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ITO 28 - Atendimento A Ocorrências Com Produtos Perigosos
ITO 28 - Atendimento A Ocorrências Com Produtos Perigosos
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OCORRÊNCI
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NSTRUÇÃO
TÉCNICA
OPERACIONAL
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28
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ont
e,1ªEdi
ção2020
COMANDANTE-GERAL DO CBMMG
CEL BM EDGARD ESTEVO DA SILVA
ELABORAÇÃO
MAJ BM IVAN SANTOS PEREIRA NETO
MAJ BM MARCOS ANDERSON VIANA SOARES
CAP BM CRISTIANO ANTÔNIO SOARES
1º TEN BM HUGO COSTA TAKAHASHI
1° TEN BM IGOR RÉDUA
2º TEN BM HENRIQUE CÉSAR BARCELLOS DE SOUZA
2º TEN BM PATRÍCIA DE CASTRO RESENDE
1° SGT BM LEANDRO LUIZ DA PAIXÃO
2° SGT BM GUILHERME LOPES VIANA
3º SGT BM BRUNO AUGUSTO DE FARIAS BRAGA
REVISÃO TÉCNICA/METODOLÓGICA
CAP BM WENDERSON DUARTE MARCELINO
2º TEN BM PAULO CÉSAR SOARES DE LIMA ROCHA
1º SGT BM BRUNO ALVES BICALHO
CB BM GEFTE DA SILVA LEMOS
REVISÃO DE TEXTO/GRAMATICAL
2º TEN BM RAUL SOUZA DOS SANTOS
CAPA
CB BM PEDRO DANIEL CORRÊA NUNES
Todos os direitos reservados ao CBMMG.
É permitida a reprodução por fotocópia para fins de estudo e pesquisa.
C787
104 p. : il.
CDD 616.025
Versão digital.
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................8
2 FINALIDADE E OBJETIVOS................................................................................9
3 ASPECTOS LEGAIS SOBRE O PAPEL DO CBMMG NO ATENDIMENTO A
OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS, RADIOLÓGICOS
E NUCLEARES......................................................................................................10
3.1 Responsabilidades quanto aos acidentes com produtos perigosos........11
4 CONCEITOS E DEFINIÇÕES.............................................................................17
4.1 Autoridade competente..................................................................................17
4.2 Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres................17
4.3 Bombonas.......................................................................................................17
4.4 Concessionárias.............................................................................................17
4.5 Corredor de Redução de Contaminantes (CRC)..........................................18
4.6 Destinatário.....................................................................................................18
4.7 Equipe de Descontaminação.........................................................................18
4.8 Equipe de Intervenção....................................................................................18
4.9 Equipe de Suporte..........................................................................................18
4.10 Expedidor......................................................................................................18
4.11 Guarnição de Socorro..................................................................................19
4.12 Pelotão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres -
PEMAD...................................................................................................................19
4.13 Posto de Comando – PC..............................................................................19
4.14 Produto Perigoso..........................................................................................19
4.15 Sistema de Comando em Operações – SCO..............................................19
4.16 Transportador...............................................................................................19
4.17 Viatura de Produtos Perigosos...................................................................20
4.18 Zona Fria........................................................................................................20
4.19 Zona Morna....................................................................................................20
4.20 Zona Quente..................................................................................................20
5 O ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS –
GENERALIDADES E PRIMEIRAS GUARNIÇÕES NO LOCAL........................... 21
5.1 Primeiro no Local............................................................................................22
6 FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS................................................25
6.1 Identificação....................................................................................................25
6.1.1 Sistema NFPA 704 - Diamante de Hommel................................................33
6.1.2 Documento fiscal para transporte de Produtos Perigosos.....................34
6.1.3 Ficha de Emergência...................................................................................35
6.1.4 Envelope de Embarque...............................................................................36
6.1.5 Manual da ABIQUIM, equipamentos de detecção e Ficha de Informações
de Segurança de Produto Químico.....................................................................37
6.2 Isolamento.......................................................................................................41
6.2.1 Zona Quente.................................................................................................41
6.2.2 Zona Morna...................................................................................................41
6.2.3 Zona Fria.......................................................................................................42
6.2.4 Planejamento das Ações e Intervenção na Zona Quente........................43
6.2.5 Trajes para Atuação em Emergências com Produtos Perigosos...........45
6.2.5.1 Nível A........................................................................................................45
6.2.5.2 Nível B........................................................................................................47
6.2.5.3 Nível C........................................................................................................47
