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Pocket Guideline GOLD

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GUIA DE BOLSO PARA A DPOC


DIAGNÓSTICO, MANEJO E PREVENÇÃO
Um guia para prossionais de saúde
1

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INICIATIVA GLOBAL PARA


A DOENÇA PULMONAR
OBSTRUTIVA CRÔNICA

GUIA DE BOLSO PARA A DPOC


DIAGNÓSTICO, MANEJO E PREVENÇÃO

Um guia para prossionais de saúde

Edição de 2023

© 2022, 2023 Global Iniave for Chronic Obstrucve Lung Disease, Inc.

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GOLD – CORPO DIRETIVO GOLD – COMITÊ


(2022) CIENTÍFICO* (2022)
Alvar Agus, médico, presidente Claus Vogelmeier, médico, presidente Universidad Central de Venezuela
Respiratory Instute University of Marburg Centro Médico de Caracas
Hospital Clinic, IDIBAPS Marburg, Alemanha Caracas, Venezuela
Univ. Barcelona e Ciberes
Barcelona, Espanha Alvar Agus, médico Alberto Papi, médico
Respiratory Instute University of Ferrara
Richard Beasley, médico Hospital Clinic, IDIBAPS Ferrara, Itália
Medical Research Instute of NZ Univ. Barcelona e Ciberes
Wellington, Nova Zelândia Barcelona, Espanha Ian Pavord, médico, membro da
Academy of Medical Sciences
Bartolome R. Celli, médico Antonio Anzueto, médico Respiratory Medicine Unit and Oxford
Harvard Medical School South Texas Veterans Health Care Respiratory NIHR Biomedical Research
Boston, Massachuses, EUA System Centre, Nueld Department of
University of Texas, Health Medicine
Gerard Criner, médico San Antonio, Texas, EUA University of Oxford
Temple University School of Medicine Oxford, Reino Unido
Philadelphia, Pennsylvania, EUA Peter Barnes, médico, membro da
Royal Society Nicolas Roche, médico
David Halpin, médico Naonal Heart & Lung Instute Pneumologie, Hôpital Cochin
University of Exeter Medical School Imperial College AP-HP.Centre – Université Paris Cité
College of Medicine and Health Londres, Reino Unido UMR 1016
University of Exeter, Exeter Instut Cochin
Devon, Reino Unido Jean Bourbeau, médico Paris, França
McGill University Health Centre
M. Victorina López Varela, médica McGill University Don D. Sin, médico
Universidad de la República Montreal, Canadá St. Paul’s Hospital
Hospital Maciel University of Brish Columbia
Montevidéu, Uruguai Gerard Criner, médico Vancouver, Canadá
Temple University School of Medicine
Maria Montes de Oca, médica Philadelphia, Pennsylvania, EUA Dave Singh, médico
Hospital Universitario de Caracas University of Manchester
Universidad Central de Venezuela David Halpin, médico Manchester, Reino Unido
Centro Médico de Caracas University of Exeter Medical School
Caracas, Venezuela College of Medicine and Health Robert Stockley, médico, DSc
University of Exeter, Exeter University Hospital
Kevin Mormer, médico Devon, Reino Unido Birmingham, Reino Unido
Liverpool University Hospitals NHS
Foundaon Trust, Reino Unido/Naonal Heart MeiLan K. Han, médica, MSc M. Victorina López Varela, médica
and Lung Instute, Imperial College London, University of Michigan Universidad de la República
Reino Unido/School of Clinical Medicine, Ann Arbor, MI, EUA Hospital Maciel
College of Health Sciences, University of Montevidéu, Uruguai
Kwazulu-Natal, África do Sul Fernando J. Marnez, médico, MSc
Weill Cornell Medical Center/New Jadwiga A. Wedzicha, médica
Sundeep Salvi, médico York-Presbyterian Hospital Naonal Heart & Lung Instute
Pulmocare Research and Educaon New York, NY, EUA Imperial College London
(PURE) Foundaon London, Reino Unido
Pune, Índia Maria Montes de Oca, médica
Hospital Universitario de Caracas

DIRETORA EXECUTIVA ASSISTÊNCIA EDITORIAL DESIGN GRÁFICO


DA GOLD
Ruth Hadeld, PhD Wendy Stasolla
Kae Langefeld, BS Macquarie University AIHI Imbue Creave
Illinois, EUA Sydney, Austrália New Jersey, EUA

