Beatriz Becker - Telejornalismo e Imaginário

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Editora Insular Colecéo Jornalismo Audiovisual TELEJOR Telejornalismo 70 anos: 0 sentido das € nas telas érlda Emerim, Ariane Perera Huska Coutinho (organizadoras) Editor Execugéo da capa ‘Nelson Rolim de Moura ‘Eduardo Cazon Projeto grafico e editoracao eletrOnica Revisdo ‘Silvana Fabris Carlos Neto cpa Projeto Rodrigo Poeta Sel da ole Sel darede TEL Tenafae Lode Universiade Federal de Pernambuco Renata Calf Dados Internacionais de Catalogag4o na Publicacéo (CIP) Tuxped Servigos Editoriais (Sao Paulo, SP) S3t_ Ener, Grid (og) Telejrnalmo 70 anos 0 setdo das ema els /Organiadoras: ida Emer, ane Pereira ska uta — 1. ¢¢.~Fandpals, SC: tra Isla, 2020. 334; ftogafas; 1421 on. (lego Joma Auisual v9), Inui biog. |SBN978-6588401-15-6 1 Histrinem Ta, 2 Semtido das Teas. 3. Semtido nas Tes. 4 eeomaime, 1. Tula, Asuna Oiganiadoras «opo7a'3022345 23004609 couo7a0s7 inpice PARA carALoGosisTEMAnICO 1. amalsmo; Teles. 2 elamaisa, Ficha caloric elaborada peo bbotecro Pedro Aniao Gomes (RB-B BEG 2 ‘REFERENCIA BIBLIOGRAFICA EIMERIM, Cra; PEREIRA, Ariane; COUTINHO, luska (org). Telejornalismo 70 anes: 0 sentido das enas telas. 1 lianpols, Ctr Inula, 2020. (lao amas Alavi v9). EDITORA INSULAR (48)3232-9591 dtorinsulaccom br | wie con/Edtoranslar facebook com/Etaransat | wwwinslaccom.br INSULAR LIVROS ua Antonio Cals eri, 57 | aio Agroniice Fviandpois SC ~ CEP €6025-210 (48) 34-2729 insuariosagmalLcom ae | Telejornalismo e Imaginario Aconstrucdo audiovisual da realidade do Brasil e do mundo nos 70 anos da TV brasileira Beatriz Becker A televisdo e os telejornais tém constitufdo um dialeto com gramatica prépria partilhado por um grande nimero de telespectadores, abrindo e restringindo a compreensao da rea- lidade cotidiana do Brasil e do mundo nos 70 anos da TV bra- sileira. Os noticidrios televisivos so formas de conhecimento da experiéncia cotidiana, principais fontes de informagao para a maioria da populacdo do pais e poderosos instrumentos de organizagio e de ordenagio da vida social, vendem credibili- dade e atraem investimentos'. O telejornalismo oferece uma "ATV aberta ainda é a midia que concentra mais da metade dos investimentos pu- blicitérios, e este meio é considerado 0 mais confiavel por 77% da populagio, Em acordo com a tabela de custo para exibigo de aniincios comercias da Rede Globo de | de janciro a 30 de junho de 2020, 0 valor mais alto de um comercial de 30 se- tgundos na emissora é 0 do Jornal Nacional (JN), estimado em RS 847:900,00. No mnés de maio deste ano, o JN alcangou na Grande Sio Paulo a média de 32 pontos ‘de audiéncia e durante a cobertura da pandemia do coronavirus chegou a 37 pontos, tingindo mais de 7 milhées e meio de pessoas nesta mesma regito. Disponivel em: hitp//159.89.80.182/midia-dados-sp/publi/Midia%620Dados%202019.pd6, hips! ‘wwwrkantaribopemedia.com/a-tv-em-tempos-de-covid-19-impactos-e-mudancas- vho-comportamento-da-sociedade/; _https://negocios8.redeglobo.com.br/PDF/Mi- GAKIVLISTA.TV_2020,pdf, hitps//www:kantaribopemedia.com/conteudo/dados- “rankings/audiencia-tv-15-mercados/s,https/Wwww.aneioemensagem.com.br/home! ia/2019/12/20/ibope-atualiza-valor-do-ponto-de-audiencia-para-2020.html; https/www.folha.uol.combeiilustrada/2020/03/audiencia-de-telejornalismo-ex- plovde-durante-erse-do-novo-coronavirusshtmlorigin=uol. Acesso em: 2 jun. 2020, a1 forma familiar de entender o mundo, por meio de uma tess, ns ¢ palavras, cujos sentidos sao atualiza. ra singular de image dos por expressivas audiéncias mediante processos cognitiyos «-vincuilos emocionais (Becker, 2016). As imagens telejornalisticas séo compostas por diferen- tes materialidades e utilizadas para atestar provas de verdades da histéria cotidiana do Brasil e do mundo. O apagamento da mediagio da TV do recorte da visualidade de um aconteci- mento é ainda mais evidente nas transmissées ao