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1750 1775 180) CapituLo 3 ) A ESCOLA FISIOCRATICA Osfisiocratas surgiram na Franga préximo ao final da época mercantilista. O inicio dessa esco- la pode ser datado em 1756, quando Quesnay publicou seu primeiro artigo sobre economia na Grande Encyclopédie. A escola terminou em 1776, quando Turgot perdeu seu alo posto no governo francés ¢ Smith publicou seu Waclth of nations. Mas a influéncia dos fisiocraras durou muito mais do que as duas décadas durante 2s quais eles lideraram mundo do pensamento econdmico. Depois de apresentar uma visio geral da escola, examinaremos as contribuigées eco- némicas dos dois fisiocratas mais proeminentes — Quesnay e Turgot. VISAO GERAL DOS FISIOCRATAS O cenério hist6rico da escola fisiocratica A fisiocracia foi uma reagéo a0 mercantilismo e as caracteristicas feudais do antigo regime na is que impreg- Franca ¢, ainda assim, nao conseguiu fugir completamente dos conceitos medi navam a sociedade francesa. r Biblioteca Regional 33 CUR/ UFMT Rondonépolis /MT. Ea | HISTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO A minuciosa regulamentagio da produgio pelo governo, chegando a expecificar 0 mime- ro de fios necessérios por metro de tecido, pode ter impulsionado alta qualidade, mas certamen- te encarcerava a producio em uma camisa-de-forca que ndo permitia experimentos, melhoria dos métodos de produso ou alterscio das preferéncias do consumidor. Um governo corrupro € extravagante tornou impossivel a imposicao equitativa dessas regras. O crescimento do comér- cio ea concorréncia cada vez. maior comaram essas regras desnecessirias. A indiistria francesa foi retardada em seu desenvolvimento pelas autoridades locais que impunham pedagios, impostos e tarifas internas, impedindo, portanto, a movimentagio de bens. A agriculcura francesa foi onerade pelas condigSes impostas pela nobreza dona das terras. Os camponeses eram submetidos 2 impostos sobre a terra ¢ os Iucros da lavoura, enquanto a nobreza ¢ 0 clero tinham isengio desses impostos. Os impostos variavam de ano a ano, depen- dendo da vontade do coletor de impostos ¢ da riqueza do camponés. Na realidade, franquias foram vendidas a “consignatérios de impostos”, permitindo que eles colerassem para si mesmes a mesma quantia em impostos que podiam extorquir dos habicantes de uma determinada Are. Os consignatérios de impostos pagavam uma taxa fixa anual ao governo no inicio de cada ano fiscal ¢ retinham tudo 0 que coletavam além disso. Os incentivos para que o individuo acumu- lasse riqueea ¢ expandisse iavestimentos eram, entéo, seiamente prejudicados. Os camponeses tinham de pagar débitos ao seu senhor quando herdavam uma propriedade ou quando a trans- feriam por venda. Eles tinham de fazer negécios e pagar altos encargos para os moleiros, os padeiros e os prensadores de vinhos do senhor. Os nobres tinham o direito de praticar a caga esportiva nos campos cultivados de seus camponeses, ¢as leis do jogo proibiam a retirada de er- vas daninhas ¢ a capina, se isso perturbasse as perdizes. A odiada corvéia, revivida por Colbert e perpetuada depois dele, forgava os camponesese seus animais de carga a trabalharem sem paga- ‘mento nas rodovias piblicas, em grande parte para o beneficio dos outros. Por séculos, o governo francés ¢ as auroridades das cidades tinham submetido 0 comércio de graos a uma incrivel reia de regulamentagies. Aré a reduzida liberdade permicida a outros tipos de comércio era negada ao comércio de gras. A exportagao de grios da Franca era proi- bida. As autoridades estavam mais preocupadas cm manter o fornecimento cquilibrado do que ‘em promover os interesses da agricultura. Mas excegdes foram concedidas nos anos de fartura Permiss6es especiais a particulares podiam ser emitidas, indicando a quantidade ¢ o tipo de gréos a serem exportados e, normalmente,o seu destino. Dentro do reino, 0 grio ea farinha nao po- diam ser transferidos de uma provincia a outra sem permissio. Para receber licenga para vender {gidos entre as provincias, um mercador tinha desubmeter todos os detalhes do empreendimen- toa um inspetore, depois