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OConsilio dos Deuses 19 Jéno largo Oceano’ navegavam, As inquietas ondas apartando; Qs ventos brandamente respiravam, Das naus as velas céncavas inchando; Da branca escuma os mares se mostravam Cobertos, onde as proas vao cortando ‘As maritimas 4guas consagradas, Que do gado de Préteu’ sao cortadas, 20 Quando os Deuses no Olimpo” luminoso, Onde o governo esté da humana gente, Se ajuntam em consilio glorioso, Sobre as cousas futuras do Oriente, Pisando o cristalino Céu fermoso, ‘Vem pela Via Léctea juntamente, Convocados, da parte do Tonante’, Pelo neto gentil do velho Atlante®, Deixam dos Sete Céus' o regimento’, Que do poder mais alto Ihe foi dado, Alto Poder, que s6 co pensamento Governa 0 Céu, a Terra eo Mar irado, Alise acharam juntos, num momento, (Os que habitam o Arcturo congelado* Eos queo Austro? tem e as partes onde = ‘large Oveane: oceano Indico. 2. Pres deus marnho, fuardador do gado de Neptuno. 2. Olimpo: morada dos fauses. 4 Tonante:eiteta dade a upiter or sero deus fo raio © do troveo. 5. neto gentil do volho Atlante: Marcio omensagiro dos dovses 6.SateCdus:2s bias dos sete planeta, segundo Plolomes. 7. regimento: fgovero. 8 Areturo congelado: Pole Norte. 8. Austro: ‘onto Sl 10.onde/ A Auroranasce:est.11oclaroSolse fercondeooste “3 Estrutura interna: 4 parte—Narrago ‘parte —Narracio-est. 19, canto a canto X Est. 19, canto! Pardfrase: Navegavam os nautasporuguesescom vento ‘alm, fzendoespuma agua sagrado onde clam os ees” Pretérito imperfeito/gertindio- continuidade de uma ago no finalizada v.1~"Ja" (navegagao dos portugueses) ~ ‘in medias res (exigéncia da estrutura épica) v.3= personificacto w.668-metifora v.7~dupla adjetivagao perifrase (peixes) Estrutura: Convocatéria dos deuses Est.20, canto! Pardfrase: 0s marinherosestovom fa navegajntoo Mogambique. quando no limps reine os deuses em ‘onselno sobre oftur do Oriente. onwocados por Mero do porte de ipiecaminham em grupo peo Via Lea.” v.1~"Quando" (Consitio dos Deuses) ~ simultaneidade (alternancia) com “J no largo Oceano... v.3~"constlio" + concilio (assembleta de bispos & cardeais) v.4~objetivo/tema do consiio. v.5~ dupla adjetivagio; personificacio v.8-perifrase (Mercério) Estrutura: Chegada dos deuses e sua apresentagdo Est.21,canto! Pardfrase: As dvndodes do norte geado do sul, do orente ‘edo ocdenteincerompem a govern des ste esfas que hes fl confada plo poder supremo que rege ounverso 8 como pensament. Num moment estavam euidos” v.4~enumera¢o/personificacao ‘Wu. 6-8 ~jogo de antiteses (quatro pontos cardeais) ~ perifrase (nascente/poente) pleonasmo 22 Estava o Padre" ali, sublime e dino”, (Que vibra os feros raios de Vulcano™, Num assento de estrelas cristalino, Com gesto alto, severo e soberano; Do rosto respirava um ar divino, Que divino tornara um corpo humano; Com hia coroa e cetro rutilante™, De outra pedra mais clara que diamante. 23 Em luzentes assentos, marchetados™ Deouroe de perlas”, mais abaixo estavam. Os outros Deuses, todos assentados, Como a Razdo ea Ordem concertavam'* (Precedem os antigos, mais honrados, Mais abaixo os menores se assentavam), Quando Jupiter alto, assi dizendo, (Cum tom de voz.comega, grave e horrendo: 24 “Eternos moradores do luzente, Estelifero” Polo e claro Assento™: Sedo grande valor da forte gente De Luso nao perdeis o pensamento, Deveis de ter sabido claramente Como é dos Fados” grandes certo intento (Que por ela se esquecam os humanos De Assirios, Persas, Gregos e Romanos, Padre: Jopite. 