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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

HISTÓRIA DA ARTE

GUARULHOS – SP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

2 HISTÓRIA DA ARTE............................................................................................... 5

2.1 A arte na Pré-História ....................................................................................... 6

2.2 Pintura pré́ -histórica ........................................................................................ 10

2.3 Esculturas e monumentos pré-históricos ........................................................ 16

3 ARTE EGEIA E GRÉCIA....................................................................................... 18

3.1 Arte arcaica grega .......................................................................................... 21

3.2 Arte clássica grega ......................................................................................... 24

4 ROMA ................................................................................................................... 26

4.1 Arquitetura romana ......................................................................................... 28

4.2 Aquedutos romanos ........................................................................................ 28

4.3 Templos romanos ........................................................................................... 29

4.4 Teatros romanos ............................................................................................. 31

5 EGITO ................................................................................................................... 32

5.1 Arquitetura Egípcia ......................................................................................... 33

5.2 Templos Egípcios ........................................................................................... 35

5.3 Pinturas egípcias ............................................................................................ 37

6 PÉRSIA ................................................................................................................. 38

6.1 Arte persa ....................................................................................................... 40

Figura 10 – ruinas da ................................................................................................ 40

7 IMPÉRIO BIZANTINO ........................................................................................... 41

7.1 Arte bizantina .................................................................................................. 44

7.2 Estilo ítalo-bizantino ........................................................................................ 47

8 IMPÉRIOS DA CHINA .......................................................................................... 47

8.1 As dinastias imperiais chinesas ...................................................................... 49

2
8.2 A arte na dinastia Xia ...................................................................................... 52

8.3 A arte na dinastia Shang................................................................................. 53

8.4 A arte na dinastia Zhou ................................................................................... 54

8.5 A arte na dinastia Qin ..................................................................................... 56

8.6 A arte na dinastia Han e as seis dinastias ...................................................... 57

8.7 A arte na dinastia Tang ................................................................................... 61

8.8 A arte na dinastia Song................................................................................... 64

8.9 A arte na dinastia Yuan................................................................................... 66

8.10 A arte na dinastia Ming ................................................................................... 68

8.11 A arte na dinastia Qing ................................................................................... 71

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 74

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 HISTÓRIA DA ARTE

De acordo com Gombrich (2015), a arte é uma atividade humana que está
intrinsecamente relacionada a manifestações de ordem estética. Ela surge a partir de
percepções, emoções e ideias do artista, com o objetivo de estimular percepções em
outras pessoas. Em geral, cada obra de arte possui um significado único, embora
possa ser entendida de formas diferentes por pessoas de outras culturas. Assim, a
arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua cultura e,
consequentemente, sua história.
ALBUQUERQUE, (2018, 2020), se refere a arte como uma faculdade ou ato
pelo qual o homem, ao trabalhar a matéria, a imagem ou o som, cria algo considerado
belo ao dar expressão ao material bruto, ou imaterial, que o inspira como base para
sua realização. Assim, intrinsecamente, a arte contém valores estéticos de seu autor,
tais como beleza, harmonia e equilíbrio, que são característicos de uma sociedade e
estão relacionados ao seu estado de evolução social.
Alguns pensadores, Arnold (2008), Janson (2001), Proença (2011), definem a
arte como uma imitação da realidade, ou, como a exacerbação da condição atípica
inerente à realidade. A dificuldade em definir a arte está em sua relação direta e
dependência com a conjuntura histórica e cultural na qual está́ inserida. Isso acontece
porque, quando um estilo é criado e estabilizado, ele quebra com os sistemas e os
códigos sociais previamente estabelecidos.
Arte é um termo que vem da palavra latina ars, que significa técnica ou
habilidade. A definição de arte pode variar de acordo com a época e a cultura. A arte
pode ser percebida como sendo rupestre, artesanal, da ciência, da religião e da
tecnologia. Neste início de século XXI, a arte é usada como atividade artística, ou
produto da atividade artística. A arte é uma criação humana com valores esté- ticos,
como beleza, equilíbrio e harmonia, os quais representam um conjunto de
procedimentos utilizados para realizar obras. Gombrich (2015).
Para os povos primitivos, a arte, a religião e a ciência se confundiam, e,
originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto, ou o processo, no qual o
conhecimento era usado para realizar determinadas habilidades. Para os gregos,
havia a arte de fazer esculturas, pinturas, sapatos ou até mesmo navios.

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Metaforicamente, a arte é um reflexo do ser humano e, muitas vezes, representa a
sua condição social e a sua essência de ser pensante.
A história da arte é uma ciência que estuda os movimentos artísticos, as
modificações na valorização estética, as obras de arte e os artistas. Wölfflin (2000),
explica que esta análise é feita de acordo com a vertente social, política e religiosa da
época em que é estudada. Várias outras ciências servem de auxílio para a história da
arte, como a numismática, paleografia, história, arqueologia etc. Por meio da história
da arte é possível aprender um pouco sobre o ser humano, através da evolução das
diversas expressões e manifestações artísticas.
A arte apresenta-se de diversas formas, como plástica, música, escultura,
cinema, teatro, dança, arquitetura, entre outras. Existem várias expressões que
conseguem descrever diferentes manifestações de arte, por exemplo: artes plásticas,
artes cênicas, arte gráfica, artes visuais etc.
Embora não haja consenso, uma classificação aceitável sobre as artes
contemporâneas é que ela pode estar relacionada a: música; dança / coreografia;
pintura; escultura; teatro; literatura; cinema; fotografia; história em quadrinhos; jogos
de computador e de vídeo; arte digital.

2.1 A arte na Pré-História

Na concepção de Prince (2000), a Pré́ -História é uma forma simplificada de


se referir à história anterior à escrita, que se desenvolveu antes do surgimento das
primeiras civilizações. Conhecido como o mais extenso período da história humana, o
Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, abrange uma datação bastante variada, que
vai de 5 milhões de anos a.C. até́ 10 mil anos a.C.).
O período Mesolítico surgiu de 10.000 a.C. até 8.000 a.C. Ocorreu durante o
domínio do fogo, com o qual era possível afugentar animais, cozinhar, iluminar
ambientes e aquecer do frio. O homem passou a desenvolver a agricultura e a
domesticar animais, diminuindo sua dependência da natureza e podendo se fixar nos
locais, o que gerou o sedentarismo.
O período Neolítico, ou Idade da Pedra Polida, surgiu cerca de 8.000 a.C. e
durou até 3.000 a.C. Nesse período desenvolveu-se a metalurgia, tornando possível

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a criação de objetos de metais, como lanças e ferramentas como machados, o que
melhorou a caça e os trabalhos da agricultura.
Assim, o homem pôde estocar alimentos para as épocas de estiagem. Houve
o crescimento das populações, o que levou à necessidade de trocas de produtos entre
as diversas comunidades e ao surgimento dos trabalhadores especializados. E por
que são chamados de homens das cavernas? Desprovidos de técnicas muito
sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos que facilitavam
sua sobrevivência, como o fato de morar em cavernas em meio às hostilidades
impostas pela natureza, seja pelas baixas temperaturas ou por ataque de animais.
Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de ossos, madeira,
marfim e pedra.
Eles eram praticantes do nomadismo, isto é, não tinham habitação fixa, e
utilizavam os recursos naturais existentes à sua volta. Depois de consumi-los,
migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de alimentos, como
frutas, caça e pesca. Sem dúvida, o fogo foi uma das mais importantes descobertas
da época, porque os homens alcançaram melhores condições de sobrevivência
mediante às severas condições climáticas. Os bens de produção eram de propriedade
e uso coletivo.
Para Prince (2000), o homem das cavernas tinha sua própria produção
cultural, por meio da comunicação visual com a confecção de desenhos primitivos. Os
exemplos de sua produção variam, de marcas de mãos nas paredes até verdadeiras
histórias em quadrinhos, que serviam como manual de caça. A arte não era algo que
pudesse ser separada das outras esferas da vida da época, ou seja, da economia,
religião e política. Tudo tinha que ser arte, ter estética, porque nada era puramente
utilitário.

Figura 1 – Divisão do período Paleolítico. Linha do tempo dividindo o


Paleolítico em duas categorias: inferior e superior. No superior, o destaque é a
expressão artística do homem das cavernas através da pintura, da escultura e da
arquitetura (construção de templos e monumentos).

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Fonte: historiadasartes.com

Figura 2 – Cena típica do dia a dia de uma comunidade dos nossos ancestrais
pré-históricos: um homem estabelecendo moradia.

Fonte: super.abril.com.br

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Arte rupestre, originária da palavra latina rupes, que significa rochedo, é o
termo mundial- mente aceito para designar os desenhos feitos pelo homem nas
rochas. As mais antigas obras de arte feitas pelo ser humano, que datam de 35 mil
anos, são consequência de milhares de anos de lento amadurecimento. Os homens
da caverna distinguem-se em dois grupos, derivados de descobertas arqueológicas
importantes: os Aurinhancenses (de Aurignac, França); os Madalenianos (de La
Madeleine, França. Prince (2000).
As obras mais impressionantes da arte paleolítica são as representações de
animais nas superfícies internas de cavernas. O bisão ferido de Altamira, no norte da
Espanha (15.000 a 10.000 a.C.), é a imagem de um animal abatido no chão, com a
cabeça tombada para ainda tentar se defender do ataque humano. Sem dúvida, é
uma imagem viva e realista com traçado vigoroso.
Os animais selvagens descobertos em Lascaux, na região de Dordogne, na
França, apresentam- se em pinturas menos elaboradas, mas que trazem vida e
movimento. As técnicas para realizar o registro na rocha são, principalmente, a
gravura e a pintura. A técnica para fazer gravuras corresponde à retirada de matéria
da superfície rochosa por meio de uma ferramenta. A pintura, ao contrário da gravura,
adiciona matéria à superfície. Na Europa e na Austrália, por exemplo, há sítios com
pinturas rupestres de mais de 30 mil anos.
A produção artística era muito variada, feita por povos diferentes, em locais
diversos, mas com algumas características em comum. Por exemplo, os aspectos de
destaque são: utilidade (ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações
específicas, como a caça), material, cotidiano ou mágico-religioso.
Mas por que a expressão mágico-religiosa? Prince (2000), explica que, para
surpresa de muitos, as cenas de caça representadas em cavernas não descreviam,
na verdade, uma situação vivida pelo grupo; possuíam caráter de treino e de busca
por “boas energias”, preparando as pessoas para esta tarefa que lhes garantiria a
sobrevivência. Outra versão aceita é a de que se o “caçador-pintor” conseguisse pintar
cenas de abate de animais nas paredes internas das cavernas, estas imagens criariam
o “efeito mágico” de previamente já dominar e vencer os animais.
No caso das pinturas confeccionadas no interior profundo das cavernas,
demonstrando grupos de animais correndo em liberdade, a explicação reside no
desejo dos seres humanos primitivos de que uma energia vital oriunda do seio da

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Terra auxiliasse na fecundidade e na proliferação dos animais. Os desenhos mais
antigos de que se tem conhecimento foram encontrados na antiquíssima cidade de
Çatal Hüyük, na Turquia, e datam de cerca de 6.200 a.C., e estão pintados em uma
parede. As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa,
especialmente na Espanha, no sul da França e no sul da Itália, e datam de
aproximadamente de 25.000 a.C., portanto, do período Paleolítico.

2.2 Pintura pré́ -histórica

De acordo com Arnold (2008), a França e a Espanha guardam o maior número


de obras pré-históricas, que, até́ hoje, estão em bom estado de conservação, como
as cavernas de Lascaux, Altamira e Castilho. Na caverna de Lascaux, as pinturas
foram achadas em 1942, e estima-se que tenham 17.000 anos. A cor preta, por
exemplo, contém carvão moído e dióxido de manganês. Nela estão representados
bovinos, cavalos, cervos, cabras e felinos.
Na Europa, existem nas seguintes localidades:
➢ Altamira e Castilho (Espanha);
➢ Lascaux (França)
➢ Cornwall e Wiltshire (Reino Unido);
➢ Oliveira dos Frades (Portugal);
➢ Alta (Noruega)
As descobertas nas cavernas de Altamira ocorreram em 1879 e representam
obras do período Paleolítico. A obra mais importante é o Bisonte Encolhido

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turomaquia.com

As pinturas não devem ser completamente dissociadas das gravuras, porque


há esboços gravados sobre as paredes, o que sugere que os artistas gravavam antes
de pintar. A quantidade de cores utilizadas é grande. Tem-se o preta, extraído do
carvão vegetal, de ossos calcinados e triturados ou da fumaça e da gordura queimada;
o vermelha e o marrom, provenientes do óxido de ferro; e o branco, obtido a partir do
caulim e do excremento de animais, do látex ou de óxidos de zinco.
Na África, as gravuras de contornos profundamente entalhados estavam
relacionadas a finalidades religiosas, enquanto os desenhos feitos com ranhuras mais
delicadas teriam finalidade pedagógica. Neste continente, por exemplo, existem
pinturas rupestres nas seguintes localidades.

