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Material de Funcoes Complexas-P1
Material de Funcoes Complexas-P1
Material de Funcoes Complexas-P1
0 Introdução
(0.1) x2 + 1 = 0.
Nesse suposto conjunto, assumindo que temos uma soma e um produto, estendendo
a soma e o produto de R, é razoável esperarmos que para a, b, c, d ∈ R tenhamos:
Diremos que:
a + bi = c + di ⇐⇒ a = c e b = d,
R2 ←→ C
(a, b) ↔ a + bi .
4
0 1 2 3041425
674849 0
3728529 7238295 3718519 7138195
6748 0
728 827 718 817
1 0 67 0
71 17 7
2 0 67 0
72 27 7
1 67 048 0
718 817
8 7 718 77
2 67 048 0
728 827
8 7 728 727
2 1 674849 0
7238195 7281729 3718529 7291829
30415 30425
0
12345
0678123459234 3
7123453712345 0
712 234 45
712244324 245
0
103 35 712345
712345712345 712345 0
15715
7
012314514312
3 67879 3
6879
3 15689
156 8 9
15689
567879
1256
89
3
12 614319512 14312 1
68389
0 6879
0 1234567
0 823957 829
039 7 3 72
0 9 2
829 9 8
387 8 387
38729 3872
01234056 78405
01 449 6564 6951
54 6 5
16
16
12345 78451
10 1 2
1345 6 717
1
717389 1 5 1 34 56
1325 1 325 1 32 5
7173110
9 1 3 150
1
1 3 10
1
1 130
1
151 3151
012345647845647
01222348 9498
0239456479894599479
03
484
0239498949 4
8
0223458 94497
02223 4 8 4
8
4
8 999
0213
49
8
01 02
301402353013430236
789 2
79
8 6
0 123 04516
7894
78 7 04 0 0
7 7
087 123 04516
7
7804516 123
0 7
7 0
56 606 056
7
01234356
012787479
0 28
12 8
0
12
012
1
1 218
012345678 69 7
0 12345637 8 69 37
30 1 30
1
1
1
1
01 23
04 501 3
01561789 1 1
01
1 7 1 7
0561 89
4
5 04 501 0
0 12 34
9 4 9 4
153678 0 8 0 340
1 4 3
✷ ❋✉♥$%❡' ❍♦❧♦♠♦,❢❛'
❱✐♠♦$ ♥❛ $❡()♦ ❛♥*❡+✐♦+ ,✉❡ ❝♦♠♦ ❝♦♥❥✉♥*♦ ♦ ❝♦+♣♦ ❞♦$ ♥2♠❡+♦$ ❝♦♠♣❧❡①♦$ *❡♠
✐❞❡♥*✐✜❝❛()♦ ❝♦♠ ♦ ♣❧❛♥♦ ❝❛+*❡$✐❛♥♦ +❡❛❧✳ ■$*♦ ♥♦$ ♣❡+♠✐*❡ ❞♦*❛+ C ❝♦♠ ❛ *♦♣♦❧♦❣✐❛
❞❡ R2✳ ❊♠ $❡❣✉✐❞❛✱ ❞✐$❝✉*✐+❡♠♦$ ❜+❡✈❡♠❡♥*❡ ❛❧❣✉♥$ ❝♦♥❝❡✐*♦$ *♦♣♦❧=❣✐❝♦$ ❞❡ R2
♥❡❝❡$$>+✐♦$ ❛♦ ❡$*✉❞♦ ❞♦ ❝>❧❝✉❧♦ ❞❡ ❢✉♥(@❡$ ❞❡ ✉♠❛ ✈❛+✐>✈❡❧ ❝♦♠♣❧❡①❛✱ ❢❛③❡♥❞♦ ❝♦♥✲
*✉❞♦ ❛ *+❛❞✉()♦ ♣❛+❛ C ❛*+❛✈C$ ❞❛ ✐❞❡♥*✐✜❝❛()♦ ❛❝✐♠❛ ❝✐*❛❞❛✳ ❙)♦ ❜♦❛$ ❛$ ❝❤❛♥❝❡$
❞♦ ❡$*✉❞❛♥*❡ ❥> *❡+ ✈✐$*♦ ❛ ♠❛✐♦+✐❛ ❞♦$ *=♣✐❝♦$ ❞❡$*❛ $❡()♦✱ ♣♦+ ❡①❡♠♣❧♦ ❡♠ ❣+❛❞❡$
❝♦♠♦ ❈>❧❝✉❧♦ ❡♠ ♠❛✐$ ❞❡ ✉♠❛ ✈❛+✐>✈❡❧✱ ❊$♣❛(♦$ ▼C*+✐❝♦$✱ ❚♦♣♦❧♦❣✐❛✱ ❡*❝✳
❉❡✜♥✐%&♦ ✷✳✶✳ ❙❡❥❛♠ z 0 ∈ C ❡ r ∈ R>0 := (0, ∞)✳ ❈❤❛♠❛✲)❡ ❞✐)❝♦ ❛❜❡/0♦ ♦✉ ❜♦❧❛
❛❜❡/0❛ ❞❡ ❝❡♥0/♦ z0 ❡ /❛✐♦ r ♦ ❝♦♥❥✉♥0♦
D(z0 , r) = {z ∈ C : |z − z0 | < r}
D(z0 , r) = {z ∈ C : |z − z0 | ≤ r} .
