TSCCAFA AcórdãoProc. N.º1527 10 de 26 de Março de 2019 An

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Ol De / Dn REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL SUPREMO ACORDAO PROCESSO N° 1527/10 Na Camara do Civel Administrativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo, os Juizes acordam em conferéncia, em nome do Povo: ) Relatorio Na 1° Sece&o da Sala de Familia do Tribunal Provincial de Luanda, a QA QE. solteira, de 33 anos de idade, filha de >> ED: © (: QED 12tural dc @EEBe, Provincia do Bengo, residente em Luanda, Municipio de Cacuaco, > Casa SIN, portadora do B.| n° QQ interpos ACCAO DE RECONHECIMENTO DE UNIAO DE FACTO POR RUPTURA, contra (QE. s°''e'ro, natural de Cacuaco, trabalhador da Escola do Ile Ill Nivel da Eco-Campos — Cacuaco, residente em Cacuaco, (CEE pedindo que seja reconhecida a uniao de facto; Que Ihe seja atribuida a residéncia familiar, Que the seja atribuida o exercicio singular da autoridade paternal; Que seja o Requerido obrigado a prestar alimentos a Requerente e aos filhos menores. Para fundamentar a sua pretenséo, a Autora alega, em sintese, o seguinte: ® Que a Requerente e 0 Requerido estabeleceram vida comum desde o ano de 2000, . Que da referida relagéo, nasceram dois fihos, i. ABEED co 5 anos do (dad: ¢ I, cc 11 meses ( Vide docs. 1 € 2) . Em 2002, a Requerente e o Requerido adquiriam direito de superficie sobre uma parcela de terreno, no Municipio de Cacuaco, onde foi erguida a residéncia comum A Requerente ¢ 0 Requerido mudaram-se para a residéncia assim que as obras terminaram. ‘A Requerente era frequentemente espancada pelo Requerido. Por este facto, a Requerente viu-se obrigada a recorrer ao Centro de Aconselhamento e Conciliagéio da O.M.A de Cacuaco com 0 Requerido, mas viu os seus intentos gorados por resisténcia do Requerido. No pretérito dia 24 de Dezembro de 2006, a Requerente foi brutalmente espancada pelo Requerido, . No dia 9 de Fevereiro de 2007 a Requerente e as filhas foram postas fora de casa pelo Requerido. Até ao momento, a Requerente encontra-se fora de casa e a viver em casa de vizinhos com as filhas. 40. Sucede porém, que as sucessivas agressées de que a Requerente tem sido vitima tomam impraticével a manuteng&o da relagdo conjugal ( Vide art. 43° do Cédigo da Familia ) 11.Pelo que, ver a Requerente pedir que seja judicialmente reconhecida a relagdo entre Requerente e Requerida. Citado 0 Réu (fis.29), 0 Reu SEE. . QED. « «1 2\ s0 &x!in. gui no ano de 2007. Atribuiu a Residéncia de Familia a Autora e, homologou definitivamente 0 acordo das partes constante a fis. 41 & 42, sobre o exercicio da autoridade patemal, por ser legal e de interesse para as partes. Inconformado com a deciséo, veio o Réu GID 1, cola interpér recurso de Apelacao, com subida imediata e nos préprios autos e com efeito suspensivo (fis. 124), © Recurso foi admitido nos termos requeridos ( fis.125). © Apelante apresentou as suas Alegag6es (fls.128 a 129) formulando as seguintes conclusées: 1. Que no é possivel 0 reconhecimento da Unido de Facto por Ruptura entre o Apelante e a Apelada, por no se verificarem os pressupostos legalmente exigidos. 2. Que, ainda que @ Unido de Facto tivesse que ser reconhecida, o terreno n&o poderia fazer parte dos bens comuns do casal uma vez que o Apelante adquiriu a titulo gratuito e antes da dita uni 3. Que podera sim, a Apelada ser indemnizada ou ressarcida pelo facto de ter ajudado na construcdo da residéncia em causa, nos termos do enriquecimento sem causa (art. 473° Cédigo Civil), 4. Que ndo 6 justo que dos 8 (oito) filhos que 0 Apelante tem, s6 dois usufruirem do tinico bem que o mesmo post. Pedindo, que a presente Accdo em relago ao Apelante ser julgada improcedente e como consequéncia ser revogada totalmente a sentenca e o Réu absolvido do pedido A ora Apelada, regularmente notificada nao contra-alegou. 0 Ministério Publico junto desta instancia emitiu o seguinte parecer (fis. 161 vp “Da anélise dos autos conclui-se pela existéncia dos pressupostos legais exigiveis ao reconhecimento da unio de facto por ruptura, pelo que, improcede © presente recurso”. Correram os vistos legais. Che © Tudo visto cumpre apreciar e decidir. ll) Objecto do Recurso Sendo 0 Ambito e 0 objecto do recurso, delimitados para além das meras faz6es de direito e das questées de conhecimento oficioso, pelas conclusdes formuladas pelas partes artigos 660.°, n.° 2, 664.°, 684.°, n.° 3 e 691.9, n° 1¢ n.° 3, todos do C.P.C emerge, “in casu’, como objecto do recurso, saber se: 1. Esto ou nao reunidos os pressupostos para o Reconhecimento da Unido de Facto por Ruptura? 