vivo, pois a atualidade da noticia é enfatizada pela sensagio de que 0 acontecimento ocorre no mesmo instante do relato (Becker, 2005). A referencialidade é a principal caracteristica das ima- gens jornalisticas, carregadas de intengdes objetivas e estere6- tipos. Ao proporem a oferta de um olhar transparente sobre 0 mundo nas cenas da realidade cotidiana projetadas na tela, os telejornais produzem efeitos de realidade, de ficcao e de verda- de (Charadeua, 2007).? As narrativas audiovisuais jornalisti- cas podem promover ilusérias sensagdes ao espectador de ser testemunha da histéria, pois as representagdes estruturam © olhar e naturalizam modos de ver, sentir e agir na vida social. Mas, 0 sentidos sao abertos a histéria, uma vez que dependem da interpretagio, e um regime de representagao e de visibili- dade pode ser modificado (Hall, 2016). As imagens tendem @ ser identificadas com a dentincia platénica do engodo das ap réncias, projecdes da ideologia ou tecnologias de dominas#® desde a Antiguidade (Machado, 2001), porém, sio também testemunhas “das mudangas graduais, pelas quais individuos ou grupos veem © mundo social, incluindo 0 mundo da im@” ginacao” (Burke, 2016, p. 275). 2 As imag geD8 encanto também sd a biidade deo também séo potencias simbdlicas € cone blldade de ontextulizar um detalhe e prover wna prcepsa® mal MBN oa fa igieasns facilitando entendimento de uma noticia quando ativa® aes notice a0 mesmo tempo (ZELIZER; ALLAN, 2017). De foto im ceonteanne ts causam grande impacto e tém maior poder dé de gc Valores eat eto verbal tem uma hirargula sobre oma Gh dos (HECKER, aos; ani genase nstlgoese conilos nt produsi vas, vem 32, Ao investigar as relagdes entre estruturas tecnoldgicas € formas textuais da televisio nos anos 1970, Williams (2016) identificou que a televisao era uma experiéncia cultural en- gendrada pela articulacao complexa entre praticas produtivas, determinantes tecnolégicos e econdmicos e as necessidades possibilidades que a TV deveria atender. Barbosa (2010) ar- gumenta que a televisio povoou o imaginario’ da populagao brasileira antes de se constituir em materialidade no pais, en- cenando uma expectativa em relagdo aos modos de ver tevé na sala de visita do lar e de tornar os acontecimentos do mundo mais proximos, produzindo um sentido de tempo particular, aconstrucao de um eterno presente. Nesse sentido, assume-se que as noticias devem ser observadas nao apenas como pro- dutos que viabilizam um entendimento da realidade objetiva e cotidiana sob determinadas regras normativas do fazer jor- nalistico, como propée Silva (2010), mas como representacées simbélicas que atendem a demandas subjetivas (Idem). Obser- va-se neste capitulo como 0s telejornais se consolidaram como um territério simbélico no pais, onde diferentes grupos sociais experimentam sentimentos de cidadania e pertencimento as sociedades complexas, e hoje, ao se oferecerem como fontes confidveis de informagio, também atuam na construgao au- diovisual da histéria cotidiana nao apenas na organizagao de fatos, mas de crengas e emogoes expressas nas redes e platafor- mas sociais. A partir da triangulacio entre visualidade, realidade e imaginario social, as reflexdes aqui propostas buscam eviden- ciar 0s modos como 0 telejornalismo tem conferido visibili dade ao real e contribuir para as pesquisas ¢ o ensino do jor- 3 _O imaginario & compreendido aqui como um sistema de ideias e imagens de re- presentagSes coletivas, formado por conjuntos coerentes e dinamicos de producoes, ‘mentais ou materializadas em obras com bases visuals e lingufsticas que ajustam sentidos e se manifestam por imagens e discursos que expressam um pensamento ‘que transcende o aparente ou uma visio de mundo escondida em uma narrativa ‘que pode ser desvelada mediante a anilise (PESAVENTO, 1995; WUNENBURGER, 2007; SILVA, 2012). 