✶
❉❡✜♥✐%&♦ ✷✳✷✳ ❙❡❥❛♠ S ✉♠ &✉❜❝♦♥❥✉♥+♦ ❞❡ C ❡ z 0 ∈ S ✳ ❉✐③❡♠♦& 1✉❡ z0 2 ♣♦♥+♦
✐♥+❡4✐♦4 ❞❡ S &❡ ❡①✐&+✐4 r > 0 +❛❧ 1✉❡ D(z0 , r) ⊂ S ✳ ❉❡♥♦+❛4❡♠♦& ♣♦4 int (S) ♦
❝♦♥❥✉♥+♦ ❞❡ +♦❞♦& ♦& ♣♦♥+♦& ✐♥+❡4✐♦4❡& ❞❡ S ✳
&<♦ ❡①❡♠♣❧♦& ❞❡ ❝♦♥❥✉♥+♦& ❛❜❡4+♦&✳ ❊&+❡ >❧+✐♠♦ 2 ❝❤❛♠❛❞♦ ❞❡ ❞✐&❝♦ ❛❜❡4+♦ ❢✉4❛❞♦
❞❡ ❝❡♥+4♦ z0 ❡ 4❛✐♦ r✳ ❚❛♠❜2♠ 2 ❛❜❡4+♦ ♦ ❝♦♥❥✉♥+♦ {z ∈ C : Re (z) > 0}✳ ◗✉❛❧1✉❡4
❞✐&❝♦ ❢❡❝❤❛❞♦ D(z0 , r) ♥<♦ 2 ✉♠ ❝♦♥❥✉♥+♦ ❛❜❡4+♦✳
✷
❖❜"❡$✈❛'(♦ ✷✳✶✳ ❆!"❛✈%& ❞❛ ✐❞❡♥!✐✜❝❛-.♦ ❡♥!"❡ C ❡ R ❥1 ❝✐!❛❞❛✱ ♦❜&❡"✈❡ 4✉❡ ♣❡❧❛
2
♥♦&&❛ ❞❡✜♥✐-.♦ ✉♠ ❝♦♥❥✉♥!♦ A ⊂ C % ❛❜❡"!♦ &❡✱ ❡ &♦♠❡♥!❡ &❡✱ A % ❛❜❡"!♦ ✈✐&!♦ ❝♦♠♦
&✉❜❝♦♥❥✉♥!♦ ❞❡ R2✳ :♦" ❡①❡♠♣❧♦✱ ❡&❝"❡✈❡♥❞♦ z0 = x0 + y0i✱ ♦ ❞✐&❝♦ ❛❜❡"!♦ D(z0, r) %
✐❞❡♥!✐✜❝❛❞♦ ❝♦♠ ♦ 4✉❡ ❝♦&!✉♠❛♠♦& !❛♠❜%♠ ❝❤❛♠❛" ❞❡ ❜♦❧❛ ❛❜❡"!❛ ❞❡ ❝❡♥!"♦ (x0, y0)
❡ "❛✐♦ r > 0 ❞❡ R2
B(x0 , y0 ; r) = {(x, y) ∈ R2 : (x, y) − (x0 , y0 ) < r}
p
= {(x, y) ∈ R2 : (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < r} .
✸
❈♦♠♦ #♦❞♦ ♣♦♥#♦ x ∈ X '❡ ❡'❝*❡✈❡ x = n→∞lim xn ✱ ♦♥❞❡ xn = x ♣❛*❛ #♦❞♦ n✱ ✈❛❧❡
'❡♠♣*❡ X ⊂ X ✳ ❙❡❣✉❡ ✐♠❡❞✐❛#❛♠❡♥#❡ ❞❛ ❞❡✜♥✐56♦ 7✉❡ ✉♠ ♣♦♥#♦ z ∈ C 8 ❛❞❡*❡♥#❡
❛♦ ❝♦♥❥✉♥#♦ X ⊂ C '❡✱ ❡ '♦♠❡♥#❡ '❡✱ ♣❛*❛ #♦❞♦ r > 0✱ #❡♠♦'
D(z, r) ∩ X 6= ∅ .
