Download as pdf
Download as pdf
You are on page 1of 25
Relacdo Entre Liberdade Econémica e Liberdade Politica Geralmente se acredita que politica e economia constituem territ6rios separados, apresentando pouquissimas inter-relacdes; que a liberdade indi- vidual € um problema politico e o bem-estar material, um problema econd- mico; e que qualquer tipo de organizacao politica pode ser combinado com qualquer tipo de organizacdo econémica. A mais importante manifestacéo contemporanea desta idéia esta refletida no conceito de “‘socialismo demo- crético”, quando entdo se condenam as restric6es a liberdade individual im- postas pelo ‘‘socialismo totalitério” na Rissia e se considera possivel adotar as caracteristicas essenciais da organizacéo econémica russa e, a0 mesmo tempo, garantir a liberdade individual por meio de determinada organiza- cdo politica. A tese deste capitulo € que um tal ponto de vista é puramente ilusério; que existe uma relacdo intima entre economia e politica; que so- mente determinadas combinacdes de organizagdes econdmicas e politicas so possiveis, e que, em patticular, uma sociedade socialista nao pode tam- bém ser democratica, no sentido de garantir a liberdade individual. A organizacéo econémica desempenha um papel duplo na promocéo de uma sociedade livre. De um lado, a liberdade econdmica é parte da li berdade entendida em sentido mais amplo e, portanto, um fim em si pré- pria. Em segundo lugar, a liberdade econémica ¢ também um instrumento indispensavel para a obtencdo da liberdade politica O primeiro desses papéis da liberdade econdmica merece énfase espe- cial porque os intelectuais em geral tém um forte preconceito contra a consi- deracao desse aspecto como importante. Tém a tendéncia de mostrar des- prezo por tudo 0 que diz respeito ao aspecto material da vida e a conside- rar a sua propria busca de supostos valores mais altos como se processan- do um plano diferente e merecendo atencdo especial. Para a maior parte dos cidadaos do pais, entretanto, ou talvez até mesmo para os intelectuais, a importincia direta da liberdade econémica € pelo menos comparével em 7 18 —_RELACAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA & LIBERDADE POLITICA sua significacao a importancia indireta da Bberdade econémica como instru- mento de obtencao da liberdade politica Os cidadaos da Gra-Bretanha, que, apés 2 Segunds Guerra Mundial, no tiveram permissao de passar férias mos Estados Unidos devido ao con- trole do cAmbio, estavam sendo privados de uma Bberdade essencial. O mesmo acontecia com os cidad@es des Estados Unidos 2 quem se negava © direito de passar férias na Unido Sovietica devido 2 seus pontos de vista politicos. A primeira era ostensivamente uma lmitacSo econémica da liber- dade e a segunda, uma limitacdo politica, mes no ha diferenca essencial entre as duas, O cidadéo dos Estados Unides que € obrigado por lei a reservar cerca de dez por cento de sua renda @ Compra Ge um Geterminado contrato de aposentadoria, administrado pelo goveno, est sendo privado de uma par- te correspondente de sua liberdade pessoal Come essa privacto pode ser poderosa e assemelhar-se & privagao de Eberdade relisiosa, que todos con: sideratiam como “civil” ou “politica” em wez de “econémica”, esté drama- ticamente ilustrado num epis6dio que envolveu um snupo de agricultores da seita Amish. Baseado em determinades principles, esse grupo conside- YoU os programas federais compulsérios de aposentadoria uma infracdo & sua liberdade individual e recusou-se 2 pager 2s contrbuicSes e a receber os beneficios. Em conseqlléncia, parte Ge seu tebanho foi vendido em lei- ldo a fim de cobrir 0 pagamento das taxas de seguro social. E verdade que (© ntimero de cidados que consideram © seguro compuls6rio para a velhi- ce como um ataque 4 sua liberdade pessoal Geve ser pequeno, mas quem acredita em liberdade n&o se perde nese tino de contas Um cidadao dos Estados Unidos que. @m virtude de leis vigentes em diversos estados, nao tem a liberdade de dedicar-se 3 profissdo que desoja, a n&o ser que obtenha uma licenga conveniente, est do mesmo modo, privado de uma parte essencial de sua liberdade E 6 mesmo acontece com © homem que gostatia de trocar parte de suas mercadorias com um suico por, digamos, um telégio, mas n&o pode faze-lo devido 4 existéncia de uma cota. E 0 mesmo acontece com aquele sujeito da California que {oi mandado para a cadeia por vender Alka-Seltzer 2 um preco inferior ao esta- belecido pelo fabricante, sob as chamadas les do “mercado livre”. E o mesmo acontece com o fazendeiro que n&o pode cultivar a quantidade de cereais que deseja. E evidente que a liberdade econémica, nela propria e por si prépria, é uma parte extremamente importante da liberdade total. Vista como um meio para a obtenc&o da liberdade politica, a organiza- do econémica é importante devido 20 seu efeito na concentracdo ou dis- perséo do poder. O tipo de organizaco econémica que promove direta- mente a liberdade econémica, isto € © capitalisme competitive, também promove a liberdade politica porque separa o poder econdmico do poder politico e, desse modo, permite que um controle 0 outro, ; A evideénci liberdade politi sociedade que : vesse usado al maior parte da ¢ ~ Pelo fato d tendéncia de es globo em que t ico da humai inicio do século da linha geral ¢ sempre acompe capitalistas. O n da Grécia e nos A Historia : Tia para a liber¢ ciente. A Itdlia | ‘sides nos Ultime Guerra Mundial ra Mundial, con gum, ser consid delas, a empres ca. E, portanto, damentalmente Mesmo nes maior que a do: ou a Alemanha nado com 0 to para alguns cide sem ter que sol lismo e a existé bre o poder cent A relacdo e algum unilateral estavam inclinac para a obtencao sendo massacra concedesse 0 di fosse bom para dizer que estives cas _acompanha Enorme desenv na organizagao ¢ RELAGAO ENTRE LIBERDADE ECONOMIC E LIBERDADE POLITICA 19 A evidencia histérica fala de modo unénime da relagao existente entre iberdade politica e mercado livre. Nao conheco nenhum exemplo de uma sociedade que apresentasse grande liberdade politica e que também nao ti- vesse usado algo comparével com um mercado livre para organizar a maior parte da atividade econémica. Pelo fato de vivermos numa sociedade em grande parte livre, temos a tendéncia de esquecer como é limitado perfodo de tempo e a parte do globo em que tenha existido algo parecido com liberdade politica: 0 estado {ipico da humanidade ¢ a tirania, a servidao e a miséria. O século XIX e 0 infcio do século KX no mundo ocidental aparecem como excecdes notaveis, da linha geral de desenvolvimento histérico. A liberdade politica nesse caso sempre acompanhou 0 mercado livre e © desenvolvimento de instituices capitalistas. © mesmo aconteceu com a liberdade politica na idade de ouro da Grécia e nos primeiros tempos da era romana. ‘A Historia somente sugere que o capitalismo é uma condigéo necessé- tia para a liberdade politica, mas, evidentemente, ndo é uma condigao sui nte, A Itélia fascista e a Espanha fascista, a Alemanha em diversas oca- sides nos ditimos setenta anos, o Japao antes da Primeira e da Segunda Guerra Mundial e a Rassia czarista nas décadas anteriores a Primeira Guer- ra Mundial, constituem claramente sociedades que nao podem, de modo al- gum, ser consideradas como politicamente livres. Entretanto, em cada uma delas, a empresa privada era a forma dominante da organizacéio econémi- ca. E, portanto, claramente possivel haver uma organizacéo econémica fun- damentalmente capitalista e uma organizacao politica que néo seja livre. Mesmo nessas sociedades, os cidadaos tinham uma cota de liberdade maior que a dos cidadéos dos modernos Estados totalitérios como a Russia ou a Alemanha nazista, nos quais o totalitarismo econémico aparece combi. nado com 0 totalitarismo politico, Mesmo na Rissia czarista, era possivel para alguns cidadaos, sob determinadas circunstancias, mudar de emprego sem ter que solicitar permissio a uma autoridade politica, porque o capita- lismo e a existéncia da propriedade privada permitiam algum controle so- bre 0 poder centralizado do Estado. A telacéo entre liberdade politica e econémica é complexa e de modo algum unilateral. No infcio do século XIX, Bentham e os filésofos radicais estavam inclinados a considerer a liberdade politica como um instrumento para a obtencdo da liberdade econdmica. Achavam que as massas estavam sendo massacradas pelas restrig6es impostas e que se a reforma politica concedesse 0 direito de voto maior parte do povo, este votaria no que fosse bom para ele — 0 que significava votar no laissez-faire. Nao se pode dizer que estivessem enganados. Houve um bom volume de reformas politi- cas acompanhadas por reformas econémicas no sentido do laissez-faire. Enorme desenvolvimento no bem-estar das massas seguiu esta alteragao na organizacao econémica. 