33 nalismo audiovisual, amparadas por contribuicées de teorias do jornalismo, estudos de linguagens e narrativas audiovisuai, da Hist6ria Cultural e sobre 0 imaginario. Sao elencadas trig diferentes fases da televisio brasileira’: a etapa que precede a emergéncia deste meio no pais e que leva 4 implantagao dos noticidrios televisivos no Pés-Guerra com forte influéncia do Estado nacional; a era da TV mundializada, marcada por transmissées ao vivo de grandes acontecimentos e pela mul- tiplicacao de satélites e sistemas de cabo imbricados em ope- races do mercado global; e aquela que corresponde a atua- lidade, na qual coexistem diferentes formas de televisao no ambiente convergente e a tevé e 0 telejornalismo se reinven- tam acentuando suas interacées com as audiéncias na cultura digital, Das experiéncias pioneiras de composi¢ao da realidade em preto e branco dos cinejornais que originaram os modos de uso da imagem nos telejornais aos contetidos e formatos em dudio e video informativos em miltiplas telas, busca-se observar como os telejornais tém realizado a verdade de suas enunciagées em representagoes de fatos relevantes da historia contemporanea e deflagrado sentimentos coletivos que ali- mentam 0 imaginario social. A pesquisa exploratéria, 2 anilise documental ¢ a reviséo bibliogréfica conformam 0 percurso metodoldgico adotado. Das origens das narrativas audiovisuais jornalisticas dimplantagao da TV e dos telejornais no Brasil A breve histéria do telejornalismo e de suas visualidades aoe 40 imagindrio sociocultural se inicia antes mesmo emergencia deste meio em uma “Era de Catéstrofe” com> Pondente ao periodo entre guerras (1914-1943), “uma civili@#” 4 Esses marc (1556), Haran ns Fsltam do cruzamento de contibuiSes Ulejornalsina (anny S2¥8* 2008) e Barbosa (2007) e de estudos de ILLIAMS, 2016; BUONANNO, 2015; BECKER, 2016). 4 dle Hobsbav® relevisio® ud sao capitalista na economia; liberal [...]; burguesa na imagem de sua classe hegeménica caracteristica; exultante com 0 avan- go da ciéncia, do conhecimento e da educagao e também com © progresso material e moral” (Hobsbawn, 1996, p. 16). Neste contexto, marcado por rebelides e revolucées globais que le- varam 4 instituicao do sistema capitalista liberal e pelo avango dos regimes autoritarios, so produzidas as primeiras ima- gens em movimento de acontecimentos do mundo. A criagao do cinema pelos irmaos Lumiere, em 1895, foi o invento que “rompeu 0 monopélio que jornais e revistas exerciam sobre a informagao” (Sousa, 2008), apresentando histérias com ima- gens sem palavras. As primeiras reportagens filmicas foram registros breves de atos oficiais em que participavam perso- nalidades importantes de estados e governos. Posteriormente, 0s filmes sobre atualidades passaram a ter um tempo de dura- 40 maior, cerca de 15 minutos, e deram origem aos primei- ros cinejornais. Tais filmes j4 reuniam varias caracteristicas dos discursos jornalisticos, como periodicidade, atualidade, diversidade tematica e duragao estandardizada. Quando esses cinejornais deixaram ser projetados em uma tinica sala e pas- saram a ser copiados e vendidos aos proprietarios de cinemas, ocorreu a difusao massiva da mensagem informativa audiovi- sual na segunda década do século XX (Idem). Entretanto, até meados dos anos 1930, os cinejornais se ancoravam no mode- lo de Lumiére de observagao da realidade e as reportagens se restringiam a uma abordagem descritiva de fatos sociais. Mas fazer uma reportagem de atualidades deixava, gradualmente, de se resumir a apontar uma cimara para um acontecimento, implicava dominar a linguagem das imagens, enquadramen- tos, planos e movimentos de cimara ¢ a montagem (Bezerra, 2014). O aparecimento do cinema sonoro em 1927 contribuiu para a popularizagdo dos cinejornais e, em 1935, o apareci- mento do filme colorido os tornou mais atraentes. Os regimes totalitérios, como 0 nazismo e o fascismo, aproveitaram 0 ci. 35 nejornalismo para a propaganda com fins persuasivos (Sousa, 2008). No Brasil, os filmes do