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le COMPETICOES PEDAGOGICAS: COOPERACAO € COMPETICAO NO HANDEBOL Lucas Leonardo Tathyane Krahenbihl Numa éptica tradicional (e massificada), os termos “competigao” © “pedagégico” parecem antagonicos em relagdo s suas propostas, uma vez que, desse ponto de vista, acdes pedagégicas devem evitar acdes de confron- to competitivo. No entanto, ao se tratar da organizaeao de um festi- val cujo objeto central seja um determinado esporte, que, antes de tudo, 6 uma manifestago de jogo, suprimir a necessidade competitiva é um dos principais aspectos re- lacionados & natureza de um jogo coletivo, como, no caso especitico deste trabalho, 6 0 handebol: a necessidade de uma equipe, que age de forma cooperativa, poder competir contra outra equipe. Logo, competi¢&io © cooperagdo coexistem dentro pede do um ambiente esportivo. Porém, uma comps gégica néo deve encerrar suas ages apenas na evidéncia compatitiva do esporte, mas possibilitando estar presentes, concomitantemente, outros aspectos inerentes & pré- tice esportiva, tais como seus aspectos cooperativos B44 Pedagosia do Esporte (como ja citado anteriormente), a formagao moral da crianga que o joga, presenga do Itidico por meio de sua significagao enquanto um jogo e, particularmente, fazer do ambiente da competicao pedagégica uma exten- ‘so do proceso de ensino-aprendizagem, tornando-o uma continuagao do ambiente de aula proporcionado pelo professor. Dessa légica, a competicao soma-se a todo processo planejado pelo professor, ndo sendo maior nem menor, mas parte integrante de um pro- cesso de formacao (ndo s6) esportiva de seus alunos. A seguir, seré feita uma discussao sobre a organizagao de competi- Bes pedagégicas de handebol focando uma proposta de evento organizado para criangas entre 8 e 12 anos de idade (categorias menores que a Mirim), destacando um formato de organizagao pensada em um processo integrado a0 planejamento de aulas por parte do professor, com propostas coesas as idades agregadas em contraponto & viséo tradicional de organizagao de ‘competigdes para criancas dessa faixa etéria. Vencendo a visdo tradicional na organizacao de eventos esportivos para a iniciagao A proposta de festivais tradicionalmente organizados basel "se na criagdo de um ambiente propicio para um encontro de equipes que entram em quadra e disputam um torneio com tempo reduzido, em sistema mata- mata (ou mesmo em outros formatos de organizagao), enfatizando 0 jogo formal, fazendo acreditar que essa seja a forma de participagéo ideal 20 processo de organizago de um de festival, 0 tempo de participacéo reduzido, conforme visto, nesse ambien- te, geralmente ¢ proposto em vista da participagao de muitas equipes no mesmo festival, formatando jogos répides para que ao longo de um nico dia seja possivel terminar a competi Refletindo a organizago descrita e focando sua andlise para um gru- Po de criancas com menos de 12 anos, verifica-se a retratago daquilo que Competigdes pedagégicas: coopera ‘competi¢ao no Handebol 345 tradicionalmente observa-se na estrutura competitiva, porém, em virtude da reducao do tempo de atividade, hd menor participagao efetiva dos alunos durante 0 andamento do dia de competicées, sendo esse um problema a ser superado na organizagao de festivals com caracteristicas pedagégicas © educacionais. Ao enfatizar a estrutura competitiva formal cria-se também um am- biente no qual se valoriza exclusivamente a vitéria, jd que essa é uma das Principais caracteristicas do ambiente esportivo formal. Professores que esto envolvidos com competigées cujo cardter seja meramente a busca da vitoria, por sua vez, transformam seu ambien- te de aulas em um local cujos meios mais praticos para obtengao da vitéria sejam buscados ~ independentemente da capacidade de fazer de seus alunos melhores jogadores -, dando énfase na formatacgo de equipes baseadas no padrao competitivo, e, para isso, especializam precocemente goleiros, armadores, pivés, pontas, antes mesmo de esses jovens joga- dores vivenciarem 0 handebol possive!’ para eles, mesmo que seja sem é delimitacao de postos especiticos, fator que os leva a experimentar mi possibilidades do jogo. Outro aspecto a ser salientado o fato de que a organizacdo de compe formal em ambiente escolar, em cuja estrutura enfatiza-se demasiadamen- te a competicao e cujo principal mecanismo avaliativo é a vitéria, acarreta muitas vezes encontros violentos entre turmas e séries, transformando-se om verdadeiras guerras (Reverdito et al., 2008). Logo, num processo pedagégico coeso e sensato, alunos com idade abaixo de 12 anos nao devem ser expostos téo prematuramente a um 'es esportivas baseadas no foment de um ambiente esportivo Proceso de especializacao precoce, decorrente de um ambiente de ensino analitico valorizando explicitamente um contexto esportivo formal, fatores esses pautados, exclusivamente, na vitéria como elemento avaliativo dos resultados obtidos. Come. conceite do ‘logo Possivel” em Pas, 2001 BAG Pedagogia do Esporte Os processos educativo-pedagégicos das escolinhas de iniciacao (e outras organizagdes esportivas de ensino de esportes) devem manter os aspectos ligados & competico formal num segundo plano, privilegiando a ideia de que os ambientes competitivos sejam transformados em es- pacos pedagégicos continuados, estendidos sobre ambientes de aula e, portanto, inclusivos e potencializadores da participago maciga dos alunos ali envolvidos, nos quais se desenvolvem jogos (compreendidos em sua totalidade, e ndo apenas como o jogo esportivizado), que também serdo 2 estrutura base da organizaco das competicées pedagégicas. €tapas de organizacao de um circuito de competicdes pedagdgicas ‘Seguindo as ideias discutidas até o momento, este trabalho basear-se- -4 na organizacao de competicdes pedagégicas fundamentadas em jogos [no apenas no handebol), por considerar o espago da competi¢ao uma continua¢éo do processo de aulas, fazendo dos jogos disputados durante © evento elementos de ensino, ¢ no meramente de competicao, Dessa forma, 0 desenvolvimento de uma proposta de competicées pedagégicas deve passar por algumas etapas que tenham como objetivo organizé-la quanto a esses aspectos, dos quais podem se destacar: * A organizagao do cronograma anual de competicdes pedagégi- as: equipes participantes, os objetivos da competic’o (enquan- to contetdos a serem vivenciados pelos alunos). * A organizagéo do espaco das atividades: adequacéo do espago for- ‘mal para abrangéncia de mais alunos participando das atividades. + A organizacéo dos jogos a serem utilzados nos festivals: quais se- ro as atividades, o ntimero de participantes por atividede, a dure- 80 das ati lades em detrimento da durago total da competicao. Competisdes pedagégicas: cooperacio ¢ ‘competicao no Handebol * A organizacéo das atividedes extras: realizagéo de atividades pa- ralelas durante 0 evento como um todo, tais como premiacses, desafios, entre outros. © desenvolvimento de um tivo de jogos: um bom material de apoio formado por um livro de ati idades entregues as escolas Pode facilitar © conhecimento dos jogos pensados para o festival, faciltando © bor andamento da competicao pedagégica. © pert! da arbitragem: orientagao de érbitros voltados para me- diar compatigdes de cardter pedagégico. * A premiacdo: estratégias relativas & forma da premiacéo. Organizacao do cronograma anual de competicées Pedagégicas A organizagio de festivais deve-se iniciar pelo agrupamento de instituic6es interessadas em participar de eventos esportivos, no caso especifico, para a pratica do handebol. Uma boa possibilidade pode ser feita por meio do agrupamento de escolas interessadas em participarem @ sediarem as etapas das competi- 9808 Pedag6gicas ao longo do ano, dando para cada festival orgenizado um objetivo diferente. Por exemplo, imaginando que quatro escolas sejam as participantes nes festivais, pode-se criar um eronograma de festivais da seguinte forma: bimestre - sede: escola A ~ Festival de Jogos de Apelo Po- ular; * 2*bimestre ~ sede: escola B - Festival de Jogos Adaptados; * S bimestre ~ sede: escola C - Festival de Jogos de Goleiros; * 4° bimestre ~ sede: escola D ~ Festival de Minijogo de Handebol. Veriticam-se, dessa forma, festivais com diferentes objetivos, mas ve visam trabalhar, em todas as tapas, atividades em ambiente de jogo 347 BAB Pedagogia do Esporte que tenderdo para a realizaco de jogo de bolas com as mos, criando assim uma identidade das criangas que jogam essas atividades com a modalidade espe para além do handebol. ica a ser tratada, motivando novas praticas, inclusive, Organizacao do espago das atividades Esses jogos podem ser realizados em novos espacos delimitados, ‘em detrimento da utilizagao Unica @ exclusiva da quadra oficial. Um exemplo disso é a possivel divisdo da quadra em quatro espacos menores, possibilitande miltiplos confrontos a0 mesmo tempo e entre diferentes equipes. QUADRA1 — QUADRA2 © QUADRA3._—— QUADRA 4 Ficuaa 12.1 - Quadra de handebol dividida em quatro espagos menores ~ uma {quadra de 40 m x 20 m; pode ser dividida em quatro miniquadres de aproximadamente, ‘10 m x 20 m; para quadras menores, essa diviséo pode veriar. Havendo essas quatro escolas interessadas, cada uma pode ser di- vidida em duas equipes menores que jogarao contra as outras escolas, ‘também subdivididas em duas equipes, além de jogar também contra a outra equipe da mesma escola. Por exemplo: aa IN Competicdes pedagégicas: cooperacio e competicao no Handebol 349 * escola A ~ dividida em A1 e A2; * escola B - dividida em B1 e B2; " escola C ~ dividida em C1 C2; escola D ~ dividida em D1 e D2, Assim, pode-se propor a seguinte distribuipgo das equipes nas qua- dras, no inicio do festival: * quadra 1: A1 X B1; * quadra 2: C1 X D1; " quadra 3: A2 x C2; * quadra 4: 82 x D2, QUADRA = QUADRA2 QUADRA. ~—QUADRAG Fours 12.2 — Quadra com as equipes distribuidas que vlo fazendo um rodizio entre si para jogar todas contra todas. A organizacao dos jogos a serem utilizados nos festivais Gerantida a participacao de todas as criancas, podem ser propostas Partidas de cinco minutos, por exemplo, rodando as equipes entre si até ue todas joguem a atividade proposta umas contra as outras, organizan- do uma tabela diferente daquelas tradicionalmente organizadas que se repetiré a cada nova atividade proposta. B50 Pedagogia do Esporte