2. Se o Tribunal “a quo” foi ou nao para além dos bens da Parte ao Ill) Fundamentagao A Decisdo recorrida deu como provados os seguintes factos: 1, Que @ Autora e o Réu se relacionaram como se marido e mulher fossem, de modo ininterrupto @ singular, do ano de 2000 ao més de Fevereiro de 2007; 2. Que o Réu frequentemente agredia corporalmente a Autora’ 3. Que a residéncia foi construida por ambos durante o periodo de convivéncia que mantiveram; 4. Que no dia 9 de Fevereiro de 2007 0 Réu expulsou a Autora da residéncia familiar desapossada até apresente data; Apreciando, WWW Passando & apreciagao das questées que so objecto de Recurso importa verificar 0 seguinte: 4. Estdo ou nado reunidos os pressupostos para o Reconhecimento da Unido de Facto por Ruptura? Veio 0 ora Apelante alegar que ndo se verificam os pressupostos para 0 Reconhecimento da Unido de Facto por Ruptura; Assistir-the-& azo? Vejamos: ‘A Unido de Facto consiste no estabelecimento voluntario de vida em comum entre um homem e uma mulher, cujo reconhecimento, (pressupostos legais) vide art. 113° do Cédigo de Familia, adiante, CF, so os seguintes: i) decurso de trés anos de coabitagéo consecutiva; ii) singularidade; iii) capacidade matrimonial, qual seja, a capacidade de contrair casamento dispostas nos artigos 23° a 26° do CF. © Reconhecimento da Unido de Facto por Ruptura vem regulado nos artigos 122° do CF e seguintes, cujos pressupostos so a competéncia, a legitimidade, © prazo e, a audic&o do Conselho de familia, artigos 122° a 126° do CF. Ora, 4 Ficou provado que a Autora eo Réu estabeleceram a relagéo conjugal do ano de 2000 a 2007, volvidos mais dos trés anos. A Autora intentou a Ace&o para o Reconhecimento em apreciago aos dia 23 de Abril de 2007, ou seja, pouco mais de um més depois da sua expulsdo da residéncia onde coabitava com o Réue filhos do casal Ficou provado e, 0 Apelante néo alega o contrario, que efectivamente, a Teferida Unido existiu durante 0 periodo referido de forma singular. Nao ha nos autos indicios de que nao estavam ambos ou um deles dotados de capacidade matrimonial, Aqui chegados no procedem os argumentos trazidos pelo Apelante sobre a verificagéo ou n&o dos pressupostos para o Reconhecimento da Unido de Facto por Ruptura. Quanto a segunda questéo: 2. Se o Tribunal “a quo” foi ou nado para além dos bens da parte ao atribuir a Residéncia de familia a A. Alega 0 Apelante que “ainda que, pudesse ser reconhecida a Uniéio de Facto — na atribuigéo da Residéncia Familiar o Tribunal “a quo” n&o atendeu ao facto de © terreno foi a residéncia foi construida néo 6 um bem comum do casal, uma vez que foi adquirido pelo Apelante a titulo gratuito antes da dita Unido. Que a Apelada podera ser ressarcida pelo facto de ter ajudado na construgao da residéncia em causa nos termos do art. 473° do CC, pois 0 Apelante pai de ito (8) flhos Assistir-Ihe-d razéio? e | ye Vejamos a - Reconhecida a Unido de Facto por Ruptura fica esta sujeita aos efeitos do Casamento com a retroactividade a data do inicio da Unio, art. 119° do CF. Ora, Nos termos do art. 110° do CF “Na atribuigao da Residéncia Familiar deve o Tribunal ter em conta as condigdes de vida dos cénjuges, o interesse dos filhos do casal e as causas do divércio’. In casu, so as causas da ruptura, por forea do que vem estabelecido no art. 119° que remete para os artigos 75°, 80° 82° e al, b) do art. 168°, todos do CF. Facilmente, se conclui que o legislador no nosso sistema juridico nao fixou como pressuposto para atribuicéo da residéncia familiar 0 direito de propriedade ou co-propriedade da mesma. Na atribuig&o da residéncia familiar a um dos cénjuges ou companheiro o Tribunal verificara qual dos cénjugesicompanheiro retine os pressupostos dispostos no art. 110° do CF. E foi 0 que 0 Tribunal “a quo” verificou ao dar como provado os factos acima descritos. Improcedem dessa forma os argumentos do Apelante. Reunidos os pressupostos para Reconhecimento da Unido de Facto de Facto por Ruptura e, verificados os pressupostos para a atribuico da Residéncia Familiar, bem andou o Tribunal “a quo’ ao decidir como decidiu, homenageando os principios da Proteccéo da Familia, harmonia e responsabilidade no seio da familia. IV) Decisao Ruieeen pea iael ra Aco ee os hee he ' US Neer ate bhi fe ete Gee on Neues i Oia, (Cat Ae pce Conte — a Dent *ecoriuel.. uri, tela Abele & Creer x a fue a cofre COreO ocn cas + a pee 2, fee —— ofa, 2 ee ete Mare see Pod 4 i 10

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