Departamento de Imprensa e Pro paganda (DIP), criado em 1936, foram uma das primeiras ex. periéncias de intervengo do poder do Estado Novo no usp politico de narrativas audiovisuais informativas para tecer 9 simbolismo nacionalista do regime autoritdrio do governo de Gettilio Vargas (1930-1945). Os modos de combinar imagens e palavras nesses filmes exaltavam a figura do chefe de Estado e envolviam as massas em suas estratégias enunciativas (Kor- nis, 2012). A primeira transmissao televisiva das competicées olimpicas, a dos Jogos de Berlim, acompanhados em muitos paises pelo radio, também ocorreu em 1936. Esta transmissio, do mesmo modo que os cinejornais, serviu de propaganda do nazismo. Os cinejornais e os documentarios corresponderam as formas pioneiras de conhecer e representar 0 mundo no ini- cio do século XX, neste contexto constitui-se a primeira fase da hist6ria do jornalismo audiovisual®, A primeira emissora de televisdo brasileira, PRF-3 TV Difusora de Sao Paulo, foi inau- gurada no Brasil no dia 18 de setembro de 1950 por Assis Cha- teaubriand, e no dia seguinte foi ao ar um programa de caréter jornalistico chamado “Imagens do dia’, sem horario e duracio Predeterminados. O videoteipe ainda nao existia, era precis? ee dos acontecimentos registradas an bration ao vita ie . Programagao era transmitida em a Naquela época ee caracteristica da televints até we sapien ae avia uma forte industria cinematog™ rf lesenvolveu-se incorporando a experien ut sas Indastria cultural, deco a Pe *Buicao nazista (SILVA, 2012), : a eee Ao identificar que oe Sofram inluéncas saga" Jnalisticas em sudio e video na TV €78 ne comecavam a se micas € a8 atividades de ver TV e acompanhar not a iow! BECKER, 2099) NM # attra nomeou essa priticas de jornalism? audio’ 36 radiofonica e as referéncias dos cinejornais para a construgio da informacao com imagens em movimento (Becker, 2016) A TV mundializada e 0 protagonismo dos telejorné construgao da historia A Era de Ouro amalgamada com as revolugées sociais, as contradicées do socialismo soviético existente e a Guerra Fria geraram expressivas modernizagées dos sistemas produtivos agrarios e industriais e acentuaram desigualdades entre as na- 6es. A produgao audiovisual informativa corresponde aqui a emergéncia da televisao e dos telejornais no Pés-Guerra, como simbolos da modernidade que definia 0 cotidiano, especial- mente na rotina da vida social, na significagio temporal e es- pacial e nas relagées entre os espacos ptiblicos e privados. Na corrida pelo poder politico e pelo lucro, os inventores de brin- quedos que deram origem ao cinema foram substituidos por engenheiros na industria da televisao nas primeiras décadas do Século XX. Essa fase da televisdo, denominada por Umber- to ECO de Paleotelevisio, compreendeu os Anos Dourados do Capitalismo com forte influéncia do Estado Nacional no sis- tema de comunicagao televisivo e nas grades de programacao. No Brasil, 0 desenvolvimento e a expansio da televisio foram ancorados nos interesses do governo militar. A conso- lidagao do broadcast, formato de redes nacionais de contetido massivo, a partir dos anos 1960 esteve associada a um projeto autoritério na coordenacao do ptiblico mediante a defini¢ao de horarios, a administracao da publicidade e a transmissao de materiais semelhantes em determinados grupos de emisso- ras espalhadas no vasto territério brasileiro (Ladeira, 2016). As empresas jornalisticas sempre mantiveram relagGes estreitas com a politica, promovendo e participando de episédios im- portantes da histéria do pafs, porém, nos anos 1960 a censura politica se abateu sobre a imprensa, O telejornalismo passou a 37 atuar de maneira decisiva num regime de auséncia de dem, arneia no debate politico, direcionado & opinio piblice, leg. timando a objetividade jornalistica e, ao mesmo tempo, reis, ricas emocionadas (Barbosa, 2010). O telejornal e a telenovely se afirmaram como géneros