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Definigées de Ergonomia I-A Ergonomia € um conjunto dos conhecimentos cientificos relativos ao Homem ¢ necessirios para conceber os utensilios as maquinas € os dispositivos que possam se utilizados com o maximo de conforto, seguranga ¢ eficdcia (Wisner) 2- A Ergonomia & uma tecnologia cujo o objective é a melhoria dos sistemas Homem/Maquina, segundo um certo nimero de critérios entre os quais figuram os que dizem respeito a0 operador humano (seguranga, conforto, satisfagao, etc) (Leplat) A Ergonomia € um estudo cientifico, da relagio entre 0 Homem ¢ os seus meios ¢ métodos de trabalho, O seu objectivo é elaborar com o recurso a diversas disciplinas cientificas que a compéem, tum corpo de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicagio deveré chegar a uma melhor adaptagao ao Homem, dos meios tecnolégicos de produgdo e dos meios de trabalho. (Sperandio) ‘A Ergonomia é uma eiéncia interdisciplinar que compreende a psicologia, a psicologia do trabalho, antropologia e a sociologia do trabalho. O alvo pratico da Ergonomia & a adaptagiio do posto de trabalho, dos utensilios, das méquinas, dos horarios ¢ do meio ambiente as exigéncias do Homem. A realizagao dos seus alvos a nivel industrial, dé lugar a uma facilitacdo do trabalho ¢ a um aumento do rendimento do esforgo humano (Grandjean) 5. A Ergonomia é 0 estudo multidisciplinar do trabalho e que tenta descobrir as leis para melhor formular regras. A Ergonomia é entio conhecimento ¢ acco; o conhecimento é cientifico ¢ esforga- se por esclarecer os modelos explicativos gerais, a acgo visa methorar adaptagéo do trabalho aos trabalhadores para lhes proporcionar bem estar e satisfagio, ela pode ou nao, ter como efeito secundario, aumento de rendimento. (Cazamian) A Ergonomia é uma disciplina que fundamenta a sua acg%io sobre uma abordagem cientifica do trabalho humano. (Monique Noulin) A Ergonomia € uma disciplina cientifica que estuda o funcionamento do homem em actividade profissional. A Ergonomia é uma tecnologia que agrupa e organiza os conhecimentos de modo a torné-los uiteis para a concepgao dos meios de trabalho. A Ergonomia é uma arte quando trata de aplicar os conhecimentos para a transformagio de uma realidade existente ou para a concepgaio de uma realidade futura (A. Laville) 9- A Ergonomia & um estudo do relacionamento entre 0 homem e o seu trabalho, equipamento ambiente, ¢ particularmente a aplicagdo dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solugo dos problemas surgidos desse relacionamento (Ergonomics Research Society) 10- A Ergonomia é um corpo de conhecimentos sobre as capacidades humanas, caracteristicas ¢ ‘imitagdes humanas que sio relevantes para a concepgio. Concepgio ergonémica é a aplicagao deste corpo de conhecimentos na concepgdo de ferramentas, méquinas, sistemas, tarefas ¢ envolvimentos seguros com vista ao uso humano confortavel ¢ eficiente (Board os certification for profissional Ergonomists) Il- A Ergonomia é entendida como o dominio cientifico ¢ tecnolégico interdisciplinar que se ocupa da optimizago das condigées de trabalho visando de forma integrada a sade e os bem estar do trabalhador ¢ 0 aumento da produtividade (Brochura da Faculdade de Motricidade Humana) 12- A Ergonomia ¢ uma cigacia que visa 0 maximo rendimento, reduzindo os riscos do erro humano ao minimo, a0 mesmo tempo que trata de diminuir, dentro do possivel, os perigos para o trabalhador. Estas fungSes so realizadas com a ajuda de métodos cientificos ¢ tendo em conta, simultaneamente, as possibilidades © as limitagdes humanas devido a anatomia, fisiologia e psicologia. (Organizagao Mundial de Saide) 13- A Ergonomia consiste na aplicagio das ciéncias biolégicas do Homem em conjunto com as ciéncias de engenharia, para alcangar a adaptagéo do homem com o seu trabalho medindo-se os seus efeitos em torno da eficiéncia e do bem estar para o Homem. (Organizagiio Internacional do Trabalho) Das definigdes anteriores refira qual a que considera mais completa e justifique Estudo Ergonémico de yuu Postos de Trabalho numa Marco sitva Empresa Téxti ‘Agostinho Afonso José Pinto Carminda Silva Sila Ribeiro Este trabalho foi elaborado no &mbito da disciplina de " Estudo Ergonémico dos Postos de Trabalho ", do 5° ano da licenciatura em Engenheria do Produgao da Departamento de Universidade do Minho. Procurando seguir os objectives desta cisciplina © Produséo e Sistemas simultaneamente satisfazer 03 intorosses de uma empresa téxtl situada na Escola de Engenharia da regido do Valo do Ave (0 nome da entidade emprosaral seré mantido anénimo, Universidade do Minho por requeréncia expressa da mesma), desenvolveu-se o presente estudo, de ‘acordo com a maxima satisfagtio de ambos. Neste estudo, foram analisados 4 ppostos de trabalho, considerados como mais relevantes, tanto pela emprasa, ‘como pelo grupo. Os postos considerados so : * Tecelagem (tear) * Revista; » Corte; © Armazém ; Esta andlise, numa primaira fase, envolveu o estudo dos quatro postos de trabalho relativamente as condigbes de Ruido, Ambiente térmico e lluminagéo, Numa segunda fase deste estudo, apresenta-se relativamente aos postos de trabalho dos teares @ a revista a andlise detalhada de acordo com os parimetros do guia da seceo de ergonomia do" Instituto Finlandés de sade ‘coupacional * Por fim, foi estabelecida a andlise do posto de trabalho, Armazém de expedigzo, rho que cancere aos pontas criticas da actividade deste posto. ‘Ao nivel do tratamenta dos inguéritas realizados aos trabslhadores da empresa, {foram apresentadas as grelhas principais, om cada tema de estudo a que dizem respaito, ‘Aandlise desenvolvida na empresa, prendeu-se pelo ajustamento eficiente das condig6es de trabalho a domais caracteristicas dos operérios, procurando tornar agradavel o espago de trabalho e se possivel eliminar todas as situagdes, de risco e desconforto, ‘Ao longo do estudo, manteve-se sempre presente o principio basico de ‘optimizagao das concigées de trabalho. Esto objectivo foi procurado através da aplicagao dos principios ergonémicos, que estabelecem 0 equilfbrio entre as exigénclas do trabalho e as capacidades do operador que o desenvolve, jisando a harmonia da relagéo entre as ferramentas o os equipamentos dos sistemas © as reforidas caracteristicas humanas. De um modo sumério este trabalho, teve como objectivo a eficiéncia e seguranga dos sistemas homem - maquina e homem - ambiente que caracterizam a referida empresa, ‘conjugando © bem - estar © a satisfagio individuais. Na pratica, 0 estudo ergenémico desenvolvide pelo grupo teve como objectivo fazer 0 diagnéslico dos problemas, avaliar alternativas e tecer recomendagbes que melhor se ‘adequem & situagao ca empresa e aos trabalhadores. 1- APRESENTAGAO DOS POSTOS DE TRABALHO. TEAR Neste posto de trabalho é realizada a operagio de tecelagem. Esta operagio & realizada numa sec¢a0 ampla, onde estio a maioria dos equipamentos inerentes as fases da referida operagdo. A actividade do trabalhador prende-se com controlo visual do andamento do trabalho, assim como, as demais actividades de controlo da operagio, 482! Conf. Int ESHO - Braga, UM - Maia 1999 REVISTA. : . Em suma a principal componente desta tarefa prende-se com o controlo de defeitos do artigo ¢ manipulagio dos rolos de tecido para introduzir na maquina de revista e aquando do ‘érmino da operagio de revista. Note-se que todo 0 processo de revista do artigo & efectuado a oho nu, som recurso a qualquer processo tecnolégico de apoio. CORTE Em suma, a operiria tem neste posto as tarefas de execugo do corte a qual esta associada procedimentos documentais que regem a respectiva fungiio. ARMAZEM DE EXPEDIGAO Em suma, cada operirio deste posto v6 incumbido a si a fungdo de gestio das caixas e paletes, actividade esta que engloba a manipulago de algumas caixas de pequeno porte e rotulagem Blobal de todas as caixas e pales. “ 2-DESCRIGAO DOS RESULTADOS OBTIDOS Ambiente Térmico A medi¢ao na empresa dos valores dos pardmetros climatéricos considerados relevantes para a avaliagao do ambiente térmico, 6 apresentada seguidamente, para cada um dos postos estudados Posto de ea Temperatura’ | Temperatura de] Tempo do Trabalho |] doar(ta) | himida(th) | globo (ts) | arrefecimento | . ec) (ec) (2c. ( Segundos ) ‘Tear 24 20 245 41876 Revista 20 16 24 85.36 orto 15. 405, 165 63.22, ‘Armazm. 13 95 145 e477 | Posto de Trabalho Indice de arrefecimento Velocidad do ar (mis) Tear 472 oar Rovista 8.57 0.65, Corte 8.86 03. ‘Armazém, 8.65 0.19 A avaliagio da situagao do ambiente térmico dos diferentes postos, foi conseguida com 0 apoio do software Chaleur . De acordo com os resultados obtidos através deste software pode-se estabelecer um sumdrio dos principais resultados relevantes para a referida andlise. 2Conf. nt ESHO-Braga, UM-Maio 1999 49 Poste de Mv | PPD | WBGT | WBGT limite Trabalho ) =! Tear || 114 | 33 | 215 284 Revista || 0.09 | 5 17. 279 Corte, oso | 8 127 24 | Armazém_|.{_05 | to | 115 258 Fazendo agora, uma andlise detalhada a cada um dos valores obtidos para estes postos cle trabalho, verifica-se que no existe Stress Térmico, uma vez que WBGT nio excede o valor do WBCT limite. No entanto, apesar de nio existir Stross térmico, analisando o indice PPD Verifica-se alguma insatisfagio dos trabalhadores, o que denota uma situagio de algum desconforto. No que concerne a anilise do indice PMV, apenas para 0 caso do tear, se verifica cexisténcia de uma situago de algum desconforto térmico, por calor, podendo-se classificar ‘como um ambiente térmico ligeiramente tépido. Deve-se também referir, que nfo existe qualquer restrigio de tempo relativamente 4 permanéncia dos trabalhadores no postos de trabalho durante a globalidade do seu turo. mindncia ‘As meilidas foram realizadas onde o operador se encontra a trabalhar © nos pontos onde © operador tem de actuar (Plano de Trabalho). ‘As lmpadas utilizadas nas instalagdes fabris so de “L S8W/S4”, na parte ‘da Revista para ‘lem das existentes no tecto temos mais duas lémpadas “I, 36W/10” que se encontram por de ccima do plano de trabalho. “Apresentamos 0s valores medidos de cada posto de trabalho. ‘TECELAGEM Postode || Numero do Tear| tluminncia a0 Trabalho nivel do Tecido (ux) 17 175 3 264 9 205 5 136 6 2 4. Toares 165.2 302 185 Segundo a Norma DIN 5035, que descreve detalhadamente os niveis de iluminagao ¢ que se tencontra em anexo, podemds considerar que a Tecelagem enquadra-se dentro do nivel 6-7 (Tarefas visuais normais com detalhes médios”), Ao comparar os valores obtidos com os recomendados verifica-se que dentro deste sector temos grandes problemas de iluminancia Os valores recomendados para este nivel 6-7 sfio de $00 — 750 lux, temos assim que todos os ‘Teares sio probleméticos, Para resolver este problema teremos que verificar se o numero de limpadas existentes sero as suficientes, se estarvio colocadas no local correcto, se a propria cstrutura de suporte das Kampadas ¢ a mais adequada. 