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Tecnologia e Organizacao do Trabalho | > ELABORAGAO DE CONTEODO Marcello Calvosa COORDENAGAO DE DESENVOLVIMENTO Marcello Calvosa SOBRE O AUTOR INSTRUCIONAL 4 formado em Admiaistacio Publica ¢ de Empresas, especiasta em Cristine Costa Barreto -Auditoria Fiscal, mestre em Gestéo ¢ Estrategia em Negocios (UFRRI) ¢. sursvisoseoeswounuen try ineranicn ite rns INSTRUCIONAL ajuda de diversos colaboradores,realizou estudos, publicou ensaiose artigos Cristiane Brasil Slenllicos ex simpésion,semnirios congressos centicos.Partps ‘Smee de gr eons eats cert em poe Degree sre Se ae ‘na Cristina Andrade dos Santos atin acoder de gfoes wena seuss radmin ‘Marcelo Oliveira Administragao, modalidade de ensino a distancia do CEDERY. Possui ainda AVALIAGAD DO MATERIAL DIDATICO Strain ee Recuron Humanos,desenvotentoprnament “Thais de Siervi 08 seguintes tetas: Empreeadedorismo, Lideranca Empresarial, Veadas/ Marketing, Desenvienta de Carreirase Gest de Pessoa Referénciaparao Carico Lates: tp buscatental copy /buscatextal/ inuaac eps KI266017D, Departamento de Producao cit 2 i on Cb ana dee npr rain snide ep pat ce et mc prays os ng ds EDITOR PROGRAMACAO VISUAL Fabio Rapello Alencar Ronaldo d'Aguiar Silva. | 169 Cators, Marcel REVISAO TIPOGRAFICA ILUSTRACAQ ‘Tecnologia e Organizagio do Trabalho: volume Cristina Freixinho ‘André Dahmer nice. / Marcello Calvosa. — Rio de Janeiro: Fundagio Daniela de Souza egpy TERY 2010 Elaine Bayma Clara Gomes: es COORDENAGAODE —pRopUCAO GRAFICA Sens oTeS 76464529 PRODUCAO Verdnics Paranhe | Organiza do taal, 2. Sistemas de informa, Katy Aragjo 2. Gest da nfm, 4, Ges do chesney Tinto. cp: 33187 2or0.22011.1 ler ios taba va ote aed em 5 ors 62 AML INFORMAGAO SOBRE A PROXIMA AULA Na préxima aula, sera estudado o tema *Organizaao do trabalho no século XX: 0 modelo classico, as principais criticas e caracteristicas e como langaram base para a formacao das organizacoes atuais" cevers 55 Organizacao do trabalho no século XX: o modelo classico Meta da aula Mostrar como as relagdes de trabalho do inicio do século passado foram moldadas a partir de sistemas que privlegiaram a racionalidade e a velocidade da producao em massa das indistrias. -Ap6s 0 estudo do conteddo desta aula, vocé deverd ser capaz de: identiticar as condigées de trabalho e as princi pais caracteriticas do taylorismo; é diferenciar os modelos de gerenciamento e producéo taylorismo e fordismo, presentes no inicio do século XX; ¢ identficar como 0s ideais do modelo classico ainda estao presentes nos dias atuais e nas relagées de trabalho contemporaneas. Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo INTRODUCGAO st CEDER) cléssico Analisar a organizacio do trabalho na primeira metade do século XX 6, obri= gatoriamente, fazer um resgate da trajtoria de figuras emblematicas daquele século no cenétio norte-americano: Frederick Taylor com a consolidagio da organizagéo racional do trabalho, a partir de sua Administragao Cientifica; € Henry Ford, int \duzindo a velocidade e a producao em massa, com a esteira de producao, além dos esforcos de Henry Fayol na Europa. © contexto no qual se desenvolveu a administracso centifica fol a transigdo ‘marcada por profunda recessao e pela reorganizacao da economia. Os trustes e 1s cartéisnorte-americanos se impuseram como instancia reguladora dos precos fe mercados. A concentragio de mercados permitiu a producéo em série e os altos ucros. No nivel da fabrica, a extensio de mercado exigiu a introdugso dde novos instrumentos de trabalho @ a redefinicao do trabalho para atender 2 velocidade e ao ritmo de producdo. Antes da adogao das ideias de Taylor, o capitalismo vivia uma fase monopolista, marcada pela acumulacao do capital © aumento do desemprego. 0 taylorismo, por meio da “cooperacao” entre trabalho e capital, velo como resposta a esses empregadores, que apesar de terem a sua disposicao um “exército industrial de reserva", devido ao alto contingente de oferta de mao de obra no qualficada, amargava prejulzos. Esses prejuizos vinham do desperdicio de produtividade para o empregador, solucionado com a Administracao Cientifica que permitia ao trabalhador, por seu desempenho pessoal, um maior salaio e especializacao na execugao de sua tatefa. 0 idesrio taylorista se elabora como um instrumento de racionalidade e difuséo de métodos de estudo e de treinamento cientfico, Simultaneamente 2 consolidacao do taylorsmo, Henry Ford deserwolveu uma nova proposta de gestdo da produgao: a linha de montagem. Este processo ppassou a ser denominade fordismo, 0 forcismo reformula o projeto de admi- ristrarindividualmente as particularidades de cada trabalhador no exercicio dos tempos e movimentos. Para tal fm, preconizana limtar 0 deslacamento do trabalhador no interior da empresa, 0 trabalho passou a ser diviido de tal forma que 0 trabalhador pocla ser abastecido das pecas e dos componentes por melo de esteiras, sem precisar movimentar-se. A administracio das tempos ppassou ase dar de forma coletva, pela adaptacdo do conjunto dos trabalhadores 20 ritmo imposto pela estera, Também, segundo Ford, 0s salérios deveriam ser proporcionais & produtividade eissolevaria& prosperidade e mudaria drastica- mente a relacdo de trabalho no cendrio mundial 0s preceitos gerais da teoria clissica sao: trabalhadores motivados pela recompensa monetatia, divisAo detalhada de trabalho ¢ hierarauia de autoridade, com definigao clara de responsabilidade. A ORGANIZACAO COMO MAQUINA A mecanizasao do trabalho (trabalho mecanico semelhante a uma maquina) trouxe uma grande transformagio aos métodos de produgio, indo s6 em termos quantitativos e qualitativos, mas também uma mudan- a estrutural. Por exemplo: o objetivo da empresa X, montadora de automéveis, deixa de ser montar automéveis para ser a busca do lucro _méximo que essa atividade pode lhe trazer. O homem passa, entio, a ser uusado como acessério da maquina, devendo, assim, obedecer ao ritmo dessa, com horéios rigidos, mecanizago da atividade e controle rigido. Esse processo trouxe sérias consequéncias nao s6 4 produtividade, que aumentou enormemente, mas a toda a sociedade em si ‘Mesmo dentro das empresas, ela nao se restringiu linha de pro: dusio, chegando também a administragio, em forma de burocratizagio: divisio rigida de tarefas, supervisio hierérquica ¢ regras ¢ regulamentos detalhados. As organizagdes burocriticas sio capazes de rotinizar ¢ mecanizar cada aspecto da vida humana, minando a capacidade de uma acio criadora. A origem da Teoria Classica da Administragao esta ligada A combinagao de principios militares ¢ de engenharia. O gerenciamento, sob esse prisma, é visto como um proceso de planejamento, organizagio, comando, coordenagio e controle. ‘© mecanicismo