Paradigm As Doens I No de Literatur A

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© paradigma moral-gramatical concn ing cote nce prin some lone plate se rat 1a etibens rondo ose “naga conn se on sr de Sos nk issninaee lar Sli Li Caines senders dsp const ian ceo “icp gu Ga vgs Pwid de ee etn dei pgs on ean “paces cron capo der incneuannde epnea Canker) inetd pra presiemesrvocre rte "pn ie sins eg go Talves a caractristiea mais consstente do paradigms moral: gre matical ~e que de cet maneira explia a tlativafacilidade com que tem sido absorvido, comodado, tolerado, conciliado ¢ redimido em ‘itios momentos na ensino da iteratura~ deva ser buscada em umm dos preceitos mais conhecidas da ate podica de Horio: o principio da combinagio entre oti eo agradvel. Er sua carta aos Pisdes, na qual sintetza uma série de ensinamentos sobre a escrita postica ele sugere “que os esertores buscam por meia da poesia ser tes ou agradives ‘ow as daas cofss ao mesmo tempo, sendo ess duplicidade « melhor sgarantia de sucesso. Poeta reconhecide em sua propria época e que aleangou fama também na posteridade, Horicio nfo s6 aconselna, mas mostra no proprio conselho 0 que esti aconselhando, ou sei, € saber e pritica 40 mesmo tempo. A ligio-exemplo de Horicio ndo er estranha 8 teratura greco-romana, lem antes de soa poética as fabulas de Fsopo ji demonsteavam a forga que ensinamentos cos adquiriam quando 20 rate ene associados ao lavor artistic, assim: como as epopelas as tragédias comeias fancionavam como padres identitiios que permiiam 20s _egos se verem como uma comunidade, ao mesmo tempo que emula- ‘vam individualmente os seus heebis. Desa forma, pade-se dizer que a ‘rmula de sucesso horaciana fz parte de umn contexto em que o fazer Podtico era simultaneamente pedagogic, filositico, ética e etético, até porque era a expresso escrita de uma cultura comumn a gual os ‘campos de conhecimento cram indivis, Transposto da produgio poctica para o ambiente escola.o principio ‘de uniro itil a0 agradivel, usando aliteratera como meio pedugiglco, encontrou no ensino do latim uma de suas formlagdes mais bem acabadas. Everdade que © uso da literatura como for undo da esrita remontava aos gregos e& origem da prépria escola, uae partner urge een rene cmb eto nlc ected, nto Rar Cab de Lact Ali tn ‘Calg dene ds pct rns a Spa 20406? (© dilema entre ser nacional ou regional e ser ocental ov universal petpassa boa parte da produ e da erica Iitertia no Bras Discuir ‘© gue ¢ proprio eo que alhelo ao Brasil na obra deste ou dagueleescri- tor sempre rendeu boas polimicas, como aquelaefetivada entre jose de Alencar e Joaquim Nebuco ainda no final do sculo xx. Com a perspi- ‘ici ea Sileza que Ihe eram propras, Tania Franco Carvahal (2003) dstaca que nesasdisussbes se costumam elencar, bem como defender, su saractersticas owas elementos que si peculistes 0 Brasil colocando «em segundo plano fata de que toda construgo ide «iterenga para ser reconhecida comotalequenaliteratur, assim comoem ‘utrasprodugdesculturas oaheio caminha lado a lado como pripric. Othandoa questo por outro ngulo, Las Costa Lima (1986) explica ‘que, no romantismo normatizado, a construsio da literatura nacional ‘em coamo base uma opsragie metonimica: o posta expresacm sa abr unt modo de ser proprio da nag. F pel condigto de expresso sing lar da nagio que a preservasso,a promocio ea divulgacdo da literatura aria necesita da nacional passam a ser uma matéria de interesse do Estado, No cass da América Latina, a literatura assim concebida ocupou papel relevante junto. processo de auton: expressio da idontdade nacional, o que fi feito por meio da observagio «de deserigo da natureza na falta de lastvo dado por obras anteriores, ‘como acontecia em paises de maior tradicio literiia, Em sonsequénsia, hue uma cert imitago do que se coneebia como literatura ou come literatura aser valorizada poisa obra para ser adequada precisava, dentro do padrio descriivo-realista, atender § posibilidade de ser lida coma vn alegoria da patra, Dentro dessa concepgio de literatura, determinados autores & ‘obras so eleitos representantes do pas, garantindo na absorcao de modelos estétcos europeus 0 que era proprio do Brasil imitand & Tegitimando, por ess diferenga, a representasoliterisiada identidade nacional