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Vocé vai ler, a seguir, dois textos: o primeira é um fragmento da Carta de Pero Vaz de Ca-
rminha eo segundo é urn trecho do Tratado da terra do Brasil de Pero de Magalhaes Gandavo.
fh texto
Carta
[.] Traziam, alguns deles, arcos e setas e todos os deram por carapucas e por qual-
quer coisa que Ihes davam. [..] Andavam todos tao dispostos, tao enfeitados e galantes,
com suas tinturas, que pareciam bem. Acarretavam dessa lenha, quanta podiam, com
muito boas vontades ¢ levavarn-na aos batéis; e andavam j4 mais mansos e seguros,
entre nés, do que nés andavamos entre eles. [..] Quando saimos do batel disse o Capi-
t&o que seria bom irmos direitos & Cruz, que estava encostada a uma drvore junto com
orio, para se erguer amanha que ¢ sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos
¢ a beijassemos para eles verem o acatamento que lhe tinhamos. E assim fizemos. E a
esses dez ou doze que ai estavam, acenaramlhe que fizessem assim e foram logo todos
beija-la. Parece-me gente de tal inocéncia que sea gente os entendesse e eles anés, que
seriam logo cristios, porque eles nao tem nem entendem em nenhuma crenca, segun-
do parece. E, portanto, se os degredados que aqui hao de ficar aprenderem bem a sua
fala e os entenderem, nao duvido, segundo a santa tencao de Vossa Alteza, fazerem-se
cristdos e crerem na nossa santa fé, a qual, praza a Nosso Senhor que os traga porque,
na verdade, esta gente é boa e de boa simplicidade e gravar-se-d neles, ligeiramente,
qualquer cunho, que Ihes quiserem dar. E logo deu Nosso Senhor bons corpos ¢ bons
rostos como a bons homens. Ele que nos por aqui trouxe, creio que nao foi sen causa.
E,portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar na santa fé catélica, deve cuidar
da sua salvaco. E praza a Deus, que com pouco trabalho seja assim. [..]
(1 Ctls Vogt eloséaugusto Guimardes de Lemos. Cronstasvaiants S30 Palo: bri 1982p. 20-1)
|) Textoz
Da condi¢ao e costumes do indio da terra
Quandoestes indios tomam alguns contrarios, se logo com aquele impeto os no ma-
tam, levarn-nos vivos para suas aldeias (ou seja, portugueses ou quaisquer outros indios
seus inimigos) e tanto que chegama suas casas langarn uma corda muito grossa a0 pes-
coco do cativo para que néo possa fugir; e armam uma rede em que durma e dao-lhe
uma india moga, a mais formosa ¢ honrada da aldeia (..| Esta india tem cargo de lhe dar
muito bem de comer e beber;¢ depois de o terem desta maneira cinco ou seis meses ou
‘tempo que quiserem, determinam de o matar.{.) Aquele que o ha de matar empena-se
pprimeiro com penas de papagaio de muitas cores por todo corpo: ha
de ser este o mais valente da terra, mais honrado. Traz na mouma
espada de um pau rouito duro e pesado com que costurnam matar, €
cchega-se ao padecente dizendo-Ihe muitas coisas e ameacando-he
sua geracdo que o mesmo ha de fazer a seus parentes; e depois de
o ter afrontado com muitas palavras injuriosas dé-lhe uma grande
pancada na cabeca para tornar os miolos € o sangue:tudo enfim co-
zem € assam, ¢ nao fica dele coisa que nao comam. Isto é mais por
-vinganga e por édio que por se fartarem, Depois que comem a came
estes contrarios ficarn nos édios confirmados,e sentern muito esta
injiria,e por isso andam sempre a vingar-se uns contra os outros [..
acarrtar evar,
transport,
batet:taco poquone,
‘arepug: gor.
‘degredado: homens
cndenados pls tibusis
Daruguses 2 pena do
ogra fexpulsao ca tara
atl
‘engi: ote,
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Ritual antropofigico
(0593), de Theodore
deBry.
Literatur de inormagso. Semnticn (I), Corts pessoal carte de apresentar3oRPITULO 3