bascia-se na racionalidade funcional ou instramen- tal, que indica o ajuste das pessoas ¢ fungdes a0 método de trabalho ou um projeto organizacional predefinido. Uma racionalidade substanti- va, ao contrario, encorajaria as pessoas a julgar e adequar seus atos as situagdes, incentivando a reflexao e a auto-organizagio, Uma limitagdo das organizagdes mecanicistas reside no seu princfpio de assumir uma racionalidade individual que, associada & competitividade, leva a um todo de eficiéncia duvidosa, Por outro lado, 4 mobilizasao das pessoas ao redor da organizagio, ¢ no o inverso, leva a uma limitagio da utlizagao das capacidades humanas, com con- sequéncias negativas para a organiz cio. Pode-se dizer que o enfoque mecanicista torou-se muito popular por razdes justas. Ele foi, e ainda é, a chave do sucesso de muitas organizagoes. Sua influéncia ultrapassou as fronteiras culturais eideolégicas, afetando todo o mundo. de entender a realidade e nossos comportamentos ficaram definitivamente mareados. Os principios articulados por esta visio passaram a integrar 0s modelos de poder ¢ controle existentes. Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo 60 CEDER) cléssico [Uma tipologia interessante, que podemos usar de referéncia para balizar © nosso entendimento sobre as arganizagées do século XX e suas conse- quentesrelagbes de trabalho, & a desenvalvida por Garet Morgan no liv Images of Organization. Esse autor aborda o tema a partir do desenvol- Vimento de ts metéforas. Aqui no Brasil esse trabalho ganha corpo @ partir da tradusao e aplicasd0 do autor Thomaz Wood Jt As metatoras S20 as seguintes 1. No taylorsmo-fordismo, a organizasao € vista como maquina. 2. No toyetisma, a organizagao ¢ vista como organisme. 3. No nizagie € vista como cerebro. As das ttimas metaforas Ser80 abordadas na aula seguinte. ORGANIZAGAO DO TRABALHO A evolugio e as mudangas do modo de produgao ¢ dos tipos de organizacao sempre estiveram atreladas ao desenvolvimento ¢ as exi géncias de modificagées nas formas do trabalho, mas foi precisamente partir de 1780, com 0 inicio do periodo da Revolugao Industrial, que surgi uma forma mais organizada do trabalho, em decorréncia da ruptura das estruturas corporativistas da Idade Média, com o desen- volvimento técnivo, aperfeigoamento das maquinas e a descoberta de novas tecnologias, ¢ a substituigao do tipo artesanal de produto por tum tipo industrial. Como consequéncia das transformagdes ocorridas, aconteceu um desenvolvimento acelerado da industrializacao e, conse quentemente, do trabalho assalariado. Devido a essas transformagdes ocorridas na sociedade econémica, do trabalho de subsisténcia a0 trabalho assalariado ¢ das presses exercidas sobre os patrdes no final do século XVII ¢ inicio do XIX em relagao as condigdes de trabalho e a formas de organizacao do trabalho, comesaram a surgir novas pro- postas de organizagao do trabalho que foram se adaptando ao longo do tempo de acordo com as mudangas socioecondmicas, evoluindo do trabalho artesanal para o trabalho industrial, passando inicialmente por modelos como o taylorismo, o fordismo ¢ o fayolismo {temas desta aula), chegando a modelos adotados nas décadas finais do século XX {tema da aula subsequente) A organizagao do trabalho pode ser dividida em dois grandes grupos referentes ao século passado: ‘Modelo classico (também chamado de abordagem tecnocra- ta): representado pela Administeagao Cientifica, surgido em decorréncia de um periodo conflituoso, sobretudo da sociedade norte-americana, especialmente em se tratando das relagdes de trabalho e que permitiu um desbalanceamento total das relagdes de forgas entre patrdes e empregados. Esse modelo mostra como a organizagao se comporta como maquina, fovos modelos de organizagio do trabalho {também chamado de abordagem sociotécnica): rompem basicamente com os prineipios © as téenicas tayloristas, Entre esses novos modelos, podem ser destacados, principalmente, 0 toyotismo ¢ o volvismo, mas também propostas de enriquecimento de cargos, de grupos semi-autdnomos de trabalho e a administragao participativa configuram a metéfora da organizagio como organismo ¢ como cérebro, MODELO CLASSICO Taylorismo Taytonismo ou Administragio Cientifica é 0 modelo de adminis- tragio desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que é considerado o pai da Administragao Cientifica Em 1911, ylor publicou Os principios da Administracao Cientifica [esse documento, ele propunha uma intensificagao da divisio do traba- Iho, ou seja, ofracionamento das etapas do processo produtivo de modo que o trabathador desenvolvesse tarefas ultraespecializadas e repetitivas, diferenciando o trabalho intelectual do trabalho manual, fazendo um controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um constante esforco de racionalizagao, para que a tarefa fosse executada num prazo minimo. Portanto, otrabalhador que produzisse mais em menos tempo reeeberia prémios como incentives. A Teoria da Administragao Cientifica surgi no final do século XIX, com Taylor, em decorréncia do desenvolvimento industrial, ¢ a partir da visio dos administradores da necessidade de intensificar e melhorar a producio. Taytonismo “Teoria de Admini tuagio que se cons- tial et ui enodelo classic de elaciona mento entre patroes empregados, geren ciamento de pessoal produsio que se caracteriza pela énfa- se nas areas, como objetivo de aumentar 4 efcineia da empre- seaumentandose A efciéncia ao nivel ‘operacional Tecnologia e Organizagao do Trabalho | Organizacao do trabalho no século XX: 0 modelo Oncanizacdo Anilise do trabalho ‘ ertud dos tempor ‘e movimentoe que bjetiva a iengio cde movimento indies, para que fo operitio execu: te deforma mais simples erépida @ sus fungio, extabe Iecendo um tempo médio, edurindo ccstos eganhando ‘em produtividade, Relaciona-se tam ‘bem com o tudo ddesenho de cargor ‘etarelas, das con- digées de crabalho ‘eda padronizacio das atividades 62 CEDER) classico Figura 3.1 Taylorismo, Nas palavras do pr6prio Taylor, o principal objetivo da adminis- tragio deve ser assegurar 0 “maximo de prosperidade ao patrio e, 20 mesmo tempo, o maximo de prosperidade ao empregado (..)”