Assim, para uma s6 atividade, sero garantidos quarenta minutos de participacao ininterrupta, sem que as criancas esperem sentadas por muito tempo, garantindo 0 acesso ao jogo e, portanto, garantindo que os alunos vivenciem situacdes-problema ambientadas no contexto de jogo, colaborando na sua aprendizagem. A transi¢ao entre atividades pode ser promovida por meio de pau- as, para beber égua, explicagao e organizacao das novas atividades. A organizacao das atividades Paralelas Muitas propostas de atividades extras podem ser pensadas, entre Glas, criar uma espécie de urna de votaco para que alunos, protessores, | Srbitros, pais que acompanham seus filhos @ outros presentes no espaco do festival possam votar nos destaques da competicao. Podem ser criadas categorias variadas, entre elas: 0 destaque da competicao, 0 jogador “jogo limpo”, a equipe mais organizada, entre ou- {res categorias que podem ser modeladas de acordo com os objetivos dos festivais e com os tipos dos jogos empregados. O desenvolvimento de um livro de jogos Por tratar-se de uma proposta baseada em organizagéo de varios Jegos ao longo das etapas do circuito de festivais, a aco de promover aos Professores ¢ alunos a apresentaco de um material que contenha as ati- vidades que serao vividas nos festivais fa ‘ard a organizacao do evento, minimizando gasto de tempo com explicacdo das atividades e organizagao das equipes, Esse livro pode ser pensado pelos proprios professores que part Pardo das competicdes pedagégicas, contendo em cada pagina o nome do jogo @ ser desenvolvido, as regras, 0 perfil da arbitragem, o material ecessério e uma imagem ilustrativa sobre o jogo. Competigdes pedagdgicas: cooperacio e ‘competicgo no Handebo! Com essas informagées, os professores podem possibilitar que seus alunos vivenciem os jogos em suas aulas, ndo com o estimulo de especia- lizé-los para serem imbativeis nesse ou naquele jogo, mas apenas para que eles possam vivé-o significativamente, possibilitando aos alunos jogarem bem 0 jogo nas aulas e também na competieao, assimilando suas regras, adaptando suas estruturas motrizes, reconhecendo a organizacao estrutu- ral e tornando-se inteligentes para lidar com todos esses aspectos, Além disso, esse material deve ser fornecido aos alunos pa eles estudem os jogos também fora do ambiente prético, tracando estra- tégias de como jogé-lo melhor, pera que possam transferir seus conceitos Para o momento circunstanciado do jogo, adaptando seus conceitos estra- que tégicos para aplicagdes téticas em ambiente de jogo. O perfil da arbitragem (&rbitros-pedagogos) As ati fessores de cada escolinha, um em cada quadra, por meio de um caréter jades podem ser mediadas e arbitradas pelos proprios pro- interventivo diferente daquele dos modelos tradicionais. Para isso, pode-se propor que antes de cada festival (um dia antes, ‘ou mesmo alguns minutos antes), seja realizado um répido curso para os professores, no qual serd epresentada cada atividade da competicao a ser disputada, passando os detalhes sobre como a arbitrage deve se com- Portar para cada jogo desenvolvido, quais regras do jogo formal devem ser adaptadas ou mesmo amenizadas e assim por diante. Um fator importante em fazer dos préprios professores os érbitros das competiodes esté no fato de que a abordagem deles poderd ser ade- quada aos trabalhos realizados em sua aula, promovendo uma extensao do momento de aula para a competi¢o. Isso auxiliard as criancas para o bom andamento da atividade. B52 Pedagogia do eV Apremiacaéo 0 objetivo geral do dia de atividades seré somar o maximo de pontos que as atividades objetivam: por exemplo, em jogo cujo objetivo seja der- rubar um cone, somam-se quantas vezes cada equipe conseguiu fazé-lo; ‘em jogos com abjetivos de um determinado nimero de passes, somam-se quantas vezes essa meta foi atingida. ‘Ao final do dia, somando-se todos os pontos obtidos pelas equipes, obter-se-d 0 placar final do dia de competicées. Os pontos vao sendo somados ao longo de todo 0 ano, durante 0 circuito de festivais, até que no ultimo festival seré, finalmente, conhecida a escola vencedora do circuito, A proposta aplicada do circuito de competicdes pedagdgicas Utilizando como parémetro as quatro etapas bimestrais sugeridas anteriormente (12 bimestre ~ sede: escola A ~ Festival de Jogos Coletivos Populares; 2° bimestre ~ sede: escola B ~ Festival de Jogos Adaptados; 3° bimestre - sede: escola C ~ Festival de Jogos de Goleiro: ~ sede: escola D ~ Festival de Mi ; @ 4° bimestre i-Jogo de Handebol), segue 2 proposta de atividades para cada uma das etapas. Festival de Jogos de Apelo Popular Em uma perspectiva om que esses ambientes pedagégicos possi- bilitem @ participacdo macica dos alunos visando, assim, a criacao de um ambiente paradidatico em relagao ao desenvolvimento da inteligéncia de jogo dos alunos, focar-se-4 agora a organizacao da primeira etapa do circuito de competig&es pedagégicas que compreenderé o tema “Jogos de Apelo Popular”, a ser disputada segundo a organizagao jé proposta no Competicdes pedagégicas: cooperarso e ‘competiogo no Handebol presente trabalho ~ com quatro equipes divididas em dois subgrupos, jo- gando em quatro miniquadras