20 _RELAGAO ENTRE LIBERDADE ECONOMIC E LISERDADE POLITICA O triunfo do liberalismo de Bentham no séeulo XIX na Inglaterra foi se- guido por uma reagdo que levou a uma crescente intervenc3o do governo nos assuntos econémicos. Essa tendéncia pare © colesvismo fol grandemen- te acelerada, tanto na Inglaterra como em outros lugares. pelas duas guer- ras mundiais, O bem-estar, em vez da liberdade, tornou-se 2 ‘nota dominan- te nos paises democraticos. Reconhecendo 4 ameacs implicita ao individua- lismo, os descendentes intelectuais dos Siésofos radicais — Dicey, Mises, Hayek e Simons, para mencionar somente alguns — temeram que o movi- mento continuado em diego ao controle centralizado da atividade econd- mica se constituitia no The Road to Serfdom, como Hayek intitulou sua pe- netrante andlise do processo. Sua énfase foi colocads na liberdade econé- mica como instrumento de obtencao da liberdade politica. Os acontecimentos posteriores 4 Segunda Guer= Mundial revelaram, ainda, uma telacdo diferente entre 2 lberdade econmica e a politica. O planejamento econémico coletivista interfer de fate com a liberdade indivi- dual. Contudo, em alguns pafses pelo menos, 0 resultado nfo foi a elimina- 0 da liberdade politica, mas 0 abandono da politica econémica. Outra vez a Inglaterra deu o exemplo mais notével O ponte exitico foi sem duvi- da o “controle das ocupag&es” que © Partido Trabalhista achou necessario impor de modo a poder desenvolver sua politica econémica. Posta em vi- géncia e realmente aplicada, a lei envolveria 2 distbuic&o centralizada dos individuos para determinadas ocupacSes Tal fato entrava em conflito tio agudo com a liberdade pessoal que a lei <6 foi usada em niimero pequeno de casos e depois revogada apés curto periode de vigencia. A revogacio motivou mudancas amplas na politica econémica, marcada por uma dimi- nuigo de énfase nos “‘planos” e “programas” ceniralizados, pela elimina- Go de intimeros controles e por uma importéncia crescente do mercado privado, Uma alteracéo semelhante na politica ocorreu em outros paises de- mocraticos. A explicacao mais simples para tais alteracdes na politica reside no su- cesso limitado do planejamento central ou sua incapacidade de alcancar os objetivos estabelecidos. Entretanto, esse fracasso pode ser atribuido, pelo menos em certa medida, as implicagSes politicas do planejamento central e inconveniéncia de seguir sua légica até o fim — uma vez que fazer isso le- varia a destruir direitos privados altamente valorizados. E possivel também que essa mudanga seja somente uma interrupc3o temporéria na tendéncia coletivista deste século. Mesmo assim, lustra a relacao estreita existente en- tre liberdade politica e organizac&o econémica. A evidéncia histérica por si sé nunca € completamente convincente. E possivel que a expansao da liberdade e o desenvolvimento do capitalismo @ das instituic6es mercantis tenham ocorrido juntos por mera coincidéncia, Por que deveria existir uma relacao em tal fato? Quais sao as conexées légi- cas entre liberdade econémica e liberdade politica? Ao discutir estas ques- 1 tes, considera to da liberdade liberdade politic nizago econom Como libe -milia, como 0 « berdade como no ‘teria nenh (sem o Sexta-F trigdes”, tem “p nativas — mas a nossa discuss que dizer sobre mente importan —o que deve tos de valores q as relacées inte prioridade a libe cio de sua liberc dual O liberal co blema da organ soas “mas” de f zerem coisas bo: mas pessoas, de O probleme coordenar as at Mesmo em soci do trabalho e a 308 disponiveis, para usar de m pela ciéncia e te de pessoas estac necessério — alé dade consiste en dividual, Fundamente némicas de milhé ca do Exército ¢ Juntatia dos indiv A possibilide esté baseada na RELACAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA E LIBERDADE POLITICA 21 tes, consideraremos, inicialmente, 0 mercado como um componente dire- to da liberdade e depois a relago indireta entre organizagio do mercado ¢ liberdade politica. Como produto secundério, teremos 0 esquema da orga- nizag&o econémica ideal para uma sociedade livre. ‘Como liberais, consideramos a liberdade do individuo, ou talvez a fa- millia, como 0 objetivo tiltimo no julgamento das organizacées socials. A berdade como valor nesse sentido esté ligada as inter-relacdes de pessoas; nao ‘teria nenhum sentido para um Robinson Crusoé numa ilha deserta (ser o Sexta-Feira), Robinson Crusoé, em sua ilha, esté submetido a “res- trigdes”, tem “poder” limitado e tem somente um numero limitado de alter- nativas — mas no tem problemas de liberdade no sentido relevante para a nossa discussio. De modo semelhante, numa sociedade nao ha nada que dizer sobre 0 que um individuo faz com sua liberdade; no se trata de uma ética geral, De fato, 0 objetivo mais importante dos liberais é deixar os problemas éticos a cargo do proprio individuo. Os problemas “éticos”, real- mente importantes, s80 0s que um individuo enfrenta numa sociedade livre —o que deve ele fazer com sua liberdade. Existem, portanto, dois conjun- tos de valores que o liberal enfatizaré — os valores que séo relevantes para as relacdes interpessoais, que constituem 0 contexto em que estabelece prioridade a liberdade; e os valores relevantes para o individuo no exerci- Gio de sua liberdade, que constituem 0 tertitdrio da filosofia e da ética indivi- dual liberal concebe os homens como seres imperfeitos. Considera 0 pro- blema da organizacdo social tanto um problema negativo de impedir pes- soas ‘més’ de fazerem coisas mas como o de permitir a pessoas “boas” fa- zerem coisas boas. E, € Sbvio, pessoas “boas” e “més” podem ser as mes. mas pessoas, dependendo de quem as julgar. © problema bésico da organizagio social consiste em descobrir como coordenar as atividades econdmicas de um grande nimero de pessoas. Mesmo em sociedades relativamente atrasadas, sao necessérias a divisio do trabalho e a especializagao de fungdes para fazer uso efetivo dos recur- sos disponiveis, Em sociedades adiantadas, a necessidade de coordenacao. para usar de maneira totalmente conveniente as oportunidades oferecidas pela ciéncia e tecnologia modernas, é muito maior. Literalmente, milhdes de pessoas esto envolvidas em fomecer diariamente um a0 outro 0 pao necessério — além dos automéveis, O desafio para o que acredita na liber- dade consiste em conciliar essa ampla interdependéncia com a liberdade in- dividual Fundamentalmente, s6 ha dois meios de coordenar as atividades eco- nomicas de milhdes, Um é a direcdo central utilzando a coergaio — a técni ca do Exército e do Estado totalitério modemo. O outro é a cooperago vo- luntéria dos individuos — a técnica do mercado. ‘A possibilidade da coordenagao, por meio da cooperacéo voluntéria, esta baseada na proposicéo elementar — no entanto freqiientemente nega- 22 RELACAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA € LIBERDADE POLITICA da — de que ambas as partes de uma transago econémica se beneficiam dela, desde que a transagao seja bilateralmente organizada e voluntéria. A troca pode, portanto, tomar possivel a coordenacgo sem a coer¢do. Um modelo funcional de uma sociedade organizada sobre uma base de tro- ca voluntaria € a economia livre da empresa privada — que denominamos, até aqui, de capitalismo competitive. Em sua forma mais simples, tal sociedade consiste num certo ntimero de familias independentes — por assim dizer, uma colecao de Robinson Crusoés. Cada familia usa os recursos que controla para produzit mercado- Tias e servicos, que sao trocados por bens e servicos produzidos por outras familias, na base de termos mutuamente convenientes para as duas partes. Cada familia esta, portanto, em condicées de satisfazer suas necessidades, indiretamente, produzindo bens e servicos para outras, em vez de direta. mente — pela produg&o de bens para seu uso imediato. O incentivo para a adocao desse caminho indireto é, sem divida, a producéo aumentada pela diviso do trabalho e pela especializacdo das fungées. Uma vez que a fami- lia tem sempre a alternativa de produzir diretamente para seu consumo, nao precisa participar de uma troca, a ndo ser que lhe seja conveniente. Portanto, nenhuma troca teré lugar a no ser que ambas as partes, real- mente, se beneficiem dela. A cooperaco é, pois, obtida sem a coercao. A especializacdo de fungdes ¢ a divisdo do trabalho nao se desenvolve- fam tanto se a unidade de producio fosse a familia. Numa sociedade mo- derma, avancamos bem mais, Existem organizagSes que funcionam como intermediarias entre individuos, em sua capacidade de fornecedores de ser- vicos e compradores de bens. De modo semelhante, a especializacéo de fungdes e a diviséo do trabalho no poderiam desenvolver-se muito se ti- véssemios que continuar contando com a troca de produto por produto. Em conseqiiéncia, 0 dinheiro foi introduzido como modo de facilitar as tro- ©@s e permitir operaoes de compra e venda, separadas em duas partes. A despeito do papel importante das empresas e do dinheiro na nossa economia atual, e a despeito dos problemas numerosos e complexos que levantaram, a caracteristica central da técnica de mercado para obter a coo- erago esté completamente representada na simples economia de troca, que nao contém nem empresas nem dinheiro, Tanto no modelo simples, quanto na economia mais complexa com empresas e uso de dinheiro, a cooperacao é estritamente individual e voluntaria, desde que: a) as empre- sas sejam privadas, de modo que as partes contratantes sejam sempre, em ‘ultima andlise, individuos; b) os individuos sejam, efetivamente, livres para participar ou nao de trocas especificas, de modo que todas as transacées Ppossam ser realmente voluntarias, E muito mais facil estabelecer tais condigdes em termos gerais do que analisé-las em detalhes, ou especificar precisamente as organizacées institu- cionais mais capazes de nos levarem a elas. De fato, boa parte da literatura econdmica técnica esta dedicada a essas questées. O requisito bésico é a 1 manutencéo da Por outro e pi assim base ao difcll seja o qu retirando dos in ca — e aos efe vel credité-los o damente no pro Enquanto < tral da organiza uma pessoa inte atividades. O cx presenca de ou protegido da co midores a quen empregador dev assim por diant autoridade centr. De fato, ur consiste precisar bem. Ela da as | lar acha que dev tra o mercado liv A existéncia sidade de um gc minacao das “re as regras estabel mero de quest6e $0, minimizar a ¢ do jogo. O aspe uma conformida lado, é a de pern cos, um