✹
❖! ❝♦♥❝❡✐'♦! ❞❡ ❛❜❡+'♦ ❡ ❢❡❝❤❛❞♦ ♥.♦ ❝♦♥!'✐'✉❡♠ ✉♠❛ ❞✐❝♦'♦♠✐❛✳ 2♦+ ❡①❡♠♣❧♦✱ ♦
❝♦♥❥✉♥'♦ D(z0, r) − {z0}✱ 8✉❡ ♣♦❞❡+9❛♠♦! ❝❤❛♠❛+ ❞❡ ❞✐!❝♦ ❢❡❝❤❛❞♦ ❢✉+❛❞♦ ❞❡ ❝❡♥'+♦
z0 ❡ +❛✐♦ r✱ ♥.♦ : ❛❜❡+'♦ ❡ '❛♠❜:♠ ♥.♦ : ❢❡❝❤❛❞♦✳
!♦♣♦$✐&'♦ ✷✳✷✳ ❙❡❥❛ S ⊂ C✳ ❊♥'(♦ S * ❢❡❝❤❛❞♦ /❡✱ ❡ /♦♠❡♥'❡ /❡✱ /❡✉ ❝♦♠♣❧❡✲
♠❡♥'❛6 C \ S * ❛❜❡6'♦✳
D∗ (z, r) ∩ X 6= ∅ .
✺
❉❡✜♥✐%&♦ ✷✳✼✳ ❙❡ x ∈ X ♥#♦ % ✉♠ ♣♦♥)♦ ❞❡ ❛❝✉♠✉❧❛.#♦ ❞❡ X ✱ ❞✐③❡♠♦2 3✉❡ x %
✉♠ ♣♦♥)♦ ✐2♦❧❛❞♦ ❞❡ X ✳ ◗✉❛♥❞♦ )♦❞♦2 ♦2 ♣♦♥)♦2 ❞❡ X 2#♦ ✐2♦❧❛❞♦2✱ ❞✐③❡♠♦2 3✉❡ X
% ✉♠ ❝♦♥❥✉♥)♦ ❞✐2❝7❡)♦✳
1 1
X= + i:n∈N
n n
)❛♠❜%♠ % ❞✐2❝7❡)♦✱ ❡ )❡♠ ❛ ♦7✐❣❡♠ ❞❡ C ❝♦♠♦ <♥✐❝♦ ♣♦♥)♦ ❞❡ ❛❝✉♠✉❧❛.#♦✳
D(z, r) ∩ S 6= ∅ ❡ D(z, r) ∩ (C \ S) 6= ∅ .
✻
❉❡✜♥✐%&♦ ✷✳✾✳ ❯♠ "✉❜❝♦♥❥✉♥)♦ ♥*♦ ✈❛③✐♦ D ⊂ C / ❝❤❛♠❛❞♦ ✉♠ ❞♦♠2♥✐♦ "❡ D /
❛❜❡4)♦✱ ❡ ❛❧/♠ ❞✐""♦ ❞❛❞♦" 7✉❛✐"7✉❡4 ❞♦✐" ♣♦♥)♦" ❞✐")✐♥)♦" ❞❡ D✱ ❡①✐")❡ ✉♠ ❝❛♠✐♥❤♦
♣♦❧✐❣♦♥❛❧ ✐♥)❡✐4❛♠❡♥)❡ ❝♦♥)✐❞♦ ❡♠ D ✉♥✐♥❞♦ ❡""❡" ❞♦✐" ♣♦♥)♦"✳
■♥❢♦$♠❛❧♠❡♥)❡✱ ♣♦❞❡♠♦- ❞✐③❡$ 0✉❡ ✉♠ ❞♦♠2♥✐♦ D 3 ✉♠ ❝♦♥❥✉♥)♦ ❛❜❡$)♦ ❝♦♥-✲
❉❡✜♥✐%&♦ ✷✳✶✵✳ ❯♠ ❞♦♠2♥✐♦ D / ❞✐)♦ "✐♠♣❧❡"♠❡♥)❡ ❝♦♥❡①♦ "❡✱ ♣❛4❛ 7✉❛❧7✉❡4 ❝✉4✈❛
❢❡❝❤❛❞❛ ❝♦♥)✐❞❛ ❡♠ D✱ ❛ 4❡❣✐*♦ ❧✐♠✐)❛❞❛ ♣♦4 ❡❧❛ ❡")> ✐♥)❡✐4❛♠❡♥)❡ ❝♦♥)✐❞❛ ❡♠ D✳
❊①❡♠♣❧♦ ✷✳✾✳ ❙❡❣✉❡ 7✉❡ C ❡ D(z , r) "*♦ ❡①❡♠♣❧♦" ❞❡ ❝♦♥❥✉♥)♦" "✐♠♣❧❡"♠❡♥)❡
0
❝♦♥❡①♦"✳ A♦4 ♦✉)4♦ ❧❛❞♦✱ 7✉❛❧7✉❡4 ❞✐"❝♦ ❢✉4❛❞♦ D∗(z0, r) ♥*♦ / "✐♠♣❧❡"♠❡♥)❡ ❝♦♥❡①♦✳
✼
✷✳✶✳✶ ■❞❡♥'✐✜❝❛♥❞♦ ❛❜❡.'♦/ ❡ ❢❡❝❤❛❞♦/
❖ !❡❣✉✐♥'❡ ♠)'♦❞♦ ♣❡-♠✐'❡ ❡♠ ❜♦❛ ♣❛-'❡ ❞❛! ✈❡③❡! ❥✉!'✐✜❝❛- 5✉❡ ✉♠ ❝♦♥❥✉♥'♦ )
❛❜❡-'♦ ♦✉ ❢❡❝❤❛❞♦✳ ❊♠ ❣❡-❛❧✱ ❞❛❞❛ 5✉❛❧5✉❡- ❢✉♥<=♦ ❝♦♥'>♥✉❛ f : R2 → R ❡ 5✉❛❧5✉❡-
a ∈ R✱ '❡♠♦! 5✉❡ ♦! ❝♦♥❥✉♥'♦!
