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I
NSTRUÇÃO
TÉCNICA
OPERACIONAL

Be
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28
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e,1ªEdi
ção2020
COMANDANTE-GERAL DO CBMMG
CEL BM EDGARD ESTEVO DA SILVA

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO CBMMG


CEL BM ERLON DIAS DO NASCIMENTO BOTELHO

ELABORAÇÃO
MAJ BM IVAN SANTOS PEREIRA NETO
MAJ BM MARCOS ANDERSON VIANA SOARES
CAP BM CRISTIANO ANTÔNIO SOARES
1º TEN BM HUGO COSTA TAKAHASHI
1° TEN BM IGOR RÉDUA
2º TEN BM HENRIQUE CÉSAR BARCELLOS DE SOUZA
2º TEN BM PATRÍCIA DE CASTRO RESENDE
1° SGT BM LEANDRO LUIZ DA PAIXÃO
2° SGT BM GUILHERME LOPES VIANA
3º SGT BM BRUNO AUGUSTO DE FARIAS BRAGA

REVISÃO TÉCNICA/METODOLÓGICA
CAP BM WENDERSON DUARTE MARCELINO
2º TEN BM PAULO CÉSAR SOARES DE LIMA ROCHA
1º SGT BM BRUNO ALVES BICALHO
CB BM GEFTE DA SILVA LEMOS

REVISÃO DE TEXTO/GRAMATICAL
2º TEN BM RAUL SOUZA DOS SANTOS

CAPA
CB BM PEDRO DANIEL CORRÊA NUNES
Todos os direitos reservados ao CBMMG.
É permitida a reprodução por fotocópia para fins de estudo e pesquisa.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C787

Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Instrução Técnica


Operacional 28: Atendimento a Ocorrências com Produtos
Perigosos. 1. ed. Belo Horizonte: CBMMG, 2020.

104 p. : il.

1.Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. 2. ITO 28. 3. Instrução


Técnica Operacional 28. 4. Produtos Perigosos. 5. Sistema de Comando
de Operações. I. Título. II. CBMMG.

CDD 616.025

Ficha catalográfica elaborada por Andreia Júlio CRB6/2095

Versão digital.

Disponível em: https://drive.google.com/open?id=1Vy4I2moWgmFEwxpypeJWcGO-FS7wCqSA


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANSI American National Standards Institute
ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BBM Batalhão de Bombeiros Militar
BEMAD Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres
BLEVE Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion
BIT Biológicos Industriais Tóxicos
BOPE Batalhão de Operações Policiais Especiais
CDTN Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
CE P2R2 Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a
Emergências Ambientais com Produtos Perigosos
CBMERJ Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
CBMMG Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNTP Condição Normal de Temperatura e Pressão
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito
COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CRC Corredor de Redução de Contaminantes
DQBRNE Defesa contra agentes Químicos, Biológicos, Radiológicos,
Nucleares e Explosivos
EPA Environmental Protection Agency
EPI Equipamento de Proteção Individual
EPR Equipamento de Proteção Respiratória
FISPQ Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos
FUNED Fundação Ezequiel Dias
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
IAEA Organismo Internacional de Energia Atômica
IDLH Immediately Dangerous to Life or Health
ITO Instrução Técnica Operacional
LGE Líquido Gerador de Espuma
NEA Núcleo de Emergências Ambientais
NFPA National Fire Protection Association
NBR Norma Brasileira
QBRN Químico, Biológico, Radiológico ou Nuclear
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SCO Sistema de Comando em Operações
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SOU Sala de Operações da Unidade
PAE Plano de Ação de Emergência
PEMAD Pelotão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres
P2R2 Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a
Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos
pH Potencial Hidrogeniônico
PC Posto de Comando
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
PNPDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
PQS Pó Químico Seco
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
SINPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil
TRPP Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ULI Underwriters Laboratories Inc.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................8
2 FINALIDADE E OBJETIVOS................................................................................9
3 ASPECTOS LEGAIS SOBRE O PAPEL DO CBMMG NO ATENDIMENTO A
OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS, RADIOLÓGICOS
E NUCLEARES......................................................................................................10
3.1 Responsabilidades quanto aos acidentes com produtos perigosos........11
4 CONCEITOS E DEFINIÇÕES.............................................................................17
4.1 Autoridade competente..................................................................................17
4.2 Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres................17
4.3 Bombonas.......................................................................................................17
4.4 Concessionárias.............................................................................................17
4.5 Corredor de Redução de Contaminantes (CRC)..........................................18
4.6 Destinatário.....................................................................................................18
4.7 Equipe de Descontaminação.........................................................................18
4.8 Equipe de Intervenção....................................................................................18
4.9 Equipe de Suporte..........................................................................................18
4.10 Expedidor......................................................................................................18
4.11 Guarnição de Socorro..................................................................................19
4.12 Pelotão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres -
PEMAD...................................................................................................................19
4.13 Posto de Comando – PC..............................................................................19
4.14 Produto Perigoso..........................................................................................19
4.15 Sistema de Comando em Operações – SCO..............................................19
4.16 Transportador...............................................................................................19
4.17 Viatura de Produtos Perigosos...................................................................20
4.18 Zona Fria........................................................................................................20
4.19 Zona Morna....................................................................................................20
4.20 Zona Quente..................................................................................................20
5 O ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS –
GENERALIDADES E PRIMEIRAS GUARNIÇÕES NO LOCAL........................... 21
5.1 Primeiro no Local............................................................................................22
6 FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS................................................25
6.1 Identificação....................................................................................................25
6.1.1 Sistema NFPA 704 - Diamante de Hommel................................................33
6.1.2 Documento fiscal para transporte de Produtos Perigosos.....................34
6.1.3 Ficha de Emergência...................................................................................35
6.1.4 Envelope de Embarque...............................................................................36
6.1.5 Manual da ABIQUIM, equipamentos de detecção e Ficha de Informações
de Segurança de Produto Químico.....................................................................37
6.2 Isolamento.......................................................................................................41
6.2.1 Zona Quente.................................................................................................41
6.2.2 Zona Morna...................................................................................................41
6.2.3 Zona Fria.......................................................................................................42
6.2.4 Planejamento das Ações e Intervenção na Zona Quente........................43
6.2.5 Trajes para Atuação em Emergências com Produtos Perigosos...........45
6.2.5.1 Nível A........................................................................................................45
6.2.5.2 Nível B........................................................................................................47
6.2.5.3 Nível C........................................................................................................47
6.2.5.4 Nível D........................................................................................................48
6.3 Salvamento...................................................................................................... 49
6.4 Descontaminação...........................................................................................51
6.4.1 Base 01.........................................................................................................53
6.4.2 Base 02.........................................................................................................54
6.4.3 Base 03.........................................................................................................55
6.4.4 Base 04.........................................................................................................55
6.4.5 Base 05.........................................................................................................55
6.4.6 Base 06.........................................................................................................56
6.4.7 Base 07.........................................................................................................56
6.5 Contenção e Controle.....................................................................................58
6.5.1 Absorção......................................................................................................59
6.5.2 Dissolução....................................................................................................60
6.5.3 Dispersão......................................................................................................60
6.5.4 Construção de desvios...............................................................................60
6.5.5 Construção de diques.................................................................................60
6.5.6 Construção de barragens ou uso de barreiras de contenção.................61
6.5.7 Estanqueidade.............................................................................................61
6.5.8 Neutralização................................................................................................61
6.5.9 Abafamento..................................................................................................62
6.5.10 Ventilação...................................................................................................62
6.5.11 Queima controlada....................................................................................63
6.6 Transbordo......................................................................................................63
6.6.1 Operações de destombamento, arraste e içamento de cargas e
veículos..................................................................................................................64
7 PROCEDIMENTOS E ORIENTAÇÕES EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS
ESPECÍFICOS........................................................................................................66
7.1 Explosivos.......................................................................................................66
7.2 Gases...............................................................................................................67
7.2.1 Gases Inflamáveis........................................................................................67
7.2.2 Criogênicos..................................................................................................69
7.3 Líquidos Inflamáveis......................................................................................73
7.4 Sólidos Inflamáveis........................................................................................74
7.5 Oxidantes e Peróxidos...................................................................................75
7.6 Tóxicos ou infectantes...................................................................................77
7.6.1 Infectantes....................................................................................................77
7.7 Radioativos......................................................................................................81
7.8 Corrosivos.......................................................................................................85
7.9 Produto não identificado................................................................................86
8 EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS................88
8.1 Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion – BLEVE……………………….88
8.2 Boil Over..........................................................................................................89
8.3 Slop Over.........................................................................................................90
REFERÊNCIAS......................................................................................................94
ANEXOS.................................................................................................................99
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 8

1 INTRODUÇÃO

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) está inserido no Sistema


Nacional de Proteção e Defesa Civil, cabendo-lhe a coordenação e execução de
ações de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, busca e salvamento,
conforme artigo 142, inciso II da Constituição Estadual (Minas Gerais, 1989).

Dentre as atividades desenvolvidas pela corporação está o atendimento a


emergências com produtos perigosos, que abrange uma enorme gama de
materiais. O tema, no âmbito da defesa nacional, também é tratado como Defesa
contra agentes Químicos, Biológicos, Radiológicos e Nucleares – DQBRN1.

Para fins desta Instrução Técnica Operacional (ITO), produtos perigosos são todas
as substâncias de natureza química, radioativa ou biológica, que podem estar nos
estados sólido, líquido ou gasoso e podem afetar animais, o homem, o patrimônio
ou meio ambiente2.

A evolução de uma ocorrência não depende somente de viaturas e equipamentos


modernos e adequados, mas também do elemento humano, que é peça
fundamental nesse processo, principalmente tendo como valor agregado a sua
especialização e preparação técnica para desempenhar suas atividades (PEREIRA
NETO, 2016)

Considerando a complexidade do atendimento, os riscos envolvidos, a


especificidade dos materiais e a necessidade de padronização de respostas a
emergências com produtos perigosos, está sendo publicada a presente ITO.

1 O Manual de campanha do Exército - EB70-MC 10.234 - Defesa QBRN versa sobre o assunto;
2Manual operacional de bombeiros: produtos perigosos /Corpo de Bombeiros Militar do Estado de
Goiás. – Goiânia: - 2017. p.11;
SEÇÃO 2 – FINALIDADE E OBJETIVOS 9

2 FINALIDADE E OBJETIVOS

Esta Instrução Técnica Operacional tem por finalidade orientar as ações BM em


todo o Estado e principalmente das guarnições frequentemente empenhadas em
ocorrências envolvendo produtos químicos perigosos.

A ITO não possui caráter taxativo, pois cada ocorrência evolui de maneira única e
específica. Assim, as características dos produtos envolvidos, a possibilidade de
misturas com incompatibilidade química, a necessidade de salvamento de vítimas
dentre outros tantos fatores, podem fazer com que o comandante das operações,
desde que com justificativa técnica, possa alterar a padronização e os
procedimentos aqui propostos.

Além disso, esse documento possui os seguintes objetivos:

a) melhorar a qualidade e a segurança nos atendimentos a ocorrências com


produtos químicos, biológicos e radiológicos;
b) direcionar as ações a serem adotadas em ocorrências que o produto
perigoso não é identificado;
c) preservar a saúde e a integridade física do bombeiro militar quanto à
exposição a produtos perigosos;
d) padronizar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e
materiais utilizados em emergências de natureza Química, Biológica,
Radiológica ou Nuclear (QBRN);
e) direcionar as ações a serem adotadas nas ocorrências que envolvam
produtos perigosos identificados pelas Classes de Riscos;
f) demonstrar as missões e responsabilidades do CBMMG no atendimento a
ocorrências com Produtos Perigosos com ênfase à proteção à vida e ao
meio ambiente;
g) promover e incentivar a articulação do CBMMG junto a outros órgãos da
administração pública e de empresas prestadoras de serviços, visando a
resolução de inconformidades durante o atendimento às emergências.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 10

3 ASPECTOS LEGAIS SOBRE O PAPEL DO CBMMG NO ATENDIMENTO A


OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS, RADIOLÓGICOS
E NUCLEARES

O Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) está previsto na Lei


12.608/12 e tem como objetivo reduzir os riscos de desastres através de ações de
prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. O inciso VIII do artigo
5º deste mesmo dispositivo legal afirma que um dos objetivos da Política Nacional
de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) é “monitorar os eventos meteorológicos,
hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros potencialmente
causadores de desastres” (BRASIL, 2012).

A Constituição da República, assim elenca as responsabilidades das diversas


instituições responsáveis pela segurança pública:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
(...)
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças
auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as
polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios. (BRASIL, 1988)

Já a Legislação Estadual explica melhor as atribuições do CBMMG, sendo as


principais, a própria Constituição Mineira e a Lei Complementar Estadual nº 54/99.
O Constituição do Estado de Minas Gerais traz os seguintes dizeres:

Art. 142 – A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, forças públicas


estaduais, são órgãos permanentes, organizados com base na hierarquia
e na disciplina militares e comandados, preferencialmente, por oficial da
ativa do último posto, competindo:
(...)
II – ao Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de
SEÇÃO 3 – ASPECTOS LEGAIS SOBRE O PAPEL DO CBMMG 11

ações de defesa civil, a prevenção e combate a incêndio, perícias


deincêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas relativas à
segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo
de catástrofe; (Minas Gerais, 1989)

Regulamentando o texto da Constituição Estadual, a Lei Complementar 54


determina:

Art. 3º - Compete ao Corpo de Bombeiro Militar:


I - coordenar e executar as ações de defesa civil, proteção e
socorrimento públicos, prevenção e combate a incêndio, perícias de
incêndio e explosão em locais de sinistro, busca e salvamento. (Minas
Gerais, 1999).

As ocorrências com materiais químicos, biológicos e radioativos enquadram-se


dentro do atendimento a ocorrências com produtos perigosos que, por sua vez,
necessitam de coordenação e execução de ações de defesa civil, proteção,
socorrimento público e salvamento, para fins de resolução da emergência e
restabelecimento da normalidade.

3.1 Responsabilidades quanto aos acidentes com produtos perigosos

Especialmente no caso de acidente com produtos perigosos no Estado de Minas


Gerais, diversos órgãos devem agir em conjunto para que os efeitos do acidente
químico possam ser solucionados ou mitigados.

No caso de acidentes em rodovias estaduais, caberá à Polícia Militar Rodoviária


fazer a sinalização do trânsito, interromper o tráfego da via e providenciar
isolamento conforme previsto no art. 142 da Constituição Mineira. Nos acidentes
em rodovias federais, tais ações serão realizadas pela Polícia Rodoviária Federal,
conforme exposto no art. 20 da Lei nº 9.503/97.

Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e


estradas federais:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito
de suas atribuições;
II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas
com a segurança pública, com o objetivo de preservar a ordem,
incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;
III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as
medidas administrativas decorrentes e os valores provenientes de estada e
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 12

remoção de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas


superdimensionadas ou perigosas;
IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços
de atendimento, socorro e salvamento de vítimas;
V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de
segurança relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e
transporte de carga indivisível;
VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao
órgão rodoviário a adoção de medidas emergenciais, e zelar pelo
cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança,
promovendo a interdição de construções e instalações não autorizadas;
VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de
trânsito e suas causas, adotando ou indicando medidas operacionais
preventivas e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal;
VIII - implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e
Educação de Trânsito;
IX - promover e participar de projetos e programas de educação e
segurança, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de
Trânsito para fins de arrecadação e compensação de multas impostas na
área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à
simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de
prontuários de condutores de uma para outra unidade da Federação;
XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos
veículos automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no
art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos
órgãos ambientais. (BRASIL, 1997).

É possível também contar com a atuação do Núcleo de Emergências Ambientais


(NEA), atualmente vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), principalmente em questões técnicas,
fiscalizatórias e de apoio na resolução dos acidentes, em conformidade com a Lei
Estadual nº 11.903/95, que determina as competências da SEMAD no art. 2º,
conforme citado no dispositivo legal:

Art. 2º - Compete à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e


Desenvolvimento Sustentável:
I - coordenar e supervisionar as ações voltadas para a proteção
ambiental, bem como a aplicação das normas e da legislação específicas
de meio ambiente e recursos naturais, não sendo consideradas
predatórias e estando, por isso, dispensadas de licença do poder público
e isentas de punição fiscal ou de qualquer outro tipo, a extração, em
regime individual ou familiar, de lenha para consumo doméstico, e a
limpeza de pastagens ou culturas em propriedades particulares;
II - zelar pela observância das normas de controle e proteção ambiental,
em articulação com órgãos federais, estaduais e municipais;
III - planejar, propor e coordenar a gestão ambiental integrada no Estado,
com vistas à manutenção dos ecossistemas e ao desenvolvimento
sustentável;
IV - articular-se com os organismos que atuam na área de meio ambiente
com a finalidade de garantir a execução da política ambiental;
V - estabelecer e consolidar, em conjunto com órgãos e entidades que
atuam na área ambiental, as normas técnicas a serem por eles
observadas;
SEÇÃO 3 – ASPECTOS LEGAIS SOBRE O PAPEL DO CBMMG 13

VI - orientar e coordenar tecnicamente, quanto ao aspecto ambiental, os


órgãos e as entidades que atuam na área do meio ambiente;VII -
identificar os recursos naturais do Estado, com vistas à compatibilização
das medidas preservacionistas e conservacionistas e à exploração
racional, conforme as diretrizes do desenvolvimento sustentável;
VIII - propor e coordenar a implantação de unidades de conservação de
uso direto e indireto sob jurisdição estadual;
IX - coordenar planos, programas e projetos de proteção de mananciais;
X - representar o Governo do Estado de Minas Gerais no Conselho
Nacional de Meio Ambiente - CONAMA - e no Conselho Nacional de
Recursos Naturais Renováveis;
XI - coordenar planos, programas e projetos de educação ambiental;
XII - coordenar o zoneamento ambiental no Estado.
Parágrafo único - A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável atuará como órgão seccional coordenador
do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA -, no âmbito do
Estado, nos termos da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
(MINAS GERAIS,1995)

A empresa responsável pelo acidente químico ocorrido em rodovias, também


deverá apoiar os órgãos públicos na resolução dos problemas decorrentes,
conforme preconizado pelo Regulamento para o Transporte Rodoviário de
Produtos Perigosos, aprovado pelo Decreto Federal nº 96.044/88:

Art. 25. Em razão da natureza, extensão e características da emergência,


a autoridade que atender ao caso determinará ao expedidor ou ao
fabricante do produto a presença de técnicos ou pessoal especializado.
Art. 26. O contrato de transporte deverá designar quem suportará as
despesas decorrentes da assistência de que trata o artigo anterior.
Parágrafo único. No silêncio do contrato o ônus será suportado pelo
transportador.
Art. 27. Em caso de emergência, acidente ou avaria, o fabricante, o
transportador, o expedidor e o destinatário do produto perigoso darão o
apoio e prestarão esclarecimentos que lhes forem solicitados pelas
autoridades públicas (BRASIL, 1988).

