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Royo ance De.” Re Eduardo Guimaraes Copyright © Eduardo Guimaraes ae I. Guimaraes Coordenagao editorial: Ernesto ¢ Faitoragao eletrénica ¢ Capa: Eckel Wayne ‘Revisao. Equipe de Revisores da Pontes Editores Dados Internacionais de Catalogaga0 na Publicasio (C1P) Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil Guirnaries, Eduardo ‘Semintica do acontscimento: um estudo enunciativo 8 designagio / Eduardo Guimaraes ~ Campinas, SP : Pontes, 2* edigio, 2005. Bibliografi ISBN 85-71 1, Lingiistica 2, Nomes de rua 3, Nomes geogrificos 4. Nomes pessoais$. Portugués - seméntica I. Titulo 02-0075 cpp-469.2 Tnsices para catélogo sistematico: 1. Designagio : Estudo enunciativo : Semntica : Portugués : Lingiistica 469.2 2, Nomes : Sendo : Semfntica : Portugués : Linguistica 469.2 PONTES EDITORES Av. Dr. Arlindo Joaquim de Lemos, 1333 13100-451 Campinas SP Brasil Fone (19)3252.6011 Fax (19)3253.0769 ponteseditores@ponteseditores.com.br www.pontesecitores.com.br 2005 Impresso no Brasil SUMARIO APRESENTAGAO... INTRODUGAO.. Cartruol ENUNCIAGAO E ACONTECIMENTO .......... Caviruto O NOME PROPRIO DE PESSOA Captrevo IT NOMES DE RUA Caviruo IV NOMES DE RUA E 0 MAPA COMO TEXTO Cariruco V NOMES DA CIDADE Carireto VE A CIDADE E OS NOMES DE ESPAGO ...... 77 CONCLUSAO.. 91 BIBLIOGRAFIA .... 95 APRESENTAGAO Como para todo semanticista, a questdo da relagdo das palavras com 0 mundo sempre rondou meus interesses. Esta questao se p6s para mim pela via dos estudos argumentativos. Para esta posi¢do 0 sentido das expressoes lingiiisticas nao € referencial, ou seja, nao pode se apresentar a partir do conccito de verdade. Neste sentido, as expresses I ngilisticas significam no enunciado pela relagdo que tém com 0 acontecimento em que funcionam. Coloco-me deste modo, numa posi¢do materialista, junto com aque- les que nado tomam a linguagem como transparente, considerando que sua, \relacio com 0 real € historica) A partir do inicio dos anos 90 do século XX, ou seja, ha pelo menos dez anos, dediquei-me ao estudo das quest6es relativas ao dominio da de- signagdo e referéncia na linguagem. Inic almente meu interesse se deveu ao. estudo da questao da cidadamia nas constituigdes brasileiras. O que me levou a analisar a designacao de palavras como cidadao e republica nos diversos textos constitucionais da historia do Brasil, motivo de varios tex- tos publicados nestes ultimos 10 anos. Neste momento desenvolvi uma primeira abordagem da questao dos nomes proprios e de sua relagao com tudos eu os apresentei, no inicio dos anos 90,em os nomes comuns. Estes e: cursos na Pés-graduagio de Lingiiistica do Instituto de Estudos da Lingua- gem da Unicamp. Isto produziu, desde entao, 0 envolvimento de outras pes- soas nesta via de reflexdo enunciativa para os problemas da designagao. Neste periodo meus contatos com outros paises da América Lati- na e com a Unemat. em Caceres, me levou a refletir mais especifica- mente sobre as relagdes do Brasil com a América Latina, e sobre as telacées das linguas do Brasil (reflexdo que venho fazendo como mem- bro do Projeto Historia das Idéias Lingiiisticas no Brasil: Etica e Poli- tica de Linguas). Isto foi decisivo para a melhor configura¢4o do con- ceito de espago de enuncia¢ao. etos do Laboratério de Estudo; Unicamp. levei este meu interesse para os estudos das alan Panos A de: cidade, municipio. comarca, rua, nomes de ruas, etc, E 4 Tas da ida, dos nomes proprios acabou por assumir um lugar muito Ula quests, Neste livro estar 10 presente: muitos aspectos deste Bnificative, : qual espero poder contribuir para