*Os conflitos de interesse dos comitês da GOLD e Stão no website: www.goldcopd.org

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................4 Glicocorcoides orais ..............................................................27
O QUE É A DPOC? ............................................................................5 Inibidores da fosfodiesterase-4 (PDE4) ...................................27
PONTOS PRINCIPAIS .................................................................5 Anbiócos ..............................................................................28
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO............................................................6 Mucolícos (mucocinécos, mucorreguladores) e agentes
PONTOS PRINCIPAIS .................................................................6 anoxidantes (N-acelcisteína, carbocisteína, erdosteína) ..... 28
DIAGNÓSTICO..................................................................................6 Outros medicamentos com potencial para redução das
APRESENTAÇÃO CLÍNICA .................................................................6 exacerbações ..........................................................................28
Sintomas ..................................................................................6 Intervenções terapêucas para redução da
mortalidade por DPOC............................................................. 29
Tosse crônica ............................................................................7
Outros tratamentos farmacológicos ........................................31
Produção de escarro ................................................................7
REABILITAÇÃO, EDUCAÇÃO E AUTOMANEJO .................................. 32
Sibilos e opressão torácica ......................................................8
Reabilitação pulmonar .............................................................32
Fadiga .......................................................................................8
CUIDADOS DE SUPORTE, PALIATIVOS E DE FINAL DE VIDA ............. 32
Caracteríscas clínicas adicionais na doença grave ................ 8
OUTROS TRATAMENTOS .................................................................32
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DPOC ............................................8
HISTÓRICO MÉDICO.........................................................................10 MANEJO DA DPOC ESTÁVEL ............................................................33
ESPIROMETRIA ................................................................................10 PONTOS PRINCIPAIS .................................................................33
AVALIAÇÃO INICIAL ..........................................................................11 IDENTIFICAR E REDUZIR A EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCO ......... 35
Gravidade da obstrução do uxo de ar ....................................12 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DPOC ESTÁVEL ....................... 36
Sintomas .................................................................................13 Manejo da terapia inalatória ...................................................36
Avaliação inicial combinada na DPOC .....................................14 Algoritmos para o manejo da avaliação, início e
acompanhamento do tratamento farmacológico.................... 38
EVIDÊNCIAS QUE EMB ASAM A PREVENÇÃO E O TRATAMENTO DE
MANUTENÇÃO ................................................................................16 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DA DPOC ESTÁVEL ............. 44
PONTOS PRINCIPAIS .................................................................16 Oxigenoterapia.........................................................................45
INTE RRUP ÇÃO DO TABAGISMO ...................................................17 Suporte venlatório .................................................................46
VACINAÇÕES....................................................................................17 MANEJO DAS EXACERBAÇÕES .........................................................48
TERAPIA FARMACOLÓGICA PARA A DPOC ESTÁVEL ......................... 17 PONTOS PRINCIPAIS .................................................................48
Visão geral dos medicamentos ................................................17 OPÇÕES DE TRATAMENTO ...............................................................50
Broncodilatadores ................................................................... 19 Local de tratamento.................................................................50
Drogas anmuscarínicas ..........................................................20 Suporte respiratório.................................................................53
Melxannas ...........................................................................20 DPOC E COMORBIDADES.................................................................54
Terapia combinada com broncodilatadores ............................21 PONTOS PRINCIPAIS .................................................................54
Agentes an-inamatórios....................................................... 22 COVID-19 E DPOC ............................................................................55
Corcoides inalatórios (ICS) .....................................................24 PONTOS PRINCIPAIS .................................................................55
Terapia tripla (LABA+LAMA+ICS) .............................................. 27 REFERÊNCIAS ...................................................................................55

INTRODUÇÃO
A doença pulmonar obstruva crônica (DPOC) é hoje uma das três maiores causas de morte no mundo todo e 90%
dessas mortes ocorrem em países de baixa ou média renda. 1,2 Mais de 3 milhões de pessoas morreram de DPOC
em 2012, o que representa 6% de todas as mortes mundiais. A DPOC representa um importante desao de saúde
pública que é tanto prevenível quanto tratável. A DPOC é a maior causa de morbidade crônica e mortalidade global.
Muitas pessoas sofrem com a doença por anos e morrem prematuramente devido a ela ou por suas complicações.
Globalmente, projeta-se o aumento do impacto da DPOC nas próximas décadas pela exposição connua a fatores
de risco da DPOC e pelo envelhecimento populacional.3

