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Apostila FH Cms - Compress
Apostila FH Cms - Compress
Apostila FH Cms - Compress
APOSTILA
COMISSÁRIO DE BORDO
Unidade 1 – Introdução
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Dados estatísticos recentes levantados pela Boeing mostram que 62% dos acidentes aéreos
envolvendo aeronaves de grande porte são causados por erro humano (MARQUES, 2004).
Dentre os diversos fatores que contribuem para este elevado índice podemos citar: falha de
treinamento, estresse, fadiga, desatenção, imprudência, imperícia, negligência, erro de
julgamento, falha de planejamento, supervisão deficiente, falta de coordenação entre a
tripulação, falhas de comunicação, operação indevida do equipamento e outros.
Do ponto de vista dos Fatores Humanos, não existe a possibilidade de uma operação livre de erros
humanos. Por ser a falibilidade humana um fato inegável, diversas teorias foram desenvolvidas
para explicar as razões dos diferentes tipos de erro, pois alguns deles podem ser causados por
simples incompatibilidade física, como letras impressas que podem ser confundidas quando muito
pequenas, enquanto outros podem ser causados por complexos fatores psicológicos ou por certos
tipos de estressores como fadiga e limites de tempo rígidos.
Por isso, o conceito de Fatores Humanos passou a ser de fundamental relevância na aviação,
especialmente na prevenção de acidentes aéreos, aplicando-se também em outros contextos.
1.1.1 HISTÓRICO
Segundo a FAA (Federal Aviation Association), o campo de estudos dos Fatores Humanos teve seu
início na aviação e em estudos sobre manutenção bélica. A 2a. Grande Guerra (1945) foi o marco
para estruturação desse conhecimento. Inúmeros acidentes despertaram a necessidade de
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adaptar veículos militares, aviões e demais equipamentos às características físicas e psicológicas
dos soldados. A partir daí, foram publicados vários trabalhos pioneiros relacionados ao projeto de
equipamentos, treinamentos, desempenho humano sob estresse, vigilância e outros.
Estudos num campo profissional paralelo, conhecido como “Ergonomia” (ergos = trabalho; nomos
= lei natural) vinham se desenvolvendo havia ao menos uma década. Apesar de ambas as
disciplinas estudarem o relacionamento do homem com as máquinas e equipamentos no
ambiente de trabalho, há uma diferença entre elas.
Ambas buscam uma melhor conformação da interface entre pessoas e sistemas técnicos, e apesar
da diferença de abordagem, são atualmente utilizadas como termos correlatos.
1.1.2 CONCEITO
Para a Organização Internacional de Aviação Civil (OACI), o conceito de Fator Humano refere-se ao
estudo das capacidades e das limitações humanas oferecidas pelo local de trabalho. É o estudo da
interação humana em suas situações de trabalho e de vida: entre as pessoas e as máquinas e
equipamentos utilizados, os procedimentos escritos e verbais, as regras que devem ser seguidas,
as condições ambientais ao seu redor e as interações com as outras pessoas. Todos esses aspectos
podem influenciar no comportamento no trabalho de maneira a poder afetar a saúde e a
segurança.
Segundo a FAA, esse conceito envolve um conjunto de cuidados médicos, pessoais e biológicos
para uma ótima operação da aeronave, a manutenção aeronáutica e o controle de tráfego aéreo,
o que compreende um esforço multidisciplinar com o objetivo de gerar e compilar informações
sobre a potencialidade e a limitação humana, aliando estas informações aos equipamentos,
sistemas, procedimentos, tarefas, ambiente, treinamento e gerenciamento, buscando assim
alcançar a segurança e a performance humana efetiva. O objetivo é sempre elevar ao nível ótimo a
relação entre as pessoas e suas atividades, buscando segurança e eficiência nos processos e o
bem-estar dos indivíduos (OACI, 2003).
O ponto crucial acerca dos FH reside no fato de que as pessoas não devem ser consideradas de
maneira isolada de outros componentes, dado que todos estão em interação, tornando impossível
que se mude um aspecto do sistema sem considerar seus efeitos nos outros elementos.