Emerge, assion, unt novo paradigma de ensina da ite nia politica. Cube literatura aseguar a «© historico-nacional. A marca definidora desse paradigma € a na redutido, considerando a produgao do autor e dos autores da épocs, isto 6, representa muito pouco daguile que dizem tepresentae Outra, por fim, ¢ que se dedica mais xpaco aos periodos da final do culo xe «inicio do século x, supostamente a fase de consolidagio daliteratura brasileira, do que aos estiles mais proximos do presente ¢ do passado mais distant, erande a impressio de ama especie de idadedo our da teraturaque le tetiraahistoricidade, ap mesmo tempo que aaprisiona esse passado mitificado, Desse moda, sobie o material de ensino de teraturs no paradigms histrio nacional, pode se dizer que, a despeito de toda sua aparente slivers, trata-ede variagdes de dois uses daliteratura nacscoa. Ur eles o ensin coma literatura, que €0 que acontece as asologias, nos Tivos de litwa e no mara de lingua portuguesa, em que o testo ite ‘lo, por seu carter estético, serve de material para oensino da eitura © Ae Yeiculo preferencial dos valores que a escola desea promover justo 230 ano, Outro & 0 ens sobre literatura, quan o saber litera & deracao com astra terra enquanto esos de gpoca. A uni esses «ois uses principio da identdade nacional quesustentz paradigm histérco-nacional. No ésem razio,portanto, que esas obras peda ‘casprocurem a um s tempo desvlarealirmat a singularidade do Bras ‘sejaatravés de reletura da cutara popular sea mediantea exaltagao de ‘suas plsagense de vullos heroicos, sea por mela ca afirmagio de um tealgdo teres similar A de outas nayes, Nessa construsio, no se descuid dos valores moras civicos que dever serbuscadose exercidos indvidualmente, a exemplo da bondade eda respite aos mais vlbos. E assim que os deveres para com apiriae 0s bons costumes irmanam-st para a forrasto do cdadao easier. A Mteraturaexerce nssas obras Pedagogicas um papel fundamental porque é por meio dela quea patria 6 configurad como tal. Em outaspalavras, & Meratura que informa + face da patria, modelando-a através do flelore, dos seus costumes ede ‘ua histria, mas também, esobretudo, por meio da propria eserita hte ria que¢ imultaneamente,veiculoe esernnhs dasusespecfchdade, raaymatinrcrmcod OL As atividades de sala de aula [As atvidades de sala de aula do paradigms histérico nacional sto terminadas por trésquestbes elevantes. A primeira & que hi urna linha de continuidade comm as atividades do paradigm anterior, eu se, ss mudangas propostas peo novo paradigm absorvem emantém muitas ‘as pratcas anteriores, gerando um efeta de permangncia ou de trans ‘lo sem rupta, Dessa forma, aparenternente mantidas, as pratcas do paradigm moral: gramatical vio sendo reformaladas oa ressignificadas, ‘onforme as earactersticas que a escola, os proessares¢ 0s alunos vao ‘sssumindo a loogo do tempo, Um exemple a oralizasio que anterior mente viseva desenvolver« eloguéncia dos alunos, fazendo, potanto, sentido prtia constante da eituraem voraltae arecitaes de poemas ‘oto parte de uma memria aletiva com textoliterrio, No paradigna itGrico-nacional a mtodologiatransmissivista dé povcoexpaso para ‘voz doaluno,sssinn descnvolveraeloguéncia deta de ser rlevante no processo escolar, mantendo-se apenas eitra em vor ala dos textos, © {que leva muitos alunos e professes aassocarem erroneamente a com peténcia da letra capackdade de oralizarostextos, Além dss, como ‘ss Teitura oral & felt sem nenhuma expressividade, mesmo quando paticada pelo professor, ¢ nfo rato antecede a compreensio do texto {quando feta pelo luo, termina sendo uma tividade waza que pareve tera Gnica fango de ocipar¢ tempo da aula. Uma consequéncia dessa parente continuidade & 0 saudosismo de uma escola anterior supost ‘mente maiselicientee coerente em suas pritcas de ensino que, como odo ‘saudosismo,ignora ow nio consegue perceer as diferencas © as novas ‘ondigéesdo momento presente. Também tend ager cert imobilismo te resisténcia a novaspropostas etentativasdivrsis de modernizagio.em ‘nome de um funcionamento tradicional que, por estar etabelecide por tanto tempo, em garantia de sucesso, mesma que himitado. COutra questio relevant € que hd uma nt separa entre oe sino conealiteratura eo ensno sobre a hiteratur. As priticas de sala