sistema pela cor da grav maioria deseja e « a essa car cado garante libe cages que vio a fica auséncia de A ameaca fundar nas maos de um maioria momenta 0 possivel de ta do © poder que n RELAGAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA E LIBERDADE POLITICA 23 manutenco da lei e da ordem para evitar a coercao fisica de um individuo por outto e para reforcar contratos voluntariamente estabelecidos, dando assim base ao conceito de “privado"’. Além deste, talvez problema mais, diffcil seja 0 que diz respeito a0 monopélio — que inibe a liberdade efetiva retirando dos individuos as altemativas com relagao a uma determinada tro- ca — e aos efeitos laterais — e feitos em terceiros, pelos quais néo € possi- vel credité-los ou debité-los. Esses problemas serao discutidos mais detalha- damente no préximo capitulo. Enquanto a liberdade efetiva de troca for mantida, a caracterfstica cen- tral da organizacao de mercado da atividade econémica é a de impedir que uma pessoa interfira com a outra no que diz respeito & maior parte de suas atividades. O consumidor é protegido da coercéo do vendedor devido a presenca de outros vendedores com quem pode negociar. O vendedor é protegido da coercéo do consumidor devido a existéncia de outros consu- midores a quem pode vender. O empregado é protegido da coercao do empregador devido aos outros empregadores para quem pode trabalhar, ¢ assim por diante. E 0 mercado faz isto, impessoalmente, e sem nenhuma autoridade centralizada. De fato, uma objec&o importante levantada contra a economia livre consiste precisamente no fato de que ela desempenha essa tarefa muito bem. Ela da as pessoas o que elas querem e nao o que um grupo particu- lar acha que devem querer. Subjacente maior parte dos argumentos con- tra o mercado livre esté a auséncia da crenca na liberdade como tal. A existéncia de um mercado livre nao elimina, evidentemente, a neces- sidade de um governo. Ao contrério, um governo é essencial para a deter- minacéo das “regras do jogo” e um érbitro para interpretar e pr em vigor as regras estabelecidas. O que o mercado faz é reduzir sensivelmente 0 ni- mero de quest6es que devem ser decididas por meios politicos — e, por is- so, minimizar a extens’io em que o governo tem que participar diretamente do jogo. O aspecto caracteristico da ago politica é o de exigir ou reforcar uma conformidade substancial. A grande vantagem do mercado, de outro lado, € a de permitir uma grande diversidade, significando, em termos politi- cos, um sistema de representacéo proporcional. Cada homem pode votar pela cor da gravata que deseja e a obtém; ele nao precisa ver que cor a maioria deseja e entao, se fizer parte da minoria, submeter-se. E a essa caracteristica que nos referimos quando dissemos que o mer- cado garante liberdade econémica. Mas tal caracterfstica também tem impli cacées que vao além das estritamente econdmicas. Liberdade politica signi fica auséncia de coerco sobre um homem por parte de seus semelhantes A ameaca fundamental a liberdade consiste no poder de coagir, esteja ele nas m&os de um monarca, de um ditador, de uma oligarquia ou de uma maioria momenténea. A preservacao da liberdade requer a maior elimina- Go possivel de tal concentracao de poder e a dispersao e distribuicao de to- do 0 poder que nao puder ser eliminado — um sistema de controle e equill- 24 RELAGAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA E LISERDADE POLITICA brio. Removendo a organizacao da atividade econémica do controle da au- toridade politica, o mercado elimina essa fonte de poder coercitivo. Permi- te, assim, que a forca econémica se constitua num controle do poder politi co, entao num reforco. poder econémico pode ser amplamente dispersado. Nao hé leis de conservacao que forcem o crescimento de novos centros de poder econd- mico as custas dos centros j& existentes. O poder politico, de outro lado, é mais dificil de descentralizar. Podem existir numerosos pequenos governos independentes. Mas € muito mais dificil manter numerosos pequenos cen- ‘ros eqiiipotentes de poder politico, num s6 grande govemo, do que ter nu- merosos centros de poder econémico numa Gnice grande economia. Po- dem existir intmeros miliondtios numa grande economia. Mas pode haver mais do que um lider, realmente importante, ums pessoa em quem as ener- gias e entusiasmos de seus concidadaos se tenham concentrado? Se 0 go- verno central ganhar poder, seré provavelmente as custas dos governos lo- ais. Parece haver algo parecido com um total fixo de poder politico a ser distribuido. Em conseqtiéncia, se © poder econémico é adicionado ao po- der politico, a concentracao se toma praticamente inevitével. De outro la- do, se 0 poder econémico for mantido separade do poder politico e, por- tanto, em outras mos, ele poderé servir como controle e defesa contra o poder politico. A forca desse argumento abstrato pode talvez ser mais bem demonstra- da com um exemplo. Consideremos primeiramente um exemplo hipotético que poderé ajudar a esclarecer os principios envolvidos, e em seguida exa- minaremos exemplos coneretos da experiéneis recente que ilustram © mo- do como 0 mercado trabalha para preservar a Bberdade politica. Uma das caracteristicas de uma sociedade livre € certamente a liberda- de dos individuos de desejar e propor abertmente uma mudanca radical na estrutura da sociedade — desde que tal empresa se adstrinja 4 persua- so e nao inclua a forca ou outra forma de coercao. Constitui uma indica- ‘cao da liberdade politica de uma sociedade capitalista que seus membros possam abertamente propor e trabalhar pelo socialismo. Do mesmo modo, a liberdade politica numa sociedade socialista exige que seus membros pos- sam propor a introducéo do capitalismo. Como poderia a liberdade de pro- or o capitalismo ser preservada e protegida numa sociedade socialista? Para que os homens possam propor qualquer coisa, é preciso, em pri- meiro lugar, que estejam em condig6es de ganhar a vida. Isto j4 levanta um problema numa sociedade socialista, pois todos os empregos esto sob © controle direto das autoridades politicas. Seria necessério, no caso, uma grande dose de abnegacéo — cuja dificuldade j4 foi sentida nos Estados Unidos, apés a Segunda Guerra Mundial, com o problema de “seguranca’’ com relag&o aos funcionérios federais — para que um governo socialista permita que seus empregados proponham politicas diretamente contrérias doutrina oficial. Mas supor ra que a prope Proponentes di zar comicios pt tas, e assim po ~ que existam — dade socialista deraveis sob a sariamente fun cionario public mo tempo, sen ginar_ um alto sivas” A tinica mi nas doacdes dk rém, de uma s cessario que ja ma consiste, no para obier ader ca foram financ poucos individu Vanderbilt Field alguns nomes n ta-se aqui do pe de politica, que Numa soci poucas pessoas mais estranha q independentes dir pessoas ou i das idéias a ser sera financeiram qualquer empre: plo, nao se pode mente, pois a ga amplo para fome Desse mod possivel financiat ges de muitas | Possibilidade na 1080. Vamos dar cOnscio desse pr a liberdade. Pod RELACAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA E LIBERDADE POLITICA 25 Mas suponhamos que tal atitude abnegada seja realmente adotada. Pa- ra que a proposicao da causa do capitalismo possa ter algum significado, os proponentes devem estar em condic6es de financiar essa causa — organi- zat comicios puiblicos, publicar paniletos, usar 0 rédio, editar jornais e revis- tas, e assim por diante. Como poderiam eles levantar tais fundos? Pode ser que existam — e muito provavelmente existem — alguns homens na socie- dade socialista com grandes rendas, talvez mesmo somas de capital consi- deréveis sob a forma de bonus governamentais, mas teriam que ser neces- sariamente funcionarios pablicos de alto nivel. E possivel imaginar um fun- cionério publico socialista de nivel baixo propondo o capitalismo e, ao mes- mo tempo, sendo capaz de manter seu emprego. Mas é bastante dificil ima- ginar_um alto funcionério socialista financiando tais atividades “subver- sivas”. ‘A tinica maneira de obter fundos seria levanté-los por meio de peque- nas doagdes de funcionérios de categorias mais baixas. Nao se trata, po- rém, de uma solugéo verdadeira, Para obter essas contribuicées, seria ne- cessdrio que j4 existisse bom numero de pessoas convencidas — e 0 proble- ma consiste, no caso, em descobrir como iniciar e financiar uma campanha para obter adeptos, Os movimentos radicais nas sociedades capitalistas nun- ca foram financiados dese modo, Foram basicamente apoiados por alguns poucos individuos ricos que se tornaram adeptos de tais idéias — Frederick Vanderbilt Field ou Anita McCormick Blaine ou Corliss Lamont, para citar alguns nomes mais recentes, ou Friedrich Engels, voltando mais atrés, Tra- ta-se aqui do papel da desigualdade econémica na preservacdo da liberda- de politica, que é raramente percebido — o papel do senhor. Numa sociedade capitalist, € necessério convencer apenas algumas poucas pessoas ricas a obier fundos para o lancamento de uma idéia por mais estranha que seja, e hé indmeras pessoas desse tipo, inémeras fontes independentes de apoio. E, de fato, ndo é nem mesmo necessério persua~ dir pessoas ou instituigSes financeiras com fundos disponiveis da validade das idéias a serem propagadas. Bastaré persuadi-los de que a propagacdo seré financeiramente conveniente, que 0 jomal, a revista, o livro ou outro qualquer empreendimento sera lucrative. O editor competitivo, por exem- plo, no se pode permitir publicar apenas obras com que concorda pessoal- mente, pois a garantia de sua empresa é a de que o mercado seja bastante amplo