A Lei Estadual nº 22.805/17, regulamentada pelo Decreto Estadual 47.629/19,


estabelece medidas relativas a acidentes no transporte de produtos ou resíduos
perigosos no Estado e determina que:

Art. 5º – Os transportadores de produtos e resíduos perigosos ficam


obrigados a manter, diretamente ou por meio de empresa especializada,
serviço de atendimento a emergências capaz de:
I – iniciar as primeiras ações emergenciais em até duas horas da
ocorrência do acidente;
II – disponibilizar no local do sinistro os recursos apropriados para
desobstrução da via e iniciar os procedimentos para transbordo,
inertização, neutralização e demais métodos físicos, químicos e físico-
químicos de mitigação, limpeza do local e remoção dos veículos
sinistrados, em até quatro horas da ocorrência do acidente, caso ocorrido
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 14

nas regiões metropolitanas, e em até oito horas nas demais localidades,


salvo ocorrência de caso fortuito ou força maior;
III – iniciar as ações de remoção dos resíduos e de descontaminação do
ambiente do entorno do local do acidente, em até vinte e quatro horas
após a conclusão das atividades previstas no inciso II.
§ 1º – As primeiras ações emergenciais, a que se refere o inciso I do
caput, serão definidas em regulamento.
§ 2º – O responsável pelo serviço de atendimento a emergências a que
se refere o caput atenderá aos seguintes requisitos:
I – ser pessoa jurídica com cadastro no órgão ambiental estadual, nos
termos estabelecidos em regulamento, regularmente constituída para o
atendimento de emergências relacionadas ao transporte de produtos e
resíduos perigosos;
II – contar com responsável técnico devidamente habilitado para o
exercício da função de atendimento a acidentes e emergências;
III – possuir recursos adequados ao atendimento emergencial e
proporcionais ao número de clientes, de modo a viabilizar o atendimento
nos prazos estabelecidos nos incisos do caput.
Art. 6º – Os transportadores de produtos e resíduos perigosos são
obrigados a possuir Plano de Ação de Emergência – PAE –, conforme
diretrizes definidas em regulamento, e a disponibilizar plantão de
atendimento vinte e quatro horas para acionamento imediato em caso de
acidentes e emergências com produtos e resíduos perigosos.
§ 1º – O PAE conterá as responsabilidades, as diretrizes e os
procedimentos técnicos e administrativos a serem adotados em caso de
acidente ocorrido no transporte de produtos ou resíduos perigosos, além
de outras informações necessárias para propiciar respostas rápidas e
eficientes em situações emergenciais. Citação. (MINAS GERAIS, 2017).

Outros órgãos poderão vir a atuar no cenário emergencial em apoio ao CBMMG,


como as concessionárias de rodovias privatizadas, brigadistas voluntários, SAMU,
Defesa Civil, COPASA, CEMIG e demais órgãos da segurança pública, conforme
o caso.

Com a finalidade de executar uma política adequada de prevenção e resposta a


acidentes com produtos perigosos, o Governo do Estado de Minas Gerais publicou
o decreto nº 45.231/09, que criou a Comissão Estadual de Prevenção, Preparação
e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos (CE P2R2
Minas).

Todos os órgãos públicos inseridos no Decreto foram designados como


participantes da comissão estadual, que tem por finalidade:

Deliberar sobre diretrizes, políticas, normas regulamentares e técnicas,


padrões e outras medidas de caráter operacional de prevenção,
preparação e resposta rápida a acidentes ambientais com produtos
perigosos, de forma integrada, visando à otimização dos recursos
humanos, materiais e financeiros. (MINAS GERAIS, 2009).
SEÇÃO 3 – ASPECTOS LEGAIS SOBRE O PAPEL DO CBMMG 15

Visando dirimir quaisquer dúvidas quanto às responsabilidades de cada instituição


no atendimento a ocorrências com produtos perigosos no Estado de Minas Gerais,
a comissão do P2R2 criou um protocolo de atendimento que explicita as funções
de cada organização na resolução da emergência.

Para emergências com materiais biológicos em território mineiro, a Fundação


Ezequiel Dias é, em primeira análise, apoio real para identificação dos agentes e
auxílio técnico profissional e apoio potencial em caso de treinamentos e
capacitações para esse tipo de emergência.

No caso de materiais radioativos, diversos órgãos e instituições devem atuar em


conjunto, face a complexidade e características físico-químicas do produto. No
Brasil, foi criada a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) através da Lei
Federal nº 4.118/62, que atualmente desenvolve pesquisas, expede normas
relativas ao uso da energia nuclear e transporte desse tipo de material, sendo
ainda responsável por fornecer técnicos e solucionar problemas oriundos dessa
atividade. (BRASIL, 1962).

Através do Decreto Federal nº 2.210/97, houve a regulamentação da estrutura que


deverá fazer frente a eventuais emergências nucleares e radiológicas no país,
sendo atribuídas responsabilidades ao Sistema Nacional de Proteção e Defesa
Civil, às Forças Armadas, aos governos estaduais, de tal forma que todos possam
agir em cooperação para a solução do problema. (BRASIL, 1997).

A CNEN possui uma ramificação no Estado de Minas Gerais, existindo na capital


do Estado, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), que
poderá rapidamente fornecer técnicos para soluções de eventuais ocorrências
radioativas no âmbito do Estado. Embora o CBMMG tenha responsabilidade nas
ações de Defesa e Proteção Civil em emergências envolvendo produtos
perigosos, neste caso específico, deveremos atender às ocorrências com
materiais radioativos de forma subsidiária ao CNEN.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 16

De igual forma, o Exército Brasileiro possui equipes especializadas sediadas


noRio de Janeiro e em Goiânia, para atendimento a ocorrências que envolvam
materiais químicos, biológicos, radiológicos, nucleares e explosivos, assim, o
Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBMMG deverá atender às
ocorrências de forma subsidiária e em apoio às forças armadas.
SEÇÃO 4 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES 17

4 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Os conceitos a seguir são aplicáveis às atuações em emergências químicas e


possuem correlação com os procedimentos de operações normalmente aplicados
no cenário emergencial.

4.1 Autoridade competente

É qualquer organização ou autoridade no âmbito do Município, Estado ou


Federação que é designada, competente ou reconhecida como tal, para decidir
sobre questões relativas ao atendimento à ocorrências com produtos perigosos.
(ANTT, 2016)

4.2 Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres - BEMAD

Unidade do CBMMG, com capacitação técnica e logística para atendimento


especializado à ocorrências envolvendo produtos perigosos.

4.3 Bombonas

São embalagens de plástico ou metal, com seção transversal no formato do


recipiente, usadas para armazenar produtos perigosos ou rejeitos perigosos.
(ANTT, 2016)

4.4 Concessionária

Empresa da iniciativa privada responsável pela administração de determinado


trecho de uma rodovia ou sua totalidade. Será responsável pelo apoio às equipes
especializadas do CBMMG no que tange a desvio de pista de rolamento,
sinalização viária e destombamento de veículos sinistrados.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 18

4.5 Corredor de Redução de Contaminantes (CRC)

Estabelecimento montado com aparato mínimo necessário para as equipes de


descontaminação com o intuito de reduzir os agentes contaminantes nas vítimas,
equipes de intervenção e de descontaminação.

4.6 Destinatário

É qualquer pessoa, organização ou governo habilitado a receber um produto


perigoso, por intermédio da uma transportadora. (ANTT, 2016)

4.7 Equipe de Descontaminação

Guarnição composta de no mínimo 04 (quatro) integrantes. Atuarão na Zona


Morna, responsável pelo corredor de redução de contaminantes, tanto das vítimas,
como da equipe técnica envolvida na ocorrência.

4.8 Equipe de Intervenção

Guarnição composta de no mínimo 02 (dois) interventores, que atuarão na Zona


Quente, nas atividades de salvamento de vítimas e contenção de produtos
perigosos.

4.9 Equipe de Suporte

Guarnições responsáveis pela estrutura necessária ao atendimento emergencial,


como montagem de corredor de redução de contaminantes e equipagem das
equipes de intervenção e descontaminação.

4.10 Expedidor

É qualquer pessoa, organização ou governo que prepare um produto para


transporte a um destino especificado previamente. (ANTT, 2016)
SEÇÃO 4 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES 19

4.11 Guarnição de Socorro

Guarnição responsável pelas ações de combate à incêndio e socorro de vítimas,


com utilização de técnicas específicas para atendimento à ocorrências dessa
natureza.

4.12 Pelotão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres - PEMAD

Fração do CBMMG, com capacitação técnica e logística, vinculada às doutrinas de


atendimento do BEMAD para ocorrências envolvendo produtos perigosos.

4.13 Posto de Comando - PC

O Posto de Comando é o local onde os gestores de cada órgão envolvido tomam


as decisões e traçam linhas de ações a serem repassados para as equipes em
campo.

4.14 Produto Perigoso

Produto que tenha poder de causar danos ou apresentar risco à saúde, à


segurança e ao meio ambiente, classificado conforme os critérios estabelecidos
pela ONU e pela Resolução nº 5232/16 da ANTT. (ANTT, 2016)

4.15 Sistema de Comando em Operações - SCO

O Sistema de Comando em Operações é uma ferramenta de gerenciamento


voltada para mitigação dos riscos no local das operações, possuindo a
estruturação de um sistema coordenado de resposta ao acidente, com integração
e interação de todos os órgãos envolvidos. (OLIVEIRA, 2010)

4.16 Transportador

É qualquer pessoa, organização ou governo que efetua o transporte de produtos


perigosos por qualquer modalidade de transporte. O termo inclui as empresas
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 20

transportadoras, os transportadores autônomos e os de carga própria. (ANTT,


2016)

4.17 Viatura de Produtos Perigosos

Viatura adaptada e dotada de equipamentos especializados para equipes de


intervenção em ocorrências com produtos perigosos.

4.18 Zona Fria

Área delimitada além da Zona Morna, onde as vítimas serão entregues às equipes
de resgate. Espaço definido para espera de viaturas, Posto de Comando, recursos
humanos ainda não empregados e outros de afinidade logística. Na zona fria não
pode haver risco para as equipes envolvidas.

4.19 Zona Morna

Área definida entre a Zona Quente e Zona Fria, onde será montado o Corredor de
Redução de Contaminantes (CRC), para que as equipes possam atuar na
descontaminação de vítimas e na descontaminação técnica.

4.20 Zona Quente

Área delimitada pelo comandante das operações para atuação das equipes de
intervenção, onde o risco a integridade física é iminente, no qual as equipes só
podem adentrar devidamente equipadas, com o nível de proteção pertinente à
periculosidade da ocorrência.
SEÇÃO 5 – GENERALIDADES E PRIMEIRAS GUARNIÇÕES NO LOCAL 21

5 O ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS –


GENERALIDADES E PRIMEIRAS GUARNIÇÕES NO LOCAL

O atendimento a emergências envolvendo Produtos Perigosos deve ser tratado


pelo CBMMG com prudência e profissionalismo. Nesse tipo de emergência nem
sempre respostas rápidas levam a resultados eficientes, pois ações precipitadas e
mal planejadas podem gerar o agravamento da situação.

A primeira equipe a chegar ao local nem sempre será a equipe que possui
condições adequadas para prestar o atendimento completo, mas ainda assim
deve ter conhecimento e adotar medidas com vistas a não agravar a situação, e
iniciar as ações para o atendimento conforme descrito a seguir.

A sequência operacional padrão em uma ocorrência envolvendo Produtos


Perigosos deve ser a seguinte3:

a) identificação;
b) isolamento e delimitação de zonas de risco/atuação;
c) avaliação dos riscos e planejamento das ações;
d) salvamento e descontaminação de vítimas;
e) medidas de contenção e controle;
f) descontaminação de equipe e materiais.

Apesar de estarem bem delimitadas, as ações devem ser dinâmicas e as vezes


acabam se sobrepondo. Em casos de extrema necessidade, poderá haver a
inversão de algumas fases da sequência operacional.

Permeando todas estas ações, é de suma importância o planejamento e


planificação de metas a serem alcançadas, uma vez que emergências com
Produtos Perigosos são complexas e envolvem a participação de vários órgãos
governamentais e particulares exigindo a captação de grande quantidade de

3Elaborado pela comissão da ITO baseando-se nos manuais de Bombeiros Militares do Estado de
Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 22

informações que precisam ser bem compreendidas para que se obtenha sucesso
nas ações.

Assim que se tenha conhecimento da emergência, é importante o acionamento


imediato do NEA pelo Centro de Operações/SOU ou pela própria guarnição.

O NEA auxiliará com medidas importantes como o acionamento dos responsáveis


pela carga, incluindo o produtor, distribuidor, transportador e destinatário, a fim de
que esses sejam responsabilizados a providenciar empresa especializada em
atendimento a emergências químicas, para prestação de serviços de contenção,
transbordo e destombamento de veículos de carga.

Ao acionar o NEA é necessário fornecer o máximo de informações possíveis sobre


o acidente, sendo que o nome e contato da transportadora envolvida são
fundamentais, devendo o militar responsável por gerar a ocorrência colher essa
informação.

5.1 Primeiro no Local

No caso de acidentes em rodovias, ferrovias ou locais que armazenem produtos


perigosos, a primeira equipe a chegar ao local deverá aproximar-se com
segurança, a uma distância de aproximadamente 100 metros, preferencialmente
com o vento pelas costas e em nível mais elevado do local da emergência.
(ABIQUIM, 2015).

Com o uso de binóculos ou drones, deverá tentar identificar o produto envolvido e


verificar aspectos relevantes, repassando ao Centro de Operações e as demais
equipes que estiverem se deslocando para o local, a saber:

a) pessoas passando mal ou inconscientes, próximo ao acidente;


b) presença de animais mortos;
c) sons ou ruídos característicos de vazamento, incêndio etc.;
d) presença de vítimas e o quantitativo;
e) presença de fogo;
SEÇÃO 5 – GENERALIDADES E PRIMEIRAS GUARNIÇÕES NO LOCAL 23

f) estado físico do produto;


g) se há nuvem de gás deslocando-se em direção a edificações próximas,
bem como as condições do vento;
h) se há derramamento e se o produto está se deslocando em direção a
algum curso d’água;
i) as condições do tempo (se está chovendo, se está muito quente etc.);
j) tipo de veículo envolvido, bem como o formato de sua carroceria ou tipo
de local de armazenamento.

Se houver possibilidade de contato com o condutor do veículo acidentado, solicite


a ele informações sobre o produto envolvido, com possível repasse de nota fiscal,
envelope de embarque e ficha de emergência do(s) produto(s) envolvido(s) ou o
Plano de Ação de Emergência (PAE). Caso seja uma indústria ou outro local de
armazenamento, deverá ser feito contato com o responsável pela edificação
solicitando a Ficha de Informação de Segurança para Produtos Químicos (FISPQ)
dos produtos estocados.

Após essa verificação inicial, sendo identificado o produto, deverá ser realizado o
isolamento da área em todas as direções no raio previsto no Manual da
Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), FISPQ, Ficha de
Emergência, aplicativos para celular ou outra fonte de consulta confiável,
montando-se a área que será denominada Zona Quente. Não deve ser permitido
que nenhuma pessoa sem uso do equipamento de proteção necessário entre
nessa área.

Caso não seja possível realizar a identificação inicial (por falta de visualização,
ausência de elementos de identificação ou outros motivos), deverão ser adotas as
seguintes distâncias de isolamento:

a) 100 metros de raio em todas as direções para vazamentos de gases ou


para quaisquer vazamentos de produtos líquidos e sólidos;
b) 800 metros para riscos de explosão (tanques envolvidos pelo fogo,
explosivos se incendiando etc.).
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 24

A primeira guarnição no local deve parar sua viatura de forma que em caso de
necessidade de saída rápida, não seja preciso fazer manobras, ou seja, estacionar
a viatura em ângulo de 45° em relação à via e de frente para rota de fuga,
conforme Figura 1. Deve-se ainda diligenciar para que as demais equipes que
cheguem ao local estacionem da mesma forma na Área de Espera do SCO.

Figura 1 – Viatura para atendimento a emergências com produtos perigosos estacionada em


ângulo de 45° pronta para uma saída rápida

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

Dentro da Zona Quente, vítimas que consigam se locomover, mesmo com


dificuldades, devem ser incentivadas a se deslocar sentido às equipes de
atendimento e serem acomodadas em um local delimitado na própria Zona Quente
(ainda que seja necessário o aumento da mesma) para que possam aguardar a
descontaminação e posterior condução a unidade hospitalar.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 25

6 FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS

O atendimento pode ser dividido em seis fases: identificação, isolamento,


salvamento, descontaminação, contenção/controle e transbordo.