com jogos de cinco minutos, jogando todos contra todos. Jogos de Apelo Popular - Conceituacao Os “Jogos de Apelo Popular” foram escolhidos como uma possi lidade para a organizagao de um festival por terem em sua constituicao muito da cultura popular, servindo de uma proposta que estimule os alu- nos a firmar e resgatar alguns jogos que para eles tenham tido significado a partir da vivéncia obtida no ambiente de aprendizagem do festival, pos- sibilitando, inclusive, que novos jogos sejam criados pelos proprios alunos durante as aulas, criando assim um jogo com identidade relacionada aque- le determinado grupo. Dessa forma, esses 80 jogos que trazem em si muito da criagio ¢ do alcance popular. Assim, esses jogos ndo tém a obrigatoriedade de ter caracteristicas estruturais que se assemelhem diretamente 20 handebol mas que tragam em si elementos tipicos do jogo, tais como a presenca do desafio, de seu cardter IUdico, da incerteza advinda de sua imprevisibilida- de, entre outras caracteristicas (Huizinga, 1999). Ha uma infinidade de jogos de apelo popular que possuem esas ca racteristicas, no entanto, em se tratando diretamente do handebol, podem destacar-se duas classes de jogos: a familia de jogos sem bola (implemen- tos) ¢ a familia de jogos de bola com as maos. A familia de jogos sem bola contempla muitos jogos que servem para outros tipos de festivais, como de futsal, futebol, héqusi ete., ndo havendo a presenca de uma bola ou de qualquer espécie de implemento. Nesses jogos, portanto, hé uma despreocupacao em focar @ ativide- 1ada modalidade esportiva, uma vez que ndo havers fentes formas de de para uma deter associagao com membros superiores ¢ inferiores ou di conduzir 2 bola, enfatizando elementos dos jogos coletivos de maneira BS4_Pedagogia do Esporte geral em sua execugao, Logo, nao hé apelo a uma técnica especifica de ‘execucao do jogo. Esses jogos apontam para a ideia de Daolio (2002), que defende um Processo no qual a inicia¢ao desportiva foque o ensino em principios do jogo e suas regras de aco (Bayer, 1994), ou seja, em elementos nuclea- ‘e8 e légicos do jogo, afastando @ preocupacao em enfatizar o ensino pela técnica determinante da modalidade. A familia de jogos de bola com as méos pauta-se na ideia de “familia {de jogos” defendida por Scaglia (2003), por meio de seu estudo sobre os. jogos de bola com os pés. Essa perspectiva, quando focada no handebol, remete-nos a refle- x80 de que diversos jogos de bolas com as mos podem ser utilizados para @ aprendizagem do handebol. Na realidade, desse ponto de vista, ndo s6 0 handebol pode ser aprendido, mas também tantos outros jogos cuja légica seja desenrolada de maneira coletiva, sendo o handebol apenas mais uma das inimeras manifestagdes de jogos de bola com as maos que podem ser atingidas. Nessa perspectiva, complexa e sistémica, um jogo de bola com as mos, independentemente de qual seja, possui em sua organizagéo re- ra, estruturas motrizes, condicBes externas e a presenca de jogadores, fatores esses que se infiuenciam continuamente, fazendo, por meio de sua vivencia, resultar naquilo que Scaglia (2003) denomina de “emergéncias” ou seja, as condutas e respostas aos problemas do jogo, novas aprendiza- gens € tudo aquilo que esta atrelado ao ato de jogar. Essas emergéncias passam a regular também os niveis jogados de outras atividades de jogos de bolas com as méos, além de autorregular a Propria atividade. Nesse caso, por tratar-se principalmente de um festival de handebol voltado para criangas, mesmo que néo haja o handebol formal presente num jogo, 0 fato de ele ser coletivo e ter a mao como principal meio de caracterizagao de sua conduggo da bola garantiré a regulacéo positiva Para a aprendizagem do handebol. Competicées pedagégicas: cooperacso © ‘compaticdo no Handebol 359 Inventario de jogos de apelo popular para uma competicao pedagégica de handebol Pretende-se apresentar nesse momento um inventério que possibi- lite aos leitores refletirem sobre esses jogos, mas também outros novos que se caracterizem como jogos de alcance popular, ou seja, jogos que apés serem vivenciados possam ser significados e vivenciados para além da estrutura formal da aula, ou seja, ressignificados. Pensando a estruturagao de um festival com jogos de apelo popu- lar, seguem alguns jogos que, nas ideias organizacionais e estruturais dos festivais, podem ser adotados: Pega gavido ou pega-rabo: trata-se de um jogo de bastante apelo popular. Pode ser jogado com um Gnico grupo ou até mesmo com uma trama coletiva. © jogo é tradicionalmente jogado de forma que uma fila composta por dois ou mais integrantes néo deve deixar um pegador (o gavido) tocar no tiltimo da fila (0 rabo da fila). E um jogo no qual a caracteristica do 1 x 1 presente nos jogos des- portivos coletivos, e também no handebol, 6 0 apelo principal em relac3o & ptica esportiva. Trata-se, portanto, de um jogo bastante interessante para trabalhar essa Iégica e enquadra-se na descrigao dos jogos popu- lares que podem ser utilizados na organizaco de um Festival de Jogos Populares para a Pedagogia do Esporte, de maneira geral 0 jogo poder ganhar em complexidade se, num segundo momento, forem montadas