➢ Cederberg (Figura 1.1),


➢ Drakensberg (Figura 1.2) e Gifberg Mountains (Figura 1.3) (República
da África do Sul);
➢ Montanhas Akakus (Figura 1.4) (Líbia);
➢ Twyfelfontein (Figura 1.5) (Namíbia).

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Figura 1.1- Pintura rupestre em caverna de Cederberg, República da África do Sul.

vidadeturista.com

Figura 1.2 - Pintura rupestre de rinoceronte em caverna nas montanhas de


Drakensberg, República da África do Sul.

istockphoto.com

Figura 1.3 - Pesquisador em área externa, analisando pinturas nas


montanhas de Gifberg Mountains, próximo a Wanrhynsdorp e Cederberg, República
na África do Sul.

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vidadeturista.com

Figura 1.4 - Pintura rupestre encontrada nas montanhas de Akakus (Saara,


Líbia).

turomaquia.com

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Figura 1.4 - Pintura rupestre mostrando leões, equinos e bovinos (Twyfelfontein,
Namíbia).

turomaquia.com

Em consonância com o mesmo autor, o conceito de “Pré-História”, quando


aplicado ao continente americano, tem significado diferente daquele trabalhado em
outros continentes. A definição de Pré-História na América tem como referência
tradicional o período anterior à chegada dos espanhóis, no final do século XV.
No continente americano, existem nas seguintes localidades:
➢ Tierradentro (Colômbia);
➢ Trujillo (Peru);
➢ Cidade do México (México);
Patagônia (Argentina);

Parque Nacional de Mamute (Kentucky, EUA: célebre porque nele se encontra


grande parte da mais extensa e intrincada rede conhecida de cavernas do mundo,
com 591 quilômetros explorados).
Nos locais de acampamento encontram-se instrumentos de pedra de tipos
bem definidos, como batedores, alisadores, raspadores, facas, buris, pontas de projétil
e também sovelas de osso, agulhas e espátulas. Essa intensa diversificação é
atestada e corroborada pelo descobrimento de vários sítios arqueológicos, que se
estendem de norte a sul da América, sendo o artefato mais comum as pontas

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lanceoladas, com lados paralelos e uma base reta, ou no formato oval, estreito e
alongado.
Outra evidência da cultura americana são as pinturas rupestres, muito bem
representadas, indicando alto grau de desenvolvimento. Na Patagônia (sul da
Argentina) foram encontrados pinturas rupestres, restos de fogueira e pontas de lança,
os quais evidenciam a chegada do homem à esta região há mais ou menos 11.500
anos.
Assim como no litoral brasileiro, a Patagônia é marcada pela existência de
depósitos calcários, também conhecidos como sambaquis. O nome sambaqui vem da
língua tupi e significa um “amontoado de mariscos”. No Brasil, é possível relacionar
algumas localidades que possuem vestígios dos nossos ancestrais e de seus hábitos:

➢ Naspolini e Florianópolis (Santa Catarina);


➢ Lagoa Santa (suas pinturas de animais, conhecidas desde 1834, têm entre
2.000 e 10.000 anos de idade), Varzelândia, Diamantina, Unai (Gruta do
Gentio – restos de seres humanos), Barão dos Cocais (Sítio Arqueológico
da Pedra Pintada – desenhos semelhantes aos famosos de Altamira e
Lascaux), Matozinhos (a Lapa da Cerca Grande é o único sítio arqueológico
no Brasil tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
– IPHAN). A riqueza da região foi descoberta pelo renomado cientista
dinamarquês, Peter Lund (Minas Gerais).
➢ Coronel José Dias e São Raimundo Nonato (Parque Nacional Serra da
capivara – Piauí, com pinturas rupestres datando de mais de 10 mil anos
a.C.) e Parque Nacional das Sete Cidades (Piripiri), no Piauí;
➢ Parque Nacional do Catimbau (Pernambuco – segundo em importância
após a Serra da Capivara);
➢ Chapada Diamantina (Serra das Paridas – Bahia): as figuras representam
pessoas – parto de uma mulher de cócoras (que originou o nome do lugar),
animais pré-históricos (que parecem extraterrestres) e figuras geométricas.
➢ Vale dos Dinossauros (área superior a 700 km2, cidade de Sousa), Pedra
Lavada do Ingá (Cariri) e Pedra Pintada (Paraíba – complexas inscrições
rupestres produzidas em alto e baixo relevo com cerca de 11 mil anos de
idade);

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➢ Lajedo de Soledade (Chapada do Apodi – Rio Grande do Norte);
➢ Cavernas de Monte Alegre (Pará);
➢ Serranópolis (Goiás);
➢ Caverna do Diabo (Eldorado, São Paulo). O Parque Caverna do Diabo,
criado em 1969, é a segunda maior unidade de conservação do Estado de
São Paulo, com área total de aproximadamente 150.000 hectares. Abriga
grandes extensões de mata atlântica e outros ecossistemas em seu interior.

2.3 Esculturas e monumentos pré-históricos

Berenson (2010), pontua que na África, as descobertas arqueológicas têm


cerâmicas e objetos de osso e metal encontrados na região do Saara, que
demonstram a ligação entre os povos pré-islâmicos e as áreas culturais que se
estendem até o Nilo e o deserto líbio. São estatuetas de argila cozida, como ornatos
corporais das estatuetas, formas de vasos, braceletes, arpões, ossos, pontas de
flechas e facas de arremesso. Além dos desenhos, estudos arqueológicos destacam
a arte em cerâmica por meio da confecção de armas e utensílios feitos com pedra,
ossos e metais rudimentares. A pintura e a escultura também estão representadas
como descobertas arqueológicas. Na pintura, as cores já eram utilizadas para
incrementar a comunicação visual.
Albuquerque (2020), aponta que outra manifestação artística, diferente da
pintura, é a escultura. Animais e utensílios de caça eram a preferência dos nossos
artistas ancestrais. E em relação aos seres humanos? Quem era o principal modelo?
Homens ou mulheres? Havia mais esculturas de mulheres (nota-se a ausência de
figuras masculinas). Predominam figuras femininas com a cabeça surgindo do
prolongamento do pescoço, com seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas.
Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus
de Willendorf (estatueta com 11,1 cm de altura), encontrada na Áustria. Estas foram
criadas principalmente com pedra calcária, utilizando ferramentas de pedra
pontiaguda.
As esculturas das Vênus esteatopígicas, também conhecidas como mãe-
terra, apresentavam sentido religioso e de respeito à fertilidade humana feminina.
Arqueólogos acreditam que essas estatuetas sejam emblemas de segurança e

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sucesso, ícones de fertilidade ou de pornografia, ou ainda, que sejam representações
diretas de deusas locais. Eram feitas em pedra ou marfim e demonstravam figuras
femininas estilizadas, com formas muito acentuadas.

Figura 3- Vênus da Pré-história representa a figura de uma mulher pré-


histórica.

Fonte: revistagalileu.globo.com

Monumentos eram utilizados como moradia pelas civilizações antigas, e


demonstravam a tecnologia que possuíam. No México, a utilização de pedras era
predominante na construção de pirâmides e, no Peru, utilizava-se também argila para
a construção de muros e edificações.
A arquitetura da época preocupava-se com a criação de obras feitas de
pedras, que auxiliavam a marcação do tempo (calendário), a demarcação de lugares,
a homenagem aos mortos e a criação de abrigos. Essas construções monumentais
eram feitas de pedras que pesavam toneladas. Eram câmaras mortuárias ou de
templos, e raramente serviam de habitação.

Existe uma classificação para esses monumentos feitos de rocha


(megalíticos):

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➢ Dólmens: galerias para acessar tumbas;
➢ Menires: grandes pedras cravadas no chão de forma vertical;
➢ Cromeleque: menires e dólmens organizados em círculo.

O mais famoso cromeleque é o de Stonehenge (Inglaterra). Na planície de


Salisbury, ao sul da Inglaterra, ergue-se esse estranho e indecifrável complexo
monolítico, chamado Stonehenge, um enigma tão grande quanto o das pirâmides.
Stonehenge é o monumento pré-histórico mais importante da Inglaterra, e não há
nada semelhante a ele em todo o mundo. Este altar de pedras tem sido usado há́
5.000 anos e, até hoje, não se sabe ao certo qual era sua finalidade. Rituais druidas,
cerimonias em homenagem ao Sol ou portal para seres de outros planetas são
algumas das possibilidades já́ comentadas.
Os saxões chamavam o grupo de pedras eretas de “Stonehenge”, ou
“Hanning Stones” (pedras suspensas), enquanto os escritores medievais se referem
ao monumento como “Dança de Gigantes”. Albuquerque (2020).
O mesmo autor esclarece que as “pedras azuis” usadas para construir
Stonehenge foram trazidas de 400 quilômetros de Distância, das montanhas de Gales,
com direito à travessia marítima, quando faltavam pedreiras na vizinhança. Algumas
pesam 50 toneladas e tem 5 metros de altura. Ao traçar uma linha no chão, passando
no meio do círculo formado pelas pedras, forma-se uma linha que aponta para a
posição do nascer do sol no verão.

3 ARTE EGEIA E GRÉCIA

Povo cicladense

De acordo com Albuquerque (2020), Este povo viveu na época da Alta Idade
do Bronze (3.500 a 2.200 a.C.), representando a cultura cicládica. Localizava-se em
um grupo de ilhas chamadas Ciclases, ao norte de Creta. Como característica geral,
as casas eram simples e retangulares. As aldeias eram feitas de pedra e tijolos tipo
adobe (argila com fibras). Os moradores enterravam seus mortos em túmulos de
pedras e, junto com eles, prestavam uma homenagem à deusa da fertilidade,

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representada pela figura de uma escultura em mármore. Os jarros e as loucas
comuns, com bico, eram usuais no estilo cicladense de pintura fosca.
Em termos de produção artísticas, construíam pecas em cerâmica, como
vasos, tacas e cálices decorados com motivos geométricos lineares, espirais ou
curvilíneos. Também construíam pequenos ídolos em mármore, até o tamanho
natural. Criavam também pequenas figuras representando homens tocando lira ou
flauta e mulheres segurando crianças de colo. Em 1.400 a.C., foram domina- dos pelo
povo micênico.

Povo minoico

De acordo com Arnold (2008), este povo viveu na época da Média Idade do
Bronze (2.200 a 1.650 a.C.), sendo representante da cultura cretense, ou minoica.
Localizava-se na extremidade oriental da ilha de Creta.
Como características gerais, seu maior governante foi o rei Minos, de onde
deriva o nome Minoico. Sua principal lenda é o labirinto do Minotauro, referente ao
palácio de Cnossos e seus incontáveis cômodos. Outros palácios representativos
dessa fase histórica, além do Cnossos (o maior), são Faístos e Mália. Os palácios
causaram uma revolução, tanto em termos arquitetônicos quanto sociais. Os muros
de pedra eram reforçados com vigas de madeira para dar flexibilidade em caso de
terremotos. Abrigavam o governante principal e seu séquito, e serviam de centro
administrativo, religioso e fabril (metalurgia).
A olaria cretense mais refinada é chamada de louça de casca de ovo,
decorada segundo o estilo Kamarés (policromado sobre fundo preto). Sua produção
artística, relacionada a esculturas, constituía-se de pequenas figuras de animais,
deusas e sacerdotisas, feitas de argila ou terracota (argila cozida). Suas pinturas
tinham cores vivas e movimentos ondulatórios, representando cenas da vida nos
palácios, procissões, esportes, danças, flores e animais.
As ilhas Cíclades de Paros e Naxos eram ricas em mármore. Os ancestrais
gregos começaram a usar a rocha calcária mais frequentemente em 600 a.C., devido
à suavidade e à facilidade de esculpir. As colunas começaram a ter formatos
padronizados e tornaram-se peças decorativas, principalmente em templos. O

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mármore é uma rocha metamórfica, é a forma compacta e mais resistente do calcário.
Foi primeiramente utilizada na Grécia, em esculturas de deuses e deusas.
Nas ilhas de Milo e Tera havia a obsidiana (espécie de vidro vulcânico),
utilizada como base para a fabricação de ferramentas e armamentos com
extremidades cortantes. A obsidiana é uma rocha ígnea extrusiva com composição
química variável. Forma-se quando a lava vulcânica, que esfria velozmente, em vez
de produzir um rochedo, resulta em um vidro estruturado naturalmente. As fraturas
apresentadas na obsidiana têm o formato de conchas.
O principal palácio da ilha de Creta, Cnossos, tinha 25 mil m2, com 1.300
quartos conectados por meio de corredores de vários tamanhos e direções. Dentre os
vários cômodos estavam os armazéns, os quais abrigavam grandes recipientes de
barro contendo petróleo, grãos, peixe seco, feijão e azeitonas.
Os palácios possuíam grandes áreas de paredes livres para a arte da pintura
em afresco. Os afrescos mais famosos apresentavam cenas naturalistas (flores e
animais), que também relatavam a vida marinha e desenhos de touros, tidos como
sagrados, em “jogos”. O esporte ou ritual da tauromaquia (luta com touro) acontecia
nos pátios dos palácios, e era representado em diversas expressões artísticas.
Os artistas gregos foram os primeiros a conseguir representar a figura humana tal
como ela era observada pela visão. E, para isso, recorreram à perspectiva e ao
profundo conhecimento da anatomia humana – os quais observavam em repouso e
em movimento. Nos casos da arte egeia, as representações humanas diferenciavam
a mulher por uma tonalidade mais clara de pele e cintura mais fina. Também como
expressão artística e cultural, eram utilizados recipientes de argila para
armazenamento em geral.
Faístos (em inglês, Phaistos) foi um dos mais importantes centros da
civilização minoica. Era a cidade mais rica e poderosa, ao sul da ilha de Creta. Foi
habitada desde o período Neolítico até a fundação e o desenvolvimento dos palácios
minoicos, no século 15 a.C. O palácio da Faístos situa-se na extremidade leste de
Kastri, colina localizada no final da planície Mesara, no centro sul de Creta.
O palácio de Mália, construído cerca de 1.900 a.C., é o terceiro maior da ilha de Creta.
Mália está localizada 37 quilômetros a leste de Heraclião. Está localizado em um
cenário maravilhoso, próximo ao mar.

