APLICAÇÃO DA MODULARIDADE EM PROGRAMAS BIM - Estratégias de Compartilhamento de Dados de Famílias em IFC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil


Construção e Infraestrutura

APLICAÇÃO DA MODULARIDADE EM PROGRAMAS BIM


Estratégias de Compartilhamento de Dados de Famílias em IFC

Revisão bibliográfica apresentada no Programa de


Pós-graduação em Engenharia Civil: Construção e
Infraestrutura - PPGCI UFRGS.

Prof. Dr. Eng. Eduardo Luis Isatto


Vanessa Cardoso Cunha

Porto Alegre, Março de 2023


SUMÁRIO

RESUMO/ ABSTRACT............................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
1.2. Revisão sistemática da literatura ................................................................. 5

2. SINERGIA ENTRE BIM E MODULARIDADE ......................................................... 5

2.1. Interoperabilidade e Padrões IFC .................................................................. 6

2.2. Modularidade de processos na gestão de projetos ..................................... 7

3. OTIMIZAÇÃO DE PROJETOS MODULARES EM PROGRAMAS BIM ................. 8

3.1. Compartilhamento de Dados de Famílias em IFC ........................................ 9

3.1.1. Desafios do Compartilhamento de Dados em IFC ......................................... 9


3.1.1.1. Perda de Informações Durante a Conversão de Dados ..................... 9
3.1.1.2. Gestão de Atualizações Consistentes .............................................. 10

3.1.2. Garantindo Compatibilidade e Reusabilidade ............................................. 10


3.1.2.1. Definição Clara de Parâmetros .......................................................... 11
3.1.2.2. Normalização de Nomenclaturas ....................................................... 11
3.1.2.3. Gerenciamento das Informações ...................................................... 11
3.1.2.4. Testes e Validações........................................................................... 12

3.2 CDE na Gestão de Projetos BIM ................................................................... 12

4. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 14

5. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 15

2
RESUMO

A evolução da indústria da construção civil é marcada por inovações contínuas que


buscam responder aos desafios de eficiência, sustentabilidade e qualidade. Neste
contexto, duas tendências se destacam por sua capacidade de transformar
radicalmente a forma como projetos são concebidos, desenvolvidos e executados: a
Modelagem da Informação da Construção (BIM) e a modularidade. Ambas
representam não apenas avanços tecnológicos, mas também uma nova filosofia de
trabalho, promovendo uma integração sem precedentes entre as diversas fases do
ciclo de vida de um projeto. Este artigo explora a sinergia entre BIM e modularidade,
destacando como sua adoção conjunta pode resultar em benefícios significativos para
todos os envolvidos no processo de construção.

ABSTRACT

The evolution of the construction industry is marked by continuous innovations aimed


at addressing challenges of efficiency, sustainability, and quality. In this context, two
trends stand out for their ability to radically transform the way projects are conceived,
developed, and executed: Building Information Modeling (BIM) and modularity. Both
represent not only technological advancements but also a new work philosophy,
promoting unprecedented integration across the various stages of a project's lifecycle.
This article explores the synergy between BIM and modularity, highlighting how their
joint adoption can result in significant benefits for all those involved in the construction
process.

3
1. INTRODUÇÃO

O uso de tecnologia Building Information Modeling (BIM) transcende a simples


representação digital de elementos construtivos; é uma metodologia que incorpora dados
detalhados sobre geometria, propriedades físicas e funcionais, permitindo uma
abordagem colaborativa e integrada ao projeto, construção e gestão de edificações.
Através da criação de modelos digitais ricos em informações, o BIM oferece uma base
sólida para a tomada de decisões informadas ao longo de todo o ciclo de vida do
empreendimento, desde a concepção inicial até sua demolição ou renovação.

Paralelamente, a modularidade emerge como um conceito poderoso, enfatizando a


utilização de componentes pré-fabricados que são montados no local, reduzindo
significativamente o tempo de construção, os resíduos gerados e potencialmente
elevando a qualidade geral da obra. Esta abordagem não só otimiza os processos
produtivos, mas também se alinha aos princípios de sustentabilidade, ao minimizar o
impacto ambiental associado à construção tradicional.

A convergência entre BIM e modularidade representa um ponto de inflexão na


indústria da construção civil. O BIM, com sua rica base de dados e capacidade de
simulação, oferece o ambiente ideal para projetar, testar e otimizar componentes
modulares antes de sua fabricação. Por outro lado, a implementação de estratégias
modulares beneficia-se enormemente das capacidades de coordenação e
visualização fornecidas pelo BIM, garantindo que os componentes se integrem
perfeitamente ao serem montados no canteiro de obras.