televisivos protagonistas na po. pularizagao da programacio das emissoras de televisio, cons. truindo mitos, valores e imagens de um Brasil moderno, 0 surgimento do videoteipe revolucionou a producao, tornando mais Agil a realizac4o ea transmissao dos programas, e os noti- cidtios televisivos ocuparam o lugar dos programas de noticias do ridio como as principais fontes de informacao, intervindo na expressio de valores e identidades em suas representagbes, sobretudo nas transmissdes ao vivo (Becker, 2016). Uma economia mundial, transnacional e cada vez mais integrada, que passou a operar sobre as fronteiras e as bar- reiras da ideologia do Estado, minando a soberania dos sis- temas politicos nacionais, sobretudo, do terceiro mundo, in- dlusive no Brasil, acentuou a crise que afetou diferentes paises do mundo, a partir dos anos 1970 até o final do milénio. A TV deste perfodo, denominada de Neotelevisio por Umberto ECO, promoveu e, ao mesmo tempo, sofreu consequéncias da globalizagao. Paises de distintos Continentes foram varridos por satélites e sistemas de cabo. O mercado global afetou aor ganizagio, a producao e o consumo de contetidos noticiosos em audio em video. A realidade social passou a ser construida pelas imagens ¢ narrativas dos telejornais e de transmiss0es ao vivo de acontecimentos de grande repercussao. Pessoas &¢ diferentes partes do mundo conheceram e acompanharam N tela da TV a Guerra Fria, a economia mundial em recessi0 ¢ a emergéncia do neoliberalismo no final da década de 1980. a a ce década,a televisdo passoua pautar ie do século XX. ee ue bY printipal meio de core ri ram 0 telejornalismo como o principal ls 38 da construcao da histéria cotidiana (Becker, 2016). Muitos fo- ram os momentos marcantes da televiséo mundializada, como a cobertura da queda do Muro de Berlim. A guerra do Golfo Pérsico em janeiro de 1991, transmitida pela CNN e assistida ao vivo via satélite pelo mundo inteiro, provocou a explosao de canais de noticias 24 horas. Dez anos depois, as imagens dos atentados as Torres Gémeas em Nova York, em 1] de setembro de 2001, também geraram indignacao e comogao em todo 0 planeta. Os individuos foram conduzidos a um novo sistema de poder, no qual a visibilidade se constitui em um meio de controle. No Brasil, a primeira metade da década de 1990 foi uma das mais competitivas entre as emissoras concorrentes e a te- leviséo por assinatura foi implantada de maneira mais des- centralizada do que a tevé aberta. “O cabo se contrapunha ao broadcast como um modelo capaz de rever a logica pautada pela massificacdo, pela homogeneidade, pela disciplina” (La- deira, 2016, p. 30). Mas o rompimento da tradicional relagao entre sistemas de comunicagao e poder politico, concentrado durante décadas nas maos de um niimero reduzido de fami- lias, nao ocorreu, e a TV transformou-se no principal tribunal politico do Pais. © poder da televisao brasileira pode mesmo ser comprovado nas eleicées presidenciais de 1989 e também de 1994, Assim como o Brasil e a TV elegeram Fernando Col- lor de Mello, também produziram o seu impeachment (Bec- ker, 2016). A influéncia da televisao também foi evidente no governo Fernando Henrique Cardoso, especialmente na di- vulgagao de beneficios do plano real ¢ da imagem de um pais aliado ao primeiro mundo e integtado ao projeto global do desenvolvimento sustentado, bem como no impeachment de Dilma Rousseff e na prisio do ex-presidente Luiz Inacio da Silva na década seguinte. Na passagem do século XX para o XXI, um modelo tec- nolégico fundiu a midia de massa globalizada com a comuni- 39 cagio mediada por computadores (Barb0s2, 2010). Inte e o posterior avan¢o de tecnologias utilizadas para Beracig «controle de informago suscitaram o desenvolvimento ga primeiras bases de dados digitais no final do milénio, com in, pactos na produgdo e no consumo da televisio. Mas a logica do mercado e do capital continuaram a impulsionar as expe riéncias