Este Guia de Bolso foi desenvolvido a parr do Relatório de 2023 da GOLD (Global Strategy for the Diagnosis, Ma-
nagement, and Prevenon of COPD – Estratégia Global para o Diagnósco, Manejo e Prevenção da DPOC), que visa
fornecer uma revisão não tendenciosa das evidências atuais para a avaliação, diagnósco e tratamento de pacientes
com DPOC a m de ajudar o médico. As discussões sobre a DPOC e seu manejo, os níveis de evidência e as citações
exatas da literatura cienca podem ser encontradas no documento original, disponível em www.goldcopd.org.

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O QUE É A DPOC?
PONTOS PRINCIPAIS:
Denição
• A doença pulmonar obstruva crônica (DPOC) é uma condição pulmonar heterogênea caracterizada por
sintomas respiratórios crônicos (dispneia, tosse, produção de escarro, exacerbações) devido a anormalida-
des das vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou alvéolos (ensema) que causam obstrução persistente,
e geralmente progressiva, do uxo de ar.
Causas e fatores de risco
• A DPOC resulta de interações genécas e ambientais que ocorrem ao longo da vida do indivíduo (chamadas
GETomics, do inglês genecs, environment e lifetime) e que podem levar a danos nos pulmões e/ou alterar
seu processo normal de desenvolvimento/envelhecimento.
• Os principais fatores de exposição ambiental que levam à DPOC são tabagismo, a inalação de parculas
e gases tóxicos nos domicílios e a poluição atmosférica, mas outros fatores ambientais e individuais (in-
cluindo o desenvolvimento anormal e o envelhecimento acelerado dos pulmões) podem contribuir para o
desenvolvimento da DPOC.
• O principal fator de risco genéco (embora raro) idencado para a DPOC é a mutação do gene SERPINA1,
que leva à deciência de α-�-antripsina. Outras variantes genécas também foram associadas com função
pulmonar reduzida e risco de DPOC, mas com efeito individual pequeno.
Critérios de diagnósco
• No contexto clínico adequado (ver “Denição” e “Causas e Fatores de Risco”, acima), a presença de limi-
tação do uxo de ar não totalmente reversível (isto é, VEF 1/CVF* <0,7 pós-broncodilatador) medida por
espirometria conrma o diagnósco da DPOC.
• Alguns indivíduos podem apresentar sintomas respiratórios e/ou lesões estruturais nos pulmões (por exem-
plo, ensema) e/ou anormalidades siológicas (incluindo VEF1 baixo-normal, aprisionamento de ar, hiperin-
suação, capacidade de difusão pulmonar reduzida e/ou declínio rápido do VEF 1) sem obstrução do uxo
de ar (VEF1/CVF ≥0,7 pós-broncodilatador). Esses indivíduos são classicados como “Pré-DPOC”. O termo
“PRISm” (Preserved Rao Impaired Spirometry – espirometria alterada com proporção VEF1/CVF preservada)
foi proposto para idencar os indivíduos com proporção normal e espirometria anormal. Indivíduos com
pré-DPOC ou PRISm apresentam risco de desenvolver obstrução do uxo de ar ao longo do tempo, mas nem
todos vão desenvolvê-la.
Apresentação clínica
• Os pacientes com DPOC picamente se queixam de dispneia, limitação de avidades e/ou tosse com ou
sem produção de escarro e podem apresentar eventos respiratórios agudos caracterizados por aumento
dos sintomas respiratórios – chamados exacerbações – que necessitam de medidas prevenvas e terapêu-
cas especícas.
• Os pacientes com DPOC frequentemente apresentam outras comorbidades que inuenciam sua condição
clínica e seu prognósco, e que também necessitam de tratamentos especícos. Essas comorbidades po-
dem mimezar e/ou agravar uma exacerbação aguda.
Novas oportunidades
• A DPOC é uma doença comum, prevenível e tratável, mas bastante subdiagnoscada ou erroneamente
diagnoscada, o que leva pacientes a não receberem tratamento ou receberem tratamento incorreto. O
diagnósco adequado e precoce da DPOC pode ter impacto muito signicavo na saúde pública.
• O reconhecimento de que outros fatores ambientais, além do tabagismo, podem contribuir para a DPOC,
de que ela pode se desenvolver precocemente e afetar indivíduos jovens, e de que há condições precur-
soras (pré-DPOC, PRISm), oferece novas janelas de oportunidade para a prevenção, diagnósco precoce, e
intervenções terapêucas imediatas e adequadas.

*VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo; CVF: capacidade vital forçada.
5

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DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO

PONTOS PRINCIPAIS:
• O diagnósco da DPOC deve ser considerado em qualquer paciente com dispneia, tosse crônica ou produ-
ção de escarro, histórico de infecções recorrentes do trato respiratório inferior e/ou histórico de exposição
a fatores de risco para a doença, mas a espirometria forçada mostrando a presença de VEF1/CVF <0,7 pós-
-broncodilatador é obrigatória para o estabelecimento do diagnósco de DPOC.

• O objevo da avaliação inicial da DPOC é determinar a gravidade da obstrução do uxo de ar, o impacto
da doença sobre a condição de saúde do paciente e o risco de eventos futuros (como as exacerbações,
hospitalizações ou morte) para que se possa direcionar o tratamento.

• A avaliação clínica adicional, incluindo a medida do volume pulmonar, a capacidade de difusão, teste
de exercício e/ou exames de imagem dos pulmões, pode ser considerada em pacientes com DPOC com
sintomas persistentes após o tratamento inicial.

• Doenças crônicas concomitantes (mulmorbidade) ocorrem frequentemente em pacientes com DPOC,


incluindo doença cardiovascular, disfunção musculoesqueléca, síndrome metabólica, osteoporose, de-
pressão, ansiedade e câncer de pulmão. Essas comorbidades devem ser buscadas avamente e tratadas
apropriadamente quando presentes, uma vez que inuenciam a condição de saúde, hospitalização e
mortalidade, independentemente da gravidade da obstrução do uxo de ar causada pela DPOC.

DIAGNÓSTICO
O diagnósco da DPOC deve ser considerado em qualquer paciente com dispneia, tosse crônica ou produção de
escarro e/ou histórico de exposição a fatores de risco para a doença (ver Tabela), mas a espirometria forçada de-
monstrando VEF1/CVF <0,7 pós-broncodilatador é obrigatória para o estabelecimento do diagnósco de DPOC.4

APRESENTAÇÃO CLÍNICA
Sintomas
A dispneia crônica é o sintoma mais caracterísco da DPOC. A tosse com produção de escarro está presente em
até 30% dos pacientes. Esses sintomas podem variar diariamente 5 e podem aparecer muitos anos antes do desen-
volvimento de obstrução do uxo de ar. Indivíduos que apresentam esses sintomas, parcularmente aqueles com
fatores de risco para a DPOC, devem ser analisados em busca da(s) causa(s) subjacente(s). A obstrução do uxo de
ar também pode estar presente sem dispneia crônica e/ou tosse e produção de escarro ou vice-versa. 6 Embora a
DPOC seja denida com base na obstrução do uxo de ar, na práca a decisão pela busca de atendimento médico
geralmente é determinada pelo impacto dos sintomas no estado funcional do paciente. Um indivíduo pode buscar
atendimento médico tanto por causa dos sintomas respiratórios crônicos quanto por um episódio agudo e transitó-
rio de exacerbação dos sintomas respiratórios.

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Indicadores clínicos para considerar o diagnós�co de DPOC

Considerar o diagnós�co de DPOC e realizar a espirometria se algum dos seguintes indicadores clínicos es�ver
presente: (Esses indicadores não são fatores diagnós�cos por si sós, mas a presença de múl�plos indicadores-chave
aumenta a probabilidade da presença de DPOC; em todos os casos, a espirometria é necessária para estabelecer o
diagnós�co da DPOC)

Dispneia que é Progressiva ao longo do tempo


Piora com exercício
Persistente

Sibilos recorrentes

Tosse crônica Pode ser intermitente e não produ�va

Infecções recorrentes do
trato respiratório inferior

Histórico de fatores de risco Tabagismo (incluindo preparações populares locais)


Fumaça de fogão a lenha ou combusveis usados para aquecimento
Exposição ocupacional a pó, vapores, gases e produtos químicos
Fatores individuais (por exemplo, fatores gené�cos, anormalidade de
desenvolvimento, baixo peso ao nascer, nascimento prematuro,
infecções respiratórias na infância etc.)