{(x, y) : f (x, y) 6= a}, {(x, y) : f (x, y) < a}, {(x, y) : f (x, y) > a}
✽
✷✳✷ ▲✐♠✐%❡ ❡ ❝♦♥%✐♥✉✐❞❛❞❡ ❞❛- ❢✉♥/0❡- ✈❡%♦2✐❛✐- f : R2 → R2
❙❡❥❛ A ✉♠ &✉❜❝♦♥❥✉♥+♦ ❞❡ C✳ ❯♠❛ ❢✉♥01♦ f : A → C 2 ❝❤❛♠❛❞❛ ❞❡ ❢✉♥01♦ ❝♦♠♣❧❡①❛
❞❡ ✈❛8✐:✈❡❧ ❝♦♠♣❧❡①❛✳ ❆♦ ✐❞❡♥+✐✜❝❛8 ♦& ♣♦♥+♦& ❞❡ C ❝♦♠ ♦& ♣♦♥+♦& ❞♦ ♣❧❛♥♦ R2 ✱ ❡♠
>❧+✐♠❛ ❛♥:❧✐&❡ ♣♦❞❡♠♦& ❝♦♥&✐❞❡8❛8 ?✉❡ +❛✐& ❢✉♥0@❡& &1♦ ❞❛ ❢♦8♠❛ f : A → R2 ✱ ♦♥❞❡
A 2 ✉♠ &✉❜❝♦♥❥✉♥+♦ ❞❡ R2 ✳
✾
✷✳✷ ▲✐♠✐%❡ ❡ ❝♦♥%✐♥✉✐❞❛❞❡ ❞❛- ❢✉♥/0❡- ✈❡%♦2✐❛✐- f : R2 → R2
❙❡❥❛ A ✉♠ &✉❜❝♦♥❥✉♥+♦ ❞❡ C✳ ❯♠❛ ❢✉♥01♦ f : A → C 2 ❝❤❛♠❛❞❛ ❞❡ ❢✉♥01♦ ❝♦♠♣❧❡①❛
❞❡ ✈❛8✐:✈❡❧ ❝♦♠♣❧❡①❛✳ ❆♦ ✐❞❡♥+✐✜❝❛8 ♦& ♣♦♥+♦& ❞❡ C ❝♦♠ ♦& ♣♦♥+♦& ❞♦ ♣❧❛♥♦ R2 ✱ ❡♠
>❧+✐♠❛ ❛♥:❧✐&❡ ♣♦❞❡♠♦& ❝♦♥&✐❞❡8❛8 ?✉❡ +❛✐& ❢✉♥0@❡& &1♦ ❞❛ ❢♦8♠❛ f : A → R2 ✱ ♦♥❞❡
A 2 ✉♠ &✉❜❝♦♥❥✉♥+♦ ❞❡ R2 ✳
✾
❉❡✜♥✐%&♦ ✷✳✶✷✳ ❈♦♥#✐❞❡'❡ f : A ⊂ R2 → R2 ✱ ♦♥❞❡ A ) ✉♠ ❝♦♥❥✉♥.♦ ❛❜❡'.♦✳
❉✐③❡♠♦# 4✉❡ f ) ❝♦♥.5♥✉❛ ♥♦ ♣♦♥.♦ (x0, y0) ∈ A #❡
✶✵
2 Funções Holomorfas
onde u(z) = Re(f (z)) e v(z) = Im(f (z)), para todo z ∈ A. Escrevendo z = (x, y),
podemos considerar u e v como funções reais de duas variáveis reais, u, v : A ⊂
R2 → R.