de ula deste timo, até porgue costuma ter um espago curricular espe (62 peat don “ples apes pe igen Como wad etx uo abe coo goed tetanus pring aa eum ee. Thal: purge do ea na. Som Gol, ea ome ios ‘Em ums obra que.inflizmente, no recchou a vulgasio neces mn seu momento de publicacao, Livia Perteira (1970) estabelece am _metodo em grande parte coerente econsistente com o ensino conterpo~ rineo de literatura, considerando-se,obviamente, 0 horizonte da ép0ca ‘de sua claboragie, Destinado a orienta prfessores do ensino médio, A convivénciacom ostextos éresltado de letras diversas da experiéncia 4a autora como docente de Pritica de Ensino de Portugués do curso de Latras da Faculdade de Filosofia, Cencias e Letras de Assis. [Noseincocapitulos do live Ferreira defende que ensino de itera tura deve ter por objetivo oautodesenvolvimenta do aluno por mito da consciénea do funcionamentod literatura, oqueimplicareconlecer os atificios usados pelsescritoresea especificidade da linguagem terri, Para tao, sgere que oensino deve seguro que denomina de wnidade diditca ou unidade-testo, sen conjunta deetividadesem torno de um ou mais textos terrios a serem eelizadas pelosllnos com orientagio do professor, Ness nidade diditica, 0 aluno acupa una posio cent devendoo estado do texto lteritio st iter-relalonade com a relidade dee. Cae ao profesor secon ox teno plancr aside a part eum concent bev do perl elu de seus anes. ar demonstrates princpos a prac, aautora deal sete pasos seremsepidos mapa dada dtc todo como ergo letra de textos de Gracie Ranor Carlos Drummond de Andie. Esch apeenta vo da poeora iva eran into do pardigna analtico tet, qe € era na elaboraio exten ds obras, pore sat propsis encontu sustetao cm vce dos prenopets dese pragma, conforme vee sei msc de tathunent, vo até memo an dele Eo que scone, por exenple quando o mtd da ator oma om lates doesn da erat o protagonsme de alanoetor ea eur iteiniv do text, quand destina us log bastante secu equate relevant pare stra Iter, Taribem éoquese observa quando ela deende que ese alano leo satu alan el por mek do gl deveparia props deen do texas «ua Weal, contri prt pl ve Aidico. Ali, ola eta olive diditico como um recurso ene outos & 218 edu seu papol fungio de atologa textual. c val Eo que se revel, por fim, ao demandarleitura teria de texts complete diversiicados, assim como far da eitura do texto em si mesmo o pont central e essen ial no processo de ensino da literatura, Todas esas questoesconstituen uma base comum e sero abordadss, com maior ou menor &afase, Md descrigdo dos quatro paradigmascontemporincos que apresentaremos neste € nos préximos tes capitulo deste lv, ‘0S CONCEITOS A concepgi de literatura Aparentemente, a conceped de Iieatura do paradigms analtco textual & uma soma simples daquelas adotads pelos paradigmas ante ores. Com eft, caso fosse slictado a um professor que ata dentro dss parogma uma lista de obras iterdtas, no faltaram as obras vers clisicase candnicas, Alm diso,seriam encontradas bras {ue so estilamenteRicionas ou potas tal como acontesa ate vrprmente, Ainda em semelhanga as concepeGes anteriores a iteratara elaramenteidenificada comm seu suporte escrito preferencil to & literatura é agile que etd 0s vos “Todavia, quando se verificam os critérios de elaboragto da list, perccbe-se que ests semelhangas so apenas de superficie, Naverdade, elemento que define aiteratara para opacadigna analitco-textual & ‘gra de elaboragioesttca das obras, 00 sj, € considera iteririo todo toxto que tena ue ata laboragao etic. Dai que figerem 03 ta wirias das obas cssias, mas mao todas as obras clissies, asin “como virlas das obras candnicas, mas no todas 2s obras candies, NE0 tbota ser uma obra seferencinds do passado ou constar na histbria ds Teratura nacional pata ser considerada Ieriia ela precisa ter i360 Uiscurnivos dstntos, preferencialmente em nivel inguiticn, para ser ineluida na tsta,Ficam de fora, postanto, aguelas obras que sio ree antes apenas porque foram escritas por wn! autor consagrado € que jhiciam ou representam determinados estos no pals, asim conte 0% ‘demais critrios de heranga e Klentidade cultural da naga. “abordado a pati dessa vida comparaiva, oconceito delist do paraigma analico-textual parece ser bem restiiv, wm recorte “entr de recores