que o grio tivesse realmente sido sransportado, um certficado sinha de ser emitido, mostrando que o consignatitio tinha realmente atingido o destino estabelecido. O grao era sujeito a restricfo adicional dentro de cada provincia, As leis especificavam o prego dos gros ¢ onde eles deveriam ser vendidos. Em tempos de escassez, a venda era compulséria para impedir 0 estoque. Os pedégios, bem como as regulamentagoes, impediam 0 comércio de sos, de mancira que, em uma ea, os exeedentes podiam abarrotar um armazém, enquanto a alguns quilémettos dali as pessoas morriam de fome. As guildas de mercadores e de artesios, que surgiram durante 0 periodo medieval, persis tram mais tempo na Franca do que na Inglaterra. Asguildas de mercadores controlavam o dire tode exercer um comércio em uma cidade. As guildas de artesios. compostas de anrendizes. via- A Escola Fisiocratica jantes e mesties de um artesanato, ditavam os métodos de produgao ¢ de colocagao no merca- do das oficinas das cidades. O cariter dessis associagSes mudou, & medida que a autorizagio & a regulamentacio nacional das guildas substituiram a autoridade da cidade ou dos senhores feu- cais, Mas, até 1789, as guildas impediam 2 entrada livte de trabalho em certosoficis, rest giam ¢ regulamentavam @ produgio, fixavam precos ¢ se opunham & concorréncia de outras cidades ¢ do exterior. As contendas ¢ litigios jurisdicionais entre as guildas continuaram por gctagdes ¢ séculos, com grande dispéndio de tempo ¢ dinheiro. O custo anual de batalhas legais ‘com as guildas de aris durante metade do século XVIII foi de 800 mil a1 milhdo de lives (u dade de dinheiro francés substituida desde entdo pelo franco). Os vendedores de gansos assa- os ¢ de frangos cozidos brigaram por meio século, até que os vendedores de frango ficaram, ‘enfim, restritos & venda do frango nao-cozido. Os vendedores de ganso, bem-sucedidos, volta- ram-se entdo para os cozinheitos, que haviam triunfado sobre os fabricantes de motho. Um. gio de 300 anos entre os vendedores de roupas usadas e os alfaiates em Par do resolvido em 1789, quando 2 revolusio destruiu as guildas. Foi por sociedade corrupta e decadente que as idéias fisiocréticas surgiram como uma brisa fresca. Principais dogmas da escola fisiocrética Os conceitos da escola fisiocritica podem ser resumidos como se segue: * Ordem natural. Os fisiocraras introduziram a idéia de ordem natural ao pensamento econd- mico, O proprio termo fisiccrata significa “regra da natureza’. De acordo com essa idéia, as leis da narureza governam as sociedades humanas da mesma manera que as descobertas de Newton governam 0 mundo fisico. Todasas atividades humanas, portanto, deveriam ser man- tidas em harmonia com essas leis naturais. O objeto de todo estudo cientifico era descobrir as leisis quais todos os ferddmenos do universo estavam sujeitos. Na esfera econdmica, asleis da natureza conferiam 20s individuos o direito natural de usufruir dos fruros de seu prOprio tra- balho, desde que isso fosse consistente com os direitos dos outros + Laissez-fre,lassex-passer. Essa expressio, creditada a Vincent de Gournay (1712-1759), na realidade, significa “deine as pessoas fazerem 0 que quiserem sem 2 interferéncia do governo”. Os governos nunca deveriam estender sua interferéncia nos assuntos econdmicos além do ‘inimo absolutamente essencial para proteger a vida ea propriedade e para manter a liberda- de de adquirir. Assim, os fisiocratas se opunham a quase todas as restrigSes feudais, mercant listas e governamentais, favorecendo a liberdade do comércio interno, bem como o livre- comércio exterior. Gournay era um dos virios altos funcienrios do sistema mercantilista cuja cexperinciao levoua se tornar um partidario da teoria do laisez-aire. + Bnfase na agriculeura. Os fisiocratas pensavam que a indtstria, o coméicio eas profissdes eram titeis, mas estéreis, simplesmente reproduzindo o valor consumido na forma de macérias- mas ¢ subsisténcia para os trabalhadores. Somente a agricultura (, possivelmente, a minera- ao) ere produtiva, pois ela produzia um excedente, um produto liquido acima do valor dos recursos usados na produgao. 