. Maxima prosperidade para o empregado significa, além de salarios mais altos do que os recebidos habitualmente pelos obreiros de sua classe, mais, importancia ainda, que é 0 aproveitamento dos homens de modo mais. cficiente, habilitando-os a desempenhar os tipos de trabalho mais ele- vados para os quais tenham “aptidées naturais”. A partir da adogao dessas medidas, a organizagio foi hierarquiza- dace sistematizada, ¢ 0 tempo de producao passou a ser cronometrado. Essa teoria teve como objetivos aumento da eficiéncia, pela climinagio de todo desperdicio do esforgo humano; adaptagio dos trabalhadores, propria tarefa; treinamento para que respondam as exigéncias de seus respectivos trabalhos; melhor especializagio de atividades e esta- belecimento de normas bem detalhadas de atuagao no trabalho, isto é, predominava a atengao para o método de trabalho, para os movimentos necessirios & execusio de uma tarefa, para o tempo padrao determinado de sua execugao, que constituem a chamada ORGANIZAGAO RACIONAL Do Trasatno (ORT). A principal caracteristica da Administeagao Cientifica 6a "énfase nas tarefas e técnicas de racionalizagio do trabalho por meio do estudo de tempos e movimentos", que se preocupava em racionalizar a produ- ‘Zo, numa visio extremamente mecanicista ¢ microscépica do homem. [As principais caracteristicas da organizagao racional do trabalho podem ser vistas no Quadro 3.1. ‘Quadro 3:1: Principals caracterstcas da organizas8o racional do trabalho Caracteristi Raciona aso Objetiva a sengio de movimentos indtels, para que o Anilise do trabalho © | operario execute de forma mais simoles e épida asua ‘estudo dos tempos e_| funcio, estabelecendo um tempo médio,afim de que movimentos | as atividades sejam feitas em um tempo menor e com qualidade, aumentando a producao de forma eficaz TA fadiga predispbe o trabalhador & diminuigao da produtividade e 3 perda de qualidade, aacidentes, a tdoengas e a0 aumento da rotatvidade de pessoal Estude da fadiga humana Divisio do wabalho fe expecializagao do opersrie Cada um se especializa nas atividades em que mais tena aptidees. desenho de cargos significa espedfcar conveido de ‘arefas de uma funcao, como executs-las e a relacées com o5 demais cargos exstentes Desenho de cargos € tarefas Pagamento de bénus aos funcionarior que melhor #= destacam em produtividade, cuidando dos interesses da organizacao. Haveria um pagamento diferenciado para quem produzisse acima de certo padrao, Incentivossalariais © prémios por produtividade (0 conferto do aperario ¢ 0 ambiente Tsico ganham Condigées de trabalho | valor, nto porque as pessoas merecem, mas porque sto essencias para'o ganho de produtividade. “Aplicagéo de métodas centificos para abter a unifor: Padronizacto[midade ereduair os custon (05 operarios sto supervisionados por supenvsores espe: Supervisto funcional csizados, endo por uma autoridade centalizada, ‘O homem é motivavel por recompensarsalarials, eco: Homem econémico | némicas e materials por iso, a cada estimulo finance! fo, ele produzirs melhor e mais satiseito, Taylor verificou que, em todos os oficios, os opersrios aprendiam a mancira de executar as tarefas do trabalho por meio da observagio dos companheiros vizinhos. Entre os diferentes métodos ¢ instrumentos usados em cada trabalho, ha sempre um método mais répido e um ins trumento mais adequado que os demais. Esses métodos e instrumentos melhores podem ser encontrados ¢ aperfeigoados por uma anslise cien- tifica e um acurado estudo de tempos e movimentos, em vez de ficar a critério pessoal de cada operdrio, Essa tentativa de substituir métodos cepeR) 6 Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo 64 CEDER) classico empiricos e rudimentares pelos métodos cientificos em todos os oficios. recebeu o nome de Organizagio Racional do Trabalho. Estudos essenciais desenvolvidos por Taylor Os estudos de Taylor foram essenciais para que ele desenvolvesse 4 sua teoria e importantissimos para responder aos anseios da sociedade da época. A sua visio de organizagao do trabalho permitiu um aumento significativo de produtividade e em tamanko ¢ influéncia de organ que financiariam todas as mudangas econdmicas e politicas nas décadas seguintes. Esses estudos tiveram significativas contribuigdes para o modo como os empregadores se relacionariam com o “novo” empregado, dotado de uma nova mentalidade e buscando condigies de trabalho {deais para produzir mais, uma vez que teria maior retorno salarial, pro- porcional a sua produgao. Seus estudos abrangeram os seguintes pontos: desenvolvimento do pessoal e seus resultados objetivamente, planejamen- toda tuagio dos processos em geral, produtividade e participagio dos recursos humanos, autocontrole das atividades desenvolvidas e normas procedimentais. Finalmente, apontou que estas instrugdes programadas deveriam, sistematicamente, ser transmitidas a todos os empregados. Metodologia do estudo ‘Taylor iniciou o seu estado observando 0 trabalho dos operstios Sua teoria seguiu um caminho de baixo para cima, ¢ das partes para todo, dando énfase na tarefa. Para ele, a administeagio tinka que ser twatada como ciéncia. Desta forma, ele buscava ter um maior rendimento do servico do operariado da época, o qual era desqualificado e tratado com desleixo pelas empresas. Nao havia, na época, interesse em qua- lficar o trabalhador, diante de um enorme e supostamente inesgotivel industrial de reserva”. © estudo de “tempos e movimentos” mostrou que um “exército” industrial desqualificado significava baixa produtividade e lucros decrescentes, forcando as empresas a contratarem mais opersrios, ‘Taylor pretendia definir principios cientificos para a administrasa0 das empresas. Tinha por objetivo resolver os problemas que resultavam das relagées entre os operdrios, uma vez que também fora um deles no inicio de sua carreira. Como consequéncia, modificam-se as relagdes humanas dentro da empresa: 0 bom operirio nio discute as ordens, nem as instrugdes, ¢ faz.o que Ihe mandam fazer. A geréncia planeja ¢ 0 operario apenas executa as ordens e tarefas que Ihe sio determinadas. Os quatro prineipios fundamentais da Administragao Cientifica sio: principio do planejamento, principio da preparagio dos trabalhadores, principio do controle ¢ principio da execugio. Taylor entendia que a hierarquizagao evitava a desordem predo. rminante do tempo no qual a organizagio ficava por conta dos trabalha- dores. Separou, dessa forma, o trabalho manual do trabalho intelectual, dividindo os funcionarios entre aqueles que eram pagos para pensar de modo complexo (planejar) ¢ aqueles que eram pagos para executar. Dessa forma, da mio de obra operiria, naquela época, no era exigida 4 escolarizagao, O trabalho sistematico fazia dos trabalhadores pegas descartaveis, pois pecas de reposigao nao faltavam, Nesse sentido, era ‘grande a economia na folha de pagamento das industrias, pois a maioria dos trabalhadores era sem qualificagao. A diregao, ou aos gerentes, cabia controlar, dirigir e vigiar os trabalhadores, impedindo, inclusive, qual- fa obedecer quer conversa entre os mesmos. Aos trabalhadores 86 r ¢ produzir incessantemente © taylorismo consiste ainda na dissociagao do processo de trabalho das cespecialidades dos trabalhadores, ou seja, 0 processo de trabalho deve ser independente do oficio, da tradigao € do conhecimento