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INRODUCAO ALOGICA PROPOSICIONAL ESTOICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE REITOR Angelo RoberaAatoniall VICEREITOR Andté Mauricio Concigio de Sota _EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COORDENADORA DO PROGRAMA EDITORIAL Mesiuce ds Rocha Haneen ‘COORDENADOR GRAFICO DA EDITORA US Vitor Begs (© CONSELHO EDITORIAL DA EDITORA UFS ‘Adviana Andrade Carls ‘Aura Sante Faron ‘Anidnio Marie de Oliver Junior ‘Aviovldo AnténioTades Lucst, Jot Raimundo Galva ‘Lina Helens Alberti Pédula Tombets ‘Makaly Ribeiro Borge Ubinjas Cacho New PROJETO GRAFICO F EDITORAGAO ELETRONICA ‘Alison Vidrio de Lima is Euitora LFS, Gilde Universi" Jor Aide Camper” (CEP 43100000 So Cin -SE_ Tltne 2105 = 69221623 mal els gi be ‘reveal opr gule on tn de INTRODUCAO A LOGICA PROPOSICIONAL ESTOICA Aldo Dinucci Valter Duarte Luis Marcio Fontes Rodrigo Pinto de Brito Alexandre Cabeceiras URS ‘io CristoviolSE - 2016 FICHA CATALOGRAFICA ELABORADA PELA SIBLIOTECA CENTRAL 'UMIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Diinueci, Aldo Introdusio & Igca proposicional extoies [recurso elettnico) / Aldo Dinucei, Valter Duarte. ~ Si0 Cristo : Editors UES, 2016, 168 p. rik sari ISBN 978-85-7822-535-3, 1. Légica. 2. Estoicos. 3, Filosofia. I, Duarte, Valter. I. Ttul, cpus PREFACIO Esse trabalho € resultado de pesquisa sobre a légica cextoica empreendida desde 2013 no Ambiro do pro- jero O problema da consisténcia do conccito estoico de phantasia (representacao), financiado pelo CNPq Como 0 contetido de ao menos parte das represen tages racionais ¢ de cardter proposicional, ¢ como a compreeusio dessas representagées € crucial para © entendimento da epistemologia estoica, tornou-se Peace eee ee sentarie, de indecent lmpertncla para 1 600" eens da losin estoca por rlaconar- soa quests Degicas,epistemolopicas e fica, estabelecendo a rela- go es mete mans (Fermin) eo fo, posmuindy simultncaments‘um canker ater (eu Media em que ¢ uma swmaplo da mente sada port objeto extrion), gio (pol o mals importante Se par dv tsps in ropesiconal)e eistemologien (pois sravds da phn Toad os seresracienals podem conecer o mundo). nnevessécia, antes de atacatmos © problema estoico das representagdes, uma investigacio prévia sobre a légica proposicional estoica. O livro, que consiste em uma introdugio geral 8 Ié- gica proposicional estoica, divide-se em trés eap(tulos. No primeiro, realizamos uma andlise da teoria es- toica do asserive, 0 equivalente estoico da proposicio da légica contemporinea. Partindo de uma apresc tagio histérica sobre a redescoberta da légica proposi- cional estoica, apresentamos as definigSes de I6gica do Pércico? e sua taxonomia do asserivel. 2, Ui partico (porters, em lati) numa cidade gregs ou coma do Aniuidde ea um passione, com, tum teto sustentado por colunas, Os pérticos, orig- halmente consruldor 20 redor dos templos pare que (0s devotos se encontrassem e conversatiem, passaram, conto tempo, ast independsntes de modo a atende- rem a todas as necessdades da vida publica 8 qual os fregos © romanos se dedicavam intensamente. Muitos desses pérticos eram consteuidos 20 longo dos locais de assemble ((goras), eeram extremamenteluxuosos, com esculturas ¢ obras de arte dos mais famosos artis- tas. Na maioria dos pérticos havia assentos que eum ausiduamente frequentades pela inteleerualidade de entéo, que af entabulava suas conversgées. A escola sztoien deve ses nome ao faro de que seu fandador Ze rio de Citio, eunia-se com seus disefpulos numa soa (@ palavea grega para “pértico”), mais exatamente na Poikele toa, 9 péxtico pintado de Atenas, que continha pincuras de Famosos artistas. No segundo capitulo, analisamos a teotia estoica dos arguments, os logo sylegiikoi, que cotrespondem apro- ximadamente aos argumentos a légia contemporinca. No tetceiro capitulo, propomos a derivacio de prova de diversos argumentos célebres da Antiguidade que podem ser reduzidos pela silogstica estoica. Apre- sentamos a0 todo quatorze argumentos. Os estoicos nao dispéem de uma linguagem for- mal, mas aptesentam os argumentos usando lingua- gem natural e varidveis, Porém, para fins de exposigio, uusaremos neste livro, sempre que preciso, a notagio da Logica contemporinea. Séo coautores desse livro Alexandre Cabeceiras, Luls Marcio Fontes ¢ Rodrigo Pinto de Brito, pois fzeram profunda revisio na obra, ¢ muitas de suas va- liosissimas corregées e sugestées (tauto de conteiido € quanto de expresslo) foram inclufdas ao longo do trabalho. Rodrigo ¢ Lufs Marcio, por sua vez, ainda compuseram apéndices. Os bolsistas PIBIC Rafiel Spontan ¢ Lauro de Moraes também acompanharam ¢ colaboraram com os trabalhos de revisio. Dedicamos este trabalho ao s1osso grande amigo Antonio Tarqut- nio, sempre presente, ¢ & meméria de nosso fildsofo Epicteto, Abreviaturas: D: Epicteto. Diatribes. DL: Didgenes Laétcio, Vide ¢ doutrina dos filésfos iste, HP: Sexto Empitico. Esbogos de pirronismo, ‘AM: Sexto Empitico, Contra os profesores CL: Sexto Empiiico. Contra os Idgicos SVF: Von Arnim. Stoicorum veterum fragmenta. Nese livro, para fclitar a leitura, os nomes das obras citadas ndo vtdo em indlico ou negrito, visto que 0 texto jf se encontra repleto de termos ¢regos ¢ latiuos transliterados em itélico,além de citagbes em grego dos simbolos da légica contemporainea, SUMARIO Introdugao & Légica Proposicional Estoica Prefacio Introdugao Taxonomia dos Asseriveis da Légica Proposicional Estoica Teoria Estoica dos Argumentos Solugao de Silogismos Estoicos Referencias Bibliogréficas 23 59 7 125 INIRODUCAO estoicismo produziu um dos dois grandes siste- mas de légica da Antiguidade. O outro foi o con- feccionado por Atistételes’. A légica estoica foi desen- volvida primeiramente por Crisipo de Sdlis’, que, por sma que foi seguido e desenvolvido pelos peripa- tticos, assim chamados relativamente a0 Peripatos, colunata que havia nas proximidades do Liceu, no qual se reuniam e pesquisavam Aristéreles ¢ seus alunos ©, posteriormente, os alunos dos alunos de Aristételes. 0 Liceu iniciow suas atividades em 335 a.C., 6 as en cerando no éeulo 3 4.C. A tol sinha ee nome porque se encontrava nas proximidades do templo de pol Lyle As principals obras de lgica de Ari ils si Primeisesanaltios, Anais pois, Tépicos e Refutagées solsticas. 4. Crisipo viveu aproximadamente entre 280 ¢ 208 aC, Disgenes Laércio nos diz que Crisipo adquiriu tama- rho reconhecimento como légico que a opiniio geral nnaqueles tempos era que, se os deuses usassemn ldgica, usariam a de Crisipo (DL, 7.180 = SVE 2.1). Clemence sua vex, foi aluno dos megiticos. A Escola Megérica foi fundada por Buclides de Mégara’, que reve alunos como Eubillides de Mileto®, autor de sete paradoxos ligicos’, e Trastmaco de Corinto, professor de Estil- dria observa que entre 08 légicos, 0 mestre ip, como, ene os poets, Homero (Stromats, 6) 5, Viveu aproximadamente entre 435 ~365 aC. 6 Viveu no século IVa, C. 7. CE-DL 2.108, que os chama de “argumentos dialéci- cor", Sto cles: -0 paradoxo do mentiroso: Alguém diz:“O que digo agora ‘uma mentira", Se a proposigao é verdadeira ele catd mentindo. Se ¢ fsa, ele nao sté mentindo. Logo, se dina verdad ext mentndos etd mind dies -© paradoxo do mascarado: “Conheces este mascarado?"; "Nic; “Ele teu pi, Logo, conheces endo conheces © teu préprio pai" -0 paradoko de leer: Electra nfo sabe que homem que se aproxima é seu irméo, Orestes. Mas Electra conhe= ce seu irmao. Conhece entio Electra © homem que se aproxima? -© paradoxo do ignorado: Alguém ignora quem se aproxi- raced nora: Ain go ue ro fst Agu eno ignore quem 250 rsp pa 0 -O paradoxo do sorites: Um iinico gro no é um monte. Nem a adigio de um 98 grEo ¢ 0 suficiente para trans- formas um tanto de areia num monte. Mae sabemos gue aconando ges ui am, en lgun momento -O paradoxo do eazeca: um homem com muitos cabelos ra eabegs no ¢ eazeca. Nem a supressio de um 60 0 tomar eareca, Mas se arranearmos seus fos de cabelo tum a‘um, eventualmente ele fcard careca. 