Por se tratar de um vasto campo de conhecimentos, Fatores Humanos torna-se uma área
multidisciplinar, utilizando os conceitos e melhores práticas de diversas disciplinas:
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PSICOLOGIA
ENGENHARIA
FISIOLOGIA
HUMANA
FATORES
HUMANOS
ANTROPO-
SOCIOLOGIA
METRIA
MEDICINA
FISIOLOGIA HUMANA: Processos corporais. Dieta e nutrição, efeitos de fatores ambientais (calor,
frio, altitude...), ritmos circadianos do corpo etc.
MEDICINA: Efeitos da radiação e agentes químicos. Proteção aos impactos, manutenção da saúde.
Baseado nas explicações acima, podemos definir FH, de forma breve, como se segue:
o avião (equipamento)
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o ser humano (opera, fabrica, faz manutenção)
as condições (atmosféricas, cabine de pilotagem, meio social, familiar e laboral em que vive
e trabalha)
Nas ciências de forma geral, é comum a utilização de um modelo teórico que auxilie a abordar e
compreender o assunto de maneira gradual. Nos Fatores Humanos, são dois os modelos principais
com esta finalidade.
S – Software (Suporte)
H – Hardware
E – Environment
L – Liveware (Humano)
O elemento humano (liveware) é o componente mais crítico e flexível no sistema. Apesar das
pessoas estarem sujeitas a consideráveis variações em termos de desempenho e sofrerem muitas
limitações, grande parte desses fatores são atualmente previsíveis. As margens dos blocos
desenhados (ou áreas de contato entre os componentes do modelo) não são simples e retas,
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portanto, os componentes do sistema devem se ajustar cuidadosamente ao elemento central
(humano) para evitar possíveis estressores ou colapso eventual, pois uma falha nessa combinação
poderá ser uma importante fonte de erro humano.
Foi uma das interfaces que primeiro se reconheceu na aviação. As medidas adotadas inicialmente
visavam garantir a adaptação do ser humano ao ambiente (capacetes, trajes de vôo, macacão anti-
G2, máscaras de oxigênio, entre outros). Posteriormente, buscou-se adaptar o ambiente ao
homem (pressurização e sistema de ar condicionado, isolamento acústico). Hoje, as preocupações
incluem também as conseqüências das concentrações de ozônio e de radiação em vôos de
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altitude, alteração do ritmo circadiano em viagens transcontinentais, erros de percepção
provocados por condições metereológicas, aspectos organizacionais, o contexto político e
econômico da empresa aérea e suas restrições.
É a interface que envolve as relações interpessoais entre as equipes de trabalho. Aborda aspectos
como liderança, cooperação, trabalho em equipe, interação entre personalidades, relações de
trabalho. A tripulação, os controladores de tráfego aéreo, os engenheiros e técnicos de
manutenção e os demais profissionais operacionais funcionam como um grande grupo, e a
influência grupal exerce importante papel na determinação de comportamentos e de
desempenho. É nessa interface que atuam os programas de gerenciamento de recursos de cabine,
como, por exemplo, o CRM, que inclui a cultura corporativa, o clima organizacional, as pressões
em funcionamento dentro da empresa, fatores capazes de afetar significativamente o
desempenho humano.
Também chamado “Modelo de Gerenciamento de Erros”, foi desenvolvido pelo inglês James
Reason, em 1990. Reason concebe a indústria aeronáutica como um sistema de produção
complexo, interativo e organizado. Nesse modelo, ele analisa o modo como os seres humanos
contribuem para as falhas desse sistema a ponto de produzir um acidente aeronáutico. Dessa
maneira, para o autor, um acidente é causado por uma série de fatores múltiplos contribuintes,
que se formam através de uma cadeia de eventos que rompem as barreiras defensivas.
Camadas de Defesa
As deficiências da segurança estão representadas como buracos nas defesas, para mostrar a
importância em se reduzir ou eliminar as deficiências do sistema.
Idealmente, estas camadas seriam impenetráveis. Mas na realidade isso não ocorre: em função
das ações das pessoas que operam o sistema, as deficiências (“os buracos”) mudam
continuamente de lugar, e o acidente ocorre quando há o alinhamento de diversos deles.
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Para ele, as falhas humanas, mais do que as técnicas, representam a maior ameaça a sistemas
complexos e potencialmente perigosos. Isso ocorre porque os problemas relacionados aos FH são
produto de uma corrente de causas na qual os fatores psicológicos individuais (desatenção
momentânea, esquecimento, entre outros) são os elos últimos e menos gerenciáveis. Além disso,
as pessoas nunca agem isoladamente. Por isso, treinar as pessoas para trabalhar em equipe traz
avanços relevantes para o desempenho humano na aviação.