para fornecer-Ihe um retomo satisfatdrio sobre o investimento. Desse modo, o mercado rompe © circulo vicioso e toma finalmente possivel financiar tais empreendimentos por meio de pequenas contribui- Bes de muitas pessoas sem ter que persuadi-las primeiro. Nao existe tal possibilidade na sociedade socialisia; existe somente o Estado todo-pode- 1080. Vamos dar asas @ imaginagao e supor que um governo socialista esteja cénscio desse problema e seja formado por pessoas desejosas de preservar a liberdade. Poderia ele fornecer os fundos? Talvez, mas é dific 26 —_RELAGAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA E MIBERDADE POUTICA como. Poderla estabelecer uma agéncia pare subvencionar propaganda subversiva. Mas como poderia ele escolhier s quem fnanciar? Se fornecer fundos a todos os que os solicitarem, ficaré em pouco tempo sem nenhu- ma verba, pois o socialismo nao poderé eliminer 2 lei econémica elementar de que um prego suficientemente alto tem como resultado um fornecimen- to amplo. Basta tomar a proposicao de causes radicals suficientemente re- munerativa, e a oferta de defensores se tomaré Simitad= De outro lado, a liberdade de propor casas impopulares ndo exige que tal proposicao se dé sem nenhum custo. Muito pelo contrério, nenhu- ma sociedade poderé permanecer estével se 2 proposicSo de mudancas ra- dicais for isenta de custos, muito menos se subsidied= E perfeitamente vali- do que os homens facam sacrifices para proper causas nas quais acredi- tam fervorosamente. De fato, € importante presenvar 2 liberdade somente pata as pessoas dispostas a praticar 2 abneascSo, pois. de outra forma, a li- berdade degenera em licenciosidade € imesponsabilidade O essencial é que 0 custo de propor catisas impopulares seis tolerével e no proibitivo. ‘Mas ainda no chegamos 20 pont Numa sociedade de mercado li- vre, é suficiente ter fundos. Os fomecedores de papel esto dispostos a for- necer material tanto ao Daily Worker quanto 20 Wall Street Jounal, Numa sociedade socialista, nao seria suficiente ter os fundos. O hipotético partida- tio do capitalismo teria que persuadir uma f&brica de papel do govemo a vender-lhe o material; uma editor do ovemo 4 imprimir para cle; o servi- 0 de correios do governo a distribuir seus panfletos: uma agéncia do go- verno a lhe alugar uma sala para reuniGes © conferéncias. Talvez haja algum meio de resolver todos esses problemas e preservar a liberdade numa sociedade socialisia N3o se pode, evidentemente, dizer que é inteiramente impossivel. Fica claro, entretanto, que existem dificulda- des reais para o estabelecimento de institicSes. que possam efetivamente preservar a possibilidade de dissentir Até onde estou informado, nenhuma das pessoas partidarias do socialismo e também partidarias da liberdade en- frentaram tal questo ou tentaram dar um primeiro passo para o desenvol- vimento da organizacao de instituigSes ue pemmitam a existéncia da liber- dade, sob o regime socialista. Ao contrétio disso. fica bem claro como uma sociedade capitalista de mercado livre preserva a iberdade. Um exemplo prético notével desses principios abstratos pode ser encon- trado na experiéncia de Winston Churchill De 1933 até as vésperas da Se- gunda Guerra Mundial, nao se pemmitiu 2 Churchill falar na radio inglesa, que era um monopélio do goveme administrado pela British Broadcasting Corporation (BBC). Tratava-se de importante cidadao do pafs, membro do parlamento, antigo ministro do gabinete, um homem que estava, desespera- damente, tentando de todos os modes possiveis persuadir seus concidadaos a tomar providéncias a respeito da ameaca representada pela Alemanha de Hitler. Nao lhe era permitido falar pelo rédio a0 povo inglés, porque a BBC era monopélio do governo e sua posicao era muilto “controvertida”’ R Outro exen do Time, refere- “A noite dois anos, 0 ~ Robert Rich levantou par que servia c na lista. nea zantes do cc demia de C tase todos truco para mente presc “Revelou- Trumbo, um munhar nas ca. Disse 0 | um ‘rapaz de tas de comp ve One e n6s “Fol, com res barrados, dos atuais fi © produtor k Todas as cor Somos, simp Uma peso: truiré todas as n mente quanto p que numa socie zer e fazer aco atraentes, porqu Sua liberdade in berdade tambén tais circunstncia de porque foi ur pedir trocas volu nou caro demais Cal, 0 fato de ganhar tanto din da lista negra, fc ‘4s pessoas um ins Se Hollywo ou se na Inglater RELACAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA ELIBERDADE POLITICA 27 Outro exemplo notavel, relatado no ntimero de 26 de janeiro de 1959 do Time, refere-se ao problema da lista negra de Hollywood. Relata o Time “A noite de entrega do Oscar é 0 grande momento de Hollywood: mas, ha dois anos, o ritual sofreu um grande golpe. Quando foi anunciado 0 nome de Robert Rich como 0 responsavel pelo roteiro de The Brave One, ninguém se levantou para encaminhar-se para o palco. Robert Rich era um pseud6nimo, que servia como mascara para um dos 150 escritores colocados pela industria na lista negra desde 1947, como suspeitos de serem comunistas ou simpati- zantes do comunismo, O caso foi particularmente embaragante porque a Aca~ demia de Cinema havia barrado da competicao do Oscar todos os comunis- tas ¢ todos os que invocaram a 5." Emenda, Na semana passada tanto a ins- ‘rugio para comunistas quanto 0 mistério da identidade de Rich foram subita- mente prescritos, “Revelou-se que Rich ndo era outro sen&o Dalton Yohnny Got His Gun) Trumbo, um dos ‘Dez de Hollywood’, grupo de escritores que recusou teste- munhar nas audiéncias de 1947 sobre comunismo na industria cinematografi- a. Disse 0 produtor Frank King, que insist em afirmar que Robert Rich era um ‘rapaz da Espanha barbudo': ‘Temos a obrigacao diante de nossos acior tas de comprar o melhor roteiro que pudermos. Trumbo nos trouxe The Bra- ve One e nés 0 compramcs...” “Fol, com efeito, o fim formal da lista negra em Hollywood. Para os escrito res barrados, o fim informal jé tinha vindo ha muito tempo. Pelo menos 15% dos atuais filmes de Hollywood so escritos pot membros da lista negra. Disse © produtor King: ‘Ha mais fantasmas em Hollywood do que em Forest Lawn. Todas as companhias da cidade usaram 0 trabalho de pessoas da lista negra. ‘Somos, simplesmente, os primeiros a confirmar 0 que todos sabem”. Uma pessoa pode acreditar, como eu acredito, que 0 comunismo des- truiré todas as nossas liberdades; uma pessoa pode opor-se a ele tao firme- mente quanto possivel e, no entanto, ao mesmo tempo, também acreditar que numa sociedade livre ¢ intolerdvel que um homem seja impedido de di- zer e fazer acordos voluntérios com outros, acordos esses mutuamente atraentes, porque acredita no comunismo, ou esta tratando de promove-lo. Sua liberdade inclui sua liberdade de tentar promover 0 comunismo. E a li- berdade também inclui, € claro, a liberdade de outros de nao negociarem tais circunstancias, A lista negra de Hollywood foi um ato contra a liberda- de porque foi um acordo conspirat6rio que usou meios coercitivos para im- pedir trocas voluntérias. Nao funcionou, justamente porque o mercado tor- nou caro demais para as pessoas preservarem a lista negra. A énfase comer- cial, 0 fato de que as pessoas que dirigem empresas tem um incentivo para ganhar tanto dinheiro quanto possivel, protegeu a liberdade dos individuos da lista negra, fornecendo-lhes uma forma alterativa de emprego e dando as pessoas um incentivo para empregé-las. Se Hollywood e a indiistria cinematogréfica fossem’ empresas estatais ou se na Inglaterra se tratasse de emprego na British Broadcasting Corpora- 28 —_RELACAO ENTRE LIBERDADE ECONOMICA & LIBERDAD= POLITICA tion, € dificil crer que os Dez de Hollywood ou seus equivalentes tivessem encontrado emprego. Da mesma forma, € dificl crer que, naquelas circuns- tancias, proponentes poderosos do individualismo € d= empresa privada — ‘ou mesmo proponentes poderosos de qualguer ponto de vista contrério a0 status quo — pudessem encontrar empress. Outro exemplo do papel do mercado ma preservacdo da liberdade polf- tica foi revelado em nossas experiéncias com 6 MeCarthismo. Pondo intei- ramente de lado as questdes substantives envolvidas © os méritos das acu- saces levantadas, que protec&o t8m os individuos e. especialmente, os fun- ciondrios do govemno contra acusagbes mfesponssves Ou interrogatérios so- bre assuntos que nao podem revelar por uma questso de consciéncia? Eles invocam a 5.