6.2.5.4 Nível D........................................................................................................48
6.3 Salvamento...................................................................................................... 49
6.4 Descontaminação...........................................................................................51
6.4.1 Base 01.........................................................................................................53
6.4.2 Base 02.........................................................................................................54
6.4.3 Base 03.........................................................................................................55
6.4.4 Base 04.........................................................................................................55
6.4.5 Base 05.........................................................................................................55
6.4.6 Base 06.........................................................................................................56
6.4.7 Base 07.........................................................................................................56
6.5 Contenção e Controle.....................................................................................58
6.5.1 Absorção......................................................................................................59
6.5.2 Dissolução....................................................................................................60
6.5.3 Dispersão......................................................................................................60
6.5.4 Construção de desvios...............................................................................60
6.5.5 Construção de diques.................................................................................60
6.5.6 Construção de barragens ou uso de barreiras de contenção.................61
6.5.7 Estanqueidade.............................................................................................61
6.5.8 Neutralização................................................................................................61
6.5.9 Abafamento..................................................................................................62
6.5.10 Ventilação...................................................................................................62
6.5.11 Queima controlada....................................................................................63
6.6 Transbordo......................................................................................................63
6.6.1 Operações de destombamento, arraste e içamento de cargas e
veículos..................................................................................................................64
7 PROCEDIMENTOS E ORIENTAÇÕES EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS
ESPECÍFICOS........................................................................................................66
7.1 Explosivos.......................................................................................................66
7.2 Gases...............................................................................................................67
7.2.1 Gases Inflamáveis........................................................................................67
7.2.2 Criogênicos..................................................................................................69
7.3 Líquidos Inflamáveis......................................................................................73
7.4 Sólidos Inflamáveis........................................................................................74
7.5 Oxidantes e Peróxidos...................................................................................75
7.6 Tóxicos ou infectantes...................................................................................77
7.6.1 Infectantes....................................................................................................77
7.7 Radioativos......................................................................................................81
7.8 Corrosivos.......................................................................................................85
7.9 Produto não identificado................................................................................86
8 EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS................88
8.1 Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion – BLEVE……………………….88
8.2 Boil Over..........................................................................................................89
8.3 Slop Over.........................................................................................................90
REFERÊNCIAS......................................................................................................94
ANEXOS.................................................................................................................99
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 8
1 INTRODUÇÃO
Para fins desta Instrução Técnica Operacional (ITO), produtos perigosos são todas
as substâncias de natureza química, radioativa ou biológica, que podem estar nos
estados sólido, líquido ou gasoso e podem afetar animais, o homem, o patrimônio
ou meio ambiente2.
1 O Manual de campanha do Exército - EB70-MC 10.234 - Defesa QBRN versa sobre o assunto;
2Manual operacional de bombeiros: produtos perigosos /Corpo de Bombeiros Militar do Estado de
Goiás. – Goiânia: - 2017. p.11;
SEÇÃO 2 – FINALIDADE E OBJETIVOS 9
2 FINALIDADE E OBJETIVOS
A ITO não possui caráter taxativo, pois cada ocorrência evolui de maneira única e
específica. Assim, as características dos produtos envolvidos, a possibilidade de
misturas com incompatibilidade química, a necessidade de salvamento de vítimas
dentre outros tantos fatores, podem fazer com que o comandante das operações,
desde que com justificativa técnica, possa alterar a padronização e os
procedimentos aqui propostos.