Apesar do potencial claro dessa integração, a forma de trabalhar em plataformas BIM deve
ser avaliada cuidadosamente. Questões como interoperabilidade de dados, padrões de
comunicação entre diferentes plataformas e a necessidade de uma mudança cultural
dentro da indústria são obstáculos que precisam ser superados. Contudo, as
oportunidades que essa integração oferece, em termos de redução de custos e eficiência
operacional, são imensas e representam um caminho promissor para o futuro da
construção civil. Este artigo visa explorar a integração entre BIM e modularidade,
abordando tanto os desafios quanto as estratégias para sua implementação eficaz.

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1.2. Revisão sistemática da literatura

Este estudo adota uma revisão sistemática da literatura como metodologia de


pesquisa para explorar as tendências e possibilidades do mercado na integração de
Building Information Modeling (BIM) e modularidade. Dessa forma, a pesquisa
decorreu em plataformas de textos científicos como a Science Direct, Scopus,
ResearchGate, repositórios institucionais, reports e journals publicados em
congressos mundiais. A filtragem ocorreu primeiramente por meio da leitura de títulos
e de abstracts, e em seguida a leitura sistemática dos artigos selecionados.

2. SINERGIA ENTRE BIM E MODULARIDADE

Nos últimos anos, a indústria da construção tem passado por uma significativa
transformação em sua abordagem tradicional de projeto e construção, impulsionada
pela adoção da Building Information Modeling (BIM). A tecnologia proporciona uma
representação digital tridimensional abrangente de um empreendimento,
incorporando informações sobre geometria, propriedades físicas e características
funcionais dos elementos da construção. Essa abordagem integrada tem como
objetivo melhorar a colaboração, reduzir custos e minimizar riscos ao longo do ciclo
de vida do projeto (Eastman et al., 2011).

Simultaneamente, a modularidade – o uso de componentes pré-fabricados que são


montados no local da construção, abordagem essa que reduz o tempo de construção,
diminui o desperdício e pode melhorar a qualidade geral da construção (Barlish &
Sullivan, 2012). – tem sido reconhecida por sua eficiência e apoio à sustentabilidade
na construção. Pesquisas fundamentais no campo de BIM e modularidade, como as
conduzidas por Eastman et al. (2011) e Kymmell (2008), estabeleceram a base para
a compreensão do impacto do BIM na indústria da construção. A integração de BIM e
estratégias de desenvolvimento de projetos modulares representa uma evolução
significativa na indústria da construção civil, prometendo melhorar a eficiência na
produção e a colaboração entre as partes interessadas.

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2.1. Interoperabilidade e Padrões IFC

A integração de tecnologias avançadas na indústria da construção tem transformado


significativamente a abordagem tradicional de planejamento, projeto e execução de
projetos, a evolução da dinâmica de troca de informações entre os participantes do setor
de construção, gera um impacto expressivo na eficiência produtiva (Lin. et al., 2017). Nesse
cenário, a tecnologia BIM emergiu como uma metodologia poderosa, proporcionando uma
representação digital abrangente e colaborativa de um empreendimento, desde a fase
conceitual até a construção e manutenção (Mariz e Picchi, 2017).

Eastman et al. (2011) explica que com o uso de BIM, determinadas atualizações
seguem automaticamente as regras paramétricas estabelecidas, enquanto
modificações adicionais entre sistemas podem ser revisadas e ajustadas de forma
visual. As ramificações de uma mudança são representadas com precisão no modelo,
refletindo-se em todas as visualizações subsequentes. Além disso, as revisões no
projeto são resolvidas de maneira mais eficiente em um sistema BIM, pois as
modificações podem ser compartilhadas, visualizadas, estimadas e solucionadas sem
recorrer a procedimentos morosos em papel.

Os Industry Foundation Classes (IFC) representam um marco fundamental para a


interoperabilidade em projetos BIM, estabelecendo um modelo de dados comum que
facilita a troca e o compartilhamento de informações de construção entre diferentes
softwares de modelagem (BuildingSMART International, 2020). Esses padrões são
projetados para descrever, de forma digital, características arquitetônicas, de engenharia
civil e de construção, promovendo uma comunicação eficaz e sem perdas através das
diversas fases de um projeto de construção.