◦ Human factors Guidelines for Air Traffic Management (ATM) Systems (Doc 9758), da
OACI – orientações práticas para os painéis da ICAO e grupos de estudos sobre
gerenciamento do tráfego aéreo, normas e práticas recomendadas.
As pesquisas realizadas sobre causas de acidentes e incidentes mostraram aspectos que tiveram o
elemento humano como fator contribuinte. Tais constatações suscitaram o consenso entre as
empresas aéreas, indústria aeronáutica e governo quanto à necessidade de instituir Programas de
Treinamento em Fatores Humanos, com o objetivo de melhorar a coordenação e o gerenciamento
de toda a tripulação de vôo.
Mais do que um programa de treinamento, trata-se de uma filosofia que deve ser incorporada ao
dia-a-dia de todos os participantes, a partir dos ensinamentos obtidos no programa. Sendo assim,
o CRM constitui-se em importante ferramenta para evitar acidentes que podem ser gerados por
falhas no gerenciamento do vôo.
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Além dos conceitos teóricos, ele cria oportunidades (exercícios vivenciais) para que o grupo ponha
em prática suas habilidades em conjunto, nos papéis que normalmente desempenham no vôo.
A inclusão de situações que envolvem operações de rotina no treinamento em CRM tem um forte
efeito positivo nos participantes, pois a vivência de exercícios contribui para a redução do estresse
em momentos de alta carga de trabalho.
1.4.1 OBJETIVOS
1.4.1.1 PÚBLICO-ALVO
Ideal que sejam feitos separadamente, de modo a possibilitar a exposição, debates e vivências de
situações que lhe sejam específicas.
Um aumento nas evidências sugere que em torno de 70% dos incidentes e acidentes do transporte
aéreo tiveram como causa, pelo menos em parte, uma falha da tripulação em se utilizar,
prontamente, de todos os recursos disponíveis.
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1.4.1.3 AS DIFERENTES GERAÇÕES DO PROGRAMA
Posteriormente, o termo Cockpit (Cabine) foi substituído por Crew (Tripulação), passando a se
chamar “Gerenciamento de Recursos da Tripulação” (Crew Resource Management – CRM), com o
objetivo de buscar uma melhor coordenação dos tripulantes envolvidos com a operação da
aeronave em prol da otimização da Segurança de Vôo.
Fase de prática e feedback onde os treinandos ganham experiência com as técnicas. Pode ser
realizada em sala de aula, em vôos de linha, em simulador de vôo (Line Oriented Flight Training
– LOFT – Treinamento de Vôo Orientado para a Linha) ou outros tipos de simuladores,
devendo ocorrer em período não superior a 3 (três) meses após a 1ª. Fase, e tantas vezes
quanto necessária, servindo como reforço à mesma.
Mudanças de atitude não acontecem de uma hora para outra. Para ter-se o máximo de
proveito, os conceitos de CRM devem ser incorporados em cada fase do Treinamento em CRM
e também nas operações diárias. Deve transformar-se numa parte inseparável da cultura da
organização, e preferencialmente, esta fase deverá ocorrer a cada dois (2) anos com todos os
segmentos envolvidos com a atividade aérea.
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1.4.2 DOCUMENTO NORMATIVO BÁSICO
O documento normativo básico que regula o Treinamento CRM é a “Instrução de Aviação Civil
(IAC) 060-1002C – instituída em 2003, pelo DAC – Departamento da Aviação Civil.
2.1.1 DEFINIÇÃO.
A palavra comunicação deriva do latim communicare, cujo significado seria “tornar comum”,
“partilhar”, “conferenciar”.
A comunicação é, antes de mais nada, uma percepção. Implica a transmissão, intencional ou não,
de informações destinadas a informar ou influenciar um indivíduo ou grupo de receptores.
Contudo, não se reduz a isso. Ao mesmo tempo em que se transmite uma informação, produz‐se
uma ação sobre o sujeito receptor e um efeito retroativo (feedback) sobre a pessoa que a emite,
que é então influenciada.