4 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
4.3 Bombonas
4.4 Concessionária
4.6 Destinatário
4.10 Expedidor
4.16 Transportador
Área delimitada além da Zona Morna, onde as vítimas serão entregues às equipes
de resgate. Espaço definido para espera de viaturas, Posto de Comando, recursos
humanos ainda não empregados e outros de afinidade logística. Na zona fria não
pode haver risco para as equipes envolvidas.
Área definida entre a Zona Quente e Zona Fria, onde será montado o Corredor de
Redução de Contaminantes (CRC), para que as equipes possam atuar na
descontaminação de vítimas e na descontaminação técnica.
Área delimitada pelo comandante das operações para atuação das equipes de
intervenção, onde o risco a integridade física é iminente, no qual as equipes só
podem adentrar devidamente equipadas, com o nível de proteção pertinente à
periculosidade da ocorrência.
SEÇÃO 5 – GENERALIDADES E PRIMEIRAS GUARNIÇÕES NO LOCAL 21
A primeira equipe a chegar ao local nem sempre será a equipe que possui
condições adequadas para prestar o atendimento completo, mas ainda assim
deve ter conhecimento e adotar medidas com vistas a não agravar a situação, e
iniciar as ações para o atendimento conforme descrito a seguir.
a) identificação;
b) isolamento e delimitação de zonas de risco/atuação;
c) avaliação dos riscos e planejamento das ações;
d) salvamento e descontaminação de vítimas;
e) medidas de contenção e controle;
f) descontaminação de equipe e materiais.
3Elaborado pela comissão da ITO baseando-se nos manuais de Bombeiros Militares do Estado de
Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 22
informações que precisam ser bem compreendidas para que se obtenha sucesso
nas ações.
Após essa verificação inicial, sendo identificado o produto, deverá ser realizado o
isolamento da área em todas as direções no raio previsto no Manual da
Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), FISPQ, Ficha de
Emergência, aplicativos para celular ou outra fonte de consulta confiável,
montando-se a área que será denominada Zona Quente. Não deve ser permitido
que nenhuma pessoa sem uso do equipamento de proteção necessário entre
nessa área.
Caso não seja possível realizar a identificação inicial (por falta de visualização,
ausência de elementos de identificação ou outros motivos), deverão ser adotas as
seguintes distâncias de isolamento:
A primeira guarnição no local deve parar sua viatura de forma que em caso de
necessidade de saída rápida, não seja preciso fazer manobras, ou seja, estacionar
a viatura em ângulo de 45° em relação à via e de frente para rota de fuga,
conforme Figura 1. Deve-se ainda diligenciar para que as demais equipes que
cheguem ao local estacionem da mesma forma na Área de Espera do SCO.
6.1 Identificação
A identificação deve ser feita a uma distância segura, com uso de ferramentas
adequadas e terá como objetivo a visualização de números, cores e símbolos
presentes no Painel de Segurança e no Rótulo de Risco, além da observação do
tipo de tanque e outras características presentes (para o caso de produtos em
transporte terrestre ou ferroviário).
Classe 1: Explosivos
– Subclasse 1.1: Substâncias e artigos com risco de explosão em massa;
– Subclasse 1.2: Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem
risco de explosão em massa;
– Subclasse 1.3: Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno
risco de explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão
em massa;
– Subclasse 1.4: Substâncias e artigos que não apresentam risco
significativo;
– Subclasse 1.5: Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão
em massa;
– Subclasse 1.6: Artigos extremamente insensíveis, sem risco de
explosão em massa;
Classe 2: Gases
– Subclasse 2.1: Gases inflamáveis;
– Subclasse 2.2: Gases não-inflamáveis, não-tóxicos;
– Subclasse 2.3: Gases tóxicos;
Classe 3: Líquidos inflamáveis
Classe 4: Sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à combustão
espontânea
Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis;
– Subclasse 4.1: Sólidos inflamáveis, substâncias auto reagentes e
explosivos sólidos insensibilizados;
– Subclasse 4.2: Substâncias sujeitas à combustão espontânea;
– Subclasse 4.3: Substâncias que, em contato com água, emitem gases
inflamáveis;
Classe 5: Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos
– Subclasse 5.1: Substâncias oxidantes;
– Subclasse 5.2: Peróxidos orgânicos;
Classe 6: Substâncias tóxicas e substâncias infectantes
– Subclasse 6.1: Substâncias tóxicas;
– Subclasse 6.2: Substâncias infectantes;
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 27
a) rótulo de risco;
b) painel de segurança;
c) envelope de embarque (não obrigatório);
d) ficha de emergência;
e) documento fiscal para embarque;
f) FISPQ do produto.