Estudos realizados por diversos autores destacam a importância dos padrões IFC na
melhoria da colaboração e na redução de conflitos e retrabalhos, ao permitir que as partes
interessadas acessem e trabalhem com informações consistentes do projeto (Zhang e Issa,
2013), facilitando a troca de informações entre diferentes softwares (Sacks et al., 2010).
Este conceito é ampliado por Lee, Yu, e Jeong (2014), que demonstraram, através de um
estudo de caso, como a aplicação dos padrões IFC pode resultar em um fluxo de trabalho
mais integrado e eficiente, reduzindo significativamente os prazos e custos de projeto.

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2.2. Modularidade de processos na gestão de projetos

A modularidade de processo refere-se à capacidade de dividir os processos de produção


em módulos independentes e intercambiáveis (Ulrich & Eppinger, 2015). A análise dos
processos gerenciais emerge como um conceito vital na gestão contemporânea de projetos
(Koskela, 2000; Wesz et. al. 2018). Os autores destacam a dificuldade na gestão e
planejamento do design na construção, especialmente em projetos complexos. As
técnicas tradicionais de planejamento são ineficazes devido à incerteza e à natureza
iterativa do projeto, além das interdependências entre etapas do projeto. Koskela (2000)
argumenta que a decomposição de tarefas complexas em unidades menores e autônomas
permite um melhor controle, maior adaptabilidade e redução de riscos nos processos.

O desenvolvimento da modularidade de processos permite uma produção mais


flexível, reduzindo a dependência entre diferentes partes do processo produtivo
(Gershenson et. al., 2003). Isso resulta em benefícios como a facilidade de adaptação
a mudanças nas demandas do mercado, redução de custos operacionais e maior
agilidade na resposta a novas oportunidades. Essa estratégia também facilita a
integração de novas tecnologias e aprimoramentos nos processos, uma vez que cada
módulo pode ser atualizado ou substituído independentemente, sem afetar o
funcionamento global da linha de produção (Huang e Kusiak, 1998). A aplicação
prática desse conceito requer uma análise detalhada das interdependências entre os
módulos e uma estratégia robusta de integração (Rocha e Koskela, 2020).

A definição de famílias de produtos desempenha um papel fundamental na efetiva


implementação da modularidade de processos. Ao identificar similaridades entre diferentes
variantes de produtos, as empresas podem otimizar a produção, reduzindo custos e
aumentando a flexibilidade para atender às demandas do mercado. A concepção de
famílias de produtos, conforme proposta por Ulrich & Eppinger (2015), refere-se à
categorização e agrupamento de produtos que compartilham características comuns. Esta
abordagem visa identificar similaridades entre diferentes variantes de produtos, permitindo
a criação de módulos e componentes reutilizáveis em várias linhas de produtos.

Huang e Kusiak (1998) destacam que a definição clara e precisa de famílias de produtos
facilita a identificação de módulos e componentes comuns que podem ser compartilhados
entre diferentes variantes de produtos. Os autores sugerem que decomposição permite
explorar módulos potenciais entre componentes e analisar vários tipos de modularidade. O
7
desafio é agrupar os componentes em módulos de tamanho ou custo aceitáveis. Rocha e
Koskela (2020) enfatizam a necessidade da compreensão de cada componente ao
trabalhar com as famílias de produto e a conexão das interfaces na construção civil.

Voordijk et. al. (2006) discute a importância do desenvolvimento de estruturas de


plataforma de produtos na indústria da construção de casas, destacando a necessidade
de equilibrar a padronização e a variação dos produtos para atender às demandas dos
clientes por produtos e serviços personalizados. O autor ressalta que o uso de
plataformas de produtos baseadas em módulos comuns tem se mostrado bem-sucedido
em outras indústrias, proporcionando maior flexibilidade no design de produtos, eficiência
no desenvolvimento, além de eficácia na comunicação e posicionamento de mercado.

3. OTIMIZAÇÃO DE PROJETOS MODULARES EM PROGRAMAS BIM

Eastman et al. (2011), discutem a importância da modularidade de processos em BIM,


enfatizando a capacidade de realizar customização em massa e a importância de
manter o valor para o cliente final. A interoperabilidade é apontada como um
componente essencial para alcançar esses objetivos. No entanto, os autores também
reconhecem os desafios inerentes ao compartilhamento de dados, incluindo a perda de
informações e a dificuldade de manter a consistência dos dados ao longo do tempo.