Tosse crônica
A tosse crônica é geralmente o primeiro sintoma de DPOC e é frequentemente considerada pelo paciente como uma
consequência esperada do tabagismo e/ou exposição ambiental. Inicialmente, a tosse pode ser intermitente, mas
posteriormente ela pode estar presente todos os dias, geralmente ao longo do dia. A tosse crônica na DPOC pode
ser produva ou não produva. 7 Em alguns casos, uma obstrução signicava do uxo de ar pode se desenvolver
sem a presença de tosse. Outras causas de tosse crônica estão listadas na Tabela. A síncope durante a tosse pode
ocorrer em pacientes com DPOC grave devido ao rápido aumento da pressão intratorácica durante as crises prolon-
gadas de tosse. As crises de tosse podem causar também fraturas das costelas, que são, às vezes, assintomácas.

Produção de escarro
Pacientes com DPOC geralmente apresentam pequenas quandades de muco rme ao tossir. A produção regu-
lar de escarro por três ou mais meses em dois anos consecuvos (na ausência de outras condições que possam
explicar a sua ocorrência) é a denição clássica de bronquite crônica,8 mas essa é uma denição um pouco arbitrária e
não reete a ampla variação na produção de escarro que ocorre na DPOC (ver a discussão detalhada no Capítulo 1 do
Relatório GOLD de 2023). A produção de escarro é geralmente dicil de ser avaliada, porque os pacientes engolem o
muco mais do que o expectoram, um hábito que é sujeito a uma signicava variação de acordo com a cultura e
o gênero. Além disso, a produção de escarro pode ser intermitente, com períodos de exacerbação intercalados
com períodos de remissão. 9 Pacientes que produzem grandes volumes de escarro podem ter uma bronquiec-
tasia subjacente.10,11 A presença de escarro purulento reflete um aumento dos mediadores inflamatórios, 12,13
e seu desenvolvimento pode identificar o início de uma exacerbação bacteriana, embora essa associação seja
relativamente fraca.13,14

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Outras causas de tosse crônica

INTRATORÁCICA EXTRATORÁCICA

• Asma • Rinite alérgica crônica


• Câncer de pulmão • Síndrome de gotejamento
pós-nasal (GPN)
• Tuberculose
• Síndrome de tosse
• Bronquiectasia
das vias superiores
• Insuficiência cardíaca esquerda
• Refluxo gastroesofágico
• Doença pulmonar inters�cial
• Medicamentos (por exemplo,
• Fibrose cís�ca inibidores da enzima
• Tosse idiopá�ca conversora de angiotensina)

Sibilos e opressão torácica


Sibilos inspiratórios e/ou expiratórios e sensação de opressão torácica são sintomas que podem variar entre os dias,
e ao longo de um único dia. Por outro lado, sibilos inspiratórios ou expiratórios disseminados podem estar presentes
na auscultação. A sensação de opressão torácica geralmente é posterior a esforço sico, tem localização indenida,
é caracteriscamente muscular e pode surgir da contração isométrica dos músculos intercostais. A ausência de sibi-
los e de sensação de opressão torácica não exclui o diagnósco de DPOC, nem a presença desses sintomas conrma
o diagnósco de asma.

Fadiga
A fadiga é uma sensação subjeva de cansaço ou exaustão e é um dos sintomas de maior impacto para indivíduos
com DPOC.15 Indivíduos com DPOC descrevem sua fadiga como uma sensação de “cansaço geral” ou como se “sua
energia vesse sido drenada”. 16,17 A fadiga afeta a capacidade do paciente de executar suas avidades diárias e sua
qualidade de vida.