= (x2 − y 2 + x + 1) + i(2xy + y)
1
onde temos que
u : R2 → R, u(x, y) = x2 − y 2 + x + 1
v : R2 → R, v(x, y) = 2xy + y
é a parte imaginária de f .
2
Exemplo 2.5. A função f (z) = z + b geometricamente representa uma translação
pelo número complexo b. Se b = 0 temos a chamada função identidade.
Exemplo 2.7. A função f (z) = az , onde a é um número real não nulo, geometri-
camente representa uma homotetia. Dizemos que f é uma dilatação se a > 1 e uma
contração se 0 < a < 1.
f (z) = (z − z0 )m g(z) ,
3
Veremos mais tarde o teorema fundamental da álgebra, que arma que toda
função polinomial de grau n ≥ 1 possui pelo menos uma raiz em C. Provaremos
também que os zeros de uma função holomorfa qualquer se enquadram em uma
situação parecida à da Proposição 2.1.
Uma função
an z n + · · · + a1 z + a0
f (z) = ,
bm z m + · · · + b1 z + b0
onde a0 , a1 , . . . , an , b0 , b1 , . . . , bm são números complexos, sendo que b0 , b1 , . . . , bm não
são todos nulos ao mesmo tempo, é dita racional. Assim, o domínio de uma função
racional é o conjunto formado pelos elementos de C para os quais o denominador
não se anula. Observe também que as funções polinomiais se enquadram como um
caso particular de funções racionais.
lim f (z) = L
z→z0
4
se
lim u(x, y) = L1 e lim v(x, y) = L2 ,
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x,y)→(x0 ,y0 )
Assim como no cálculo em uma variável real, podemos mostrar a partir da de-
nição que se lim f (z) = L e lim f (z) = M , então L = M . Em outras palavras, o
z→z0 z→z0
valor do limite quando existe é único. Veremos em breve que outras propriedades pa-
recidas com a do cálculo em uma variável real também ocorrem, com demonstrações
similares.
3z Re z
f (z) = + 1.
2|z|
5
Proposição 2.2. Seja f : A ⊂ C → C e z0 = x0 + y0 i um ponto de acumulação de
A. Escrevamos
Exemplo 2.10. Usando a proposição anterior, mostremos que não existe z→0
lim |z|z .
6
Exemplo 2.11. Calculemos lim .
z +z 2
Re |z+i|
z→i
Observe que na última proposição não estamos supondo que existe o limite de
g(z) quando z → z0 (se assim o fosse bastaria usarmos a Proposição 2.3 (b) para
obtermos a mesma conclusão). A Proposição também é válida se supusermos que
g é limitada numa vizinhança de z0 , ou seja, existem r > 0 e M > 0 tais que
g(z) ≤ M, ∀z ∈ D(z0 , r) ∩ A.
7
Exemplo 2.12. Calculemos z→0
lim z sen 1
|z|2
.
8
A respeito das funções Re f , Im f e f , podemos armar algo mais forte com
relação à continuidade.
(a) f é contínua em z0 .
(c) f é contínua em z0 .
Observe que a Proposição 2.6 (b) é o equivalente da Proposição 2.2 para conti-
nuidade.
9
Notas de Funções Complexas
Raphael Constant da Costa e Younes Nikdelan
1 2
1 e-mail: raphaelconstant@ime.uerj.br
2 e-mail: younes.nikdelan@ime.uerj.br
1
4 Sequências e Séries Complexas
aberto
Seja f : J ⊆ R → R uma função real e lembra que f é uma função analítica em
J se ela pode ser localmente expandida em séries de Taylor, em outras palavras, se
f é uma função innitamente derivável em J e para cada x0 ∈ J existe uma aberta
x0 ∈ Vx0 ⊆ J tal que ∀x ∈ Vx0 temos:
∞
X f (n) (x0 )
f (x) = (x − x0 )n .
n=0
n!
Por exemplo:
∞
1 X
• = xn , |x| < 1
1 − x n=0
∞
x
X xn
•e = , ∀x ∈ R
n=0
n!
∞
X (−1)n 2n+1
• sen x = x , ∀x ∈ R
n=0
(2n + 1)!
O objetivo é conseguir extender essa noção às funções complexas também. Por este
m, precisaremos às sequências e séries complexas.
w : N → C.
• Progressão aritmética:
30
• Progressão geométrica:
Observação 4.1. Dizemos que uma sequência (zn ) é limitada se o conjunto {z1 , z2 , z3 , . . .} ⊂
C é limitado, i.e.,
∃ K ∈ R t.q |zn | < K , ∀ n ∈ N .
z chama-se o limite da (zn ). No caso que (zn ) não é convergente, é dita que (zn ) é
divergente.