* Emenda; mas tal invoeseo sens uma trégica zombaria se ‘n&o tivessem uma alternativa para © emprego do governo. Sua protecdo fundamental consistia ma existéncia de uma economia privada de mercado na qual podiam ganhar 2 vide Também neste caso, a Protecéo ndo é absoluta. Inimeros empregedores em potencial poder, cer- ta ou erradamente, ndo desejar contratar os perseauidos. E possivel que ha- ja um niimero de justificativas pare OS Custos impostos a muitas das pes- soas envolvidas do que para 05 custes Gersimente impostos, aos que pro- pOem causas Impopulares, Mas © ponio importante € que os custos eram li- mmitados e nao proibitivas — come teriam sido Se o emprego estatal fosse 0 nico a disposigao. E interessante notar ‘que um ConGngente extemamente grande das pessoas envolvidas passou, aparentemente, pars os setores mais competiti- vos da economia — comércio, agriculture, empresas de porte médio — on- de se realiza mais de perto o ideal de mercado Evre Ninguém que compra So sabe se o trigo usado foi culivado por um comunista ou um republica- no, por um constitucionalista ott um fascists ou. ainda, por um negro ou por um branco, Tal fato ilustra como um mercado impessoal separa as ativida- des econémicas dos pontos de vista polices e protege os homens contra a discriminacZo com relaga0 a suas atividades econémicas por motivos irrele- vantes para a sua produtividade — quer estes motives estejam associados &s suas opinides ou a cor da pele ‘Como sugere esse exemplo, os grupos de nossa sociedade que tém mais razbes para preservar e fortalecer o capitalsmo competitivo s0 os mi- noritétios — que podem mais faciimente tomar o objeto de desconfianca ¢ hostilidade da maioria: os negros, os judeus, os estrangeiros, para mencio- nar somente os mais Gbvios. Entretanto, e paradoxalmente, os inimigos do mercado live — 0s socialistas ¢ os comunistas — foram recrutados numa proporeao bem grande nesses proprios grupos. Em vez de reconhecer que a existéncia do mercado os protegeu das atitudes de seus compatriotas, eles erradamente atribuem a discriminacéo 20 mercado. Capituto Il Papel do Gove Uma objec deram que o fin ramente ilégica. posta facil nado esté bem coloca retamente, que « ria 0 uso dos 1 86 alcangével p mais basico de u Para o liber cdo voluntaria, coercéo. O idea da na base de « sat 0 objetivo da Desse ponte permitir unanimi sentacdo propor ves de canais ¢ uma_conformide meio de um “sin nidade para um presentacéo pro} esta concluséo. ( presentados é er proporcional do ter que ser em g gislativos separa sentacdo propor. sem conformidac CapiTuLo Il Papel do Governo numa Sociedade Livre Uma objecao comum as sociedades totalitarias é a de que estas consi- deram que o fim justifica os meios. Tomada literalmente, essa objegao é cla- ramente ilégica. Se o fim ndo justificar os meios, quem o fara? Mas essa res- posta facil no afasta a objecéo, simplesmente mostra que a objecdo ndo esta bem colocada, Negar que o fim justifica os meios significa afirmar, indi- retamente, que o fim em questo no ¢ o fim «itimo, e que o fim tltimo se- tia 0 uso dos meios adequados, Quer seja ou no desejével, qualquer fim 36 aleangdvel pelo uso de meios indevidos deve ceder o lugar para o fim mais basico de usar meios devidos. Para o liberal, os meios apropriados so a discussio livre e a coopera- Go voluntéria, 0 que implica considerar inadequada qualquer forma de coergao. O ideal ¢ a unanimidade, entre individuos responsaveis, alcanca- da na base de discussao livre e completa. Esta é outra maneira de expres- sar 0 objetivo da liberdade enfatizado no capitulo anterior. Desse ponto de vista, 0 papel do mercado, como jé ficou dito, € o de permitir unanimidade sem conformidade e ser um sistema. de efetiva repre- sentac&o proporcional. De outro lado, o aspecto caracteristico da aco atra- vés de canais explicitamente politicos € 0 de tender a exigir ou reforgar uma conformidade substancial. A questéo tipica deve ser decidida por meio de um ‘‘sim” ou um “nao”; no maximo, pode ser fomecida a oportu- nidade para um nimero bem limitado de alterativas. Mesmo 0 uso da re~ presentacao proporcional, em sua forma explicitamente politica, nao altera esta conclusao. O ntimero de grupos separados que podem de fato ser re- presentados 6 enormemente limitado em comparacdo com a representacdo proporcional do mercado, Mais importante ainda, fato de o produto final ter que ser em geral uma lei aplicavel a todos os grupos, em vez de atos le- Gislativos separados para cada “parte” representada, significa que a repre~ sentacao proporcional em sua versao politica néo s6 impede unanimidade sem conformidade como também tende & fragmentacao e a ineficiéncia, E, 29 30 PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADE LIVE por isso mesmo, destr6i qualquer consenso sobre o qual a unanimidade com conformidade poderia basear-se. Hi, evidentemente, determinadas questées com relac3o as quais a re- presentacdo proporcional efetiva € impossivel Eu nao posso ter o total de defesa nacional que desejo e voce ter um total diferente. Com respeito a tais assuntos indivisiveis, podemos discutir, ergumentar e voltar. Mas, uma vez alcancada uma deciséo, temos que nos conformar. E precisamente a existéncia destes assuntos indivisiveis — protecSe do individuo e da nacdo contra a coercéo so claramente os mais bésicos — que impede se possa contar, exclusivamente, com @ ae0 individual através do mercado. Se te- mos que usar alguns de nossos recursos pare estes assuntos indivisiveis, de- vernos utilizar os canais politicos para reconeiliar as diferencas. O uso dos canais politicos, embora inevitavel, tende a exigir muito da coesio social, essencial a toda sociedade estavel A exigéncia ¢ menor se a concordéncia para a ac&o conjunta precisa ser aleancada somente para um numero limitado de questdes sobre as quais es pessoas de qualquer forma tém pontos de vista comuns. Qualquer aumento do niéimero de questées, para as quais € necesséria uma concordancia explicita, sobrecarrega de- mais os fios delicados que mantém uma sociedade coesa. Se chegar a ques- tes nas quais os homens esto profundamente envolvidos, mas de pontos de vista diferentes, pode ocorer © rompimento da sociedade. Diferencas fundamentais sobre valores bésicos quase nunca, ou nunca mesmo, po- dem vir a ser resolvidas nas umas; na verdade, s6 podem ser decididas, em- bora nao resolvidas, por meio de um confit. As guerras civis e religiosas da hist6ria constituem testemunhos sangrentos desse julgamento. O uso amplo do mercado reduz @ tensto aplicada sobre a intrincada rede social por tomar desnecesséria a conformidade, com respeito a qual- quer atividade que patrocinar. Quanto maior o ambito de atividades cober- tas pelo mercado, menor o nimero de questdes para as quais sero reque- ridas decis6es explicitamente politicas e, portanto, para as quais seré neces- sério chegar a uma concordancia. Como contrapartida, quanto menor o ni- mero de questées sobre as quais seré necesséria a concordancia, tanto maior probabilidade de obter concordancias e manter uma sociedade livre. ‘A unanimidade 6, evidentemente, um ideal. Na pratica, no nos pode- mos permitir nem o tempo, nem © esforgo necessério a obter a unanimida- de completa a respeito de cada questo. Devemos forcosamente aceitar um pouco menos. Somos, portanto, levados a aceitar a regra da maioria numa forma ou noutra como um expediente, A afirmativa de ser a regra da maioria um expediente, em vez de um principio basico em si proprio, fica claramente demonstrada pelo fato de nossa disposicao de recorrer a ela e a dimens3o da maioria que estabelecemos depender da seriedade do assun- ta envolvido. Se a questo é de pequena importancia e a minoria néo se importar muito de ser derrotada, uma simples pluralidade seré suficiente. De outro lado, se a minoria estiver muito envolvida na questéio em foco, mesmo uma + que um assur por maioria sir peito de tipos tremo, estdo 2 ~ pios $80 180 i ma concesséo cialmente pare alteré-los, A instruga de questdes, ¢ escritas ou nac coeredo de ind ‘sdo livre e com Passarei ai ral, as dreas qu 86 podem sé-l mais convenier O governo con E importar tura habitual ¢ tias assemelhar empenhados ne do que um bor to 0 arbitro enc de exige que sc dirio as relacoe tes dessas cond das regras com maior parte das tos automaticar quenas modifice série de pequer ca nas caracteri sociedade, nent maioria dos par a necessidade d me ou com ess¢ cessario um arbi ciedade livre — PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADELIVRE 31 mesmo uma maioria simples nao ser suficiente. Poucos concordariam em que um assunto como a liberdade de palavra, por exemplo, seja decidido por maioria simples. Nossa estrutura legal esta cheia dessas distingSes a res- peito de tipos de questdes que exigem diferentes tipos de maiorias, No ex- tremo, estao as questdes pertencentes 4 prépria Constituigdo. Estes princi- pios s&o t&o importantes que no permitiremos com relacdo a eles a mini- ma concesso a expedientes. Algo, como consenso essencial, foi obtido ini- cialmente para aceité-los, e exigimos algo, como consenso essencial, para alteré-los. A instrugéo para evitar a regra da maioria com relacio a certos tipos de questes, que faz parte da nossa Constituigéio e de outras semelhantes, esctitas ou nao, as recomendagées especificas nelas existentes proibindo a coercao de individuos devem ser consideradas como o resultado de discus- so livre e como refletindo a unanimidade essencial a respeito de meios. Passarei agora a considerar de modo mais especifico, embora ainda ge- ral, as reas que n&o podem ser tratadas em termos de mercado — ou que 80 podem sé-lo a um t4o alto custo que o uso dos canais politicos se toma mais conveniente. O governo como legislador e arbitro E importante distinguir entre as atividades didrias das pessoas e a estru- tura habitual e legal dentro da qual estas se desenvolvem. As atividades di as assemelham-se as agSes dos participantes de um jogo quando esto empenhados nele; a estrutura as regras do jogo que jogam. Do mesmo mo- do que um bom jogo exige que os jogadores aceitem tanto as regras quan- to 0 atbitro encarregado de interpreté-las e de aplicé-las, uma boa socieda- de exige que seus membros concordem com as condigdes gerais que presi- dito as relagdes entre eles, com 0 modo de arbitrar interpretacées diferen- tes dessas condiges e com algum dispositive para garantir 0 cumprimento das regras comumente aceitas. Como nos jogos, também nas sociedades, a maior parte das condig6es gerais constituem 0 conjunto de costumes, acei- tos automaticamente. Quando muito, s6 consideramos explicitamente pe- quenas modificagSes introduzidas nele, embora o efeito cumulative de uma série de pequenas modificacdes possa vir a constituir uma alteragio drésti- ca nas caracteristicas do jogo ou da sociedade, Tanto nos jogos quanto na sociedade, nenhum conjunto de