50 2°Canf. Int, ESHO - Braga, UM - Maio 1990 Movimentagiio de Cargas 0s postos considerados foram a revista e o atmazém de expediglo. Para o primero foi utizado a ‘guia NIOSH ( pois o trabalho realizado nfo envolve deslocagio do peso ), enquanto que para o segundo posto foi nccessiio recorrer & norma Francesa NFX 35-109, de 1989. Como resultados, para a Revista, vem: Peso limite recomendado de 6,6 Kg; existindo pesos manipulados de 40,100,150 Kg, trabalhos para dois trabalhadores, ‘As medidas tomar, passam nomeadamente, pelo acompainhamento médico adequado © pela mplementago de um sistema mecsinico com empilhadora Como resultados, para o Armazém de Expedisio, temos: Peso maximo de cada caixa permitido= 25 Kg ‘Massa total méxima permitida = 50 Kg/min ; ‘Frequéncia méxima de transporte = 0.5 minutos . ‘Neste posto sio realmente manipulados pesos na ordem dos 4, 15 ¢ 30 Kg. Conclui-se, que os trabalhadores deverdo requerer ajuda para as caixas de 30 Kg. Ruido No decorrer da anilise do ruido nos diversos postos de trabalho considerados, conchuiu-se que : = No que diz respeito a ultrapassagem do Nivel de Acgio (85 dB(A)), 0s postos em risco sii os teares ea Esquinadeira, = No entanto, no que conceme a ultrapassagem do em isco 60 dosteares. * = Por outro lado, 0 tinico posto onde é ultrapassado 0 Nivel de Pico (140 dB(A) compreende uma vez mais a zona dos teares. Como tal, calculou-se que o tempo maximo de pérmanéncia no posto de modo a nko exceder o nivel de acgo seré de apenas 0,379 horas por dia para os teares e de 2,6048 horas para a csquinadeira, enquanto que para que nfo se exceda o valor limite, os trabalhadores dos teares poderfo permanecer nos seus postos durante 1,2135 horas por dia, enquanto que os trabalhadores da esquinadeira nfo terdio qualquer problema quanto a este valor. vel Limite (90 dB(A)), 0 tinico posto Foram propostas medidas para atenuar os efeitos do ruido para os postos mais critics, rnomeadamente, por ordem de preferéncia : = Medidas organizacionais : Rotago dos trabalhadores de modo a diminuir o tempo de cexposigdio e adguitir equipamentos menos ruidosos ; - Medidas de Engenharia : Utilizar materiais amortecedores de choques ¢ vibragées, tratamento aciistico das superficies, isolar os motores das méquinas ; Medidas de Protecgo Individual : Dado que os trabalhadores utilizavam um tipo de protectores auditivos, denominados Ear Ultrafit, sugeriu-se (ap6s a comprovagio através de calculos) a introduglo de outro modelo de protectores, os Cabot Safety Ear Benefit Plugs. 2*Conf. In. ESHO-Braga, UM-Msio 1999 St soereminteintiniiataat AUTORES ‘ana C. Trindadet ‘Ana Gomes? José Carvalhais* ‘Anabela Simbes* aris Fu ‘Alameda Artal Sélo, Mirafores 2798 Linda-a-velna 2 Fac. Moteeldade Humana, Dep. de Engonomi, Esveda da Costa, 1405-588 Cruz Quebrada Dafunde Estudo Ergonémico de uma Central de Controlo de Trafego de Transportes Publicos {A introdugio de novas tecnologias numa Central de Comando de Trafego de ‘autocarros motivou um estudo ergonémico que, com baso na anélise da Actividade © das condigSes de trabalho actuais, permitiu elaborar Tecomendagées de optimizagao da situago a nivel da reconcep¢a0 do “layout” dda sala, dos postos de trabalho e envolvimonto, bem como da organizagao do trabalho e em particular do horério de trabalho por turnos. Introdugo ‘A Central de Comando de Trafego de autocarros ¢ eléetricos, de um operador de transportes piblicos de Lisboa, esté a ser alvo de uma transformarao progressiva devido & introdugio de novas tecnologias. Esta alteracio vai implicat a reconcepgfo do “layout” da sala, bem como, das postos de trabalho, das tarefas e respectivo envolvimento. Desta forma, efectuou-se um estudo ergonémico, com base na andlise da actividade ¢ das condigdes de trabalho actuais, tendo em vista a definigdo de recomendagdes para a sua optimizagio acolhendo as transformagdes provistas. ‘A Central funciona com um sistema de comunicagio por radio (SICRA) que permite a comunicagio com as viaturas, através da voz ou por meio de mensagens programadas. Este sistema iri ser complementado por um médulo de localizagao automatica de viaturas (GPS), formando um sistema de ajuda a explotagio (SAE). O objectivo deste sistema é a melhoria da regularidade © pontualidade das viaturas, alargando 0 controle do trafego de 60% para 100%. Presentemente, cada operador funciona com um computador, um telefone ¢ um ridio, sendo a informagio apresentada no écran respeitante a infcio e fim da viagom, cmergéncias, pedidos de comunicagio, ete, O futuro sistema, que compreende 0 controlo e gestio de 3 computadores por operador, fornece informagio, em