31
Proposição 4.1. Seja (zn ) uma sequência em C com zn = an + ibn , onde (an ) e
(bn ) são duas sequências em R.
32
3−4i
• n−i
4+3i n
• 5
33
3) Se zn −→ z , então |zn | −→ |z|.
4) zn −→ 0 ⇐⇒ |zn | −→ 0.
1) n→∞
lim (czn ) = cz, ∀ c ∈ C.
2) n→∞
lim (zn + wn ) = z + w.
3) n→∞
lim (zn · wn ) = z · w.
4) n→∞
lim ( w1n ) = w1 , desde que w 6= 0.
5) n→∞
lim ( wznn ) = wz , desde que w 6= 0.
34
Proposição 4.3. Seja (zn )uma sequência em C satisfazendo zn −→ z e seja f :
D ⊆ C → C uma função contínua em z tal que {z1 , z2 , z3 , . . .} ⊆ D. Então:
35
Teorema 4.1. (Critério de Cauchy) Seja (zn )uma sequência em C. Temos:
Podemos associar a uma sequência (zn ) em C outra nova sequência (sn ), chamada
sequência das somas parciais de (zn ) denida por sn = (anote que, depen-
Pn
j=1 zj
36
Observação 4.3. Considere a série , onde zn = xn + iyn . Então a sé-
P∞
n=0 zn
ries complexas podemos usar os fatos e critérios conhecidos de Cálculo para as séries
de números reais (teste da Integral, teste da comparação, teste da comparação do
limite, critério da comparação de razões, teste da divergência, teste da razão (crité-
rio de d'Alembert), série alternada (critério de Leibnitz), testes de Abel e Dirichlet,
Série telescópica, série geométrica, séries harmônica e hiper-harmônica (p-série)).
37
Observação 4.4. Proposição 4.4 é equivalente a dizer:
∞
X
zn 9 0 =⇒ zn diverge .
n=0
que é conhecida como série geométrica. De fato vamos observar que se |z| < 1,
então
∞
X 1
zn = ,
n=0
1−z
e se z ≥ 1, então a série geométrica diverge.
1) czn = cs, ∀ c ∈ C.
P∞
n=0
38
2) + wn ) = s + r.
P∞
n=0 (zn
Na seguinte proposição outra vez veremos a importância dos fatos e testes relacio-
nados aos séries dos números reais com termos positivos para estudo de convergência
das séries dos números complexos.
39
Observação 4.5. A recíproca da Proposição 4.6 não vale em geral. Por exemplo a
série
∞ n
X i
,
n=1
n
é convergente, mas não é absolutamente convergente.
40
Proposição 4.7. Sejam e wn duas séries absolutamente convergentes
P∞ P∞
n=0 zn n=0
n
X
cn := zj wn−j .
j=0
41
Notas de Funções Complexas
Raphael Constant da Costa e Younes Nikdelan
1 2
1 e-mail: raphaelconstant@ime.uerj.br
2 e-mail: younes.nikdelan@ime.uerj.br
1
4.2 Séries de potências e raio de convergência
Antes de falar de séries de potências, precisamo conhecer as sequências de funções.
Uma seqência de funções complexas é uma função que associa a cada número na-
tural n ∈ N uma função complexa fn : D ⊂ C → C, que denotamos por (fn (z)),
n=0 . O fato importante relacionado às sequencias (fn (z)) é ob-
(fn (z))n∈N0 ou (fn (z))∞
ter números complexos z ∈ C para os quais a sequência (fn (z)) converge. Nosso foco,
neste texto, será concentrado sobre as sequências dadas por fn (z) = αn (z − z0 )n ,
onde (αn ) é uma seuqência de números complexos, ou seja as seqências da forma
n=0 . Observe que Dom(fn ) = C, n ∈ N0 , e se z = z0 , então
(αn (z − z0 )n )∞
fn (z) −→ 0 , ∀z ∈ C.
n=0 .
(αn (z − z0 )n )∞
seguintes casos:
ni
• αn = , z0 = i
n!
42
√
n
• αn = ni , z0 = 2
43
Agora, seja sn (z) a sequência das somas parciais gerada por (αn (z − z0 )n )∞
n=0 :
Anote que cada n-ésima soma parcial sn (z) é um polinômio, e logo seu domínio é
todo plano complexo C.
Denição 4.5. A série gerado por somas parciais sn (z) de uma sequência (αn (z − z0 )n )
chama-se uma série de potências de centro em z0 (ou, centrada em z0 ), e a denota-
mos por αn (z − z0 )n . Os termos da sequência (αn ) chamam-se os coecientes
P∞
n=0
desde que o limite existir. O objetivo será encontrar o maior subconjunto de C onde
uma dada série de potências é convergente. Primeiramente, na seguinte Obsevação,
veremos que pelo menos existe um ponto onde a série é convergente.