1 HISTORIA DO PENSAMENTO ECONOMICO + Taxagdo do proprietirio de terra. Os fisiocratas pensavam que, como a agricultura produzia excedente, que 0 propriecério da terra recebia na forma de rendimento, somente ele deveria ser taxado, Todas as taxas aplicadas a outros seriam impostas 20 proprietério da terra de qual- quer maneira. Uma taxa direta sobre o propriecério da terra era preferivel a taxasindiretas, que aumentavam & medida que eram impostas a outros. + Inter-relagio da economia. Quemay, em particular, ¢ os fisiocratas, em geral, analisaram 0 fluxo circular de bens e dinheiro dentro da economia. Quem a escola fisiocratica beneficiou ou procurou beneficiar? (Os camponeses poderiam ganhar, em iiltima andlise, com as idéias dos fsiocratas, pois as obri- ‘g2gbes onerosas aos donos de terrasacabariam. Mas, se os fisiocratas tivessem conseguido 0 que {queriam, os camponesesteriam se tornado trabalhadores assalariados em grandes fazendas. Os nteresses comerciais se resumiam em tirar proveito da prescrigao para remover todas as 1estti- {ges sobre a produsio e a movimentagio de bens. Ao defender a doutrina do laissez-faire, os fisiocratas estavam promovendo a indiistria, muito embora essa nio fosie a sua intengio. Eles cescavam interessados em estimular 0 comeércio interno de gros mais live e em incentivar a exportagio de produtos agricolas ea imporsacio de bens manufaturados. Os fisiocrataseram particularmemte a favor de fazendas capitalistas que empregavam 0 tra- batho assalariado ¢ récnicas avangadas. Estas fazendas progressistas podiam set encontradas principalmente no norte da Franca. Grandes produtores que tinham excedentes para a venda seriam ajudados pela énfase fisiocrética na agricultura eno livre-comércio interno de gros. O imposto sobre o excedente produzido na agriculeura teria reduzido os valores da terrae preju- dicado a nobreza possuidora de terras, em ver. de prejudicar os atuais ou possveis empresirios agricolas que pagavam o alugucl sobre a terra. A nobreza ¢ o clero ram isentos da multip! dade de impostos que oneravam os proprietitios de terra mais comuns; um tinico imposto apli- clvel a toda a terra produtiva teria ajudado a disseminar 0 dnus dos impostos na sociedade. Os fisiocratas tentaram acalmar a nobrezs defendendo genuinamente seu direito & pro- piiedade da terra e a0 recebimento do aluguel correspondente ao arrendamento. Diferente- mente do american Henry George que, nos anos 1880, queria taxar toda a renda resultante do arrendamento; 0s isiosratas pensavam que um imposto que temasse um rergo do excedente econémico sera suficiente. Iso, les acteditavam, néo redisttibuiria ariqueza do rico para po- bre, pois os donos de terra pagam todos os impostos em qualquer caso. Mas, em ver disso, a conversio dos impostos de uma base indireta para uma base direta reduzitia 0 6nus geral. Nes- sa visio, a nobreza seria auxiliada se 0 programa fisiocrata fosse aplicado. Mas essa crenga era errOnea. Ela era baseada na andlise falha de que todos os excedentes taxaveis poderiam vir somente da terra. Como a escola fisiocratica foi valida, itil ou correta em sua época? ‘Antes da Revolucéo Industral, a indvistria era caracterivada por produtividade extremamente baixa. Isso era partcularmente verdadeito com telacio & economia artesanal da Franga durante ae ilrimae décadac dn ancien rheime A nreduicte de ine de hen nares nnheers om sry mate A Escola Fisiocratica, -E miseravelmente pobre, portanto, poderia facilmence parecer ser “inatil”. A agricultura, por ou- tro lado, algumas veres produsia colhitas abundances, apesar dos mécodos primitivos de culti- vo. A agricultura geralmente fornecia os excedentes que podiam ser poupados e reinvestidos parainiciar um estado progressivo de crescimento econdmico e desenvolvimento industrial, nto somente na Franca, mas também nos Estados Unidos, Alemanha, Japio, Russia e outros patses. ‘Ao promover 0 laisee-faire, 0s fisiocratas tomnaram-se um obstéculo ao desenvolvimento capitalisca da economia. Inconscientemente, eles promoveram a Revolugio Francesa de 1789, que varreu os nuumeratos obsticulos ao progresso. Ao