Apesar do potencial dos padrões IFC para melhorar a interoperabilidade entre diferentes
sistemas BIM, vários desafios permanecem. A complexidade e a falta de entendimento
sobre como implementar efetivamente esses padrões em projetos reais podem ser
barreiras significativas Poirier et al. (2015). Além disso, a compatibilidade parcial entre
diferentes softwares BIM e a implementação inconsistente de padrões IFC podem levar à
perda de informações críticas durante a troca de dados (Kensek, 2014). Para superar
esses desafios, Poirier et al. (2015) sugerem o desenvolvimento de diretrizes claras e a
formação contínua para profissionais da indústria sobre como utilizar padrões IFC de forma
eficaz.

Desafios como a comunicação entre as equipes de design e construção, e a gestão


de componentes modulares, precisam ser abordados para maximizar esses
benefícios (Barlish & Sullivan, 2012). A integração da modularidade em programas
BIM requer estratégias específicas para design, coordenação e logística. A

8
modelagem de informações permite uma visualização precisa dos módulos, facilitando
a detecção de conflitos e o planejamento da construção (Wong et al., 2015).

3.1. Compartilhamento de Dados de Famílias em IFC

No contexto de desenvolvimento de projetos modulares utilizando plataformas BIM, o


compartilhamento eficiente de dados de famílias em IFC emerge como um componente
crítico para assegurar interoperabilidade e flexibilidade no processo de design. A
modularidade de processos, conforme discutido por Eastman et al. (2011), permite não
apenas variações nos produtos e customização em massa, mas também aprimora
significativamente o valor entregue ao cliente final. Este capítulo foca em elucidar as
complexidades associadas ao compartilhamento de dados de famílias em IFC e propõe
soluções baseadas nas melhores práticas e na adoção de tecnologias emergentes.

3.1.1. Desafios do Compartilhamento de Dados em IFC

O compartilhamento de dados de famílias em IFC representa um desafio substancial


devido à perda potencial de informações durante a conversão de dados entre
diferentes softwares BIM. Kensek (2014) destaca que a interoperabilidade ainda é
uma questão crítica no ambiente BIM, onde a precisão e a integridade dos dados são
fundamentais para o sucesso do projeto. Sacks et al. (2010), abordam o desafio do
gerenciamento de atualizações consistentes e a necessidade de melhores práticas
para a criação de famílias IFC. Para os autores, a criação de diretrizes rigorosas para
a compatibilidade e reusabilidade das famílias em diferentes plataformas é vital para
superar esses desafios. Além disso, a gestão de atualizações consistentes de famílias
IFC é complexa, dada a natureza dinâmica dos projetos de construção, que
frequentemente exigem revisões e personalizações específicas (Kensek, 2014).

3.1.1.1. Perda de Informações Durante a Conversão de Dados

A perda de dados durante a conversão entre diferentes softwares BIM é um problema


persistente que afeta a precisão e a utilidade dos modelos de construção. Esse
problema pode ocorrer devido a várias razões:

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• Incompatibilidades de Formato: Nem todos os softwares BIM interpretam ou
suportam todos os elementos e parâmetros do formato IFC da mesma maneira,
levando à perda ou à distorção de informações.
• Limitações de Exportação/Importação: As ferramentas de exportação/importação
podem não transferir todos os dados entre plataformas, especialmente detalhes
específicos de customização e parâmetros avançados de famílias.
• Complexidade dos Dados: Dados altamente personalizados ou complexos em
famílias IFC podem não ser adequadamente suportados por diferentes sistemas,
resultando em simplificações ou omissões indesejadas.

3.1.1.2. Gestão de Atualizações Consistentes

A natureza dinâmica dos projetos de construção, com revisões frequentes e


necessidades de personalização, torna a gestão de atualizações de famílias IFC
particularmente desafiadora. Os problemas incluem:

• Rastreamento de Versões: A dificuldade em manter um histórico coeso e acessível de


alterações nas famílias, especialmente quando múltiplas equipes estão envolvidas.
• Sincronização: Garantir que todas as partes interessadas tenham acesso à versão
mais atual das famílias IFC, sem conflitos ou redundâncias de dados.
• Personalização vs. Padronização: Encontrar um equilíbrio entre permitir a
personalização necessária dos componentes e manter uma base de dados
padronizada que todos possam usar.