Quando o número de risco for precedido da letra “X”, significa que tal substância
reage perigosamente com água. Nesses casos, a água somente deve ser utilizada
caso aprovado por especialistas (ANTT, 2016, p.192).
Figura 7 - Transporte de carga a granel de mais de um produto perigoso de mesmo risco principal,
na mesma unidade de transporte
6.2 Isolamento
Espaço físico onde está localizada a origem do acidente. Nessa área o risco é
iminente, devendo ser isolado, sendo permitido somente o acesso das equipes de
intervenção. (NBR 14.064, 2015)
Local que servirá de ligação entre as Zonas Quente e Fria. Área onde será
montado o corredor de redução de contaminação, sendo o acesso permitido
somente às equipes de descontaminação. (NBR 14.064, 2015)
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 42
Local externo ao acidente, onde o risco será mínimo ou inexistente. Nele deverão
estar localizados todas as equipes de suporte, além dos órgãos de imprensa e de
apoio, como Defesa Civil e outros. Nessa área será montado o Posto de
Comando. (NBR 14.064, 2015)
Sob o ponto de vista da identificação, a nota fiscal que deve estar junto ao
condutor do veículo ou composição férrea, sendo a nota a maneira mais confiável
de se identificar o produto, considerando a hipótese de que outras formas de
identificação, como Ficha de Emergência, Painel de Segurança ou Rótulo de
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 44
Ações que não demandem grande urgência, por não trazer prejuízos à vida,
patrimônio público ou meio ambiente devem, a princípio, ser realizadas por
profissionais contratados pelo poluidor, conforme art. 90 do Decreto Estadual nº
44.844/08, art. 28 do Decreto Federal nº 96.044/88 e o art. 5º da Lei Estadual nº
22.805/17.
“Art. 90 – Fica a pessoa física ou jurídica responsável por
empreendimento que provocar acidente com dano ambiental obrigada a:
(...)
II – adotar, com meios e recursos próprios, as medidas necessárias para
o controle das consequências do acidente, com vistas a minimizar os
danos à saúde pública e ao meio ambiente, incluindo as ações de
contenção, recolhimento, neutralização, tratamento e disposição final dos
resíduos gerados no acidente, bem como para a recuperação das áreas
impactadas, de acordo com as condições e os procedimentos
estabelecidos ou aprovados pelo órgão ambiental competente;” (MINAS
GERAIS, 2008)
6.2.5.1 Nível A
Este nível fornece maior proteção respiratória e à pele, sendo composto por:
aparelho autônomo de respiração com pressão positiva ou linha de ar enviado,
vestimenta encapsulada com resistência química e dotada de válvulas de fluxo,
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 46
6.2.5.2 Nível B
6.2.5.3 Nível C
6.2.5.4 Nível D
Este representa o nível padrão de vestimenta para trabalho, sendo composto por:
macacões, uniformes ou roupas de trabalho, botas ou sapatos de couro ou
borracha, resistentes a produtos químicos, óculos ou viseira de segurança e
capacete.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 49
Apesar da presunção de que a melhor proteção é aquela que possui maior grau
de proteção ao bombeiro militar, a saber, o traje de nível A, trata-se de uma ideia
errônea, visto que as limitações de movimentos, a autonomia respiratória e o
desgaste físico do militar são fatores relevantes no desenvolvimento dos
trabalhos.