6.1 Identificação

A identificação do(s) produto(s) envolvido(s) na emergência com Produtos


Perigosos deve ser a primeira ação e sua execução correta pode determinar o
sucesso nas demais etapas do atendimento.

A identificação deve ser feita a uma distância segura, com uso de ferramentas
adequadas e terá como objetivo a visualização de números, cores e símbolos
presentes no Painel de Segurança e no Rótulo de Risco, além da observação do
tipo de tanque e outras características presentes (para o caso de produtos em
transporte terrestre ou ferroviário).

O fornecimento de informações pelo condutor do veículo e o repasse de


documentos obrigatórios para o transporte como Nota Fiscal e Ficha de
Emergência são importantes para a identificação do produto com segurança para
as guarnições. O Envelope de Embarque também pode ser uma fonte de
informação, apesar de não ser obrigatório. No caso de produtos estocados em
indústrias, por exemplo, o responsável pelo empreendimento é quem deverá
prestar as informações necessárias.

Não sendo possível identificar o produto envolvido a uma distância segura, as


equipes de resposta devem utilizar EPI de nível máximo (proteção nível A) e se
deslocar até o veículo para tentar efetuar a identificação coletando os documentos
supracitados, que geralmente se encontram na cabine do veículo. No caso de
locais de armazenamento, deverão buscar a ficha com dados de segurança do
produto.

Os equipamentos de detecção e monitoramento existentes no mercado, como


detectores de gases, OXI-explosímetros, pHmetros, tubos colorimétricos, entre
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 26

podem ser ótimas ferramentas para auxiliar na identificação parcial ou completa


do produto, definindo importantes riscos existentes, tais como inflamabilidade,
capacidade de oxidação e corrosão.

Mesmo que a identificação do produto envolvido a uma distância segura tenha


sido possível, as equipes de intervenção devem procurar obter, assim que
possível, os documentos obrigatórios no transporte de produtos perigosos,
visando confirmar se realmente os produtos conferem com os levantamentos
iniciais, uma vez que não raras vezes são encontrados veículos com uso de
Rótulo de Risco e Painel de Segurança que não condizem com o produto
transportado.

Segundo o item 2.0.1.1 da Resolução nº 5232/16 da ANTT, os produtos perigosos


são classificados dentro de nove Classes de Riscos e diversas subclasses, a
saber:

Classe 1: Explosivos
– Subclasse 1.1: Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;
– Subclasse 1.2: Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem
risco de explosão em massa;
– Subclasse 1.3: Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno
risco de explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão
em massa;
– Subclasse 1.4: Substâncias e artigos que não apresentam risco
significativo;
– Subclasse 1.5: Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão
em massa;
– Subclasse 1.6: Artigos extremamente insensíveis, sem risco de
explosão em massa;
Classe 2: Gases
– Subclasse 2.1: Gases inflamáveis;
– Subclasse 2.2: Gases não-inflamáveis, não-tóxicos;
– Subclasse 2.3: Gases tóxicos;
Classe 3: Líquidos inflamáveis
Classe 4: Sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à combustão
espontânea
Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis;
– Subclasse 4.1: Sólidos inflamáveis, substâncias auto reagentes e
explosivos sólidos insensibilizados;
– Subclasse 4.2: Substâncias sujeitas à combustão espontânea;
– Subclasse 4.3: Substâncias que, em contato com água, emitem gases
inflamáveis;
Classe 5: Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos
– Subclasse 5.1: Substâncias oxidantes;
– Subclasse 5.2: Peróxidos orgânicos;
Classe 6: Substâncias tóxicas e substâncias infectantes
– Subclasse 6.1: Substâncias tóxicas;
– Subclasse 6.2: Substâncias infectantes;
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 27

Classe 7: Material radioativo


Classe 8: Substâncias corrosivas
Classe 9: Substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias
que apresentem risco para o meio ambiente. (ANTT, 2016).

Na fase de identificação, ocorrendo o incidente em vias terrestres, são possíveis


as formas elencadas abaixo, para se identificar o produto que estava sendo
transportado pelo veículo ou locomotiva. Para tanto deverão ser observados:

a) rótulo de risco;
b) painel de segurança;
c) envelope de embarque (não obrigatório);
d) ficha de emergência;
e) documento fiscal para embarque;
f) FISPQ do produto.

Nos casos de produtos armazenados em embalagens, são previstas regras para


rotulagem do mesmo em que são informados os nomes dos produtos, frases de
advertência, o produtor, recomendações de socorro imediato e simbologia própria,
conforme previsão na Lei Federal nº 6514/77 e Portaria nº 3214 do Ministério do
Trabalho e Emprego. Um exemplo de rotulagem padrão pode ser verificado abaixo
(Figura 2):
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 28

Figura 2 – Exemplo de Rotulagem Padrão

Disponível em: www.fundacentro.gov.br. Acesso em: 06nov19

Os Rótulos de Risco são figuras em forma de losango com cores características,


fixados do lado externo à carga, que indicam as classes e os riscos principais da
carga (Figura 3).
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 29

Figura 3 – Rótulos de Risco

Fonte: ANTT, 2016, p.192.

O Painel de segurança é um retângulo na cor laranja que indica o Número de


Risco e o Número ONU da substância transportada (Figura 4).

O Número de Risco consiste em dois ou três algarismos indicando o risco principal


e o risco subsidiário dos produtos. O primeiro algarismo indica o risco principal do
produto, que em geral correspondem às Classes de Risco, porém há exceções.

O segundo e terceiro algarismos indicam os riscos subsidiários, quando


existentes, atendendo a seguinte definição:
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 30

2 – Desprendimento de gás devido à pressão ou à reação química;


3 – Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquido sujeito a auto
aquecimento;
4 – Inflamabilidade de sólidos ou sólido sujeito a auto aquecimento;
5 – Efeito oxidante (intensifica o fogo);
6 – Toxicidade ou risco de infecção;
7 – Radioatividade;
8 – Corrosividade;
9 – Risco de violenta reação espontânea.

Algarismos repetidos indicam a intensificação do risco específico e não são


previstos o número 1 no primeiro, segundo e terceiro algarismo. Isso se deve ao
fato da Resolução nº 5232/16 da ANTT não prever tal numeração para explosivos,
sendo que no transporte haverá apenas o Rótulo de Risco correspondente e
Painel de Segurança com número da ONU (sem número de risco).

Quando o risco associado à substância puder ser adequadamente indicado por


um único algarismo, tal algarismo deve ser seguido de zero. As combinações de
algarismos a seguir têm, entretanto, um significado especial: 22, 323, 333, 362,
382, 423, 44, 446, 462, 482, 539, 606, 623, 642, 823, 842, 90 e 99, conforme
demonstrado em seguida.

Quando o número de risco for precedido da letra “X”, significa que tal substância
reage perigosamente com água. Nesses casos, a água somente deve ser utilizada
caso aprovado por especialistas (ANTT, 2016, p.192).

No Anexo A desta ITO, foram listados os significados de números de risco


possíveis, incluindo números com significados especiais.

O Número ONU é composto por 4 algarismos e representa um número de série


atribuído à substância ou mistura, de acordo com o sistema das Nações Unidas. É
único para cada um deles, assim é possível saber exatamente qual produto ou
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 31

mistura está sendo transportada através de consulta à Resolução nº 5232/16,


manual da ABIQUIM, aplicativos para celulares, consulta na internet etc.

Figura 4 – Painel de Segurança

Fonte: ANTT, 2016

Para o uso de Painéis de Segurança e Rótulos de Risco (Figura 5), as regras da


ABNT NBR 7500 devem ser seguidas quando são transportadas uma ou mais de
uma substância, de mesma classe ou de classes distintas.

Figura 5 - Rótulo de Risco e Painel de Segurança

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

A norma padroniza ainda o uso de Painéis de Segurança e Rótulos de Risco para


cargas a granel, transportadas em tanques ou compartimento sem que o próprio
veículo seja a “embalagem do produto”, como tanques de gasolina, grandes
cilindros de gases, e outros.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 32

Já em cargas embaladas (ou fracionadas) são utilizados outros tipos de


embalagens que retém o produto, como tonéis, pequenos cilindros, etc (Figuras 6
a 11).

Figura 6 - Transporte de carga a granel de um único produto perigoso, na mesma unidade de


transporte

Fonte: NBR 7500, 2017

Figura 7 - Transporte de carga a granel de mais de um produto perigoso de mesmo risco principal,
na mesma unidade de transporte

Fonte: NBR 7500, 2017

Figura 8 - Transporte de carga a granel de mais de um produto perigoso de riscos principais


diferentes, na mesma unidade de transporte

Fonte: NBR 7500, 2017

Figura 9 - Transporte de carga fracionada de um único produto perigoso, na mesma unidade de


transporte

Fonte: NBR 7500, 2017


SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 33

Figura 10 - Transporte de carga fracionada de mais de um produto perigoso de mesmo risco


principal, na mesma unidade de transporte

Fonte: NBR 7500, 2017

Figura 11 - Transporte de carga fracionada de mais de um produto perigoso de riscos principais


diferentes, na mesma unidade de transporte

Fonte: NBR 7500, 2017

6.1.1 Sistema NFPA 704 - Diamante de Hommel

Trata-se de um diagrama conhecido como diagrama do risco, o qual fornece as


ameaças gerais inerentes a cada produto e seus riscos específicos (Figura 12). A
indicação do grau de severidade das ameaças pode ser expressa em situações de
emergência, tais como incêndios, explosões e vazamentos. Não é um sistema
utilizado no Brasil, porém, pode ser encontrado em algumas cargas importadas.

Identifica as ameaças em três categorias denominadas “saúde”, “inflamabilidade”


e “reatividade”, indicando o grau de severidade de cada uma das categorias,
mediante cinco níveis numéricos, que oscilam de zero (menos severo) a quatro
(mais severo).

O Diamante de Hommel trata os riscos específicos de produtos químicos com a


seguinte simbologia: “W” reage com água; “COR” para corrosivo; “OXY” para
oxidante; “ALK” para alcalino; “ACID” para ácido e o símbolo do trifólio indica
radioatividade.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 34

Figura 12 – Diamante de Hommel (descrição)

Fonte: Disponível em: www.segurancadotrabalhoacz.com.br. Acesso em 07nov19

6.1.2 Documento fiscal para transporte de Produtos Perigosos

Conforme Resolução nº 5232 da ANTT (2016) é considerado como documento


fiscal para transporte a declaração de carga, nota fiscal, conhecimento de
transporte, manifesto de carga, documentos auxiliares de documentos eletrônicos
ou outro documento que acompanhe a expedição e que contenha o número ONU,
nome apropriado para embarque, classe de risco principal, número da classe e
subclasse de risco, grupo da embalagem correspondente à substância e a
quantidade total por produto.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 35

6.1.3 Ficha de Emergência

Contém informações relevantes sobre o produto, servindo de auxílio às ações de


atendimento, em caso de acidentes ou incidentes, devendo estar explícito os
seguintes dados: natureza do risco apresentado pelos produtos perigosos
transportados, bem como as medidas de emergências; as disposições aplicáveis
caso uma pessoa entre em contato com os produtos transportados ou com
substâncias que podem desprender-se deles; as medidas a serem tomadas em
caso de ruptura ou deterioração de embalagens ou tanques, ou em vazamento ou
derramamento de produtos perigosos transportados; no caso de vazamento ou no
impedimento do veículo prosseguir viagem, as medidas necessárias para a
realização do transbordo da carga ou informações quanto a restrições de
manuseio do produto; números de telefones de emergência do Corpo de
Bombeiros Militar, Polícia, Defesa Civil, órgão ambiental e quando for o caso,
órgãos competentes para as Classes 1 e 7, ao longo do itinerário; os produtos
considerados incompatíveis para fins de transporte. A Figura 13 apresenta um
modelo de ficha de emergência.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 36

Figura 13 – Ficha de Emergência

Fonte: NBR 7503, 2018. Elaborado pelos autores

6.1.4 Envelope de Embarque

Envelope impresso com as instruções e recomendações em casos de acidentes,


indicando os números telefônicos para acionamento do serviço de emergência
(Figura 14).
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 37

Figura 14 – Envelope de Embarque

Fonte: NBR 7503, (2018)

6.1.5 Manual da ABIQUIM, equipamentos de detecção e Ficha de


Informações de Segurança de Produto Químico

O meio mais seguro em relação à segurança das equipes de intervenção é


sempre utilizar binóculos para identificar o Rótulo de Risco e o Painel de
Segurança, que deverão estar próximos a carga acidentada. Para conhecimento
das características físico-químicas dos produtos envolvidos no sinistro, existem
diversas literaturas que versam sobre o assunto, sendo a mais popular o Manual
para Atendimento a Emergências com Produtos Perigosos da ABIQUIM (Figura
15).

Consultando corretamente o manual é possível identificar o produto químico


perigoso, mas em situações adversas que impeçam tal prática, como ausência de
Painel de Segurança, Rótulo de Risco ou até mesmo cargas embaladas em
desconformidade com as exigências impostas pelos órgãos competentes, poderão
ser utilizados equipamentos de detecção. Os detectores utilizados pelos Corpos
de Bombeiros Militares são aqueles que indicam a presença e a concentração de
gases no ambiente, sendo os mais comuns, os detectores configurados para
leitura de oxigênio, monóxido de carbono, gás sulfídrico e gases inflamáveis
(Figura 16).
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 38

Figura 15 – Manual da ABIQUIM

Disponível em: www.cvs.saude.sp.gov.br. Acesso em: 18jun19

Figura 16 – Detector de Gases

Disponível em: www.premiersafety.com. Acesso em: 18 jun19

Apesar do manual da ABIQUIM ser a literatura mais conhecida para identificar a


substância pelo número da ONU ou buscar informações sobre procedimentos a
serem adotados, a Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ) é um documento normatizado pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) conforme norma ABNT NBR 14725-4, devendo ser priorizada.
Outros meios podem ser consultados subsidiariamente, como aplicativos de
celular e sites da internet, desde que estejam em conformidade com as doutrinas
adotadas pelo CBMMG.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 39

A FISPQ é normatizada pelo Decreto Federal nº 2.657/98 e deve ser recebida


pelos empregadores que utilizem produtos químicos, tornando-se um documento
obrigatório para a comercialização desses produtos. Em posse das informações
da FISPQ são confeccionadas as Fichas com Dados de Segurança de Produto
Químico, previstas na NR 26 do Ministério do Trabalho, sendo que tal
documentação deve ser de fácil acesso aos trabalhadores que manipulam
produtos químicos no local de trabalho.

A FISPQ fornece informações sobre vários aspectos dos produtos (substâncias ou


misturas) quanto à segurança, à saúde e ao meio ambiente; transmitindo dessa
maneira, conhecimentos sobre produtos químicos, recomendações sobre medidas
de proteção e ações em situação de emergência.

Esse documento é dividido em dezesseis seções que contemplam informações


sobre vários aspectos do produto como mistura, composição, aspectos de
proteção, segurança, saúde e meio ambiente, fornecendo informações detalhadas
sobre os produtos e sobre ações de emergência a serem adotadas em caso de
acidente.

A FISPQ específica do produto é o principal documento que deve ser consultado,


podendo ser facilmente localizada na internet, para que possa ser traçada a
melhor estratégia para solução do incidente (Figura 17).
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 40

Figura 17 – Modelo orientativo de Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

Fonte: NBR 14.725-4, (2014)

Ultrapassada a fase de identificação, deve-se concentrar esforços no isolamento


adequado no local do acidente. As distâncias de isolamento necessárias também
estão descritas no Manual da ABIQUIM, sendo recomendado o isolamento do
local através de cones, cordas, fitas zebradas ou qualquer outro meio que possa
indicar uma área delimitada que impeça a passagem de pessoas. Deve-se ainda
tomar os devidos cuidados em relação a direção e intensidade do vento no
isolamento de áreas que contenham produtos gasosos, líquidos inflamáveis com
baixo ponto de fulgor e materiais particulados suspensos na atmosfera.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 41

6.2 Isolamento

Para o correto isolamento do local do acidente deve-se utilizar as distâncias


previstas em documentos como a FISPQ, o Manual da ABIQUIM ou outros meios
utilizados pelo CBMMG. Para tanto, usa-se como ponto central o local do
acidente, marco inicial para delimitação de um perímetro e raio de distância, em
todas as direções.

A equipe de intervenção deve atentar para fatores importantes como a velocidade


e direção do vento, aspectos meteorológicos, capacidade de reatividade do
produto, topografia e hidrografia, que podem influenciar no aumento do raio de
isolamento.

É de suma importância o apoio de órgãos de controle de tráfego e segurança


pública na ação de isolamento, sendo necessário que estejam cientes dos riscos
envolvidos na operação.

A delimitação de zonas de trabalho trará maior organização para as atividades,


além de ser fundamental para emergências que envolvam produtos tóxicos,
contaminantes e/ou reativos. Para tanto, utiliza-se as seguintes denominações:

6.2.1 Zona Quente

Espaço físico onde está localizada a origem do acidente. Nessa área o risco é
iminente, devendo ser isolado, sendo permitido somente o acesso das equipes de
intervenção. (NBR 14.064, 2015)

6.2.2 Zona Morna

Local que servirá de ligação entre as Zonas Quente e Fria. Área onde será
montado o corredor de redução de contaminação, sendo o acesso permitido
somente às equipes de descontaminação. (NBR 14.064, 2015)
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 42

6.2.3 Zona Fria

Local externo ao acidente, onde o risco será mínimo ou inexistente. Nele deverão
estar localizados todas as equipes de suporte, além dos órgãos de imprensa e de
apoio, como Defesa Civil e outros. Nessa área será montado o Posto de
Comando. (NBR 14.064, 2015)

A Figura 18 ilustra a delimitação de zonas e o uso dos materiais necessários para


isolamento.