tempo real, sobre a localizaggo do veiculo, a situagio de ‘trifego numa determinada rea, horérios de carreiras, etc, Paralelamente, ird existir um “video wall”, que permite a visualizagio de determinadas ércas de tréfego. Por outro lado, sero criados mais 4 postos de trabalho. ‘A Central funciona 24 horas por dia envolvendo 31 trabalhadores que se distribuem por trés tumos de trabalho: 5-12h; 12-19h; 19-Sh (o tuo da noite tem 10 horas de trabalho integrando 3 horas extraordinérias), Em cada turno trabalham normalmente 1 chef de turno, 6 controladores SICRA que fazem a gestio das carrciras, 1 responsivel por acidentes e 1 responsével por avarias, embora exista alguma variabilidade, quer em relagio ao niimero de individuos por turno, quer em relago aos horérios (alguns s6 rodam em dois tumos: 7- 14b; 14-21h). Esta sitmag&o deve-se ao facto de nem todos os postos funcionarem nas Redes da Madrugada ¢ Serdo. Os operadores trabalham 6 dias consecutivos no mesmo tumo seguidos de 2 ou 3 dias de folga. O sentido da rotagio é para tris: noite-tarde-manhé. Existem pausas (espontineas) para café ou pequena refeigao ¢ ir & casa-de-banho, sendo estas realizadas, em média, apenas uma vez por dia, Outro factor importante, diz. respeite & realizagio frequente de horas extraordinétias (entre 3 ¢ 7 horas, situagéo limite que correspond a 2 tumos consecutivos). 52 2*Conf. Int. ESHO- Braga, UM - Malo 1999 Metodologia ‘A populagio da Central (N=30) 6 de idade algo avangada, variando entre 36 a 61 anos (imédia=50,8 © desvio padrio=5,65), uma vez que o seu recrutamento é baseado na experiéncia, em termos de tréfego ¢ conhecimento profundo das carreitas (a maioria desempenhow fungdes de motorista/guarda-freio c/ou fiscalizagio). So todos do sexo ‘masculino ¢ tém habilitagées relativamente reduzidas (83.4% tom o 1° ou 2° ciclo). Para a realizagao deste estndo foram realizadas observagdes, questionarios ¢ entrevistas, com © intuito de conhecer detalhadamente a actividade de trabalho desenvolvida, Paralelamente, foram realizadas mediges a0 nivel de iluminago da sala, ao nivel sonoro, bem como, A temperatura e humidade relativa do ar. Resultados [As principais queixas dos trabalhadores, de acordo com 0s dados do questionério, dizem respeito a fadiga (70%) ¢ dor ao nivel da coluna cervical (60%) e lombar (56.7%), ¢ dos membros inferiores: pernas (26.7%) e coxas (20%). Paralelamente, 93,3% dos individuos apresentam queixas do foro visual, verificando-se um aumento destas em 53.3%, comparativamente A fangfo que desempenhavam anteriormente. Existem também sintomas de fadiga visual associados, tais como, olhos cansados (66.7%), dores de cabega (46.7%), comichio nos olhos (33.3%) e olhos vermelhos (33.3%). Ao nivel de outros sintomas relacionados com a actividade e 0 trabalho por furos, os operadores referiram sentir iitabilidade (46.7%), perda de sono (33.3%), problemas digestivos (30%), ins6nias (26.7%) ce tonturas (26.7%). Para 90% dos individuos, esta actividade requer atengo muito clevada ou clevada, Também quase todos os operadores (86.6%), afirmaram sentir stress, uns mais frequentemente que ‘outros. As situagdes causadoras de stress mais apontadas foram o bloqueio do sistema (26%) as situagdes de tréfego mais complicadas (26%). ‘Ao nivel da avaliago subjectiva da qualidade do sono apés cada um dos tumos, 0 sono diumo, que segue o turno da noite, é mais irregular (45.4%) comparativamente com 0 tumo da mani (28,6%) e da tarde (10.7%). © sono apés o turno da tarde, para além de scr considerado, para a maior parte dos operadores, bom (64.3%), € 0 mais profundo (57.1%), ‘mais calmo (85.7%) ¢ mais repousante (92.8%). O sono apés o tumo da noite é mais leve (61.9%), agitado (57.1%) e ineficaz (47.6%), havendo mais dificuldade em adormecer. No {que se refere ao despertar, o turno da manha é aquele onde os operadores se sentem menos alerta e mais sonolentos (35.7%), sendo o turmo da noite aquele em que se sentem mais fatigados e menos repousados (66.7%). A perturbasio da vida familiar e social pele actividade & referido por 46.4% dos operadores, apontando como razées o trabalho por tumos (53.8%), 0 pouco tempo disponivel para a familia (38.4%), especialmente quando fazem 0 tumo do fim-de-semana ¢ 0 da noite, & alteragdes do humor (7.6%). Em termos de envolvimento fisico, os aspectos que tomémos em consideragio, foram a iluminagio, ambiente térmico ¢ ruido. O nivel de iluminagao, quor pelas medigées realizadas, quer pela opinio dos operadores, encontra-se, de uma forma geral, adequada & actividade, Porém, 40.2% dos individuos sente dificuldade por existéncia de reflexos no Geran, Este facto, pode ser explicado pela incorrecta localizago dos operadores na sala, relativamente as fontes de iluminagio natural e artificial da sala. Quanto ao ambiente térmico, e de acordo com as medigSes realizadas, os valores da temperatura e da humidade relative do ar, encontram-se normais. Porém, 53.3% dos operadores sentem-se incomodados, considerando a temperatura inadequada uma vez, que a sala nfo apresenta qualquer sistema de renovagio do ar ¢ 0 sistema de ar condicionado nfo é eficaz. Assim, o ar encontra-se bastante saturado, originando mal-estar. Por fim, ao