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Povo micenense

Arnold (2008), descreve que este povo viveu na época da Média Idade do
Bronze (1.650 a 1.100 a.C.), sendo representante da cultura helênica, ou micênica.
Localizava-se a sudeste do continente grego. Como características gerais, viviam em
diversos povoados, e seus moradores ficaram conheci- dos como micenenses, nome
originário do maior desses povoados, o de Micenas. A arte dos micenenses era pouco
expressiva e se resumia a cerâmicas e armamentos em metais. Os artesãos
micênicos trabalharam tanto com metais comuns quanto preciosos, e criaram armas
e armaduras (de bronze) e objetos de luxo (de prata e ouro). As obras de destaque
são:

➢ Vasos repuxados de ouro de Váfio, com base, por exemplo, na captura


de touros;
➢ Vasos de prata, por exemplo, Rhyton del Sitio, encontrado na IV Tumba
Circular de Micenas.

3.1 Arte arcaica grega

Figura 4 - Templo Partenon

Fonte: arteref.com

21
Berenson (2010), pontua no sentido mais amplo, que o termo arcaico pode
ser aplicado a todas as formas de arte grega, a partir do colapso dos povos
anteriormente citados. Na linha do tempo, esse período de seis séculos abrange de
1.100 a.C. até 479 a.C. (invasões persas).
Os principais monumentos da arquitetura arcaica grega são:

➢ Templos: o mais importante é o Partenon, situado na cidade de Atenas.


O Partenon é uma homenagem à deusa Palas Atena, protetora da cidade
de Atenas. Construído entre 447 a.C. e 438 a.C., é uma obra retangular
de estilo dórico, que fica na acrópole (cidade elevada, em grego). Tem-
se, também, o templo de Apolo na cidade de Delphi (Delfos).
➢ Teatros: construídos em lugares abertos (encosta), eram compostos de
três partes: a cena, para os atores; a orquestra, para o coro; e a
arquibancada, para os espectadores. Um exemplo típico é o Teatro de
Epidauro, construído no século IV a.C., ao ar livre, composto por 55
degraus divididos em duas ordens e calculados de acordo com uma
inclinação perfeita. Chegava a acomodar 14.000 espectadores, e ganhou
fama por sua acústica perfeita. O teatro Odeon (Odeão) era um pequeno
anfiteatro utilizado em competições musicais.
➢ Ginásios: edifícios destinados à cultura física.
➢ Praças: a “ágora” era um espaço aberto no qual os gregos se reuniam
para discutir os mais variados assuntos, entre eles, filosofia.

As edificações que despertam mais interesse são os templos. A característica


mais evidente dos templos gregos é a simetria entre o pórtico de entrada e o dos
fundos. A utilização de colunas de pedra é uma das características marcantes da
arquitetura grega, sendo responsável pelo aspecto monumental das construções. Os
templos eram normalmente construídos sobre uma plataforma de um metro de altura,
chamada estereóbato.
O urbanismo aparece estreitamente ligado à arquitetura, já que se baseava
em estudos sociológicos relativos às diferenciações e às diversas exigências da
população, segundo o tipo de trabalho e as características de uma determinada
categoria social. Hipódamo de Mileto considerava perfeita uma comunidade de não

22
mais de 10 mil habitantes. Um exemplo de obra pública que levava em conta os
princípios do urbanismo foi o teatro de Siracusa, que remonta ao século IV a.C.
Acolhia 15 mil espectadores em apresentações musicais e espetáculos cênicos.
O fim do século VII a.C. foi muito importante para a Arquitetura porque
registrou o domínio de materiais nobres e a conquista do espaço e dos volumes. Nas
construções, adotou-se a pedra cortada, a qual substituiu materiais perecíveis, como
madeira, argila e palha. Isso permitiu o desenvolvimento de templos religiosos
cercados de colunas isoladas. O destaque principal é a simetria que existe entre o
pórtico de entrada, conhecido como pronau, e o dos fundos, chamado de pórtico. A
arquitetura grega influenciou outras regiões como na atual Itália.
A criação da coluna levou à definição das dimensões e das formas do fuste,
do capitel e da arquitrave, que constituíram as primeiras classes arquitetônicas. Elas
se diferenciavam principalmente pelo feitio do capitel das colunas:

➢ Dórica: (típica do continente grego, de Creta e das colônias


ocidentais): traços de elegância e beleza;
➢ Jônica: (característica de algumas ilhas egeias e da Asia Menor):
funcionalidade e rigor das formas;
➢ Coríntia: abundância e riqueza de detalhes.

Os vasos tornaram-se objetos artísticas a partir de quando passaram a revelar


forma equilibrada e trabalho de pintura harmonioso. As pinturas dessa época
chegaram até́ nós por meio dos vasos feitos em olaria. De todas as formas de arte, a
cerâmica pintada foi a que mais resistiu à ação do tempo. Restam-nos numerosos
exemplos de todos os estilos e períodos artísticas.
A confecção dos vasos seguia, em geral, o seguinte procedimento: primeiro,
a argila era preparada e o pote era moldado, em partes separadas, em uma roda
simples de oleiro, que girava com a ajuda do próprio ceramista ou de um ajudante.
Depois de secarem durante algum tempo ao ar livre e serem novamente levadas à
roda, para dar a forma final, as peças eram unidas com argila liquida, as alças eram
colocadas e as superfícies eram alisadas.
Berenson (2010), considera que a técnica de pintura mais difundida em peças
de cerâmica era a seguinte: o corpo dos vasos e taças eram cobertos com esmalte
negro, e as partes decoradas ficavam com a cor natural da argila, adicionando os
23
detalhes em uma linha característica, em relevo. A ânfora e a hidra eram recipientes
de armazenagem (para vinho, azeite ou cereais); a cratera, a emoção, o cálice e o
skýphos, uma espécie de canecão, eram utilizados em refeições festivas;
o lécito, o alabastro e o aríbalo guardavam azeite ou perfume para higiene pessoal; e
o lutróforo era usado somente em alguns rituais das cerimônias de casamento.
Os pintores gregos representavam cenas cotidianas, batalhas, religiões,
mitologias e outros aspectos da cultura grega. Uma obra importante que representa
essa técnica é o “Vaso de Eufrônio”, que está à mostra no Metropolitan Museum, em
Nova Iorque (EUA). A pintura grega encontra-se na arte cerâmica, e a escultura está
presente no uso do mármore e do bronze, assim como na confecção de mosaicos.
Buscava-se o equilíbrio de sua forma, mas também a harmonia entre o desenho, as
cores e o espaço utilizado para ornamentação. As estátuas adquiriram, além do
equilíbrio e da perfeição das formas, o movimento. O bronze começou a substituir o
mármore por ser mais resistente e por poder fixar o movimento sem quebrar pernas e
braços.
Ao retratar o homem, as estátuas gregas exibiam personagens belos, rostos
serenos, fortes emoções, corpos perfeitos e farta decoração. Diz-se até que as
criações de pedra eram tão harmoniosas que chegavam a ganhar vida própria. A
representação do ser humano na arte grega correspondia à visão ideal do homem que
eles tinham à época. A busca da perfeição, da harmonia e da proporcionalidade –
traduzidas no “cânone” (a regra) – condiciona certo realismo da arte grega pela
necessidade de representar arquétipos perfeitos, no sentido de alcançarem, afinal, o
belo ideal. Berenson (2010).
Os primeiros mosaicos decorados na Grécia datam do período Clássico,
iniciado em meãdos do século V a.C. Conjuntos importantes dessa fase foram
encontrados em vários locais, como Peloponeso, Olímpia e Ática, sendo impossível
assinalar um centro de origem e irradiação. Seus desenhos mostram figuras humanas,
animais e vegetais delineados com simplicidade. Sua origem pode ter sido oriunda de
pequenas peças de terracota (argila) ou de seixos de rio. As paredes também serviam
como espaço de manifestação artística. Pintura de afrescos, artesanato em bronze e
esculturas em formato de mural são alguns exemplos.

3.2 Arte clássica grega

24
A arte clássica grega ocupa o período que começou com a derrota dos
exércitos invasores persas e seguiu até a ascendência de Alexandre Magno (330
a.C.). O primeiro templo erigido depois da guerra foi o de Zeus, em Olímpia (470 a
456 a.C.). Os escultores fizeram pleno uso do conhecimento do corpo humano. A obra
Apolo, exposta no Museu Nacional de Atenas, é um estudo sobre como uma leve
assimetria partilha um equilíbrio perfeito.
Na cidade de Tarquinia, com vista para o mar Tirreno, existem famosas
pinturas em túmulos e ruínas. Janson (2009), salienta que numa profundidade de
alguns metros no subsolo, há um grande número de túmulos (cerca de 6 mil),
escavados em pedra calcária (“macco”), e aproximadamente 60 delas contêm pinturas
murais importantes. Os seguintes túmulos têm a maior riqueza de pinturas: Augurs
(530 a.C.), Baron (final do século VI a.C.), Cardarelli (final do século VI a.C.), Leoas
(final do século VI a.C.), Leopardos (470 a.C.), Touros (530 a.C.), Tufão (150 a.C.),
flores de Lótus (primeira metade do século VI a.C.) e Caça pavilhões (entre os séculos
VI e V a.C.). Na Tumba Cardarelli (510-500 a.C.), as pinturas nas paredes mostram
jogadores de kottabos. Neste jogo, os jogadores deveriam atirar a última gota restante
do vinho na taça em direção a uma chapa de ferro equilibrada no topo de uma vara.
Quem fizesse o prato cair no chão seria o vencedor.
O nome do túmulo não está relacionado à pintura, mas é uma homenagem ao
poeta italiano Vincenzo Cardarelli, que nasceu em Tarquinia. Em cada caso, as
pinturas reproduzem cenas de caça, banquetes, jogos, animais, elementos florais,
corridas de cavalos, demônios, e assim por diante.
As ruínas gregas de Rhamnus localizam-se nas montanhas de Ática, na
região central da Grécia. O local era conhecido na Antiguidade pela presença do
santuário de Nemesis. Omphalos são rochas em formato oval que possuem esculturas
em relevo de rede de corda ao seu redor. Havia várias possibilidades de finalidades
para esse objeto peculiar, por exemplo: funcionou como um funil para a fumaça do
Oráculo de Delfos, para obter visões; ou como um presente da deusa Rhea (mãe dos
deuses) para Cronos (seu irmão e marido), em um esforço para impedi-lo de comer o
filho recém-nascido que tiveram juntos, Zeus.
Na escultura, o antropomorfismo – esculturas de formas humanas – foi
insuperável. Figuras femininas esculpidas em mármore serviram de suporte de

25
templos, com a função de colunas, e ficaram conhecidas como cariátides, nome
originário das “moças de Karyai” (antiga cidade do Peloponeso).
Berenson (2010), também ressalta que as cariátides eram colunas com forma
de mulheres, as quais suportavam na cabeça todo o peso da cobertura do templo
Erecteion. Representavam a imortalidade e as virtudes em forma de jovens mulheres,
com rostos suaves ou graves; por vezes, estavam sorridentes, e sempre vestidas com
roupas longas e flutuantes, recobertas por um manto; típica visão de divindade.
A história das antigas moedas gregas pode ser dividida em três períodos: o
Arcaico, o Clássico e o Helenístico. Todas as moedas gregas eram feitas à mão. No
período Arcaico, utilizavam desenhos geométricos ou símbolos que indicavam sua
cidade natal. No período Helenístico, foram utilizados retratos de pessoas da época,
especificamente reis.
.
4 ROMA

Figura 5 – Exercito romano

Fonte: historiadomundo.com.br

Dentre as artes de datas mais remotas, a romana é a que mais se destaca na


cultura do século XXI. Para Janson (2009), na linha do tempo, ela está posicionada
entre o final do reinado etrusco e o estabelecimento da República Romana no ano de

26
509 a.C. O estilo romano e sua temática pagã continuaram sendo representados
durante séculos, reproduzidos frequentemente por meio de imagens cristãs.
Janson (2009), explica que as manifestações artísticas de Roma são divididas
em dois períodos:

➢ República (509 a.C. – 27 a.C.): arte realizada na cidade de Roma, que


conserva o rastro do seu passado etrusco, com foco em esculturas e pinturas.
➢ Império (27 a.C. – 476 d.C.): a expansão pela Itália e pelo Mediterrâneo
permitiu a assimilação de traços de outras culturas, principalmente a grega.