13. dine: dgno. 14. Vuleane: deus da rae dos vuledes, qu fabricave os ralos para Jopiter. £15. rutllante: resplandecents. 16. marehetados: com Eombutidos. 7. perlas: pérolas. 18. coneertavam: terminavem, 19 Estelfero:chelo de extras 20. lara ‘Assenta- morada cea de luz 21. Fador Destino. 22 v8 quatro grandes impéras. © Consilio dos Deuses Est. 22, canto Pardfrase: Alestova pol ds deuss ite senor do ‘aio, num tron faicante de estes As presngo Bostaria ara trasformar um homem num deus A Sua coreg ecetro ‘ram de peda mas luminosa que diamante” pla adjetivacio \.4~“gesto" = rostotriplaadjetivagio v.5—metifora \.7~ para opropésito da escansio deve er-se Cia v.8-comparagao hiperbolica Desde sertnca20 srgen nadescrigiodoOlmpa.vockbulos lgados Ake aobviho=seneagtes aun Est.23,canto| Pardfrase: Os outios dese xtavam sentadosporordem -deamtiguldade er tonosemburids dour epéoas, quando iptercomecoua flr numa oe que inundiaespetoe v.8~ dupla adjetivagio; 0 termo “horrendo” signi fica que Jupiter infundia um temor respeitoso Estrutura: Intervencio de Jépiter Est. 24, canto! Parifrase: Dizi os moradres do cy estrlado, tro ‘esplandecente, qu, st otentssem no vale dos Portuguese, descendents de Luso, deviam sober que dls estover fads ara fazeem esqueceros quot grandes impéios quem ‘governado o mundo \w.1:2~08 dois primeitos versos constituem tanto uma apéstrofe aos deuses como uma perifrase (deuses). w. 3-4 perifrase (portugueses) ¥.4~"Luso’ - filo e/ou companheiro de Baco ‘que, segundo Cambes, sefixou em Portugal Os eruditos da Renascenga relacionaram estas palavras com Lusitania.’ Ww. 5:8 ~profecia do Quinto Império \.6~"dos fados' ~0 Destino (na concegdo mitolé= ica grega e romana, superior a0s préprios deuses, ‘que contra as suas decisdes nada podiam fazer)? v.8-enumeragio 25 Ja lhe foi (bem o vistes) concedido, (Cum poder tao singelo e tao peaueno, ‘Tomar ao Mouro forte e guarnecido Todaa terra que rega o Tejo ameno; Pois contra o Castelhano tio temido Sempre alcangou favor do Céu sereno. ‘Assi que sempre, enfim, com fama e gléria, ‘Teve os troféus pendentes da vit6ria, 26 Deixo, Deuses, atrés a fama antiga, Que co a gente de Romulo” alcangaram, Quando com Viriato%, na inimiga Guerra Romana, tanto se afamaram. ‘Também deixo a meméria que os obriga A grande nome, quando alevantaram Um porseu capito®, que, peregrino, Fingiu na cerva espitito divino®. 27 Agora vedes bem que, cometendo Oduvidoso mar num lenho leve”, Por vias nunca usadas, nao temendo De Africo™ e Noto” a forca.a mais se atreve: Que, havendo tanto jé que as partes vendo Onde o dia é comprido e onde breve, Inclinam seu propésite e perfia® ‘Aver os bergos onde nasce o dia. 25. gente de Rémulo: os Romanos (Rémulo oo fundador ‘de Roma). 24. irate: cheteustano que combatew contra ‘9sRomanos na Peninsula bie (sé. l12.C)-25.capitao: Serco (sé | a, C), chef miltar romano, considerado lm her hispico. 