enfatizara produtividade da agricultura, eles estavam saindo do conceito mais antigo de que somente 0 comércio produz e aumenta a tiqueza. Os fisiocraras enfatizavam a produgio, em vez da troca, como uma fonte de riqueza. O apoio deles aos impostos direros era uma reacio vilida aos impostos indiretos que permeavam, c corroiam a sociedade francesa de sua época. Eles eram a favor do actimulo de capital por meio do consumo subjugado pelos ricos. Quais dogmas da escola fisiocratica tornaram-se contribuicées duradouras? Varias dis idéias defendidas pelos fisiocraras eram incorretas. A escola estava errada em co derar estércis a indiistria ¢ 0 comércio. Quanto mais a industria € © comércio se desenvolviam na Franga, mais manifestamente imprecist tornava-se a andlisefisicritica. Essa falha levou a outro erro — a crenga de que somente os donos de terras deveriam ser taxados porque somen- te a terra podia produzir excedente. Os industriais ricos podiam sorrir 4 medida que endossa- tam a doutrina de que eles no deveriam pagar impostos porque nao acrescentavam nada & riqueza. Esse conceito de impostofisiocrétco deixou um grande legado. John Stuart Mill, que escreveu na metade do século XIX, propés que aumentos fururos no valor do rendimento resul- tante do arrendamento fossem tatados pelo Estado, de maneira que levasse em conta todos os ganhos de capital advindos de aumentos no prego da terra. Henry George, que formulou al- guns enunciados, nos Estados Unidos, mais de 100 anos depois dos fisiocratas, criou um m¢ mento de “imposto tinico”, cujo objetivo era confiscar todo o rendimento. Os fisiocratas exaltaram o fizendeiro capitalista, como a principal figura do desenvolvi- mento econémico francés, mas estavam errados em relagao a duas coisas. Primeiro, os indus- ¢ 03 trabalhadores sc tornaram as figuras mais importantes do crescimento econdmico do pais, enquanco a importéncia relativa da agricultura caiu. Segundo, foi o pequeno fazendeiro camponés que se tornou tipico na Franca, nao o grande fazendeiro empresitio. Sea terra tives- se permanecido nas maos da nobreza, um imposto sobre a propriedade da terra teria restringi- do 0 consumo de luxos. Mas quando os pequenos camponeses obtiveram @ terra apés a Revo- lucdo, cles teriam se tornado a massa do nus dos impostos. Todavia, os fisiocratas deram varias contribuigdes duradouras para a economia. Primeiro, 20 examinar toda a sociedade e analisar as leis que governavam a circulagio de riqueza ¢ bens, eles estabeleceram a economia como uma ciéncia social. Descobriremos que 0 quadro econé- mico de Quesnay é um precursor de dois itens encontrados nos textos da economia moderna: © diagrama do fluxo econdmico ¢a contabilidade da renda nacional. Segundo, @ lei de recornos cada vez menores — em geral creditada a Malthus ¢ a Ricardo — arualmente é atribufda ao fisiocrata Turgot. Terceiro, os fisiocratas originaram a andlise da alteragao de impostos ¢ inci- déncia que hoje é uma parte importante da microeconomia aplicada. Finalmente, 20 defender =] HISTORIA OO PENSAMENTO ECONOMICO 0 laissez-faire, os fisiocratas chamaram a atencao dos economistas para a questao do papel ade- quado do governo na economia. FRANGOIS QUESNAY Frangois Quesnay (1694-1774), flho de um proprietdrio de terras, foi o fundador e lider da escola fisiocrética. Educado para ser médico, fex fortuna por meio de sua habilidade em medi- cina e cirurgia. Quesnay foi elevado a0 posto de médico da corte de Luis XV e Madame de Pom- padour. Em 1750, encontrou Gournay e logo se tomnou mais interessado em economia do que ‘em medicina. Quesnay e seus seguidores esperavam transformar o rei em um “déspota esclare- cido”, como instrumento de reforma pacifica. Em um artigo de enciclopédia em 1757, Ques- nay observou que pequenas fazendas eram incapazes de utilizar os métodos mais produtivos. Ele era a favor de grandes fazendas gerenciadas por “empresérios”, antecipando, portant, os grandes empreendimentos agricolas que surgiram em nossa época. Para Quesnay, a sociedade era semelhante ao organismo fisico. A circulagio de riqueza € bens na economia era como a circulacao de