A expansão romana deve-se, especialmente, a algo que nenhuma outra


civilização da época possuía: a arte de guerrear extremamente avançada. A
organização militar de Roma foi o ponto chave que tornou este um dos maiores e mais
poderosos impérios do mundo. A divisão básica do exército romano foi uma criação
local, e foi a grande responsável pelo sucesso das campanhas militares de Roma. A
Legião Romana era a divisão fundamental do exército, composta basicamente por
soldados denominados legionários e auxiliares. O chefe de cada legião era um
representante do imperador, livremente nomeado e destituído.
Ainda, segundo o autor, a lealdade das tropas romanas aos seus estandartes,
nos quais estavam a águia e as letras SPQR (Senatus Populusque Romanus –
Senado e Povo de Roma), era inspirada pela influência conjunta da religião e da
honra. A águia que reluzia à frente da legião tornava-se objeto da mais profunda
devoção; era considerado tão ímpio quanto ignominioso abandonar essa insígnia
sagrada em momento de perigo.
A pluralidade da cultura romana pode ser percebida, por exemplo, na
construção dos templos romanos. A maioria dos templos foi concebida pela
combinação de elementos gregos e etruscos. Os templos eram compostos de planta
retangular, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas livres uma escada na
fachada, dando acesso ao pódio ou à base.
A admiração romana levou à conservação das ordens gregas (dórica, jônica
e coríntia). A arte romana contribuiu com mais duas ordens: a toscana (similar à ordem
dórica, porém, sem estrias no fuste) e a composta (com um novo capitel criado a partir
de elementos jônicos e coríntios).

27
Um aspecto curioso é o pouco conhecimento dos nomes de artistas e
arquitetos. Isso acontecia porque o destaque era direcionado aos nomes dos mecenas
homenageados ou dos que pagavam para ter uma escultura. Na cidade de Roma,
dentre os destinos mais visitados estão os Museus Capitolinos (Piazza del
Campidoglio) criados em 1471, quando o Papa Sisto IV presenteou a cidade com
famosas estátuas de bronze, dentre elas a estátua da loba que amamenta Rômulo e
Remo, uma referência ao momento de fundação da cidade.
Outro exemplar da estátua de bronze da loba localiza-se na Basílica de
Aquileia (Basílica de Santa Maria Assunta), localizada na comuna italiana da região
de Friuli-Venezia Giulia, província de Udime. Essa basílica foi construída em 313 d.C.
e restaurada posteriormente, em 1031 d.C. e 1381 d.C. Possui uma torre com sino de
73 metros de altura e mosaicos em ótimo estado de preservação, Janson (2009).

4.1 Arquitetura romana

De acordo com Janson (2001), as estradas, que eram feitas de pedra, eram
importantes rotas para o comércio e deslocamentos do exército, pois ligavam várias
cidades, regiões e províncias. Eram tão resistentes que muitas delas existem até hoje.
A mais conhecida foi a Via Ápia.

4.2 Aquedutos romanos

Janson (2009), descreve que os aquedutos romanos eram arcos com


canaletas que conduziam a água dos reservatórios para as cidades. Eram feitos de
pedra e representavam um avanço na canalização e distribuição de água na
Antiguidade.
A Pont du Gard é um antigo aqueduto romano (100 d.C.) que atravessa o rio
Gardon, no sul da França. Faz parte do aqueduto de Nimes. É o mais alto de todos os
aquedutos romanos porque o terreno entre os dois pontos é montanhoso, e possui
uma rota longa e sinuosa para atravessar o desfiladeiro do Gardon (50 quilômetros de
extensão).
O aqueduto de Segóvia (Espanha) foi inaugurado no século II d.C., tendo 29
metros de altura e 728 metros de comprimento. A ponte do aqueduto de Segóvia,

28
composto de 167 arcos feitos de blocos de granito encaixados, é uma prova viva da
criatividade e da engenhosidade humanas, porque permanece de pé graças a um
notável equilíbrio de forças. Quando ainda era utilizado, trazia água do rio Frio para a
cidade de Segóvia, distantes um do outro 16 quilômetros, Janson (2009).

4.3 Templos romanos

Figura 6 – Templo de Júpiter

Fonte: apaixonadosporhistoria.com.br

De acordo com Proença (2011), os templos romanos eram construídos em


homenagem aos deuses. Por isso, precisavam ser luxuosos e bem iluminados.
Possuíam apenas um portal de entrada com escada de acesso. Apesar de os templos
romanos não possuírem uma estrutura que servisse como modelo, a maioria deles
contava com uma planta retangular. No pórtico de entrada havia uma escadaria, as
laterais se diferenciavam da entrada e não tinham a mesma simetria.
O referido auto, explica que o Templo de Júpiter foi uma homenagem ao
governante dos deuses, por isso era aclamado como Júpiter Optimus Maximus; ao
lado das deusas Juno e Minerva, formaram a tríade central do Império Romano. O
edifício media 52 metros frontais e 62 metros de comprimento, e tinha 40 metros de
altura.

29
O Templo de Vesta era um edifício localizado em Roma, dentro do Fórum
Romano. O templo é dedicado a Vesta (em grego, Héstia), a deusa do lar. O templo
existente é redondo e foi construído sobre um pódio de 15 metros de diâmetro, com
entradas de frente para o leste para simbolizar a conexão entre o fogo de Vesta e o
sol como fonte de vida. Utilizou-se a arquitetura grega, com colunas de mármore em
estilo coríntio, Proença (2011).
A estrutura restante indica que havia 20 colunas coríntias. O telhado,
provavelmente, tinha uma abertura no ápice para permitir a liberação de fumaça de
uma lareira (fogo sagrado). As guardiãs do templo, as seis virgens vestais, ou
sacerdotisas, mantinham o fogo sagrado, que acreditava-se representar a resistência
e a força do Estado Romano.
O Templo de Marte foi feito em homenagem ao deus romano da guerra
durante a batalha de Filipos, em 42 a.C. O Fórum de Augusto foi construído para
abrigar esse templo e para fornecer espaço para atividades judiciais. Era comum que
os generais militares partis- sem do Templo de Marte, depois de terem participado de
uma cerimônia. Outras cerimônias aconteceram no templo, como a inclusão de novos
soldados, a reunião do Senado e a comemoração de batalhas vitoriosas, com a
exposição das armas e outros bens tomados do inimigo derrotado.
O Panteão de Roma (Panteão de Agripa), construído em 27 a.C., durante a
República Romana, é o único edifício construído na época greco-romana que,
atualmente, encontra-se em perfeito estado de conservação. Desde que foi
construído, manteve-se em uso: primeiro como templo dedicado a todos os deuses
do panteão romano (por isso a origem do seu nome) e, desde Século VII, como templo
cristão. É famoso pela cúpula com abertura zenital, por onde passam raios solares e
chuva.
A Maison Carrée é uma construção antiga em Nimes, no sul da França. para
Proença (2011), é um dos mais bem preservados templos romanos que pode ser
encontrado em qualquer lugar do território do antigo Império Romano. Foi construído
em 16 a.C. O Templo de Augustus e Lívia é muito bem preservado e está situado em
Viena. Porém, o primeiro templo deve ter sido provavelmente construído em algum
momento entre 20 a.C. e 10 d.C.
O Ara Pacis é um altar, cercado por um muro de mármore, dedicado por
Otávio Augusto à deusa Pax (Paz), em 9 a.C., para celebrar o período da Pax

30
Romana. Este monumento, uma obra-prima da arquitetura romana, representa um
dos mais significativos testemunhos da arte da época de Augusto. O conjunto foi
criado sobre uma base de mármore com degraus. Tanto o altar como sua estrutura
envolvente foram ricamente ornamentados com temas ligados à fertilidade e à pujança
de Roma, sem se esquecer da oferta de sacrifícios. Está localizado na periferia, ao
norte da cidade de Roma, no Campo de Marte, a uma milha (1.472 metros) dos limites
sagrados da cidade. Fica em vasta planície delimitada de um lado pelo rio Tibre, ao
norte do Quirinal e do Capitólio.

4.4 Teatros romanos

Figura 7 - Coliseu

Fonte: pixabay.com

De acordo com Proença (2011), o teatro Coliseu de Roma recebeu este nome
por causa da expressão latina Coliseus, devido à estátua colossal do imperador
romano Nero. O nome oficial é Amphitheatrum Flavium, construído no período da
Roma Antiga. Estima-se que sua capacidade original seria de abrigar 50 mil pessoas
e tinha 48 metros de altura. Durante os quatro séculos em que esteve em
funcionamento, sua utilização foi muito variada. Nele, presenciaram-se desde
atividades culturais até competições esportivas mortais.
31
O Teatro de Marcellus, localizado na zona meridional do Campo de Marte,
parece uma pequena cópia do Coliseu. Porém, é diferente porque foi construído 83
anos mais tarde, utilizando-se de uma estrutura semicircular, enquanto o Coliseu é
redondo (anfiteatro) e o mais antigo teatro, inaugurado em 11 a.C. Até hoje está em
condições de uso. Nele, apresentam-se artistas italianos e estrangeiros do mais alto
nível, Gombrich (2015).

5 EGITO

A cultura egípcia

Fonte: testahy.com.br

Prince (200). Em seus estudos, afirma que o Egito (3000 a.C. até o século IV
d.C.), foi a civilização antiga que durou mais tempo dentre as que floresceram em
torno do Mediterrâneo e, principalmente, ao longo do Rio Nilo. A agricultura “ganhava
chuvas” de junho a setembro (período das cheias), quando o rio Nilo transbordava e
ocorria o “milagre” de banhar e fertilizar o deserto, depositando matéria orgânica
(húmus) e permitindo o cultivo de alimento e a criação de animais. Os peixes eram
abundantes no rio, e serviam para o comércio e a alimentação do próprio povo.
A regularidade desses ciclos naturais e o constante amanhecer-anoitecer dos
dias eram considerados presentes dos deuses às pessoas do Egito. O pensamento,

32
a cultura e a moral egípcios eram fundamentados em um profundo respeito pela ordem
e pelo equilíbrio. Os faraós, reis no antigo Egito, que eram considerados deuses vivos,
podiam agir como intermediários entre os deuses e a população egípcia. Para o povo,
a felicidade do monarca era de fundamental importância, pois dessa forma as colhei-
tas teriam bom desempenho e nenhuma calamidade atingiria a população.
O papel dos faraós, segundo o autor, na sociedade também era muito
importante para a administração financeira, porque os impostos arrecadados no Egito
concentravam-se em suas mãos. No antigo Egito trabalhava-se com trabalho servil, e
o Estado era o único proprietário de terras, responsável pela condução das atividades
agrícolas de toda a nação.
Prince (2000), esclarece que o faraó realizava o planejamento estratégico e a
execução das obras, graças a um grande contingente de funcionários públicos e
militares. Era de fundamental importância que o faraó estivesse ciente de todas as
informações necessárias para a condução de seu governo. Cabia a ele orientar quais
seriam as obras públicas e demais construções a serem executadas pelos servos,
inclusive orientações sobre a construção de sua própria pirâmide e túmulo. Como os
egípcios acreditavam na vida após a morte, a pirâmide servia para guardar, em
segurança, o corpo mumificado do faraó e seus tesouros. No sarcófago colocava-se
também o livro dos mortos, contando todas as coisas boas que o faraó fez em vida.