duplas que devem jogar contra duas filas, de forma que qualquer membro da dupla de pegadores possa pegar qualquer ums das filas. O jogo, que antes tinha um cardter bastante individual (1 x 1), ganha em complexidade coletiva, criando uma situacdo tipica de 2 x 2, na quel as filas no podem deixar uma situacdo de superioridade numérica ocor- rer, caso contrério, a dupla de pegadores ter éxito e marcaré o ponto. BSE Pedagogia do Esporte Flour 12.3 — Pega-gaviéo com caréter individual, no qual o pegador deveré cenfrentar a fia ‘A insercao da bola, sendo passada de m&o em mao pelos pegado- res, da ainda maior complexidade ao jogo, principalmente quando a regra determina que 0 pegador com bola é 0 tinico em condiedes de tocar no Ultimo membro das filas e que os pegadores no podem dar mais que trés Passos com a bola na mao, dando ao jogo ainda maior apelo coletivo & proximidade com 0 handebol. Ficura 12.4 Pega-gavido com maior complexidade a0 adoter a estrutura de responsabilidade coletiva dos jogadores, Para um festival, 0 jogo pode desenvolver-se da seguinte forma: as duas equipes se dividem, ficando dois pegadores e duas filas para cada equipe (Figura 12.4). es Competicdes pedagégicas; cooperacto e Competicao no Handebol 357 Os pegadores da equipe A devem pegar o tiltimo jogador das files da cauipe B e vice-versa, e somente © peyador com bola é que pode peger o “rebo da fla e este somente pode dar trés passos quando esté com a bola Quando uma equipe conseguir marcar um ponto (pegar o rabo), ‘rovar-se-8o os pegadores de ambas as equipes, que se torna o primeiro da fila, e Os Ultimos da fila sero os pegadores. © objetivo ¢ conseguir pegar 0 rabo da fila adverséria 0 mais répido Possivel até o fim do tempo do jogo. Quanto mais vezes as equipes atin. Girem 0 objetivo do jogo, mais pontos sero somados. Pique-bandeira: © pique-bandeira também & um jogo de apelo po- Pular que, se analisado de acordo com a éptica esportiva, possui grande ‘semelhanca com os jogos desportivos coletivos de maneira geral. Nese jogo, pode-se propor que, durante a primeira fase do jogo, os jogadores fagam uma marca¢éo individual, na qual um jogador s6 pode ser Pego por uma pessoa especifica da equipe adverséria e, numa segunda fase, propor uma organizagao defensiva em zona, na qual os jogadores terdo de se dividir em duas linhas de defesa, uma mais préxima da “ban- deira” © uma préxima da linha do “meio de campo”. Flours 12.5 — Pique-bandeira jogado com marcagao individual entre as equipes. Pedagogia do Esporte Ficuna 12.6 ~ Pique-bandeira jogado com marcacao em zona, em duas linhas dofensivas distintas; observar que a marcagao em zona deve permitir aos alunos @ consciéncia de que qualquer um pode pegar os atacantes, desde que ele penetre em sua regiso defensiva. Com esses dois jogos, pensando a organizagao do festival propos: ta anteriormente neste trabalho ~ com quatro equipes divididas em dois subgrupos, jogando em quatro miniquadras com jogos de cinco minutos, jogando todos contra todos ~ teremas praticamente duas horas de com- peticdo pedagégica, na qual os alunos jogarao praticamente o tempo todo, Dependendo da disponibilidade de horérios de quadra, podem ser inseridas, ainda, mais um ou dois jogos, com caracteristicas populares. Festival de Jogos Adaptados Focar-se-é agora a segunda etapa das competic6es pedagégicas de handebol. Essa etapa compreenderé 0 tema “Jogos Adaptados” e sera disputada segundo a organizacao proposta no presente trabalho - com quatro equipes divididas em dois subgrupos, jogando em quatro miniqua~ dras com jogos de cinco minutos, jogando todos contra todos. Competig8es pedagégicas: cooperacdo @ compotigao no Handebol Jogos Adaptados ~ Conceituacéo Jogos Adaptados caracterizam-se como aqueles que trazem em si as principais caracteristicas da modalidade esportiva formal, compreendendo @ maioria das regras da modelidade, mas que possibilitam a reconsideracéo de algumas dessas regras, para enfatizar um ou mais aspectos centrais, da atividade. Pensando na aplicagao metodolégica, os jogos adaptados devem levar em conta a adequaco de alguns aspectos, com: nos jogos, variago dos tipos de mater \imero de alunos © variagdes na estrutura das regras, como dimens&o do gol, do campo, da quadra ou das zonas deli- mitadas. No entanto, as caracteristicas fundamentais do jogo formal, no caso, o handebol, devem estar presentes nesses jogos. ‘A aplicago desse tipo de jogo torna-se excelente num processo de ensino do handebol, principalmente em etapas mais préximas da especiali- za¢o, mas, pensando num ambiente de ensino especifico da modalidade, pode, sem diivida, ser utilizada em todo 0 processo, permeada, claro, por elementos de cardter geral, como os jogos coletivos de apelo popular. Inventario de jogos adaptados que se relacionem com o handebol ‘Segue agora um répido inventério de jogos adaptados que tenham relaco com o handebol, a fim de ilustrar possibilidades de atividades que podem ser realizadas em uma competi¢’o pedagégica de handebol, man- tendo a ideia de diviséo das quadras propostas anteriormente. Entregue a bola ao jogador-alvo: trata-se de um jogo bastante in- teressante para trabalhar os principios