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ans Miporirs Fesbeanal ob RECURSO ESPECIAL N° 69.108/PARANA (95327298) RELATOR __ : MINISTRO NILSON NAVES RECTE LUIZ ALBERTO DE SOUZA CASTRO ADVOGADOS : JUAHIL MARTINS DE OLIVEIRA E OUTRO RECDA VILMA MARIA DE SOUZA CASTRO ADVOGADOS : OSMANN DE OLIVEIRA E OUTRO EMENTA Casamento putative. Boa-fé. Diteito a alimentos. Reclamagao da mulher. 1. Ao conjuge de boa-fé aproveitam os efeitos civis do casamento, embora anulavel ou mesmo nulo (C64. Civil. art. 221, paragrafo nico) 2, A mulher que reciama alimentos a eles tem direito mas até a data da sentenga (Céd. Civil, art. 224, parte final). Anulado ou declarado nulo o casamento, desaparece a condigao de cénjuges. 3. Direit ientos “até ao dia da sentenga anulatéria” 4, Recurso especial conhecido pefas alineas a e ¢ e provido. ACORDAO Vistos, relatados € discutidos estes autos, acordam os Ministros da 3° Turma do Superior Tribunal de Justica, na conformidade dos votos € das notas taquigraficas a ‘seguit, por unanimidade, conhecer do recurso especial e the dar provimento. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Eduardo Ribeiro, Waldemar Zveiter & Menezes Direito. Nao participou de julgamento o Sr. Ministro Ari Pargendler (§ 2°, art. 162, RISTJ) Brasilia-DF, em 16.12.99 (data do julgamento). Bie) KS MINISTRY CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, Presidente MINISTRO NILSON NAVES, Relator STJ 27 MAR. 2000 Data do DJ. ARS RECURSO ESPECIAL N° 69.108/PARANA, REGISTRO 95327295 RELATORIGQ © EXMP SR. MINISTRO NILSON NAVES: — Acolhendo em parte 0 pedido, a sentenga condenou o réu a pagar a autora, a titulo de alimentos, 6 salérios minimos, a partir da citacao, e 0 acérdao negou provimento apelacao, consoante esta ementa: “Agao de alimentos. Anulagao de casamento. Bigamia. Boa-fé do cénjuge. Efeitos civis do casamento putative. Art. 221 € seu paragrafo do Cédigo Civil, Aga procedente. Recurso improvido. A putatividade, no casamento anuldvel ou mesmo nulo, consiste em assegurar a0 cOnjuge de boa-fé os efeitos do casamento valido, entre os quais encontra-se 0 direito a alimentos, sem limitagaio no tempo.” No recurso especial, defende-se a idéia de que os alimentos seriam devidos apenas até ao dia da sentenga anulatéria, dai resultando, conforme se alega, ‘que 0 acérdao contrariou © disposto no art. 221 do Géd. Civil. Indicou-se divergéncia jurisprudencial. Foi o recurso admitido por este despacho: “Quer me parecer que a pretenséo recursal nao é desarrazoada, els que a Quasstio sub examen esta longe de ser pacifica. O préprio aresto hostiizado, ao adotar manifestagao da douta Procuradoria Geral da Justiga (fis, 324-325), apontou que ‘este tem sido 0 entendimento do mencionado par. dnico do art Syporer Sataaut de fester 221, do Codigo Civil, majoritariamente, embora haja divergéncia (fis. 325) Da mesma forma, ao buscar reforgo em decisdo do Supremo Tribunal Federal (RE n, 81.185-SP), segundo a qual ‘a Putatividade, no casamento anulavel ou mesmo nuulo, consiste em assegurar a0 cénjuge de boa-fé 05 efeitos do casamento valido, ¢ entfe estes se encontra o direito a alimentos. sem limitagao no tompo' (ils. 325, o acordao em testiha deixou claro que a mesma “nao fol unanime, tendo divergido o eminente Ministro Moreira Alves. mas o