26. w. 8: referncia& orga com que Sertéco se fala acompanhar e que fala conta, avinhavaofutura poisadeusa Diana alva atravésdela. Zr. tenho leve: pequena embareagaa 28. De Aico: vento fe sudoeste, 25. Noto: vento sul. 30. prfla- dispute ‘Facussso, Est. 25, canto! Pardfrase: Ines fo pemitido conqustarem oteit6o de Portugal 00s Meuos, com uma exigua fora Depois _enfentaram vtoriosamente os Costethanes, Sempre hes erence tunto” ‘vw. 1-4~refere-se a D. Afonso Henriques w.2.03 -dupla adjetivagao ‘Ww.23 e 5 ~antitese ("tdo singelo e to pequeno” vs. "forte e guarnecido'/'tao temido") v.4~porifrase (Lisboa) v.6~pleonasmo Est.26, canto! Pardfrase: Nao pres lebrar astra de Vito contra Romanes, nem a gla que tinam aconcado {quando legeram seu cee ormane foragido que tevea idea extroordndria de fazer possar pr intprete de wma deusoocrea que ria consi’ v.1~apéstrofe ‘w.2e7 ~perifrase (romanos; Sertério) ‘w.3 4 dupla adjetivagao .7~"peregrino” = estrangeiro errante, mas também excecional Referéncia ao PASSADO Est.27,cantol Pardfrase:Agoro, desoflando omer Incr, em medo dos vents, treviasea mais depos de trem durante muito tempo explora diferentes els, onde com a ttudes, ora a duro dos dase ds notes estavom resovidosa chegor 0 Orente” -.1~"Agora vedes bem" acio simultanea com a navegacdio dos portugueses ¥.2~cheio de perigos, desconhecido v.4—ventos perigosos de Sudoeste e do Sul ‘w.5-6,8~ perifrase (Oriente) Referéncia ao PRESENTE 28 Prometido ihe est do Fado eterno, Cuja alta lei nao pode ser quebrada, Que teninam longos tempos o governo omar que vé do Sol aroxa™ entrada, ‘Nas aguas tem passado o duro inverno: Agente vem perdida e trabalhada”. J parece bem feito que lhe seja Mostrada a nova terra que deseja, 29 E,porque, como vistes, tem passados Na viagem tao asperos perigos, Tantos climas e céus exprimentados, ‘Tanto furor de ventos inimigos, Que sejam, determino, agasalhados Nesta costa Africana como amigos, E,tendo guarnecida a lassa” frota, ‘Tomarao a seguir sua longa rota” 30 Estas palavras Japiter dezia, Quando os Deuses, por ordem respondendo, Nasentenca um do outro difiria®, RazOes diversas dando e recebendo. O padre Baco” ali nao consentia No que Jiipiter disse, conhecendo ‘Que esquecero seus feitos no Oriente, Sela passar a Lusitana gente, |. roxa: vermelha. 82 trabalhads:extenvada: exaust 33. lass: cansada, 36 fia ivergia. 35. Baco: deus do ino e dato i © Consilio dos Deuses Est. 28, canto| Parifrase: 0 ado supremo involve jé Ines prometeao ‘govern domar que vé nase esl. assaramo wero no mar, esto cansados, justo que hes ea mostoda tea que procuem w.1-4~profecia \.3- presente do conjuntive com valor de imperativo ¥.4~perifrase (oceano Indico) Referéncia ao FUTURO Est. 29, canto! Pardfrase: Por iso eJptr nha decide que opds ‘tants proves fessem reebdos como amigos nacosta fcana, «ue. depos de rebastecidosposseguisem cviagen* w.24~enumeragio ¥.4~ personifieagdo w.45~andfora (Tantos'/ Tanto”) v.5— presente do conjuntivo com valor de imperativo 1.8 futuro do indicative (profecia) v.8- para 0 propésito da escansao deve ler-se_ “cua como uma inca slaba Estrutura: Posieao de Baco Est. 30, canto! Pardfrase: Quando Jupiter acabou, 0 deuses responderam ‘com verses pareceres.O deus Bao estavaem desoordo porque sabia que, es Portuguese chegassom 0 Orient, ‘ee proprio serial esque" Baco- principal oponente mitolégico e simbolo {dos fatores oponentes da viagem ¥.8~ perifrase (portugueses)

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