operacionais do jogo ofensivo € defensivo, conforme explica Bayer (1984). Nele, joga-se um jogo bastante livre que conta com a livre organizagao dos alunos em relagao ao tipo de Marca¢éo, como proteger 0 alvo contra finalizacées e formas de progredir com a bola e manter sua posse. BEO Pedagogia do Esporte ‘Segue uma forma possivel de estruturar esse jogo: Flours 12.7 ~ Entregue a bola ao jogador-alvo. Jogo de pivé: trata-se de um jogo semelhante ao anterior, porém, agora, um jogador adversério (de cor cinza na Figura 12.8) podera marcar 0 jogador-alvo bem de perto, até mesmo entrando em sua érea. O jogador- iF uma espécie de jogo de bloqueios e contrabloqueios, elementos bésicos do jogo de pivd, pois somente quando ele receber a bola é que a equipe marcard um ponto nesse jogo. -alvo, para ter éxito, tera de ini Fiouna 12.8 — Jogo de pivd. Vale lembrar que o jogador que poder entrar na érea do piv é um jogador comum, que, quando ataca, pode jogar normalmente, e, quando defende, pode optar por marcar diretamente ou no 0 jogador-alvo. Competicdes pedagégicas: cooperacdo ‘competicdo no Handebol 361 Cada vez que as equipes rodarem nas quadras, para jogarem uma contra as outras, dever-se-4 substituir 0 jogador-alvo eos jogadores que podem marcar 0 piv6, Jogos de passes @ tansicéo ofensivo-defensiva: 6 um jogo que Possul duas fases num mesmo jogo, uma posicionada em uma regio determinada da quadra e uma em transicéo entre as duas meias-quadras. Nesse jogo, divide-se a quadra em trés espacos cujos tamanhos variaréo de acordo com o interesse que o professor quer dar & atividade. "Nas regides mais & extremidade, deve-se propor um jogo de dez passes ‘que, quando conseguidos por uma das duas equipes (que disputam conco- mitantemente a posse da bola naquele espago determinado}, credencia essa equipe a entregar a bola para um jogador-alvo de sua equipe que esté colo- cado do lado de fora da quadra (Figura 12.9) TAMANHO VARIAVEL Jogo de transico na etaps posicional. Fiouna 12.9 — Nessa primeira etapa, caso a equipe defensora recupere @ posse de bola, comeca-se de novo a contar dez passes para essa equipe que recuperou a bola e, caso a equipe que tinha conseguido os dez passes Perca a bola, sua contagem inicia-se do zero, tendo de comecar de novo 0s dez passes. BE2 _Pedagogia do Esporte Caso uma das equipes consiga entregar a bola ao seu respectivo jogador-alvo, ela ganha um ponto 6, a partir desse moment, inicia-se a segunda etapa do jogo, que & trensitar até a outra extremidade da qua- dra, executando, no maximo, apenas dois passes para conquistar mais um ponto. Caso a equipe nao consiga, ela perde a posse de bola para a equipe adverséria, que inicia um jogo de dez passes na extremidade contréria & do inicio da atividade. Caso consiga tran: com eficiéncia, ela ganha mais dois pontos e entrega a posse de bola para a equipe adverséria, que comecaré nessa outra extremidade novamente o jogo de dez passes, indo 0 jogo. TAMANHO VARIAVEL Ficuna 12.10 ~ Jogo de transi 10 na etapa de transicao. As equipes sé podem deixar uma das éreas das extremidades da quadra caso a bola seja entregue a um dos jogadores-alvo que esto fora da quadra. Devers © rodizio das equipes ao longo da competieao. rodar 0s jogadores da quadra e de fora da quadra durante Jogo de transicdéo — das pontas vale mais: jogo semelhante 20 anterior, porém agora hd um alvo formado por dois cones, que so os gols. Apés dez passes conquistados, a equipe poderd ter a chance de ‘Compoticdes pedagéaicas: cooperacso ‘competi¢go no Handebol transitar de uma quadra & outra com no méximo dois passes entre seus jogadores, @ sé vale fazer gol em situago em que a equipe consiga fazer essa transi¢éo. Porém, 0 gol pode valer um ou trés pontos: se finalizar da regiéo central e marcar 0 gol, marca-se apenas mais um ponto, e se fizer mais das extremidades da quadra (das pontas), vale mais trés pontos. Nesse jogo, os jogadores-alvo viram goleiros quando 0 jogo esté na fase de transico, devendo deslocar-se rapidamente de um lado a0 outro da quadra, visando a proteger 0 alvo. ‘TAMANHO VARIAVEL Flours 12.11 ~ Jogo de transi¢go ~ das pontas vale mais. Festival de Jogos de Goleiros Refletindo agora sobre a terceira etapa de competicbes pedagé- gicas de handebol, seré pensada uma etapa focada no tema “Jogos de Goleiros”, que seré disputada segundo a organizacao proposta no presente trabalho - com quatro equipes divididas em dois subgrupos, jogando em quatro miniquadras com jogos de cinco minutos, jogando todos contra todos. 