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2.1.2 TIPOS DE COMUNICAÇÃO
Quando nos comunicamos com outras pessoas, fazemos uso tanto do canal verbal como do canal
não-verbal. Porém, pesquisas mostram que somente 7% da comunicação interpessoal podem ser
traduzidos em palavras. A inflexão da voz corresponde a 38% da comunicação, enquanto os
restantes 55% resultam de expressões faciais e da linguagem corporal.
• o emissor (ou locutor) – é aquele que diz algo a alguém, pode ser uma pessoa, um grupo
ou uma organização.
• o receptor (ou interlocutor) – aquele com quem o emissor se comunica, o que recebe a
mensagem.
• a mensagem – tudo o que foi transmitido do emissor ao receptor, compreendendo
informações, instruções, ordens etc.
• o código – é o conjunto de sinais convencionados socialmente que permite ao receptor
compreender a mensagem (ex: a linguagem verbal, gestual, mapas, gráficos, símbolos etc.).
• o canal (ou contato) – veículo ou meio físico através do qual a mensagem é transmitida.
Ex: fax, correio eletrônico, telefone, pessoalmente, conferência, etc.
Muitas vezes a comunicação deixa de efetivar-se por barreiras, “obstáculos”, que restringem a sua
eficácia. Tais barreiras podem estar ligadas ao emissor, ao receptor, ou ambos.
BARREIRAS FÍSICAS: Local com muito barulho, tumultuado e com trânsito de pessoas. Uma
pessoa está atendendo ao telefone e outro funcionário entra na sala e dá um recado.
Ruídos na transmissão, ruídos ambientais, distância.
INFLUÊNCIAS CULTURAIS: Diferenças entre povos e culturas exigem cuidado com palavras
e termos que podem ser interpretados de maneira diferente, gerando, muitas vezes,
dificuldade na comunicação.
Algumas práticas são importantes para atenuar as barreiras e suas conseqüências: o feedback, a
assertividade e a resolução de conflitos.
2.1.4 FEEDBACK
Feedback é o processo de fornecer dados a uma pessoa ou grupo, ajudando-o a melhorar seu
desempenho para que atinja seus objetivos. Tem como finalidade ajudar o indivíduo a fazer algo
de forma diferente no futuro, ou seja, melhorar habilidades e comportamentos, proporcionando
assim, melhorias nas relações interpessoais.
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A prática do feedback é uma das mais importantes no ambiente de trabalho, tanto a nível
individual quanto a nível grupal, pois permite às pessoas processarem as informações sem
defensividade, num clima aberto, de apoio mútuo e com abordagem de resolução de problemas.
Para que haja êxito na comunicação do feedback, as barreiras devem ser rompidas e estabelecida
uma relação de confiança e segurança.
2.1.5 ASSERTIVIDADE
É o grau de ênfase e segurança dada a uma questão. Traduz a persistência em defender um ponto
de vista, não deixando de expor suas idéias, opiniões e sugestões com o objetivo de uma operação
segura.
Denota um comportamento maduro em que o indivíduo não agride, não ofende e nem
desrespeita, mas também não se submete à vontade de outras pessoas; em contrapartida,
exprime as suas convicções e defende suas opiniões.
É importante assegurar que a comunicação entre os membros da tripulação seja encorajada desde
o início, mesmo quando a informação seja irrelevante ou sem importância.
O treinamento da assertividade ajuda a garantir que as pessoas falem quando necessário, mesmo
que a comunicação ou integração da equipe estejam enfraquecidas.
Uma das técnicas que contribuem para esclarecer eventuais dúvidas em processos de
comunicação é o Questionamento.
QUESTIONAMENTO
CRÍTICA E AUTO-CRÍTICA
O ser humano é capaz de evoluir através do tempo e experiências adquiridas. Todos são dotados
de sensibilidade para mudanças de atitude, visando aperfeiçoar o próprio comportamento, seja no
relacionamento interpessoal ou na forma como interagem com o ambiente.
Uma mudança de atitude envolve, muitas vezes, tanto a crítica quanto a auto-crítica:
BRIEFING
Técnica utilizada no início de cada jornada de trabalho ou tarefa, visando enfatizar procedimentos,
antecipar contingências e estabelecer comunicações abertas e multilaterais.