dos traba- Thadores, mas inteiramente dependente das politicas gerenciais, Taylor separa a concepgao (eérebro, patra) da execucao (maos, operario) © nega ao trabalhador qualquer manifestagao criativa ow participagao. Além de sua versio mais conhecida de mecanismos nor atizadores (em virtude de sua proposta de gestio de tempos ¢ movie mentos}, Taylor elaborow a primeira tentativa de administragio como ciéncia, Ao contrério do que frisam alguns manuais de administragao, © seu projeto nao se dava apenas a partir do estudo da melhor manei ra de produzir. © melhor modo pressupunha a cooperagio reciproca ‘entre capital-trabalho ¢ 0 reordenamento da subjetividade do interior do processo produtivo, por meio da metrficagéo de um processo que, anteriormente, era abstrato, Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo cléssico esse contexto, a organizagio das atividades deveria ser bem planejada, a fim de que tudo fosse realizado com eficiéncia e rapider. Isso foi 0 que predominou na grande indistria capitalista ao longo da primeiza metade do século XX, ¢ € um modelo que ainda esta bem vivo em algumas organizagées, a despeito de todas as inovagdes. A crise desse modelo surgiu, em grande parte, pela resisténcia crescente dos trabalha ores ao sistema de trabalho em cadeia, 4 monotonia e & alienagao do trabalho superfragmentado, Sugestéo de leitura Fonte: httpiipt wikipedia. orgiwikiTaylor ‘Apesar de defender arcuamente os nteresses dos patr6es, Taylor, um engenheiro brilhante, ‘nao nasceu no bergo da arstocraca. Frederick W. Taylor, chamado de Fred pelos mais intimas, tera um americano pequeno- burguéscujo destino profissional, se dependesse dos pal, teria sido oda advocacia. Desde crianga, ele era obcecado por livros, mas acabou abandonando ‘os estudos ese tornando aprendiz de mecdnicoe, logo depois, o mecanico de referéncia do aprendiz. Da oficina modesta, ende teve primeiro emprego, fai ser operario da Midvale Steel. Assim comesariam a observacao e o: questionamentos no modo de pensar etrabalhar dos operérios, 0 que, no futuro, dara inicio a cracao de sua teara. Para saber mais sobre ‘historia de Taylor e do taylorismo, leiao lvro O que ¢ taylorismo?, de Luiza Margareth Rago e Eduardo FP. Moreira. Editora Brasiense. Boa leitura! 66 CEDER) Atividade 1 icnamo nebCorECEeEe EC) quando anunciou a Administracéo Cientifica e os beneficios desta para a inddstria da época: 2 ee SS rere eam aoe trabalho e habitagdo (TAYLOR, 1988, p. 33). Com base no texto, responda: a. Como era a relagao de trabalho entre empregado e empregador durante o tayloris- mo? b. Pode-se dizer que as condigées de trabalho melhoraram para os empregados apés 0 taylorismo? Resposta Comentada «Em geral, 0 rabalhador era “medido" em eficécio de acordo com a sua pro- duce, Buscavar-se menor tempo de execusdo da terefa e moior qualidade. Os empregadores acreditavam que o homem tinha uma natureza preguicasa Jndolente e que sé conseguiria ser motivade por ganhos materia, que vinhamn ‘Por intermédio de incentivos salariais e prémias. © trabalhador era alienado € 6 conseguia “entender” a parte do proceso ao qual era condicionado, jé que a tarefa era especializada e dividida para gerar maior produtividade. ‘Suas atividades eram padrenizadas e sypervisionadas por um chefe centralizador cepeR) 67 Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo classico 1. Sim. 0 conforto do operério e 0 ambiente fisce ganharam ur nove valor [Nao porque as pessoas merecessem mais aten¢ao ou condicées mais dignas de trabalho que na era anterior, mas porque foi observado que existia. ganho de produtvidede com tl attude. A fadiga humana poderia predispor 0 ta- balhador & diminuicao do produtividade e & perda de qualidade, a acidentes, «2 doencas e ao aumento da rotatvidede de pessoal, que nao era desejado para 0 empregador. Foroismo Fordismo Método que consi Sia em organizara © FonDIsmo foi idcalizado pelo empresario norte-americano Tina de montagem de cada fabrics para produzic mais, con- trolando melhor as footer dematérias- _metade do século XX. Ford seguiw a risca os prinefpios de padronizacao primat ede enerea, Or transporter ea formasio da mao de obra, introduzin doacstira de pro- a fabrica de videos, plantaglo de seringueicase siderdrgica gio sa velo! dade de resposta, Ford criow o mercado de massa para os automveis, Sua obsessio Henry Ford, fundador da Ford Motor Company. Era um modelo de pro- dugdo em massa que revolucionow a indiistria automobilistica na primeira ¢ simplificacao do taylorismo ¢ desenvolveu outras técnicas avangadas para a época. Suas fabricas eram totalmente verticalizadas. Ele possuia foi atingida: tornar 0 automével tao barato que todos poderiam compré lo, chegando a custar 825 dalares no inicio do século XX. Henry Ford (1863-1947) foi um empreendedor © © primeiro fempresirio a aplicar a montagem em série de automéveis dle forma a produzi-los em massa, em menos tempo e a um [prego menor. Com 40 anos, Ford, com outros 11 investidores e 28.000 dares de capital, formou a Ford Motor Company, em 41903. Foi um inventor prolific © regstrou 161 patenter nos EVA. Como tnico dono da Ford Company, ele se tornou um ddos homens maisricos econhecides da mundo, Para conhecer lum pouco mais sobre le e sobre o fordismo, leiaolivra Henry Ford por ele mesmo, da Editora Martin Claret. Boa leitural Fonte: htpilpt.wikipedia orghwikillenry ford 68 CEDER) Para a adovio do fordismo, Henry Ford seguiu trés principios basicos ‘Principio de intensificagio: diminuir © tempo de duragio de “nascimento” do produto, com 0 emprego imediato dos equi- pamentos ¢ da matéria-prima e a répida colocagao do produto no mercado. * Principio de economia: reduzir 20 minimo 0 volume do estoque dda matéria-prima em transformagio. ‘Principio de produtividade: aumentar a capacidade de produ: ¢20 do homem no mesmo periodo (produtividade) por meio da especializagio ¢ da linha de montagem. O operdrio ganha mais ¢ 0 empresirio tem maior produsio. Uma das principais caracteristicas do fordismo foi o aperfeigoa- mento da linha de montagem. Os veiculos eram montados em esteiras rolantes que se movimentavam enquanto 0 operstio ficava praticamente parado, realizando uma pequena etapa da producao. Dessa forma, nio cera necessaria quase nenhuma qualficagio dos trabalhadores. © método de produsio fordista exigia vultosos investimentos ¢ grandes instalagoes, mas permitiu que Ford produzisse mais de 2 milhées de carros por ano, durante a década de 1920. 