364 Pedagogia do Esporte Jogos de Goleiros - Conceituac3o Os jogos de goleiros sao nada mais que jogos que tenham como premissa a descoberta de todo 0 corpo como meio de impedir que a bola seja passada para outro jogador ou mesmo que seja arremessada em di- rego ao alvo. Na iniciagao, muitas vezes, esquecemos essa etapa de aprendiza- gem, dando muita énfase ao ensino dos jogadores de quadra, deixando as fungdes do goleiro em segundo plano. Nao se trata de jogos que venham a especializar 0 goleiro, mas sim que visem a desenvolver em todos os alunos a capacidade de saber usar © corpo todo para impedir que a bola chegue ao destino que o adversério deseja — seja os membros inferiores ou mesmo 0 tronco, além, claro, das mos e dos bracos. Trata-se, portanto, de um estimulo importantissimo @ ser dado na iniciagdo ao handebol Inventario de jogos de goleiros Segue agora um rapido inventério de jogos de goleiros que tenham relagao com 0 handebol, com 2 finalidade de ilustrar possiblidades de ativida- des que podem ser realizadas em uma competicao pedagégica de handebol Essas atividades manterao a ideia de divisdo das quadras propostas anteriormente. ogo de impedir passes: trata-se de um “jogo de passes” tradi- cional, no entanto, nessa verso, vale impedir a passagem da bola com ‘qualquer parte do corpo por parte da equipe que busca recuperar a posse da bola. 0 jogo deve ser divi ido em duas etapas, uma valendo qualquer tipo de passes e a outra valendo somente passes quicados. Competicdes pedagégicas: cooperac ‘competicao no Handebol Com essa adaptacdo de regras, os alunos irdo descentrar a atenc3o nica da mao como interceptadora da bola, usando todo 0 corpo, principio bésico para a atuagao no gol. Caso a equipe que procura impedir os passes toque na bola, os passes adversérios séo zerados, mas a equipe oponente mantém a posse da bola. Caso um passe seja interceptado com 0 dominio da bola pela equipe que interceptou, esta comeca a ser atacante, comecando o jogo de passes. Se uma equipe atingir 0 nmero de passes determinado pelo jogo, marca um ponto e passa a bola para a outra equipe, que agora seré a de- tentora da posse de bola. Pode-se também criar a regra de que caso 0 passe seja intercepta- do com membros inferiores ou com 0 tronco, a equipe ganha um ponto € também a posse da bola, podendo atingir mais um ponto por meio do jogo de passes. Jogo de alvo central; nesse jogo, além do grande alvo no centro do jogo, também hé a organizacdo de minialvos demarcados por cones circun- dando 0 alvo central © principal objetivo do jogo ¢ atingir 0 grande alvo, tocando - nao langando ~ @ bola no cone contido dentro de uma area circular restrita (que nao pode ser pisada ou tocada). Isso vale trés pontos. ‘Secundariamente, cada vez que um passe quicado passar por dentro dos pequenos alvos e for completada por uma recepgao de outro jogador, @ equipe atacante marcara um ponto, Para proteger minigols dos passes quicados, os defensores podem impedir a trajetdria da bola com qualquer parte do corpo e, se conseguirem recuperar a bola, passam automaticamente a atacar (Figura 12.12). BEE Pedagosis do Esporte Fiouna 12.12 Jogo de alvo central: @ variagso de regra possibilita que habilidades ‘com os pés @ 0 corpo sejam utilizadas livremente pela equipe defensora. Protejam os alvos: trata-se de um jogo no qual haverd trés éreas res- tritas contendo alvos para cada equipe defender. No entanto, um jogador qualquer da equipe defensora - e apenas um por vez ~ poder entrar na rea restrita para proteger os alvos ali contidos, defendendo-os com qual- quer parte de seu corpo. Em cada drea, haverd dois cones, e se a bola tocar em qualquer um desses cones a equipe atacante marcaré um ponto, Os alvos so 0s mesmos para ambas as equipes atacarem ou defen- derem (Figura 12.13). Flour 12.13 — Jogo bastante tradicional, porém possibilitande que qualquer jogador entre na érea e proteja um dos alvos que esto sendo atacados. a naa Competicdes pedagdgicas: cooperacio & ‘competiggo no Handebol Nesse jogo, a equipe que sofre o ponto ganha a posse da bola. Caso @ equipe defensora consiga roubar a posse da bola, ela vira equipe atacante. Devem-se utilizar as regras basics do handebol, estimulando o aprendizado dos alunos de como lidar com elas durante o momento do jogo. Festival de minijogo Imaginando o que seria a quarta @ Ultima etapa do circuito de fes- tivais, tratar-se-4 agora uma reflexéo sobre a ideia de um festival de minijogo, © papel do minijogo na iniciagdo © minijogo no deve ser encarado como um objetivo especifico do processo de pedagogia do handebol, porém como mais uma possibilidade de abordagem da modalidad. Dessa forma, 0 minijogo deve, sim, fazer parte desse processo, po- 6m compreendido como um jogo da vasta familia de jogos de bolas com ‘88 maos que faz parte desse processo pedagégico, evitando, assim, fazer do minijogo um fim do processo de ensino-aprendizagem, transformando-o ‘em mais um meio que possibilite @ aprendizagem da modalidade. Organizagao do festival de minijogo Os gol organizagao do festival, tendo como estrutura espacial a divisdo de quadras como apresentado na primeira parte dessa proposta, remete-nos a outro problem ~ necessidade de haver oito gols para a realiza~ 980 do festival. Isso pode ser resolvido de varias formas, tais como: usar um gol reduzido, marcado por cones e com uma corda bem-presa na parte superior dos cones, criando um golzinho em que valeréo apenas gols arre- messados para baixo, estimulando o goleiro a usar os membros inferiores para defender a met u criar minigols com canos de PVC, criando uma 367 BEB Pedagogia do Esporte estrutura montavel, bastante interessante se pensarmos que é um mate- rial de fécil transporte, além de também poder ser pensada a montagem de um gol menor, fator que facilita a eficécia de defesa dos goleiros, tornan- do © jogo mais dificil, além de estimular os goleiros a atuarem. Essas so duas ideias possiveis, que podem ser melhoradas depen- dendo de nossa criatividade, como professores. ‘A quadra: 0 minijogo de handebol compreende a utilizagdo de um espago menor. Como proposta, pode-se utilizar a divisdo das quadras pro- posta anteriormente: quatro miniquadras. ‘A questao inerente & marcacao das éreas, por exemplo, pode ser solucionada com a utilizacdo de fitas adesivas de facil remocao apés @ realizago do festival, tais como fita-crepe. ‘Sem maiores problemas, podem ser utilizadas éreas retas, tal qual ocorre no handebol de areia (Figura 12.14), porém, delimitando também uma érea de faltas, anéloga @ linha tracojada de nove metros da quadra oficial (Figura 12.15). 