regras pode prevalecer, a no ser que a maioria dos participantes as obedeca durante a maior parte do tempo, sem a necessidade de sangées extemas, a ndo ser, portanto, que exista um con- senso social subjacente. Mas, nao podemos contar somente com o costu- me ou com esse consenso para interpretar e pér as regras em vigor; € ne- cessario um Arbitro. Esses so, pois, os papéis basicos do governo numa so- ciedade livre — prover os meios para modificar as rearas, regular as. ee ll 32 PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADE LIVRE gas sobre seu significado, e garantir 0 cumprimento das regras por aqueles bre elas? A simp que, de outra forma, nao se submeteriam a elas. ciedades anénim ‘A necessidade do goveno nesta érea surge porque a liberdade absolu- gras sociais, ger ta e impossivel. Por mais atraente que possa o anarquismo parecer como fi- também sugerir osofia, ele nao é praticével num mundo de homens imperfeitos. As liberda- bem especificada des dos homens podem entrar em conflito e quando isso acontece a liber- tante do que o cc dade de uns deve ser limitada para preservar a de outros — como esta ilus- Outra rea } trado por uma frase de um juiz da Suprema Corte de Justica: “Minha liber- a do sistema mot dade de mover meu punho deve ser limitada pela proximidade de seu quei- tario j6 foi ha ter oie ‘co constitucione © problema mais importante para estabelecer as atividades apropria- lar seu valor e das do governo é como resolver tais conflitos entre as liberdades dos diver- ma outra drea de sos individuos, Em alguns casos, a resposta é facil, Nao € muito dificil obter : unanimidade para a proposi¢ao de que a liberdade de um homem de ma- tar seu vizinho deve ser sacrificada para preservar a liberdade do outro ho- ponsabilidade ai mem de viver. Em outros casos, a resposta € dificil, Na rea econdmica, objetivo do gove um problema importante surge a respeito do conflito entre a liberdade de priadas a uma sc se associar e a liberdade de competi. Que significado se deve dar ao adjeti- téria para a de | vo “livre” quando modifica “empresa”? Nos Estados Unidos, “livre” foi en- problema em det tendido como significando que todos tém a liberdade de fundar uma em- Em suma, @ presa — 0 que significa que as empresas existentes néo tém a liberdade de luntatia presume manter os competidores fora do campo, a ndo ser com a venda de produ- cessidade de ma tos melhores ao mesmo preco ou dos mesmos a prego mais baixo. Na tradi- or outro; a exe @o continental, de outro lado, significa em geral que as empresas tém a li- 0 do significad berdade de fazer 0 que quiserem, incluindo a fixacdo de precos, a diviséo execugdo; o forn do mercado e a adogio de outras técnicas para manter afastados os compe- tidores em potencial. Talvez 0 problema especifico mais importante, neste caso, diga respeito a associaco entre trabalhadores, onde o problema da li- Acao através do berdade de associar-se e da liberdade de competir apresenta-se de modo e efeitos laterais mais agudo. HA uma érea econdmica, ainda mais bésica, onde a resposta ¢ a0 mes- O papel do mo tempo dificil e importante — isto 6, a definic&o dos direitos de proprie- que 0 mercado | dade, A ogo de propriedade, como foi desenvolvida ao longo dos sécu- em vigor as regr los e esté contida em nossos cédigos legais, tornou-se de tal forma parte de verno algumas ¢ nosso pensamento que j4 a consideramos evidente e nao percebemos 0 tas condicées té quanto a propriedade em si e os direitos que a posse da propriedade confe- ta-se de casos et te so criagSes sociais complexas — e nao proposigbes evidentes por si ra ou praticamer Por exemplo, a propriedade da terra ea minha liberdade de usar minha monopélios e ou propriedade me permitem negar aos outros direitos de voar sobre minhas A troca $6 terras com seu avigo? Ou o direito de usar seu avido tem precedéncia? Ou praticamente eat ‘© caso dependera da altura em que estiverem voando? Ou do barulho que inibe, portanto, | fizerem? Exigiré a troca voluntéria que eles me paguem pelo privilégio de quentemente, se vyoar sobre as minhas terras? Ou deverei cu pagar-Ihes para evitar voar so- acordos conspire PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADELIVRE 33 bre elas? A simples menc&o de royalties, copyrights, patentes, aces de so- ciedades anénimas e outros direitos podem talvez enfatizar 0 papel das re- gras sociais, geralmente aceitas na definicfo de propriedade. Mas podem também sugerir que, em intimeros casos, a existéncia de uma definicéo bem especificada e amplamente aceita de propriedade é muito mais impor- tante do que o conteddo da definigéo como tal Outra area econémica que coloca problemas particularmente dificeis a do sistema monetério. A responsabilidade do governo pelo sistema mone- trio jé foi ha tempos reconhecida. Esta explicitamente declarada na disposi- 40 constitucional que dé ao Congresso o poder de “cunhar moeda, regu- lar seu valor e 0 de moedas estrangeiras”. Nao ha provavelmente nenhu- ma outra rea da atividade econdmica com relacdo a qual a aco do gover- no tenha sido tao uniformemente aceita. Esta aceitacao técita e automética da responsabilidade do govemo torna a compreensao das bases de tal res- ponsabilidade ainda mais necessSria, uma vez que aumenta 0 perigo de o objetivo do govemo passar de atividades que so para as que ndo séo apro- priadas a uma sociedade livre; ou passar da acao de prover estrutura mone- téria para a de partilhar os recursos entre os individuos. Discutiremos esse problema em detalhes no capitulo Il Em suma, a organizac&o de atividade econémica através da troca vo- luntéria presume que se tenha providenciado, por meio do govemno, a ne- cessidade de manter a lei e a ordem para evitar a coerc&o de um individuo por outro; a execucao de contratos voluntariamente estabelecidos; a defini- ‘co do significado de direitos de propriedade, a sua interpretacéo e a sua execu¢ao; 0 fornecimento de uma estrutura monetéria. Acdo através do governo na base de monopélio técnico e efeitos laterais O papel do govemo, até aqui considerado, é 0 de fazer alguma coisa que 0 mercado nao pode fazer por si s6, isto é, determinar, arbitrar e por em vigor as regras do jogo. Podemos também querer fazer por meio do go- verno algumas coisas que poderiam ser feitas pelo mercado — face a cer- tas condigdes técnicas ou semelhantes que tornam dificil tal execucio. Tra- ta-se de casos em que a troca, estritamente voluntaria, é extremamente ca- ra ou praticamente impossivel. Hé duas classes gerais de casos desse tipo: monopolios e outras imperfei¢des do mercado e os efeitos laterais. A troca s6 6 verdadeiramente voluntéria quando existem alternativas praticamente equivalentes. O monopélio implica auséncia de alternativas e inibe, portanto, a liberdade efetiva da troca. Na pratica, 0 monopélio fre- qlientemente, se ndo geralmente, origina-se de apoio do govemo ou de acordos conspirat6rios. Com respeito a isto, a solucéo é evitar 0 favoreci- 34 PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADE LIVRE mento de monopélios pelo governo ou estimular a efetiva aplicagio de re- gras como as que fazem parte de nossas leis antitruste. Entretanto o mono- polio também pode surgir por ser tecnicamente eficiente e haver um s6 pro- dutor ou uma s6 empresa. Eu ouso afirmar que tais casos si0 mais limita- dos do que se supée mas, de fato, existem. Um exemplo simples é 0 da prestacao de servicos de telefone a uma comunidade. Estes so 0s casos a que me refiro com a denominacao de monopélio “técnica”. Quando condigdes técnicas tomam o monopélio produto natural das forcas do mercado competitive, ha apenas trés alternativas a disposicao: monopdlio privado, monopélio puiblico ou regulacao pilblica. As tres séo in- convenientes, e temos, portanto, que escolher entre trés males. Henry Si- mons, observando a regulacao pablica do monopélio nos Estados Unidos, achou os resultados tao inconvenientes que concluiu ser o monopélio piibli- co o menor dos males. Walter Eucken, notével liberal alemao, estudando o monopélio pablico das estradas de ferro na Alemanha, achou os resultados Go inconvenientes que concluiu ser a regulacdo pablica o menor dos ma- les. Apés ter estudado a posigéo dos dois, acabei por concluir relutantemen- te que, se tolerével, 0 monopélio privado pode ser o menor dos males. Se a sociedade fosse estética de modo que as condigdes que deram origem ao monopélio técnico permanecessem sempre presentes, eu teria pouca confianca nessa solugdo. Numa sociedade em mudanca répida, en- tretanto, as condic6es que levam ao monopélio técnico alteram-se frequen- temente e acho que tanto a regulacdo piblica quanto o monopélio publico so provavelmente menos sensfveis a tais mudancas de condicdes, menos faceis de serem eliminados do que o monopélio privado. As estradas de ferro nos Estados Unidos constituem um exemplo exce- lente. Uma boa quantidade de monopélio nas estradas de ferro {oi talvez inevitével em termos técnicos no século XIX. Foi esta a justificacdo para o Interstate Commerce Commission. Mas as condigées mudaram. O surgi- mento das estradas de rodagem e do transporte aéreo reduziu o elemento de monopélio nas estradas de ferro a proporedes negligenciéveis. Entretan- to, nao eliminamos 0 ICC. Em vez disso, 0 ICC, que comecou como uma agéncia para proteger o piblico da exploragio das estradas de ferro, tor- nou-se uma agéncia para proteger as estradas de ferro da competicao por parte de caminhées e outros meios de transporte e, mais recentemente, até mesmo para proteger as companhias de caminhées existentes contra a entrada de novas empresas no ramo. Do mesmo modo, na Inglaterra, quando as