Caracteríscas clínicas adicionais na doença grave


A perda de peso, a perda de massa muscular e a anorexia são problemas comuns em pacientes com DPOC grave e
muito grave.18-20 Essas caracteríscas têm importância prognósca21,22 e podem ser também sinais de outras doen-
ças, como tuberculose ou câncer de pulmão. Devem ser, portanto, sempre invesgadas. O edema periférico pode
indicar a presença de cor pulmonale. Sintomas de depressão e/ou ansiedade merecem invesgação especíca ao se
obter o histórico médico, porque são comuns na DPOC, 23 estão associados a pior condição de saúde, maior risco de
exacerbações e hospitalizações de emergência, e são tratáveis.24

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DPOC


Em alguns pacientes é dicil diferenciar claramente a DPOC e a asma usando as técnicas atuais de imagem e de
avaliação da siologia, porque as duas condições têm caracteríscas e expressões clínicas comuns.25 A maioria dos
outros potenciais diagnóscos diferenciais são mais fáceis de disnguir da DPOC (ver Tabela).

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Diagnós�co diferencial da DPOC

Diagnós�co Caracterís�cas suges�vas


DPOC Os sintomas progridem lentamente
Há histórico de tabagismo ou outros fatores de risco

Asma Há obstrução variável do fluxo de ar


Os sintomas variam amplamente ao longo dos dias
Os sintomas pioram durante a noite/início do dia
Há presença de alergia, rinite e/ou eczema
Geralmente afeta crianças
Há histórico familiar de asma

Insuficiência A radiografia de tórax mostra coração dilatado, edema pulmonar


cardíaca conges�va Os testes de função pulmonar indicam restrição de volume, não obstrução do fluxo de ar

Bronquiectasia Há grande volume de escarro purulento


É comumente associada a infecção bacteriana
A radiografia de tórax/tomografia de alta resolução (TCAR) mostra dilatação dos brônquios

Tuberculose O início pode se dar em qualquer idade


A radiografia de tórax mostra infiltrado torácico
Há confirmação microbiológica
Há alta prevalência local de tuberculose

Bronquiolite Pode ocorrer em crianças


obliterante Ocorre após transplante de pulmão ou medula óssea
A TCAR mostra áreas hipodensas na expiração

Panbronquiolite difusa É predominantemente vista em pacientes de descendência asiá�ca


A maioria dos pacientes é do sexo masculino, não tabagista
Quase todos os pacientes apresentam sinusite crônica
A radiografia de tórax/TCAR mostra pequenas e difusas opacidades
centrolobulares e hiperinsuflação

Essas parcularidades tendem a ser caracteríscas das respecvas doenças, mas não são obrigatórias. Por exemplo, uma
pessoa que nunca fumou pode desenvolver DPOC (especialmente em países de baixa e média renda, onde outros fatores
de risco podem ser mais importantes do que o tabagismo).

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HISTÓRICO MÉDICO
O histórico médico detalhado de um paciente com DPOC ou suspeita de DPOC deve incluir:

► Exposição a fatores de risco, como tabagismo e exposição ambiental (no domicílio/no ambiente externo).

► Histórico médico anterior, incluindo eventos na infância (nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, taba -
gismo materno durante a gestação, exposição passiva ao fumo durante a infância), asma, alergia, sinusite ou
pólipos nasais; infecções respiratórias na infância; HIV; tuberculose.

► Histórico familiar de DPOC ou outra doença respiratória crônica.

► Padrão de desenvolvimento dos sintomas: a DPOC geralmente se desenvolve na vida adulta e a maioria dos
pacientes tem consciência de um aumento da dispneia, de “resfriados de inverno” mais frequentes ou prolon -
gados, e de alguma restrição social por vários anos antes de procurar atendimento médico.

► Histórico de exacerbações ou hospitalizações anteriores por transtornos respiratórios. Os pacientes têm cons -
ciência da piora periódica dos sintomas, mesmo que esses episódios não tenham sido idencados como
exacerbações da DPOC.

► Presença de comorbidades, como doença cardíaca, osteoporose, disfunções musculoesquelécas, ansiedade,


depressão, e malignidades que também contribuem para a restrição de avidades.

► Impacto da doença na vida do paciente, incluindo limitação de avidades, absenteísmo e impacto econômi-
co, efeitos nas ronas familiares, sensação de depressão ou ansiedade, bem-estar, e avidade sexual.

► Apoio social e familiar disponível para o paciente.

► Possibilidades de redução dos fatores de risco, especialmente a cessação do tabagismo.