Significa verbalização dos procedimentos a serem executados durante uma missão, que tenham
sido planejados a priori, e o que se espera da atuação e participação de cada um. Além de
preparar a tripulação para determinadas atividades, serve como elemento formador de uma
equipe. Aumenta a performance em geral e faz com que os tripulantes tenham ações em
conjunto.
DEBRIEFING
Reunião pós-trabalho onde se trocam informações sobre como se desenvolveu a tarefa ou missão.
Momento de auto-análise e de análise do grupo. Um debriefing, através de uma boa crítica, pode
ajudar a pessoa ou equipe a melhorar seu desempenho futuro.
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Compara procedimentos apropriados e inapropriados, como forma de fixar os primeiros e
aprimorar a segurança das operações em futuras ocorrências. São utilizadas técnicas para
estimular a crítica dos méritos e deméritos de um desempenho visando o seu aperfeiçoamento
futuro.
◦ “...as pessoas acham que são de uma maneira e agem de uma maneira, e depois
percebem que não é bem assim...”
◦ “... Não sabia que a gente se mexia tanto na cabine. A gente não pára!!”
◦ “...a tomada de decisão é muito rápida que a gente não lembra do que fez. É
importante ver depois...”
2.1.6 CONFLITO
Presença de idéias, sentimentos ou interesses antagônicos não resolvidos, advindos das relações
de trabalho em um mesmo grupo de pessoas.
A concepção de conflito não significa, na sua essência, negativismo. Existem os conflitos positivos,
que nos dão oportunidade de aprendermos algo novo e chegarmos a uma resposta mais
adequada, propiciando uma tomada de decisão mais precisa e com mais qualidade, além de
esclarecer a equipe e manter a integração.
Necessidade de maior esforço para atingir metas, ocasionando stress e desgaste físico.
MEDIDAS PREVENTIVAS
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Resolva assuntos pendentes. Assuntos obscuros impedem um processo de comunicação
aberto.
Apresente novas informações. A maioria das pessoas precisa de fatos novos para mudar de
idéia a respeito de algum assunto.
Esteja atento às impressões. Preste atenção à impressão que você causa nos outros. Fique
atento ao seu tom de voz.
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
A resolução dos conflitos é a articulação das diferentes posições interpessoais e das sugestões
para soluções.
DEFINIÇÃO
Por ser um ambiente altamente complexo e dinâmico, as decisões na aviação podem alterar
significativamente o ambiente operacional, ou até mesmo, gerar conseqüências potencialmente
não adequadas. O fator tempo ocupa um lugar fundamental nessa dinâmica. Segundo o NTSB
(National Transportation Safety Board1), o fator tempo influenciou em 55% dos acidentes já
investigados, o que exige um cuidado redobrado em todas as etapas do processo.
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Órgão independente americano que investiga as causas dos acidentes aéreos.
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ETAPAS DO PROCESSO
Diversos fatores podem afetar a qualidade do processo decisório, dentre os quais podemos citar o
estresse, a fadiga e a consciência situacional.
ESTRESSE
Um fator que pode alterar rapidamente o clima emocional onde a tripulação está operando é o
estresse – definido como um estado de ânimo altamente desagradável, geralmente associado a
carga de trabalho excessiva, medo, ansiedade, raiva e hostilidade – todos sentimentos que
ameaçam tanto o desempenho individual como o de equipe.
Hoje: novas fontes como padrões irregulares de trabalho e repouso, ritmos circadianos
alterados associados com vôos noturnos de longa duração.
Também pode ocorrer em função de mudanças importantes na vida: separação, provas, cirurgias,
casamentos ou nascimentos.
Ritmo circadiano: É o ritmo biológico do corpo (24 horas), associado ao processo de rotação da
Terra. Aspectos como segurança, eficiência e bem-estar são afetados pelas alterações neste ritmo,
ocasionados pelos vôos de longa duração. Afeta não somente a tripulação, como também os
controladores de tráfego aéreo, que com frequentes mudanças na escala de trabalho também
podem apresentar queda de rendimento no desempenho. Também conhecido como Jet lag,
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apresenta os seguintes sintomas: perturbações no sono e hábitos de alimentação, ansiedade,
irritabilidade e depressão, cansaço extremo.
FASES DO ESTRESSE
De acordo com sua intensidade e tempo de permanência, o estresse passa pelas seguintes fases:
1. Alerta: fase positiva, onde o objetivo principal está em cumprir uma determinada
tarefa. O esforço para manter a atenção torna-se maior.