estradas de ferro foram nacionalizadas, as companhias de cami nhGes foram a principio inclufdas no monopélio estatal. Se as estradas de ferro no tivessem nunca sido submetidas a regulacdo nos Estados Unidos, é praticamente certo que atualmente o transporte, incluindo as estradas de ferro, seria uma indtistria altamente competitiva, com poucos ou nenhum elemento de monopélio. A escolha « co e da regulace das, independer nico diz resp do monopélio é lio privado nao blica quanto o m © monopél lio pablico de fa seado na premi exemplo, nao h vico postal. Pod menor dos male servico postal d de coresponder técnico, ninguén nao ha raz pa neira: de descob gOcio. A razao his é constituida pe transportando a duziu o servigo dinheiro. O resu déncia por parte Company 6 ho} nhia operante. E correspondéncia sas tentando par co tempo. A segunda | tia € impossivel outros — e pela problema dos “¢ © homem que j gua boa por 4g zer a troca por t mente, evitar a t Um exempl te possivel identi estradas e ter as acesso geral, en da cobranca ser PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADELIVRE 35 A escolha entre os males do monopélio privado, do monopélio publi co e da regulacao publica nao pode, entretanto, ser feita de uma vez por to- das, independentemente das circunstancias presentes. Se 0 monopélio téc- nico diz respeito a um servigo ou comodidade como essencial e se o poder do monopélio é considerével, mesmo os efeitos a curto prazo do monopé: lio privado no regulado podem ser intolerdvels — e tanto a requlacdo pa- blica quanto o monopélio paiblico passam a constituir um mal menor. ‘© monopélio técnico pode, em certas ocasi6es, justificar um monopé- lio pablico de facto. Nao pode por si s6 justificar um monopdlio publico ba- seado na premissa de se tomar ilegal qualquer competicgo no ramo. Por exemplo, ndo ha nenhum modo de justificar nosso atual monopélio do ser- vico postal, Pode-se argumentar que o transporte de correspondéncia € 0 menor dos males. A partir desse ponto de vista, pode-se talvez justificar um servico postal do governo mas néo a lei atual que tomna ilegal o transporte de correspondéncia por qualquer outra organizacéo. Se é um monopélio técnico, ninguém sera capaz de competir com 0 governo. Se nao é, nao é, nao ha raz4o para que 0 governo se envolva em tal atividade. A Gnica ma- neira: de descobrir é dar liberdade as outras pessoas para entrarem no ne- gécio. ‘A razio historica pela qual nés temos um monopolio do servico postal é constituida pelo fato de que o Pony Express realizava tao bom trabalho transportando a mala através do continente que, quando o governo intro- duziu servico transcontinental, nao pode competir efetivamente e perdeu dinheiro. O resultado foi uma lei tornando ilegal 0 transporte de correspon- dencia por parte de qualquer outra organizacao. Por isso a Adams Express Company € hoje um truste de investimento ao invés de ser uma compa- nhia operante. Eu imagino que, se a entrada no negécio de transporte de correspondéncia fosse aberta a todos, haveria um bom nimero de empre~ sas tentando participar e esta arcaica indGstria seria revolucionada em pou- co tempo. ‘A segunda classe geral de casos em que a troca estritamente volunté- ria é impossivel tem origem quando acées de individuos tem efeitos sobre outros — e pelas quais nao é possivel recompensé-los ou puni-los. Este é 0 problema dos ‘efeitos laterais”. Um exemplo dbvio é a poluigéo, de um tio. © homem que polui um rio esta, com efeito, forcando os outros a trocar gua boa por agua ma. Estes outros individuos podem estar dispostos a fa- zer a troca por um prego. Mas nao é possivel para eles, agindo individual- mente, evitar a troca ou obter compensacéo apropriada. Um exemplo menos dbvio @ o das estradas. Neste caso, tecnicamen- te possivel identificar os usuérios e, portanto, cobrar uma taxa pelo uso das estradas e ter assim uma operacao privada. Entretanto, para as estradas de ‘acesso geral, envolvendo inGmeros pontos de entrada e de saida, 0 custo da cobranca seria extremamente alto se tivesse que se estabelecer um pre- 36 PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADE LIVRE: 0 pelos servicos especificos recebidos por cade individuo, devido & necessi- dade de implantar postos de recolhimento em todas as entradas. A taxa so- bre a gasolina é um modo mais barato de cobrar aos individuos taxas pro- Porcionais a sua utilizac&o das estradas, Esse método, contudo, ¢ tal que o Pagamento em questo no pode ser estreitamente identificado com a utili- zagéo do servico. Conseqlientemente, € quase impossivel ter empresas pri- vadas fornecendo o servigo e coletando as taxas sem estabelecer um exten- so monopélio privado. Tais consideracdes nao se aplicam as bamreiras de pedagio de longa distancia, com alta densidade de trafego © acesso limitado. Para estes ca- S0s, os custos da coleta sdo pequenos e, em muitos casos, estao sendo ago- ta pagos. Como ha em geral numerosas altemativas, néo surgem proble- mas sérios de monopélio, Hé, portanto, intimeras razSes para que deves- sem ser de propriedade e operacao privadas. Assim, a empresa que admi- nistrasse as estradas deveria receber as taxas da gasolina pagas pelo uso delas. Os parques séo exemplos interessantes porque ilustram a diferenca en- tre casos que podem e casos que nao podem ser justificados pelos efeitos laterals e porque quase todo o mundo & primeira vista considera a organiza. ‘so de Parques Nacionais como uma funcSo obviamente valida do gover- no. De fato, entretanto, os efeitos laterals podem justificar um parque pibli- co numa cidade, mas néo justificam um parque nacional, como o de Yel- lowstone National Park ou o Grand Canyon. Qual a diferenca fundamental entre os dois? Para o parque na cidade, € extremamente dificil identificar as essoas que se beneficiam dele e fazé-las pagar pelos beneficios que rece- bem. Se hé um parque no meio da cidade, as casas em todos os lados ob- tém o beneficio do espaco livre e as pessoas que passam por ele ou em tor- no dele também se beneficiam. Manter coletores nos portoes ou impor ta- xas anuais por janela voltada para © parque seria muito caro e dificil. As en- tradas para um parque nacional como o de Yellowstone, de outro lado, so poucas; a maioria das pessoas que chegam a ele permanecem por lon. go tempo e, portanito, € perfeitamente vidvel instalar balcdes de coleta nos Portdes e cobrar taxas de entrada. Isso esta sendo feito de fato, embora as taxas ndo cubram os custos totais. Se 0 piiblico deseja esse tipo de organi- zagdes a ponto de pagar convenientemente por elas, as empresas privadas teria todos os incentivos para criarem tails parques. E, é claro, hd muitas empresas privadas dessa natureza N&o posso imaginar nenhum tipo de ‘As consideragées que fiz sob a denominacgo de efeitos laterais foram usadas para racionalizar quase todas as intervences. Em muitos casos, con- tudo, essa racionalizacéo ndo conesponde a uma aplicagao legitima dos efeitos laterais. Os efeitos laterais podem ser encarados de dois modos. Po- dem ser uma las. Os efeitos 08 efeitos em presente do mi do os efeitos dos custos de de modo aprc em certas ativ Zindo um nov sar 0s individu — 08 originais do caso indivi uso do govem teral extremam questao para a mental limita a liberdade indire Nossos pri 80 quanto ao junto o que é meio da troca | proponha a int tando separada cam-nos que ite guns fundamen Muito especiain cada proposta ¢ ga a liberdade, ¢ te aspecto e ao Se, por exempl mos dar um pes namental adicio como Henry Sit queno em comr tir que 0 govern aceitariam agora Acao através do A liberdade veis, Nao acredit de tragar uma lin PAPEL DO GOVERNO NUMASOCIEDADELIVRE 37 dem ser uma razdo para limitar as atividades do governo ou para expand- las. Os efeitos laterais impedem a troca voluntaria porque € dificil identificar 05 efeitos em terceiros e medir sua magnitude, mas essa dificuldade esta presente do mesmo modo na atividade governamental. E cific saber quan do os efeitos laterais sao suficientemente amplos para justificar determina- dos custos destinados a eliminé-los e ainda mais dificil distribuir os custos de modo apropriado. Conseqtientemente, quando o governo se empenha fem certas atividades para eliminar efeitos laterais, estara em parte introdu- zindo um novo conjunto de efeitos laterais por néo poder taxar ou compen- sar 08 individuos de modo apropriado. Quais os efeitos laterais mais graves — 08 originais ou novos — isto s6 poderé ser julgado a partir dos fatos do caso individual e, mesmo assim, de modo aproximado. Além disso, 0 uso do governo para eliminar os efeitos laterais como tal tem outro efeito la~ teral extremamente importante que ndo esté relacionado com a ocasiéo em questo para a acdo governamental. Toda a ac&o de intervencao governa- mental limita a liberdade individual diretamente e ameaca a preservago da liberdade indiretamente, pelas raz5es jé discutidas no primeiro capitulo. 