Figura 18 - Desenho Esquemático para Delimitação das Zonas de Trabalho

Fonte: Adaptado pelos autores de NBR 14.064, 2015

Após o isolamento e montagem das zonas de trabalho, a equipe de intervenção


deve adentrar ao local em que houve vazamento do produto químico para salvar
eventuais vítimas. Para tanto, devem estar paramentados com vestimentas de
proteção adequadas ao risco que a substância química oferece.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 43

Concomitante à montagem da estrutura para redução da descontaminação, a


equipe de intervenção deve retirar do local sinistrado todas as vítimas possíveis,
montando para isso uma linha de redução de contaminação de emergência.

6.2.4 Planejamento das Ações e Intervenção na Zona Quente

O uso de uma ferramenta gerencial de comando e controle é fundamental para o


sucesso no atendimento a emergências com Produtos Perigosos. Em Minas
Gerais a ferramenta adotada pelo CBMMG e demais órgãos de Segurança Pública
é o Sistema de Comando em Operações (SCO). A coordenação das atividades
em emergências envolvendo produtos químicos perigosos caberá ao Corpo de
Bombeiros Militar, conforme citação da NBR 14064, 2015.

11.1.2 Independentemente do porte, da severidade ou da complexidade


de uma ocorrência envolvendo o TRPP, é necessário a efetivação de um
SCO, a qual deve ser exercida, sempre que possível, pelo Corpo de
Bombeiros, de forma conjunta e participativa com as demais instituições
públicas e privadas envolvidas no planejamento e na execução das
ações de resposta a emergência. (ABNT, 2015).

O comandante das operações deve atentar para as especificidades de cada


emergência, levando em consideração diversos aspectos, como periculosidade do
produto envolvido, magnitude do evento, características do ambiente, entre outros
aspectos relevantes.

A busca por informações que subsidiarão as tomadas de decisões deve estar


pautada em literaturas renomadas, bem como o uso de novas tecnologias, como
programas e aplicativos para telefones. Devem ser evitadas as tomadas de
decisões baseadas exclusivamente no Manual da ABIQUIM ou aplicativos para
telefone celular, haja vista que as informações sobre as ações emergenciais não
raras vezes são genéricas para uma gama de produtos.

Sob o ponto de vista da identificação, a nota fiscal que deve estar junto ao
condutor do veículo ou composição férrea, sendo a nota a maneira mais confiável
de se identificar o produto, considerando a hipótese de que outras formas de
identificação, como Ficha de Emergência, Painel de Segurança ou Rótulo de
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 44

Risco podem estar trocados ou ainda errados, por negligência do transportador. A


nota fiscal contém dados importantes como data do transporte, volume da carga,
expedidor e destinatário, que dificilmente estarão errados.

Em caso de produtos estocados em empresas, deve-se buscar a Ficha com


Dados de Segurança (FDS), que possui grande parte das informações presentes
na FISPQ, por norma do Ministério do Trabalho, em todos os locais em que haja
manuseio dos produtos perigosos com conhecimento de todos os colaboradores
envolvidos.

Ações de intervenção na Zona Quente devem ser planejadas e pautadas sob


diversos aspectos, em especial a segurança das operações. A viabilidade de
entrada imediata em local hostil e perigoso deve ser avaliada pelo comando, bem
como as condições técnico-profissionais da equipe no que diz respeito à
quantidade de recursos humanos e logísticos disponíveis, capacitação e
preparação dos militares e necessidade iminente de atuação.

Ações que não demandem grande urgência, por não trazer prejuízos à vida,
patrimônio público ou meio ambiente devem, a princípio, ser realizadas por
profissionais contratados pelo poluidor, conforme art. 90 do Decreto Estadual nº
44.844/08, art. 28 do Decreto Federal nº 96.044/88 e o art. 5º da Lei Estadual nº
22.805/17.
“Art. 90 – Fica a pessoa física ou jurídica responsável por
empreendimento que provocar acidente com dano ambiental obrigada a:
(...)
II – adotar, com meios e recursos próprios, as medidas necessárias para
o controle das consequências do acidente, com vistas a minimizar os
danos à saúde pública e ao meio ambiente, incluindo as ações de
contenção, recolhimento, neutralização, tratamento e disposição final dos
resíduos gerados no acidente, bem como para a recuperação das áreas
impactadas, de acordo com as condições e os procedimentos
estabelecidos ou aprovados pelo órgão ambiental competente;” (MINAS
GERAIS, 2008)

“Art. 28. As operações de transbordo em condições de emergência


deverão ser executadas em conformidade com a orientação do expedidor
ou fabricante do produto, e se possível, com a presença de autoridade
pública.” (BRASIL, 1988).

“Art. 5º Os transportadores de produtos e resíduos perigosos ficam


obrigados a manter, diretamente ou por meio de empresa especializada,
serviço de atendimento a emergências capaz de:
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 45

I - iniciar as primeiras ações emergenciais em até duas horas da


ocorrência do acidente;
II - disponibilizar no local do sinistro os recursos apropriados para
desobstrução da via e iniciar os procedimentos para transbordo,
inertização, neutralização e demais métodos físicos, químicos e físico-
químicos de mitigação, limpeza do local e remoção dos veículos
sinistrados, em até quatro horas da ocorrência do acidente, caso ocorrido
nas regiões metropolitanas, e em até oito horas nas demais localidades,
salvo ocorrência de caso fortuito ou força maior;
III - iniciar as ações de remoção dos resíduos e de descontaminação do
ambiente do entorno do local do acidente, em até vinte e quatro horas
após a conclusão das atividades previstas no inciso II”. (MINAS GERAIS,
2017).

Superadas as questões que dizem respeito à necessidade e possibilidade de


intervenção, esta deve ser planejada, estabelecendo as prioridades e utilizando
equipamentos e técnicas adequadas. A escolha correta do Equipamento de
Proteção Individual é uma das principais ações para uma intervenção segura.

6.2.5 Trajes para Atuação em Emergências com Produtos Perigosos

Os trajes para atuação em emergências com produtos perigosos são classificados


conforme seu grau de proteção. Algumas literaturas diferem quanto a
obrigatoriedade na utilização de determinados equipamentos de proteção, como
por exemplo o capacete.

Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (2017), o uso do


capacete varia de acordo com a avaliação, já conforme Kenneth et al (2005, p.
484), o capacete é item presente em todos o níveis de proteção. Para fins de
padronização, e com base na Gestão do Risco, previsto na ITO 01, que trata
sobre o Serviço Operacional, os trajes para atendimento a ocorrências com
produtos perigosos serão classificados conforme descrição a seguir.

6.2.5.1 Nível A

Este nível fornece maior proteção respiratória e à pele, sendo composto por:
aparelho autônomo de respiração com pressão positiva ou linha de ar enviado,
vestimenta encapsulada com resistência química e dotada de válvulas de fluxo,
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 46

luvas internas, externas e botas, capacete Interno (conforme avaliação do risco) e


rádio (Figura 19).

Figura 19 - Traje Nível A de Proteção

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

Uso do EPI nível A:

a) substância é identificada e requer o mais alto nível de proteção para o


sistema respiratório, pele e olhos;
b) houver suspeita da presença de produtos com alto potencial de danos à
pele e o possível contato por existir vapores, gases ou partículas em
suspensão;
c) atendimentos em locais confinados e sem ventilação (alta concentração
de gases, vapores ou materiais particulados com possíveis danos à pele);
d) leituras em equipamentos indicando concentrações perigosas de gases ou
vapores na atmosfera (valor acima do IDLH – Imediatamente perigoso à
vida e a saúde);
e) produto não identificado.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 47

6.2.5.2 Nível B

Este nível fornece maior proteção respiratória, semelhante ao nível A, e proteção à


pele limitada, sendo composto por: aparelho autônomo de respiração com pressão
positiva, roupa de proteção contra respingos químicos (em 1 ou 2 peças) ou
roupão encapsulado sem válvulas de fluxo, luvas internas, externas e botas
resistentes a produtos químicos, capacete (conforme avaliação do risco) e rádio
(Figura 20).

Figura 20 - Traje nível B de proteção

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

Uso do EPI nível B:

a) produto e concentração identificados e que requerem um alto grau de


proteção respiratória sem, no entanto, exigir esse nível de proteção para a
pele. Por exemplo, atmosferas contendo concentração de produto ao nível
do IDLH sem oferecer riscos à pele;
b) concentração de oxigênio no ambiente inferior a 19,5% em volume;
c) descartada a formação de gases, vapores ou materiais particulados em
altas concentrações e danosas à pele.

6.2.5.3 Nível C

Este nível fornece proteção respiratória seletiva e proteção à pele limitada,


semelhante ao nível B, sendo composto por: aparelho de respiração, sem pressão
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 48

positiva ou máscara com filtro, roupa de proteção contra respingos químicos


confeccionada em 1 ou 2 peças, luvas internas, externas e botas resistentes a
produtos químicos, óculos de proteção, capacete (conforme avaliação do risco) e
rádio (Figura 21).

Figura 21 - Traje Nível C de Proteção

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

Uso do EPI nível C:

a) concentração de oxigênio no ambiente superior a 19,5% em volume,


produto identificado e com concentração reduzida a um valor inferior ao
seu limite de tolerância com o uso de máscaras filtrantes;
b) concentração do produto inferior ao IDLH;
c) trabalho a ser realizado sem exigência do uso de máscara autônoma de
respiração.

6.2.5.4 Nível D

Este representa o nível padrão de vestimenta para trabalho, sendo composto por:
macacões, uniformes ou roupas de trabalho, botas ou sapatos de couro ou
borracha, resistentes a produtos químicos, óculos ou viseira de segurança e
capacete.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 49

Apesar da presunção de que a melhor proteção é aquela que possui maior grau
de proteção ao bombeiro militar, a saber, o traje de nível A, trata-se de uma ideia
errônea, visto que as limitações de movimentos, a autonomia respiratória e o
desgaste físico do militar são fatores relevantes no desenvolvimento dos
trabalhos.

O melhor nível de proteção é aquele que protege com segurança o bombeiro


militar aos riscos expostos, garantindo melhor conforto e agilidade no trabalho. Por
isso julga-se importante a identificação do agente agressor, que permitirá a
seleção correta do nível de proteção.

Figura 22 – Utilização do traje nível D

Fonte: Acervo do CBMMG

6.3 Salvamento

Quando a emergência com Produtos Perigosos resultar em vítimas, o salvamento


será a primeira ação a ser realizada dentro da Zona Quente, desde que exista
condições mínimas de segurança para os militares. Para tanto, a equipe de
salvamento deve ter pleno conhecimento dos riscos existentes e utilizar EPI’s
adequados para o atendimento.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 50

As ações de salvamento devem ser bem planejadas, visando evitar falhas na


operação, sendo o deslocamento e trabalho na Zona Quente executado por
equipes com no mínimo dois socorristas.

Sempre que houver equipes trabalhando na Zona Quente, deve-se deixar em


condições na Zona Fria, uma dupla pronta para intervir em caso de acidentes, de
forma que a dupla possa estar equipada com o mesmo nível de proteção química
da equipe de intervenção em operação, sendo denominada como equipe reserva
ou de back-up.

Em ocorrências cujas características dos produtos envolvidos apresentem risco


para a vida e/ou a saúde da(s) vítima(s) e socorristas, o procedimento de
salvamento deve visar à retirada rápida da vítima do local de risco, devendo a
equipe de intervenção levar apenas os equipamentos necessários para a ação,
uma vez que os primeiros socorros serão oferecidos à vítima na Zona Fria, pela
equipe médica.

Se o produto perigoso envolvido apresentar risco à saúde, por inalação, deverá


ser levado para a vítima um equipamento de respiração autônoma, sendo sua
disponibilidade à vítima, a primeira ação a ser adotada, com vistas a minimizar os
efeitos dos agentes contaminantes.

Se o produto perigoso for contaminante para a vítima, mesmo que nas condições
anteriores, ela apenas será conduzida para a Zona Fria após passar pelo Corredor
de Redução de Contaminantes (CRC).

As vítimas serão entregues pela equipe de intervenção para a equipe de


descontaminação na base 02, que assumirá as ações e cuidados com as vítimas,
reduzindo a contaminação e entregando-as à equipe médica para os primeiros
socorros.

No caso do EPR do socorrista começar a soar, indicando que o ar existente dentro


do cilindro está esgotando, o socorrista e seu dupla deverão abandonar os
trabalhos e deslocar-se até o CRC para efetuar a troca do EPR.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 51

Importante lembrar que após início do sinal sonoro do EPR, o socorrista ainda tem
em média 5 minutos de ar respirável no cilindro e depois de esgotado, se estiver
equipado com nível A, ainda poderá respirar dentro do roupão encapsulado por
cerca de 3 minutos, sem sofrer qualquer efeito danoso, de forma que não há razão
para o desespero.

Em casos específicos, onde o raio de isolamento da Zona Quente for muito


grande, poderão ser usados equipamentos para auxiliar na retirada das vítimas,
como uma maca de resgate ou até mesmo a própria unidade de resgate, porém
esses materiais e veículos tornar-se-ão inutilizáveis para outras ações, até serem
devidamente descontaminados.

6.4 Descontaminação

O Corredor de Redução de Contaminantes (CRC) é rota obrigatória para todos


que retornem da Zona Quente em atendimento a emergências com Produtos
Perigosos, sendo por definição uma área de transição entre as Zonas Quente e
Fria. Geralmente o ponto de acesso à Zona Quente é colocado lateralmente ao
CRC, sendo também rota obrigatória para acesso ao local do acidente.

Há vários tipos de substâncias e produtos utilizados para redução da


contaminação, que em geral atuam também na neutralização do produto perigoso.
Entretanto, para fins desta ITO, adotar-se-á como solução padrão a mistura de
água com detergente ou água com sabão4, a fim de facilitar a remoção dos
contaminantes. Preferencialmente deve ser usado esses agentes tendo eles pH
neutro de fábrica, pois tanto as vítimas como os materiais e viaturas podem ser
descontaminados com essa solução.

O local de instalação do CRC deve ser escolhido após avaliação da direção do


vento e sempre que possível, deve ser instalado em local mais alto que o cenário
emergencial.

4O sabão em água dura (que possui íons de cálcio, de magnésio e de ferro misturados) ou em
água ácida pode perder o seu poder de limpeza. (MONARETTO, Tatiana e ANTUNES, Andressa
D. C.. 2012, p.21). Assim, é recomendável o uso de detergente em relação ao sabão.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 52

As equipes de suporte não precisam estar com EPI para efetuarem a montagem
do CRC, uma vez que esse será montado fora da Zona Quente. Após a passagem
da primeira pessoa a ser descontaminada, só poderá ficar na área do CRC a
equipe de descontaminação, devidamente equipada.

A equipe de descontaminação deverá estar equipada com vistas a se proteger dos


riscos do produto envolvido na estação 02, primeira estação ocupada por
integrantes da equipe de descontaminação, de forma que os militares deverão
usar EPI do mesmo nível de proteção química, ou um nível abaixo do utilizado
pela equipe de intervenção.

A cada estação avançada, o EPI utilizado pela equipe de descontaminação poderá


diminuir um nível, até alcançar o Nível C, o menor a ser utilizado na Zona Morna.

Existem vários layouts previstos para montagem do CRC, conforme demanda,


finalidade e recursos disponíveis. Informações sobre a necessidade de
descontaminação de vítimas e socorristas ou apenas de equipamentos, bem como
o grau de risco do produto envolvido, a disponibilidade de recursos humanos e a
quantidade de materiais para a resposta adequada, serão de suma importância na
tomada de decisões.

O CBMMG adota como layout padrão o CRC com 07 bases (Figura 23), alocadas
de forma tal que à medida que se avança pelas bases, o grau de contaminação
vai diminuindo.

O ideal é que a equipe de descontaminação seja composta por oito membros,


sendo um chefe de equipe, dois militares na base 02 e um militar em cada uma
das demais bases, com exceção da base 01, que não fica ninguém.

Em caso de dificuldades com efetivo, pode-se operar o CRC com no mínimo


quatro militares, sendo dois na base 02, um que trabalhará nas bases 03 e 05, de
forma que esse tenha contato apenas com as partes externas do EPI e um militar
que trabalhará nas bases 04 e 06, sendo que esse terá contato apenas com
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 53

partes internas de EPI’s e com o EPR, evitando assim a contaminação do


socorrista. Na base 07 o próprio socorrista executará as funções necessárias.

Figura 23 – Corredor de Redução de contaminação em exercício simulado

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

As ações executadas em cada uma das bases e os equipamentos necessários


estão descritos a seguir:

6.4.1 Base 01

Localizada na Zona Quente, limite com a Zona Morna, é o local onde serão
depositados roupas e pertences retirados das vítimas, além de todos os
equipamentos utilizados para intervenção, que serão posteriormente
descontaminados. É importante que haja disponibilidade de uma lona plástica5
para evitar a contaminação do solo e recipientes para armazenar objetos nela
deixados, além de material de corte para remoção de roupas e pertences.

5Existem lonas que contêm compostos orgânicos como algodão, por exemplo, que devem ter seu
uso evitadas pois, pode haver algum tipo de reação entre a substância e esse material.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 54

6.4.2 Base 02

Primeira base dentro da Zona Morna, é o local onde serão descontaminadas as


vítimas e os EPI’s dos socorristas quando deixarem a Zona Quente. Nessa base é
importante que haja disponibilidade de uma lona para evitar a contaminação do
solo e equipamentos para contenção dos rejeitos gerados na descontaminação,
podendo ser uma piscina de aproximadamente 1000 litros, equipamentos para
fornecimento de solução descontaminante e de água para enxágue, como bombas
costais e/ou mangueiras de incêndio, além de materiais para esfregar e auxiliar na
remoção de contaminantes, como escovas e vassouras de cerdas macias e de
material sintético6.