ESPIROMETRIA
A espirometria forçada é a medida mais reproduvel e objeva da obstrução do uxo de ar. Ela é não invasiva, re-
produvel, barata e amplamente disponível. A espirometria de boa qualidade é possível em qualquer instuição de
saúde, e todos os prossionais de saúde que cuidam de indivíduos com DPOC deveriam ter acesso à espirometria.
Alguns dos fatores necessários para obter resultados precisos na espirometria estão resumidos na Tabela.26,27 Ape-
sar da boa sensibilidade, a medida do pico de uxo expiratório não pode ser usada com segurança como único teste
diagnósco devido à sua fraca especicidade.28,29

O critério espirométrico para a obstrução do uxo de ar da GOLD permanece sendo a proporção VEF1/CVF <0,7 pós-
-broncodilatador. Esse é um critério simples e independente de valores de referência, pois se relaciona com variá-
veis medidas no mesmo indivíduo, e tem sido e tem sido usado em todos os estudos clínicos que formam a base de
evidências que fundamentam as recomendações de tratamento. Deve ser notado que o uso de uma proporção xa
de VEF1/CVF (<0,7) para denir a obstrução do uxo de ar pode levar a um sobrediagnósco da DPOC em idosos,30,31
e a um subdiagnósco em adultos jovens,31 especialmente nos casos de doença leve, quando comparado com o uso
de um valor de corte baseado no limite inferior da normalidade (LIN) para VEF1/CVF.

10

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Considerações importantes na execução da espirometria

• Os espirômetros devem produzir os resultados da curva espirométrica em papel ou de forma


digital de modo que permita a detecção de erros técnicos, ou devem ter um aviso
automá�co para iden�ficar testes inadequados com jus�fica�va para o erro
PREPARAÇÃO • O supervisor do teste precisa estar treinado na técnica ideal e no desempenho de qualidade
• É necessário um esforço máximo do paciente no teste para evitar valores subes�mados e,
consequentemente, erros de diagnós�co e manejo

• A espirometria deve ser executada de acordo com recomendações nacionais e/ou


internacionaisa
• A curva volume/tempo de expiração deve ser connua e sem irregularidade
• A pausa entre a inspiração e a expiração deve ser menor que um segundo
• O registro deve ser man�do por tempo suficiente para que se alcance um platô de
EXECUÇÃO volume, o que pode levar mais de 15 segundos na doença grave
• Devem ser ob�dos, tanto para a CVF quanto para o VEF 1, os valores máximos de três
curvas tecnicamente sa�sfatórias, e a CVF e o VEF1 dessas três curvas não devem
apresentar variação maior do que 5% ou 150 mL (aquele que for maior)
• A proporção VEF1/CVF deve ser re�rada da curva tecnicamente aceitável que apresente
o maior valor para a soma de CVF e VEF1

• Os protocolos possíveis são 400 mcg de β2-agonista de curta duração, 160 mcg de an�colinérgico
de curta duração, ou a combinação desses dois agentesb; o VEF1 deve ser medido 10-15 minutos
após a administração do β2-agonista de curta duração, ou 30-45 minutos depois do
BRONCODILATAÇÃO an�colinérgico de curta duração ou da combinação das duas classes de medicamentos
• Para os pacientes já em tratamento broncodilatador e para os quais seja solicitada a
espirometria por razões de monitoramento, não há necessidade de descon�nuar o tratamento
regular para realizar o exame

• O resultado da espirometria é avaliado em comparação com valores de referência


apropriados com base na idade, altura, sexo e etnia
AVALIAÇÃO • A obtenção de valor de VEF 1/CVF <0,7 confirma a presença de obstrução do fluxo de ar
não totalmente reversível
a
Miller et al. Eur Respir J. 2005;26(2):319. bPellegrino et al. Eur Respir J. 2005;26(5):948.

AVALIAÇÃO INICIAL
Após a conrmação do diagnósco da DPOC por espirometria e a m de direcionar a terapia, a avaliação da DPOC
deve se concentrar em determinar quatro aspectos fundamentais:

► Gravidade da limitação do uxo de ar

► Natureza e magnitude dos sintomas atuais

► Histórico prévio de exacerbações moderadas e graves

► Presença e po de outras doenças (mulmorbidade)

11

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