televisuais de acesso ao mundo histérico (Buonanno, 2015). A digitalizacao da producao informativa audiovisual no novo milénio nao deve ser compreendida como uma trajetérig linear, uma revolugao disruptiva, ou um proceso tecnolégi- co homogéneo de mudanga de midias analégicas para digitas (Balbi; Magauuda, 2018). A experiéncia imersiva nas imagens e o retorno a tela individual No século XXI, Brasil e 0 mundo so tomados por uma nova onda de autoritarismo politico, terrorismo, movimen- tos religiosos conservadores, viroses planetarias, degradacoes ambientais e injustigas sociais (Harari, 2018), embalados por movimentos politicos polarizados, édios e intolerancias acen- tuados na vida social e no ambiente convergente. A super bundancia de informag6es falsas disseminadas nas redes 80° Ciais, impregnadas de interesses politicos e ideolégicos, impo? maior credibilidade e transparéncia ao jornalismo (Lisbo% Benetti, 2015). No atual cendrio de hibridismos de supores¢ Tinguagens e de midias e habitos de consumo misturados && correntes da convergéncia entre os meios, a televisio pass** Ser compreendida como toda forma de produgao de conteido nevis em uma escala significativa, ou como uma agree” ree Sone a amplo espectro de nichos e de 1 xlstncia do ma a eerie (Lotz, 2014). Oh a ae nee ‘0 analogico da TV broadcast e da ‘a na cultura digital (Becker, 2016)- 40 Os sistemas nacionais de televisio broadcast perdem 0 controle de produtos em Audio e video para grandes organi- zagoes de midia. As plataformas emergem como um mode- lo econémico dominante no financiamento, na produgao, na distribuicao e no consumo de contetidos audiovisuais. A ex- periéncia de assistir televisio também ocorre via streaming, pautada tanto pelo controle e pela légica do protocolo de pla- taformas diversas quanto pelo uso de aplicativos (app). O som ea imagem se transformam em dados e desgarram-se da TV (Ladeira, 2016). A expressao “televisdo transmidia” designa a logica de produgao, distribuigéo e consumo de contetidos te- levisivos a partir da digitalizagéo da TV e da sua associagéo com outras plataformas em rede, coordenada por uma midia principal (Fechine, 2018). Porém, os telejornais continuam a sintonizar vastas audiéncias, sobretudo na transmissao ao vivo, e se expandem em miiltiplas plataformas, articulados as atuagdes das audiéncias, Os cidadaos interagem com os no- ticiérios por meio de dispositivos méveis e nas redes sociais. Mas essas dindmicas nao colaboram para a tessitura de uma esfera piblica mais inclusiva e nao correspondem a uma efe- tiva participacao do piblico, pois servem mais aos interesses das organizagdes de midia e sio imbricadas em relagdes de po- der desiguais, sobretudo, em decisées referentes as politicas protocolos dessas empresas (Becker, 2016; Carpentier, 2012). ‘Além disso, 0 uso das redes e aplicativos & pouco significativo para um descentramento do protagonismo da TV na produ- ao cotidiana de noticias com imagens em movimento e para a visibilidade de contetidos e formatos amadores. As stories que as pessoas publicam no Instagram, por exemplo, desaparecem 7 Rexpresito transmidia decorre do conceito de storyteling, cunhado por Henry Jen- kins. As experiéncias jornalisticas transmiia sio aquelas que transite em miti- plas pltaformas utilizam distintos meios, suportes e plataformas para narrar u fato da atualidade, Os contetidos adaptados para cada meio expandem o universo narrative, com a ativa colaboracio de prosumidores em diversos niveis de visual ‘zacoes e de engajamento potencializado pelas redes sociis (SCOLARI, 2013; MO- RALES; CANTERO: GABRIEL, 2017). a em 24 horas, tornando opaca a meméria € a visibilidade n sito no ambiente convergente propicio 20 armazenaments {Assss Emerim, 2018), e muitos formatos informativos em gy dio e video produzidos para o ambiente digital ainda guardan caracteristicas de apresenta¢ao ¢ composicao das cenas das noticias da tevé*. Contudo, ha