Um importante conceito para auxiliar na descontaminação é a utilização de jatos


d’água para diluir e umedecer os resíduos perigosos e posteriormente utilizar jatos
com a solução descontaminante para executar o processo de diluição, esfregando
bastante para garantir a remoção dos contaminantes. Por fim, aplicar novamente
jatos de água para enxágue.

No caso de descontaminação de EPI, deverá ser dada atenção especial à


lavagem das luvas e botas. As vítimas deverão entrar nessa base sem roupas e
acessórios, pois se acredita que mais de 80% dos contaminantes estejam na
superfície desses objetos. Regiões de pelos e cabelos, bem como orifícios e
ferimentos devem receber atenção especial, devendo ser copiosamente lavados.
O processo de descontaminação das vítimas deve seguir o mesmo conceito de
enxaguar, lavar e enxaguar7, contudo, para vítimas esse processo deve ser ágil,
não superior a 3 minutos. Após a passagem pela base 02, a vítima deve ser
colocada próximo ao corredor de acesso e encaminhada à equipe médica para
receber os primeiros socorros necessários.

6Vassouras do tipo “piaçava” devem ser evitadas por se tratar de material orgânico que reage com
determinadas substâncias.
7 O primeiro enxágue visa a diluição do contaminante. A lavagem objetiva o uso de agente de
descontaminação que, na maioria dos casos, é aplicação de água com detergente/sabão e a
remoção física com as escovas e com as vassouras. O segundo enxágue tem a intenção de que
se retire o detergente/sabão aplicado.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 55

6.4.3 Base 03

Essa base é sequencial à base 02 e nela pode-se realizar duas ações,


dependendo da intenção do socorrista. Se o socorrista estiver se deslocando
sentido a Zona Fria para descanso ou outra ação, será realizada a retirada de
botas e luvas externas do roupão encapsulado (nível A), se for o caso, se os
roupões utilizados possuírem botas e luvas integradas, essa base pode ser
suprimida. Caso o socorrista tenha a intenção de entrar na Zona Morna para trocar
o EPR e retornar à Zona Quente, essa base é utilizada para ser efetuada a
abertura da roupa encapsulada antes da troca do EPR e seu fechamento após
(nível A); remoção do EPR do socorrista, sem a retirada da máscara facial, ou
seja, retira-se o suporte dorsal com o cilindro de ar comprimido (nível B) ou retira-
se o filtro da máscara (nível C); retira-se o capacete caso esteja equipado e as
fitas de junção (nível B ou C).

Na base 03 é necessário que exista um recipiente para armazenar botas, luvas e o


EPR removido, para posterior descontaminação.

6.4.4 Base 04

Essa base é localizada paralela à base 03, de forma que o socorrista somente
acessará essa base em caso de necessidade de troca do EPR para retomar seus
trabalhos na Zona Quente. É adequado que a base disponha de local para o
socorrista sentar-se e peças para reposição de EPR. O indivíduo que troca o EPR,
não deve entrar em contato com a parte posterior da roupa de proteção, evitando
assim contaminar o socorrista.

6.4.5 Base 05

A base será o destino após a passagem pela base 03, para o socorrista que se
desloca à Zona Fria. Nessa base será efetuada a retirada da roupa encapsulada e
de botas e luvas internas, se for o caso (nível A), retirada da roupa de proteção
química juntamente com as botas e das luvas externas, nessa exata sequência
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 56

(nível B e C). Na base 05 é necessário um local adequado para o socorrista


sentar-se e um recipiente para armazenar os roupões removidos, para posterior
descontaminação.

6.4.6 Base 06

Na base 06 será retirado o EPR e o capacete caso esteja equipado (nível A) e o


próprio socorrista retira sua máscara do EPR e descarta sua luva interna, sendo
necessário apenas um recipiente adequado para depositar o material removido.

6.4.7 Base 07

Situada na Zona Fria, será o local onde o socorrista retira suas roupas e toma um
banho final, que tem como objetivo a descontaminação (Figura 24) de um possível
contato com o produto resultante de danos não percebidos no roupão
encapsulado e para baixar a temperatura corporal do socorrista. Nessa base é
necessário um equipamento para contenção dos rejeitos gerados na
descontaminação como uma piscina de 1000 litros, por exemplo. Após essa base
é recomendável que exista local adequado para que o socorrista coloque roupas
limpas e passe por avaliação médica.

O responsável pela carga acidentada ou a equipe contratada por ele, deverá


recolher os resíduos gerados no CRC e oferecer destinação ambiental adequada
a eles.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 57

Figura 24 – Tenda para descontaminação

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos

Uma descontaminação de emergência pode ser feita com emprego de caminhões


de combate a incêndio, através do lançamento de grandes volumes de água sobre
as vítimas e socorristas, passando por um “banho descontaminante”, utilizando
sabão ou detergente para melhorar a sua eficiência (Figura 25).

Figura 25 - Descontaminação de emergência

Fonte: Acervo GTO de Produtos Perigosos


ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 58

6.5 Contenção e Controle

Superada a fase de salvamento, torna-se necessário iniciar os procedimentos de


contenção dos produtos vazados. O objetivo dessa fase é evitar que o produto
contamine o meio ambiente, causando poluição ou prejuízos à saúde das
pessoas, a fauna e flora. A contenção poderá ser feita através do uso de
batoques, que por definição podem ser estacas de madeira8, plástico ou
emborrachado que se amoldam à estrutura rompida, cessando o vazamento
(Figura 26).

Outras técnicas podem ser empregadas, como o uso de almofadas pneumáticas,


cunhas e tampões, construção de diques de contenção, dentre outros (Figura 27).
No caso de contaminantes menos densos que a água e que tenham sido
derramados em cursos d’água, materiais absorventes podem ser uma boa opção.

Figura 26 – Batoques

Fonte: NBR 14064 (2015, p.90)

8 O uso de batoques de madeira carece de avaliação criteriosa pois, sendo uma substância
orgânica pode reagir quando em contato como determinados produtos perigosos tais como o ácido
sulfúrico, por exemplo. Assim, seu uso não é recomendado para todos os casos nem para
qualquer produto.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 59

Figura 27 - Equipamento pneumático de contenção

Fonte: CBMERJ, CBOPP (2012, p.91)

Medidas de contenção e controle visam evitar a ampliação do acidente e


minimizar os danos e a contaminação ao homem, ao meio ambiente e à
propriedade.

Considerando os riscos existentes nas ações de contenção e controle, haja vista


que quase sempre haverá a exposição do interventor ao produto, as ações
deverão ser bem avaliadas pelo comando, fazendo-se uma contraposição entre o
que está em risco em caso de não intervenção e o perigo real que as equipes
enfrentarão para executar as ações de contenção e controle.

Após cuidadosa análise, pode-se decidir por ações de contenção ofensivas,


através da colocação de batoques para estancar vazamentos, ou ações
defensivas, como a construção de diques de contenção para evitar que o produto
atinja um manancial, por exemplo.

A seguir, alguns métodos de contenção e controle para fins de exemplo e


conhecimento:

6.5.1 Absorção

Consiste no uso de materiais para a absorção, normalmente de líquidos ou gases.


O mercado oferece diversos tipos de produtos absorventes, que devem ser
selecionados para cada tipo de substância química, de acordo com a orientação
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 60

do fabricante. Quando utilizados, esses absorventes passam a agregar as


características do produto absorvido, devendo ser manuseados com os devidos
cuidados.

6.5.2 Dissolução

Método utilizado quando existe o vazamento de gases ou vapores solúveis em


água. Consiste na aplicação de jato de água na forma neblina no vazamento, com
a finalidade de que haja a dissolução do produto vazado, evitando que ele se
espalhe. É importante ressaltar que a solução gerada é um resíduo, devendo ser
feita sua contenção, para posterior destinação ambiental. Esse método exige
grande quantidade de água.

6.5.3 Dispersão

Método executado de forma semelhante à dissolução, utilizado em produtos


insolúveis em água, visando direcionar e/ou dispersar o produto químico que se
concentra na atmosfera.

6.5.4 Construção de desvios

Tem por finalidade reduzir os efeitos do produto químico sobre o homem ou meio
ambiente, consistindo na construção de desvios. Deve ser considerado o estado
físico do produto, para que seja direcionado em rota oposta a áreas
socioambientais importantes.

Pode ser exemplificado com a construção de uma canaleta para desviar líquidos
ou até mesmo a construção de um desvio para gases, com uso de lonas. Barreiras
naturais também podem ser aproveitadas na construção de desvios.

6.5.5 Construção de diques

Consiste na preparação de um local adequado para contenção do produto


derramado ou vazado. Pode ser precedido de desvios que conduzam o produto
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 61

para a contenção no dique. Para evitar a percolação do produto armazenado pelo


dique, materiais plásticos, como lonas, podem ser utilizados para revesti-lo.

6.5.6 Construção de barragens ou uso de barreiras de contenção

Métodos utilizados em corpos d’água com o objetivo de conter o produto


derramado e posteriormente recolhê-lo. É recomendável para vazamentos de
produtos não miscíveis em água e com densidade inferior a esta.

6.5.7 Estanqueidade

Consiste na intervenção direta sobre o local de vazamento e tem por objetivo


estancá-lo, confinando o produto dentro do seu recipiente original. A maior parte
das técnicas de estanqueidade utilizadas exige equipamentos específicos como
batoques, bolsas infláveis, massas de vedação epóxi, tiras de borracha, etc. Meios
de fortuna também podem ser improvisados neste caso, como a construção de
batoques de madeira, ou utilização de tiras de borracha de câmara de ar.

Deve ser observada a compatibilidade e reatividade do produto usado para a


contenção com o produto contido. Não raras vezes, o resultado alcançado causará
apenas na diminuição do vazamento e não sua estanqueidade completa, fato
comum quando existe um produto vazando sob pressão elevada. Em alguns
casos, a ação será inviável, devendo primeiro encontrar soluções para baixar a
pressão no recipiente e posteriormente executar o estancamento.

6.5.8 Neutralização

Método utilizado para minimizar os riscos em caso de vazamento de produtos


corrosivos, ou seja, ácidos ou alcalinos. Consiste na adição de outro produto
químico no ambiente já contaminado, visando o equilíbrio do pH. Tal prática deve
ser evitada e quando necessária, ser supervisionada por um profissional
qualificado, com formação profissional nessa área do conhecimento, pois reações
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 62

químicas de neutralização podem causar a elevação da temperatura e gerar


vapores prejudiciais e agressivos ao homem.

Quanto mais concentrado o produto, maior a violência da reação, portanto, deve-


se recolher a maior quantidade possível para depois executar as ações de
neutralização.

Não é recomendado utilizar a técnica de neutralização em corpos d’água com


possível vida aquática, devendo essa prática ser acompanhada por especialista
em química e supervisionada por representante do órgão ambiental competente.

6.5.9 Abafamento

Técnica de controle utilizada quando se forma poças de líquidos inflamáveis


decorrentes de vazamentos. É semelhante à contenção de produtos em diques.

Consiste na aplicação de uma camada de espuma sobre o líquido, evitando a


formação de vapores. Tal prática exige constante manutenção, devendo ser
evitada em caso de produtos que reajam com a água ou de produtos liquefeitos,
que em condições normais de temperatura e pressão são gases. Essa técnica
pode ser utilizada para cobrir a parte interna de tanques que ainda contenham
líquidos inflamáveis, antes de serem destombados, içados ou arrastados.

Em situações que a contenção do produto em seu recipiente original ou sua


transferência para outro local não for viável, face ao risco de ruptura por alta
pressão interna, tornando o ambiente inseguro para ações de destombamento,
algumas medidas podem ser adotadas, conforme técnicas a seguir descritas:

6.5.10 Ventilação

Técnica empregada em caso de risco de ruptura ou explosão do recipiente, devido


ao aumento de pressão interna, consistindo na liberação gradual e monitorada da
substância para a atmosfera, recomendável para produtos não tóxicos e não
inflamáveis. Essa técnica pode ser combinada com as técnicas de dispersão ou
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 63

dissolução em casos que envolvam a liberação de gases tóxicos ou inflamáveis,


devendo haver o controle dos resíduos.

6.5.11 Queima controlada

Técnica utilizada quando existe o risco de ruptura do recipiente que armazena um


gás inflamável e o transbordo não é uma opção viável. A possibilidade de ruptura
pode ser iminente, devido ao aumento de pressão interna do recipiente ou em
decorrência dos danos gerados pelo acidente não conferirem segurança para se
realizar o destombamento, uma vez que não pode se garantir sua estanqueidade.
É uma medida extrema de intervenção, que deve possuir o consentimento dos
órgãos ambientais. Essa técnica é realizada por equipes experientes e não é de
responsabilidade do CBMMG, cabendo a corporação fiscalizar todas as etapas da
operação e garantir que as ações sejam realizadas de maneira segura.

6.6 Transbordo

As ações de transbordo consistem na transferência de produtos de um recipiente


para outro ou da movimentação do conteúdo de cargas a granel de um veículo
avariado para um veículo receptor.

Quando houver a necessidade de ocorrer transbordo no local do acidente, caberá


ao CBMMG garantir a segurança dos envolvidos e das áreas externas ao cenário
através do emprego de recursos humanos e logísticos na prevenção de incêndios
e acidentes, exigindo dos responsáveis pelo transbordo, pessoal habilitado,
equipamentos condizentes com a operação e que ofereçam segurança a todas as
equipes em campo.

Operações de transbordo de carga realizadas no local da emergência oferecem


alto risco a todos os envolvidos, portanto devem ser cuidadosamente planejadas
antes de serem executadas, de forma que problemas adjacentes como retenção
da via, congestionamento de veículos e tempo de operação, sejam avaliados sem,
contudo, aumentar o risco da operação.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 64

Sempre que houver danos no recipiente de armazenamento do veículo que


transporta produtos perigosos ou em caso de impossibilidade de avaliá-lo, é
recomendável o transbordo do produto, com vistas a evitar que o destombamento,
arraste ou içamento, comprometa sua estrutura, gerando vazamentos e/ou
derramamentos e seus resultados indesejáveis.

As ações de transbordo devem ser autorizadas somente quando houver


segurança na Zona Quente, ou seja, extintos os incêndios, controlados os
vazamentos, eliminadas as fontes de ignição, etc.

Cabe ao CBMMG exigir da equipe responsável pelo transbordo as seguintes


medidas:

a) usar EPI e EPR adequados aos riscos intrínsecos do produto a ser


transbordado;
b) usar equipamentos (bombas, mangotes, recipiente receptor) compatíveis
com o produto a ser transbordado, e garantir que estes equipamentos não
estejam contaminados por outro produto, podendo gerar reações químicas
indesejadas;
c) monitorar constantemente a Zona Quente;
d) realizar aterramento nas operações envolvendo produtos inflamáveis, e
nestes casos fazer uso de bombas intrinsecamente seguras.

6.6.1 Operações de destombamento, arraste e içamento de cargas e


veículos

São ações que exigem planejamento minucioso e execução cuidadosa, devido


aos riscos de rompimento de vasos, queda de recipientes, rompimento e
chicoteamento de cabos etc.

Caberá ao CBMMG garantir a segurança dos envolvidos e das áreas externas ao


cenário, exigindo dos responsáveis o emprego de recursos adequados e o uso de
guinchos ou de guindastes apropriados a operação.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 65

Quando a operação envolver um vaso pressurizado, por exemplo, o mais seguro é


optar pelo uso de guindastes, uma vez que o arraste, com o uso de guinchos,
pode comprometer a estrutura do vaso e consequentemente causar sua ruptura.

Da mesma forma, quando envolver o destombamento de recipientes que


contenham produtos inflamáveis, deve-se optar pelo uso de cintas ao invés de
cabos de aço, evitando a geração de faíscas por atrito, bem como em caso de
arraste, deve-se usar meios para evitar a geração de centelha durante a
movimentação, utilizando espuma mecânica por exemplo.

Para aumentar a segurança, em recipientes que contenham produtos inflamáveis,


deve-se aplicar espuma para abafar os vapores inflamáveis de possível produto
remanescente no tanque.

Para minimizar o solavanco durante a operação de destombamento com uso de


guincho, deve-se, dentro do possível, contrapor um segundo guincho na direção
oposta àquela para a qual o equipamento de transporte de carga será
destombado.

No momento do destombamento, deve ser mantido o isolamento da Zona Quente


exigido no Manual da ABIQUIM, inclusive no caso de produtos inflamáveis o
isolamento deve considerar o risco de explosão.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 66

7 PROCEDIMENTOS E ORIENTAÇÕES EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS


ESPECÍFICOS

Os procedimentos a seguir têm por finalidade proporcionar um direcionamento


geral para facilitar o atendimento a cada tipo de emergência.

Cada ação deve ser estudada e avaliada pelo comandante das operações,
levando-se em consideração as características físico-químicas dos produtos, do
meio ambiente e as condições das vítimas. As ações deverão ser norteadas para
se atingir, com a maior segurança possível, o salvamento de vítimas associado ao
menor dano ambiental.

7.1 Explosivos

Explosivos são substâncias ou artigos que através de uma reação química podem
produzir grande quantidade de gases e calor em curto espaço de tempo,
causando danos ao seu redor.

As emergências com explosivos são complexas e devem seguir as instruções


específicas da FISPQ, Ficha de Emergência, Manual da ABIQUIM ou outro
documento técnico que acompanhe o material quando transportado.