5.1 Arquitetura Egípcia

Figura 8 - Pirâmide de Quéops

Fonte: segredosdomundo
33
No Egito, as manifestações artísticas eram sempre envoltas por alguma
concepção espiritual. A crença na vida após a morte motivou a temática mortuária e
impulsionou a construção de tumbas, templos, mastabas e pirâmides. Curiosamente,
as tumbas egípcias construídas para personalidades importantes ou faraós
reproduziam, no início, suas respectivas residências.
Os templos dos faraós e aqueles destinados a deuses deveriam ser
grandiosos, mostrando a importância dos seus homenageados. O faraó representava
os homens junto aos deuses e os deuses junto aos homens, assim como era
responsável pelo bem-estar do povo, sendo considerado também como um próprio
deus.
As características gerais da arquitetura egípcia são: solidez e durabilidade;
sentimento de eternidade; aspecto misterioso e impenetrável. Os tipos de colunas dos
templos egípcios são divididos conforme as características de seu capitel: palmiforme
– flores de palmeira; papiri- forme – flores de papiro; e lotiforme – flor de lótus.
A Pirâmide de degraus de Djoser foi a primeira pirâmide do Egito. De acordo
com Prince (2000), foi construída em Saqqara aproximadamente 4.700 anos atrás,
durante o século XXVII a.C., para o enterro do Faraó Djoser por Imhotep sobre uma
base quadrada. Começou como uma tumba mastaba – estrutura de telhado plano com
lados inclinados – e, através de cinco expansões construídas umas sobre as outras
(que eram claramente revisões e desenvolvimentos do plano original), evoluiu para
uma pirâmide de 62 metros de altura.
Quantas pirâmides foram descobertas no Egito? Cerca de cem! A mais
célebre é a de Quéops – nome em homenagem ao mais rico dos faraós do Egito
antigo, a única das sete maravilhas antigas que resiste ao tempo. A pirâmide de
Quéops foi construída por volta de 2.550 a.C. A experiência foi passada de geração
para geração – Quéfren, filho de Quéops, e Miquerinos, seu neto, concluíram as três
pirâmides de Gizé. As pirâmides de Gizé ficam próximas aos subúrbios do Cairo.
A pirâmide mais impressionante, devido a suas dimensões, é a de Quéops,
cujo lado mede 230 metros e tem 146 metros de altura. A Grande Pirâmide de Gizé
era originalmente revestida de pedra calcária polida. Esse acabamento deu um “efeito
visual”, porque a pirâmide brilhava quando exposta ao Sol. Na área ocupada pela

34
Grande Pirâmide caberiam oito campos de futebol. Para rodeá-la, é necessário
caminhar quase um quilômetro.
A Grande Esfinge é a figura de um leão em repouso com o rosto de um
homem, provavelmente o de Quéfren. Ela foi esculpida inteiramente a partir de um
único afloramento de rocha de calcário, e está voltada para o nascer do Sol.
Nas tumbas de diversos faraós foram encontradas várias esculturas de ouro.
Os artistas egípcios conheciam muito bem as técnicas de trabalho artístico em ouro e
faziam estatuetas representando deuses e deusas da religião politeísta egípcia. O
ouro também era utilizado para fazer máscaras mortuárias, que serviam de proteção
para os rostos das múmias. O interior da pirâmide era um verdadeiro labirinto, que
levava à câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences.

5.2 Templos Egípcios

Figura 9 - Templo de Luxor

Fonte: got2globe.com

Os templos egípcios, por sua monumentalidade, espelhavam o poder do faraó


e dos deuses. Os sistemas de construção desses templos expressam, pelo uso da
linha e de ângulos retos, o conceito de equilíbrio inspirado pelo meio geográfico em
que viviam. A escultura, os baixos relevos e as pinturas dos túmulos, que

35
representavam o morto, correspondem à crença na vida no Além, ideia reforçada pelo
efeito da conservação que o clima do local exercia sobre os cadáveres.
O tamanho das pessoas e dos objetos não caracterizava necessariamente a
distância de um ao outro, e sim a importância do objeto, seu poder e nível social. O
templo de Luxor é um dos mais fascinantes do Egito. Situado à margem oriental da
cidade de Luxor, estende-se do Norte para sul. Foi construído pelo rei Amenhotep III
(Neb-Maat-Ra), que era um dos grandes monarcas da 18º dinastia, reinando entre
1397 e 1360 a.C.
O templo de Karnak foi dedicado a uma família sagrada de egípcios,
conhecida como Tríade Tebana, formada pelos deuses Amon (pai), Mut (mãe) e
Khosu (filho. A construção mais importante do conjunto de Karnak é o grande templo
de Amon-Rá, cujo plano, muito complexo, testemunha numerosas vicissitudes da
história dos faraós. O grande eixo este-oeste é balizado por uma série de pátios e
pilones; medindo 103 metros de largura por 52 metros de profundidade, a célebre sala
hipóstila contém 134 colossais colunas em forma de enormes papiros. Com 21 metros
de altura e 4 metros de diâmetro, essas colunas, apesar de maciças, não passam a
impressão de serem pesadas.
Segundo Arnold (2008), o templo de Karnak foi ampliado por reinados
egípcios ao longo de mais de 1.700 anos, sendo o maior do mundo. O complexo
contém um grupo de templos, como o Grande Templo de Amon-Rá, o templo do
Khonso, o templo IPT, o templo de Ptah, o templo de Montho e o templo do deus
Osíris.
O templo de Filas, dedicado à deusa Ísis, está localizado na ilha Agilikanum,
em um belo cenário natural. Suas várias capelas e santuários incluem o Vestíbulo de
Nectanebos I, usado como entrada da ilha. O templo de Kom Ombo localiza-se na
cidade de mesmo nome. É o único templo duplo egípcio, assim chamado por ser
dedicado a duas divindades: um lado do templo é dedicado ao deus crocodilo Sobek,
deus da fertilidade e criador do mundo; e o outro é dedicado ao deus Falcão Hórus.
O complexo do templo de Dendera, que contém o templo de Hathor, é um dos
mais bem preservados de todo o Egito. Todo o complexo cobre cerca de 40 mil metros
quadrados e é cercado por um robusto muro feito de tijolos de barro. Hathor era a
deusa do amor, da alegria e da beleza. Talvez por isso o lugar encante com a música
das centenas de pássaros que utilizam pequenas rachaduras e buracos como poleiro.

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O hieróglifo é um tipo de escrita pictórica (pictograma ou pictógrafo), isto é, as
ideias são transmitidas através de desenhos ou símbolos. A palavra geralmente se
refere à antiga escrita do Egito, mas é também utilizada para designar a escrita dos
astecas e de outros grupos indígenas primitivos americanos. A palavra grega
hieróglifo significa “entalhe sagrado ou sacerdotal”. Os gregos acreditavam que
apenas os sacerdotes egípcios compreendiam e valiam-se desse sistema de escrita.
Pensavam que os hieróglifos representavam alguma sabedoria secreta, mágica, e que
era preciso compreender o seu significado mágico para entender a escrita que o
representava.

5.3 Pinturas egípcias

revistagalileu.globo.com

Grande parte das pinturas era feita nas paredes das pirâmides e retratava a
vida dos faraós, as ações dos deuses, a vida após a morte, entre outros temas da vida
religiosa. Esses desenhos eram feitos de maneira que as figuras eram mostradas de
perfil, pois os egípcios não trabalhavam com a técnica da perspectiva (imagens
tridimensionais). Os desenhos eram acompanhados de textos, feitos em escrita
hieroglífica (as palavras e expressões eram representadas por desenhos). As tintas
eram obtidas na natureza (pó de minérios, substâncias orgânicas etc.).

37
Tendo funções para além do simples deleite estético, a arte dos povos
egípcios era bastante padronizada e não valorizava o aprimoramento técnico, nem o
desenvolvimento de um estilo autoral. Geralmente, as pinturas e baixos relevos
apresentavam uma mesma representação do corpo, pela qual o indivíduo tinha seu
tronco colocado de frente e os demais membros desenhados de perfil. No estudo da
arte, essa concepção ficou conhecida como a lei do frontalidade, Janson (2001).

6 PÉRSIA

Janson (2001), explica que estudar a Pérsia antiga significa estudar as origens
históricas do atual Irã. O país que conhecemos como Irã nos dias atuais foi chamado
de Império Persa até 1935. Os persas eram um povo seminômade até que,
aproximadamente em 550 a.C., o rei Ciro conquistou a Babilônia, dando início a um
dos maiores impérios da Antiguidade. O termo “Pérsia” é originário de uma região do
sul do Irã, conhecida como Persis ou Parsa.
O Império Persa, herdeiro do antigo reino Assírio, teve seu apogeu durante os
reinados de Dario I e de Xerxes. Os persas formaram uma importante civilização na
Antiguidade oriental, ocupando a região da Pérsia (atualmente, Irã, Iraque e Turquia).
Este povo dedicou-se às atividades comerciais, fazendo desta a principal fonte de
desenvolvimento econômico.
Ciro, que adotou o nome de rei da Babilônia, foi o fundador da dinastia
Aqueménida. Estas conquistas de Ciro foi possível mediante uma política de respeito
aos costumes das populações dominadas. Esta dinastia terminou com a conquista da
Pérsia por Alexandre, o Grande, em 331 a.C. Ciro conquistou o reino da Lídia em 546
a.C., e o da Babilônia, em 539 a.C. Assim, o Império Persa tinha o poder dominante
da região.
Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continuidade ao processo de
ampliação dos territórios persas. Em 525 a.C. conquistou o Egito – na Batalha de
Peleusa e anexou os territórios da Líbia, Janson (2001).
A prematura morte de Cambises, no ano de 522 a.C., deixou o trono persa
sem nenhum herdeiro direto. Depois de uma reunião entre os principais chefes das
grandes famílias persas, Dario I foi eleito o novo imperador persa. Em seu governo,

38
foram observadas diversas reformas políticas, as quais fortaleceram a autoridade do
imperador e permitiram a conquista das planícies do rio Indo e da Trácia.
Essa sequência de conquistas militares só foi interrompida em 490 a.C.,
quando os gregos venceram a Batalha de Maratona. Enquanto era imperador,
reformou o sistema administrativo e dividiu o reino em 20 satrapias, cada uma com
um administrador: o sátrapa, escolhido a dedo por Dario e com sucessão hereditária.
Esses homens de confiança garantiram a continuidade do crescimento interno do
reino.
De acordo com Janson (2001), foi durante o reinado de Dario que a Pérsia
passou pela unificação do sistema monetário, com a implantação do dárico, cunhado
em ouro, que virou a moeda oficial do Império Persa. Dario também incentivou o
comércio externo do reino, liderando expedições para abrir novas rotas comerciais.
Dario I subiu ao trono em 521 a.C., e governou o Império Persa de 521 a 486
a.C. Seu filho e sucessor foi Xerxes I. Em 466 a.C., Xerxes I foi assassinado em
Persépolis, juntamente com seu filho primogênito. Em seu lugar, assumiu outro
herdeiro, Artaxerxes I, que tratou de firmar um acordo de paz com os gregos.
Durante o reinado de Artaxerxes I, segundo filho de Xerxes, os egípcios se
rebelaram com a ajuda dos gregos. Embora a revolta tenha sido contida em 446 a.C.,
ela representou o primeiro ataque importante contra o Império Persa, assim como o
começo de sua decadência. Finalmente, Alexandre Magno anexou o Império Persa
ao seu domínio mediterrâneo depois de derrotar as tropas de Dario III em uma série
de batalhas, entre 334 e 331 a.C.
Dario também mudou a capital de Pasárgada para Persépolis, iniciando
grandes obras de infraestrutura na cidade. Ordenou também a abertura da Estrada
Real, que ia de Sardes, na Lídia –, que fica na Ásia Menor – até Susa e Persépolis, já
no centro do Império. Esta estrada tinha dezenas de postos de controle e era muito
usada para transmitir mensagens pelo reino de forma rápida para os padrões da
época. Excêntrico, antes de sua morte, Xerxes I mandou construir inúmeros palácios,
monumentos e complexas obras arquitetônicas na cidade de Persépolis, contribuindo
para sua beleza.
Os povos dominados pelos persas podiam conservar seus costumes, suas
leis, sua religião e sua língua. Eram obrigados, porém, a pagar tributos e a servir o
exército persa. A religião persa, no início, era caracterizada pelo seu caráter

39
eminentemente politeísta. No entanto, entre os séculos VII e VI a.C., o profeta
Zoroastro empreendeu uma nova concepção religiosa na população.
O pensamento religioso de Zoroastro negava as percepções ritualísticas
encontradas nas demais crenças dos povos mesopotâmicos. Em vez disso, acreditava
que o posicionamento religioso do indivíduo consistia na escolha entre o bem e o mal.
Esse caráter dualista do zoroastrismo pode ser mais bem compreendido com o Zend
Vesta, o livro sagrado dos seguidores de Zoroastro.
Janson (2001), salienta que segundo essa obra, Ahura-Mazda era a divindade
representativa do bem e da sabedoria. Além dele, havia o deus Arimã, representando
o poder das trevas. Sem contar com grande número de seguidores, o zoroastrismo
ainda sobrevive em algumas regiões do Irã e da Índia.
Os reis persas eram monoteístas (seus rituais religiosos eram realizados em
altares de fogo, ao ar livre) e manifestavam publicamente seu poder com a construção
de grandes palácios e túmulos. Em termos artísticos, a cultura persa revelou
influências muito diversas, constituindo-se como uma síntese das manifestações
estéticas dos povos conquista- dos. Com especial desenvolvimento no campo da
arquitetura monumental, a arte persa conheceu também notável qualidade expressiva
e estética em termos da produção de objetos utilitários e ornamentais

6.1 Arte persa

Figura 10 – ruinas da cidade de Persépolis

Fonte: em.com.br

40
A arte persa recebeu grande contribuição dos estilos mesopotâmicos e
egípcios. A arquitetura persa teve, contudo, caráter bastante original com a
harmoniosa combinação dos elementos estrangeiros, com o luxo da decoração e com
a grandiosidade das estruturas. Segundo Janson (2001), não se pode considerar a
arquitetura persa como arte popular. Ela foi, sobretudo, uma criação dos reis para a
sua própria exaltação. Um exemplo de tamanha glorificação é a cidade de Persépolis,
hoje Irã, construída em 520 a.C., que foi uma das grandes capitais do Império Persa.
A existência de cidades como Pasárgada e Susa demonstraram claramente –
com seus imensos palácios e salões magníficos, sustentados por colunas de estilo
extremamente original e pelos capitéis com motivos baseados em cabeças de cavalo,
águia ou touro – a arte dos grandes soberanos persas. As grandes construções
continham revestimento de ladrilhos esmaltados em tonalidades vivas, que geravam
grande efeito ornamental. O bronze marchetado era usado nas portas. O ouro e a
prata foram também cuidadosamente trabalhados.
Os artistas persas esculpiram utilizando ouro, prata e pedras decorativas,
principalmente para adornar seus palácios. Os imperadores mandavam construir
grandes esculturas de si mesmos, para demonstrar seus poderes. Os relevos
decorativos e as pinturas persas retratavam aspectos sociais, grandes vitórias e con-
quistas militares, pois demonstravam a grandeza do império e de seus imperadores.