6.3 Salvamento
Se o produto perigoso for contaminante para a vítima, mesmo que nas condições
anteriores, ela apenas será conduzida para a Zona Fria após passar pelo Corredor
de Redução de Contaminantes (CRC).
Importante lembrar que após início do sinal sonoro do EPR, o socorrista ainda tem
em média 5 minutos de ar respirável no cilindro e depois de esgotado, se estiver
equipado com nível A, ainda poderá respirar dentro do roupão encapsulado por
cerca de 3 minutos, sem sofrer qualquer efeito danoso, de forma que não há razão
para o desespero.
6.4 Descontaminação
4O sabão em água dura (que possui íons de cálcio, de magnésio e de ferro misturados) ou em
água ácida pode perder o seu poder de limpeza. (MONARETTO, Tatiana e ANTUNES, Andressa
D. C.. 2012, p.21). Assim, é recomendável o uso de detergente em relação ao sabão.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 52
As equipes de suporte não precisam estar com EPI para efetuarem a montagem
do CRC, uma vez que esse será montado fora da Zona Quente. Após a passagem
da primeira pessoa a ser descontaminada, só poderá ficar na área do CRC a
equipe de descontaminação, devidamente equipada.
O CBMMG adota como layout padrão o CRC com 07 bases (Figura 23), alocadas
de forma tal que à medida que se avança pelas bases, o grau de contaminação
vai diminuindo.
6.4.1 Base 01
Localizada na Zona Quente, limite com a Zona Morna, é o local onde serão
depositados roupas e pertences retirados das vítimas, além de todos os
equipamentos utilizados para intervenção, que serão posteriormente
descontaminados. É importante que haja disponibilidade de uma lona plástica5
para evitar a contaminação do solo e recipientes para armazenar objetos nela
deixados, além de material de corte para remoção de roupas e pertences.
5Existem lonas que contêm compostos orgânicos como algodão, por exemplo, que devem ter seu
uso evitadas pois, pode haver algum tipo de reação entre a substância e esse material.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 54
6.4.2 Base 02
6Vassouras do tipo “piaçava” devem ser evitadas por se tratar de material orgânico que reage com
determinadas substâncias.
7 O primeiro enxágue visa a diluição do contaminante. A lavagem objetiva o uso de agente de
descontaminação que, na maioria dos casos, é aplicação de água com detergente/sabão e a
remoção física com as escovas e com as vassouras. O segundo enxágue tem a intenção de que
se retire o detergente/sabão aplicado.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 55
6.4.3 Base 03
6.4.4 Base 04
Essa base é localizada paralela à base 03, de forma que o socorrista somente
acessará essa base em caso de necessidade de troca do EPR para retomar seus
trabalhos na Zona Quente. É adequado que a base disponha de local para o
socorrista sentar-se e peças para reposição de EPR. O indivíduo que troca o EPR,
não deve entrar em contato com a parte posterior da roupa de proteção, evitando
assim contaminar o socorrista.
6.4.5 Base 05
A base será o destino após a passagem pela base 03, para o socorrista que se
desloca à Zona Fria. Nessa base será efetuada a retirada da roupa encapsulada e
de botas e luvas internas, se for o caso (nível A), retirada da roupa de proteção
química juntamente com as botas e das luvas externas, nessa exata sequência
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 56
6.4.6 Base 06
6.4.7 Base 07
Situada na Zona Fria, será o local onde o socorrista retira suas roupas e toma um
banho final, que tem como objetivo a descontaminação (Figura 24) de um possível
contato com o produto resultante de danos não percebidos no roupão
encapsulado e para baixar a temperatura corporal do socorrista. Nessa base é
necessário um equipamento para contenção dos rejeitos gerados na
descontaminação como uma piscina de 1000 litros, por exemplo. Após essa base
é recomendável que exista local adequado para que o socorrista coloque roupas
limpas e passe por avaliação médica.