entendimento majoritario acabou prevalecendo como Fegra adotavel na interprelagao do mencionado paragrafo Unico do art. 221 do Cédigo Civil, por Tribunais dos Estados ... (fis. 228) Q proprio aresto da Corte Excelsa traz, em seu bojo, noticia de divergéncia no seio daquele mesmo Tribunal, o qual j4 havia entendido que os efeitos civis do casamento putativo ‘serao produzidos até o dia da sentenca anulatoria’ (fie. 326), Menor nao @ © descompasso junto & doutrina patria valende notar que, em contraste com a ligdo de Clévis Bevilagua mencionada pelo julgado sub censura, no sentido de que ‘o sénjuge culpade néo se exime. com a dissolugao da sociedade conjugal, do dever de prestar alimentos ao inocente’ (fis. 328). se coloca, exemplificativamente, 0 entendimento de Washington Monteiro, para quem 'o cénjuge culpado nao se exime de obrigacdo alimentar, com relaco ao inocente: se este carece de alimentos, n3o pode 0 culpado furtar-se a0 respective suprimento, devido, porém, até a data da sentenca anulatéria’ (in ‘Curso de Direito Civ, vol. Il, Ed. Saraiva, 15 edig&o. 1976, p. $3) Sem demérito & posigéo adotada pelo douto érgao Juigader, entendo que a questao trazida & desate é suficientemente polémica para merecer algada ao Tribunal Superior, que podera, destarte, langar novas uzes para orientar casos futuros Diante do exposto, admito o presente recurso especial * ‘A Subprocuradoria-Geral da Republica emitiu parecer pelo nao- conhecimento, E 0 relatério. LS SoS a“ Ws ARS. perir Titanate fastire RECURSO ESPECIAL N° 69.108/PARANA REGISTRO 95327295 vor 0 ‘© EXM? SR. MINISTRO NILSON NAVES (RELATOR): — Deferidos os alimentos & autora, da sentenga apelou o réu alegando que nao estava moral € juridicamente obrigado a prestat alimentos & reclamante, em decorréncia da declaragao de nulidade do casamento do casal. "Consta dos autos que’, disse o Tribunal paranaense, “quando contraiu casamento com a apelada, o apelante ja era casado com Nyce Niepce da Silva, a qual, fundada nos artigos 183, VI, e 207, ajuizou agdio de anulagao do segundo casamento, julgada procedente’. Segundo também o acérdao estadual, a boafé da autora, “além de ser presumida é indiscutivel, ao mesmo tempo em que transparece a mé-fé do apelante que, sendo casado, estava cliente € consciente de que nao poderia contrair nove casamento, ainda viva a primeira mulher". Valeu-se 0 Tribunal de deciséo proferida, pela 2° Turma do Suprema Tribunal, no RE-B1.105, in RTJ-89/495, assim ementada: "Interpretagdo do art. 221 & seu paragrafo unico do Cédigo Civil. 1l A putatividade, no casamento anulévei ou mesmo nulo, consiste em assegurar ao conjuge de boa-fé os efeitos do casamento valido, @ entre estes se encontra o direito a alimentos, sem limitago no tempo. RE conhecido, em parte, e improvido’. E de ver que o extraordinario foi conhecido, @ dele se conheceu pela divergéncia com o RE-42.436, em que a 1* Turma, também do Supremo, entendera que os efeitos que se produzem vao “até ao dia da sentenca anulatoria’, como se acha escrito no caput do indigitado art. 221 (de 1959, Gallotti, RTU 11/349). inistro Luiz Pois no julgamento do RE-81.105, em voto de relator, disse o Ministro Cordeiro Guerra: ee ne ay Sonn Fiimitl Jatze “Estou em que a limitagao do caput do art, 221 do C.C. nao abrange a hipétese