44
Observação 4.8. Análogo a Observação 4.6, se na série de poteência
P∞
n=0 αn (z −
z0 )n fazemos a substituição w := z−z0 , então teremos a série αn wn . Portanto,
P∞
n=0
45
46
Dada uma série s(z) := αn (z − z0 )n , denimos:
P∞
n=0
Anote que s(z), pelo menos, é convergente em z0 , e se não existir outro ponto z
onde s(z) seja convergente, então R = 0. Além disso, se o conjunto {z ∈ C :
s(z) é convergente} é ilimitado, então R = +∞. Pela proposição anterior, s(z) é
absolutamente convergente no disco aberto:
D(z0 , R) := {z ∈ C : |z − z0 | < R} ,
s : D(z0 , R) → C
z 7−→ s(z)
47
∞
X √
n
• ni(z − 2)n
n=0
48
∞
X ni
• (z − i)n
n=0
n!
49
Dada uma série s(z) := αn (z −z0 )n , se trabalharmos com a correspondente
P∞
n=0
desde que esses limites existem. Então o raio de convergência da s(z) é dada por:
1
R= .
ρ
(anote que 1
0
= +∞ e 1
+∞
= 0).
50
Observação 4.9. Em geral, não podemos declarar nenhuma armação sobre o com-
portamento de uma série de potências sobre o bordo do seu disco de convergência
∂D(z0 , R). Por exemple, o disco de convergência da séri ∞n=0 n é D(0, 1) e para
zn
P
∞
X ∞
X
n
cαn (z − z0 ) = c αn (z − z0 )n , ∀z ∈ D(z0 , R1 ) .
n=0 n=0
e ∀z ∈ D(z0 , R) temos:
∞
X ∞
X ∞
X
n n
αn (z − z0 ) + βn (z − z0 ) = (αn + βn )(z − z0 )n .
n=0 n=0 n=0
(3) Se denimos
γn = α0 βn + α1 βn−1 + . . . + αn β0 ,
∞ ∞
! ∞ !
X X X
γn (z − z0 )n = αn (z − z0 )n βn (z − z0 )n .
n=0 n=0 n=0
51
4.3 Derivada de séries de potências (série de Taylor)
O objetivo desta subseção é observar que uma série de potências é holomorfa no
seu disco de convergência e a sua derivada é dada por série gerada por derivada dos
termos dela.
52
Proposição 4.11. Seja f (z) = αn (z − z0 )n uma série de potências com raio
P∞
n=0
53
Teorema 4.2. Seja f (z) = αn (z − z0 )n uma série de potências com raio de
P∞
n=0
54
Observação 4.10. Teorema 4.2 diz que uma série de potências apresenta uma
função holomorfa no interior do seu disco de convergência.
Corolário 4.2. Seja f (z) uma função dada pela série de potências
P∞
n=0 αn (z −z0 )n
no seu disco de convergência D(z0 , R) com R > 0. Então f (z) possui derivadas de
todas as ordens no disco D(z0 , R), e temos
∞
f (n) (z0 )
(4.2)
X
f (z) = (z − z0 )n , ∀z ∈ D(z0 , R) .
n=0
n!
56
Denição 4.7. Sub as hipótesis de Corolário 4.2, a série dada em (4.2) chama-se
a série de Taylor da função f (z).
57
Notas de Funções Complexas
Raphael Constant da Costa e Younes Nikdelan
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1 e-mail: raphaelconstant@ime.uerj.br
2 e-mail: younes.nikdelan@ime.uerj.br
1
Denição 4.8. Seja f : D ⊆ C → C uma função complexa. Dizemos que f é
analítica em z0 ∈ C se existir R > 0 tal que f pode ser escrita como uma série de
potências centrada em z0 com raio de convergência R, em outra palavras, se existir
uma sequência (αn )n∈N0 tal que:
∞
X
f (z) = αn (z − z0 )n , ∀z ∈ D(z0 , R) .
n=0
centrada em z0 .
Exemplo 4.9. Vamos ver que a função f (z) = z1 é uma função analítica em C∗ :
58
Proposição 4.12. Seja f (z) = αn (z−z0 )n uma série de potências com raio de
P∞
n=0
convergência R > 0 e não identicamente nula. Se f (z0 ) = 0, então existe 0 < r < R
tal que f (z) 6= 0 para qualquer z ∈ D∗ (z0 , r) (ou seja, z0 é uma raíz isolada da f (z)).