7 IMPÉRIO BIZANTINO

Cultura no Império Bizantino

Segundo Berenson (2015), no ano de 330 d.C. o imperador Constantino


(Flávio Valério Aurélio Constantino) transferiu a capital do Império Romano, que
estava em crise, para a cidade de Bizâncio, no Oriente Médio, que mais tarde passou
a ser chamada de Constantinopla, hoje denominada Istambul. Essa porção do Império
Romano era inicialmente conhecida como Império Romano do Oriente. Essa
significativa parte sobreviveu à fragmentação e ao colapso do Império Romano do
Ocidente no século V, e continuou a prosperar, existindo por mais mil anos, até sua
queda diante da expansão dos turcos otomanos, em 1453.

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O Império foi dividido em dois, a partir de 395 d.C.: o império do Ocidente,
englobando a Itália, a Gália, a Espanha e a África do Norte, no qual o latim era a língua
oficial; e o império do Oriente, abrangendo o Egito, a Palestina, a Ásia Menor, a Grécia
e a Macedônia, região em que se falava grego. Nos dois impérios, a partir de 380 d.C.,
o cristianismo tornou-se religião de Estado.
Constantino, que concedeu aos cristãos, em 313 d.C., a liberdade de culto e
sua proteção oficial, não imaginava que a tradição intelectual bizantina não morreria
em 1453. Isso pode ser explicado por dois motivos:

➢ Os eruditos bizantinos que visitaram a Itália durante os séculos XIV e XV


exerceram forte influência sobre o Renascimento italiano;
➢ Os otomanos mantiveram muito da estrutura urbana das cidades bizantinas,
como as igrejas, transformando algumas em mesquitas, mas modificando-as
muito pouco. Permitiram também que os que professavam a religião cristã-
ortodoxa e falavam o idioma grego mantivessem suas tradições, sendo
liderados pelo patriarca de Constantinopla, que respondia diretamente ao
sultão.

Berenson (2015), ressalta que sob a perspectiva ocidental, não é errado


inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma
extensão da Idade Antiga. No Império Bizantino, as dinastias Constantiniana e
Justiniana são as mais relevantes, porém, existiram outras. A seguir, estão listadas as
dinastias Constantiniana (324-363), Valentiniano-Teodosiana (364-457), de Lion ou
Trácia (457-518), e Justiniana (518-602).

Dinastia Constantiniana (324-363), fundada por Constantino I, em 324:

➢ Constantino I (306-337);
➢ Constâncio II (337-361); » Juliano, o Apóstata (361-363) – filho de Constantino
I. Não dinástico:

Dinastia Valentiniano-Teodosiana (364-457):

42
➢ Valente (364-378) – Batalha de Adrianópolis – marco histórico utilizado para
iniciar a Idade Média;
➢ Teodósio I (379-395);
➢ Arcádio (395-408) – filho de Teodósio – primeiro imperador do Oriente;
➢ Teodósio II (408-450) – filho de Arcádio;
➢ Marciano (450-457) – filho de Arcádio e irmão de Teodósio II.

Dinastia Lion ou Trácia (457-518):

➢ Leão I (457-474);
➢ Zeno (474-491) – filho de Leão I;
➢ Isauricus Anastásio (491-518) – filho de Leão I.

Dinastia Justiniana (518-602)

➢ Justino I (518-527);
➢ Justiniano (527-565);
➢ Justino II (565-578);
➢ Tibério II (578-582);
➢ Mauricio I (582-602).

De acordo com Berenson (2015), após a morte de Constantino, a disputa entre


os herdeiros ao trono imperial, as sucessivas invasões bárbaras e a grave crise
financeira do Império aceleraram o processo de separação entre o Ocidente e o
Oriente. Com a morte de Teodósio I, em 395 d.C., o império foi separado oficialmente
entre os seus dois filhos: Honório (imperador do Ocidente) e Arcádio (imperador do
Oriente).
Com a queda do império do Ocidente, o império do Oriente tentou reunir todo
o Império Romano sob o seu poder, esforço alcançado apenas parcialmente com
Justino I, fundador da dinastia Justiniana. A harmonia entre a Igreja e a autoridade
imperial, instituída por Constantino I, dominou e caracterizou toda a história do poder
imperial bizantino, até sua queda, em 1453, perante os turcos.

43
7.1 Arte bizantina

Figura 11 – Mosaico bizantino

Fonte: culturagenial.com

Segundo Albuquerque (2018), a arte bizantina, eminentemente cristã, nasceu


no Império Romano do Oriente e foi influenciada por Roma, Grécia e pelo Oriente,
principalmente pelos persas. Essa mescla de formas gerou um estilo novo, rico e
colorido. Sempre vinculada ao Cristianismo, privilegiou o espiritual em detrimento do
material, destacou o conteúdo, não a forma, e enveredou por um caminho místico.
O mosaico é sua expressão mais conhecida, mas sua função principal não
era decorativa, e sim educativa, para instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de
Cristo, dos profetas e dos vários imperadores aos quais se atribuíam poderes divinos,
pois o regime político vigente era a teocracia.
O mosaico bizantino possui uma técnica diferente do mosaico romano. Por
exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas, para criar certa
espiritualidade; a perspectiva e o dourado são demasiadamente utilizados devido à
associação com o maior bem existente na terra: o ouro.

44
Figura – 12 Mosaico romano

Fonte: arteespana.com

Os mosaicos romanos tinham como principais motivos cenas da natureza e


mitológicas, além de temas geométricos. No entanto, durante a cristianização do baixo
Império Romano, algumas formas de expressão artística, como a estatuária, perderam
bastante importância, enquanto outras ganharam enorme relevância, entre as quais
podemos citar os mosaicos. Seus principais temas, desse modo, passaram a ser
religiosos. Ainda assim, cenas da corte, dos imperadores e seus próximos, e mesmo
motivos mitológicos, continuaram a ser retratados.
A arquitetura bizantina teve lugar de destaque, herdou o arco, a abóbada e a
cúpula, mas também utilizou o plano centrado, de forma quadrada ou em cruz grega,
com cúpula central e absides laterais. Toda essa tecnologia foi amplamente aplicada
em igrejas e basílicas. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente
decorado com mosaicos e chão de mármore polido.
A Igreja de Santa Sofia (Sofia = sabedoria), na atual Istambul, foi um dos
maiores triunfos da nova técnica bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de
Tralles e Isidoro de Mileto. Possui uma cúpula de 55 metros, apoiada em quatro arcos
plenos. Esse método construtivo tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo,
por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto.

45
Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel rica- mente decorado com
mosaicos e chão de mármore polido.
Toda essa atração por decoração, aliada à prevenção que os cristãos tinham
contra a estatuária que lembrava de imediato o paganismo romano, afasta o gosto
pela forma e, consequentemente, a escultura não teve tanto destaque neste período.
O que se encontra restringe-se a baixos relevos acoplados à decoração.
A arte bizantina teve seu apogeu no século VI, durante o reinado do imperador
Justiniano. Porém, logo sucedeu um período de crise, chamado de iconoclastia. Nos
séculos VIII e IX, o mundo bizantino foi dilacerado pela questão da iconoclastia, uma
controvérsia em relação ao uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa. Toda
representação humana que fosse realista poderia ser considerada uma violação ao
mandamento de não adorar imagens esculpidas. Em 843, essa lei foi revogada.
A igreja do Santo Salvador, em Chora, é considerada um dos mais belos
exemplos sobre- viventes de arte bizantina em igrejas. A igreja é situada em Istambul,
no bairro de Edirnekapi, que fica na parte ocidental do município de Fatih.
Os romanos bizantinos se especializaram na técnica do mosaico,
enriquecendo-a com um estilo hierático característico e com materiais finos, como
ouro e pedras preciosas. Apesar de terem ficado conhecidos por aqueles que estão
em igrejas e catedrais, os mosaicos bizantinos continuaram a decorar espaços laicos,
como prédios públicos, moradas aristocráticas e palácios imperiais. Porém, estes não
sobreviveram ao desaparecimento do império bizantino. Os artistas bizantinos eram
chamados para lugares como Itália, Palestina e Rússia para decorar igrejas e palácios.
A história deste estilo artístico pode ser dividida em cinco períodos de acordo com
Berenson (2015):
Período Constantiniano: momento inicial, do qual restam apenas obras
arquitetônicas. Da pintura, da escultura e dos mosaicos desta época pouco se
encontra hoje, no século XXI;
Período Justiniano: caracterizado por uma decoração naturalista, com
enfeites cada vez mais elaborados. Esta mesma tendência apresenta-se nos tecidos
de seda, inspirados na arte persa. Esta é a primeira idade de ouro deste estilo artístico;
Período Macedoniano: depois de uma era iconoclasta, durante a qual as
raras esculturas produzidas foram destruídas pelos imperadores que sucederam
Justiniano, por evocarem idolatrias pagãs, a arte bizantina vive seu segundo momento

46
áureo. Ela atinge seu apogeu durante o reinado de Constantino VII (945-959). Há uma
hierarquização na decoração das igrejas – a parte mais elevada representa Cristo, a
Virgem e os santos; a intermediária tem cenas da vida de Jesus; e a inferior é voltada
para a expressão de patriarcas, apóstolos, mártires e profetas. Destaca-se, dessa
época, a escultura em marfim;
Período Comneniano: esta arte mais espiritual será a fonte de inspiração do
estilo bizantino dos Balcãs e da Rússia, com destaque para os ícones e a pintura
mural;
Período Paleologuiano: predomínio da pintura mural sobre o mosaico, por
ser uma técnica de baixo custo. Surge a Escola de Constantinopla, que produz obras
mais vivas e autênticas.

7.2 Estilo ítalo-bizantino


Os bizantinos ocuparam partes da Itália entre os séculos VI e XI, dando origem
a esta arte, que se desenvolveu principalmente em Veneza, Siena, Pisa, Roma e na
Itália Meridional. Pintores como Duccio e Giotto lançaram as bases da pintura italiana
valendo-se desses ícones.
O auge deste império foi atingido durante o reinado do imperador Justiniano
(527-565), que visava reconquistar o poder que o império romano havia perdido no
ocidente. Com este objetivo, buscou uma relação pacífica com os persas, retomou o
norte da África, a Itália e a Espanha. Durante seu governo, Justiniano recuperou
grande parte daquele que foi o Império Romano do Ocidente. Contudo, o império
sobreviveu graças aos disciplinados exércitos, ao emprego do fogo grego nas
batalhas marítimas e a bons imperadores e generais.
Entre os séculos VII e IX, desenvolveu-se o movimento iconoclasta, que
condenava o culto das imagens. Vários imperadores iconoclastas enfrentaram
problemas internos, resultantes de uma população que não aderia ao movimento
religioso. Já contra os árabes, os imperadores deste tempo conseguiram manter seus
territórios e se defender relativamente bem contra os inimigos. Berenson (2015).

8 IMPÉRIOS DA CHINA

A cultura na China antiga

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De acordo com Prince (2000), em relação à valorização e ao patrocínio das
artes, os imperadores chineses são considerados como mecenas artísticos. Muitos
artistas e arquitetos construtores eram empregados do governo, por determinação dos
imperadores chineses. Os governantes chineses, principalmente quando surgia uma
nova dinastia, davam prosseguimento às realizações artísticas das dinastias
anteriores para estabelecer uma relação próxima com o povo e conseguir o apoio de
seus súditos.
A corte chinesa era culta, a ponto de aceitar a presença de expoentes
artísticos procedentes da Índia e do Oriente Médio, embora tomassem o cuidado de
moldar qualquer nova ideia em termos de arte, religião e filosofia às concepções
existentes na vida chinesa.
O princípio fundamental da cultura chinesa é a harmonia, aspecto marcante
que influenciava sua arte por meio da sutil mistura de tradições e inovações culturais,
de ideias próprias de sua cultura e ideias estrangeiras, de imagens profanas e
imagens religiosas.
A pré-história da arte chinesa tem origem com a cerâmica, no período
Neolítico. A partir do ano 3.000 a.C., a cerâmica chinesa teve grande
desenvolvimento, principalmente com a fabricação de recipientes para guardar os
alimentos, destinados a rituais funerários e religiosos. As duas principais culturas
deste período são a cultura Yangshao (3000-1500 a.C.) e a Longshan (3000-1700
a.C.).
Figura 13- vaso de cerâmica da cultura Yangshao

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Fonte: sputniknewsbrasil.com.br

O referido autor, descreve que as cerâmicas originárias da cultura Yangshao


caracterizam-se pela coloração vermelha e preta, originárias do vale do rio Amarelo e
da região de Gansu. As cerâmicas da cultura Longshan caracterizam-se pela
cerâmica negra, predominante na bacia do Yangzi e na orla costeira, até Guangdong.
As formas e as decorações são principalmente zoomórficas e geométricas. A
representação dos peixes revela, por um lado, a abundância deste animal nos rios
chineses e, por outro, sua rápida multiplicação e a conecta a rituais de fecundidade,
os quais fazem parte integrante desta cultura primitiva.