anteriores. Noentanto,tata-se de mais um equivoce td porspectva. De fat, o concito de iteratara€ restr, mas a res trio di em uma base muito concrete que & labora esttica da tea apuradaem seus elementos ext, Nao ha assim, resiriges que scjam exterioes propria obra, ou set 0s limites de tempo (0 passado ‘foriicado) ede espago (anaio) ni so evades em conta conceit que permite amir sgnifcativamente ohorionte do que & conse vio iteriro, NBo€ em rao, portanto, que as obras contempordieas { proisidas em diferentes higarestenbam grande acohida dentro dense Daraigm, pois ele preza, aca de tudo, a capaidade de expresso tstética através da lingua esr Essa expressio eséica, que €0 coragso da nog de literatura ne sanalitco- paradig tal. pode ser defiida pela simples posiciona ‘mento da literatura ene as outras ares, logo compactilbando com eas, segundo seus objets especificos, a gar destinado as artes em gee [esse casoa literatura €a arte da palara, assim como a misica 6a arte do som ea pintura.aarteda cor. essa indicaao primiia podem sere fequentemente slo ~acrestidas consideragbes le ordem filosbfica sobre ‘stética carte, endoa maiscorrente aque eirad de Kant de que arte no teria outro fim que nao as mesena isto 6, une inalidade seen fm {Uma outta e malsesrita maneiea de deinicesta expresso esttca con ste idenicagio de certostragos etree -estilisticos con responsiveis pelo cariterteririo da obra. Tata em alguns casos, de uma relaio de ase autoliyicem que osteagosidenticados garantem aqualidae exética \daobra porque énelaque clesserevdam com procedimentosliteriron ot antisicos. Emoutrascass,estabolece se ums elagSodeoposico distintiva rosfren- olteriins, frequentementolocalizados em posgtesexttemas, lal como as oposiaes entre ingusgem teria ¢ linguagems cotidana ox entre conotao edenotag presentesnoslivos datos ‘Nesst mesma diregio podem ser colocadas detinigSes mais sofis- 'ucadas, como os concetos de lteraviedade ow strana ‘malistasrossos~ a propriedade de linguagem que cavacteriza as obras Interiras ow as caracterstcas que distinguem a linguagem literéria «a linguagem ordindria ~ de fungio postica de Romen Jakobsen ~ ‘quando o texto se volta para si mesmo ou tema elaboragio da mensa _gem conto funcio dominate -, que alimentam as vitias concepeGes ‘manentsts a literatura ox que, polo menos, bscam defini-Ia como ‘uma hinguagem especifics, eforgando os crtéros de base linguistic textual. Em um texto em que procura explicar a fruigdo estetica e éatarse como efeitos peculiar (¢subversivos) do text liter, Jodo {uaz Born faz uma sintese dos elementos que usualmente so listados ‘nessas definigdes: “A linguagem em Fungdo esttica, que caracteriza © ‘esto literario,apresenta, em sintes, os seguintes ragos:Flevineia do nto dos for- Plano da expressio,intangibilidade da onganizagio linguistica, riagdo de conotagies.desautomatizagio, plurissignficagio Dai a maxima: "Na texto literieio modo de dizer tao (ou mais) importante quanto fo que se de" (Florin, 2000: 26) A preferencia pelos taco etlisticos ou pelo modo de iver, em de teumento do conteido que identifica a literatura como expresso ettica rho paradigna analtico-testua, ¢ principal responsivel pelo carter universal atid 8 obras herias, usa vez que, agadas a0 patamar ‘be obras artistic ou esteticamente elaboradas clas no dependem ou «sto lvres das constigbes de tempo e luga. Todavia spor um lado, tal nivesidade bertaa literatura do peso da heranga clsscaedosimites ‘streitos da nacional, por outro, ela pode leva lienagdo do leitor © apartara obra de a historichade, conform acusam as cartentscritieas ease socioligicadaltratura, O esconbeciments’ das condigesdepro- ago citculaioeleitura ds obras, assim como er grande parte de seus ‘conedos, tem varias implicagbes no proceso de slegoeidentiieasi0 ‘de determina textes come itertios como bem mostram as recentes Aisputasem torn da cine ent conservadoresemultcuturalisas, que supostamente opdem valores esttions a valores ics politicos. ‘Alm do mats, énfse na singularidae da obra teria, quer sea entendda como restado de una consrucio estlistica que relaciona a literatura com outas artes, quer sj sta por meio dalitrariedade de ‘roscriérostexuai, erga concepeio daliteratura comoum conto

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