'Nossos principios nao forecem uma linha clara e definida de demarca- ‘go quanto ao uso apropriado da aco governamental para realizar em con- junto o que é importante a cada um de nés realizar individualmente por meio da troca estritamente voluntaria. Em cada’ caso particular em que se proponha a intervenc&o, devemos organizar uma folha de verificacéo, ano- tando separadamente as vantagens e desvantagens. Nossos principios indi- cam-nos que itens devemos colocar num ou no outro lado, e nos déo al- guns fundamentos quanto @ importancia que devemos dar a uns ¢ outros. Muito especialmente, devemos sempre examinar os riscos envolvides em cada proposta de intervencéo governamental, seus efeitos laterais na amea- ca a liberdade, e dar a este efeito um peso consideravel. Que peso dar a es- te aspecto aos outros itens vai depender das circunstancias em questéo. Se, por exemplo, a intervenc#o governamental existente é pequena, pode mos dar um peso pequeno aos efeitos negativos de uma intervencao gover- namental adicional. Esta é uma raz4o importante porque inmeros liberais, como Henry Simons, escrevendo numa época em que 0 governo era pe- queno em comparacéo com os padrées atuais, estavam dispostos a permi- tir que 0 governo se envolvesse em atividades que os liberais de hoje née aceitariam agora que o governo se tornou tao poderoso. Acao através do governo em bases paternalistas A liberdade € um objetivo vélido somente para individuos responsé- veis, Nao acreditamos em liberdade para criangas ¢ insanos. A necessidade de tracar uma linha entre individuos responséveis e outros é inevitével; con- 38 PAPEL DO GOVERNO NUMA SOCIEDADE LIVRE tudo, significa que existe uma ambigiiidade essencial em nosso objetivo ulti- mo de liberdade. O paternalismo € inevitavel para aqueles que definimos como irresponsavels. O caso mais claro é talvez © dos insanos. Estamos dispostos a nao per- mitir que desfrutem de liberdade, mas, 20 mesmo tempo, no podemos permitir que os eliminem. Seria 6timo se pudéssemos contar com a ativida- de voluntétia de individuos para alojar e cuidar dos insanos. Mas acho que nao devemos afastar a possibilidade de que tals atividades filantropicas se- jam inadequadas, quando menos por causa do efeito lateral envolvido no fato de eu me beneficiar se outro homem contribuir para o cuidado dos in- sanos. Por esta razo, podemos achar mais conveniente deixar que sejam cuidados pelo governo. As criancas constittem um caso mais dificil A unidade operacional it ma de nossa sociedade no é o individuo, mas 2 familia. Contudo, a aceita- sao da familia como a unidade repouse de modo consideravel mais num expediente do que num principio. Acreditamos. em geral, que os pais estio mais categorizados para proteger seus filhos © para fratar que se desenvol- vam como individuos responsaveis, para os quais a liberdade é adequada Mas no acreditamos na liberdade dos pais para fazer o que quiserem com ‘outras pessoas. As criancas s4o individuos responsévels em potencial, ¢ ‘quem acrecita em liberdade acredita em proteger seus direitos ltimos. Para colocar problema em outros termos, as criancas s4o, a0 mesmo tempo, consumidoras de produtos e membros responséveis, em potencial, da sociedade. A liberdade de os individues usarem seus recursos econémi- cos do modo que desejarem inclui 2 liberdade de usé-los para ter criancas — para comprar, por assim dizer, os servicos de criancas como uma forma particular de consumo. Mas, uma vez que tal escolha tenha sido feita, as criangas tm um valor em si prOprias © por si proprias e uma liberdade que Ihes pertence e que no consiste, simplesmente, numa extenséo da liberda- de dos pais. A justificacéo patemalista para a etividade governamental é 2 mais in- moda para um liberal; ela envolve a aceitacto de um principio — 0 de que alguns podem decidir por outros — que considera questiondvel em int- metos casos € que Ihe parece, muito justamente, o ponto caracteristico de seus principais inimigos intelectuais — os propotentes do coletivismo em qualquer uma de suas formas — quer se trate de comunismo, de socialis- mo ou do estado de bem-estar social. Entretanto, no ha nenhuma vanta- gem em considerar os problemas como mais simples do que realmente S80. N&o hé possibilidade de evitar 0 uso de algumas medidas paternalis- tas. Dicey escreveu em 1914 a respeito de uma lei para a protecio dos defi cientes mentais: “O Mental Dificiency Act constitui o primeiro passo ao longo de um caminho em que nenhum homem sensato poderia declinar entrar, mas que, ao mesmo tempo, : ficuldad berdade Nao ha ner com nosso | dade para } correta, ou, pontos de v tes, num c por meio da Conclusao Um gov priedades; si de outras re das regras; r ra monetéria te os efeitos justifiear a int lia na protec crianca; um t penhar. O lib Entretan te limitadas e das pelos Go equivalentes tes tratarao c acima, Ajudai bui ao gover das atividade: dos e que justificadas en 1. Progra 2. Tarifas atuais cotas de DICEY, A V. Lec teenth Century. 2° PAPEL DO GOVERNO NUMASOCIEDADELIVRE 39 tempo, se percorrido para além do necesséio, traré aos homens de Estado di- ficuldades que nao poderdo resolver sem uma considerdvel interferencia na li- berdade individual”. Nao h& nenhuma formula que nos ensine onde parar. Temos que contar ‘com nosso julgamento falivel e, tendo chegado a uma deciséo, com habili- dade para persuadir nossos concidadaos de que se trata de uma deciséo correta, ou, com a habilidade deles de nos persuadirem a mudar nossos pontos de vista, Temos que colocar nossa {é, aqui como em outras ques- tes, num consenso alcancado por homens imperfeitos e preconceituosos, por meio da discusséo e do ensaio e erro. Conclusao Um governo que mantenha a lei ¢ a ordem; defina os direitos de pro- priedades; sirva de meio para a modificacao dos direitos de propriedade e de outras regras do jogo econémico; julgue disputas sobre a interpretacdo das regras; reforce contratos; promova a competicio; forneca uma estrutu- ra monetétia; envolva-se em atividades para evitar monopélio técnico e evi- te 0s efeitos laterais considerados como suficientemente importantes para justificar a intervenc&o do governo; suplemente a caridade privada e a fami- lia na protegao do irresponsével, quer se trate de um insano ou de uma crianca; um tal governo teria, evidentemente, importantes funcoes a desem- penhar, O liberal consistente ndo é um anarquista. Entretanto, fica também bvio que tal govemo teria fungdes claramen- te limitadas e nao se envolveria numa série de atividades, agora desenvolvi- das pelos Governos Federal e Estadual nos Estados Unidos e pelos érgios equivalentes em outros paises do hemisfério ocidental. Os capitulos seguin- tes trataréo com detalhes de algumas destas atividades, algumas discutidas acima. Ajudaré a dar um sentido de proporcao ao papel que o liberal atri- bui ao goveme, listando simplesmente, ao encerrar este capitulo, algumas das atividades atualmente desempenhadas pelo Governo dos Estados Uni- dos e que nao podem, até onde sou capaz de perceber, ser validamente justificadas em termos dos principios acima apresentados: 1, Programa de apoio & equivaléncia de pregos para a agricultura, 2, Tatifas sobre as importacdes e restriches 4s exportacdes, como as atuais cotas de importacao de peiréleo, cotas de agiicar etc. DICEY, A.V. Lectures on the Relation Between Low and Public Opinion in England During the Nine teenth Century, 2" edigdo, Londres, Macmilan & Co, 1914 Ph 40 _PAPEL_DO GOVERNO NUMA SOCIEDADE LIVRE 3. Controle governamental da producéo, quer sob a forma de progra- mas fazendas, quer através da diviséo proporcional do petrleo conforme feito pela Texas Railroad Commission. 4, Controle de aluguéis, como ainda praticado em Nova York, ou con- troles mais gerais de precos e salérios como os impostos durante e apés a Segunda Guerra Mundial. 5. Salérios minimos legais ou precos maximos legals, como o maximo legal de zero na taxa de juros que pode ser paga para depésitos por bancos comerciais ou as taxas méximas legalmente estabelecidas que podem ser pagas nos depésitos de poupanca e depésitos a prazo. 6. Regulacdo detalhada de indtstrias, como a regulac&o de transporte pela Interstate Commerce Commission. O fato tinha alguma justificago em termos de monopélio técnico quando inicialmente introduzido para estra- das de ferro; ndo tem nenhuma agora para qualquer tipo de transporte, Ou- tro exemplo é a regulamentacdo-detalhe da atividade bancérra, 7. Um exemplo semelhahte, mas que merece mencéo especial devido icita e violacio de palavra, € 0 controle do radio e televi- s8o pela Federal Communications Commission 8. Os atuais programas sociais de seguros, especialmente os que envol- ver a velhice e a aposentadoria, obrigando as pessoas a: a) gastar uma fra- Go estabelecida de sua renda na compra de uma anuidade de aposentado- nia; b) comprar a anuidade de uma empresa piiblica 9. A exigéncia de licenciamento em diversas cidades e Estados que res- tringem determinados empreendimentos ou ocupacées ou profiss6es a pes- soas que possuem uma licenca, quando a licenca constitui mais do que 0 recibo de uma taxa que qualquer um que o deseje possa pagar. 10. Os programas de habitacdo e tantos programas destinados direta- mente a patrocinar a construcao residencial, tais como as garantias para hi- potecas F. H. A. eV. A. 11. A convocacdo de homens para servico militar em tempo de paz. A prética apropriada ao mercado livre seria a organizag&o de uma fora mili- tar voluntétia, ou seja, empregar homens para servir. Nao ha justificacéo para que nao se paque o preco necessdrio 4 obtencao do numero conve- niente de homens. A organizacdo atual é injusta e arbitraria, interfere seria- mente com a liberdade dos jovens para planejar suas vidas e 6, provavel- mente, mais cara universal, a fim de ma diferente e pod 12. Parques n 13. A proibigg tivos, 14. A cobrang: Essa lista esta | PAPEL DO GOVERNONUMASOCIEDADELIVRE 41. mente, mais cara do que a alternativa do mercado. (O treinamento militar universal, a fim de criar uma reserva para o tempo de guerra, é um proble- ma diferente e pode ser justificado em termos liberais.) 12, Parques nacionais, comentados acima 13. A proibicdo legal do transporte de correspondéncia, com fins lucra- tivos. 14. A cobranga piiblica do pedagio nas estradas, comentada acima. Essa lista esté longe de ser completa.

You might also like