8.1 As dinastias imperiais chinesas

Segundo Gombrich (2015), o período das dinastias chinesas durou mais de 2


mil anos, quando aconteceu a criação das principais riquezas técnicas e culturais do
país, como a escrita, o papel e a porcelana. A cultura chinesa foi formada ao longo de
sua história, que passou por contextos sociais muito diferentes entre si. Assim, é muito
difícil determinar exatamente o início e o término de cada dinastia, porque o início do
estabelecimento de uma dinastia está condicionado às relações de poder, que
geralmente envolviam vários reinos.
Segundo a tradição chinesa, sua primeira dinastia foi a Xia (2100 a.C.-1600
a.C.), embora a primeira dinastia de que se tem evidências históricas seja a Shang.
A dinastia Shang (1480 a.C-1050 a.C.) governou no centro e no norte da atual China.
A capital era situada em Anyang, perto da fronteira norte. Sua economia era agrícola,
mas praticavam a metalurgia e o artesanato. A sociedade era aristocrática, e o
imperador liderava uma nobreza militar. Adoravam seus antepassados e vários
deuses. O último imperador Shang foi expulso por um dirigente Zhou, de um estado
no vale do rio Wei.
Durante a dinastia Zhou (1027 a.C.-256 a.C.), a civilização chinesa foi se
estendendo em direção à região norte. Com a grande expansão do território chinês,
tornara-se impossível o controle direto do imperador, então a responsabilidade foi

49
sendo delegada aos senhores feudais, que, com o tempo, tornaram os estados cada
vez mais autônomos.
Em 770 a.C., alguns estados se rebelaram e se associaram a invasores
nômades vindos do Norte. Assim, expulsaram o imperador da capital. Dessa forma, a
dinastia Zhou fundou uma nova capital, em direção ao leste, em Luoyang. No período
compreendido entre os séculos VIII e III a.C., ocorreu um crescimento econômico e
uma profunda mudança social, sempre dentro de contextos de instabilidade política
extrema e estado de guerra contínuo.
O mais antigo e influente filósofo desse período foi Confúcio. As doutrinas do
taoísmo, segunda grande escola filosófica existente nesse período, são atribuídas a
Lao-Tsé e aos trabalhos de Tchuang-Tsé. Nesse período também surgiu uma terceira
escola de pensamento, que foi o legalismo. Nele, a ordem social era baseada em leis
estritas e impessoais. Além disso, o imperador teria autoridade incontestável. Os
legalistas propunham a socialização do capital, o estabelecimento do monopólio
governamental e outras medidas econômicas para enriquecer o Estado, reforçar seu
poder militar e centralizar o controle administrativo.
Durante o século IV a.C., o reino de Qin, um dos estados periféricos
emergentes do noroeste, dedicou-se a um programa de reformas, seguindo as
doutrinas legalistas. Ao mesmo tempo, o poder dos Zhou entrou em colapso em 256
a.C., quando o governo perdeu poder e se dividiu em sete grandes estados.
O território chinês existente hoje é consequência da unificação promovida pela
dinastia Qin. Naquele período, grande parte do povo era escravo e os soberanos
construíram palácios. Foi aí que teve início a Grande Muralha da China. No campo
das ciências, criou-se o calendário lunar, um sistema de escrita e unidades de medida.
A queda da dinastia Qin aconteceu com a morte do imperador Qin, em 210
a.C. Após uma breve guerra civil, surgiu a dinastia Han (221 a.C.-206 d.C.). O período
dessa dinastia foi dividido entre as dinastias Han do Oeste, ou Ocidental, (206 a.C.-
24 d.C.) e Han do Leste, ou oriental, (25 d.C-220 d.C.). Nessa época foram inventados
o papel e a porcelana, e a primeira rota de comércio terrestre com o Ocidente foi
aberta (Rota da Seda).
A partir de 220, chamada de Era da Desunião, houve a ascensão do budismo
e existiram vários governos simultâneos. Entre 220 e 280, chamado período dos Três
Reinos, os domínios feudais voltaram. As dinastias Jin do Oeste e Jin do Leste

50
existiram de 265 a 420; as do Sul (Song, Qi, Liang e Chen), entre 420 e 588; e as do
Norte (Wei, Qi e Hou), entre 386 e 588.
No ano de 581, antes do término da dinastia anterior acabar, a família Sui
conseguiu reunificar o país e subir ao poder. Contudo, a cobrança de altos impostos
e o trabalho compulsório geraram revolta por todo o país. Nessa época, o Grande
Canal foi ampliado considerado o maior rio artificial do mundo, com 1,8 mil
quilômetros. Também houve a reconstrução da Grande Muralha da China.
No ano de 618, a dinastia Tang assumiu o poder (618-907). Foi um dos
períodos mais prósperos da época feudal chinesa. Setores como agricultura,
comércio, siderurgia, literatura, arte e construções navais tiveram crescimento
considerável. O governo chinês relacionou-se com os vizinhos Japão, Coreia, Índia e
Pérsia, mas as rebeliões camponesas continuaram culminando na queda do Império.
No período de 907 a 960, surgiram e findaram cinco dinastias, e a China
permaneceu fragmentada em dez estados. Além de desunido, o país estava anárquico
e dirigido por governos corruptos. O norte da China foi afetado por inundações e pela
escassez de comida, causadas pelo rompimento de barragens do Grande Canal.
Em 960, a dinastia Song (960-1279) unificou novamente a China. Essa
dinastia foi dividida em duas fases, a Song do Norte (960-1127) e a do Sul (1127-
1279). Nela, o poder era concentrado no imperador. As cidades foram desenvolvidas
como locais administrativos e pontos comerciais. Na dinastia Song, a porcelana
atingiu seu maior grau de sofisticação, e as indústrias criaram uma nova classe social:
a mercantilista.
Em 1279, surgiu a dinastia Yuan (1279-1368), com o declínio da dinastia
Song. Seu primeiro imperador foi Kublai Khan, que difundiu o domínio mongol. Em
1279, pela primeira vez o país foi completamente dominado por estrangeiros. Com o
desenvolvimento da navegação chinesa, inovações como a impressão e a porcelana
puderam chegar à Europa mais rapidamente.
No ano de 1368, a dinastia Ming assumiu o poder (1368-1644), como
consequência da disputa de poder entre os mongóis. Nessa dinastia o Grande Canal
foi expandido, e a Cidade Proibida foi construída. O período da dinastia Ming foi
marcado por uma nação rica, contando com uma população de cerca de 100 milhões
de habitantes.

51
Para Gombrich (2015), a última dinastia chinesa foi a Qing (1644-1912), que
surgiu com a tomada de Pequim por nômades tártaros da Manchúria. O término dessa
dinastia ocorreu no século XIX, quando o país contava com uma população de mais
de 400 milhões de habitantes. Em 1911, teve início uma revolta popular que derrubou
o último imperador Qing, denominado o imperador-menino Puyi, iniciando o período
republicano da China.

8.2 A arte na dinastia Xia

Fonte: canalfezhistoria.com

Em consonância com Prince (2000), a dinastia Xia (2100 a.C-1600 a.C.) é


considerada a primeira dinastia da história da nação chinesa. Durou mais de 500 anos
e existiu por 14 gerações, com 17 reis. A região principal de seu domínio localizava-
se nas regiões do sul da província de Shanxi e do oeste da província de Henan. Ela
foi fundada pelo rei Dayi, considerado herói na história chinesa pelo seu trabalho no
controle das enchentes do rio Amarelo. A dinastia Xia marcou historicamente a
substituição da sociedade primitiva pela sociedade de propriedade privada.
São poucos os registros históricos da dinastia Xia. Em sítios arqueológicos,
foram encontrados instrumentos e ferramentas em pedra, osso e conchas. Com esses
instrumentos eles teriam sobrevivido, lavrando e desenvolvendo a produção agrícola.
Foram também encontrados poucos instrumentos de bronze e objetos de jade, ou com

52
incrustações de jade, o que representa o progresso da indústria artesanal.

8.3 A arte na dinastia Shang

Segundo Prince (2000), a dinastia Shang (1480 a.C.-1050 a.C.), surgiu depois
da dinastia Xia. Localizada no Vale Huang He, o Reino Shang era uma sociedade
bastante desenvolvida, governada por uma classe de aristocratas de forma
hereditária. A sociedade da dinastia Shang era dividida em duas classes sociais:
nobreza e plebeus, e era governada por um rei, que era seu sacerdote.
Essa dinastia é conhecida por suas finas esculturas em jade, trabalhos em
cobre e tecidos de seda. Também foram desenvolvidas carruagens de guerra puxadas
por cavalos e um sistema próprio de escrita. O sistema de escrita da dinastia Shang
utilizava mais de 3 mil símbolos, esculpidos em ossos e cascos de tartaruga. Mais
tarde, essa linguagem iconográfica evoluiu para os caracteres utilizados na grafia do
idioma chinês.
O povo Shang cultuava seus ancestrais e um panteão dos deuses.
Ocasionalmente, praticavam sacrifícios humanos, incluindo a queima de escravos
vivos nas tumbas de seus mestres. A dinastia Shang acabou quando uma rebelião de
escravos derrubou o último imperador, um déspota impopular.
Figura 14 - (a) Vaso chinês antigo de bronze; (b) Dinheiro em formato de faca
de cobre; (c) Espelho feito de bronze com desenho de peixe e dragão (dinastia
Shang).

53
Nos sítios arqueológicos das tumbas foi encontrada uma grande variedade de
cerâmicas, sobretudo grandes vasilhas pintadas, provavelmente urnas funerárias, e
taças de argila negra polida, feitas no torno e talvez utilizadas em algum ritual. Foram
encontrados também vasos de bronze, com desenhos extremamente sofisticados
utilizados para fins religiosos. Com a dinastia Shang, os chineses passaram a dominar
a fundição do cobre, e, posteriormente, do bronze, aumentando o poderio bélico;
lanças, machados e pequenas facas eram as armas mais utilizadas.

8.4 A arte na dinastia Zhou

Segundo Prince (2000), a dinastia Zhou (1027 a.C. – 256 a.C.), conquistou
Anyang. Nas tumbas desta dinastia oriental foram encontradas pinturas sobre seda,
que são consideradas as amostras mais antigas desta técnica. Foram também
descobertas esculturas em madeira e obras de laca e cerâmica vitrificada, que
apresentavam novos desenvolvimentos técnicos e estilos artísticos.
Figura 15 - Representações de pinturas antigas chinesas (dinastia Zhou): (a)
Trabalho com utensílios; (b) Dança feminina.

54
Fonte: Prince (2000).

Na dinastia Zhou, o Ch’uanfa, ou estilo do punho, como era chamada a arte


marcial do kung fu, foi difundido entre o povo, quando os guerreiros de Zhou da China
Ocidental derrotaram o monarca da dinastia Shang. No período de 770 – 481 a.C., o
kung fu foi chamado de ch’uan yung, quando esta arte marcial surgiu.

Figura 15.1 - Arte marcial kung fu.

Fonte: Prince (2000).

55
8.5 A arte na dinastia Qin

Figura 16 - Exército de terracota e cavalos localizado em Xian, China: (a)


Detalhe do rosto; (b) Detalhe do exército.

Fonte: Prince (2000)

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Segundo Prince (2000), com a queda da dinastia Zhou, sete diferentes
estados entraram em disputa para obter o controle da China. Nessa disputa, o estado
de Qin foi vitorioso, estabelecendo um império forte e autoritário. O imperador Qin Shi
Huangdi acabou com os estados e criou um forte governo central.
O governo Qin trouxe consigo muitas das mudanças que favoreceram a
unificação da China. Foram padronizados os pesos e as medidas, bem como a moeda
e a escrita chinesas. Teve início a construção da Grande Muralha da China, com o
objetivo de defender o país contra as invasões estrangeiras. A Grande Muralha da
China foi ampliada e reconstruída por dinastias futuras, e mede cerca de 7.240
quilômetros, indo do Mar Amarelo a Xinjiang, na China ocidental.
O governo Qin cobrava altas taxas e impostos do povo chinês, com o objetivo
de sustentar seus exércitos, bem como as construções. Pelo excesso de impostos e
por ser um governo cruel, quando o imperador Qin morreu, em 207 a.C., aconteceu
uma guerra civil, que provocou o colapso de sua dinastia.
Assim, apesar de breve (221 a.C. – 206 a.C.), a dinastia Qin foi muito
importante na história da China, pois até o nome China tem origem no nome do
imperador Qin Shi Huangdi. Com a sua morte, seu corpo foi enterrado na província
norte-ocidental de Shanxi, em um túmulo funerário maciço, descoberto recentemente.
Na tumba real apareceram mais de 6 mil figuras de terracota (entre homens e cavalos)
destinadas a proteger a cripta. Essas figuras representam um dos regimentos do
imperador, composto por oficiais perfeitamente equipados, aurigas, arqueiros e jovens
solda- dos a pé. O exército estava pintado com uma ampla gama de cores brilhantes,
que, com o passar do tempo, apagaram-se.