2 po, professor do fundador do estoicismo, Zenio de Citio?, Eubiilides, por sua ver, reve como alunos Apo- I6nio Crono, Diedoro Crono”, autor do Argumento Mestre" e que tetia formulado argumentos contra 0 movimento (CE. AM 10.85), € Philo, 0 Dialético" Diodoro ¢ Philo debateram questées relativas & moda- lidade légica e &s condicionais®, sobre 0 que tinham visbes distintas. Quanto ds questées légicas, podemos atribuir 2os megiticos: () a invengéo de paradoxos; (i) 0 cxame da questio da modalidade logica;¢ (il) a *O paradoxo dos Chifres: “O que no perdeste ainda tens; [Nao perdeste teus chifres; Logo, ainda os tens” 8. Que viveu aproximadamente entre 360 ¢ 280 a.C. 9. Que viveu aproximadamente entre 334 € 262 aC 10, Falecido aproximadamente em 284 a.C. Zeno de Ci- tio teria sido também aluno de Diodoro Crono (CE Plutarco, Das Contradigbes dos Estoicos, 1034 e). 11. Quanto a ele, Bpicteto (D 2.19.1) nos diz: "O argu- ‘mento chamado Mestre parece ter sido proposto a par- tirde prinefpios como os tai: hd de fato uma contradi- Ho comum entre uma ¢ outra destastrés proposigées, ada par em contradigéo com a teeeira. As proposigbes sio (1) toda verdade do passado deve ser necessirias (2) tuma impossblidade nao segue de uma possbilidade; G) € possive algo que nao é verdadeiro e nfo o seré Diodore, observando essa contradicio, empregou & forca probativa dos dois primeiros para a demonstra- gio desta proposicio: Que nada que nio & nio sera Yerdadeiro ¢ possivel” 12. Philo Dialético ou de Mégara (A. c. 00 aC). £ dito cde Mégara por sua associagio & excola megitica, mas fa cdade natal €desconhesia, “ee 13, Sobre o debate acerca das condicionais na Antiguidade falaremos adiance. 3 ctiagio do debate sobre as condicionais. Desse debate, como veremos A frente, participou Crisipo. Crisipo tetia escrito 705 livros, 118 dos quais tra- tava exclusivamente de ldgica", mas nenhum deles nos chegou, exceto em fiagmentos. Na verdade, com excegio dos estoicos do perfodo imperial romano, to- das as obras dos estoicos nos chegaram em fragmen- tos, 0 que gera a questi das fontes que devern set consultadas para o estudo da légica estoica. Principais autores ¢ fontes para o estudo da Iégica estoica: Devido ao caréter fragmentdrio das fontes ancigas, quesé foram organizadas por volta do incio do século XX, por muito tempo nao se teve uma clara nogio sobre 0 que realmente ¢ a légica estoica. Apenas em 1903 foi publicada uma obra que agrupou ¢ organi- zou as fontes dos estoicos antigos: 0 Stoicorum Vere- tum Fragmenta’’, trabalho monumental de Hans von Amim que foi publicado entre 1903 e 1905, em ués volumes, aos quais Maximilian Adler adicionow um quarto, em 1924, com os fndices" A auséncia de evidéncias reunidas e a incompreen- sio sobre 0 que significam as vatiéveis da l6gica es- 14. E sete dees tratwvam do Argumento do Mentiroso. CE DL7.180. 15, Doran SVE. 16. Essas obras estio dispontveis para dawnload em: hucp://pt.wikipedia.org/wiki/Stoicoram_Veterum_. Fragmenta, “ toica levaram comentadores importantes como Pran- de Zeller a emitir juizos desfavordveis quanto a ela. Prantl chega a afirmar que uma era, como a helents- tica, que designou Crisipo como 0 maior dos légicos, deveria necessariamente ser decadente e cotrompida (Prantl, 1855, p. 404), pois Crisipo nao inventara absolutamente nada em légica (Prantl, 1855, p. 408), assercio para qual, como observa Benson (1961, p. 87), Prantl ndo oferece qualquer evidéncia. Zeller (1880, p. 123-4) segue Prand, repetindo em linhas gerais as reflexoes deste ltimo quanto & légica estoi- ca € nao oferecendo igualmente qualquer evidéncia como suporte ao seu julzo, O passo inicial para aredescoberta do Pértico deu- -se anos depois, em 1898, com Peirce”, que foi o pri- 17. Gf PIERGE, 1931-1934, v. 3, p. 279-280. Em um texto de 1898, refeindo-se & contcovérsia das condi- cionais, Peirce declaraee philbnico. Diz-nos ele: Ci- cero informs us that in his time there was a famous controversy berween vo logins, Philo and Dio ‘ut, aco the signification of conditional propositions. Philo eld that the proposition “if itis lightening fe will chundee” was crue if iis not lightening or iF ic will dhunder and was only false if i is lightening but will nor thunder. Diodorus objected to this. Either the ancient reporters or he himself filed to make out pre- cisely what was in his mind, and though there have ‘been many virial Diodorans since, none of them have been able to stare thir position clearly without making it too foolish. Most of the strong logicians have been Philonians, and most of the weak ones have been Dio- dorans. For my part, I am a Philonian; but 1 do not think thac justice has ever been done to the Diodoran tneito a notar quea nogio de implicagao do megitico Philo coincidia com a contemporinea de implicagso material, e que o debate das condicionais que ocortera tno periodo helen{stico (envolvendo Philo, Diodoro Crono ¢ Crisipo) correspondia 20 que transcottia em sua prépria época. Entreranto, s6 em 1927 a légica estoica foi pro- priamente redescoberta, ¢ esse feito se deve 20 légi- co polonés rukasiewicz, que percebeu que os estoicos anteciparam nfo somente questées relativas & impli- cago, mas muitos outros pontos prescntes na légica contemporinea. Lukasiewicz foi 0 primeito a com preender que, enquanto na légica aristorélica as va- riveis devem ser substitufdas por termos, na cstoica clas devem ser substituidas por proposigSes e, assim, percebeu que a logica estoica é, na verdade, uma légica proposicional similar em muitos aspectos & contem- poriutea"*, A parti daf sucederam-se os estudos sobre a légica do Péttico, sendo os principais, que nortea- tio nosso trabalho, os de Benson Mates, Suzanne Bo- baien, Kneale & Kineale, Long & Sedley ¢ Barnes", Voltcmo-nos & questio relativa as fontes antigas. Como dito acima, nao nos chegaram obras completas dos antigos estoicos, e os manuais de légica estoica Tide of the question. The Diodoran vaguely fels hat there is something wrong about the statement that the proposition, “itis lightening twill thunder” ean be true meray by ls ner lightening 18, ‘tukasewice (1970, p. 199) 19. CE referencias biblgrdfien. que circulavam no perfodo helen{stico e romano” hé muito se perderam, com excegio de fragmentos, mui- tos dos quais em obras de opositores dos estoicos. Nossa principal fonte € indubitavelmente Sexto Empltico®, do qual nos chegaram duas obras: Esbo- 05 Pirténicos, em trés livros, e Contra os Professores, que trata da légica estoica sobretudo nos livtos 7 € 8, 05 quais posteriormente se descobriu tratar-se de obra separada: Contra os Légicos. Nossa segunda melhor fonte é Didgenes Laércio em sua obra Vidas ¢ Doutti- nas dos Filésofos llustres. Laércio, posterior a Sexto, ja que o menciona (DL 9.116), cita verbatim trechos de um manual de légica de certo Diocles de Magnésia, cestudioso do qual nfo temos qualquer outra informa- fo fora da obra de Laércio, Ha também referencias A légica estoica na obra de Galeno™, que aparecem principalmente em suas obras Historia Philosopha ¢ Institutio Logica. Esta diltima obra ¢ atribufda a Ga- leno no manuscrito, atribuigéo, entreranto, as vezes 20, O perfodo heleiio ds hit grega tadconalmentdsps- te ensea morte de Alene 0 Grands (23 4.) ¢0 princlpio da supremacia romana a partir da batalha de ‘Actium em 31 a.C, O perfodo romano se estende até 476, ano em que foi deposto 0 ttimo imperador do ‘Ocidente, Rémulo Augusto. 