nivel do ruido, todos os individuos sentem algum desconforto. Esta situago deve-se 20 facto de os operadores estarem constantemente exposios a um nivel de ruido com valor entre os 60 ¢ 70 dB (A), atingindo, frequontemente, picos de 90 a 120 dB (A). Este ruido resulta da frequente comunicagio que 2° Conf Int, ESHO- Braga, UM-Maio 199063 esta actividade implica, nfo s6 com os motoristas, mas também, entre os diferentes operadores da Central. Discussio ‘As queixas dos operadores poderio estar associadas ao tipo de actividade que exercem, caracterizada por longos periodos de tempo passados em postura sentada estética, com grandes exigéncias visuais, de atengio e comunicagao. A isto, acrescenta-se o trabalho por tumos que prejudica 0 sono, as pausas reduzidas e o grande nimero de horas extraordinirias. Por outro lado, a populagiio csté relativamente envelhecida e desempenha esta actividade hé 4 alguns anos, devendo-se salientar que a maioria destes individuos, anteriormente, realizou fungdes de motorista ou guarda-freio, © que pode também ter implicagdes. Bxistem ainda, condigdes do envolvimento menos boas (especialmente do ambiente térmico ¢ ruido). A irregularidade no horirio das refeigfes e a pobre qualidade da alimentagio pode contribuir para os problemas digestivos. © turmo da tarde € aquele que apresenta mais vantagens, em termos de qualidade do sono, 0 da noite & aquele que acarrcta mais dificuldades. No entanto, o turno preferido pelos operadores & o da manha, por ser menos cansativo (estado de vigilia mais elevado) e pela possibilidade de dispor de mais tempo livre, ‘Recomendagiies zesentamos de seguida algumas das principais recomendagdes sugeridas pela nossa analise, que foram propostas ou que esto ainda em estudo: a) Apesar da experigneia, a idade avangada acarreta alguns constrangimentos a nfvel das capacidades desta populagio. Tendo que se aumentar o nimero de postos, sugere-se que 0 processo de recrutamento possibilite 0 rejuvenescimento da populagéo. Por outro lado, sugere-se formagio mais especifica, especialmente a nivel informatico; b) De acordo com as recomendagdes para a concepsio de sistemas de rotaglo e face as exigéncias deste trabalho, propomos um sistema de 4 tumos de 6 horas em substituigiio do sistema attual, por exemplo, 7h-13h-19h-1h-7h com rotagdo para a frente e ripida. Isto, implica também a necessidade de recrutamento e formagio de mais operadores Paralelamente, recomendamos que os individuos realizam pausas mais frequentemente; ©) A disposigio dos diferentes operadores, bem como, do equipamento de trabalho, deverd ser realizada conforme o “Jayout” indicado na figura seguinte. Fsta disposigio, permite que 0s operadores estejam relativamente orientados para o “video wall”, privilegiando a proximidade dos operadores que necessitam de comunicar entre si. Por outro lado, 0 chefe de ‘tumo (posto colocado sobre um estrado de 40cm de altura) assume uma posigtio que Ihe saibilita ver os éerans dos operadores e controlar 0 “video wall”. A colocagao de biombos ‘nite as mesas iré individualizar cada posto de trabalho, reduzindo as interferéncias causadas pelas comunicagées verbais. As dimensdes do tampo da mesa (180cm"100cm) foram consideradas de forma a permitir a colocagao de 3 computadores, bem como, do restante material. Optou-se por superficies mate, de forma a nao originar reflexos. Os écrans, devem ser colocados em semi-circulo, a cerea de 30 cm do olho © 15° abaixo da linha horizontal de visio. As cadeiras adoptadas, sfo ajustéveis em altura c dinfmicas ao nivel do encosto, permitindo alterar a postara, 4) Recomenda-se que o nivel de iluminagao de cada posto de trabalho seja préximo dos 300 lux. Para o efeito, teré que se minimizar as fontes de luz. natural (utilizagdo de estores em PVC de lamelas verticais), privilegiando a luz artificial. Relativamente a esta, observou-se que algumas das lémpadas existentes provocam o efeito de cintilagdo, o que € indicador de envelhecimento, provocando fadiga visual ¢ dificultando a visualizagdo do écran. Assim, todas as lmpadas devem ser substituidas, bem como, devem ser colocados condensadores znas armaduras, de forma a minimizar esse cfeito. 542° Conf. In. ESHO - Braga, UM - Main 1999 o — = ae =p ¢) Quanto ao ambiente térmico, sugere-se que as unidades “split” de ar condicionado sejam redispostas, colocando uma em cada parede da sala num plano clevado, permitindo a descida ¢ dispersdo do ar fresco na sala. A pobre qualidade do ar aconselha que seja adquirido um sistema de ventilagao que renove e retire o ar saturado, 1 Por fim, hd a necessidade de minimizar o ruido na sala, Assim, as paredes devem set revestidas com material absorvente. E necessério substituir o material existente que apresenta um estado de degradacio consideravel (problemas de infiltrago) ¢ que favorece a acumulago de poeiras. Desta forma, um dos materiais pensados é-a-cortiga, éstando a ser investigados outros materiais economicamiente vidveis. No tecto, as placas de Ii de rocha existontes deverdo ser generalizacas a todo a area, As mesmas devero ser limpas, de forma a eliminar a poeira e a desempenhar melhor a sua fungéo. Bibliografia Grandjean, E. (1988) “Fitting the task to the man: a textbook of occupational ergonomics”, ‘Tayloré&Francis Kolski, C, (1997) “Interfaces homme-machine: application aux systémes industriels complexes”, Hormés. Monk, T.; Folkard, S. (1992) “Making shiftwork tolerable”, Taylor&Francis. 