Figura 26 – Batoques
8 O uso de batoques de madeira carece de avaliação criteriosa pois, sendo uma substância
orgânica pode reagir quando em contato como determinados produtos perigosos tais como o ácido
sulfúrico, por exemplo. Assim, seu uso não é recomendado para todos os casos nem para
qualquer produto.
SEÇÃO 6 – FASES DO ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS 59
6.5.1 Absorção
6.5.2 Dissolução
6.5.3 Dispersão
Tem por finalidade reduzir os efeitos do produto químico sobre o homem ou meio
ambiente, consistindo na construção de desvios. Deve ser considerado o estado
físico do produto, para que seja direcionado em rota oposta a áreas
socioambientais importantes.
Pode ser exemplificado com a construção de uma canaleta para desviar líquidos
ou até mesmo a construção de um desvio para gases, com uso de lonas. Barreiras
naturais também podem ser aproveitadas na construção de desvios.
6.5.7 Estanqueidade
6.5.8 Neutralização
6.5.9 Abafamento
6.5.10 Ventilação
6.6 Transbordo
Cada ação deve ser estudada e avaliada pelo comandante das operações,
levando-se em consideração as características físico-químicas dos produtos, do
meio ambiente e as condições das vítimas. As ações deverão ser norteadas para
se atingir, com a maior segurança possível, o salvamento de vítimas associado ao
menor dano ambiental.
7.1 Explosivos
Explosivos são substâncias ou artigos que através de uma reação química podem
produzir grande quantidade de gases e calor em curto espaço de tempo,
causando danos ao seu redor.
7.2 Gases
a) gás comprimido;
b) gás liquefeito;
c) gás liquefeito refrigerado;
d) gás dissolvido;
e) gás adsorvido.
Isolar a área retirando o público para um local seguro e afastado (as distâncias
devem ser avaliadas de acordo com o produto e quantidade vazada). O risco pode
variar dependendo dos locais onde o vazamento esteja ocorrendo, conforme
abaixo:
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 68
9 Sob certas condições, como em ambientes fechados, quantidades bem pequenas de gás
inflamável podem formar uma mistura possível de ignição. Assim, as distâncias de isolamento
devem ser avaliadas criteriosamente levando esse fator em consideração. Como referência deverá
ser adotado o que preconiza os manuais como o ABIQUIM e a FISQP do produto.
10 Não se deve negligenciar o risco potencial, mesmo que baixo, de que gases inflamáveis possam
atingir seu limite inferior de inflamabilidade mesmo estando em ambiente abertos.
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 69
Observações gerais:
7.2.2 Criogênicos
contribuir para tal; substâncias auto reagentes que possam sofrer reação
altamente exotérmica; explosivos sólidos insensibilizados que possam
explodir se não estiverem suficientemente diluídos;
b) subclasse 4.2 – substâncias sujeitas à combustão espontânea,
substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo em condições normais de
transporte, ou a aquecimento em contato com ar, podendo inflamar-se;
c) subclasse 4.3 – substâncias que, em contato com água, emitem gases
inflamáveis; substâncias que, por interação com água, podem tornar-se
espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em
quantidades perigosas.
Os peróxidos orgânicos são materiais com alto poder oxidante e devem ser
mantidos longe de fontes de ignição ou calor, sendo sensíveis também ao choque
ou atrito.
Para contenção dos produtos, não se deve utilizar materiais e equipamentos que
em sua estrutura contenha compostos orgânicos, sendo assim, não realizar
contenção com terra ou serragem. Devem-se utilizar materiais inertes e
umedecidos, como por exemplo, a areia.
7.6.1 Infectantes
Nesta ITO será abordado com maior destaque os agentes biológicos, que podem
prejudicar a saúde humana de diversas formas, causando desde leves reações
alérgicas até situações médicas graves, podendo levar à morte.