prevista no seu § tinico, consoante o ‘entendimento do sauidoso Juiz Jodo Claudino de Oliveira e Cruz, acolhido pelo parecer da Procuradoria-Geral. (Dos Alimentos no Direito de Familia. p. 212) que tem a seu favor a comunis opinio os doutos.” “Quais sao esses efeitos civis do casamento assegurados a0 cénjuge de boa-fé e a0s filhos. O direito ao uso do nome ¢ 0 direito aos alimentos — art 233, v.CC." “A putatividade, no casamento anuldvel, ou mesmo nulo, consiste em assegurar ao conjuge de boaté os efeitos di casamento valida, e entre estes se encontra 0 direito a alimentos.’ Discordou Ministro Moreira Alves, entendendo que o pardgrafo apenas Viera disciplinar hipétese nao contemplada no caput, ¢ acrescentou, nessas passagens: “Ora, parentes @ cOnjuges sao as duas Unicas categorias de pessoas que, pela lei, tem direito a alimentos. Se eles nao sao parentes e ndo mais so cénjuges, e se o art. 221 nao actescenta uma terceira categoria, para 0 efeito de conceder direito a alimentos a pessoas que no se enquadrem em uma daquelas duas, & ébvio, a meu ver, que no existe, no caso, direito a alimentos." Da doutrina, 9 Ministro Cordeiro citow a ligao de Bevilacqua, segundo a qual 0 culpado nao se exime do dever de prestar alimentos ao inocente, & qual o Ministro Leitéo de Abreu acrescentou a ligdo de Eduardo Espinola. Diz, outrossim, Silvio Rodrigues, que "O Cénjuge de boa-fé tira todas as vantagens do casamento. Assim, tem direito & pensdo alimenticia...”. Diz ainda que “o conjuge de ma-fé deve alimentos & familia @ a0 outro cBnjuge” (Direito Civil, vol. 6, 1997. pags. 108/9) De outra parte, 0 despacho de origem lembrou da ligdo de Washington, consoante @ quai o cénjuge culpado nao se exime da obrigacao, mas “alé a data da eee ve av banaldl Jostper Sheer: sentenga anulatéria’. De igual modo, @ opiniio de Carvalho Santos: "A declaragao da nulidade do casamento faz também cessar entre os cénjuges o direito aos alimentos, porque a partir dessa sentenga jé ndo sao eles considerados como esposos, qualidade que é @ causa da obrigagdo alimentar (HUC, cit., n. 164)" (Cédigo ..., vol. IV, 11? ed., ag, 250). Veja-se Calo Mario: a) Conjuges. Apés 2 sentenca anulatoria, posto que putative © matriménio, cessam os deveres de fidelidade, vida em comum, mttua assisténcia’ (Instituigdes ..., vol. V, 11% ed., pag. 97). No aludido caput, a hipétese & a da boa-fé de ambos os cénjuges, no pardgrafo, da boa-fé de um, e a Lei n? 6.515, de 26.12.77, no paragrafo unico do art. 14, cuidou da hipotese em que “nenhum dos cénjuges esteja de boa-fé", caso em que 08 efeitos civis do casamento “aproveitaréo aos filhos comuns’. Mas hoje, quanto aos filhos, dispée 0 art, 227, § 6° da Constituigao: "Os filhos, havidos ou ndo da relagao do casamento, ou por adocao, terao os mesmos direitos @ qualificagdes, proibidas quaisquer designagées discriminatérias relativas & filagao”. Entre a limitagao @ a nao-limitacao no tempo, adoto a limitagao, de modo que & espécie estou aplicando a cldusula “até ao dia da sentenga anulatéria’, Adoto as observagoes dos Ministros Luiz Gallotti (de 1959) e Moreira Alves (de 1978), bem assim a doutrina de Washington, Carvalho Santos ¢ Caio Mario. Quem pode exigir alimentos sao os parentes (Céd, Civil, art, 396), 0 conjuge (Céd. Civil, arts. 233-IV & 