0 veiculo pioneiro no processo de produgio fordista foi o mitico Ford modelo T. Figura 32: Fordismo. CeDeR) 68 Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo 7 cEDER) classico © fordismo teve seu Apice no periodo posterior & Segunda Guerra ‘Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que ficaram conhecidas na histdria do capitalismo como “Os anos dourados”. Entretanto, a rigider dese modelo de gestio industrial foi a causa do seu declinio. Ficou famosa a frase de Ford que dizia que poderiam ser produzidos automoveis de qualquer cox, desde que fossem pretos. O motivo era que, com a cor preta, a tinta secava mais répido ¢ os carros poderiam ser montados sais rapidamente. Uma contribuigio do fordismo que fica até os dias de hoje é 0 aperfeigoamento da montagem, em que o trabalho vai até ao operario ao invés de levar 0 operario a0 trabalho, como era habitual antes do fordismo. Hoje, todas as operagées se inspiram no principio de que nenhum operério deve ter mais que um passo a dar. Qual o reflexo disso na organizagio do trabalho? A partir do principio da montagem, além de os empregadores enfrentarem menos riscos de danos a matérias-primas, insumos ¢ produtos acabados trans- portados, o arranjo interno das fabricas (sobretudo) passa a privilegiar uma posigao fixa do operario préximo & maquina que opera ou a pega que manipula. Os principios da montagem sio: + Trabathadorese ferramentas devem ser dispostos na ordem natu: ral da operagio, de modo que cada componente tenha a menor distancia possivel a percorrer da primeira a itima fase. + Empregar planos inclinados ou aparelhos concebidos de modo que o operirio sempre ponha no mesmo lugar a pega que ter minou de tra ralhar, para que a mesma esteja acessivel sempre que possivel * Usar uma rede de deslizadeiras por meio das quais as pecas a montar se distribuam a distncias convenientes. © resultado dessas normas é a economia de pensamento ¢ a redugao, a0 minimo, dos movimentos do operario, que, sendo possivel, deve fazer sempre uma $6 coisa com um s6 movimento, O fordismo do se limitaria apenas & questdo disciplinar no interior da fabrica. Ele incorporaria um projeto social de “melhoria das condigaes da vida do trabalhador”. O projeto social fordista se revelaria um projeto politico que visava assimilar o saber e a percepeio politica do trabalhador para a organizagao, Sob um olhar sociol6gico, a linha de montagem foi a solugio encontrada para expropriar o saber operdrio na construgio de veicu: los. Em primeio lugar, é bom frisar que, antes da introdug3o da linha de montagem, grande parte dos componentes era produzida fora da indiistria pelo sistema de contratagao. Apenas o desenho ¢ a montagem ‘eram produzidos por operarios qualificados ¢ artesios das maquinas ferramentas, Em segundo lugar, a linha de montagem centralizava 0 pro- ‘cesso produtivo na fabrica c alterava a forma de abastecer os operitios. © abastecimento, que era feito na medida das nevessidades, passou a ser feito pela esteira, determinando o ritmo de produgio. A partir desse momento, nao havia como o operatic “enrolar” no trabalho, pois © ritmo era regular, padronizado e privilegiava a produtividade, Apesar de “liberar” 0 capital das habilidades dos trabalhadores, Ford nio revolucionow os instramentos de trabalho. A produgio ainda dependia, na sua esséncia, do trabalho. A estratégia implicita da reor sganizagio do trabalho proposta por meio do parcelamento das tarcfas «dos sistemas rolantes de abastecimento de pegas pretendia obscurecer a dependéncia do capital. A alta generalizada dos salarios traria como cconsequéncia a prosperidade geral do pais, caso a essa alta correspon- ddesse 0 aumento da produsio. © aumento geral da produtividade, 20 ser repassado para os salérios, permitiu o aumento do consumo € do investimento. Desse modo, 0 fordismo transcendeu um método de gestio micro- ‘econdmico, ¢ essa é uma grande contribuigio de Ford para o mundo, € se converteu em um projeto de regulagio da economia. Com passar do tempo, a transposigao da produtividade para os salérios se generalizaria 1na economia ¢ poderia ser antecipada pelos empresérios, o que permitiu ‘encorajar investimentos ¢ elevar ainda mais a produtividade. Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo cléssico Fonte: httpsipt. wikipedia. orgiwikiord_T 0 Ford modelo T, conhecido no Brasil como forde de bigode, fl o produto da fabrica de Henry Ford ‘ave popularizou © automévele revolucionou a industria automobilistca. Em 1° de outubro de 1908, 1 Ford lanca no mercado des Estados Unidos 0 seu Modelo T, um veicule confiavel, rabusto, seguro, simples de dirigir e principalmente barato. Qualquer um era capaz de dirigilo ou consertilo, sem precisar de motorista ou mecinico. A fabricacdo desse modelo ganharia notavel incremento a partir {de 1913, quando Henry Ford, inspirado nos processos produtivos dos revelveres Colt e das maquinas {de costura Singer, implantou 3 linha de montagem e a producao em série, revolucionando a industria ‘automobilistica. O Ford T era o primero carro projetado para a manufatura. Pouco tempo depois, ‘oestadunidense Henry Ford passou a fabricar carros em série. Fabricados de 1908 2 1927, estesvenderam mais de 15 milhées de unidades. Por que 0 taylorismo-fordismo passou a no mais responder a0 mercado ¢ gerou uma nova forma de organizagio do trabalho? Como resposta is novas exigéncias de competitividade que marcam 0 mercado slobalizado a exigir cada vez mais qualidade com menor custo, a base técnica de produgio fordista, que dominou o ciclo de crescimento das economias capitalistas no pés-Segunda Guerra até o final dos anos 1960, vai aos poucos sendo substituida por um processo de trabalho resultante de um novo paradigma tecnolégico, apoiado essencialmente na microe letrénica, euja caracteristica prineipal éa lexibilidade. Este movimento, embora nao seja novo, uma ver que se constitui na intensificagio do pro- cesso histérico de internacionalizagao da economia, reveste-se de novas caracteristicas, posto que assentado nas transformagées tecnolégicas, na descoberta de novos materiais ¢ nas novas formas de organizagio € gestio do trabalho. 