21, Médico e filésofo grego que viveu entre 0s séculos 2. 3. 22! Cliudio Galeno ou Elio Galeno, famoso médico filésofo romano de origem grega, também conhecido como Galeno de Pérgamo, viveu entre ¢. 129 ec 217, 7 posta em divida”. Temos ainda referencias & Igica estoica em Cicero™, Aulo Gélio®, Apuleio®, Alexan- die de Aftodisias”, Temistio”, Boécio®, Aménio®, Simplicio® e Filopono”, Divisio estoica da Légica: Didgenes Laércio (DL 7.41-4) nos informa que 0s estoicos ndo tém uma concepgao unificada sobre a divisio da logica. Alguns a dividem em duas cigncias: rerérica e dialétca; outros, em um ramo concernente as definigbes ¢ outro aos critério; hd também os que climinam o tamo telativo is definigdes, Segundo Laér- cio, a definigio estoica de retérica ciéncia de bem 35. A Insitute Logis apresens uma cuiossiese de ligica estoicae peripatética, 24, Marco Tillio Cicero (3 de Janeizo de 106 a.C. —7 de Dezembro de 43 a.C.), flés0fo, orador, escritor, adver gidoe politico romano 25. ‘Aulo Gato (125-180), autor da aebreobea Noite Avcas 26. Licio Apulcio(, 125~ 170), excritorefilssofo romano. 27. Alexandre de Afrodisias (A. c. 198-209 d.C.),filbcolo 28, SE 217. 30, pst wl platénico, provavelmente edie. 29. ‘Anicio Manlio Terquato Severino Boécio (c. 480 — 524 04525), filésofo,estadsta¢ redlogo romano, farmo- 50, abs alae omen da eggs de oti ). Aménio Sacas (175 — 242), flésofo grego neoplaté- nico alesandzino. pea 31. Simplicio © 490 c. 560), fldafo neoplaténico bzantino. 32. Joie Filopone de Alexandria (c. 490 ~c. 570) ou Joi, © Graimitico, flésofo neoplaténico cristo, 18 falar em discurso expositivo (DL 7.42.5"). Quanto & dialética, os estoicos a definem ora como o discorter corretamente por meio de perguntas ¢ respostas (DL 7.42.5), ora como a ciéncia do verdadeito, do fal- 50 e do que néo € um nem outro (DL 7.42.5). A dialética, por sua ver, divide-se no tépico relativo aos significados es vores, Este ihtimo t6pico, por sua ven divide-se no t6pico acerca das representagées ¢ dos di- iveisY subjacentes a clas, sendo tais diziveis os assert- veis™, os diziveis completos, os predicados ¢ também 0s argumentos (DL 7.43.5- 7.44.1)". ‘Como vemos, os estoicos incluem muito mais coisas do que atualmente se concebe como légica. 33._aiv ee prropnayy émociymy ofav tod eb Réyerv epi tOv €v B1e666q N5yav. Quanto & concepsso de Crisipo acerea da retérica, of Plutarco, Das Contradi- «Bes dos Estojcos 1047 ab (= SVB, 2.2978). " 34, ‘kal tiy Btadextixiy to Op0d¢ Biahéyeotar epi tv év Eporiaer eat éxoxpicer = 35. émoniymy &anBGv Kai yendOv xa oBerépav 536. Leta (el. defnigh abso), 37. Axiomata (cf. definigao abaixo). 38. Ty 88 Buhexniy Suupsiodur sig te tov xept wav emjawopévow rat tig quis t6xov" xal tov yiEv OV enpawonvov cig te xbv xpi tOY gaveuowdy téxo al ry éx tosray ptorauévay Reerdy Aévondeay xk azoxy Kul xuempopnsitoy nav Gpoty SpOiy al Satiov rat yovdv kal e186, Syoting 68 ak AbyO Kak pOna ea uRAayroyv ea ov Rapa cy qv Kat rpéquara oopoutroy. 19 Limitar-nos-cmos a parte dessa légica que trata das inferéncias e a 0s portadores primétios de de verdade ow falsidade. No processo inferencil, os asseriveis assumem ora & funsio de premissas (emmata), que sio os asseriveis de que partimos, ora a fungao de conclusio (epipho- ra), que € 0 asserivel a que chegamos, compondo o argumento (sllogismes). Conforme o precedente, esse tecorte, que aqui denominamos légica proposicional estoica, esté dividido em teoria dos asseriveis ¢ teoria dos argumentos, Os estoicos considéram tal légica indispensével pata que o sibio seja infalivel na argumentacéo (DL TATA (2 7.83 (= SVF, 2.130)”, Frcs excegio de Arfston' agua parte integra spedéutico as ciéncias", A concepsio tradicional estoica da filosofia é tri- partida: ‘Gidiases distingéo que Didgenes 39. CE Alexandre de Aftodisins, Sobte 08 Tépicos de Acis- steles, I, 8-14 (= SVE, 2.124): Epicteto, Diatribes, 48.12; 1.7.2-5; 105 1.17.78; 2.23.44-6, 40. 0 estoico-cinico Ariston de Quios (A. c. 260 a.C.) considerava quo 20 filésofo cabia apenas estudar &ti- ca (ef, DL 7.160-1 = SF, 1.351), 41. Aménio (Sobre os Primeizos Anaifticos de Aristéccles, 8.20-2; € 9.1-2 (= SVE, 2.49)) observa que of extoicos no consideram a ldgiea como mero instrumento, nem ‘como mera sub-parte da filosofia, mas como uma parte priméria desea auribui a Zeno de Citio, Crsipo, Didgenes da Babi- lénia® e Posidénio de Rodes (DL 7.39-41) *. Os estoicos comparam a filosofia a um animal 0 a légica; a ica, a carne; © @ estoicos dizem que nenhuma sobre outra, Outros, porém, dio prioridade ao estudo da légica, seguido pelo da fisica e da ética. Segundo Diégenes Laércio (DL 7.39- 41), professam essa concepgio estoicos como Zeno, Crisipo, Arquedemo de Tarso" e Eudromo*, Panécio de Rodes"” ¢ Posidénio comecam pela fisica. Porém, com a jé mencionada excegio de Ariston de Quios, florescimento incerto) chamam tais partes de “espécies";, outros, de *gé- nerot' Apolodoro de Atenas, de “pica”. Cleants, entretanto, divide a filosofia em seis partes: dalética, exérica, tic, politica, flsica e reologia. Outros ainda, como Zenio de Tarso (fl. 200 a.C.) dizem que a filo- sofia no tem partes. 44, "Sexo observa que Posidénio apresenta concepgio di- vergente, comparando a fsica & carne ea ética & alma (CLAM 7.19; Posidénio, fg, 88). Os estoicos com- param também as partes da filosofia'a um ovo, do qual ‘case sera a logics; a clara, a étea; a gemma, a fica. E ainda a um campo féetil, do qual a cerca cera a logics; a terra ou as drvores, a Hsia; e 08 frutos, a ética (DL 739-41). Long & Sedley (1987 (1), p. 25) observam {que 0 estoieos inauguram a ideia de flosofia como sis- tema, embora Xenéerates possa té-los precedido com a dlivisto tripartite (Idgia, éticaeflsiea) 45, Floresceu em 140 a.C. 46. Florescimento inceno. AP. ca. 185 aC. ca. 110/09 a.C. 2 bem como de Séneca', todos os estoicos consideram fundamental o estudo da légica. A seguinte diatribe de Epicteto ilustra a importincia que os estoicos dio a0s estudos légicos: Quando um dos pretentesfalou: “Persuade- me de que a logica & Gul”, dis- se: “Queres que te demonstre isso" “Sim”, . “Poranto, éme pre- 0 selecionar um argumento demonstrati- ve?" Quando © outro concordou, : “E como saberis se eu te apresen- ‘ar um eofisma?” Quando © homem se ca- lou, disse: Vés como tu mesmo concordas que a ligica é necesséia, jd q fem ela ndo & possivel saber se & necessi ou nfo .Epieteto, D 2.25)” 8. Barnes, 1997. 49. Diatribe intitulada “Quio neceeséria & a légica”: Tov nopéveaw 86 twog eixdvtog Hetosy pe, bn té Royce hows Sor, Oia, gn, GxoBeEe ao tabr0; (2) { — J Nal. ( = } Odeodv Abpov 4" dnoderceixdy SudedUivar Beit (— } Opwhoyiouvrog 82 bey oi eon, dv 08 (3) oploauat; { ~} vamfoaveos Bé sod avOpaon Opa, Bon, nag aitd Suohoyeig See wabra dwayxataé éowy, ei opie adxdv O68" aind rodz0 Bivacot lets, xOrepov vaya ov erp Som. 2 TAXONOMIA DOS DA LOGICA PROPOSICIONAL ESTOICA Aldo Dinucei* © Dizivl (ekion): primeira nogio que precisa ser esclarecida 20 raratmos dos asceriveis da Iégica estoica & a de ekton. Este termo é adjetivo verbal (falar) ¢ significa “o exprimivel” st 7 icado”. Neste trabalho, traduzi por “dizivel”, Didgenes Laércio, quanto a esse conceito, nos di ‘Avvor difere da fala, porque a vor é também som, mas somente a fala €articulada, Ea fala difere da linguagem, porque a linguagem tem significado, mas a fala é também sem significado, como blitur, enquanto a lin- aguagem jamais. Difere também 0 dizer do proferr. Pos as vozes sio proferidas, mas as 50, Parva vero prelimina do texto publido neste capl- culo, Dinues, 2014. : . 