27 METROS: 12 MerRos —_— ‘emernos 16 METROS ‘eMETROS Fours 12.14 ~ Dimensdes da quadra de handebol de areia (observar as éreas tetas: possibilidade para o mini-handebol). Competicdes pedagégicas: cooperacio © ‘competicao no Handebol 27 METROS AMETHOS 2METROS—«ISMETROS «7 METROS 6 METROS Flours 12.15 ~ Proposta de quadra possivel para o minijogo de handebol em analogia & quadra de handebol de areia, utlizando a marca de seis metros para as penalidades semelhantes ao tiro de sete metros do jogo formal As regras: a adaptacao de regras ¢ imprescindivel de ser f / Por tratar-se de um minijogo. Com relagao ao numero de participantes, pode-se adapter para uma teduedo do numero de jogadores para 3+1 ou 4+1 (em que "+1" 60 goleiro), podendo deixar um ou dois na reserva, entrando sempre que @ equipe fizer ou sofrer um gol. Pode-se proporcionar o rodizio constante entre os goleiros, ja que é tum jogo que visa & participaco de todos nas mais variadas situacdes que © jogo pode proporcionar. Também se deve pensar na possibilidade de incluir a regra na qual, caso 05 goleiros facam gol jogando como jogadores de quadra (fora do gol), esse gol pode valer 2, estimulando a compreensdo de que 0 goleiro pode jogar normaimente na linha, com a mesma liberdade dos outros joga- dores, além, claro, de outras adaptacdes pertinentes. Em caso de faltas feitas em circunsténcia que se assemelhem & marcagao de um tiro de sete metros no jogo formal, optar pela realizagao do um tiro de seis metros. 370 Pedagogia do Esporte Consideracées finais (© ambiente criado para a disputa de competigdes deve ser centrado em outras formas de jogo, que, ao serem pensados sobre a ideia de uma grande familia de jogos, trarao conhecimentos os mais variados possiveis para serem transferidos para o handebol formal, quando esse for 0 prin- cipal foco de ensino, geralmente nas fases de especializacdo esportiva que so compreendidas para idades maiores que aquelas propostas neste trabalho. Criangas de 8 2 12 anos devem ter estimulos os mais variados possiveis. Jogar handebol, para elas, deve ser mais que estar na quadra jogando sete contra sete numa estrutura formal do jogo. Jogar jogos de bola com as méos, como os demonstrados neste trabalho, deve ser o enfoque nessa faixa etéria, fator esse que inclui, com certeza, 0 préprio handebol. Logo, se esses so os elementos centrais do processo de ensino~ -aprendizagem para essa faixa etéria, as competicdes pedagogicas devem ser lineares ao processo de ensino, trazendo em seu corpo jogos para além do handebol, tais como aqueles aqui mostrados. Jogar handebol durante a organizagao dos festivais também 6 um fator importante e deve ser explorado, mas permeado por outras ativida- des que estimulem a aprendizagem global de jogos e esportes coletivos, evitando assim um carater de especializagao exclusiva no handebol. Espera-se, portanto, ter-se conseguide ilustrar 0 quanto um ambien te de competisées pode ser diversificado daquele que tradicionalmente se realiza, fazendo deste um ambiente que vai além de mera reproducéo do jogo formal, tornando este um espaco que some ao processo pedagégico, tendo no jogo (em suas mais variadas manifestacdes ~ jogos populares, jogos adaptados do jogo formal, jogos de goleiros, além, claro, do préprio handebol disputado em formato de minijogo) 0 elemento central de orge- nizagdo das competigées. Competigies pedegdgicas: cooperacio & ‘competicso no Handebol 371 E pelo fato de o jogo ser uma atividade desafiadora, seré garantido que inimeros problemas sejam desvendados por meio do merguiho no lidico ~ o mundo do jogo. 372 Pedagogia do Esporte Referéncias Bayes, C. 0 ensino dos desportos coletivos. Lisboa: Dina Livros, 1994. Daouio, J. Jogos esportivos coletivos: dos principios operacionais aos gestos ‘técnicos ~ modelo pendular a partir das ideias de Claude Bayer. Rev. bras. ciéncia ‘mov., Brasilia, v. 10, n. 4, p. 89-104, 2002. Pars, R. R. Jogo possivel. Rev. Jogos Cooperativos, v. 5, p. 7, 2001. Revenorro, R. S. et al. CompeticBes escolares: reflexdo @ ago em Pedagogia para fazer a diferenga na escols. Pensar prét., Goiania, v. 11, n. 1, 2008. Scrsua, A. J. O futebol © os jogos/brincadeiras de bola com os pés: todos ‘semelhantes, todos diferentes. 2003. 164 f. Tese (Doutorado em Educacso Fisica) = Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educacao Fisica, Campinas, 2003.

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