234, Lel n° 6.515177, arts. 19 a 23) © 0 companheiro (Lei n* 8.971194, ert. 1°). Ora, anulado 0 casamento, a categoria cénjuge deixa de existir. Quem sabe, pode-se pleitear indenizagao, na eventual configuragao de ato ilicito, mas nao se pode postular alimentos, 3 mingua de seu fato gerador. Conhego do recurso especial pelas alineas a e c, dou-lhe provimento, para estabelecer que 3 mulher tem direito aos alimentos “até a0 dia da sentenca anulatoria’. Spevin Grabanal de Arista CERTIDAO DE JULGAMENTO . TERCEIRA TURMA Nro. Registro: 95/0032729-5 RESP 00069108/PR PAUTA: 13 /-10 / 1998 JULGADO: 15/10/1998 Relator Exmo. Sr. Min. NILSON NAVES Presidente da Sessao Exmo. Sr. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO Subprocurador-Geral da Repiblica Exm. Sr. Dr. ADALBERTO DA NOBREGA Secretario (a) LEILA MARIA PEDROSA ROGGTA AUTUACKO REcTe 1 LUIZ ALBERTO DE SOUZA CASTRO ADVOGADO : JUAHIL MARTINS DE OLIVEIRA £ OUTRO RECDO VILMA MARTA DE SOUZA CASTRO ADVOGADO } OSMANN DE OLIVETRA F OUTRO cERTIDAO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA ao apreciar o processo em epigrafe, em sesséo realizada nesta data, proferiu a seguinte decisdo: - "Apso vote do Sr. Ministro Relator, conhecendo do recurso especial e Ihe dando provimento, solicitou vista dos autos o Sr. Ministro Eduardo Ribeire. Aguardam os Srs. Ministros Waldemar Zveiter @ Menezes Direito. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Costa Leite. © referido é verdade. Dou fé. Brasilia, 15 de ovtubro de 1998 Seporier Grittonalde feastipa MQ Terceira Turma: 03.12.99 RECURSO ESPECIAL N° 69.108 - PARANA (1998/0032729-5) RELATOR — ; MIN, NILSON NAVES RECTE : LUIZ ALBERTO DE SOUZA CASTRO ADVOGADO : JUAHIL MARTINS DE OLIVEIRA E OUTRO RECDO : VILMA MARIA DE SOUZA CASTRO. ADVOGADO_: OSMANN DE OLIVEIRA E OUTRO YOTO-VISTA © Sr. Mimistro Eduardo Ribeiro: - O tema trazido a decisto consiste em saber se, reconhecida a nulidade do casamento, contraido de boa- por um dos cénjuges, subsistird para esse o direito de pedir alimentos. A controvérsia sobre o tema é antiga, havendo as mais autorizadas opiniges em um ¢ outro sentido. Em principio, 0 direito a alimentos deriva do parentesco, do casamento € da unido estavel. Dessa ltima néo ha cogitar, pois a convivéncia cessou antes da lei que regulou a matéria, Os cénjuges ndo so parentes, como de entendimento pacifico. Se 0 casamento é nulo, ndo pode gerar se ndo os efeitos que a Ici excepcionalmente Ihe confira. Em principio, quod nullum est nullum effectum producit. Regula a questdo 0 artigo 221 do Cédigo Civil e seu pardgrafo nico que tratam do casamento putative. Cogita o caput da hipétese de boa-fé bilateral, que ndo € 0 caso dos autos. Da boa-fé de apenas um des cdnjuges suida o pardgrafo, No primeiro caso, 0 casamento, segundo a lei, produzira todos os efeitos civis, quanto aos cénjuges © aos filhos, até a sentenga anulatoria. A espécie om exame, entretanto, diz com o pardgrafo e em relagdo a ele é que se apresentam maiores dificuldades. Segundo respeitabilissima corrente doutrindria ~ a comegar de Clévis — desse dispositive resulta, para o cénjuge inocente, 0 direito a alimentos, mesmo apés 0 reconhecimento judicial da nulidade. Nao consigna a restrigdo temporal contida no caput ¢ se haveria de admitir um certo cardter punitivo em