23 visas, que sio final diztveis (eta), so di- tas (DL 7.57.4)", ‘Sexto, por sua ver, informa-nos que: Havia também outro desacordo entre cles [os fissofos, segundo o qual alguns susten- taram que o verdadeiro © 0 faleo (4) acerca do significado; outros, acerea da fala; outros ainda, acerea do movimento do pensamen- 1. E 05 [flésofos} do Pértico defenderam 8 primeira opinido, dizendo que tts coisas tunem-se umas As outras: 0 significado (to se- ‘mainomencr), 0 signo (rosemainen) e queé o caso (to fynchanon), dos quais 0 que significa €avax (como, por exemplo, "Dion’), eo sig- nifcado, a coisa mesma evidenciada pela voz ue recebemnos,subsistindo em nosso pensa- ‘mento (mas 0s béebacos, embora ouvindo a +90, nto a compreendem). © que é0 caso é0 substrato exterior, como 0 préprio Dion. Por tum lado, dois desses so corpos: a vor eo que sco Mas um cn 51. Swapéper 8 gov kal 2.6, bn. poh wey wa 6 ss dom, 2ékas 86 xd Evuppov woven. ékIg BE hiyou Buu per, O ayo ack onuavanss dor, RE B¢ xa dovjavTos, Bhivvps, Abyos Bé odsauds Bixpéper BE xa TO héyer” x00 popipeotur xpopépoveat wiv yp al gavel, Abyeran BE sh apdyuuta, @ 6 kal Asked Toye. Gagan yAM 81151220 sve, 2.166) Sexto Empirico diz-nos ainda qual seria a definigio estoica de dizivel, segundo a qual este € “0 que sub- sisce segundo uma representagio racional a representagio racional, aquela s ane: €representado € apresentado [& mente] por meio de palavras” (AM 8.70 (= SVF 2.187))*. Assim, verios que 0s estoicos distinguem(¢res ama) bitos no uso da linguagem: o dossigmo, o d doce ipchiencr © bts ene minologi fem uma conotago (ou sentido ou ‘¢ uma denotagéo (ou ‘aan ou to 0 signo quanto sua que lidade exterior) si0 corpéreos, eniquainto 52. fv 58 yal Gn ns map roinorg Buioruens, xu0y of wy mipixGouawonivo wdinbescexalyetbog teat} 7a, 01 Be opt sf pat, of nept eh enor eigbevouas xa Bi) eg ev mpaons Sdn apocorixacwy of Ad eis Eto, “pir eduot ufos dao 8 ce od a 1 omayow eal 10 royxvov, dy enetvoY Rev ete Thy ‘pov, cov sy Akon, onary BE tepals Srabig Snhovuevor vat oF Huts pov GveOuyhavoued ‘supa napbgtocayevou Buoy, of BE BapBupor ov Elutovor eaizep tg ovis Gxoborees, coyravon Be 10 Sxrbg Uoeeicvov, Ganep ebtos 6 AteH” TOOT BE 60 bv eat odjien, xadanep iy poviy kal tO conven, By 86 dodyumov, doxep 1 ongawouovy eps, Kal axxé, Bp dig eye Hf yeboe : 53. hem 88 Undpyetv gaol x0 kab Roy gavraoiay piorauevov, Aor dé coat gaviaciay x00" Hv (quoi Boe Roy napusrioc. 25 © dizivel™ € incorpéreo, subsistindo segundo uma te- resentagio racional® O Asserivel (axiom) O diaivel (lekton) divide-se ie apne tv Se ereakauel 19 ino! casos em que perguntam smo “escreve” ou “anda”, : “Quem?” O completo tem expressio completa, como “Sécrates escreve”, Esse, segundo Laércio (DL 7.65-8 ) inclui quests, inguin, orden, siplca, CAEN, imprecagies, exortagdes,.saudagdes ¢ scmi-asseriveis.° Um assetivel & definide como “um dizivel completo em si mesmo que pode ser afirmado no que concerne asi mesmo” (HP 2.104)", Diégenes Laércio observa 54. Bobzlen diz-nos que “os dsivessfo 08 sentidos subja- centes a tudo.o que pensamos ou dizemos, subjsendo 2 ole pesmi ona que tenon ea rem mesmo quando ninguém pensa les os Pro. nunca (Bebuien, 20037. 86)" . 98. Capen 56. Um ingudsieo re distingue de uma queso por a poder ser respondido com um simples “sim” ok % Un sare coe quando se pronanel um ae sertel com eniogSo ou con intensieade, por exe plo: "O, como é belo o Patten ® 57. atx piv o8iojigucw char kexrovaitowes dnopavzdv 000 bp tam. Em Didgenes Ladeio 7-65-45) temos definito peésina: “Aserivel £0 que verdadcio ou fai aliivl completo que se afta no que concer nea si meamo. Como Cilio diz em suas Detiniges Dialéicn, “Aterivel é © que se afema ou se nega no {que conceme as! meame. Por exemple: dis Dion aminha”.(AEiauta Be Sony dont end yedbor 2% que a palavra axioma é detivada do verbo axioo, que significa o ato de aceitar ou rejeitar (DL 7.65). © axio- ‘ma literalmente € 0 que é asserido, sendo taduzido por “assertive!” ou “asserfvel” em portugués (os tetmos Possuem a mesma significaglo, mas optamos pelo til- timo). Os romanos oferecem algumas opccs para tra- duzir 0 termo, Aulo Gélio (Noites Aticas, 16.8.8) nos informa que Varro 0 traduz por prolaguium. Clceto o traduz primeitamente por pronuntiatum (Questées Tusculanas, 1.7.14), optando mais tarde por enuntia- tio (Do Destino 1) Assim, 0 que distingue os asseriveis dos demais diziveis € (i) que Gi) no que concerne a si mesmos. ser afirmados, ‘nfo so sentengas, mas as sentengas tém como sentido um asserivel (DL. 7.65; HP 2.104; Aulo Gélio, Noi- tes Aticas, 16.8). (i) ¢ a fungao priméria do asserivel, enquanto (ii) se refete ao fato de que duas coisas si0 necessérias para dizer um assertvel: © préprio asserivel c alguém que o pronuncie (Bobzien, 2003, p.86). Em outros cermos, 0 asserfvel, para efetivamente ser uma assereio, necessita ser asserido, quer dizer, HA signos de diversos tipos que correspondem a distintos dintveis incompletos que, por sua vez, se 7 aparna abeorelig dnopuvtiv Sovv do" éavrd, ds 6 Xpdowinds grow dy tots AtadexawoTg Spore, “ékiond Eom 120 dxopaveby # karapavrev ba0v 69" éavnG, olov TInépa ort, iv xepuraret). Enconcramos a mesina definigio em Aulo Gélio (Noites Arica, 16.8). combinam para formar um assert (rhema, oo eal ine ria, (logos). © diafvelcorrespondente 20 verbo é o predicado (kategorema®), O diztvel corres: pondente ao nome préprio ¢ ao nome de classe é 0 sujeito (ptosis), Tais diztveis i isto & ct sto por, ', Por fim, o dizfvel correspondent srivel®, Os assertveissio os portadores primétios de valores de verdade ou falsidade (CE. AM 8.74; 8.12; 8.103; DL 7.65-66; Cicero, Do Destino, 38). Como nos diz Laércio: “quem diz.que'é dia’ parece aceitar que é dia; assim, quando € dia, o presente asserfvel se torna ver- dadeiro ¢, quando € noite, se toma falso” (DL 7.65), Em outtos termos, um asservel expresso pot uma sen- tenga é verdadciro quando cortesponde a um estado de coisas ou & realidade, ¢¢ falso quando se dd 0 con- twitio, Pois, como observa Sexto, “o asserfvel verdadei ro €aquele que & 0 caso (to hyparchei)c & contradic 58. Um nome préprio indica uma qualidade exclusiva de tum individuo. CE. DL 7.58; AM 1.133. 59. © nome de classe indica uma qualidade comum a tun indice. CE DL 7.58; AM 1.13. 60. DL7.58; Quant defnigo de kaegorema, nota cbs, 61. CE DL 7.64: "Um predicado ¢, de acordo com os se- guidores de Apolodore, © que é dito de algo em outras palavras, algo associado a um ou mais sujeitor” (Eon G6 wb namo 1 Ka TOG E7opsOSHENOY Fh APA covet 399 tO why, so mp AoA SScpSV Oar). 62, ‘Para uma discussio aprofundada sobze o tein, reme- temos o leitor a Mates, 1961, p. 23-26. 