

Lágrimas de felicidade escorrem pelo meu rosto enquanto eu

tento conter a avalanche de emoções que toma conta de mim.

— Colin... estamos esperando um bebê. — Coloco em

palavras, e minha voz sai embargada. — E o bebê é nosso, pare de

ser possessivo — brinco.

A alegria inunda seu rosto e ele se aproxima, segurando

minhas mãos trêmulas nas suas.

— Meu amor, nós vamos ser pais! Essa é a melhor notícia

que poderíamos receber.

Seus olhos brilham com um misto de felicidade, admiração e

amor incondicional. Nossos corações batem juntos, sincronizados,

enquanto compartilhamos a alegria desse momento único.


— Sim, Colin. Um pedacinho do nosso amor está crescendo

dentro de mim. Mal posso acreditar que estamos iniciando essa

incrível jornada juntos. — O sorriso radiante em meus lábios

contrasta com as lágrimas.

Abraça-me com ternura, seus braços envolvendo meu corpo

com um sentimento de proteção e felicidade.

— Prometo ser o melhor pai que nosso filho poderia ter. Vou

cuidar de vocês dois, amá-los incondicionalmente e dar a ele um lar

cheio de amor e segurança.

Colin coloca a mão em meu ventre, como se já estivesse

conectado à vida que está se formando ali. Seu toque é suave e


cheio de ternura, transmitindo toda a emoção que carrega em seu

coração.

— Nosso amor é tão forte, Emma, que agora está se


multiplicando. Renascendo das cinzas.
Epílogo

— Ana, o que é isso? — brigo com a menina de cinco anos

de idade, que força um biquinho fofo e corre para o meu colo.

Minha filha tem as perninhas pálidas, os braços e até o rosto

rabiscados, certamente Emma esqueceu essa caneta solta pela


casa, ela tem trabalhado duro no próximo filme em que vai dirigir.

— Tatuagem, papai, como as suas — esclarece a cópia física


fiel de Emma.

— Deus, já te falei que você não tem idade para tatuagens,

filha.

Ana, nossa única filha que tem o nome da personagem de


Emma mais marcante para nós, é uma menininha ativa como eu fui

na infância, ambiciosa por adrenalina e de muita imaginação como

Emma, então, é uma criança surpreendente.

— Eu quero tatuagens, papai.


— Daqui há alguns muitos anos você terá, pequena, por ora,

vamos tomar um banho e tirar essa tinta do seu corpo.

Pego-a em meu colo, e caminhamos pela nossa mansão, já

que desde que Emma estourou na profissão e eu assumi parte dos


negócios da minha família, ascendemos financeiramente.

— Que barulho é esse?! Mamãe! — grita em meu ouvido e

observo da janela seu carro do ano ser estacionado em nossa


garagem.

Emma desce do seu carro recém-comprado já que assim


como eu, ela se tornou uma obcecada por carros de luxo, e solto

Ana que corre em direção à mãe que a pega no colo.

Em seu sobretudo marrom e os cabelos curtos esvoaçantes,


tenho a certeza de que a minha mulher é a mais linda do mundo. O

olhar dela encontra o meu e o amor que transborda entre nós

parece mais intenso a cada dia.

— Oi, meu amor. Desculpe o atraso, tive que finalizar algumas


coisas no estúdio.

Recebe nossa filha sorrindo, pegando-a no colo, e em

seguida sela os lábios nos meus.


— Não se preocupe, você está aqui agora. E veja só o que a
nossa pequena aprontou. — Aponto para as tatuagens improvisadas

de caneta na pele da nossa pequena espoleta.

— Oh, meu Deus! Ana, o que você fez? Não deveria brincar

com canetas assim.

— Eu queria ser igual a você e o papai! — nossa pequena


responde com um sorriso travesso.

Emma e eu trocamos um olhar cúmplice, já que tatuamos

nossas fênix em um momento de dor, sem planejar e ainda assim

coincidimos, o desenho simboliza a nossa união, e também é objeto

de fascinação da nossa filha.

— Você é perfeita do jeitinho que é, meu amor. — Beija a

testa da nossa filha, e me questiono como posso amá-las tanto. — E

quando crescer, poderá fazer suas próprias escolhas, inclusive

sobre tatuagens.

— Mesmo, mamãe?

— Mesmo. — Interfiro acariciando seus cabelos curtos como

os da mãe, porém castanhos claro como os meus. — Agora, vamos

tomar aquele banho e remover essa tinta, certo?