Importante destacar que o agente biológico existe naturalmente, porém pode ser
modificado geneticamente, de forma a aumentar a sua capacidade de
transmissão, torná-lo resistente a medicamentos e mais hábeis a desenvolver
doenças.
Método de
Doença disseminação Infecciosidade Letalidade Viabilidade
provável
Bactéria e Rickettsia
Antraz Esporos
- Esporos em
(Bacillusanthraci Moderada Alta altamente
aerossol
s) estáveis
Peste - Aerossol Relativamente
(Yersiniapestis) Alta Muito Alta
- Vetores estável
Febre Q - Aerossol
(Cociellaburnetti) Alta Muito baixa Estável
- Sabotagem
(alimentos)
Tularemia - Aerossol
(Franciselletular Alta Moderada Pouco estável
ensis) - Sabotagem
Vírus
Varíola (Variola
- Aerossol Alta Alta Estável
major)
Encefalites Relativamente
- Aerossol Alta Baixa
Equinas Virais instável
(ocidental,
oriental,
venezuelana)
Febres
Hemorrágicas
Alta-baixa
Virais (Ebola, Relativamente
- Aerossol Alta (depende do
Marburg, estável
vírus)
Lassa,Vale do
Rift, Dengue)
Toxina
Botulismo - Aerossol
(Botulinumneuro - Alta Estável
toxins) - Sabotagem
Ricina
(Ricinuscommun - Aerossol - Moderada Estável
is)
Enterotoxina - Aerossol
Estafilococica - Baixa Estável
Tipo B - Sabotagem
Fonte:Adaptado de Campanha EB70- MC-10.233 (2016, p.20)
7.7 Radioativos
Na irradiação, a vítima sofre os efeitos da radiação ionizante, mas não tem efetivo
contato com o material emissor. Não se torna, portanto, uma fonte radioativa e não
precisará ser descontaminada.
A contaminação é muito mais danosa ao organismo, haja vista que a vítima estará
com o produto radioativo presente no seu corpo, não havendo distância entre a
vítima e o material perigoso. Nesse caso, o fator tempo será maximizado, pois o
SEÇÃO 7 – PROCED. E ORIENT. EM OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS. ESPECÍFICOS 83
material que penetrar no corpo lá ficará até ser eliminado, podendo levar muito
tempo.
a) isolar o local;
b) identificar a produto, bem como medir sua atividade;
c) realizar o salvamento de vítimas (observados os princípios de
radioproteção);
d) retirar as vestes das vítimas deixando os resíduos em locais distantes e
em recipientes impermeáveis;
e) descontaminar as vítimas com água fria, gerando a menor quantidade de
resíduos possível;
f) acionar o CDTN (CNEN).
Observações gerais:
7.8 Corrosivos
13 Para valores superiores a 100 mSv / H, a IAEA determina que a permanência na área deva ser
limitada a menos de 30 minutos. (IAEA, 2007, p. 40).
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 86
a) risco radiológico;
b) risco biológico;
c) risco químico;
14Antes da condução da vítima deve-se realizar o contato com o Serviço de Toxicologia de Minas
Gerais, repassando informações sobre sinais e sintomas apresentados, para o direcionamento ao
Hospital, tendo em vista se tratar de uma vítima intoxicada por produto não identificado.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 88
Esta seção aborda os eventos conhecidos como BLEVE, Boil Over e Slop Over.
Observar que estes temas também são abordados pela doutrina de combate a
incêndios do CBMMG.
Com o rompimento abrupto, o líquido deixa de estar sob alta pressão, passando a
pressão atmosférica, fazendo com que o produto mude repentinamente para o
estado gasoso, ocorrendo assim o BLEVE. A liberação de grande quantidade de
energia faz com que as partes do vaso que continha o líquido sejam projetadas a
grandes distâncias (até 800 metros), podendo vitimar pessoas que estejam na
área de risco.
Para que ocorra tal fenômeno, o líquido inflamável aquecido deve ser menos
denso que a água, sequenciado pelo combate às chamas aplicando água ou outro
agente que contenha água, como exemplo, espuma mecânica.
