Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 8
INQUIETAGOES PRELIMINARES ‘AO ACOLHIMENTO PSICOTERAPICO DE PESSOAS LGBTTQIAP+ Eduardo Leal Cunha rm a rattnatit Scanned with CamScanner Nos iltimos anos, déncias sexuais e de género tem ‘em diversos paises. Uma série de tos da progressiva normalizacao rogressivo da visbil transidentitérias, diversos matizes. © debate sobre o acon, mobile ap fatotes entram em ct das homossexual, lade - e mesmo multiplicda ‘We trouxe consigo reacées con = ides ay me de de ex serena Ainda que no cam; 1PO juridico tenhe havi cativas, algumas quest ro con, ‘Ses permanecem, sobretude 40 cardter supostamente patoldgico das tra insisténcia no uso de termos como transexu, herdados da sexologia positivista do final d testemunho contundente, Falo aqui, evidentemente, do lu testemunho da minha experiéncia, i certas posigées, x isa i "Buel relay fo século XiX, agar de psicanalista, dando asin inclusive sobre o confronto com ‘assumidas por muitos eas vezes mesmo a maioris ion ‘meus colegas quanto ao modo com que devemnos conduzir esses debate €0s posicionarmos éticae poiticamente frente a essas quests ase ‘mindo nosso lugar identitirio. Mas penso que muito do que digo ag Pode ser til numa reflexio minimamenterigorosa sobre as posgies ‘assumidas pelos saberes psi em seu conjunto até hoje. E verdade que, em rel ‘melhor, ¢ 0 modo como h sentar como gays, com desconsiderado (BI lagdo as homossenualidades, a situagio parece 1oje Psicdlogos e psicanalistas podem se ape ‘um pouco mais de tranguilidade, néo pode st 'ULAMAH, 2016). Mas, enquanto as homossen las pela maioria dos pscd- as descreveu, ou seja, como rdo particular de escolha de objeto, jorma vigente e se afastar dos bons lidades comecam a ser finalmente percebid Jogos psicanalistas da forma como Freud, sendo fundamentalmente um mo ue, apesar de se distanciar da n semi ee a it ae cone ee je eee es psoas bre ahomossen shecimento. Voltam 3 cena, por empl, demand er cement da cst es ra eae a, yue tais experiéncias poderiam cee a pn COREA) rvorem sible cla, importante por sponta Hie reer ear aoe onl rea sto do que seja o humano, sendo ai dem ou nao podem pertencer & oa creo ml oe rn ae oe a er dane til de et gee ret dl os prazetes (CUNHA, 2016b). Sr ce i ml rye ds am ode experiéncias para outro ~ 20 ors Sea ek es tultural - enquanto procura preservé ani (eearagenmural rreprodugio das formas hegemdnicas. zs me Sa oar ‘marcas definem a histéria dessa hist6ria jé antiga ead erecta a psicanilise € as dissidéncias sexuais € See sepecaie tem sido discutido cada vez mais e de forma honest etransparente’, Dessas marcas, e dos debates por elas provocados, quero ore ‘aqui apenas algumas questdes que me parecem ainda pouco ea Be Iadas, apesar de sua centralidade, ou mesmo de sua urgen: is Pe guntas que dever mobilizar os debates atuais, quest6es advinda encontros ~e desencontros ~ da psicanilise com as préticas sexuais € ‘dentidades dissidentes em relacdo a heterossexualidade reprodutiva ‘entre aqueles que PO ere no, no pasa ej angie: ARAN, 206 YOUCH, 2015, BULAMAH; KUPERMANN,2016,CUNHA, 016: PERELSON, 2011; STONA; FERRARI 2020. Scanned with CamScanner > ednorme biniria da dferenga sexual, «, a pase mee aqueles que se inscrevem enn 88 Ts, og tebccas epritica clinicas no campo da psicologia 3S Peper a psicoloni ot *S Perper ‘Selaprendere quem sabe, ansformer seus ob Poder om Specs dteozaciopscanalin, como, por exemple nas as relatvas ao lugar do Complexo de Edipo nos processos 4 inguin, desbtraesn no norms hetero oust fhasaling ou quanto ao préprioestatuto da diferenca