7m CEDER) © processo produtivo, por sua vez, tinha como paradigma a organizagio em unidades fabris que concenteam grande ntimero de tra balhadores, distribuidos em uma estrutura verticalizada que se desdobra em varios niveis operacionais, intermediarios (de supervisio) ¢ de pla- nejamento e gestdo, cuja finalidade é a produsao em massa de produtos homogéneos para atender a demandas pouco diversificadas. A organ ‘io da produgio em linha expressa o principio taylorista da divisio do pprocesso produtivo em pequenas partes onde os tempos ¢ movimentos sio padronizados ¢ rigorosamente controlados por inspetores de qualidade ‘eas ages de planejamento sio separadas da producio. Era preciso, portanto, qualificar trabalhadores que atendessem is, demandas de uma sociedade cujo modo dominante de produgao, a partir dde uma rigorosa divisio entre as tarefas intelectuais (dirigentes) eas ope- racionais, caracterizava-se por tecnologia de base rigida, relativamente estavel. A ciéncia ¢ a tecnologia incorporadas ao proceso produtivo, através de maquinas cletromecnicas que trazem em sua configuragao um niimero restrito de possibilidades de operag: s diferenciadas que exigem apenas a troca de uns poucos componentes, demandavam comportamen- tos operacionais predeterminados ¢ com pouca variagao. Compreender 10s movimentos necessarios a cada operasio, memoriza-los e repeti-los a0 longo do tempo nao exige outra formagio escolar e profissional que 6 desenvolvimento da capacidade de memorizar conhecimentos e repetir procedimentos em uma determinada sequéncia. A globalizacao da economia e a reestraturagio produtiva, como macroestratégias responséveis pelo novo padrio de acumulagio capita: lista, transformam radicalmente esta situagao, imprimindo vertiginosa dinamicidade s mudangas que ocorrem no proceso produtivo, a partir da crescente incorporagao de cigncia e tecnologia, em busca de competi- tividade. A descoberta de novos principios cientificos permite a criagi0 de novos materiais ¢ equipamentos; os processos de trabalho de base tigida vao sendo substituidos pelos de base flexivel a eletromecnica, com suas alternativas de solugao bem definidas, vai cedendo lugar & microe letranica, que assegura amplo espectro de solugdes possiveis desde que 4 ciéncia e a tecnologia, antes incorporadas aos equipaments, passem a ser dominio dos trabalhadores; os sistemas de comunicagao interligam © mundo da produgio. Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo 74 CEDER) cléssico [As novas demandas de qualificagio, portanto, referem-se a um trabalhador de novo tipo, que atue na prética a partie de uma sélida base de conhecimentos cientifico-tecnoldgicos s6cio-histéricos, € 20 mesmo tempo acompanhe a dinamicidade dos processos ¢ resista a0 estresse. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias exigem cada ver. mais, a capacidade de comunicar-se adequadamente, através do dominio das formas tradicionais e novas de linguagem, incorporando, além da lingua portuguesa, a lingua estrangcira, alinguagem informética; a autonomia intelectual, para resolver problemas priticos utilizando os conhecimentos cientificos, buscando aperfeigoar-se continuamente; a autonomia moral, através da capacidade de enfrentar as novas situages que exigem posi- cionamento ético; finalmente, a capacidade de comprometer-se com 0 trabalho, entendido em sua forma mais ampla de construgio do homem. € da sociedade, através da responsabilidade, da critica, da eriatividade. Embora, no ambito do processo produtive como um todo, a tendéncia scja a precarizagio do trabalho, do ponto de vista da con- cepsio de qualificagdo para o trabalho, ha avangos. Solidamente fun damentada sobre a educagao basica, a qualificagio nao repousa mais sobre a aquisicto de modos de fazer, deixando de ser concebida, como 6 faz 0 taylorismo/fordismo, como conjunto de atributos individuais, predominantemente psicofisicos, centrados nos modos de fazer t do posto de trabalho. Ao contrario, passa ater reconhecida a sua dimen- so social e ser concebida como resultante da articulagao de diferentes clementos, através da mediagao das relagdes que ocorrem no trabalho coletivo, resultando de varios determinantes subjetivos e objetivos, como a natureza das relagdes sociais vividas e suas articulagdes, escolaridade, acesso a informagdes, dominio do método cientifico, riqueza, duracao ¢ profundidade das experiéncias vivenciadas, tanto laborais quanto sociais, acesso a espagos, saberes, manifestagdes cientifcas e culturais, assim por diante. © objetivo a ser atingido é a capacidade para lidar com a incerteza, substituindo a rigides pela flexibilidade e rapidez, de modo a atender a demandas dinamieas, sociais ¢ individuais, polticas, eulturais e produ- tivas que se diversificam em qualidade ¢ quantidade. A partir desta concepgao, resta bem diferenciada a finalidade da qualificagao no taylorismo/fordismo da apresentada pelos processos produtivos reestruturados, considerando a dupla mediagio realizada pelas novas tecnologias de base microeletrdnica e pelas novas estratégias de gestio: da capacidade bem definida para atuar de forma estavel em processos teenolégicos poueo complexos no posto de trabalho para a qualificago entendida como capacidade potencial para atuar em situa- ‘ges nao previstas, em processos dinamicos com base tecnologicamente sempre mais complexa e a partir do conhecimento da toralidade do proceso de trabalho, incluindo sua relagio com os processos sociais ¢ ‘econdmicos mais amplos. Fonte: httpdlwwww uff beipgs2/imagensitemposmoderos.pg 0 clisico Tempos modernos, de Charles Chaplin, simboliza as rmudangas estruturais ocorridas na época, nos Estados Unidos, ras organizacées industvias e, onsequentemente, na socieda’ ‘deem geral, Como pode ser observado no filme, o trabalhador passa a efetuar movimentos repetitives « bem elementares, como ritmo imposto pelas méquinas e pela estera de produ: S80, e por quem as comand. Seus supervsores diretos crono- Imetram seus movimentes e observam quais os trabalhadores ‘timizam o préprio tempo e, portanto, a predusio, Prémioss4o ddados aos trabathadores com melhor tempolderempenho, Essa ‘ompeticto promovida pelos gerentes faz com que a velocidad da produgio aumente cada vee mais para as empresas, mas simbolizaa zoomorfizacao do homer, preso em uma maquina ccalienado em relagao A intireza do processo produtivo. sista 20 filme e vela os Idesrlos taylristas-fordistas presents em toda a sua tematic, cevers % Tecnologia e Organizacéo do Trabalho | Organizacao do trabalho no século XX: 0 modelo classico Atividade 2 nelereat taiseey itecapetecata ere eeates parecer tes tenon teyterie ations oe dismo, segundo a sua compreensdo, identificando a passagem de texto no discurso de seus préprios autores, descrita na segunda coluna referente a cada um dos dois Ieedelo i gaenecnethclal de prortricl Modelos “Transcrigéo do texto original 70 Wabalho val até ao operario ao invés de levar © operario ao Wabalho.” “Aperfeigoamento da Iinha de montagem e uso intensive de esteiras rola “Enfave nas tarefas para aumentar a eficencia ao nivel operacional” “centralizagao do processo produtive na fabricae ordenagao na dspesiao| de ferramentas-etrabalhadores.” ~Analise do trabalho e estudo dor tempos e mavimentos pare a lrengao de movimentos instels,estabelecendo um tempo médio, reduzindo custos & ganhando em produtividade, “Teoria do homem econdmico: @ homem & motivavel por recompensar Fa larais,econémieas e materias; por isso, a cada estimula financeiro, ele ird produzir melhor e mais satisteto “A Nierarquizacio evitava a desordem © aos gerentes cabe controlar, digit, € vigiar of tabalhadores, impedindo inclusive qualquer conversa entre 05 Resposta “Diminuir 0 tempo de duragao de nascimento’ do produto e reduzir ao mi imo 0 valume do estoque da matéria-prima em transformaca0.” «.fordismo; 6. fordlsmo; « taylorismo; d.fordismo; e. taylorismo; f taylorismo; 49. taylorismo; h fordismo. 