59
60
.
série com raio de convergência R > 0. Se existir uma sequência não constante
(wn )n∈N tal que f (wn ) = 0, ∀n ∈ N, e wn −→ z0 , então f é identicamente nula, ou
seja, αn = 0, ∀n ∈ N0 .
61
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Notas de Funções Complexas
Raphael Constant da Costa e Younes Nikdelan
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5 Integração Complexa e o Teorema de Cauchy(-
Goursat)
5.1 Caminhos
Primeiro vamos recordar alguns fatos relacionados aos caminhos e xar nossas no-
tações. Um caminho (ou uma curva ) γ num subconjunto U ⊂ C é uma função
continua da forma:
γ :[a, b] → U
• γ ([a, b]) chama-se a trajetoria de γ e o denotamos por {γ}, ou, por abuso de
notação, simplesmente o denotamos por γ , se não houver confusão. Perceba
que {γ} é um subconjunto compacto de C, pois γ é contínua.
• Dizemos que γ é um caminho simples se ∀t1 , t2 ∈ [a, b] temos γ(t1 ) 6= γ(t2 ), com
a exceção que no caso de caminho fechado simples podemos ter γ(a) = γ(b).
65
• A orientação de γ é o sentido sobre {γ} no qual o caminho é traçado quando
o parâmetro t cresce de a para b.
γ : [a, b] → U
γ̃ : [a, b] → U ,
usando:
h : [0, 1] → [a, b]
h(t) = bt + (1 − t)a ,
66
podemos encontrar a seguinte reparametrização normalizada da γ̃ :
γ = γ̃ ◦ h : [0, 1] → U .
γ1 ∗ γ2 : [a, b + d − c] → U
γ (t);
1 a ≤ t ≤ b;
γ1 ∗ γ2 (t) =
γ (t − b + c); b ≤ t ≤ b + d − c.
2
podemos denir γ1 ∗ γ2 ∗ . . . ∗ γn .
67
2. Caminho dado pelo ∂∆, onde ∆ = ∆(z1 , z2 , z3 ) é a região delimitada pelo
triângulo com vértices z1 , z2 e z3 .
68
Anote que
γ 0 (t) = x0 (t) + iy 0 (t) , ∀t ∈ (a, b) ,
e
γ 0 (b) = γ−0 (b) =
Observação 5.1. • Se
γ :[a, b] → C
69
• Em geral, l(γ) pode ser diferente que o comprimrnto de {γ}.
70
71
5.2 Integrais ao longo de caminhos
Seja
f :[a, b] → C
uma função complexa de uma variável real. Dizemos que f é integrável em [a, b] se
as funções reais u e v são integráveis em [a, b] e, neste caso, denimos:
Z b Z b Z b
f (t)dt = u(t)dt + i v(t)dt .
a a a
Sabemos que se u : [a, b] → R é uma função real limitada e é contínua em [a, b],
exceto num número nito dos pontos, então ela é integrável. Portanto, toda função
limitada f : [a, b] → C e contínua em [a, b], a menos num número nito dos pontos,
é integrável.
72
(2) αf é uma função integrável em [a, b] e
Z b Z b
(αf )(t)dt = α f (t)dt .
a a
73
Observação 5.2. Seja f : [a, b] → C uma função limitida e contínua em [a, b],
a menos num número nito dos pontos. Então podemos encontrar uma prtição
a = t0 < t1 < t2 < . . . < tn = b do intervalo [a, b] tal que f seja contínua em cada
intervalo aberto (tj , tj+1 ), j = 0, 1, 2, . . . , n. Proposição 5.1(3) implica:
Z b Z t1 Z t2 Z b
f (t)dt = f (t)dt + f (t)dt + . . . + f (t)dt .
a a t1 tn−1
Proposição 5.2. Seja f : [a, b] → C uma função complexa de uma variável real.
74
(1) Se f é uma função integrável em [a, b], então a função F : [a, b] → C denida
por: Z x
F (x) := f (t)dt ,
a
é uma função contínua. Além disso, se f é contínua num ponto x ∈ [a, b],
então F é derivável em x e
F 0 (x) = f (x) .
Z Z b
f (z)dz = f (γ(t))γ 0 (t)dt .
γ a
75
caminho γ .
(i) Sejam f (z) = u(x, y) + iv(x, y), com z = x + iy, e γ(t) = x(t) + iy(t). Então
temos:
Z Z Z
f (z)dz = udx − vdy + i udy + vdx
γ γ γ
76
(iii) Também temos:
Z Z b
l(γ) = |dz| = |γ 0 (t)| dt
γ a
77
Proposição 5.3. Sejam f : U ⊆ C → C uma função contínu, γ : [a, b] → U e
β : [c, d] → U dois caminhos suaves.
(1) Temos: Z Z
f (z)dz = − f (z)dz .
γ −1 γ
78
.
79
.
80