sangue no corpo. Ambos estavam de acordo coma ordem natural e ambos poderiam ser compreendidos por meio de andlise cuidadosa. ‘Quesnay acreditava que as leis fitas pelas pessoas deveriam estar em harmonia com as les naturais. O principe herdeiro da Franga uma ver reclamou com Quesnay a respeito das dificul- dades do cargo de rei (que ele nao estava destinado a viver para assumir). “Eu nao 0 vejo”, disse Quesnay, “como tio problemdtico”. “O que voce faria, entio”, perguntou o principe, “se fosse rei?” Quesnay respondeu: “Nada”. Questionado sobre quem governaria, Quesnay respondea crticamente: “A le Ele, daramente, quis dizer a lei natural. Seu famoso trabalho Tableau economigue, criado para o rei da Franga em 1758 ¢ revisado em 1766, mosiroue fluxo circular de bens edinheiro em uma economia ideal ¢livremente com- petitiva. Essa foi a primeira anilise sistematica do fluxo de riqueza no que mais tarde passou a ser chamado de base macroecondmica. Economistas como Smith, Marx e Keynes, que também descreviam as atividades econdmicas em termos de grandes agregados, fizeram um triburo a ‘Quesnay por dar origem a essa abordagem. Uma exposigio simplificada do Tableau economigue de Quesnay ¢ apresentada na Figura 3.1. Quesnay assume que a terra é de propriedade do senhor, mas é culivada por fzendeiros arrendatérios, que s40, portanto, a tinica classe realmente produtiva. O produto que os fazen- deiros arrendacérios criam em de arender nao s6 as suas préprias necessidades, mas também 2s necessidades dos proprietérios de terras (incluindo o rei, a Igreja, os Funciondtios puiblicose ou- tros que dependem da renda dos proprietarios de terras). Alm disso, a produgio dos fazendei- ros atende as necessidades da classe estéril (fabricantes ¢ mercadores). O Tableaw mostra como: © produto liquido circula entre as trés classes € como & reproduzido a cada ano. iniciem com um produto bruto anual de 5 bilhes de livres. Destes, 2 bithées de livres sio imediatamente deduzidos como despesas necessiias de produ- «20 para fornecer alimento, sementes € ragi0 aos proprios fazendeiros. Como visto na coluna da esquerda, isso deixa 3 bilhdes de livres em alimentos paraa venda. Os donos de terras (colu- rns do meio) comesam com 2 bilhdes de livres em rendimentos pagos pelos fazendeiros duran- te0 ciclo anterior. Finalmente, os fabricantes e mercadores (coluna direita) comecam com 2 bi- A Escola Fisiocrética, E ‘A dlasse de proprietirios de terras utiliza seus 2 bilhes de livres para comprar | bilhao em bens manufarurados da classe estéril (seta a) € 1 illo em alimentos dos fazendeiros (seta b). Os fazendeitos, entéo, utiliza o 1 bilhdo em receita de sua venda de alimentos aos propriet- rios de terras para comprar 1 bilhao de livres em bens manufacurados (seta ). Esse gasto pelos fazendeiros representa um montante igual de receita para o fabricante e para os mercadores. A classe estéril agora tem 1 bilhao de livres de receita da venda de bens para os proprietérios de terras ¢ outro 1 bilhao da venda para os fazendeiros. A classe estéril, portanto, compra dos fazen- dciros alimentos ¢ matéria-prima no valor de 2 bilhdes de livres (sera d). Classe produtiva Classe propretara Classe estén (Fabricantes e (Fazendeiros) (Proprietdrios de teras) mercadores) Produto bruto total 5) Exporta metade de seus ali- alimentos dos fazendeiros, _mentos e importa bens semente e raga animal ‘manutaturados xa 0 prdximo ciclo (2) Disponivel para venda (3) Arrencamento do uttmo Estoque de manutaturacos periodo (2) do itm period (2) Receita com alimentos Receia de bens vendidos para os ‘manufaturedos vendidos proprietaris de teras para 0s proprietaios de terras Receita de bens rmanuftaturados vendidos Reeceta com os para os fazendievos aimentoymateriais vendides para acasse estén Receita de arrendarmento dos fazenceiros (Ociclo cortinua) Figura 3.1 Tebleau economique de Quesnay ‘© quadro de Quesnay waga os gatos, portanto, 2 recta recebida pelos fzendeiros, propritrios de tras « fibricantes!mereadores. Os propieiros e tera uilizam o valor do rendimento do pesfodo ancetor para comprarbensdos fabrcante/mercadores (fuxo 