Fico parado no limiar da porta, observo Emma levar nossa

pequena Ana para dentro, e meu coração se enche de uma emoção


avassaladora.

Lembro-me de todos os desafios que enfrentamos, as


incertezas, os momentos difíceis. Mas também lembro da promessa

que fiz diante do túmulo de sua mãe, de que eu ia protegê-la.

Olho para a fotografia emoldurada na parede, capturando o


momento em que nos casamos. O brilho nos olhos de Emma, o

sorriso radiante que eu conheço tão bem. Foi ali que mudei a minha
promessa, porque Emma não precisa mais ser protegida, ela é forte,
durona.

Naquele dia, prometi a mim mesmo que faria tudo o que

estivesse ao meu alcance para fazê-la feliz, para construir um lar


seguro e amoroso para ela.

Olho para Emma, meus olhos refletindo a admiração e o amor


incondicional que sinto por ela. Agora, sou um homem que usa

ternos e participa de reuniões como meu pai, no entanto, ainda


corro pela noite com a minha sorte ao meu lado de vez em quando,

meus ternos possuem adereços como broxes e abotoaduras de


caveira.
Emma, no trabalho usa terninhos descolados e dentro de

casa ainda usa minhas jaquetas e blusas de times de hóquei, que


agora sou mero torcedor, as vezes jogo com Kaiden, mas prefiro

não perder muito tempo com o esporte, afinal minha prioridade são
as minhas meninas.

Ela olha de volta, e sorri, e aqui, neste momento, tudo faz


sentido.

— Você me enxerga? — ela sussurra a pergunta que virou a

nossa declaração de amor oficial.

E respondo sempre da mesma forma:

— Até na escuridão.

Então vou para a minha mulher e minha filha, e fecho a porta.

FIM

Clique aqui e tenha acesso a


ilustração explícita da belíssima
“escada” de Colin Prescott.
Redes da autora:
Sua avaliação é muito importante para o meu trabalho e para
os futuros leitores. Avalie, me deixe saber sua cena favorita ou o

que mais te marcou na história.

Para falar diretamente comigo, entra em contato no


Instagram. Vou amar interagir e conversar bastante por lá.

Meu Instagram - @autoralyalbuquerque

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todos os meus livros já lançados.

Obrigada por me acompanhar nessa aventura,

Com amor,

Ly Albuquerque
Próximos Lançamentos da Série
BAD PRISON:

SINOPSE
Liam

Ela arruinou meu irmão, agora promoverei a sua ruína.

Minha família, cega pela fachada que constrói, não sabe do

meu verdadeiro eu, da minha natureza inconsequente, que se


alimenta das más escolhas e das consequências que vêm junto.

Dentro de mim, há uma batalha: o Liam que devo ser para manter a

fachada e o Liam que quero ser, livre de amarras e regras. Lily, com
sua insensibilidade e egoísmo, é a responsável pela tragédia que

colocou meu irmão em uma cadeira de rodas, e agora chegou a


hora de fazê-la pagar por isso. A justiça será feita e eu serei o seu

carrasco.

Farei com que implore por perdão e descubra que não há

espaço para misericórdia dentro de mim.

Lily tem se escondido como uma covarde, mas não há lugar


no mundo que seja longe o bastante e que me impeça de sentir o

cheiro do seu medo.

Encontrarei a minha presa, e quando ela estiver nas minhas

mãos, talvez a gente brinque um pouco para decidir quem destrói o

outro primeiro. Talvez seja divertido antes do fim, porque Lily é


àquela fraqueza que jamais me permiti ter.

Lily White

Mais uma vez ela errou, e mais uma vez estou levando a

culpa.

Meu coração disparou e o medo tomou o meu corpo quando

senti a sua presença pela primeira vez.

No começo eu queria correr do garoto que queria me

machucar, mas cada dia que passa aumenta o desejo insano de o


sentir mais de perto, porque talvez eu tenha um gosto pouco
saudável pelo perigo.

Talvez eu deixe Liam Davis me pegar. Ou talvez eu decida

dificultar a sua caçada, porque está na hora de outra pessoa ditar as

regras.
SINOPSE
HUNTER

Eu tinha tudo e adorava a sensação de poder, mas era inevitável ser

consumido pelo passado. Estava prestes a dar um fim ao meu caos particular
quando ela surgiu.