3.1.2. Garantindo Compatibilidade e Reusabilidade

Para mitigar os desafios de interoperabilidade, é imperativo estabelecer um conjunto de


melhores práticas para a criação e gerenciamento de famílias IFC. Sacks et al. (2010),
sugerem a adoção de diretrizes rigorosas que garantam a compatibilidade e a
reusabilidade das famílias em diferentes plataformas BIM. Isso inclui a definição clara de
parâmetros, a normalização de nomenclaturas e a inclusão de detalhes para permitir a
customização sem comprometer a integridade estrutural ou funcional dos componentes.
Além disso, a capacitação e o treinamento contínuos de profissionais em práticas
recomendadas para a criação e gestão de dados IFC são fundamentais para superar

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os desafios da interoperabilidade. A colaboração entre desenvolvedores de software,
profissionais da indústria e organismos de normalização também é crucial para
avançar na compatibilidade entre diferentes plataformas BIM.

3.1.2.1. Definição Clara de Parâmetros

A eficácia de uma família IFC em projetos BIM depende da sua capacidade de adaptação
às necessidades específicas do projeto sem a necessidade de recriação completa. Isso
é alcançado por meio da definição clara e estratégica de parâmetros. Parâmetros bem
definidos permitem ajustes precisos em dimensões, materiais, e outras propriedades sem
alterar a essência ou funcionalidade do componente. Esses parâmetros devem ser:

• Intuitivos: Fácil entendimento e manipulação pelos usuários;


• Consistentes: Utilização de uma lógica consistente na nomeação e aplicação;
• Flexíveis: Capacidade de se adaptar a uma variedade de situações de projeto.

3.1.2.2. Normalização de Nomenclaturas

A normalização na nomeação de componentes e parâmetros é crucial para garantir


que as famílias IFC sejam intuitivas e facilmente identificáveis. Adotar uma convenção
de nomenclatura consistente facilita a busca e a aplicação de componentes
específicos, além de reduzir erros e mal-entendidos. Isso inclui:

• Padronização: Definir um padrão claro para a nomenclatura de famílias e tipos, que


pode incluir o uso de prefixos ou sufixos para indicar categorias especiais.
• Descrições detalhadas: Fornecer descrições claras e concisas que expliquem a
função e uso de cada componente, melhorando a compreensibilidade.

3.1.2.3. Gerenciamento das Informações

Para permitir a customização sem comprometer a integridade do componente, é


essencial incluir detalhes suficientes nas famílias IFC. Isso não significa sobrecarregar o
modelo com informações desnecessárias que possam comprometer o desempenho, mas
sim encontrar um equilíbrio entre detalhamento e eficiência. Os detalhes devem ser:

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• Relevantes para a fase de projeto: Adaptar o nível de detalhe conforme a etapa
do projeto, evitando informações desnecessárias nas fases iniciais e garantindo
detalhamento adequado para a construção e manutenção.
• Otimizados para desempenho: Manter um equilíbrio entre a quantidade de detalhes e
o desempenho do modelo, garantindo que o modelo seja detalhado o suficiente para
ser útil, mas não tão complexo que torne o trabalho com ele oneroso.

3.1.2.4. Testes e Validações

Antes da implementação final das famílias IFC em um projeto, é essencial realizar


testes e validações abrangentes. Isso inclui:

• Compatibilidade cruzada: Verificar a compatibilidade das famílias IFC em


diferentes softwares BIM para garantir que elas funcionem em várias plataformas.
• Sistemas de Gerenciamento de Dados Centralizados: Utilizar plataformas
centralizadas de gerenciamento de dados BIM que facilitem o controle de versões
e a distribuição eficiente de atualizações.
• Testes de desempenho: Avaliar o impacto das famílias no desempenho dos
modelos BIM, assegurando que não comprometam a eficiência do trabalho.

3.2. CDE na Gestão de Projetos BIM

Este capítulo culmina com uma análise aprofundada sobre a relevância da gestão de
projetos BIM desde suas etapas iniciais, destacando a importância crucial do Common
Data Environment (CDE) como ponto central para o armazenamento e organização eficaz
das informações. A integração harmoniosa uma base de dados bem definida pela
empresa, ferramentas de manipulação de dados e plataformas colaborativas emerge como
um fator-chave para otimizar a gestão de informações ao longo do ciclo de vida do projeto.

O uso de um CDE atua como ponto de convergência para todas as informações,


promovendo a coesão entre equipes multidisciplinares e garantindo a acessibilidade a
dados atualizados em tempo real. No contexto da otimização da gestão de informações,
sublinha-se a importancia da escolha de um CDE que suporte plenamente a integração
de dados IFC e seja compatível com as ferramentas de software usadas pela equipe
do projeto. para alcançar os objetivos de gestão de projetos BIM. Destaca-se a

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necessidade da centralização dos modelos e documentos de projeto, facilitando o
acesso e a colaboração entre os participantes. Garantindo que a plataforma escolhida
ofereça um robusto controle de versão, permitindo o acompanhamento de alterações
e a recuperação de versões anteriores dos modelos IFC.