2° Conf. Int ESHO-Brage, UM-Maio 109965 ESTUDO ERGONOMICO DA ACTIVIDADE DE COZINHEIRA EM REFEITORIOS DA C.M. LISBOA Silvia Henriques*, Rosario Pedrosa**, José Carvalhais* ¢ Anabela Simées*. * Faculdade de Motricidade Humana, Departamento de Ergonomia, Bsteada da Costa, 1495-688 Cruz Quebrada ** Cfimara Municipal de Lisboa, Divisao de Seguranga Higiene e Sade, Rua de Cruz Vermclha, 12, 1600-053 Lisboa Sumério, Este estudo teve como principal objectivo a avaliagdo das condigdes de trabalho e da carga de trabalho em cozinheiras de ts refeitorios da Cémara Municipal de Lisboa, 2 O estudo centrou-se em métodos de observagio directa ¢ indirecta, na caracterizagio do espago fisico dos refcitérios © numa andlise dos acidentes de trabalho. Para além disso, houve ainda a aplicagao de um questionario « 42 cozinheiras para avaliacio subjectiva das condigdes de trabalho © medigSes da frequéncia cardiaca, do ruido e da iluminagéo. Os resultados mostram que as cozinheiras tém uma actividade bastante intensa do ponto de vista fisico e cognitivo, num envolvimento nem sempre bem adaptado © envolvendo alguns factores de risco, com repercussées ao nivel da sua satide © bem-estar. Com este trabalho foi possivel quantificar essas ropercussies ¢ fomecer um conjunto de recomendagBes com vista a melhorar as condigdes de trabalho nos refeitérios do Municipio. 1. INTRODUGAO © trabalho das cozinheiras nos refeitérios da ‘Camara Municipal de Lisboa (CML) tem uma fungio muito importante, fornecendo a alimentagao necessatia a todos os trabalhadores do Municipio. A CML tem cerea de dezasseis refeitorios gerais complementados por refeitérios especificos de alguns grupos profissionais, como é 0 caso da Policia e dos Bombeiros, Este estudo ergondmico incidiu na actividade de cozinheira, em trés refeitérios gerais da CML. ‘A actividade de cozinheira em restauragio tem bastantes cxigéncias, com destaque para os cconstrangimentos temporais ¢ a necessidade do grupo de trabalho coordenar a execugao simultinea de um vasto conjunto de tarefas muito diversificadas. Esta variabilidade é acentuada pela alterardo difria das ementas e do tipo de alimentos e de pratos a confeccionar. A. forga constitui outro factor importante, subjacente zo manuseamento de utensilios pesados (por exemplo, tachos ¢ panelas de grande dimensio). De realgar, também, as exigéncias cognitivas, por exemplo de atencio, para que 0s tempos de cozedura no sejam ultrapassados ou os temperos excedidos, Deste modo, esta actividade caracteriza-se por uma acentuada carga fisica associada, também, a uma importante carga mental, sem esquecer os aspectos de interacglo dentro do grupo de tabalho. Para além de tudo isto, se considerarmos a existéncia de algumas condigdes de trabalho menos favordveis © a exposigo a alguns factores de riseo (por exemplo de queimaduras), & natural que nesta actividade ocorram, com alguma frequéncia, acidentes e baixas por problemas relacionados com o trabalho. KO objectivo geral deste estudo foi a anilise © avaliagéo das eondigdes de trabalho e da carga de trabalho em cozineiras de tres rfeitrios da CML. Foram seleccionados dois refeitiris de ‘maior dimensio (Aleéntara ¢ Olivais), com base om trés pardmetros: maior némero de refeigdes servidas, de cozinheiras © de acidentes de trabalho, Foj ainda escolhido um refeitorio de dimensio média (Alexandre Hereulano), para permitir uma comparagéo. Em termos’ mais eapecificos, delinearam-se os seguiates objectives de andlise a )Levantamento caracterizagio das necessidades no ambito da Ergonomia, Higiene e Seguranga; b) Levantamento © caracterizagdo do envolvimento fisico do trabalho (ruido ¢ siluminagio); ©) Caracterizagio das tarefas dando énfase as principais exigéncias; @) Posturas adoptadas utilizados; €) Caracterizago da carga de trabalho fisica através de indicadores de avaliagio com base na medigao da frequéneia eardiaca; 1) Caracterizagdo dos modelos de organizagzo o trabalho adoptados nos trésrefeitrios; ®) Caracterizag@o estrutural e funcional do meio envolvente. equipamentos 137 138 Com este trabalho protendeu-se fornecer um conjunto de recomendagées com vista a melhorar as condigdes de trabalho nos refeitérios da CML. 2. METODOLOGIA, A anflise ergondmica centrou-se na utilizagio de métodos de observagéo directa e indirecta (filmagem e fotografia), em paralelo com a ccaractorizagiio do espago fisico dos refeitérios & a elaboragiio ¢ aplicacio de um questionério de avaliagio subjectiva das condigdes de trabalho, ‘Efectaram-se, também, medigdes da frequéncia cardisca, do ruido c iluminagao, bem como uma investigagao dos acidentes de trabalho ocorridos em 2000, A observacao no local de trabalho & um método que permite a0 ergonomista ter acesso A realidade e registi-la, de modo, a poder analisi- Ja posteriormente. A observapio permitiu-nos a deserigzo da tarefi/actividade e a identificagio de eventuais disfuncionamentos. ‘A caracterizagio do espago fisico protendeu