28 a algo, ie. a outro asserivel, ¢ 0 asserivel falso € aquele que nfo é 0 caso (ok to hyparchei) e & contiaditorio a algo” (AM 8.10; 85; 88) ®. Segundo Bobzien (2003, p.87), a nogio estoica de asserivel se diferencia da pro- posiclo fregeana por te vimos, para os Dopey (QUE iiice pen pr Bit Eveade: ra quando € dia, e ela mesma é falsa quando € noite, 20 passo que Frege considera tratar-se de diferentes proposigdes expressas pela mesma sentenga. Os estoicos distinguem entre asseriveis simples ¢ nio-simples (DL 7.68-9)®. As sentengas referentes aos asseriveis simples distinguem-se das referentes aos no simples por nao possuiret (gndesmos), parte indeclinavel da linguagem ‘outras partes da linguagem (DL 7.58). Gag pip doe nan wsreods x Sipgoy ra irievdy ‘tv, al ye0g 1b eh mdpov wa dveesiever vt. CE AM 8.85; 8.88, 64, Exes aserveis que cofrem mudanga em seu valor de verdade si0 chamados pelos estoicos de mecapiptonte andomats Cases qu se modifcan. O prac pio da bivaléncis, segundo o qual “toda proposigio ¢ fs verdadcra ou Ey recebo dos extoicos a sognte formulacéo: “a disjungo de uma proposigio com sua nnegacio & sempre verdadeira” (cf, Clcero, Academica, 2.91). Tal principio, na concepcio de Crisipo e dos Aemaisestolces,aplica-se igualmence a todos os asseek- ‘vet, ejam eer rlrences a pat, so presente ou 20 Futuro (CE. Cicero, Do Destino, 37; 20-1). 65. Laércio firma ser tal elassificagio adotada pelos segui- dores de Crisipo, como Arquedemos de Taso (fl ca 140 a.C,) e Crinis (ca seule Il .C), 29 Asseriveis simples afirmativos (Os asserfveis simples dividem-se em teéstipos afir- ativos € tr8s tipos negativos (DL 7.69-70; AM 8. 96-100). DL (7.69-70 (= SVF, 2.204)) e Sexto (AM 8.93-8 (= SVF, 2.205)) nos informam sobre essa clas- sificagio com pequena diferenga entre os relatos. Sesto nos diz que os asseriveis simples afirmativos dividem-se em (i) (horismena); (ii) rasta) ¢ (ii) jmesa)". Os definidos sio (0s expressos através por cexemplo: “Este caminha”, Essa referéncia demonstra- tiva (hata deixin) identifica-se com 0 préprio ato de apontar para alguma coisa ¢ referir-se a els. Os inde- finidos so primariamente constituldos por um pro- nome indefnid, por temple Aenean Os médios séo aqueles que néo indefinidos, por exemplo: aaa.” homem esté sentado”. Este porque nfo faz referéncia a qualquer pessoa em particular. Aquele por niio conter referéncia demonstrativa ou pronome indefinide. Didgenes Laércio, por sua vex, apresenta divisio similar: (i) tegorika); (i) demoustea- tivos (kategoreutia); (il) indefinides (aorista)*. Os 66. oy Be Gand evi py Sprojiva bor ta BE G6prora rv pou 67. Bobaien (2003, p. 89) define deixis como “o ato de fisicamente apontar para algo junto com elocusso da sentenga com 0 pronome”.. 68. ‘kumopiKd 8¢ éatt 18 cvvetis x nziosEI Opts Kal amropmaurys, olay “iow mepucatel™ xurayopetay assertéticos so compostos de um caso nominativo © um pedi, por exemple: A. Ode ‘monstrativos sio compostos de um pronome demons- trative no nominative ¢ um predicido, por exemple “Bete caminha”. Os indefinidos so compostos por uma ou mais particulas indefinidas ¢ um predicado, por exemplo: “Alguém caminha”, Os indefinides aparecem em ambas as listas; os demonstrativos correspondem aos definidos; os asser- trios correspondem aos médios. Somando os dois | atos, temos 0 seguinte: SED he tegoreutika): expressos com referéncia demonstrativa, constitufdos por pronome definido ¢ predicado®; SERED (rite constitufdes por prono- me indefinido e predicados (Gi)(RREAISBY (mesa) SUN BBEHEHIEDS (hategorikay sm definidos, nem indefinidos. Ton 1 avworig be mubocus OpOhig Saxtmte wat ummyophuaros, oloy “bro xepunacst™ dépistov B¢ dom. B adware EF topiorov oplon f dopiovey popiow ,olov “tig Repuratt,”“excivos rivera’ 69, "Ness context, é importante mencionar um fagmen- to de Citipo do seu hoje perdido Pet Payches ado por Galeno (Sobre at doutrinas de Patio « Hipécrates 2.29-11 = SVE, 2.895), relativo 20 uso do pronome ge (a), Segundo Galeno, para Crisipo 0 uso do pronome “eu” implica um asserivel demonstrativo, pois “eu” faz ecto lg onde se enconta auc qu Em outros tecmos: quando 0 usamo, impliciamente fze- ‘mos uma referencia demonstrativa ands mesmes, 3 Quanto as condigoes de verdade dos asseriveis, Sex- to nos informa que um asserivel indefinido é verda- deiro quando seu correspondente definido também 0 €°. Por outro lado, um asserivel definido é verdadciro quando o predicado pertence aquilo a que se faz arefe- 1éncia demonstrativa (AM 8.100 (= SVE, 2.205)). Hé exceglo, porém, no caso eam 0 médio c “Este estf moro” Dion exté vivo. orange erica cxistir, enquanto 4 enamide ante re de Affodiias, Comentiro aos Los Analtticos de Atistételes 177.25 - 179.4). Quanto a isso, Long 8 Sedley (1987 (1), p. 206-7) argumentam que os estoi os concordariam com légicos modernos para os quais expresses como “O atual rei da Franga € xe (SS aed «one o sees ce respondentes a tas frases so “destruidos”, quer dizer: “deixam de satisfuzer as condigSes que qualquer dizi- vel completo deve cumprir para serem proposigbes de qualquer tipo”. ” 70. Por exemplo: “Alguém caminha’ “Enccamta’ of : 71. Como observa Jodo Filopono de Alexandre (ca. 490 570), também conhecido como Joio, 0 Gramd- tico: “A palavra este , senlo deities, significa algo que existe, mas a palavra mort significa algo que no exist, E imposstvel para 0 que existe ndo existir. Logo, ‘Este 2 Kneale & Kneale (1962, p.146) observam que duas peculiaridades dessa classificacéo devem ser no- tadas. Primeiro, nenhuma distingio é feira entre asse- riveis expressos por sentengas com nomes préprios € com nomes de classe como sujeito. Isso porque, pare 60s estoicos, em ambos os casos o dizivel significa uma determinada qualidade, Como vimos acima, ao nome préprio € a0 nome de classe correspondem, como di- xivel, 0 sujeito. O nome proprio refere-se a uma qua- lidade que pertence exclusivamente a um individuo, ‘enquanto o nome de classe refere-se a uma qualidade prépria a muitos individuos. ‘Acrescentemos que fia hd eapagoyna Idgica do Pér- tico, ata proposiges como ~ Para 0s estoicos, a expressio “Todo homem € animal mortal” correspond a cepgio sol em forma de condicionais CREE un a qualquer entidade ex- tramental que exista por si mesma ou separadamente da mat ‘Quando, por exemplo, dizemos “ F apes a 1” como se referindo a algum tipo de realidade existente por si. Mas essa tendéncia se Thomem exci morto'é impossvel” (apud Mates, 1961, p. 30, nota 1). 72. “Le, “Todo A €B" e “Nenhum AB”, onde Ae B sio -vardveiseubscicuiveis por nomes de classe (universais), 3 desfar se formularmos uma declaracio equivalente na forma de condicional (CE. AM 2.8). Asseriveis simples negativos Passemos aos asseriveis simples negativos. Segundo Diégenes Lacrcio (7.69-70)", ha teés tipos de assert- veis simples negativos na légica estoica: o assetivel ‘apophatikon), o asserivel de tikon) « 0 assertvel dé asser(vel de negacio, o mais importante asserivel negative para os estoicos, consiste do advérbio “nao” anteposto a um asserivel, por exemplo: “Na« i O Pértico reconhece também a dupla ‘ease rapophatikon — por exempl ioreuesormerte jjadia”, que equivale aE di 69-70), traditétias” “sao aquelas em que uma excede 4 outra 73. Ev 88 twig drdoig dksouaoiv dow x énoqumnéy kai 18 Kat 1 dpyyciKdv Kai tO otepyTURdV Kal 1 kampopidy Kel 1 xatayopevEIKOY Kal TO déproroy [..] * ai 6 hv olov “obi ‘nepa tort.” elbog epanopartsv, ‘UgepanoparixSy 6) éoxiv éxopanxov éxooartKod, olov “igi huépa Eo ciOron 6€ 25 “Hepa dotiv.” Apunrixby 88 éox % owv puntiKas opiov kai kazmyopruatos,oloy “oiBets neprnaret ‘oxepnixov8é gow td coventdcéx exepreuxod opiov ai dduaros katt Siva, olov “éqrhdvOpands on oit0¢” (+ lacuna. 74. Cf Delimier, 2001, p. 293. 