Garcez 2012 Mitos

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GARCEZ, Lucilla H. do Carmo. Os rritos que cercam 0 ato de escrever. In Técnica de redacdo: 6 que & preciso ~ saber para bem escrever, 3. ed. Sao. Paulo: Martins Fontes, 2012. p. 1-12. (Ferramentas), Capitulo 1 Os mitos que cercam 0 ato de escrever 1. Verdades e mentiras Doran sua vida sso, ved deve tr crisalizad alguns ritos 2 respeito da prog de textos. As avdades exoaee® {©06 livros didticos, pis, eolegs, ber cont alguns profess Fes, conutbulram pars que erengas, et sempre a8 mais ade queda, fossem se configurando ese enrizassom. Poucas Pes Sous conseguem escapar de um conjunto equvoeado de im ‘uéneias e conser una relagdo realmente saudavel com o to de escrever Dessa forma, muitos jovenseresoem pensando que ‘nunca sero bons redatores, que tm texto passim e que no Temas de melhor desempenho na prods de textos Eo 080? Seo for, voce é uma excesao, pois ts mesmo pro fissionais maduos demonstra inseguranga erm relagio 8 poe iia expresso ese, Emboa seja uma das tarefas mais com plexas que as pessoas chegam a exccutarna vido, peineipalmen {e porque exigeemolvimento pessoal e reelagio de earacteris- teas do suet, todos podem escrever ber. Quais sto as fasascrengas, os mites mais fegbentes em ‘logo & esi? HE muitos, mas aqui Yamos rfletir acerca dos mais devastadores, ue sio os que levanalguém 4 seredic tar que esctever sera um dom que poucas pessocs tem; um ato espontineo que mao exigeemparo, uma guest qu se esse com algumas “ices um ato isola, designdo da fo algo demecessito no mundo mevero; um ato sutnomo, des ‘ineulado das priteas soctas 2 reewtca pe apacto 1) Excrever €uma habildade que pode sor desenvolia ‘endo wns dom que poueus pessoas ten Eu ndo tenho o dom da eserita” “Nao fin escothio. "No recebi ese talento quando nase” Essas sto algums das afimagées tas fegontes entre alunos de cursos de prod ho de textos, blogueados dante da pagina em branco, Eelara que nio estamos tatndo, aqui, da sent ltedra. ‘A eset € uma copstusao soca olin, tanto ms isa humana com na histria de sada indviduo, © eprendis precisa das ouras psoas pars comeya pra continua excreverso (© qu val deerminaro nosso pau de familiarise com 2 scr #6 modo come aprendemos 2 ercrever, a importincia (que o texto esto tem para ni © pare moss gripo cov 8 Siremidade do convivie etabelecida oim o text eseto © 8 ‘ealgnca com que eserevemos, Conseqientement, S20 e883 ators que 0 define tember osea maturdade © ose de= sempeakio aa produgéo de texto. "A nosdo de dom. emborapaémica equestionsve, pode ria ser aplicada a alauns pouoos génios da Hirata, Mesmo ‘assim, etevelaeo desses gens 8 aeontece depois do proces: ‘0 de aprendi2agem edo convo intnso com s ingua eri 1a. Ninguemaasce entre o process qe transforma alguith cra um artiste da palsra €ainea um enigma, Entetato, + ‘mas usar alguns depoimentoseexerplos de escrtres pore ‘eles a Tua com as palaras€ muito evident, « muitos passin or etpas semillates2osrdatoresleigos, Caso acer foste tun dom into, qual sera o pape da escola? Eo que acontece ria com aqueles que, tendo Yeebide © dom, nunca fora afar beteados? est J Veiga, renomado autor beasileico, adit que até mesmo 0 talento, a vocagio ou © dom dependem de mts pet= Sti amo comepon a ere Fol am proceso doworado, que amadhrec devnger | tae eereasreet aretige aa ‘Oswros Ove CERCAMO ATO EscRerEE 3 ee ree Sinn Pani Et tents et andes Sree ae mane ae Felons ieee cae mee te niece setpoint tae geet era, eet Seer sale aes ented one pe ent aes oes ee ee coe | See ipa ratatSs cone era ea eee aie preciso, antes de do, compreender que tas ds pes soas podem ehezar a produzir bons toxtos, © que i850 n80 6 ‘ma questo de ser“ungido” pelos deuses que escolhem ot ‘mais talentesos.E necessiio também ientificar blogucios porventura consiruidos ae longo da Vide escolar e tntat tliminélos. 