relacionar 0 espago existente com a localizagao dos equipamentos, as dreas de execugio das diferentes tarefas’¢ os circuitos percorridos pelos trabathadores. Esta caracterizago constou de um levantamento das dimensbes das cozinhas dos refeitérios, das bancadas ¢ dos equipamentos. Os dados permitiram 0 desenho em CAD da planta da cozinha, em cada refeitério. ‘A analise dos acidentes de trabalho permitin encontrar os principais tipos de acidentes, relacioné-los com as suas causas € propor soluges com 0 objectivo de etiminar os factores de risco prevenir futuros acidentes questionario sendo um meio de descobrir a realidade ¢ de conhecer a opiniio das pessoas. [1], foi aplicado, sob a forma de entrevista individual, & populagdo de cozinheiras dos 3 refeitrios, respectivamente 18 em Alcantara, 14 nos Olivais e 10 na Alexandre Herculano (num total de 42 senhoras). O questionério foi dividido em eapitulos focando, nomeadamente, os soguintes aspectos: Caracterizagio da populagio alvo; Organizapo do trabalho; Carga de trabalho; Problemas de satde das cozinheitas; Acidentes de trabalho; Posto de trabalho; Envolvimento fisico € Vestuério de protecedo. A finalizar, as cozinheiras avaliaram as condigdes de trabalho, descrevendo os prineipais aspectos positivos e negativos, bem como sugestées para a sua melhoris. As questes so, na sua maioria, fechadas utilizando escalas de 1 a 5, onde o valor 1 corresponde @ muito mau, enquanto 0 valor 5 corresponde a muito bom. Existem, também algumas questées com escala nominal dicotémics (sim ou nfo) e questdes de escolha nniltple |As medigbes da frequéncia cardiaca foram feitas, por telemetria Com o polar Vantage NVTM. Fizeram-se medigdes globais durante as 8 horas. de trabalho, em cada refeitério, e medigbes mais especificas das tarefas que envolvem maior carga. A froquéneis cardiaca é um indicador de carga fisica que nos permite quantificar, através de tabelas, a penosidade das tarefas ¢ 0 seu custo para os trabalhadores, identificando riscos para a satide. A hierarquizagio das tarefas, de acordo com a sua penosidade, fornece elementos para, por exemplo, justificar que determinada tarefa seja dividida por dois operadores. Foram utilizados dois métodos para analigar a frequéncia cardiaca (2), a proposta de ‘A, Chamoux, para um estudo global de 8 horas do trabalho © a proposta de P. Frimat, para analisar tarefas especificas. Q.mudo foi medido com um sondmetro Briel & Kjaer tipo 2260, que fomnece os valores de LAgy e de Ipico, Sem ser necessério o cileulo por expresses logaritmicas, As medigdes foram feitas em diversos pontos dos refeitirios (zona de preparagio das releigaes, sala de refcigoes © zona de lavage da loiga), com 0 objective de {quantificar exposigo das cozinheiras a0 ruido. Foram feitas medigdes da iluminancia com um luximetro Della OFIM, em diversas zonas de trabalho dos refeitérios (cerca de 40 pontos por bancada de trabalho). Com os valores cencontrados calculou-se uma média aritmética que foi comparada com dados encontrados na bibliografia para este tipo de actividade [3), 3. RESULTADOS, Caracterizacio da populacko ‘Como se referiu anteriormente 0 questionério foi aplicado # 42 cozinheiras, todas do sexo feminino. Esta populagdo caracteriza-se por no ser muito jovern (média de 43 anos de idade), sendo maioritariamente casada, com dois filhos, e tendo como habilitagao a 4*classe. A estatura média é de 158 om ¢ 0 peso é um pouco elevaclo (0 valor médio 6 72,9Kg), revelando alguns problemas de obesidade. Os prineipais problemas de saiide referidos pelas cozinheiras cstio ligados a sintomas dolorosos na coluna vertebral (86,3% de queixas), bem como, varizes (80,9%), artroses em diversas partes do compo (59,5%) ¢ ainda algumas tendinites (19,9%). Praticamente todas as cozinheiras relacionam os seus problemas de saiide com a sua actividade. ‘A CML mostra preocupasao em providenciar cursos de formagio as cozinheiras, visto que cerca de 66% das cozinheiras jé tove formagio externa, O fmbito da formayao tem sido a Higiene e Saiide Aliment. Carga de trabalho Pela observagio, verificou-se que, a maior parte das vezes, a postura adoptada pelas cozinheiras durante a excougio das suas tarefas corresponde ‘uma inclinagdo do tronco A frente, de cerca de 30° a nivel lombar, em conjunto com flexto cervical. Esta postura vai acarretar custos a0 nivel da coluna vertebral, situagio que foi evidenciada no questionario, onde uma grande percentagem de cozinheiras apresenta queixas de dor a esse nivel. A par destas exigéncias posturais constata-se, ainda, que esta actividade ‘obriga as cozinheiras a grande concentragio no trabalho ¢ constrangimentos temporais que agravam a situagdo. No questiondrio fez-se um levantamento subjective das tarefas_que envolviam majs esforgo, aparecendo em primeiro_luger a separagio da loiga. Segue-se, por ordem decrescente de esforco, o transporte dos ingredientes, a lavagem das loigas ¢ as limpezas Por fim, aparecem as tarefas mais Tigadas a ‘confecgtio das refeigdes como envolvendo tnenos esforgo, De salientar que as tarefas que se afastam um pouco da fungio principal de cozinheira, so consideradas por elas como mais penosas. ‘A carga de trabalho foi analisada