3. Exaustão: queda acentuada do desempenho que provoca risco à operação e traz como
conseqüência a FADIGA.
SINAIS DO ESTRESSE
Importante observar a freqüência com que os sinais abaixo ocorrem, já que não é o seu
aparecimento que caracteriza o estresse, mas sim a freqüência e número de sinais (mais de 2 é
sinal de alerta).
MEDIDAS PREVENTIVAS
O estresse cria dificuldades especiais para a tripulação, por ser dificilmente detectado. Um
processo de comunicação aberto entre tripulação e gerência ajuda a detectar o problema, assim
como algumas medidas preventivas:
FADIGA
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Como exemplo de fadiga podemos citar o acidente com a aeronave Douglas DC-8, em 18 de
agosto de 1993, que caiu próximo à Base Naval americana de Guantanamo Bay, em Cuba. A fadiga
decorrente da falta de sono foi apontada como causa provável do acidente. Segundo relatório do
NTSB (National Transportation Safety Board), houve redução das habilidades de vôo, de
julgamento e de tomada de decisões do comandante e tripulação. O comandante do Douglas DC-
8-61 afirmou ao comitê investigador do NTSB que se sentia cansado de manhã, quando aceitou a
viagem a Guantanamo após ter voado a noite inteira, mas não achou que o cansaço fosse tão
grande a ponto de tornar inseguro voar.
É o processo pelo qual o indivíduo tem a percepção correta de tudo o que acontece dentro e fora
da aeronave, com capacidade crítica da situação, envolvendo todos os seus elementos, de forma a
possibilitar que decisões apropriadas sejam tomadas, dentro do tempo disponível, para o
cumprimento bem sucedido do vôo.
Falta de atenção
Estresse e fadiga
Desinformação
Desmotivação
Treinamento deficiente
Desvio de regulamentos
Invulnerabilidade
Comunicação adequada
Treinamento adequado
Habilidades técnicas
Experiência
Gerenciamento do estresse e fadiga
Desenvolvimento de liderança
Espírito de equipe
Por ser limitada, a performance humana não pode evitar alguns erros. Erro humano é um termo
genérico que compreende toda ocasião em que a seqüência de atividades falha em alcançar seu
resultado pretendido. O erro é uma consequencia daqueles que buscam e aplicam o
conhecimento querendo acertar e fazer acontecer. É toda falta não intencional.
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2.2.3.1 ERRO E VIOLAÇÃO. CAUSAS E MEDIDAS PREVENTIVAS
É importante fazer a distinção entre erro e violação. Erro é um desvio não intencional, enquanto
que na violação há um descumprimento intencional de normas e procedimentos, com ou sem
consciência dos efeitos que a ação pode produzir.
O erro ou a violação, assim como o acidente que pode se seguir a eles, é algo que requer
explicação. É preciso conhecimento do contexto para limitar sua recorrência e desenvolver um
trabalho de real prevenção de acidentes.
Fadiga
Planejamento inadequado
Comunicação deficiente
Estresse
Falta de treinamento e treinamento inadequado
Falta de recursos
Todo ser humano tem limites físicos e intelectuais. Toda vez que esses limites são ultrapassados, o
que ocorre são problemas, falhas, enganos. Diante disso, o que se deve buscar é a melhor
eficiência operacional possível para execução de uma determinada tarefa.
FASES DO VÔO
1. Fase de Decolagem
Em cada uma das fases há tipos diferentes consciência situacional para os pilotos e tripulação
envolvida, exigindo atenção para os momentos críticos. O gerenciamento da carga de trabalho
envolve um adequado planejamento, observando as seguintes etapas:
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1. Priorizar (o que fazer? envolve o entendimento da tarefa em si)
2. Planejar (como executar)
3. Delegar (participação de todos ou pessoa específica)
4. Acompanhar (foi eficaz? problemas?)
Na maioria das companhias, a tripulação de vôo nem sempre é constituída pelas mesmas pessoas.
Algumas vezes ela é formada uma hora antes ou somente no vôo, fazendo com que se torne
fundamental o conhecimento e compreensão do que significa trabalhar em equipe. É importante
uma compreensão comum, desde o início, sobre como se espera que os tripulantes trabalhem
juntos, como uma verdadeira equipe. A Equipe envolve uma unidade de ação, como descrito
abaixo:
GRUPO: toda situação em que várias pessoas estão reunidas exercendo alguma atividade.