Quando não for possível a identificação do material e mantendo-se a suspeita por


artefato explosivo, conforme procedimento para Primeiro Interventor em incidentes
com bombas e explosivos, desenvolvido pelo BOPE (PMMG, 2017), devem ser
realizados os seguintes procedimentos:

e) isolar o local com os seguintes raios de acordo com o tamanho do material


(caso não exista orientação específica em fichas de emergências ou
outras fontes de consulta confiáveis):
 Tamanho de uma mochila escolar (até 10kg estimado): 256 metros;
 Tamanho de uma mala grande de viagem (até 100kg estimado): 551
metros;
 Carga de veículos ou maiores: 1200 metros.
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 67

f) tentar identificar o produto e sua subclasse, à maior distância possível


através de simbologias de segurança, quando disponíveis;
g) acionar equipe especializada (CBMMG e BOPE da PMMG);
h) realizar a retirada de vítimas com maior brevidade possível e com o
mínimo de recursos humanos;
i) retirada de vítimas fatais, contenção e outras ações devem ser realizadas
após a autorização de equipe especializada.

7.2 Gases

Gás é uma substância que, em condições normais de pressão e temperatura


(CNTP), encontra-se no estado gasoso. Os gases são apresentados para o
transporte sob diferentes aspectos físicos:

a) gás comprimido;
b) gás liquefeito;
c) gás liquefeito refrigerado;
d) gás dissolvido;
e) gás adsorvido.

Importante salientar que os gases podem alterar a concentração de oxigênio na


atmosfera, portanto, são todos asfixiantes, com exceção do oxigênio. O clima e o
tempo são fatores que alteram o comportamento dos gases, devendo ser motivo
de avaliação e monitoramento por parte das equipes envolvidas na emergência.

7.2.1 Gases Inflamáveis

Isolar a área retirando o público para um local seguro e afastado (as distâncias
devem ser avaliadas de acordo com o produto e quantidade vazada). O risco pode
variar dependendo dos locais onde o vazamento esteja ocorrendo, conforme
abaixo:
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 68

a) ambientes fechados com vazamento (ex.: galpão de uma oficina mecânica


sem ventilação com vazamento de gases inflamáveis);9
b) ambientes abertos (ex. cilindro de GLP vazando em área aberta sem
fontes de calor);10
c) caso seja um grande volume de material com possibilidade de BLEVE, o
isolamento deve ser de 800 metros.

Condutas em ambientes abertos:

a) resfrie o recipiente à maior distância possível, em caso de chamas até que


estas se apaguem, evitando o lançamento na válvula de alívio;
b) evite qualquer forma de centelhamento no local;
c) não havendo pessoas ou materiais de alto valor próximos, manter
isolamento até que todo o gás tenha se dispersado;
d) só se aproxime com ventilação adequada e trajando EPI de proteção
contra chamas com EPR de pressão positiva;
e) sendo possível conter o vazamento, realizar o procedimento e resfriar por
mais 30 minutos, em caso de cilindro aquecido.

Condutas em ambientes fechados:

a) resfrie o recipiente à maior distância possível;


b) evite qualquer forma de centelhamento no local;
c) retire cilindros próximos, em caso de chamas;
d) realize ventilação, abrindo as portas e janelas ou ainda utilize a ventilação
forçada com jatos de água;
e) havendo chamas, não tente apagá-las, haja vista que a liberação do gás
pode tornar a atmosfera explosiva se não houver completa contenção do
vazamento;

9 Sob certas condições, como em ambientes fechados, quantidades bem pequenas de gás
inflamável podem formar uma mistura possível de ignição. Assim, as distâncias de isolamento
devem ser avaliadas criteriosamente levando esse fator em consideração. Como referência deverá
ser adotado o que preconiza os manuais como o ABIQUIM e a FISQP do produto.

10 Não se deve negligenciar o risco potencial, mesmo que baixo, de que gases inflamáveis possam
atingir seu limite inferior de inflamabilidade mesmo estando em ambiente abertos.
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 69

f) sendo seguro, retire o cilindro do local fechado, sempre o resfriando e


ventilando;
g) deixe que o cilindro se esvazie em local aberto, sinalizado e sem
população ou bens de alto valor nas proximidades.

Observações gerais:

a) o acetileno possui alta faixa de explosividade e grande capacidade de


liberação energética;
b) em caso de vazamentos em botijões, os fusíveis não devem ser
estancados; vazamentos em mangueiras em geral podem ser
interrompidos fechando-se o registro do cilindro, caso houver.

7.2.2 Criogênicos

Criogênicos são gases mantidos na condição líquida para transporte e


armazenamento em temperaturas muito baixas (inferiores à -160°C), portanto
abaixo da temperatura de ebulição da substância.

Os gases mais comuns de serem transportados são o Argônio, Hélio, Hidrogênio,


Nitrogênio e o Oxigênio, todos esses e os demais líquidos criogênicos são gases
em condição normal de temperatura e pressão.

A fim de suportar as baixas temperaturas e evitar o aumento de pressão interna,


os recipientes para criogênicos são especialmente construídos com paredes
duplas de liga de aço ou tanques de alumínio, semelhantes a imensas garrafas
térmicas, no qual o espaço entre a parede interna e a externa é preenchido com
um material isolante, podendo ser associado ou não ao vácuo.

Além dos riscos inerentes a cada produto, como a inflamabilidade e/ou a


toxicidade, os líquidos criogênicos apresentam outros riscos relacionados à sua
natureza peculiar.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 70

Os riscos à saúde são motivados devidos às baixas temperaturas que podem


provocar queimaduras ao tecido humano, conhecidas por enregelamento,
geralmente em contato com líquido, mas podendo acontecer até mesmo com o
vapor. As queimaduras criogênicas são extremamente dolorosas e podem
desfigurar o tecido, mesmo se a exposição for de curta duração, o contato
prolongado com imersão pode tornar o membro quebradiço, congelando até as
partes ósseas.

O tempo de exposição, a forma de exposição (vapor ou líquido) e o tipo de


exposição (respingos ou imersão) irão interferir na intensidade de uma
queimadura criogênica, considerada nove vezes mais severa que uma
queimadura química, que por sua vez é considerada nove vezes mais severa que
uma queimadura térmica.

Vale ressaltar que os equipamentos tradicionais de proteção à pele não


protegerão o bombeiro militar contra a imersão ou contato com líquidos
criogênicos.

Em caso de formação de nuvem a partir de um líquido criogênico, a área de risco


deve ser maior do que a área delimitada pela nuvem observada, haja vista que a
densidade do gás será maior que a do ar, pois a temperatura é muito baixa,
provocando o deslocamento do ar atmosférico e consequentemente, redução na
concentração de oxigênio no ambiente.

Os criogênicos em contato com outros materiais poderão danificá-los, tornando-os


quebradiços, podendo causar acidentes conforme exemplo a seguir:

Imagine que um produto criogênico seja armazenado em recipiente impróprio para


essa finalidade. O rápido resfriamento do objeto em questão causará grandes
tensões internas provocadas por contrações desiguais de sua massa
(encolhimento em razão do resfriamento). Essa contração poderá formar fissuras
no recipiente e até mesmo provocar a ruptura do material.
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 71

Não é recomendável aplicar água diretamente sobre um sistema de alívio ou


válvulas de um tanque criogênico, face à capacidade que os líquidos criogênicos
têm para solidificar ou condensar outros gases, podendo inclusive congelar a água
presente na umidade atmosférica.

De igual forma, não é recomendável a aplicação de água no interior de um tanque


criogênico, pois essa ação acarretará a formação de vapores e, portanto,
aumentará a pressão interna do tanque, uma vez que a água atuará como um
objeto superaquecido, se comparada à temperatura do líquido criogênico.

Em vazamentos no qual exista a formação de poças de líquido, deverá ser evitado


o contato com a água ou outro objeto, pois a ebulição do criogênico poderá se
tornar tão vigorosa que a área ao redor poderá ser atingida por respingos do
próprio líquido.

O vazamento de um líquido criogênico pode intensificar os riscos inerentes à


produtos no estado gasoso. Por exemplo, o vazamento de oxigênio liquefeito
acarretará o aumento da concentração desse produto no ambiente, que poderá
causar a ignição espontânea de certos materiais orgânicos. Por tal razão, não
devem ser utilizadas roupas de material sintético (náilon) e sim roupas de algodão.

Para conhecimento, a elevação de 3% na concentração de oxigênio poderá


acarretar o aumento de 100% da taxa de combustão de alguns produtos. O
hidrogênio, por sua vez, pode impregnar-se em materiais porosos, tornando-os
mais inflamáveis que em condições normais.

Os líquidos criogênicos quando expostos à temperatura ambiente tendem a se


expandir, gerando volumes gasosos muito superiores ao volume de líquido inicial
(taxa de expansão). Para o nitrogênio, um litro de produto líquido gera 697 litros
de gás, enquanto para o oxigênio, a proporção é de 863 vezes.

Dessa forma, os recipientes contendo líquidos criogênicos jamais poderão ser


aquecidos e seu sistema de refrigeração não poderá ser avariado, sob pena de
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 72

ocorrer uma super-pressurização do tanque, fazendo com que os sistemas de


alívio não suportem a demanda de vapores, acarretando a ruptura do tanque.

A nuvem gerada pelo vazamento de um líquido criogênico dificultará a visibilidade


e tenderá a se acumular sobre o solo, pois a densidade do produto será maior que
a do ar por causa da baixa temperatura, sendo também invisível, de forma que a
parte visível não indica a extensão total da nuvem.

Ações seguras com líquidos criogênicos deverão seguir as seguintes diretrizes:

a) aproximar-se com cuidado e trabalhar nas áreas livres do derramamento,


evitando contato com a nuvem;
b) se o fizer utilizar roupas herméticas e não porosas, com respiração
autônoma, luvas de amianto ou de couro, sobre as luvas de proteção
química e botas de borracha;
c) utilizar jatos d’água tipo neblina para conter a nuvem e apenas aplicar jato
compacto no tanque se ele estiver exposto ao fogo, nesse caso avaliar se
a ação é necessária para proteção de vidas, se não, isolar o local e
observar à distância segura, devido ao grande risco de ruptura do tanque;
d) não direcionar água aos sistemas de alívio de pressão ou às poças do
produto;
e) evacuar grandes áreas (800 metros) em torno de um tanque criogênico;
f) em caso de queimaduras, lavar a área com água morna, afrouxar as
roupas, além de seguir as demais orientações do Protocolo de APH do
CBMMG e encaminhar a vítima ao hospital;
g) apenas estancar o vazamento se não houver dúvidas quanto às
consequências dessa ação, se não, controlar a situação até que um
técnico da empresa responsável pelo produto compareça ao local.

Os assuntos abordados nesta seção levaram em consideração apenas os riscos


inerentes ao estado físico do produto, ou seja, não foram considerados de maneira
detalhada os riscos intrínsecos dos produtos como, por exemplo, a
inflamabilidade, toxicidade e corrosividade.
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 73

7.3 Líquidos Inflamáveis

Líquidos inflamáveis podem ser definidos por líquidos, misturas de líquidos ou


líquidos que contenham sólidos em solução ou suspensão que produzam vapor
inflamável a temperaturas de até 60°C, em ensaio de vaso fechado, ou de até
65,6°C, em ensaio de vaso aberto, normalmente referidas como ponto de fulgor.

Para ocorrências que envolvam líquidos inflamáveis, deverão ser observados os


seguintes passos, além daqueles que devem ser observados em todos os
atendimentos com produtos perigosos:

a) isolamento e zoneamento em raio de 100 metros inicialmente (consultar


ABIQUIM, FISPQ e Ficha de Emergência para isolamento específico). Em
caso de chamas e possibilidade de BLEVE isolar 800 metros em todas as
direções;
b) usar EPI de combate a incêndio;
c) retirar energia estática do corpo tocando no solo sem uso de luvas e
eliminar outras fontes de ignição que poderão ser superfícies aquecidas,
tais como lanternas, dispositivos eletroeletrônicos não intrinsecamente
seguros, motores à combustão, tráfego de veículos, cigarros acesos,
interruptores de energia elétrica, lâmpadas e refletores de iluminação,
reatores, motores elétricos e baterias de veículos, faíscas produzidas por
atrito, descargas elétricas (raios), incompatibilidade química e eletricidade
estática;
d) realizar o aterramento do veículo primeiramente fixando as hastes, em
seguida conectando os cabos do caminhão até as hastes, logo após
verificar a resistência (Figura 28). Todo procedimento deverá ser conforme
norma ABNT NBR 14064/15.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 74

Figura 28 - Sequência do Aterramento Emergencial

Fonte: Adaptado pelos autores de Noll et al, 2017

e) realizar o monitoramento com explosímetro ou detector de gases


inflamáveis; para ações de salvamento / desencarceramento aplicar jato
neblinado no ambiente e jato mole nos locais de corte, não sendo
permitido ligar as ferramentas na zona quente;
f) não usar extintores portáteis de CO2, pois seus difusores geram
eletricidade estática;
g) aplicar espuma mecânica conforme concentração indicada pelo fabricante,
antes da aproximação no local e no combate a incêndios, à maior
distância possível, de forma que o jato de espuma deve ser direcionado a
um anteparo, para rolagem sobre o combustível, ou na forma de um
dilúvio sobre o líquido. Não se deve direcionar a espuma diretamente à
chama, ação que pode espalhar o fogo.
h) direcionar os jatos de água para o terço superior do tanque de combustível
(em caso de suspeita da ocorrência de BLEVE);
i) realizar a contenção e transbordo.

7.4 Sólidos Inflamáveis

A Classe 4 é dividida em três subclasses, descritas a seguir:

a) subclasse 4.1 – sólidos inflamáveis que em condições de transporte,


sejam facilmente combustíveis, ou que, por atrito, possam causar fogo ou
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 75

contribuir para tal; substâncias auto reagentes que possam sofrer reação
altamente exotérmica; explosivos sólidos insensibilizados que possam
explodir se não estiverem suficientemente diluídos;
b) subclasse 4.2 – substâncias sujeitas à combustão espontânea,
substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo em condições normais de
transporte, ou a aquecimento em contato com ar, podendo inflamar-se;
c) subclasse 4.3 – substâncias que, em contato com água, emitem gases
inflamáveis; substâncias que, por interação com água, podem tornar-se
espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em
quantidades perigosas.

Devido suas propriedades físico-químicas, em manejos ou contenções, deve-se


evitar o atrito desses materiais e a proximidade de qualquer fonte de calor. O
perigo pode advir, também, da combustão de produtos tóxicos.

Durante o combate a incêndios, deve-se avaliar o emprego dos agentes


extintores, pois água e CO2 podem reagir violentamente com alguns produtos,
além de que certas substâncias em contato com a água podem emitir gases
inflamáveis e criar atmosferas explosivas.

O contato com o ar atmosférico, pode causar auto aquecimento, mesmo sem


fontes externas de calor, portanto, algumas substâncias auto reagentes são
submetidas a controle de temperatura durante o transporte e a ausência desse
controle pode desencadear reações (ANTT, 2016).

7.5 Oxidantes e Peróxidos

Oxidantes são substâncias que, apesar de não serem inflamáveis, alimentam e


intensificam chamas, geralmente pelo fornecimento de oxigênio, além de reagir
com materiais orgânicos, fato relevante ao se escolher materiais absorventes e
roupas de proteção.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 76

Um simples contato de oxidantes com substâncias combustíveis, principalmente


óleos e graxas, podem provocar incêndio, mesmo sem a presença de uma fonte
ignição, podendo gerar reações com grande liberação de calor e até explosão.

Ambientes com mais de 23,5% de oxigênio são considerados enriquecidos de


oxigênio11 e devem ser considerados de alto risco, uma vez que provocam a
diminuição da energia necessária para a ignição de materiais, podendo ocasionar
ignição espontânea em alguns casos.

O oxigênio líquido e puro apresenta um grande risco na presença de materiais


orgânicos. Não devem ser utilizados métodos de combate a incêndio por
abafamento em incêndios envolvendo oxidantes, uma vez que eles produzem seu
próprio comburente.

Os peróxidos orgânicos são materiais com alto poder oxidante e devem ser
mantidos longe de fontes de ignição ou calor, sendo sensíveis também ao choque
ou atrito.

Para contenção dos produtos, não se deve utilizar materiais e equipamentos que
em sua estrutura contenha compostos orgânicos, sendo assim, não realizar
contenção com terra ou serragem. Devem-se utilizar materiais inertes e
umedecidos, como por exemplo, a areia.

Os peróxidos orgânicos podem realizar sua decomposição e provocar


desprendimento de gases ou vapores nocivos à saúde ou inflamáveis. Podem
ainda ser corrosivos à pele e/ou causar danos severos nos olhos e no trato
respiratório.

O agente extintor de emprego mais adequado é a água, atuando como diluente


dos produtos. As espumas não são recomendadas pois atuam no princípio da
retirada do oxigênio, sendo ineficazes em incêndios envolvendo substâncias
oxidantes. (CETESB, 2019).

11 Para espaços confinados a NR 33 do Ministério do Trabalho, adota a concentração de 23%.


SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 77

Alguns peróxidos são submetidos a controle de temperatura durante o transporte,


a ausência desse controle pode desencadear reações. Para garantir um transporte
seguro, muitos peróxidos orgânicos são insensibilizados, sendo essa a melhor
opção. (ANTT, 2016)

7.6 Tóxicos ou infectantes

Em relação aos tóxicos, certas substâncias em contato com a água ou outros


reagentes, podem emitir gases tóxicos, tornando-se perigoso a vida e a saúde dos
seres humanos.

Conforme condições climáticas e/ou período (diurno, noturno), a velocidade de


propagação e o alcance dos agentes tóxicos podem sofrer grandes variações.

Deve-se considerar que o grau de toxicidade é resultante do tempo de exposição,


o meio de contato (dérmica, oral ou inalação de pós, neblinas ou vapores) e a
dose ou concentração do agente agressor.