tanto interesse por imagens captadas do “teal” em diferentes formas de express6es artisticas e midiati- cas quanto por imagens sintéticas ou infogréficas que simulam mundos irreais (Lins; Mesquita, 2008; Santaella; Noth, 2008), Jornalismo imersivo ¢ uma forma de produgao de noticias que oferece ao participante a possibilidade de entrar em um cenario virtual da histéria, experimentar situagGes variadas e cleger seus itinerdrios de visualizagao (Morales; Cantero; Ga- briel, 2017). Os géneros jornalisticos mais adaptaveis 4 essa forma de narrativa so os nativos do jornalismo na web, como as grandes reportagens multimidia (Canavilhas, 2014; Longhis Winques, 2015), porém, ha diferentes formatos: Realidade Virtual (VR) e videos 360%, Infografias, Realidade Aumentade (AR), Newsgames e Documentirios interativos ou webdocs’. O telejornalismo imersivo é uma modalidade destas expe niéncias que visa a potencializar a relacdo com 0 espectadon ampliar os limites da tela e diminuir a distancia com 0 fato 00 2 a sio videos da Al Jazeera e do A}+/Newsbroker publicados no YouTube e yout com/vateitn_continue=B&Y=a12)niZVGLOSAE itle;_https!/ www youtube.com/playlist2list= sLO2HxTIDbIa_yM SidyQl Acesso em: jun. 2020, /playlist@list=PLZd3QRtSySLO2HD ae imersivaem video 360% € um modelo de representao da reali Re romove um “mergulh” do usuiio a hstra aread eae ter 8H rma a sehte No acontecimento, As infografias interativas sio impulsionadss P Jerome periam wo rerio eat eet artes 0 TORALES: CANTERO, GABRIEL, 2017), A Realidade sa es Calizasdo othe iiss de natureza geolocativa,tecnologias¢ ser oti ner ae oe 8) tilizando ey ‘ormato de midia que apresenta historias baseadas ¢™ . linguagen a8 4 games (RIBEIRO, 2019). 0 Webdoc adapta pat #8107, temas cuenta riada para o cinema e para a tleist, © OSU i cumentarin so es0 quando a narrativa¢ composta por episodios (itp css ‘Dr/para-saber-mais/o-que-e. ‘webdocumentario-uma-defini®? . 4 ticiado, mediante a utilizagao de recursos de VR e AR, favore- cendo 0 consumo pessoal ou individual de noticias televisivas (Silva; Higuchiyanaze, 2019). Mas esta forma de interacao de- nominada de microcasting TV nao apaga o modelo tradicional de televisao broadcast, nem 0 de narrowcast TV, direcionada a temiticas e grupos especificos (Buonanno, 2015). As primeiras duas décadas do século XXI sao caracteri- zadas também pela emergéncia do jornalismo mével, que po- deria ser definido como 0 uso de tecnologias méveis digitais e sem fio para a produgio jornalistica e para 0 consumo de noticias em condigées de mobilidade fisica ou virtual (Silva, 2014). As materialidades produzidas com smartphones, tan- to registros domésticos cotidianos quanto de fatos sociais, sio potencializadas nas redes e plataformas sociais pelo compar- tilhamento de cidadaos e visualizadas em pequenas telas sen- siveis ao toque que induzem a interatividade (Teixeira, 2019). Nas emissoras de televisao, os jornalistas precisam se apropriar de smartphones e apps para lidar com 0 processo de apuracao, produgao e distribuico de contetidos em Audio e video para diferentes plataformas e redes sociais, mas a velocidade no tra- tamento da informagdo nem sempre garante a qualidade da noticia (Silva, 2014). Além disso, os smartphones sao vistos como solugées momentaneas ou pontuais de determinados quadros, nao constituindo estratégias efetivas de exploracao dos dispositivos méveis no ambito do jornalismo audiovisual” (Teixeira, 2019, p. 60). Neste cendrio, tecnologias e meios de comunicagao tornam-se a argamassa de cartografias pés-na- cionais e os telejornais reafirmam sua centralidade como am- bientes de reconstrugées de lacos de pertencimento (Musse, 2013). A despeito das tendéncias globalizantes e transnaci nais da producao audiovisual e televisiva e das formas diversas de produgao e consumo de contetidos e formatos audiovisuais noticiosos no ambiente convergente, 0s contextos socioeco- ndmicos, politicos e culturais locais ainda configuram o papel social da televisao e dos telejornais na contemporaneidade. 