Podem ser formais ou informais.
INFLUÊNCIA INTERPESSOAL
Uma equipe, quando bem integrada e motivada, trabalha com mais eficiência e
comprometimento.
2.3.2 SINERGIA
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constante e de um espírito de benefício mútuo. As pessoas sentem que todos estão preocupados
com o bem-estar e sucesso da equipe.
Para isso, é importante que todos compreendam seu papel dentro do grupo, e como ele pode
variar dependendo das circunstâncias sob as quais as decisões e ações são tomadas.
AUTORIDADE E AUTORITARISMO
Convém aqui fazer algumas distinções. Ter autoridade não significa ser autoritário, ou vice-versa.
Autoridade => é o poder formal atribuído por uma organização, com a responsabilidade por
determinada função/resultados (um cargo, uma nomeação etc.).
Autoritarismo => é o uso exacerbado do poder (a forma com que a autoridade é exercida).
TIPOS DE LÍDER
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Legislação contida no CBA – Código Brasileiro da Aeronáutica.
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Democrático (equilíbrio tarefa/relacionamento)
◦ Decisões são tomadas baseadas no maior número possível de informações dadas pela
equipe.
◦ Busca melhores alternativas para solução de problemas e realização das tarefas.
◦ Está mais capacitado para implantar as ações, pois possui uma diversidade de
informações que possibilitam melhores decisões e resolução de problemas.
GRID GERENCIAL
A identificação dos tipos de líder, bem como seus estilos de atuação, permitem a uma empresa
desenvolver e aperfeiçoar cada vez mais as suas equipes e resultados. Possibilita identificar
mudanças pessoais e organizacionais para melhorar a eficiência e o clima organizacional.
O Grid Gerencial é uma matriz (desenvolvida por Blake e Mouton) que possibilita situar os líderes
de acordo com sua atuação: orientado para pessoas ou orientado para tarefas. Existe um teste
específico sobre liderança, e a partir das respostas obtidas é possível identificar em que quadrante
situa-se um líder. Abaixo segue o modelo do Grid, bem como a descrição dos principais estilos.
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(1.1) GERÊNCIA EMPOBRECIDA – Preocupação mínima com a produção e com as pessoas. Focaliza
o seu trabalho, não se expõe para o grupo e evita dar opiniões ou fazer críticas. É caracterizado
por uma gestão empobrecida, em geral faz o mínimo para se manter na organização.
(1,9) CLUBE – Muito voltado para as pessoas, preocupa-se pouco com a produção. Procura sempre
a harmonia entre os relacionamentos, mesmo que isso algumas vezes prejudique a eficácia do
trabalho. Para evitar conflitos, este líder aceita as atitudes dos outros, mesmo que não concorde
com elas. Faz de tudo para manter um clima harmônico e fornece feedback sempre que ocorre
algo positivo. Por outro lado, dificilmente fornece feedback negativo.
(9,1) AUTORIDADE – É o líder que se preocupa bastante com a produção e muito pouco com as
pessoas. Ele utiliza a sua autoridade para atingir os objetivos da empresa. Geralmente, é
centralizador e controlador. Exige muito de si mesmo e de todos os outros. Para garantir a
qualidade, necessita de bastante controle e assim, tenta evitar erros ao máximo. Tem opinião
muito forte e não lida bem com argumentos contrários. Em situações de conflito, faz com que sua
decisão e opinião seja executada.
(9,9) EQUIPE – É o líder com o máximo de preocupação nas pessoas e na produção. Ele visualiza o
alcance dos resultados através dos esforços do grupo, por isso é chamado de Equipe. Estimula as
pessoas a participarem e interagirem ao máximo, para que atinjam o objetivo comum. Ele se
esforça bastante e por conta disso inspira as pessoas através do seu entusiasmo. Fornece e busca
informações da equipe, com o intuito de encontrar a melhor solução possível, independente de
quem a forneceu, podendo inclusive, mudar sua maneira de pensar. Em casos de conflito, ele
pesquisa o que o causou para solucionar o problema através do acordo e do entendimento.
Trata-se de uma classificação que permite situar as pessoas num continuum de desenvolvimento,
para aperfeiçoamento profissional.