76 CEDER) Fayolismo Paralelo ao trabalho desenvolvido por Taylor, Fayol, na Franga, parte da totalidade empresarial para as partes ¢ estabelece principios universais de administragao para a organizagio global das empresas. So esses modelos que norteiam a estruturagio ¢ © gerenciamento das empresas mundiais na quase totalidade da primeira metade do século XX, Fayol desenvolveu um conjunto de princi ios de administragio geral que considerava itil para toda situagao administrativa, em qualquer tipo de empresa, No preficio de seu livro, afirma que: "A Administragio consti fator de grande importancia na diresao dos negécios: de todos os negécios, grandes ou pequenos, industriais, comerciais, politicos, religiosos ou de qualquer outra indole", Seu livro Administrasao geral « industrial (1916) somente foi publicado quando tinha 70 anos ¢ est dividido em duas partes: a primeira trata da importancia do ensino da administragao e a segunda sobre os prineipios e elementos da adminis: tracao. A partic da Primeira Guerra Mundial, o Favouismo adquiriu impulso ¢ popularidade, tornando-se conhecido como "uma escola de chefes" R Obra de Faye! Em seu livro, Fayal explicita os 14 principios da geréncia © oF | cinco elementos que permitem o gerenciamento de traba- lnadores, queso 0s estudos mais relevantes e famosos desse autor. Caso queira ler a obra de Fayol na integra, procure 0 livra Adminitrasao industrial e geral, da Editora Atlas. Henri Fayol, em Administragao industrial e geral, trata a gestio a nivel organizacional, numa analogia a0 corpo, na qual todos os membros deveriam trabalhar e coordenar esforgos para chegar a objetivos comuns. Encontra-se, aqui, um ponto de confluéncia entre Fayol e Taylor, tendo em vista que o primeiro acreditava na articulagao de interesses em nome dos objetivos da empresa, desconsiderando a existéncia de conflitos internos, que sob efeito da administragao seriam diluidos. Embora Taylor admita a existéncia do conflito na fabrica, parece julgé-lo incoerente ¢ minimizavel, tama ver. que seja aplicada a administragao cientifica (e seus decorrentes ‘ganhos de produtividade, lucro e salérios). Ele menciona a flexibilidade administrativa, calcada também na experiéncia © nos conhecimentos tacitos (vividos por ele}, em detrimento de saberes tedricos ¢ posturas rigidas no planejamento e na execugio do trabalho. Favousmo Fayolismo é uma teoria do made- Iacissico que se catacterita pela fnfase na esratara corganizacional e pela buses da maxima ef ‘inca, observando ‘9 comportamento dos empregados a ‘arti do topo da pitdmide organiza- ‘ional « enearando a organizagio como tum sistema fechado, centilizado e gerene ado a partir de 14 rinepios bisicos. Tecnologia e Organizacéo do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo classico Figura 2.3: Fayolismo, Fonte: httpsipt.wikipedia.orgiwikiHenri_fayol Henri Fayel (1843-1925) nasceu em Constantinopla efaleceu em Pats, Aos dezenove anos, formou-se em Engenharia de Minas, indo trabalhar em uma Industria de mineragao de carvao e ago ~ Compagn Come- nantry Four Chamba et Decazeville- onde desenvolved toda a sua carrelta, Comesou como engenheito f terminou como diretor da mesma empresa (1888 a 1918), salvando-a de uma situacio dificil. Criou © Centro de Estudos Administratvos, onde se reuniam semanalmente pessoas interessada na administragso de negécios comercial, industrials « governamentas 7 CEDER) Assim como Taylor, Fayol dedicou sua vida a introdugéo do étodo cientifico na administragao das empresas, Entretanto, enquanto ‘Taylor realizou seus estudos partindo das fungdes do operario e chegan- do as atribuiges da geréncia, Fayol realizou suas pesquisas no sentido inverso, seguindo uma hierarquia do topo para a base da piramide. Outra diferenga entre os dois autores diz respeito a supervisio. Taylor defendia 0 controle de um operario por diversos supervisores, eada um cspecializado em um aspecto da tarefa do operatio. J4 Fayol defendia 0 conceito de unidade de comando, em que um operdrio deve ter apenas uum chefe As seis fungées basicas da empresa Fayol distinguiu seis fangdes empresariais como 0 conjunto de operagdes que toda a empresa possui (FAYOL, 1989) 1. Fungao técnica ~ 6 a fangio relacionada com a produgio de bens ou servigos da empresa (atividade-fim). Fayol néo con siderava a capacidade técnica como a fungio primordial de ‘uma empresa. 2. Fungo comercial ~é relacionada com a compra, venda e per muta de matéria-prima e produtos. A habilidade comercial, uunida & sagacidade e a decisio, implica profando conhecimento do mercado € da forga dos concorrentes, grande previsio e, nas empresas importantes, aplicagao cada ver mais frequente de combinagées. 3. Fungao financeira ~ € a fungao que trata da procura ¢ gerén- cia de capitais. Para Fayol, o capital é necessario para toda ¢ qualquer atividade da empresa, pois sem capital nio é possivel pagar os funcionarios, adquirir matéria-prima etc,, sendo con- digdo essencial de éxito acompanhar constantemente a situagio financeira da empresa. Nenhuma reforma, nenhuma melhoria € possivel sem disponibilidade ou sem crédito. 4, Funcio de seguranga ~ visa proteger os bens ¢ as pessoas de problemas como roubo, inundagées ¢ obsticulos de ordem social como greves ¢ atentados. E 0 olho do patrio, o cio-de- guarda, numa empresa rudimentary € a policia ¢ 0 exército, num Estado. Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo 80 CEDER) classico 5. Fungo de contabilidade ~ é relacionada com os registros ccontibeis, Revela a situagio econémica da empresa, sendo um poderoso instrumento de diregao. 6, Funcao administrativa ~ coordena ¢ sincroniza as demais fungées. E distribuida dentro dos niveis hierérquicos. O ritmo da administragio é assegurado pela diregio, com o fim de conduzir a empresa, Desa forma, Fayol defini as fungdes da administrasio. 5 principios gerais de administracao Com o objetivo de delinear a capacidade administrativa, Fayol desenvolveu 14 prinepios de administragio (0s 14 prineipios da gerén cia), afirmando que eles nio significavam uma rigider, pois, segundo defendia, eram maleaveis ¢ suscetiveis de adaptar-se a todas as necessi- dades. Eram eles: 1. Divisio do trabalho ~ especializagio dos trabalhadores gerentes para aumentar a eficigncia; implica a separagio dos poderes 2. Autoridade e responsabilidade—a autoridade pode ser estatuts- ria inerente & fungio, e/ou pessoal, derivada da inteligéncia, do saber ¢ da experiéncia do chefe. A autoridade implica respon- sabilidade, devendo haver sangao ~ recompensa ou penalidade no exercicio do poder. 