8.6 A arte na dinastia Han e as seis dinastias

Prince (2000), explica que com a queda da dinastia Qin, o estado de Han
estabeleceu a dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.). Essa dinastia chinesa está dividida
em dois períodos: a dinastia Han Ocidental (206 a.C. – 8 d.C.) e a dinastia Han Oriental
(25 d.C. – 220 d.C.). O povo chinês ainda se refere como sendo o povo Han.
Esse governo manteve grande parte da estrutura administrativa Qin, porém,
sem a grande centralização do poder. A sociedade chinesa passou pela mudança da

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aristocracia pura para uma sociedade baseada na meritocracia, em que a seleção dos
funcionários públicos era realizada através de exames.
No período de 8 d.C. a 25 d.C., um oficial rebelde tomou o trono,
estabelecendo por curto período a dinastia Xin.Com a recuperação do poder pela
dinastia Han Oriental, em 25 d.C., houve prosperidade na economia, na educação e
na ciência. Intensificou-se o comércio com os reinos vizinhos do Norte e com a
Europa, através da Rota da Seda. Foram criadas grandes obras literárias, como textos
históricos e dicionários. O budismo foi introduzido nesta dinastia, vindo da Índia.
A dinastia Han era muito militarizada, expandindo suas fronteiras para
incorporar as regiões que hoje correspondem aos países do Tibete, Coreia do Norte
e norte do Vietnã. A dinastia Han enfraqueceu-se pela rivalidade política e pela
corrupção. Os demais estados vassalos se revoltaram, causando uma rebelião em
larga escala, que levou sua queda em 220 d.C. A partir daí, a China se dividiu em três
reinos que competiam entre si, tornando-se vulnerável às invasões de tribos nômades
que habitavam ao norte.
Iniciada no final da dinastia Zhou, a arte da pintura teve grande incentivo
durante o período Han. Os temas mais frequentes eram relacionados à vida no além
e lendas de antigos heróis. Essas pinturas revelam uma evidente intenção de
representar o espaço e a distância. Também durante este período apareceram os
primeiros elementos de representação da paisagem.

Figura 17 - Representação de paisagens.

58
Fonte: Prince (2000).

O período após a dinastia Han é denominado de período das Seis Dinastias.


Engloba as dinastias chinesas existentes durante o período dos Três Reinos (220-
280), a dinastia Jin (265-420) e as dinastias do Norte-Sul (420-589). Este foi um
período de desunificação e guerras. Este período terminou quando o imperador Wen
de Sui reunificou a China.
A riqueza existente na corte da dinastia Han não pôde evitar sua queda. O
budismo teve grande efeito sobre a arte no período das Seis Dinastias, sendo que os
primeiros exemplos de tal arte na China são as estatuetas levadas pelos budistas
indianos. No século IV, a afluência de estilos e de temas foram condicionantes para
produzir uma nova categoria artística e arquitetônica budista na cultura chinesa. Na
China Ocidental, todavia, importantes pinturas murais baseadas em histórias
sagradas podem ser contempladas no mosteiro de Dunhuang.

Figura 17.1 – Antigas moedas chinesas de bronze da dinastia Han.

59
Fonte: Prince (2000).

Figura 17.2 – Grande Muralha, em Dunhuang

Fonte: Prince (2000).

60
Ao sul da cidade de Luoyang estão as grutas de Longmen, localizadas entre
duas montanhas, separadas pelo rio Yishui a 13 quilômetros do sul da cidade de
Luoyang. Essas montanhas compõem um complexo de 2.345 grutas, com cerca de
100 mil estátuas de Buda, sendo consideradas como os tesouros mais famosos de
inscrições em pedra na China. As grutas foram iniciadas por volta do ano 493, quando
o imperador Xiaowen, da dinastia Wei do Norte (386-534), transferiu a capital para
Luoyang. Foram continuamente construídas durante 400 anos, até a dinastia Song
(960-1127).
Uma Importante contribuição à arquitetura do período foi o pagode de
madeira, baseado na estupa indiana, nas torres da dinastia Han.

Figura 17.3 – Telhado chinês com pagode de madeira

Fonte: Prince (2000)

Houve progressos no terreno da cerâmica. Os primeiros vasos reconhecíveis,


chamados Yue-yao, são de grés vitrificado em verde, e foram fabricados no entorno
da província de Zhejiang. Esta cerâmica era muito duradoura, utilizada, sobretudo, na
fabricação de cuias e jarros.

8.7 A arte na dinastia Tang

61
A dinastia Tang (618-907) propiciou grande desenvolvimento artístico para a
China, sendo conhecida como a Idade de Ouro da China. Nesse período houve a
estabilidade do governo, que gerou prosperidade econômica. A estabilidade do
governo foi fundamental para a retomada de manifestações artísticas, como pintura,
cerâmica, música, poesia e artesanato em metais.
A dinastia Tang perseguiu os religiosos e seguidores budistas, contudo, a arte
chinesa manteve sua influência. Por exemplo, a pintura budista manteve sua
importância durante o período da dinastia Tang, mas a paisagem profana passou a
dominar as artes pictóricas.
Durante a dinastia Tang, a técnica de pintura de retratos foi aperfeiçoada,
tendo início no período da disnastia Han. A inovação era a principal característica do
período da dinastia Tang em relação às artes decorativas. As tradições da Ásia Central
eram lembradas nos frascos para viagem e nos pratos de ouro e prata, que possuíam
grande variedade de forma.
Os jarros de louça eram muito bonitos, sobretudo as jarras e vasilhas para
beber, feitos a partir de protótipos de metal; lembram muito a ourivesaria persa. A
cerâmica desse período era muito importante, sendo chamada de porcelana. Ela foi
obtida por meio de uma técnica desenvolvida no sul da China, que consistia da
cozedura de uma substância branca de grãos finos, Prince (2000).

Figura 18 - Buda gigante construído em rocha com 71 metros de altura


durante a dinastia Tang, na província de Sichuan, China.

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Fonte: Prince (2000)

Figura 18.1 - Jarra de cerâmica decorada com folhas (dinastia Tang).

Fonte: Prince (2000)

Prince (2000), destaca que durante o período da dinastia Tang, um eremita


chamado Xu Xuan Ping desenvolveu uma arte chamada “os 37 estilos do tai chi”,
também chamada de chang chuan (punho longo) ou chang kiang (rio longo).
63
Figura 18.2 – Tai Chi Chuan

Fonte: Prince (2000).

8.8 A arte na dinastia Song

Prince (2000), afirma que a dinastia Song (960-1279) surgiu com a queda da
dinastia Tang. O território da China ficou reduzido em virtude das invasões dos povos
vizinhos, porque os imperadores Song não eram tão poderosos como seus
predecessores das dinastias Han e Tang. Os imperadores Song se caracterizavam
pela erudição, sendo muitos deles artistas.
A pintura desse período era intensa em termos de escolas e em estilos, então,
foi fundada uma academia real de pintura. A própria corte patrocinou numerosos
artistas. A maquiagem facial remonta às dinastias Song ou Yuan. A cerâmica dos
períodos Song é comparável à pintura de paisagens em relação à variedade e às
realizações (máscaras de teatro). Os telhados curvos, típicos da arquitetura chinesa,
alcançaram seu apogeu neste período.

64
Figura 19 - maquiagem tradicional chinesa.

Fonte: Prince (2000).

Figura 19.1 – Máscaras de teatro chinesas.

Fonte: Prince (2000).

65
Figura 19.2 – Telhados chineses.

Fonte: Prince (2000).

Fonte: Prince (2000).

8.9 A arte na dinastia Yuan

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Segundo Prince (200), com a invasão dos mongóis (1279-1368) surgiu a
dinastia Yuan. Ela foi fundada por Kublai Khan, neto de Gêngis Khan, sendo o primeiro
a governar toda a China a partir de Pequim.

Figura 20 – Mapa antigo da China durante a dinastia Yuan

Fonte: Prince (2000)

A dinastia Yuan produziu alterações na natureza da arte chinesa,


particularmente na pintura, na caligrafia e na escultura. Ao final da dinastia Yuan, o
pintor Wang Mien começou a esculpir os seus próprios carimbos a partir da pirofilita,
mineral relativamente macio. Quando um calígrafo esculpia um carimbo, além da
beleza da caligrafia, era importante o efeito especial promovido pela faca ao esculpi-
lo.
Figura 20.1 - Arte do carimbo chinês.

67
Fonte: Prince (2000)

8.10 A arte na dinastia Ming

A dinastia Ming (1368-1644) foi estabelecida com o término do governo


mongol. A corte da dinastia Ming fundou a academia real de pintura, que procurou
atrair, principalmente, os pintores de pássaros e de flores e os paisagistas da escola
Ma-Xia.

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Figura 21 - Palácio imperial chinês, pertencente à Cidade Proibida (Pequim, China)
período entre as dinastias Ming e Qing.

O período da dinastia Ming é conhecido por suas artes decorativas. Foi


introduzida uma nova técnica para a pintura de materiais cerâmicos, que era aplicada
após a porcelana ter sido vitrificada. Sua cozedura era realizada à determinada
temperatura, a peça era pintada com esmalte da cor desejada, e, depois, retornava
ao forno pela segunda vez. Com esse invento, era possível decorar a mais fina
cerâmica com uma infinita variedade de cores brilhantes.

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Figura 21.1- Prato cerâmica da dinastia Ming.

Fonte: drartesleiloes.com.br

Como visto anteriormente, a Grande Muralha da China teve as suas primeiras


barreiras executadas antes da unificação do império, em 221 a.C. Ao transformar sete
reinos em um país, o imperador Qin Shihuangdi (259 a.C. – 210 a.C.) começou a
unificar a muralha, ampliada nas dinastias seguintes. A Grande Muralha atingiu seu
auge no século XV, durante a dinastia Ming. A parte mais famosa da Grande Muralha
está localizada perto de Pequim, no local conhecido como Badaling. Esta parte foi
construída em 1831, durante o reinado do imperador Hongwu, da dinastia imperial
Ming.

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Figura 21.2 - Trecho da Muralha da China (localizado 500 quilômetros a norte de
Pequim), executado durante a dinastia Ming.

Fonte: altoastral.com.br

A arquitetura da dinastia Qing deu continuidade a muitas das tradições da


dinastia Ming. Na época, os templos da dinastia Ming conservaram alguns detalhes
da dinastia Song, como as figuras de madeira de seu interior pintadas com bastante
colorido.

8.11 A arte na dinastia Qing

Na dinastia Qing (1644-1912), as artes decorativas apresentavam mais


técnica do que beleza. O processo de esmaltado foi aperfeiçoado durante essa época.
Os estilos ornamentais utilizados na época da dinastia Ming foram seguidos pelos
artistas da dinastia Qing nas obras com metais, no laqueado e no entalhe em jade.
Os cristais soprados eram considerados únicos, com base no minucioso
trabalho com que eram executados. Os móveis de madeira decorados com laca,
algumas vezes dourada, tinham grande aceitação na corte imperial, bem como entre
os funcionários ricos e os comerciantes.

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Figura 22 – Pote de flores da dinastia Qing.

Figura 22.1 – Antigas moedas chinesas de prata da dinastia Qing

A arquitetura da dinastia Qing deu continuidade a muitas das tradições da


dinastia Ming. Na época, os templos da dinastia Ming conservaram alguns detalhes
da dinastia Song, como as figuras de madeira de seu interior pintadas com bastante
colorido, Prince (2000).

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Figura 22.2 - arquitetura da dinastia Qing

Fonte: br.freepik.com

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, M. Cor: fundamentos artísticos e estéticos nas artes plásticas.


Independently published. 2020.

ALBUQUERQUE, M; SORIA, P. C. História da Arte, Arquitetura e Urbanismo: da


pré-história ao século XIX. Blumenau: SOCIESC, 2018.

ARNOLD, D. Introdução à História da Arte. São Paulo: Ática, 2008.

ERENSON, B. Estética e História. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

JANSON, H. W. História Geral da Arte: O Mundo Antigo e a Idade Média. 2. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.

______. Iniciação à História da Arte. 3. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,
2009.

PRINCE, S. Arte Primitiva em Centros Civilizados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,


2000.

PROENÇA, G. História da Arte. 17. ed. São Paulo: Ática, 2011.

WÖLFFLIN, H. Conceitos Fundamentais da História da Arte. 4. ed. São Paulo:


Martins Fontes, 2000.

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