A diferença fundamental entre um repositório específico para a indústria da construção,


como aqueles que utilizam o formato IFC, e um CDE genérico, tradicionalmente
utilizados por escritórios de projetos, reside principalmente nas funcionalidades
integradas para colaboração e gestão de projetos, bem como na interoperabilidade com
softwares específicos do setor. Embora os serviços de armazenamento ofereçam
funcionalidades básicas de compartilhamento e colaboração, como edição de
documentos em tempo real e controle de versão de arquivos, eles não possuem
ferramentas especializadas para a visualização, análise e gestão de modelos BIM ou
para atender às necessidades complexas de projetos de construção.

O mercado dispõe de repositórios Hub, plataformas centralizadas projetadas para


facilitar o armazenamento, o acesso e a gestão de dados e informações de projetos.
Atuando como um ponto central de verdade, esses repositórios permitem que equipes
de projeto compartilhem, colaborem e atualizem informações em tempo real, garantindo
que todos os envolvidos tenham acesso às versões mais recentes dos dados. Essas
plataformas oferecem funcionalidades avançadas para gestão de projetos de
construção, como controle de versão específico para desenhos e modelos, visualização
e análise de modelos BIM, e ferramentas de colaboração projetadas para facilitar a
comunicação e o trabalho conjunto entre as partes interessadas do projeto. A integração
direta com softwares específicos de design, análise e gestão de construção, permitindo
um fluxo de trabalho mais suave e eficiente, facilitando a troca de dados entre diferentes
plataformas e profissionais, melhorando a eficiência, reduzindo a probabilidade de erros
e promovendo uma abordagem mais integrada à gestão de projetos.

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4. CONCLUSÃO

A integração de Building Information Modeling (BIM) e modularidade na indústria da


construção civil representa uma revolução nas práticas tradicionais de projeto, construção
e gestão de empreendimentos. Este artigo explorou a sinergia entre BIM e modularidade,
evidenciando como essa combinação pode promover melhorias significativas em
eficiência, sustentabilidade e qualidade dos projetos de construção. Através da revisão
sistemática da literatura e análise crítica das tecnologias e metodologias envolvidas,
identificamos desafios importantes, como a necessidade de interoperabilidade de dados
e a mudança cultural dentro da indústria, assim como estratégias para superá-los.

A adoção conjunta de BIM e modularidade pode resultar em uma otimização sem


precedentes dos processos construtivos. A capacidade do BIM de oferecer uma
representação detalhada e funcional do projeto, combinada à eficiência das práticas de
construção modular, cria um ambiente propício para a inovação. No entanto, para
aproveitar plenamente esses benefícios, é crucial abordar os desafios técnicos
relacionados à interoperabilidade de dados e aos padrões IFC, bem como promover
uma transformação na cultura organizacional e nos fluxos de trabalho da indústria.

A otimização do compartilhamento de dados de famílias em IFC é crucial para melhorar a


interoperabilidade em projetos BIM. Apesar dos desafios substanciais relacionados à perda
de informações durante a conversão de dados e à complexidade na gestão de
atualizações, a adoção de ferramentas aprimoradas, a aplicação rigorosa de padrões e o
uso eficaz de sistemas de gerenciamento de dados podem proporcionar soluções viáveis.

Entendendo a combinação de BIM e modularidade, apoiada pelo compartilhamento


eficaz de dados de famílias em IFC, representa uma poderosa estratégia para avançar
na indústria da construção, o artigo aborda os desafios inerentes à interoperabilidade de
forma proativa, trazendo discussões e potenciais soluções para o avanço da colaboração
e eficiência no compartilhamento de projetos BIM, permitindo a realização de projetos
mais complexos e customizados que atendam às crescentes demandas dos clientes.
Além disso, este artigo destacou a importância da formação contínua e do
desenvolvimento de diretrizes claras para profissionais da indústria, visando uma
implementação eficaz dessas tecnologias. A colaboração entre acadêmicos, profissionais
e desenvolvedores de software é fundamental para avançar na compatibilidade entre
diferentes plataformas BIM e maximizar o potencial da modularidade.
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5. REFERÊNCIAS

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