3. Disciplina ~ respeito as convengdes estabelecidas entre a orgs nizagdo e seus empregados. Implica obediéncia, assiduidade ¢ respeito, entre outros. 4. Unidade de comando ~ 0 empregado deve receber ordens de apenas um superior. Hé 0 prineipio da autoridade tniea, pois considera que a dualidade de comando é fonte de conflito 5. Unidade de diregao ~ deve haver um s6 chefe ¢ um s6 plano para um grupo de atividades que tenha 0 mesmo objetivo. 6, Subordinacao dos interesses individuais aos interesses gerais—ha maior ganho quando a vontade da coletividade é respeitada 7. Remuneracdo do pessoal ~ a renuneragio deve ser justa ¢ garantir a satisfagio para os empregados e para a empresa, 8. Centralizagao ~ concentrago da autoridade. Nos pequenos negécios, em que as ordens do chefe vio diretamente aos agentes inferiores, a eentralizagio é absoluta; nas grandes empresas, © chefe esta separado dos empregados subalternos por longa hierarquia, havendo intermedisrios obrigatérios. 9. Hierarquia ou cadeia escalar — linha de autoridade do escalio superior ao inferior. As comunicagies se do por meio de uma via hierarquica. 10. Ordem— ordem material: hé um lugar para cada coisa e cada coisa deve estar em seu lugar; ¢ ordem social: hé um lugar para cada pessoa ¢ cada pessoa deve estar em seu lugar. 11, Equidade — justiga 12. Estabilidade e duragao do pessoal ~ a rotatividade tem um impacto negativo sobre a eficiéncia da organizagio (empre- sa) 13. Iniciativa ~ capacidade de montar um plano ¢ assegurar scu 14, U ido do pessoal ou espirito de equipe ~ 0 bom relaciona- mento entre as pessoas fortalece a organizagao, Entretanto, € indispensavel observar a unidade de comando. Fayol reiterava que a capacidade de gerenciamento vinha da observagao ¢ aplicagao de cinco elementos, que, quando combinados, poderiam condurir o gerente rumo a eficacia, Sao eles: (i) prever (plane- jar): desenhar um programa de agao que tenha unidade, continuidade, flexibilidade e precisio; (ii) organizar: construir a estrutura, material ¢ social, da empresa; (ii) comandar: dirigir 0 pessoal; cada um dos diversos chefes tem os encargos ¢ a responsabilidade de sua unidade; (iv) coordenar: unir e harmonizar atividades e esforcos; ¢ (v) controlar: assegurar que tudo esté em conformidade com 0 programa adotado, as ordens dadas ¢ os principios admitidos. ri as 4 obra de Fayol As criticas feitas a Fayol dizem respeito a sua pouca originalidade na definigio dos prs ipios gerais da administragao; concepgio da orga- nizagio com énfase exagerada na estrutura; insisténcia pela utilizagio da unidade de comando ¢ centralizago da autoridade denotando a Tecnologia e Organizacio do Trabalho | Organizagao do trabalho no século XX: 0 modelo 82 CEDER) cléssico influéncia das antigas concepydes militares ¢ eclesidsticas. Ainda com relagio a sua obra, pode-se ressaltar a importancia que o autor dé para a hierarquizagio, permitindo a iniciativa por parte do funcionario somente dentro da faixa da piramide onde cle se insere, limitando 0 contato do funcionario com instancias das esferas superiores da organizacao, Outras eriticas 4 obra de Fayol sio: a abordagem simplificada da organizagao formal, a auséncia de trabalhos experimentais, extremo racionalismo na concepgio da administragio, abordagem tipica da teoria da maquina e a abordagem da organizagao como um sistema fed do, que no teria interago com o ambiente externo ¢ no sofresse as suas pressics. CONCLUSAO: (© modelo classico, desenvolvide por Taylor, tem por objetivo obter a maxima eficiéncia no projeto de cargos ¢ treinamento de pessoas, bascando-se em estudos cientificos de tempos ¢ movimentos eno método de trabalho. Esse modelo é aplicado para separar a gestio do negécio de suas operacdes, projetando os cargos “segundo a ideia basica do modelo de fazer ¢ nao de pensar”. Esse modelo contou com a contribuigao de Ford, quando introduziu velocidade e aumento de produgio 20 taylo- rismo, gerando uma nova classe de operérios mais bem remunerados, consumidores que poderiam comprare consumir produtos mais baratos, fruto da larga produgéo industrial, Fayol finaliza a contribuigao do modelo classico trazendo os principios da administragao e os elementos de gerenciamento. A difusio do taylorismo, sob a forma de organizagao cientifica do trabalho, encontra sua explicagio nas necessidades internas do capita- lismo nos paises mais avangados que chegaram & sua fase monopolista, na qual a ampliagio dos mereados permitia grandes séries, de modo que possibilitava a introdugao de maquinas-ferramenta especializadas, cuja difusio massiva provocou o crescimento numérico dos trabalhadores especializados. Como consequéncia, os problemas de preparagio ¢ orgs nizagio do trabalho foram colocados como 0 centro dos problemas no interior das fabricas capitalistas. As principais caracteristicas do taylorismo eram a racionalizagao da producio, a economia de mio de obra, o aumento da produtividade no trabalho, o corte de “gestos desnecessirios de energia” e de “com- portamentos supérfluos” por parte do trabalhador ¢ o desperdicio de qualquer tempo. Para Taylor, a dicotomia entre 0 trabalhador e 0 " vagabundo" uma questio a ser resolvida no interior da fabrica. Acreditava que os homens sio preguigosos por natureza. Caso nao fossem vigiados c: tantemente, fariam “cera” e poderiam lesar o empregador. Desse modo, para alcangar a conduta "étima” do trabalhador, o desejo de acumular rendimentos ¢ "prosperar”, em contraponto 4 vadiagem no trabalho, deveriam ser dados incentivos materiais e salariais para atingir a étima produtividade ind iuale, consequentemente, ada fabrica inteira. Ape~ sar dessa visio deterministica e preconceituosa, as condigdes de trabalho tiveram significativa melhora em relagao & era anterior, pois um traba- Ihador em condigdes precérias acumularia prejuizos ao seu patrio. Para Fayol, a empresa era vista como um sistema fechado, isto 6,08 individuos nao recebiam influéncias externas. O sistema fechado é mecinico, previsivel ¢ deterministico. Porém, a empresa é um sistema que se movimenta conforme as condigSes internas ¢ externas, portanto, tum sistema aberto ¢ dialético, Sob essa visio, e sem conduzir experi- {ncias cientficas, falando mais sobre sua experiéncia de vida, por isso alvo de muitas criticas, Fayol relaciona o empregado a uma figura sem mobilidade, que nio pode ter acesso aos niveis superiores da hierarquia da organizagao. E preciso estar sob um comando centralizador que deve ser disciplinado e ceder sempre que o interesse da coletividade estiver em jogo.

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