2b Escrever éum ao que exge empenko etrabato endo un fendmeno espontineo “Muitas pessoas acreditam que agueles que redigem com dleservoluta exeoulam essa arefa come quem respira, sen menor dificuldade, sem 0 menor esforgo. Nao & assim, Este ‘ver €uma das aividades mais complexas que o ser homano pods realizar Faz rigoronasexigncine | memériae ao tacit io. Aagiidade mental imprescingival para que todos 08 as [pesos envolviden ha esertasejim anicelados, coordensdoe, hharmontzados deforma que o texto saja bem sede, CCochccimentos de natreza diverse slo acessadoe pars «que o texto tome forma. E necessrio que oredstor lize si ‘ultagsamente seus confeeimentosrslativos ao aSsn0 GUS ‘er tata, 20 géneroadequado, a stuagio em que o texto € Drauzido, aos passives latres, & lingua ¢ suas possi 4 reowtcs Be REDACO es eslsicas. Pant, eserever no ¢ fi , principale 's,eserever€incompative com 8 preguict ‘A tatefa pode ir fcando paulatinamente rma fil para profissonais que escrevem muto, todos os dias, mas mesmo ‘ses testeunharn que é um tbo exigea, cast, ie muitasvezes,insatstatoro,fusnante. Sempre queremos Um ‘extoainds melhor do que 0 que ehegumos a produzite poucss ‘vezes conseguimios manternalinguagem escrit ods as sae Jezas da peeepeto original acerca de um fatd ov um pensa™ mento. O que sdmiramos na litertor ¢ justartente ess espe ‘fiidade, essa possbiidade de expan pla palavraeseta smogdes, pensamentos,sensagbes, sgnificados, que m6, lee £05, nlo consegutmos tari om propriedade CConsinuenos com 0 depoimente d2 Jost I. Veign, agora a, | Sees ce eng rcea aeteeaare Saeco eseoen sr | See gre rarer ei ee Pca rflatir sobre estas questes, consider 0 poem, slissco, de Caros Drummond de Andrade, em gus ess rl (0 de necessiade, amore confico em relagso is poavras & spresentada de maneiza extaoein r OLUTADOR fie. Se = Setcem eee | kam Se | ©) Esereverexigeestudosétoe ndo é uma competéncia (ques forma com algunas “teas” A ideia de que algumas indicapbes ¢ trugucssipidos de hima hora podem slucionar problemas de produgio de tex ‘os, tanto pare candidatos a coneussos como para pofissionas 6 hewtea ve aeo1cto que prcisam mostrar comapeténciaesrita em cutissimo pra- p,temenginado os apressados «enrgueciga muitos donos de ‘escola de cusinos Muito profssores oferecem uma espe de formlcio rental do que sera um bom texto para que o esudinte preet= ‘ha ws leans, acreditando que preserever esse procedimento, ‘muita vezessuficiente para consegir desempenio minim num concurs, ¢ abjetive da escola Formulas précabricacas de textos ¢ “as” ioladas ope sas contribuom par ¢ montagom deur ent defit0s0, tn do, aici, em que a voz de autor se anul pra dar lugar a lish, chavdes, ses fetas pensamenos alheos ‘A autora vem das escallas pessoas dentro das possi: des da ingua ed género. Esrever bem 0 resultado de um pet= ‘uso consttulde de muita peties, muita rele emia i 1m. Euma aio em que o sueito s emolve deforma tot, com ‘Sus bazager de coahecimentos eexpenncie sobre o mundo © sobre a hnguagem. Nao existom esqueras prévion ou rteror ‘nfaliveis que possam substi emvolsiments 2 vo2 do in Aividuo que orienta o texto, portant exe & impreviivl ‘Uma redasao por ms, alguas exaricos esparadicns de produsSo de pequenos trctos nia fonmarn um bom redator. E ecesssio eserevar sone, esreer todos os its eter SO- bre assuntos dversos, eserever com dversos objavos, escte- veram diversas stuagdes “Assoviadas a mula pitca, a “dicas”fornecida a partie de difieuldades reais vvenciadas a produsio de textos podem ‘Ser tes, esclarecedoras, minadors, Quando est ioladts cle uma pric intens, do jan em nade ( Eseroveré.uma prtica que se rtcula com apron da leitura £ improwivel que um ms stor chegue a esrever cont eservolturaF pls letra que atsimilamos as estrus p= ras da lingue escrit. Para nos comunicarmos oralmente polamo-nos no context, temos 9 colaboragao do ouvine Jk os tros gue cescasso.aro oe escazren 1 ‘ comunicagio esrits tem suas especifcidades, suas exigén- ‘las. Estas exgineias acvém do fato de estrmos nos comun fande a distinc, som apoio do content ou di express fax «lal. Tratamos de forma diferente a sintae, 0 vocabuliie e & ‘propria organzasio do dscurso, E pela cosvivencia com tre tos esritos de diversos gbneros que vemos incorpoando 4s rossashabilidades um eetvo conheeimento da eit ‘Alen de ser impressindvel com inet de