Os efeitos adversos da exposição podem aparecer de forma tardia, após horas,


dias e até mesmo anos após a exposição, desse modo, todas as pessoas que
tiveram contato com os agentes tóxicos ou infectantes devem ser consideradas
vítimas. (CETESB, 2019).

7.6.1 Infectantes

De acordo com o Caderno de Instrução de Defesa Química Biológica Radiológica


e Nuclear do Exército Brasileiro (2017), perigo biológico é qualquer organismo ou
substância tóxica de origem biológica, que configure uma ameaça à saúde
humana ou animal. Alguns exemplos podem ser citados, como rejeitos médicos ou
amostras de um microrganismo, vírus ou toxina (de uma fonte biológica) que
podem comprometer a saúde humana. Os perigos biológicos são classificados em
três tipos diferentes, a saber, armas biológicas, agentes biológicos e compostos
biológicos industriais tóxicos (BIT), conforme descrições a seguir:
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 78

a) armas biológicas: são armas que dispersam ou disseminam um agente


biológico, incluindo os vetores;
b) agentes biológicos: são organismos que podem causar doenças ou
morte e ser usados para contaminação não só dos seres humanos,
animais e vegetais, como também de solo, alimentos ou água e para a
deterioração de materiais. Causam o alastramento da doença na
população e na agricultura exposta ao agente, podendo ser classificados
como:
 Patógenos: microrganismos causadores de doenças (bactérias, vírus,
fungos, rickettsias) que atacam diretamente o tecido e a fisiologia
humana, animal e vegetal.
 Toxinas: são substâncias venenosas produzidas naturalmente (por
bactérias, plantas, fungos, cobras, insetos e outros organismos vivos), e
que também podem ser sintetizadas artificialmente.
c) compostos BIT: são produzidos, utilizados, transportados ou
armazenados para uso industrial, médico ou comercial, que podem
configurar uma ameaça tóxica ou infecciosa. A liberação desses
compostos pode decorrer de um incidente, ataque ou danos em uma
instalação que manuseie, produza, armazene ou recicle material biológico.

Nesta ITO será abordado com maior destaque os agentes biológicos, que podem
prejudicar a saúde humana de diversas formas, causando desde leves reações
alérgicas até situações médicas graves, podendo levar à morte.

Importante destacar que o agente biológico existe naturalmente, porém pode ser
modificado geneticamente, de forma a aumentar a sua capacidade de
transmissão, torná-lo resistente a medicamentos e mais hábeis a desenvolver
doenças.

O sistema de saúde pública e os profissionais de saúde devem estar preparados


para lidar com os surtos ocasionados pelos mais diversos tipos de agentes
biológicos, entretanto, nos casos de suspeita ou confirmação da disseminação
intencional de agentes biológicos, além dos profissionais de saúde, outros
profissionais devem ser envolvidos, como os responsáveis pela segurança
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 79

nacional e pela ordem pública. Procedimentos de segurança devem ser tomados


em relação às amostras coletadas, seu transporte e armazenamento, à
identificação dos responsáveis e às demais medidas cabíveis.

Os agentes biológicos apresentam um longo período de incubação desde a


exposição até a manifestação dos sintomas clínicos. O primeiro indicador de uma
contaminação será a observação da ocorrência sintomas semelhantes em um
grupo de pessoas.

As principais portas de entrada de contaminação por agentes biológicos são:

a) via respiratória (inalação);


b) via digestiva (ingestão);
c) via circulatória (ação de vetores);
d) via cutânea (penetração).

Em uma ocorrência que exista a suspeita de exposição a algum agente biológico,


as seguintes medidas deverão ser tomadas:

a) isolar a área e aproximar da cena para fazer a detecção a favor do vento;


b) equipar com o EPI adequado de acordo com a ocorrência (geralmente
nível A);
c) realizar o tratamento dos doentes sintomáticos e monitorar o pessoal
assintomático que esteve em contato com as vítimas sintomáticas;
d) realizar a coleta de amostras para identificação e armazená-los
corretamente;
e) realizar a descrição completa da substância (pó ou líquido, cor,
quantidade, se é parecido com algo que possa ser reconhecido, etc);
f) realizar a descontaminação imediata de todas as pessoas que tiverem
sido expostas ao agente biológico;
g) encaminhar a amostra para a FUNED.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 80

O EPI é selecionado conforme o tipo de agente, o meio em que foi lançado e a


proximidade com a ameaça. Para realizar a desinfecção do EPI utilizado, deve ser
manipulado uma solução de hipoclorito de sódio (NaClO)12 a uma concentração de
1%.

No caso de presença de grandes quantidades de matéria orgânica recomenda-se


uma solução mais concentrada, contendo 5%.

Considerar o acionamento do Pelotão de Produtos Químicos, Biológicos,


Radiológicos e Nucleares do CBMMG para orientação, apoio e possível empenho
desse grupamento para o local, pois a unidade especializada possui
equipamentos e treinamento específicos para ações dessa natureza.

A Tabela 1 mostra informações relevantes a respeito de alguns agentes


biológicos:
Tabela 1 – Agentes biológicos

Método de
Doença disseminação Infecciosidade Letalidade Viabilidade
provável

Bactéria e Rickettsia

Antraz Esporos
- Esporos em
(Bacillusanthraci Moderada Alta altamente
aerossol
s) estáveis
Peste - Aerossol Relativamente
(Yersiniapestis) Alta Muito Alta
- Vetores estável

Febre Q - Aerossol
(Cociellaburnetti) Alta Muito baixa Estável
- Sabotagem
(alimentos)
Tularemia - Aerossol
(Franciselletular Alta Moderada Pouco estável
ensis) - Sabotagem

Vírus

Varíola (Variola
- Aerossol Alta Alta Estável
major)
Encefalites Relativamente
- Aerossol Alta Baixa
Equinas Virais instável

12 Manual de limpeza e desinfecção de superfícies (ANVISA, 2010. p.49)


SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 81

(ocidental,
oriental,
venezuelana)
Febres
Hemorrágicas
Alta-baixa
Virais (Ebola, Relativamente
- Aerossol Alta (depende do
Marburg, estável
vírus)
Lassa,Vale do
Rift, Dengue)

Toxina

Botulismo - Aerossol
(Botulinumneuro - Alta Estável
toxins) - Sabotagem

Ricina
(Ricinuscommun - Aerossol - Moderada Estável
is)
Enterotoxina - Aerossol
Estafilococica - Baixa Estável
Tipo B - Sabotagem
Fonte:Adaptado de Campanha EB70- MC-10.233 (2016, p.20)

7.7 Radioativos

No caso de incidentes com materiais radioativos, caberá também ao CBMMG as


ações iniciais para solução de ocorrências. Esse tipo de ocorrência é solucionada
basicamente observando três princípios básicos de atendimento, utilizando para
tanto, detectores de radiação.

O manual do Curso de Introdução à Proteção Radiológica da Comissão Nacional


de Energia Nuclear (UFRGS, 2014) nos ensina como realizar uma proteção
adequada da radiação, bem como explica o que vem a ser um detector de
radiação:

Um detector de radiação consiste, em linhas gerais, de um elemento ou


material sensível à radiação e de um sistema, na maioria das vezes
eletrônico, que registra o resultado da interação, expressando-o em
termos de uma grandeza de medição dessa radiação que interagiu com o
elemento ou o meio empregado. (UFRGS, 2014, p.77)

As radiações externas (radiações provenientes de fontes fora do corpo humano)


podem ser controladas administrativamente pelas variáveis tempo e distância e
bloqueadas pela blindagem.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 82

a) tempo: a dose absorvida por uma pessoa é diretamente proporcional ao


tempo em que ela permanece exposta à radiação. Qualquer trabalho em
uma área controlada deve ser cuidadosamente programado e realizado no
menor tempo possível;
b) distância: para as fontes radioativas normalmente usadas na indústria
(fontes “pontuais”) pode-se considerar que a dose de radiação é
inversamente proporcional ao quadrado da distância, isto é, decresce com
o quadrado da distância da fonte à pessoa;
c) blindagem: é o modo mais seguro de proteção contra as radiações
ionizantes, uma vez que as duas formas anteriores dependem de um
controle administrativo contínuo dos trabalhadores. Barreira primária ou
blindagem primária é a blindagem fabricada com espessura suficiente,
capaz de reduzir a um nível aceitável as taxas de dose equivalente
transmitidas a áreas acessíveis. Além das barreiras primárias, barreiras
secundárias são necessárias para prover uma blindagem eficiente para as
radiações secundárias. As radiações secundárias são aquelas que são
desviadas (por reações de espalhamento) do feixe primário (feixe útil) ou
que passam através das blindagens das fontes, ou dos equipamentos
emissores de radiação (radiações de fuga). (CNEN, 2012).

Outra questão importante para atendimento a incidentes com materiais radioativos


diz respeito ao entendimento entre a diferença de contaminação e irradiação.

Na irradiação, a vítima sofre os efeitos da radiação ionizante, mas não tem efetivo
contato com o material emissor. Não se torna, portanto, uma fonte radioativa e não
precisará ser descontaminada.

Já na contaminação, há o efetivo contato do material radioativo, seja ele inalado,


ingerido ou absorvido pela pele. Nesse caso, a vítima se torna um emissor de
radiação, pois nela há materiais radioativos.

A contaminação é muito mais danosa ao organismo, haja vista que a vítima estará
com o produto radioativo presente no seu corpo, não havendo distância entre a
vítima e o material perigoso. Nesse caso, o fator tempo será maximizado, pois o
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 83

material que penetrar no corpo lá ficará até ser eliminado, podendo levar muito
tempo.

Dessa forma, a principal providência ao trabalhar em incidentes com materiais


radioativos, além da observação dos princípios de proteção, é a prevenção à
contaminação, que poderá ser feita com roupões de proteção química não
encapsulados, aliados a máscaras com filtro para material particulado. Trata-se de
um roupão leve, com custo reduzido, descartável e que oferece proteção do
contato da pele com materiais particulados (Figura 29).

Figura 29 - Roupão de proteção química não encapsulado

Fonte: Acervo GTO Produtos Perigosos

Vistos os princípios de atendimento a emergências com materiais radioativos e


cabendo ao CBMMG as ações iniciais de identificação do incidente, isolamento e
salvamento das vítimas, será necessário, em caso de suspeita da presença de
materiais radioativos, o uso de detectores de radiação.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 84

Assim, deve-se obedecer aos seguintes padrões de atendimento:

a) isolar o local;
b) identificar a produto, bem como medir sua atividade;
c) realizar o salvamento de vítimas (observados os princípios de
radioproteção);
d) retirar as vestes das vítimas deixando os resíduos em locais distantes e
em recipientes impermeáveis;
e) descontaminar as vítimas com água fria, gerando a menor quantidade de
resíduos possível;
f) acionar o CDTN (CNEN).

A Tabela 2, extraída do Manual para Primeiros Atuantes em Emergências


Radiológicas do Organismo Internacional de Energia Atômica (IAEA), serve de
base para o planejamento das ações através da visualização do Número da ONU,
no qual os materiais considerados não perigosos ou possivelmente perigosos se
inalados ou ingeridos, permitem a atuação do bombeiro militar devidamente
equipado, sem gerar maiores preocupações, desde que não estejam vazando ou
envolvidos pelo fogo.

Já para os materiais descritos como possivelmente perigosos, a atuação deverá


ser feita por profissional devidamente protegido por EPI e a permanência na Zona
Quente não deve ser superior a 30 minutos.

Tabela 2 – Ameaças associadas ao número ONU


NÚMERO DA ONU AMEAÇA

2909, 2908, 2910, 2911 Não Perigoso


Possivelmente perigoso - se o material for
2912, 2913, 3321, 3322, 3324, 3325, 3326
inalado ou ingerido
2915, 2982, 3327, 3332, 3333, 2916, 2917,
Possivelmente perigoso
3328, 3329, 3323, 3330
Fonte: Adaptado pelos autores de IAEA (2007, p.46)
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 85

Observações gerais:

a) se houver grande vazamento de uma fonte potencialmente perigosa, o


isolamento da Zona Quente deverá ser de 100 metros; se houver
possibilidade de incêndio que envolva o material radioativo, este
isolamento deverá ser de 300 metros; se não forem observadas as
situações citadas, o isolamento deve ser de 30 metros;
b) pessoas que estejam dentro da Zona Quente e que possam caminhar,
devem ser orientadas a se direcionarem para a Zona Fria, devendo passar
pelo CRC para serem descontaminadas, se houver suspeita de
contaminação; antes da chegada do CNEN, as ações a serem
desempenhadas na Zona Quente pelo CBMMG em emergências com
suspeita de produtos radioativos devem se restringir ao resgate de
vítimas, ao combate a incêndios e ações com vistas a preservar a
população vizinha e o agravamento da situação;
c) o tempo máximo13 de permanência da dupla na Zona Quente não deve ser
superior a 30 minutos e deve ser evitada a aproximação a menos de 1
metro de fontes radioativas;
d) apesar de gerarem ondas eletromagnéticas ionizantes, os aparelhos de
raios-X, quando desligados, não oferecem qualquer risco relativo à
emissão de radiação.

7.8 Corrosivos

Corrosivos são substâncias químicas que podem causar destruição visível ou


alteração irreversível em tecidos vivos ou em materiais inorgânicos, através de
ação química no local de contato.

Basicamente existem dois principais grupos de materiais que apresentam essa


propriedade, sendo conhecidos por ácidos e bases. Para tanto, deve-se atentar
para as seguintes considerações sobre ocorrências com produtos corrosivos:

13 Para valores superiores a 100 mSv / H, a IAEA determina que a permanência na área deva ser
limitada a menos de 30 minutos. (IAEA, 2007, p. 40).
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 86

a) a inalação, ingestão ou contato com a pele desse tipo de material pode


trazer grande prejuízo à saúde;
b) caso haja gases/vapores corrosivos na atmosfera, deverá ser utilizado o
roupão de nível A para entrar na zona quente;
c) corrosivos podem ocasionar reações fortes, inclusive gerando calor;
d) a descontaminação de vítimas deve ser feita com grande quantidade de
água, visando a diluição do produto;
e) a aproximação do local deve ser realizada de costas para a direção do
vento; a neutralização do produto deve ser feita apenas com a presença
de especialistas e preferencialmente pela empresa responsável pela
carga.

7.9 Produto não identificado

Em se tratando de produto em que não seja possível a identificação de forma


alguma, deverá ser adotado o procedimento descrito a seguir:

a) acionamento da equipe especializada (CBMMG) para atendimento a


ocorrências envolvendo Produtos Químicos, Biológicos, Radiológicos e
Nucleares;
b) isolamento inicial de 100 metros, conforme manual ABIQUIM para
produtos não identificados;
c) acionamento de órgãos intervenientes para apoio:
 NEA/SEMAD: responsável pela fiscalização ambiental e determinação
da responsabilidade da destinação do produto;
 CDTN: responsável pela identificação do radionuclídeo, bem como
providências acerca da destinação do produto radioativo;
 BOPE/PMMG: eliminação de explosivos ou suspeita de artefatos
explosivos improvisados. Caso exista a suspeita de que se trata de
artefato explosivo, não tentar remover o objeto suspeito, ou tocá-lo,
até a chegada da equipe do esquadrão antibombas do BOPE.
d) no caso da existência de vítimas envolvendo produtos não identificados,
deverá ser utilizado equipamento Nível A para proteção;
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 87

e) obrigatoriamente o CRC para descontaminação da vítima e dos


socorristas conforme procedimento já descrito nesta ITO;
f) encaminhamento da vítima ao hospital14.

Para a determinação do risco envolvido do produto não identificado, deve ser


priorizada a detecção pelo risco de maior potencial, conforme ordem de risco
descrita a seguir:

a) risco radiológico;
b) risco biológico;
c) risco químico;

No Anexo B desta ITO, foi disponibilizado o Fluxograma envolvendo ocorrências


com produtos não identificados.

É importante ressaltar que nos casos envolvendo produtos não identificados, há a


necessidade do acionamento do Pelotão de Produtos Químicos, Biológicos,
Radiológicos e Nucleares do CBMMG, no que se refere à orientação, apoio ou
possível empenho, caso necessário, da Unidade Especializada.

14Antes da condução da vítima deve-se realizar o contato com o Serviço de Toxicologia de Minas
Gerais, repassando informações sobre sinais e sintomas apresentados, para o direcionamento ao
Hospital, tendo em vista se tratar de uma vítima intoxicada por produto não identificado.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 88

8 EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS

Esta seção aborda os eventos conhecidos como BLEVE, Boil Over e Slop Over.
Observar que estes temas também são abordados pela doutrina de combate a
incêndios do CBMMG.

8.1 Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion - BLEVE

BLEVE é o acrônimo para Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion, traduzido


como explosão do vapor expandido pelo líquido em ebulição.

Em um vaso fechado, que pode ser exemplificado por um vagão de trem, um


depósito de combustível ou a carroceria de caminhão que esteja carregando carga
a granel e tenha líquido estocado (ou gás liquefeito) são ambientes suscetíveis à
ocorrência do BLEVE, não importando que o líquido seja combustível, embora as
condições mais severas ocorrerem nessa situação.

Através do aquecimento externo, esse líquido tende a se transformar em vapor,


aumentando a pressão dentro do recipiente. Por sua vez, havendo válvula de
alívio, essa será acionada e o gás gerado será liberado para diminuição da
pressão interna do recipiente. As fontes de calor externo (em geral chamas
oriundas da queima de pneus, combustíveis vazados ou de tubulações próximas)
fazem com que a estrutura fique cada vez menos resistente e com o aumento da
pressão, a válvula de alívio não suporta a grande demanda e o recipiente acaba
por não resistir, rompendo-se (Figura 30).