uma reflexdo sobre oe TCU, Pel sentidos configurada no interior de uma concepgao eee e on Ae histor, cada linguagem. Envolvido nos Pro) of aso ey a gull Colocar-se na posi¢ao do semanticista é inscrever-se num dominio de saber que inclui no seu objeto a consideragao de que a linguagem fala de algo. Pour outro lado, niio hé como pensar uma semintica lingiifstica sem levar em conta que o que se diz é incontornavelmente construido na linguagem. : E no espago conformado por estas duas necessidades que procura- rei configurar 0 que é para mim uma semintica do acontecimento. Ou seja, uma seméntica que considera que a anilise do sentido da linguagem deve localizar-se no estudo da enunciagio, do acontecimento do dizer. Por outro lado, considerando a prépria operagao de andlise, tomar © ponto de vista de uma semantica lingiiistica é tomar como lugar de observacao do sentida,6 enunciadd) Deste modo, saber o que significa uma forma é dizer como seu funcionamento é parte da constitui¢éo do sentido do enunciado. Mas para mim, considerar 0 processo no qual uma forma constitui o sentido de um enunciado € considerar em que medida esta forma funciona num enunciado, enquanto enunciado de um texto. Ouseja, nao h4 como considerar que uma forma funciona em um enunci- ado, sem considerar que ela funciona num texto, e em que medida ela é constitutiva do sentido do texto. Deste modo, procuro utilizar aqui o que Benveniste (1966)! consi- derou como o movimento intregrativo de uma unidade lingiiistica. Para ele esta relacio (integrativa) da o sentido da unidade. Ou seja, o sentido de um elemento lingiiistico tem a ver com 0 modo como este elemento faz parte de uma unidade maior ou mais ampla. Vé-se que ao fazer este uso da relacdo integrativa, a despeito de Benveniste ter dito que ela nao per- mitia passar do limite do enunciado, estou dizendo que ha uma passagem do enunciado para o texto, para 0 acontecimento, que nao é segmental. E esta é a relagao de sentido. INTRODUGAO 1, Em “Os Néveis da Aniilise Lingifstica”. @ Ones bo he fo, coloca de saida a questo do sujei cia, cae Hina vcotocaGio do lugar dos estudos da enunere tos isto deve fo do que eles tiveram ou (ém ainda em certas de saac sum ospag distin © Ot uamento da enunciagdo deve se dar nuns formulates. Mr wnsivel considera a consttuigao hist6rica do ee pase a coma se formule caramente, comouma disp cas see estan, fra de sas relagb€S Com a legiea ou ca pana cu come © matematizivel Ov Como UMA esti setopcamentedeterminads. i se rabalho mantémassim um didlogo com dominios comoa filo. sofa da inguagem. notadamenteateoria dos atos de fala, a pragmntic, sevmsntca argumentativa. Por Outro lado mantém também um diglogo aevocom a Andlise de Discurso tal como praticada no Brasil" e que se organiza e desenvolve a partir dos trabalhos de Pécheux. Mis especificamente, tomo a enunciago como um acontecimento rogue déa relagio do stjeito coma lingua. A questio é como desere- sere analisar esta relagao Ao lado de trataro sentido tal como acima exponho, vou considerar a questio do politico na linguagem, tomando como lugar de reflexio 0 da semantica, mais especificamente 0 dominio dos estudos da cenunciagao. Isto quer dizer que para mim enunciar é uma pritica politica ‘emum sentido muito preciso, que procurarei apresentar a seguir, no pri- meiro capitulo. Tanto a nogdo de politico, que vou fazer operar aqui, quanto minha concepsio de sentido so pensadas historicamente e no como uma agdo particular numa situagao particular. Como objeto especifico de reflexdo vou estudar a designagio,

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