relagao ao conjuge de ma-fé, wo u Soporier Tribanal de Jastiya RESP. n° 69.108-PR Vista Tenho como certo, entretanto, que os textos citados ndo conduzem a esse entendimento. Dispés a lei sobre os efeitos do casamento, quando de boa-fé ambos os cénjuges, © estabeleceu que produziria efeitos quanto a cles até a sentenga anulatéria. No pardgrafo explicitou que, se apenas de um deles @ boa- fé, 36 em relagdo a ele o casamento produziria efeitos. O tratamento diferenciado é apenas quanto a quem esses se verificariam. Como salienta Yussef Cahali, entendimento contririo poderia até encontrar amparo na equidade, mas n&o na sistemétics de nosso direito (Dos Alimentos — 3° ed. - RT — p, 265). Se easamento nao existe, porque nulo o realizado, seria mister que a lei previsse « obrigagao alimentar. E @ verdade & que nfo o faz. Vale notar que, a0 contratio dos sistemas juridicos de outros paises, que contém norma expressa quanto 4 alimentos, nossa lei fala genericamente em efeitos civis decorrentes do casamento. Ora, esses nao sc limitam, ao contrario do que as vezes se afirma, ao uso do nome ¢ a alimentos. © regime de bens ¢ a qualidade de herdeiro também dizem com esses efeitos. Por isso, com base na norma em exame, se reconhece pacificamente que, se o regime for o da comunhao, a comunicagao dos bens se faz até a sentenga anulatéria. E, morrendo um dos cénjuges, antes dessa, 0 que estiver de boa-fé terd direito a heranga, observada, obviamente, a ordem de sucessao. Admit rese que o pardgrafo nico do artigo 221 leva a que subsista a obrigacao alimentar, supde que isso ocorra com os efeitos civis em geral, pois a eles a mengio ai contida. sem qualquer discriminagao, Desse modo, chegar-sc-ia a conclusdo, verdadeiramente absurda, de que persistiria perpetuamente a comunicagto dos bens © que o cdnjuge inocente jamais perderia a qualidade de herdeiro, Tais conseqUéncias ¢ certo que nao se verificam. E porque nfo se verificam é que se fez necesséria a disposigdo do artigo 232, IL Considero se possa prestigiar a corrente que considera vidvel a indenizagdo. Outra, entretanto, haveria de ser a causa de pedi A questio hoje poderd encontrar outra solugio, tendo em vista o disposto na Lei 9.278/9 © uma vez verificados os pressupostos de fatos de seu artigo 1°. Disso, entretanto, aqui nao se cuida Acompanho o Relator. ne Sgporier Tribal de Jestipa Tatiana Terceira Turma 03/12/99 RECURSO ESPECIAL N° 69108 / PARANA VOTO De acordo com o Relator. Lt 4 O SR. MINISTRO “se CERTIDAO DE JULGAMENTO Ss TERCSTRA TURMA Nro. Registro: 1995/0032729-5 RESP 69108/PR Pauta: 13 / 10 / 1998 JULGADO: 03/12/1999 Relator Exmo. Sr. Min. NILSON NAVES Presidente da Sessao Exmo. Sr. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO Subprocurador-Geral da Repiblica Exmo. Sr. Dr. JOAO FRANCISCO SOBRINHO Secretario (a) SOLANGE ROSA DOS SANTOS AUTUAGAO. RECTE LUTZ ALBERTO DE SOUZA CASTRO ADVOGADO JUAHIL MARTINS DE OLIVEIRA E OUTRO RECDO : VILMA MARIA DE SOUZA CASTRO ADVOGADO : OSMANN DE OLIVEIRA E OUTRO CERTIDAO Certifico que a egrégia TERCETRA TURMA ao apreciar o proceso em epigrafe, em sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte decisao: “prosseguindo no julgamento, apos o voto-vista do Sr. Ministro Eduardo Ribeiro, acompanhando o Sr. Ministro Relator, no que foi acompankado