75. Antikeimena, pela negagio” (AM 8,88-90 (~ SVB, 2.214))", Sexto esclarece ainda que, no asserivel de negagio, o advér- bio “no” deve ser anteposto ao asserfvel para que pos- sa “comandi-lo”, quer dizer, para que possa negi-lo como um todo’. Assim, 0 asserivel de negacio “Nao: Dion caminha” se distingue de “Dion no caminha”, que, na verdade, conta como uma afirmaga 20 contrério de “Néo: Dfon caminh: ee puleio, eae nt , disias, Comen _ trio aos 1 Analiticos de Aristételes. cea) ° asserivel de negacio é adicionando 2 purl cpus un gut etaeio mote tum falso, e vice-versa (Cf. AM, 7.203). asserfvel negativo de sujeito € a uniio de um pronome indefinido negativo ¢ um predicedo. Por exemple: nha”. © asserivel negativo de predicado ocorre quando se une uma particula de privagio a um predicado em um asserivel completo, Por exemplo: as SD 27 1 dcsranc" a negagao da qu jumano” ao sujeito. 76 Tore tows By 1 kxepov 106 tsp dope Porexen (cpopbasi) de "Edi 71. "Poregemplo: 2 nego (apophast dE dis Edis" e nto “E niocdia’. 35 Os asseriveis ndo-simples aaa compostos por asse- tyeis simples ou pela repeticéo de um mesmo asserfvel simples (Cf. DL 7.68-9; Plurarco, Das Contradigbes dos Estoicos, 1047 ce)". Além disso, os asseriveis nijo-simples possuem como signos frases unidas por conjungdes, partes indeclindveis” da linguagem que tunem outras partes da linguagem (DL. 7.58). Podem ser constitufdes por asseriveis nfo-simples, embora, em tiltima andlise, sejam evidentemente compostos fo and ita ea (GEA sol estd sobre a tesraghJuz”, Tamibeém pro- posigdes conjuntivas e disjuntivas podem ter mais de dhs elementos. Por exemplo: ©Olldaide é bos ou € id ou € indiferente” (AM 8.434). Didgenes oferece-nos uma lista dos tipos de asse- tfyeis no-simples reconhecidos pelo Pésrtico, que co- mentaremos a seguit. 78. Exeppl deem: "Se dia edi 79. Declinagéo: em grego ¢ em ltim, os nomes em geral seeebem desinénea que india sus fang satis na sentenga, 0 que néo é 0 cazo das conjungéce, Acondicional (syuemmenon) Em primeito lugar, Didgenes Laércio dicional (DL 7.71)", tomando do cle presente nos Tratados de na Arte de Dialética de Didgenes da Babilénia, ambas obras hoje perdidas. Segundo a definiglo, um asserivel condicional é “o que é unido através da conjungio hi- potética “se” (DL 7.71)". Quanto & questio das cot dicionais na Antiguidade, o debate, como observamos acima, iniciou-se entre 08 megiticas € tornov-se to in- flamado que, segundo Callmaco™, “mesmo os corvos ‘nos cimos dos tellados crocitam sobre a questéo sobre qual condicional ¢ verdadeita” (AM 1,309-310)". Sex to nos informa que Philo “diz ser uma condicional ver- dadeira aquela em que nfo é0 caso que antecedente™ 30. Snammenon :Pacticipio pertto do verbo owen (nid. Os grogos também se referem 2 condiconal como semeton{(Ch HP 2.110). Os romanos, por a wer, se sferem a ela come aaiinetum cones (Gh Alo Galo, Noite Acca. 16.89.10) 81. Sb ovveots fi 10 “Ui aver orblopon 82. Calimaco viveu entre 310/305~240 a.C. Poetae gr smitico potutel de Cizene, trabalhou a biblotecn de ‘Alesandei sob Prolomeu le tolomeu IL Empreen- dew ample induente pesquisa bbliogrfca na biblio- tera, que publicou em aus obra Pinas, Fol profesor de Berésenesc Apolénio de Roden £3. 2 dene dar aon fbn ie sor Academica, 2143 (Clue grande disputa hd sobre 9 ‘lementar ponto da doutrina pia [das condicionais! Diodorg tem una visa; Philos outs; © Celsipo, uma tereine), Ch tambéin AM 8.113 #5 HP 2.110. 84. Archomenon, sinénimo de hegoumenon, 7 scja verdadeira e a consequente®, fala ~ por exemplo, quando é dia ¢ estou conversando: “Se € dia, eu con- verso” (HP 2,110.1)", Essa concepslo corresponde aproximadamente ao que se chama hoje de implicagéo material”. A segunda concepsio de condicional men- cionada por Sexto é de Diodoto Crono: [ee] que nem foi possfvel nem € possvel a ancecedente verdadeica © a consequen- ce als: segundo essa visto, parece se flea a condicional dita acima™,jé que, quando é dia e estou caldo, a antecedente ¢ verdadei- ea consequente fale. Mas eta verda- deira: “Se nio hi elementos indivistveis das coisas, hd elementos indivistveis dat coisas” Pois & sempre filsa a ancecedente “nfo hd elementos indivistveis das coisas” c, segun- do ele, é verdadeira a consequent: “hd ele ‘mentosindivsiveis das coisss”. (HP 2.1105 ~11sy® 85. Legon, oposto a hegoumenon, a consequent 86. 6 yav vip Oihwv ooiv dis evar compuévov 2 3) epysucvov éxd andois vai siyow tx yeas, olov ‘uepas otons xui nod Siad.cyouevou v8 ‘espa Eoww, bra BuadsyOHA 87. Voltacemos a esse ponto mais abaixo. 88. "Se édia, eu converso” 89. Kaen 90. 6 8 ArSétpoc, 5 wire évebéyero pie évBéyevar pyéevov dnd LinOods tre éxi webBog Kal) By w uv bog Sons, xeon x5 GBs pl wevov Exi wyedb; mucohey, etvo 8 8 ‘el OOK Eat aeph 38 Segundo tal concepsio, uma condicional verdadei- ra €aquela para a qual ¢ impossivel que a antecedente scja verdadeira ea consequente falsa. A terceira concepgio mencionada por Sexto é atti- buida pelos comentadores a Crisipo, embora 0 nome deste nio scja expliitamente mencionado na passagem: (Os que introduzem conexio! ddizem ser verdadeira a condicional quando a contraditéria da consequente entea em confi to com a antecedente: segundo esses, a condi ional dicaacima ser fale”, mas esa éverda- ddeira: “Se é dia, é dia”, (HP 2.111.5-112.1) Quanto & identificagio da posigdo acima com aquela de Crisipo e dos estoicos, ral se faz cruzando outras citagées acerca da concepcao de Crisipo sobre as condicionais. As duas mais importantes citagdes que identificam essa concepgio como sendo a de Crisipo ‘dv yea overs, Forw dyph xO Svrwy oxorysta’ dui ‘yap dnd yoo80us dpyéuevoy 100 ‘od Eorw duepn cov vray erorysia’ cig nD wauhsiée kamadtov 1 “Bow ‘uepfl xB Gveav oxox 91. Synarteix que signifies lteralmente jungle, unio, co- nexio, coesio. 92. "Se nio hé elementos indi smentos indivigfveis das coisas". 93. oi 88 civ auvdpenaw eiotrovees bps cuvnunévoy, Grav <0 dveucipevoy 1 éy abn ndgnec i dv eine HyouEno’ Ko OB 1a pe eipnpéva Gumpnéva Eorar woyOnpd, éxeive 8 dindés "si Hina enw, Hypa Bow’ eis das coisas, hd ele- 29 sio Cicero, Do Destino, 12-15 e Didgenes Laércio, 7.73, Bste dltimo nos diz: Ainda, dos asserives, quanto a0 verdadeiro € a0 filso, sio contraditétios uns dos ou- tros aqueles que si0 um a negeedo do outro, como, por exemplo: “E dia” e "Nao: é dia” Com eftto, é verdadeira 2 condicional da qual a contradiéria da consequente entra ‘em conflico (machetai) como a antecedente, ppor exemplo: “Seé dia, hi luz”. Isso verda- deiro, pois “Néo: hé luz", contraditéria da consequente, entra em confito com “E dia”. Mas ¢ flsaa condieional da qual a contradi- ‘ria da consequente no entra em confito com a antecedente, como, por exemplo: ‘Se dia, Dion caminha”. Pois “Néo: Dion ea- ‘minha” no entra em conflto com “E dia". (017.73) Quanto & nogio de conflito envolvida aqui, Bo- buien (2003, p. 95) observa que ¢ historicamente in 94. in tov ABiouiray xaxd v ad0oiav ‘ui yedBog ivrucineva ddathons boty, dv x8 Exepov ‘wi Exipov dovly dxogatixiy, ofov x0 “hydpu tout” Kal 1 ‘aby fnipa oi.” oumnuuévoy obv dAdég dot ob 13 vrucevov 100 Difyovtas jyeran x FyoUstevo, ofov spa for, pg Eo.” 00D dAngés do 28 yp “odyi (965. dvenceuevoy x hyova, wiyetan eG ipsipa do” ouvnévoy 8é webb6s eon ob tH avmweuevoy TOD Ijyovt0s ob pyerat @IFF- (pa-a) Crisipo, por sua ver, exige da implicago uma co- nexio conceitual, ¢ no mais a verofuncionalidade ¢ 0 centro das arengées. A implicagio de Crisipo s6 é ver- dadcira quando a