Slop Over é um fenômeno que ocorre em incêndios Classe K (Figura 32), ainda
em processo de adaptação no Brasil, sendo que diversas normas já reconhecem
essa classificação. As literaturas que não preveem a Classe K incluem esses
incêndios na Classe B.
Por auto ignição entende-se que a temperatura mínima em que ocorre uma
combustão, independente do agente ígneo externo, tais como fagulhas ou
chamas. Em geral, a autoignição das substâncias pertencentes à Classe K pode
ocorrer em qualquer intervalo de 288°C a 385°C.
O uso do agente extintor tipo ABC não produz um efeito de extinção das chamas
tão eficiente como os agentes alcalinos, por ser a base de monofosfato de amônia,
que possui natureza ácida, e consequentemente não provoca a reação de
saponificação.
SEÇÃO 8 – EVENTOS ESPECIAIS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 93
Chefe do Estado-Maior
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 94
REFERÊNCIAS
ANEXOS
23 Gás inflamável.
26 Gás tóxico.
28 Gás corrosivo.
323 Líquido inflamável, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X323 Líquido inflamável, que reage perigosamente com água, desprendendo gases inflamáveis.
X338 Líquido altamente inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água.
339 Líquido altamente inflamável, que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.
ITO 28 – ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS 100
36 Líquido inflamável (23ºC ≤ Ponte de Fulgor ≤ 60ºC), levemente tóxico ou líquido sujeito a
auto-aquecimento, tóxico.
362 Líquido inflamável, tóxico, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X362 Líquido inflamável, tóxico, que reage perigosamente com água, desprendendo gases
inflamáveis. (∗)
382 Líquido inflamável, corrosivo, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X382 Líquido inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água, desprendendo gases
inflamáveis. (∗)
423 Sólido que reage com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido inflamável que
reage com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido, sujeito a autoaquecimento que
reage com água desprendendo gases inflamáveis.
X423 Sólido que reage perigosamente com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido
inflamável que reage perigosamente com água desprendendo gases inflamáveis, ou sólido
sujeito a autoaquecimento que reage perigosamente com água desprendendo gases
inflamáveis. (∗)
X432 Sólido espontaneamente inflamável (pirofórico) que reage perigosamente com água
desprendendo gases inflamáveis. (∗)
452 Sólido oxidante, que reage com água ou sólido que reage com água, oxidante.
462 Sólido tóxico que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X462 Sólido que reage perigosamente com água, desprendendo gases tóxicos. (∗)
482 Sólido corrosivo que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X482 Sólido que reage perigosamente com água, desprendendo gases corrosivos. (∗)
559 Substância fortemente oxidante (intensifica o fogo), que pode conduzir espontaneamente à
violenta reação.
623 Líquido tóxico que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
639 Substância tóxica, inflamável, (Ponto de Fulgor ≤ 60ºC), que pode conduzir
espontaneamente a violenta reação.
642 Sólido tóxico que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X668 Substância altamente tóxica, corrosiva, que reage perigosamente com água. (∗)
669 Substância altamente tóxica que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.
70 Material radioativo.
X80 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, que reage perigosamente com água. (∗)
823 Líquido corrosivo que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X83 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC),
que reage perigosamente com água. (∗)
839 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC),
que pode conduzir espontaneamente à violenta reação.
X839 Substância corrosiva ou levemente corrosiva, inflamável, (23ºC ≤ Ponto de Fulgor ≤ 60ºC),
que pode conduzir espontaneamente à violenta reação e que reage perigosamente com
água. (∗)
842 Sólido corrosivo, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis.
X88 Substância altamente corrosiva, que reage perigosamente com água. (∗)
X886 Substância altamente corrosiva, tóxica, que reage perigosamente com água. (∗)
90 Substâncias que apresentam risco para o meio ambiente; substâncias perigosas diversas.
Chefe do Estado-Maior