pelo Sr. Ministro Waldemar Zveiter, solicitou vista dos autos o Sr. Ministre Menezes Direito. © referido 6 verdade. Dou £6. Brasilia, 3 de dezembro de 1999 orm — Mario Shpwin Tatanal de feta RECURSO ESPECIAL N° 69.108 - PARANA VOTO VISTA O EXMO, SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: A recorrida ajuizou apdo de alimentos julgada procedente, em parte, condenado o réu a pagar alimentos no valor correspondente a seis salérios minimos mensais, incidindo a partir dda citago, sendo certo que 0 casamento dela com o réu foi anulado. O Tribunal de Justia do Parand considerou que a “putatividade do casamento anuldvel, ou mesmo nulo, consiste em assegurar ao cbnfuge de boa fé os efeltos do casamento véllido, ¢ entre estes se encontra 0 direito a alimentos", som limitagao no tempo. O Senhor Ministro Nilson Naves, Relator, cconheceu e proveu o recurso para estabelecer que a mulher tern direito aos alimentos até 0 dia da sentenga anulatéria do easamento, O Senhor Minisiro Eduardo Ribeiro, citando Cahali, ‘acompanhou o Relator porque se easamento nao existe, porque nulo o realizado, seria mister que a lei previsse a obrigagao alimentar, o que nko faz, Embora reconhega a controvérsia existente, a partir mesmo da abalizada opinifo de Clovis (“O cdnjuge culpado ndo se exime, com a dissolugdo da sociedade conjugal, do dever de prestar alimentos ao inocente, se este se achar em condigdes de o pedir"), 0 cero & que a solugao em sentido contrario nio esté de acordo com a propria estrutura do sistema juridico, Tem Fazio Cahali so mostrar que “o dever de assisténcia reciproca cessa com a sentenga anulatéria do casamento: a partir dai ndo mais existe a condicao de conjuge, que esté na base de um direito que decorreria do matriménio” (Dos Alimentos, RT, 3 ed., 1999, pig. 265).Na verdade, Se a regra estabelece que 0s efeitos sdo produzidos até 0 dia da sentenga anulatéria, nto é Tazoivel, com todo respeito aos que entendem em sentido contrério, admitir que a explicitagsio do pardgrafo inico, que beneficia o cOnjuge de boa-fé seja lida com a exclusto da limitagao temporal, Com essas razdes eu acompanho 0 voto do eminente Relator Ww eM CERTIDAO DE JULGAMENTO ‘TERCEIRA TURMA, Nro. Registro: 1995/0032729-5 RESP 69108/PR Pauta: 13 / 10 / 1998 SULGADO: 16/12/1999 Relator Exmo. Sr. Min. NILSON NAVES Presidente da Sesso Exmo, Sr. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIRELTO Subprocurador-Geral da Repablica Exmo. Sr. Dr. HENRIQUE FAGUNDES Secretério (a) SOLANGE ROSA DOS SANTOS AUTUAGAO REcTE 2 LUIZ ALBERTO DB SOUZA CASTRO ADVOGADO + JUAHIL MARTINS DE OLIVEIRA F OUTRO RECDO + VILMA MARTA DE SOUZA CASTRO ADVOGASS + OSMANN DE OLIVEIRA E CUTRO CERTIDAO Certifico que a egrégia TERCBIRA TURMA, ao apreciar 0 processo em epigrafe, em sessdo realizada nesta data, proferiu a seguinte decisao? "Prosseguindo no julgamento, apos o voto-vista do Sr. Ministro Menezes Diroito, a Turma, por unanimidade, conheceu do recurso especial ¢ deu-lhe provimento." Participaram do julgamento os Srs. Ministros Eduardo Ribeiro, Waldemar Iveiter e Menezes Direito. Nao participou do julgamento o Sr. Ministro ari Pargendler (2, art, 162, RISTI) © referido é verdade. Dou £6. Brasilia, 16 de dezembro de 1999 sree O(a)

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