contraditéria da consequente entra em conflito com a antecedente, ou seja, quando: (p> g) IEF (p a-q) [-confito, asserivel disjuntivo exclusivo (diezeugmenon) Os estoicos dio especial atengo ao que se chama hoje disjuncio exclusiva, que se distingue da disjuncéo inclusiva por no ser verdadeira no caso em que as proposigées que a compdem sfo verdadeiras. Quatt- to a isso, Didgenes Laércio nos informa: “O assert vel disjuntivo exclusive € disjungido pela conjungio disjuntiva ‘ou’, como, por exemplo: ‘Ou é dia ou € noite’. Com essa conjuncio fica declarado que um dos asseriveis ¢falso” (DL 7.72)” Aulo Gio acrescenta outro crtério para tal asservel (16.8.12.1) Hé igualmente outro , que os gregos chamam diezengmenon™, ¢ nés chamamos disjungio 57. Biskevypsvoy 6& éowy 8 iad 108 “rot” BiaCevec1xod wet ouon Biéenxca, ofov “xox rwépa éoriv wie don.” énayrédetan 8) 6 qivbeouos obto¢ 12 Exepov vw donde yeibog evar. 98. Diezengmenon axioma. “8 (disiunctum). Esse cassestvel> ¢ assim: “Ou © prazer ¢ mau ou é bom ou nem born nem mau", (16.8.13.1) E necessitio que todos os asterfveis que so disjungidos ertjam em conflco entre si e que as contraditérias de- les, que os gregos chamam de antieimend?”, também se openham entre si, De todos (16.8.14.1) disjungidos, um deve ser verdadeiro, os demais falsos. Porque se ou nenhum é verdadeizo ou todos sio ver- dadeiros, ou mais que um é verdadeiro, ou 0s disjuntos néo-estio em confio, ou suas contraditérias no se opdem (16.8.14.5), ntti esse aserfveldisuntivo é feo e écha- ‘mado semi-disjangio™, asim como esta, na qual as contraditérias no se opéem: “Ox corres ou caminhas ou ficas parad”. Porque 08 asseriveis se opSem, mas as conteadité- ras deles nio esto em conflito: pois “nto andar” e “néo ficar parade” € “no corres” (16.8.14.10) no si0 contraditérios entre si, jf que sio chamados “conttaditérios” os que nfo podem ser simultanea- mente verdadeicos, pois podes simultanca- ‘mente nem andar, nem permanccer pata- 59. Antikeimena 100. LMepadieCeuypvov. A frente falaremos inais sobre 3 ‘semi-disjungao. do, nem correr (Aulo Galio, Noites Aticas, 168.12.1-16.8.14.10)", Assim, de acordo com esse testemunho de Aulo Gélio, o asserivel disjuntivo exclusive dos estoicos con- tém, como sua nogéo de implicacio, um componente que vai além da verofuncionalidade: a necessidade de que os disjuntos ¢ os contraditérios dos disjuntos este- jam em confit! 101. Exe item aliud, quod Gmeci dielevynévoy ‘fiona, nos ‘disiunetum’ dicimus. 1d huluscemodi ‘es: ‘aur malum ext uolupras auc bonum aut neque be- num neque malum est Omnia autem, quae disiun- ‘guntus, pugnantia esse inter sese oporter, corumque Spponita, quue avrceintve Greet diene, ex quoque ipsa inte se aduersa esse. Ex omnibus, quae disiungun- ur, unum esse uerum deber,flsa cetera, Quod sf aut aii omaium uerum aut omnia pleraue, quam unum, vera erunt aut, quae dsunet suns non pugnabunt aut quae opposita eorum sunt, contraria inter sese non runt rune i ihunctum mendacium et et appllaar srapabteLevypvov, sicuti hoc est, in quo, quae opposi futon ancora a a Nam ipsa quidem inter se aduersa sunt, sed opposita orum non pugnant; «non ambulare enim et ‘non sta- sno cuter’ contra inter ss non sunt, quo- diam ‘contraria’ ea dicuntur, quae simul era esse non ‘queunt; posts enim simul codemque tempore neque ambulace neque stare neque currere. 102, Sexto (HP 2.191) parece referir-se a essa neces ‘idade, embora sua linguagem niio seju clara: “Pois ¢ proclimade verdedei'a dsjungio na qual um ¢ verdadeiro © 0 restance ou os restan- tes falsos por conflto (mete mache)” — x0 rap iis ‘SieCewyévov Exc éieran bv wav dy eins Opes eben, 73 Be Routhy xd owt yodB0s A youBh word Her % O préprio Gélio nos informa outro critério ainda para o asserivel disjuntivo exclusiva. Segundo ele, 0 seguinte raciocinio é equivocado: (Ou casas com uma bela mulher ou com uma fia. Se ela € bela, adiviiris com outros. Se cla ¢ fei, ela ser um exatigo, Mas ambas as coisas nfo sio devejiveis. Logo, mio cases (Alo Galo, NoitesAtias, 5.11.1-2). Isso porque o asserivel disjuntivo exclusive que é a premissa maior do argumento nio ¢ “justa”, pois nio é necessirio que um dos disjuntos seja verdadciro, o que € requerido num asserfvel disjuntivo exclusive verda- deito (Aulo Gélio, Noites Aticas, 5.11.9)". Em outra parte, Aulo Gelio refere-se ao seguinte asserivel disjun- tivo exclusive como falso pelo mesmo motivo: “As or- dens de um pai sio ou dignas ou indignas”, pois a ele falta 0 terceito disjunto “nem dignas nem indignas”, que, por assim dizer, completatia o asserivel (Aulo Gé- lio, Noites Aticas, 2.7.21). Esse cticério de completu- de do asserivel disjuntivo exclusive, que também vai além da verofuncionalidade, serve para evitat © que hoje na Iégica informal se chama de falsa dicotomia!™, 103. Non ratim id neque ustum diiunctiaum essai, juoniam non necessum sit alterum ex duobus, quae Ttnguncue, uerun se, quod In prloechs dives, 104. "Falsa dicotomia ou fils dilems: ocorre quando duas possbildades alternativas sie calocadas come tniess, omiindo-e as outta, de modo # consotals uma fala oposigdo. 46 Em suma, o asserivel disjuntivo exclusivo deve se- guir os seguintes critérios: (I) apenas um dos disjuncos deve ser verdadeito; (2) os disjuntos ¢ as contradité- tas dos disjuntos devem estar em contfito; (3) deve contemplar, entre seus disjuntos, todas as possibilida- des, evitando a falsa dicotomiza O asserivel conjuntivo (sympeplegmenon) O asserivel conjuntivo pare os estoicos é puramente verofuncional, sendo 0 “que € conjungido por ceras conjungées de conjungio, como, por exemplo: ‘tanto € dia quanto hé luz” (DL 7.72)", Gélio explicita 0 cviévio de verdade de tas aseriveis: 1] O que eles chamam de sympeplegmenon ids chamamos ou de coninctum ou de co- pulatum', que € assim: ‘Cipizo, flho de Paulo, tanto foi duas vezes eBnsul quanto triunfou, e foi censor e colega, como censor, de L. Miimio’. Em todo asserivel conjunti= vo, se um é faleo, mesmo se os demais sio verdadeicos, 0 asserfvel conjunti- vvo como um todo é dito falso (Aulo Gélio, Noites Avis, 16.8.10-11)". 105. Sind twoveuurhacruay owvBéonov oojAERAaKtaN, low “kai yep dori eat pg don” 106. O gue chamamos hoje de “proposigio conjunti- v=" ou simpleimene“cnjungic : 107. Tem quod illi ousrericrpévov, nos vel ‘conivne- tum’ uel "copula diimus, quod ext hulvscemo “P, Scipio, Pauli ius et bis consul fui et wiumphauit et eensura Funetus ester collega in censuea L, Mummii a Quanto a isso, Sexto nos informa que, segundo os estoicos, asim como um casaco nao é dite “intacto""™ se possuir um tinico furo, assim também um asserivel conjuntivo néo sent verdadeito se contiver um dnico assertvel falso (AM 2.191). Outros asseriveis nio-simples Aléin desses asseriveis néo-simples, Diégenes Laér- cio se refere também ao semi-condicional (parasynem- menon, na forma “Fé que p, q”)!™. O critério de ver- dade de tal asserivel é o seguinte: () a consequente deve seguir da antecedente e (ii) a antecedente deve set verdadeira. A concepcio desse asserivel é atribulda por Didgenes Laércio a Crinis, que teria falado sobre ele em sua obta (hoje perdida) Arte Dialética™®, O fui. Tn omni autem coniuneto si unum est menda- m, etiamsi cetera uera sunt, totum esse mendacium icivar. CE AM 8.125: D 2.9.8. 