43 Consideragdes finais O cenirio politico de crise sanitaria e humanista no Pais na atualidade é marcado pela dupla pandemia: da Covid-jg ¢ da gestao do governo Bolsonaro, aliada a atitude de seus vig. lentos seguidores, contra as instituigdes democriticas, a liber. dade de expresso e o respeito as diferencas, 0 que impée cons. trangimentos ao trabalho da imprensa e atiga a cultura do édig ea disseminacao de informagées falsas. Frente & demanda da populacao por informagoes confidveis, os noticiarios televisi- os intensificam estratégias de aproximacao com as audiéncias e reafirmam a sua mediacao na construgao audiovisual da rea- lidade. Em estudo recente identificou-se que o Jornal Nacio- nal (JN) tem investido em uma editorializagao do noticiério nomeada de “humanismo solidario" pela autora, ancorada na defesa dos direitos humanos e aparentemente apartidaria, em um ambiente de posicionamentos politicos polarizados, mas que nao corresponde a uma abordagem contextualizada dos problemas estruturais da sociedade brasileira referentes & de- sigualdade social e ao racismo (Becker, 2020). Tal estratégit tem sido acentuada na atualidade associada a uma mediagio das emogdes do piblico que opera, por meio da linguagem do proprio telejornal, na tradugao do mundo real e de subjetivir dades atreladas as redes sociais, buscando apaziguar ansied™ des e responder a incertezas”, Hoje, entretanto, a complexidade do mundo aparece ae com diferentes dspostivos€ ane coe cies Para a superagao da propria pores que Temes eee de tecnologias em trés cima ea salen peste io em ambientes virtuais. Os smart? on Seu protagonismo em um futuro hip? 10” Ba forma deme a iin se medias assumida elo préprio apresentador ¢ editor aco za. mite serenade aio aidncia do pais, William Bonner und?" eysat tcigho dea aes 2 etfentamento da pandemia eds incivilidade dB sk ‘elem; chug mats de 2020 «em sua entrevista ao jornalista Ped BE og Ps!lobopla globo.comzv/8582140/programal>. Aces: 38 4 nectado decorrente da emergéncia de interfaces invisiveis que transmitem informagdes em diferentes superficies e de expe- riéncias que nao utilizam mais a luz, transformando as ima- gens em impulsos elétricos enviados diretamente aos nossos cérebros'!. As sociedades sempre produziram equipamentos e maquinas de modalizagéo das subjetividades em diferentes contextos histéricos, politicos, econémicos e culturais, abrin- do e restringindo nossas leituras e conhecimentos do mundo. Porém, em um momento em que 0 encantamento tecnoldgi- co, os valores individuais e as disputas discursivas propagadas pela visibilidade das selfies e das fake news se sobrepdem ao social e a uma convivéncia humana mais tolerante e dialdgi- ca, a educacao midiatica torna-se uma pratica relevante para uma sociedade mais democratica ¢ pluralista. Ler e escrever com palavras e imagens significa perceber e interagir com 0 mundo, e nao apenas contemplar as mensagens da midia, pois 0 olhar nao se opée ao agir (Becker, 2016b; Ranciére, 2017). Esta breve histéria do jornalismo audiovisual sugere que con- siderar as complexas relagdes entre palavras ¢ imagens e os mundos possiveis que os telejornais acenam, por meio de suas visualidades, implica perceber, como aponta Medina (2000), que o real e o imaginario se interpenetram e convivem na rea- lidade dos seres humanos; e que para dar sentido & vida social é preciso interpretar 0 mundo das telas e fora delas. Referéncias bibliograficas 'ASSIS, I. P; EMERIM, C. Desafios televisivos: 0 estado da arte das pesquisas jornalisticas no Snapchat e no Stories (Instagram). In: EMERIM, C.; FINGER, C.s COUTINHO, I. (Orgs.). Estudos contempordneos em telejornalismo. Narrativas de jornalismo para telas. Floriandpolis: Insular, 2018. p. 122- 137. BALBI, Gs MAGAUUDA, P. 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