Figura 30 - Etapas do BLEVE

Fonte: Disponível em: www.bakuhatsu.jp/en/explosion-2/bleve/. Acesso em: 18jun2019


SEÇÃO 8 – EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 89

Na situação descrita, o conteúdo interno em condições normais de temperatura e


pressão (CNTP), estaria na fase gasosa, mas a grande pressão dentro do
recipiente faz com que a maioria do conteúdo permaneça na fase líquida.

Com o rompimento abrupto, o líquido deixa de estar sob alta pressão, passando a
pressão atmosférica, fazendo com que o produto mude repentinamente para o
estado gasoso, ocorrendo assim o BLEVE. A liberação de grande quantidade de
energia faz com que as partes do vaso que continha o líquido sejam projetadas a
grandes distâncias (até 800 metros), podendo vitimar pessoas que estejam na
área de risco.

Se o líquido em ebulição for inflamável, concomitantemente a todas as condições


já descritas, formar-se-á uma grande bola de fogo em virtude do combustível
dissipado na atmosfera, proveniente da fase líquida.

Alguns sinais evidenciam a iminente probabilidade de ocorrência de BLEVE, a


saber, um assobio alto proveniente da passagem rápida do vapor do tanque
saindo pela válvula de alívio, alteração da cor do tanque (pelo aquecimento
exagerado) e deformações no tanque. Nesse caso, todas as pessoas próximas ao
local deverão ser evacuadas, inclusive os bombeiros militares.

Para evitar a ocorrência do BLEVE, a primeira ação ao chegar ao local do


acidente será providenciar o resfriamento homogêneo do tanque,
preferencialmente com jato neblinado aplicado no terço superior do recipiente,
evitando assim choques térmicos e perda da resistência do tanque. Em ato
contínuo, deve-se combater a fonte de calor, buscando a extinção do incêndio.

8.2 Boil Over

O Boil Over é um fenômeno provocado pelo armazenamento de água no fundo de


um recipiente contendo líquidos inflamáveis, de tal forma que a água aquecida
pelo incêndio empurra o combustível para fora do recipiente, espalhando-o e
arremessando-o a grandes distâncias (Figura 31).
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 90

Para que ocorra tal fenômeno, o líquido inflamável aquecido deve ser menos
denso que a água, sequenciado pelo combate às chamas aplicando água ou outro
agente que contenha água, como exemplo, espuma mecânica.

Figura 31 - Sequência do Boil Over

Fonte: Laport, 2015

8.3 Slop Over

Slop Over é um fenômeno que ocorre em incêndios Classe K (Figura 32), ainda
em processo de adaptação no Brasil, sendo que diversas normas já reconhecem
essa classificação. As literaturas que não preveem a Classe K incluem esses
incêndios na Classe B.

Figura 32 – Classe K (óleos e gorduras)

Fonte: www.extingueincendio.com.br. Acesso em: 12nov19

Para que ocorra esse fenômeno, a água ou gotículas de água, ao se aproximarem


da superfície extremamente quente de determinadas substâncias, transformam-se
instantaneamente em vapor, aumentando consideravelmente seu volume, fazendo
com que o material que estava superaquecido seja projetado para fora do seu
SEÇÃO 8 – EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 91

recipiente original, provocando incêndios e severas queimaduras nas pessoas


próximas.

A Classe K de incêndio foi criada pela NFPA através da norma NFPA 10 –


Extintores de Incêndio Portáteis e por Laboratórios de Underwriters, norma 711 da
ANSI/ULI, sendo composta por incêndios em óleo de cozinha, gordura e banha.
Os óleos utilizados nas cozinhas domésticas e comerciais para fritura possuem
uma faixa ampla de temperaturas de auto ignição.

Por auto ignição entende-se que a temperatura mínima em que ocorre uma
combustão, independente do agente ígneo externo, tais como fagulhas ou
chamas. Em geral, a autoignição das substâncias pertencentes à Classe K pode
ocorrer em qualquer intervalo de 288°C a 385°C.

Normalmente os incêndios nesses materiais são provocados pelo excesso de


temperatura, seja por uma regulagem inadequada do aquecimento, seja por
esquecimento dos óleos e gorduras sobre os fogões com chamas acesas.

Após o início do incêndio Classe K, há uma pequena mudança na estrutura do


material que está sendo queimado e sua temperatura de autoignição tem uma
diminuição. Por consequência, com menor temperatura do material já se tem
chamas oriundas da queima dos óleos, tornando a extinção mais difícil. Em geral,
a temperatura de autoignição baixa cerca de 10ºC após o início da queima e a
mudança de estrutura do material.

Nos incêndios Classe K, vários problemas surgem em virtude das características


de queima e das propriedades químicas dos óleos e gorduras.

O primeiro problema a ser mencionado diz respeito às altas temperaturas


atingidas por essas substâncias. Pode-se fazer um paralelo com a temperatura
atingida pela água ou vapor de água em incêndios, nas condições normais de
temperatura e pressão (CNTP). A água ou seu vapor atingem em média 100ºC e
os óleos e gorduras, quando chegam a autoignição, atingem valores que variam
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 92

entre 288°C e 385°C. Em caso de acidentes com estas substâncias, a vítima ou


mesmo o bombeiro militar, sofrerão queimaduras severas, portanto, com maior
risco a vida e a saúde.

O segundo problema está relacionado com a extinção, no que diz respeito ao


contato de óleos e gorduras com a água. Como a temperatura atingida é muito
superior ao ponto de ebulição da água, qualquer contato fará com que haja
transmissão de calor (energia) da gordura para a água, aumentando bruscamente
a temperatura desta, passando abruptamente para o estado o gasoso (vapor) com
consequente expansão do seu volume e possível lançamento de óleo quente a
longas distâncias.

O último problema elencado refere-se aos meios de extinção do incêndio Classe


K. Estando o material combustível acima da temperatura de autoignição, é
desejável extinguir as chamas e resfriar o combustível, para que não haja novo
incêndio. Ao atender ocorrências dessa natureza, é imprescindível analisar
algumas opções viáveis para extinção do incêndio, tais como aguardar o
combustível ser consumido e o consequente resfriamento ou utilizar a técnica de
abafamento, pela retirada do comburente.

Face à necessidade de um combate às chamas mais eficaz nessa classe de


incêndio, observa-se que a aplicação de um agente extintor de base alcalina
(bicarbonato de potássio ou de sódio ou agente úmido classe K) em óleos e
gordura a altas temperaturas, provoca uma reação chamada “saponificação”,
formando uma espuma sobre o combustível capaz de abafar o fogo, conter os
vapores inflamáveis oriundos da queima do combustível e ainda conter o
combustível quente que pode ser lançado no ambiente.

O uso do agente extintor tipo ABC não produz um efeito de extinção das chamas
tão eficiente como os agentes alcalinos, por ser a base de monofosfato de amônia,
que possui natureza ácida, e consequentemente não provoca a reação de
saponificação.
SEÇÃO 8 – EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 93

Após toda a explanação, devem ser observados os seguintes passos para


resolução de incêndios Classe K:

a) imediatamente fazer cessar o mecanismo que está aquecendo o


recipiente, desligando o fogo (no caso de fogões) ou cortando o
fornecimento de gás, sendo que após algum tempo haverá auto extinção
das chamas;
b) retirar pessoas e materiais combustíveis nas proximidades;
c) sendo necessário chegar ao local e sendo viável apagar as chamas usar
extintor Classe K, se disponível, ou PQS;
d) alternativamente poderá abafar a panela com pano úmido (se for seguro);
e) não deverá ser usada espuma a base d’água.
f) verificar se o ambiente não dispõe de chuveiros automáticos tipo
sprinklers, que podem acionar e derramar água no material em chamas;
g) em panelas elétricas, o simples corte de energia da edificação poderá
resolver o problema do fornecimento do calor.

Quartel em Belo Horizonte, 15/04/2020.

(a) Erlon Dias do Nascimento Botelho, Coronel BM

Chefe do Estado-Maior
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 94

REFERÊNCIAS

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atendimento de emergências com produtos perigosos. 7. ed. São Paulo: 2015.
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serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies Disponível em
<file:///C:/Users/Casa/Downloads/Manual%20de%20Limpeza%20e%20Desinfec%
C3%A7%C3%A3o%20de%20Superf%C3%ADcies.pdf> Acesso em 09 de
fevereiro de 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500: Identificação


para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de
produtos. Publicada em 26 de abril de 2017.

______.NBR 7503: Transporte terrestre de produtos perigosos - Ficha de


emergência e envelope para o transporte - Características, dimensões e
preenchimento. Publicada em 16 de agosto de 2016.

______. NBR 14064: Transporte rodoviário de produtos perigosos - Diretrizes


do atendimento à emergência. Publicada em 23 de outubro de 2015.

______. NBR 14725-4: Produtos químicos - Informações sobre segurança,


saúde e meio ambiente Parte 4: Ficha de informações de segurança de
produtos químicos (FISPQ) Publicada em 19 de novembro de 2014.

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1988 (Promulgada). Brasília, DF: Assembleia Nacional Constituinte, 1998.

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Disponível em:
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______. Decreto nº 2.210, de 22 de abril de 1997. Regulamenta o Decreto-Lei nº


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Programa Nuclear Brasileiro (SEPRON), e dá outras providências. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de abril de 1997.

______. Decreto nº 2.657, de 322 de julho de 1998. Promulga a Convenção nº


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Trabalho, assinada em Genebra, em 25 de junho de 1990. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 de julho de 1998.

______. Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o regulamento para


o transporte rodoviário de produtos perigosos e dá outras providências.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 de maio de 1988.
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______. Lei nº 4.118, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre a política nacional


de energia nuclear, cria a Comissão Nacional de Energia Nuclear, e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 de
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______. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Titulo


II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do
trabalho e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 23 de dezembro de 1977.

______. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de
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Proteção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de
Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e
Defesa Civil - CONPDEC, e dá outras providências. Diário Oficial da República
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______. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Comando de Operações


Terrestres. Portaria nº 54 de 14 de Junho de 2017. Aprova o Caderno de
Instrução de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (EB70-CI-
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______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 26 – Sinalização de Segurança.


Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1978. Disponível em:
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______. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 3.214 de 08 de junho de


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2016. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte
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Brasil, Brasília, DF, 16 de dezembro de 2016.

Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências


Ambientais com Produtos Perigosos - P2R2 MINAS. Protocolo Unificado de
Prevenção a Acidentes Ambientais. Belo Horizonte, 2013. 93 p.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 96

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS.Ofício Circular


CBMMG/BM3 Nº. 1/2018 de 14 de novembro de 2018: Fluxograma de
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Bombeiro Militar, Belo Horizonte, n.47, p. 1174, Nov. 2018.

Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências


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ANEXOS 99

ANEXOS

ANEXO A - NÚMEROS COM SIGNIFICADOS ESPECIAIS


20 Gás asfixiante ou gás sem risco subsidiário.

22 Gás liquefeito refrigerado, asfixiante.

223 Gás liquefeito refrigerado, inflamável.

225 Gás liquefeito refrigerado, oxidante (intensifica o fogo).

23 Gás inflamável.

238 Gás inflamável, corrosivo.

239 Gás inflamável, que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.

25 Gás oxidante (intensifica o fogo).

26 Gás tóxico.

263 Gás tóxico, inflamável.

265 Gás tóxico, oxidante (intensifica o fogo).

268 Gás tóxico, corrosivo.

28 Gás corrosivo.

30 Líquido inflamável (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤60ºC), ou líquido ou sólido inflamável em


estado fundido com Ponto de Fulgor > 60ºC aquecidos a uma temperatura igual ou superior
a seu PFg, ou líquido sujeito a auto-aquecimento.

323 Líquido inflamável, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

X323 Líquido inflamável, que reage perigosamente com água, desprendendo gases inflamáveis.

33 Líquido altamente inflamável (Ponto de Fulgor < 23ºC).

333 Líquido pirofórico.

X333 Líquido pirofórico, que reage perigosamente com água.

336 Líquido altamente inflamável, tóxico.

338 Líquido altamente inflamável, corrosivo.

X338 Líquido altamente inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água.

339 Líquido altamente inflamável, que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 100

36 Líquido inflamável (23ºC ≤ Ponte de Fulgor ≤ 60ºC), levemente tóxico ou líquido sujeito a
auto-aquecimento, tóxico.

362 Líquido inflamável, tóxico, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

X362 Líquido inflamável, tóxico, que reage perigosamente com água, desprendendo gases
inflamáveis. (∗)

368 Líquido inflamável, tóxico, corrosivo.

38 Líquido inflamável (23ºC ≤ Ponte de Fulgor ≤ 60ºC), levemente corrosivo, ou


líquido sujeito a auto-aquecimento, corrosivo.

382 Líquido inflamável, corrosivo, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

X382 Líquido inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água, desprendendo gases
inflamáveis. (∗)

39 Líquido inflamável que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.

40 Sólido inflamável, ou substância auto-reagente, ou substância sujeita a auto-aquecimento.

423 Sólido que reage com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido inflamável que
reage com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido, sujeito a autoaquecimento que
reage com água desprendendo gases inflamáveis.

X423 Sólido que reage perigosamente com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido
inflamável que reage perigosamente com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido
sujeito a autoaquecimento que reage perigosamente com água desprendendo gases
inflamáveis. (∗)

43 Sólido espontaneamente inflamável (pirofórico).

X432 Sólido espontaneamente inflamável (pirofórico) que reage perigosamente com água
desprendendo gases inflamáveis. (∗)

44 Sólido inflamável, em estado fundido em temperatura elevada.

446 Sólido inflamável, tóxico, em estado fundido em temperatura elevada.

45 Sólido inflamável, oxidante ou sólido sujeito a auto-aquecimento.

452 Sólido oxidante, que reage com água ou sólido que reage com água, oxidante.

453 Sólido oxidante, inflamável.

46 Sólido inflamável ou sujeito a auto-aquecimento, tóxico.


ANEXOS 101

462 Sólido tóxico que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

X462 Sólido que reage perigosamente com água, desprendendo gases tóxicos. (∗)

48 Sólido inflamável ou sujeito a auto-aquecimento, corrosivo.

482 Sólido corrosivo que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

X482 Sólido que reage perigosamente com água, desprendendo gases corrosivos. (∗)

50 Substância oxidante (intensifica o fogo).

539 Peróxido orgânico inflamável.

55 Substância fortemente oxidante (intensifica o fogo).

554 Sólido oxidante, sujeito a auto-aquecimento.

556 Substância fortemente oxidante (intensifica o fogo), tóxica.

558 Substância fortemente oxidante (intensifica o fogo), corrosiva.

559 Substância fortemente oxidante (intensifica o fogo), que pode conduzir espontaneamente à
violenta reação.

56 Substância oxidante (intensifica o fogo), tóxica.

60 Substância tóxica ou levemente tóxica.

606 Substância infectante.

623 Líquido tóxico que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

63 Substância tóxica, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC).

638 Substância tóxica, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC), corrosiva.

639 Substância tóxica, inflamável, (Ponto de Fulgor ≤ 60ºC), que pode conduzir
espontaneamente a violenta reação.

64 Sólido tóxico, inflamável ou sujeito a auto-aquecimento.

642 Sólido tóxico que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

65 Substância tóxica, oxidante (intensifica o fogo).

66 Substância altamente tóxica.

663 Substância altamente tóxica, inflamável (Ponto de Fulgor ≤ 60ºC).


ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 102

664 Sólido altamente tóxico, inflamável ou sujeito a auto-aquecimento

665 Substância altamente tóxica, oxidante (intensifica o fogo).

668 Substância altamente tóxica, corrosiva.

X668 Substância altamente tóxica, corrosiva, que reage perigosamente com água. (∗)

669 Substância altamente tóxica que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.

68 Substância tóxica, corrosiva.

687 Substância tóxica, corrosiva, radioativa.

69 Substância tóxica ou levemente tóxica que pode conduzir espontaneamente à violenta.

70 Material radioativo.

768 Material radioativo, tóxico, corrosivo.

Material radioativo, corrosivo.

80 Substância corrosiva ou levemente corrosiva.

X80 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, que reage perigosamente com água. (∗)

823 Líquido corrosivo que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

83 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC).

X83 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC),
que reage perigosamente com água. (∗)

839 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC),
que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.

X839 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC),
que pode conduzir espontaneamente à violenta reação e que reage perigosamente com
água. (∗)

84 Sólido corrosivo, inflamável ou sujeito a auto-aquecimento.

842 Sólido corrosivo, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.

85 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, oxidante (intensifica o fogo).

856 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, oxidante (intensifica o fogo), tóxica.

86 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, tóxica.


ANEXOS 103

88 Substância altamente corrosiva.

X88 Substância altamente corrosiva, que reage perigosamente com água. (∗)

883 Substância altamente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC).

884 Sólido altamente corrosivo, inflamável ou sujeito a auto-aquecimento.

885 Substância altamente corrosiva, oxidante (intensifica o fogo).

886 Substância altamente corrosiva, tóxica.

X886 Substância altamente corrosiva, tóxica, que reage perigosamente com água. (∗)

89 Substância corrosiva ou levemente corrosiva que pode conduzir espontaneamente a violenta


reação.

90 Substâncias que apresentam risco para o meio ambiente; substâncias perigosas diversas.

99 Substâncias perigosas diversas transportadas em temperatura elevada.

(*) Não usar água, exceto com aprovação de especialista.

Fonte: Manual ABIQUIM (2015)


ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 104

ANEXO B - FLUXOGRAMA PARA ATENDIMENTO A OCORRÊNCIA COM


PRODUTO NÃO IDENTIFICADO

Fonte: Adaptado do Ofício circular nº 01/BM3 - CBMMG, 2018

Quartel em Belo Horizonte, 15/04/2020.

(a) Erlon Dias do Nascimento Botelho, Coronel BM

Chefe do Estado-Maior

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