108. Hygies:termo entio usado relativamente aos sedveis, designando os verdadeiros e que signifies lt zalmente “saudivel”, Em inglés, o termo é normalmen- te taaduzido por “sound”. Na falta de ecmo melhor, decid taduti-lo simplesmente por “verdadeiro". No ‘ato presente, referindo-sea um casnco, decd traduzi- clo por “intacto”, 109." Em grego: epei 110. A passagem em grego seferente & semicon clonal é a seguinte: napacuvnanévov 6 gon, Kpivis onow v nf Atadexciey téyvp, diqun 8 tind 105 “éxei” cvvbéouov napaovvimtat dpyoucvov dr GE xouar0g nai Mifov cic GEioua, ofov “Encl Hspa dori, og éouv.” éxayyéTherat 8° 6 cbveearioc Gxohoudely ve 18 Bebtepov ti mptoxe Kai td npOtoVv ‘bpeotdvan, (DL 7.71-72) 8 exemplo dado por Didgenes ¢ “Jé que € diay hi luz”, que € verdadeiro quando é 0 caso que ¢ dia ¢, por isso, ha luz. Parece-nos que 0s estoicos, nomeando-o ausim, vem nele uma variagio da implicagao (para- synemmenon). Bfetivamente, “if que” anuncia 0 que hoje chamamos de condicional factual, aquela cuja antecedente € algo que se cré ser 0 caso. O exemplo que nos ¢ oferecido por Laércio parece indicar isso Temos também o asserivel causal (atiode)), no qual hi uma telacio causal entre os asseriveis que © com- podem — por exemplo: “Porque é dia, ha luz” (DL 7.72; 74). O exemple dado nos fiz supor que, como o ante- rior, tal assrivel € visto como variagéo da condicional. ‘Chamaremos de asserivel disjuntivo inclusive a “semi-disjuncio” (paradiezeugmenon) jf mencionada acima, em ctagao de Aulo Gélio: Porque se ou nenhum é verdadeiro ou todos so verdadeitos, ou mais que um é verdadei- 10, ou 0 disjuntoe nfo esto em confio, ou suas contraditéras néo se opdem, entio esse sserteldisjuntivo ¢flsoe échamado semi- -disjungSo. (Noites Arias, 168.14) At, tal semi-disjungio € apresentada como um fal- «0 asserivel disjuntivo exclusivo. Entretanto, em Gale- no (Institutio logics, 12)", a semi-disjungao € apre- sentada como seguindo os critérios da atual disjungio inclusiva, segundo os quais ela deve ter um ou mais 111, CE Malatesta, 2001 6 disjuntos verdadeiros. Tal ¢ reafiemuado por Apolénio Disculo (Peri syndesmon, 219), que assevera ser a dis- tingao entre o asserfvel disjuntivo exclusive ¢ o inclusi- vo 0 fato de poder ter miais de um disjunto verdadeico, além de mencionar a comuratividade de amibos 06 ti- pos de disjuncio'” (Peri syndesmon, 484; 493)", Sentengas equipotentes Muicas veres os comentadores argumentam que os «stoicos nfo dispdem de uma nogio precisa de conec- tivo légico, visto que excluem da nogao de cones (yndemos) 2 negagio, embora reconhecam sua vero- funcionalidade. Primeito, é preciso notar que nfo nos chegou uma reflexo do Pértico sobre os conectivos l6gicos cousiderados separadamente. Segundo, em suas definigées dos asseriveis nao-simples vemos que estes sio relacionados a sentengas (aquelas que os re- presentam na linguagem natural) que possuem certas conjungées (“e”, “ou”, “se”). Aqui, as conjungées de- vem ser entendidas no sentido gramatical e nao légi- co do termo, $40, portanto, os asseriveis nio-simples aqueles cujas sentengas que os representam posstiem certas conjungécs. 712, Enceto,slguns comenedoresconsider esa concepeso de dijunyzo inclusive um deseavolimente tardio da logica antiga no neceseadamente estes o {he explcataa divergence de relatos 113.0 Bisgenes Lae nme os scl ig “simples que os exoicos eeonhecem (DE 771-3), sem dar dees que nos pesmitam apcfundamenta, Isso nos ajuda a compreender por qual azo os estoicos nao incluem entre os asserfveis ndo-simples 0: asscriveis negatives, fato que cria certa estranheza para os que estudam a l6gica contemporinea, jf que para esta as proposigées negativas esto entre as proposigées complexas. Para os estoicos, o asserivel negativo no é considerado nao-simples porque a palavra “no” é um advérbio e no uma conjungio. Ao invés de se concen trarem sobre a nocio contemporinea de “conectivo ligico” ¢ “operador verofuncional”, os estoicos voltam sua atengio para asser(veis verofuncionais que so te- presentados linguisticamente por certas conjungses € pelo advérbio “nio” ¢ seus equivalentes. O asserivel negativo (apophatikon, que tem como signo associado 0 advérbio “nio”), o asserivel condicional (semeion, que tem como signo associado a conjungio “se"), © asserivel conjuntive (sympeplegmenon, que tem como signo associado a conjungio “c”) ¢ 0 asserivel disjun- tivo exclusive (diezeugmenon, que tem como signo associado a conjungao “ou”) perfazem a base do cdl culo proposicional do Pértico, Entretanto, a distingzo entre asseriveis simples € nio-simples nio equivale es- tritamente 2 distinc contemporanea entre proposi- bes simples (atémicas) ¢ complexas (moleculares). A distingio contemporanea parte da nogio de conectivo ou operador I6gico. A distingao estoica, por sua ver, se cfetua a partir dos signos que representam o asserivel tna linguagem natural, sendo os niio-simples os que si0 representados com certas conjungées ¢ os simples os que sio representados sem conjungées, © que inclui 0 asserlvel negativo. 51 Assim, nfo hd entre os estoicos una discussio so- bre a equivaléncia de conectivos I6gicos, pois nao dis- poem dessa nogao. Ao invés disso, trabalham com a nogiio de sentengas logicamente equivalentes. Quanto a isso, voltemos nossa atengéo para dois testemunhos antigos: [.-] Crisipo, agicando-se, expera estarem er- zados os caldeus © o¢ demais adivinhos e que ‘fo usem implicagées para que assim suas observagées pronunciem: "Se alguém nasceu sob Sirius, no morrerd no maz”, mas antes falem assim: “Nao & 0 caso que tanto nasga sob Sitius quanto mora no mai”. (Cicero, Do Destino, 15)" Por quantos modes 2s sentengas equipoten- tes (jodynamownta) substicuem umas 38 ou- tras, assim também se vealiea a substituigio das formas dos epiqueremas"? © dos enti- 114, Hoc loco Cheysippus aestuans fill sperat Chal- dacos ceterosque divines, neque eos ucts este co- niunctionibus, ut ita sua percepra pronuntient ‘Si quis ramus est oriente Canicula, is in mari non morisut’ sed pots ia dant ‘Non et natu ex quis orenteCa° 115. Em Tépicos VIM, 11, Ar fema um raciocinio demonstraivo: um epiquerema é tum raciocinio dialético”, Hoje, epiquerema ¢ um silo- gismo em que hé premissa acompanhada de prova, el como em ‘todo B é C (porque todo B é D), erodo A é B, logo, todo A éC’ memos! nos argumentos™. Por exemplo, © modo seguince: “Se romaste emprestado no resttuete, me deves 0 empréstime”s “No 0 caso que romasts emprestadoe n50 restitulate e nfo me devas © empréstimo”. E principalmente isso eabe'™ ao fifo faver com pritica!”,Pois se realmente um enti= mema é um slogismo incompleto,é eviden- te que 0 que se exercitou quanto 20 silogi smo completo é também aquele que seria nfo renot suficiencemence quanto 40 incompleto. Epieteto, D 1.8.1") 116. Baikymema: como o define Avitéueles, “uma de- imonstagio retrit(f Aristotle Rete, 13572) ‘eno eg enema dee coi de mrs proposiGee, Requenermente menos que or que Peete slogan norma: ein lama deo roporigées¢ fate families nia hi neces seqvet se mencioné-la; o ouvinteaadicionn pot sed. Asim, para mostar que Dovieu fi vencedor em uma com. cdo cujo premio € wa coco, bass diner pois de ener fs jopasenpcor sem acon oo gor olimpices © premio ¢ nna corer um Es que {ellos conten" ese ten Tr Mn Tabet Sh Pa x ee en, 28 ara His. Proko. 119. Empeita:advésbo que significa ‘com experi cia com pris” 120. Raby Boot «pons westhayavew oe x igobwvenpives Ogio wary wotton, at th Bn vay ergeyctov 2 ka yOu Ev xe othe cent hevoncy avery lov ope Sv spent rofrov:e sdarrion eat jm Grebonee, Seat hot apropror ony edaveloo joven Gh Gneburea So HW Boateng ot 89 Apreproy. Kak roUTo ODDEvt 3

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