Tímida, filha do pastor e irmã do meu melhor amigo, Halle significava tudo o

que eu ignorava, mas que precisava naquele momento.

Não era para ter sido intenso e diferente, nem era para ter sido alguma coisa,
porque ao descobrir a sua mentira decidi que precisava tirá-la do meu sistema
antes que fosse tarde demais.

Porém, cometi um erro, e, talvez, nada será suficiente para consertá-lo.

HALLE
Eu o observava desde criança. Não sabia ao certo em que momento me senti
atraída, ou quando passei a guardar fotografias dele. Talvez fosse o seu passado

sombrio, a rebeldia ou o mistério que exalava em cada poro.

No entanto, tive que engolir a sua partida e ser surpreendida anos depois ao
reencontrá-lo no meu primeiro ano de universidade. Eu não estava preparada para
ficar diante daqueles olhos obscuros outra vez ou ser incendiada com o seu toque.

Por um momento acreditei que o meu conto de fadas finalmente estivesse se

realizando, mas o nosso destino foi cruel. Hunter Scott me machucou, me fez
sangrar e me deu motivos suficientes para não perdoá-lo.

Juro que não vou perdoar.


SINOPSE:

MELINDA CLARK

Meu pesadelo é o irmão mais velho do meu namorado.

Eu deveria ser a aluna perfeita, a filha perfeita e um dia, a

esposa perfeita. Mas fora do mundinho que idealizei, vive Blake


Brooks, o tipo errado que uma garota como eu precisa se manter

distante.

Ele é misterioso, cruel, e completamente corrosivo… No

entanto, bonito demais para que eu não repare. Blake não conhece
escrúpulos ou limites quando me olha, como se quisesse me

devorar ao mesmo tempo em que deseja a minha morte.

O prudente seria ele realmente almejar a minha morte, mas

por que eu quero tanto que me deseje?

BLAKE BROOKS

Ela é a garota perfeita que o idiota do meu irmão não merece


ter.

Ela é toda certinha e delicada, e é isso o que mais odeio em

Melinda Clark. E é por tudo o que aconteceu no passado que me


aproximo e a contamino com minha presença. Eu a observo todas

as noites enquanto dorme. Eu a persigo. Eu me introduzo pouco a

pouco no seu sistema. Meu plano é simples: vou corrompê-la e


fazer a minha justiça, mas por que a vingança não me soa tão doce

quanto o gosto de possuí-la?


Obras da autora

O Bebê do CEO solitário

Acordei Grávida do Viúvo

Seduzida pela Fera

ASSINADO, MINHA: Um Herdeiro por Contrato

A VINGANÇA DO CEO

PRESA AO CEO

Vem ser minha? (Livro 1 da série Cowboys Obstinados)

Inegavelmente Minha (Livro 2 da Série Cowboys Obstinados)

Exclusivamente Minha (Livro 3 da Série Cowboys Obstinados)

Inesperadamente Minha: (Livro 4 da Série Cowboys

Obstinados)

Cowboys Obstinados: Box- Série Completa + Extras

Um Pai No Natal: O Recomeço da Família Carter (Livro

Único)
A Garota do Chefe (Livro Único)
Próximos Lançamentos da
autora
Aposta Perdida

Minha doce Obsessão

A Protegida do Chefe

Contrato sem volta

A nada doce babá dos meus filhos

[1]
Mocinho do livro “A Busca de Liam – Livro 2 da série Bad Prison – autora Joane Silva”
[2]
Mocinho do livro “A Conquista de Blake – Livro 4 da série Bad Prison – autora Jéssica Larissa”
[3]
Mocinho do livro “O Erro de Hunter – Livro 3 da série Bad Prison- autor Mário Lucas”
[4]
Proibido meninos.
[5]
Mais conhecido como touca ninja no Brasil, o gorro tem abertura apenas dos
olhos.
Wednesday Addams, popularmente conhecida no Brasil
[6]

como Wandinha Addams, é uma personagem fictícia membro da


Família Addams.
[7]
Expressão de conotação sexual, significa que o cara foi privado de ter um orgasmo quando estava
“quase lá”.
[8]
Mocinho do livro Aposta Perdida.
[9]
Mocinha do livro Aposta Perdida
[10]
Em poucas palavras, a bad trip é uma brisa que bateu errado. Em sua
tradução literal, bad trip consiste em uma “viagem ruim”.

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