separadamente através da medigao da frequéncia cardfaca nos és refeitérios, pois cada um apresenta constrangimentos diferentes que t@m que ser quantificados. Apesar disso, Os resultados globais s40 semelhantes. Deste modo, na apreciagio global dos trés refeitirios segundo © critério de Chamoux, 0 Custo Cardiaco Absoluto (C.C.A) permite classificar os postos de trabalho como correspondendo a uma actividade com custo muito moderado (Aledntara © Alexandre Herculano) ou ligeiro (Olivais). Relativamente ao Custo Cardiaco Relativo (C.C.R.) para os trabalhadores, este corresponde a um nivel moderado nos trés refeitrios. Bmbora estes resultados paregam indicar wma actividade sem grande custo fisico, na realidade cexistem tarefas © periodos de actividade com zprande intensidade, Como exemplo, efectuou-se © registo da frequéncia cardiaca de uma cozinheira com 47 anos (idade nio muito superior A média nos tr€s refeit6rios), na tarefa de preparagdo das refeigdes. Bsta tarefa envolve bastantes manipulagdes de cargas c apresenta constrangimentos temporais clevados, Os resultados foram os seguintes: Frequéncia Cardiaca Média = 103; _ Frequéncia Cardiaca ~ 33; Frequéncia Cardiaca a= 173; Custo Cardiaco Relative = 32%, Estes dados, levam: ros a coneluir que esta tarefa de preparagao das refeigdes tem uma carga fisica considerada pesada, ou seja, acarreta custos para a satide € para o bem-estar desta cozinheira. Organizacao do trabalho CO horério normal de trabalho é das 8 és 16horas, para 27 das 42 cozinheiras. Nos restantes casos, cexistem situagdes com uma hora extraordindeia A. distribuigio das tarefas_no_ refeitério ‘Alexandre Hereulano € considerada boa, pois tem implementado um sistema de rotagdo, permitinda que todas as cozinheiras passem por todas as tarefas. Nos outros refeitérios nao existe este sistema, sendo a distribuiggo das tarefas um pouco aleatéria 0 que, por vezes, pode provocar injustigas e aumentar @ carga de trabalho. A distribuigao das tarefas € feita pela respectiva pela respectiva cozinheira chef Posto de trabalho eenvolvimento ‘Em relagio & altura das bancadas de trabalho, a maioria das cozinheiras considera-as como boas, excepto & altura do deseascadar de batatas em todos os refeitérios ¢ a altura da zona de confecgio num dos refeitérios, A organizagio espacial, as areas de circulagio e a extracgo de fumos so considerados como aceitiveis. O ruido apresenta valores similares nos trés refeitérios, aa ordem dos 72 a 77 dB(A) na cozinha, 79 a 82 dB(A) na sala de refeigbes © 82 84 dB(A) na zona de lavagem da loiga. nivel de ruido 6 maioritariamente referenciado no questionério como mau ou muito mau (86% das cozinhires). AA iluminancia encontra-se, de uma forma geral, adequada para esta tipo de actividade (300 lux), salvo algumas excepgdcs devidamente identifieadas. A iluminagdo € maioritariamente ‘considerada boa (52,4%) ou aceitavel (33,3%). ‘A temperatura no Verio € considerada no {questionério como mi ou muito ma (83,4%) por ser excessiva, No Inverno, a temperatura & considerada mé (fria) por 57,1% da populagao. 139 140 Acidentes de trabalho ‘Nos 3 refeitérios em estudo registaram-se 23 acidentes de trabalho no ano 2000. Estes acidentes, segundo a natureza da lesio, correspondem a oito queimaduras, seis comogéies € traumatismos, cinco entorses © distensBes e quatro cortes. No questionario, 2 maior parte das cozinheiras refere que ja sofreu acidentes de trabalho © que, nos iltimos cinco anos, ja tiveram pelo menos um acidente, As queimaduras ¢ cortes constituem tipo de acidente indicado como mais comum, A sua ocorréncia deve-se prineipalmente aos constrangimentos temporais da actividade, ao que se associa o facto de ndo cexistirem equipamentos de protecgao individual (EPI’s) ©, ainda, em alguns casos, por as instalagdes necessitarem de obras. Em relagio aos EPI’s e vestuatio, as cozinheiras jJulgam a bata e o avental como sceitiveis, mas consideram as luvas mis, pois nio estio adaptadas ais tarefas. 4, CONCLUSAO ‘A introdugdo de algumas alteragdes nos refeitérios estudados pode trazer beneficios, quer & saide dos trabalhadores, quer & propria produtividede. Assim, na sequéncia da anélise efectuada foi elaborado um conjunto de recomendagdes para fazer face aos problemas diagnosticados. Genericamente, as principai alteragdes a serem efectuadas passam pelos seguintes aspectos J iintrodugio de sistemas de rotagio de tarefas adequados @ actividade de cozinbeira; © introdugZo de equipamentos (carros) de transporte de cargas; 7% aquisigio de B.P.1's adequados as tatefas (luvas, caleado, bata e avental); © a compra de certos equipamentos de apoio, nomeadamente bancadas e prateleiras fechadas para amumacao; ‘© reforgo da iluminago em certas zonas de trabalho; * providenciar formagio as cozinheiras, nomeadamente, sobre Movimentagio ‘Manual de Cargas. 5. BIBLIOGRAFIA [1] Chesnois, Marion, “Analyse du poste de Travail et démarche Ergonomique”, INRS, 1996. [2] Gomez, M* Dolores, “Notas téenicas de prevencion NTP-295”, Instituto Nacional de Seguridad e Hligiene en el Trabajo, 1991. [3] Rocher, M, “Nouveau concerto pour piano”, Travail et Securit, Dezembro 1988. Bt

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