sexvel dlemento fondador da ordem simbélicae da nossa prdprin ot Sn at es unente rfl sobre oa que a casifcaso pulcodiagnisnt jcuparna escita de pessoas LGBTTQIAP* e mesmo na eseug decor 'QIAP e mesmo na eu Anda que postmos consi at sos consderr, com Jl Dor (1993), qu 0 una cc ssg ms pseen wre domo p csr decoction transeréncl~ ee Sseameno ns par pana con dn et [S=>—> desss experiénias, que permanecem assim submetidas identitéria. Em segundo lugar, deixamos que nosso “nah poltico ocupe o centro da cena transferencial, de meres tame {porta pas uma sfdaidentificatéra, com a qual ao 0 aderea ete posicionamento, em vez de trabalher na cong Png ‘uma posigdo singular. trusio de Quanto 20 primeiro pont, o que me parece ine queaprodugio cafrmagio de eta identidades, embers arc Gina ome instrumento de gaanta de dtetos, acabam pores, ‘raonldade identi, que se fanda nfo apenas no plano san ‘emuma concep¢io de sujito fundada em valores como integrase. Sonntcaditannmanentouenpdanmenriens orum conjunto de aributos e propriedades, mas, no que serefee 40s modos de vverantos, se aricula d demarcagto de teritérose éstabeecimento de hiearquasassociadas ao pertencimentoaummou ‘outro grupo. Talraionalidade,propriamente moderna, etédiretamente aso «lads razi instrumental em ima instanci, ao proprio modo de produsio capitalista, ¢ este me parece ser um dos seus limites mais, elaros,sobretudo quando se trata de pensar, como € necessrio no «200 de experitnis subjtivs dissidents ou contra-hegeménica. nt Producio de novas formas de relacio ‘consigo e com 0 outro. De mode hee ole enero gia qu enqunto dares 010 clase 9 outro na sua vinculagso a determinada identidade, define os limites do humane Pa'a° de inteligibiidade que hoje foment humane em tomo por exemple, dopa binkto cone are een x experi subj ar endader ern Sis no podem se eneaiar Memon tee dei pls dics Mat do gut iso, permanecrenea nn anol scl endo nace ts mode de onde um testemunho contundente. smitindo, «80 expe stor ‘oimadelo doindivduo ne ar ae fado a razdo instrumental ¢ ao ra ae ee ere come PONT Se very patriarco-color eS .da 4 psicandlise preci colocajas menorizadas € 8 jecimento, € € MESSE tron de recon pone ser condicio ym o terapeut, analitico. snpulsor a coe agerind® lit, a (2020), umn capital arefa urgente Clo, og enconto ub. Suit male et on ‘de novas formas de cst eran propre vail “que possam implicar a construgso de Eas -ornum, ¢ nao na ns si gg eum coun OMA cars orn i s deperencientovncuadoss Te jarcadas.. ase ce to 20 cardapio de identidades pré-existentes Navoupioy amen nao Mas dar conta da muliplicidade an elecorpot = io 0 tinico perigo trazido pelo que seiner Ps gm toto masala end tm modelo pole e moral constituido a 7 ‘Voltamos aqui aos tempos da sugestio rar doterapt. d tnd anata sbreo paciente que vai na diregdo con- tira da produsio de respostas singulares, tecidas entre um passado dememsriase um futuro de possibilidades, de modo que 0 sujeito pos esapar das injungSes vindas do Outro. Aqui ndo importa se «ste Outro se apresenta na forma das figuras familiares, que lhe disse- sd jum dia quem ele deveria ou no deveri 5 das normas sociais, aetidades em uma infinidade de enunciados performativos que Sra ts do que ecomo se pode ser, ou do terapeuta que lhe mene el ertencimento identitério e pela identificagio Wo nio quer exospoiions : ee ane devamos abrir mao dos nossos posiciona- ‘0 pelo contrério, eles sio cada vez mais neces- Scanned with CamScanner PP sitios na medida em que 0s processos de Subjetivaga sresvamente o principal eampo de acio dor et St Precis, no entantoreconhecer que