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MOTIVAÇÃO (+)
Derivado do verbo latino “emovere”, que significa “por em movimento”, motivo é todo fator
interno que mobiliza o indivíduo a iniciar, manter, intensificar e dar direção a um comportamento.
Motivação, então, é um conjunto de forças internas que mobilizam o indivíduo para atingir um
dado objetivo.
Uma das teorias mais conhecidas a respeito da motivação foi desenvolvida por Abraham Maslow,
psicólogo americano. Segundo ele, as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em
níveis, numa hierarquia de importância.
Auto-realização
Primeiramente o ser humano procura satisfazer suas necessidades básicas, relacionadas a própria
sobrevivência (fome, sede, abrigo, etc.). Satisfeitas essas necessidades que estão na base da
pirâmide, procura então satisfazer suas necessidades de relacionamento, família, amigos etc. E
finalmente, no topo da pirâmide, estão as necessidades de reconhecimento e auto-realização.
Tais são as forças que direcionam o comportamento dos indivíduos, e que variam em função da
situação e momento de vida.
COOPERAÇÃO (+)
Habilidade para trabalhar em meio a um grupo de pessoas com a finalidade de atingir objetivos e
metas. Significa compartilhar informações, planos e recursos. Influencia o trabalho da equipe
promovendo um ambiente amigável sem desconsiderar os objetivos.
Comprometimento é a relação entre a pessoa, seu trabalho e a empresa. Ele ocorre onde existe
uma identificação entre os valores da pessoa e da organização. O indivíduo tende a ser mais ativo
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e participante em suas tarefas e responsabilidades. Exerce um comportamento assertivo e
incentiva os demais a fazerem o mesmo. É maior onde existe um bom clima de trabalho e
confiança nos parceiros da equipe.
RESIGNAÇÃO (-)
Abrir mão, desistir ou abdicar de uma idéia, atitude e/ou postura. É um dos maiores obstáculos à
segurança de vôo. Muito comum em situações de alto nível de estresse. Funciona como um
atenuador, parecendo que o problema desapareceu. A inexperiência na função, a sobrecarga de
trabalho, a pressão do tempo ou o receio de repreensão são fatores que podem contribuir para
uma postura resignada de um indivíduo, pondo em risco a segurança de todos.
Transferir é diferente de delegar. A responsabilidade não pode ser transferida, mas sim delegada.
Na transferência não há comprometimento com a execução da tarefa, gerando efeitos negativos:
Tarefa incompleta
Não cumprimento ou tarefa mal feita, possibilitando o surgimento de falhas latentes,
incidentes e acidentes aéreos
COMENTÁRIOS FINAIS:
O papel de comando carrega uma responsabilidade especial e deve ser sempre reconhecido. Ainda
que os membros da tripulação participem do planejamento e gerenciamento da carga de trabalho,
o piloto em comando é responsável pela supervisão do gerenciamento do vôo, como um todo. A
credibilidade de um líder é construída ao longo do tempo e deve ser conquistada através de um
esforço consciente. Similarmente, toda a tripulação é responsável por contribuir ativamente para
o esforço do time, monitorar as mudanças da situação, e ser assertiva quando necessário.
A automação refere-se aos sistemas e métodos (mecânicos, eletrônicos, digitais etc.) nos quais
muitos processos são desenvolvidos ou controlados por máquinas, com a devida participação do
ser humano.
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VANTAGENS:
Flexibilidade operacional
Precisão
Redução da carga mental de trabalho
Alarmes automatizados
Melhorias na segurança
Prevenção do erro/violação (o que fazer para não acontecer)
Tolerância ao erro (projetar para que se o erro acontecer, não seja drástico)
Gestão do erro (já que aconteceu, saber detectar e solucionar)
DESVANTAGENS
Apesar dos aspectos positivos, a automação necessita treinamento constante para reduzir os
riscos ainda existentes. Ela exige o aumento dos níveis de consciência situacional e assertividade
no gerenciamento e acompanhamento da operação, que passa a ser mais de monitoramento e
menos de execução.
Se por um lado ela proporciona maior flexibilidade operacional e precisão das informações, por
outro pode ocasionar monotonia e excesso de confiança no sistema. Muda a natureza da função,
exigindo da tripulação treinamento constante como mecanismo para reduzir os riscos neste novo
contexto.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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