consoi- dao dos conhecimentos a respeito ds lingua e dos poe de texto letra um propulsor do desenvolvimento des hab shades cognitinas. Envolve santos procedimentos intlecoais © enge tarts operagses ments que 0 bom leitoradguie mace 2agiidade de raciociao, Hi ainda que se consierar que litura € uma das formas sais eficientes de acesso informagto, Seu exerci ntenso © constant promove a andlsee 2 reflexao sobre os fendmenos avontesientos,tomando a peso ras critica mois resis femte a dominapio ieologicn,O que €letura¢ 0 nose as. sunto do capitulo 3. &) Esereer d necessisio no mundo moderno Observa-se que 0 cidado comum, dependendo do mundo profssonal 8 que perence, escreve muito pouco. Hoje, tudo ‘si muito astomatizado eas relagbashumanas por inteéio {4 oseriapodam ser redvrdas ao initio feletonessolve 4 maior parte dos problemas do cotidian, Algune consegusin mesmo redizir sua evidade escrita 8 assinatira de cheqhs © secumentos.| Por outro lado, peradoxalment, o complexo mundo cone femporineo esti eada vez mais exigente em eslagdo 4 exerts, Prectsamos de documentos escrios part exist st, aust © Poss: cates, certificados, diplomas, tests, delarages, ‘ontats, esriniss, fdulas, comprovanes, euistos,revibas, relatos, projeos, proposts, combnieadns inna a nos Vida eotidiana. Talo que sotmos, emos, realizamos ou dese 8 recstca DE asDuGto Jamos reilizar dove est legitmado po palavea eset. Vale ‘ eseta.E nossa habildade de esorever& exigid,iovstigae ‘Go medida, avaliad, sempre que pox submetemos a qoalquct process seletive, sempte que nos propomes integra os t= {Bios que conformam o sistem da exdadania wana ‘Mesmo ne informatica, tudo € mediado pels escrta. Na ‘egar ou canversr a Interne exige un consivio especial com ‘ezcrita,© que ates so vcolva smplesment com uma ligs- ‘ho telefinica passou a se substuido por um texto eserito ‘anemia va fox o4 e-ma “Além disso, enquantoo raalo peimario va sendo a ‘pudo Ar miquinas,exlgem-se dos Romens as hbilidudes que Thes Si exclusvas, como a producto de textos. Os profisio: ‘ais que dominam esas hablidades mais complex sfist= ‘Silas tem mals chanees no mereado de taba, @ cade dis ‘ais elev D Excrover é um ato vinculado a priticas seis “Tesi ato de escrita perience a uma priica social. Nto se serve pot eeefever. A cerita tem urs sentido © uma fangSo. Come vimos no tem anterie, toca @ nossa civlizaco osiéen- tal regulada pela escrt, Para nds, vale o escrito Pela eerita fests atindo no mundo, ertamee nos relacionando com os ‘ut 2 nos eaten como autres, como sujeitos de ua Yor. Veja oexemlo desta carta envi a0 jenal Core Bro ‘lense por uma leitor Se Princig de es, gvarta de prabaisar0 onal oe ¢ | mit bom Parabna Segundo, gosta de expr minha opi= ‘io soe wn aor qu extend cow 0 Bras res itinas | es fome Ett noma ar de nl a gu fei ‘STauinio smegma dre pobre fome os poss Ihcbiniaa Bros. © profes clon quest mamarede bat at Nagar Cdn, au em Bras eo ae dear de 08 asuaras que cercawo aro oe Esceeren ° npormar sabres popula gue eta mor oo defome na Bro LP ti veto "bomb sabre wie 28 mihbes oe peor imoman de fe neste ee momento Brg do ue Dopuaris da trent. fo me deco mito ra, Peso Dor qe fag nt pao: por fase vamos tna ama rene sti dal © povene no 8 nico ulpado 4 ssiedade | tembn& Ese some nfo podomas apr para pe mex | rire irc ee Essa cara ¢ um axamplo da come a partcposto pela es- rita confere ao indviduo um nova canal de relaconamento ‘50m o mundo Plo texto essrto modificames 2 nosso ontex- toe nos modifies simaltaneamente Assim, a redagio escola, isolada,desvinculada do que © inividuo realmente pens, acrcita,defzade e quer compart- lar ou exper ao ouro como forma de interagio. nto pode ser ‘sonsideradaescrits, mas apenas uma forma de demonstracio 4e habilldades granaticas. ‘produto de texto € ums forma de seorganizagto do ‘pensamento edo universo inferior de pessoa. A etentan30 & Spenas uma oportinidade para que a petaoa most, comtni= ‘due o que sabe, mas também para que dscubra o que , 0 que esa que quer em que credit, Sabor eserever ¢ ambam compartir prticassocais de

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