muta at soca Posigdes politcas,e este gozo no pode Se dar as custag 4. Pacientes, sobretudo quando toma a forma de oferta ma camplicidade epertencimento comuns a part ge ade au 0a unig Por fim, é preciso considerar que a circunscrics 4 circunscrigéo da mene pataimento enti secolocacomo chase Sau Prctsamente a ica da tutea, trago fundamental do digests ‘médico-terapéutico, que por tanto tempo silenciou as dsidsncins {odes que historicament se recusaram a adaptarse 208 modos bees ménicos de subjtivaczo ‘Com oespecialista ou com o militant, a despeito das boas inten {Ses de wm ou de outro, vemos materializar-sena figura do anal, limitando o campo transferenctal, os dis polos de forga que tence. nam ¢ As ezes invieblizam, em particular para vidas LOBTTQIAPH a Producto de esposta singulares as desejos eh histria de vide de Gada um: de um lado o dispositive médico-terapeutico , do out. © ‘lspositivo dentro, Em slernativa a esas posigbes que sustentam 0 orc Seemos fazer, nto, pars que nos oloquemosna posi, Sarenurapeutas de cia tl campo deexperimentardo dice seen te ue eltivamente o sujcito poses encontar alia pean oes produsi vedade singular que dard conta dase tore ee ~drenitnci sem serleradowenuncis-W no termes de agucnny ope érios UP respostas* ite _nte do esPe os capt esta questi ese son modelos identi rae ler Espero cjalista e sem sul ne fos audem a explorar possivel see a Scanned with CamScanner REFI ERENCIAS ia. A transexualidade e a gramatica normativa do sistem, Marci ; , Ene Teoria Psicanalitica. v.IX, 0.1, p. 49-63, 2006, "Rte, Agora ~ Estudos em AYOUCH, Thamy. Da transexualidade as transidentidades: psicanslise géney Percurso ~ Revista de Psicandlise.n.54, p. 23-32. 2015. BULAMAH, Lucas Cs KUPERMANN, Daniel. A psicanlise ea clinica de pace, transexuais. Periddicus, vol.1, n.5, p.73-86, 2016. BULAMAN, Lucas C. Historia de uma regra ndo escrita: a proscricao da homossenu, Tidade masculina no movimento psicanalitico, Sao Paulo: Annablume, 2016, CHAUI, Marilena. A ideologia da competéncia. Belo Horizonte: Auténtica. 2014, 5 la CUNHA, EDUARDO L. Psicandlise e 0 perigo trans (ou: por que psicanalistas tém medo de travestis? Periédicus, 2016. n.5, v.1, p.7-22. 2016. CUNHA, Eduardo L. O homem e suas fronteiras: uma leitura critica do uso contempori- neo da categoria de perversio. Agora - Estudos em Teoria Psicanalitica vol.19 (1). 2016 CUNHA, Eduardo L. Sexualidade e perversio entre 0 homossexual e o transgénero: notas sobre psicandlise e teoria queer. Revista EPOS 4 (2). 2013. DOR, Joel. Estruturas e clinica psicanalitica, Rio de Janeiro: Taurus-Timbre. 1993. FIGUEIREDO, Ana Cristina. Vastas confus6es e atendimentos imperfeitos. Rio de Janeiro: Relume-Dumard. 1997, FREI 3 -UD, Sigmund. Recomendagées ao médico que pratica a psicandlise. In FREUD, S. Obras completas. Vol.10 p.147-169 Sa : publicado ott 917). ‘01.10 p.147-162 Sao Paulo: Cia. das Letras. 2010 (Originalmente FREUD, Si , fata ase ee "pets claborar, In FREUD, S. Obras completas. Vol.10 Letras, 2010.(Originalmente publicado em 1914). ss I NARDI Henrique, nalitica. In Stona, José. Relacdes eee 1). A metafisica generificada da escuta psica- eescutas clini LPP Silvia; MANGLIER, Patric ‘utas clinicas. p.79-92 Salvador: Devires. 4 * - ‘k (2021 ic PiI-12.Disponivelem:htpstand or, iyo herigue toi-méme. In: Lundimatin 273, PERELSON, Simone ( Phorique-toi-mem. 5 2011), ‘ e. Acesso em: 8 mar. 2021 nosso tempo. Revista Pa Tanserual MO: uma questa 2.2, pO1-19, 01] Tete? 0 Rosso tempo e para 0 STONA, José; FER} 2011), 65778, 29a | Andrea G, Scanned with CamScanner

You might also like