4) ¢ alimentos dos fzendeios (ux 4), criando, assim, recei- ta para sss duas clases, A receta part 0 fzendeitos por sua vez, permite que ees comprem bens manufi- turidos dos bricantesmercidores (xo 3). Os bricances!mereadore utiizam exeareceta pata compratali- rmentos de faxenderos(uxo d),o quecriarcsita para eles. Os fazendeiros pagam o alugucl coreespondente ao arendamento com suas receits da agricultura (tuo ey € 0 ciclo se epee. oO HISTORIA DO PENSANENTO ECONOMICO. Apésa transago mostrada pela seta d, 0 ciclo se repete. Nessa ctapa, os fazendeiros rém 2 bilhées de livres em alimentos, sementes ¢ rago animal, que eles utilizario para produzit ou- ttos 5 bilhdes de livres em produtos agricolas no préximo ano. Os donos de terras tém alimen- «os, bens manufacurados e um rendimento de 2bilhies de lives para receber da proxima calhei- tados fazendeiros (setae). A classe estéril tem 2 bilhoes de livres cm alimentos ¢ matérias-primas, ‘que utilizars para produzir 2 bilhGes em bens manufaturados. Alguns observadores perceberam que o quadro de Quesnay pressupée que a classe dos pro- ddutores é deixada sem bens manufacurados para seu préprio consumo. Ronald L. Meck tem uma solugio para esse problema. Ele considera que os escritos fisiocraticos insinuam que 0 tamanho da classe estéril é somente metade do tamanho da classe produtiva. Portanto, cla nao precisa de todes 082 bilhées de livres de alimentos e matérias-primas que ela compra dos fizen- deiros (seta d). Em ver disso, ela exporca um pouce dos alimentos como uma maneira de pa- gar pelos bens manufaturados'. O Tableau economique de Quesnay foi um prentincio para a andlise da renda nacional ¢ foi o fundamento do trabalho estatistico para descrever uma economia. O préprio Quesnay ten- tou estimar 0s valores da produco anual e outros agregados. O quadro também passou o con- tito do equilibrio dentro de toda aeconomia, pois, se uma das varidveis interdependentes fos- se alterada, outras também o seriam. Além disso, 0 quadro de Quesnay & um predecessor da anilise insumo-produgio (Capitulo 18), que Leontief introduziu nos anos 1930 e que os eco- nomistas utilizam amplamente até hoje. E importante observar que, embora Quesnay tivesse chamado a produgio no-agricola de “estéril", ele nfo questionava o direito dos proprietérios de receber o rendimento. A natureza, nao o trabalhador, produz o excedente, ee disse. O proprietirio de cerras, portanto, tem ditei- t0.a0 produto excedente, que vai com o titulo? a terra. Como sua classe faz o investimento em capital original necessdrio para tornar a terra produtiva, eles tém o direito ao produto exceden- te. Assim, Quesnay se considerava um defensor dos dircitos dos proprietirios de terrs. Ainda assim, sua proposta para taxar somente proprietérios de terras era vista por eles como um ata- ‘que 20s seus interesses. Quesnay argumentava que “um excesso de luxo na decoragio pode rapidamente arruinar uma nacio grandiesa e opulenta’. le preferia gastar em mavérias-primas. Essa eraalinguagem do crescimento econdmico em um momento em que aaristocracia era esbanjedora em seucon- sumo ¢a indtistria era muito menos importante do que a agricultura ¢ a minerago, como meio deacumular riqueza para mais investimento. O pensamento de Quesnay, no entanto, também tinha um pouco de tom medieval. Isso fica claro em sua glorificagio da agriculrura e em sua crenga — contrdria a dos outros fi tas —de que o governo deveria fixar a taxa de juros’. Quesnay também era favordvel 3 idéia de “prego justo”, mas considerava que um mercado livre, em vez de regulamentagio por uma auto Fidade, pod ingir isso melhor’ 1. Ronald L. Meck. The economic of physcray Cambridge, MA: Harvard University Pres, 1963, p 282-283, 2. N.RT. Titulo (da propriedade). 3. Para uma histéria do antigo pensamento scbre o empréstimo com juros, consulte Bary Gordon. Lending at interest: Some Jewith, Gree and Christian approaches, 800 BC-AD 100. History of politcal eromory. 14, p. 406-426, outono de 1982. 4, nocao ética de “oreo just” foi promovida bor sio Tomés de Aawino. nas anos 1700

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