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7A Exame clinico do paciente psiquiatrico A 7.1 Histéria psiquiatrica e exame do estado mental O dlagnéstico de pacientes psiquistrico difere, sob diversos as pectos, daqueles de pacientes com docngas fisicas. Apesar dos grandes avangos em eampos como neuroimagem, biologia mole- ica, nosso conhecimento acerca das causas da maio- primitivo e incon cular e ge ria dos transtornos psiquidtricos permane pleto. Portanto, néo é provavel que se obtenha um diagné: com base na etiologia da doenge. Além disso, na auséncia de cer- tera etiolgica, na iltimas décadas, houve o crescimento de uma variedade de escolas te6ricas, is vezes rivais, que tencam explicar as ofigens dos sintomas a partir de teorias do comportamento geral. Por exemplo, ateoria psicanalitca, apoiada na obra de Si rund Freud em geragies subsegiientes de analistas, sugere que ‘0 sintomas psiquiétricos resultam de conflitos intra conscientes ~ out seja, de conflitos no proprio pensamento do individwo. O desejo de fazer algo pode coexistir com o medo de {que o ato seja realizado. A teoria comportamental, por sua ver ‘xplica os sintomas como condicionados por uma interagio com- plexa de recompensas ¢ punigdes, Para que um diagndstico possa ser amplamente utilizado, nao pode estar relacionado a uma es- cola cedrica, em decrimento de outras. uaa cifenga eto diagno pri cina fisica € que a psiq areadoresindependentes, como tes cial. Conseqiientemente, um diagndstico psiqu {quanto 0 coniecimento ¢ a habilidade do clinico queo se pode esperar, iss0 levou, 20 longo dos anos, 2 um grave proble- ma de conflabilidade ~ diferentes psiquiatras que atendem 0 snes paciente emitem diagndsticos diferentes Essas dificuldades foram abordadas nas varias edigies do Manual diagnéstco e exatistco de transtarnos mentais (DSM), da American Psychiatric Association. Seus critérios baseiam-se na fenomenologi Essa dea descreve 0 que se aprende pelos sentidos ~ aquilo que € visto ou ouvide ditetamente, por cxemplo ~ a0 contrério do que ferido. Os dados observsveis si0 sempre mais confidveis do que os inferi- dos, ¢o afastamento de diagnésticos interpretativos, intuitive iattia mio dispoe de cieios oman dg@iers no futuro. Teta impressionistas, passando-se a um sistema descritivo fenomeno- légico, aumentou a confiabilidade do diagndstico psiquitrico, fortalecendo também 0 modelo médico. © DSM esté atualme teem sua quarta edigio, sua evolugio € um dos principais ava soso diagndstico psiquidtrico. Uma revisto da quarta edigio do DSM (DSM-IV-TR) foi publicada em 2000. ‘Aavaliagio psiquidtrica compreende duas partes. A primeira, ugem da histérica (p. ex. psiquidtrica, médica, fami- Tiat),envolve a descrigio, pelo paciente, de como os sintomas do episddio atual evoluira o de episédios ¢ tratamentos passados, a descricio das condigdes médicas atuais e passadas, tum resumo dos problemas tratamentos psiquidtricos.dos fami liares ea hist6ria pessoal do pacienge: que revela o funcionamen- {o intexpessoal ¢ adaptativo 20 longo dlo tempo. As informages parten do paciente, mas podem ser complementadas por infor- mages de familiares, agéncias de assistencia social, médicos que jiio trataram ¢ registros hospitalares antigos. A segunda parte da avaliagao psiqui cionamento emocional e cognitive do paciente de forma sistemé- ‘entrevista & condurida. tica no momento em qu HISTORIA PSIQUIATRICA Eo registro da vida do paciente. Petmite que o psiquiatea enten- da quem éo paciente, de onde veio e para onde cle provavelien- da histéria de vida do paciente, contada ‘para o psiquiatea nas proprias palavras do paciente ¢ em seu pré: prio ponto de vista. Muitas vezes, também inclui informagses obtidas de outrasfontes, como os pais ou 0 cbnjuge, Para se esta- belecer wm diagnéstico correto ¢ forrmular um plano de trata ‘mento efetivo, €essencial que se obtenha ums histéria abrangen- ted paciente¢, se necessitio, de outras fontes informadas. Con: forme mencionado, a histéria psiquidtrica difere um pouco da- queles obtidos na medicina ou na cirurgia, Além de reunit os dlados fatuais € concretos relacionados 3 cronologia da formagio dos sintomas ¢ 20 curso psiquidtrico e médico, o psiquiatra visa a identificar as caracterfstcas da personalidade do paciente, incluin- do seus pontos fortes ¢ fravos. Isso proporciona uma visio da natureza dos relacionamentos entre o pacientee pessoas mais pré- ximas e inclu todas aquelas que sio importantes em sua vida. Pode- se produzir um quadro raroavelmente abrangente do desenvolvi- 260 Conrtnoro oF rsiquatt FEN TABELA 7.1-1 Rosumo da histéria psiquidtrica 1. Dados de identiicagio 1 Principal quotca UI. Historia da doenga atual ‘A Inicio B.Faloree procipitantes |V.Doengas passadas ‘A. Paiquitricas B Médicas .Histéria de uso do dicoo! @ outras substanclas V.Histéria familiar VI. Historia pessoal (anamnese) ‘A. Pré-naiale perinatal (al6 3 anos de idade) . Inlncia média (de 3 a 11 anos do idade) _ Infancia tardia (da puberdade & adolescéncia) E. Vida adulta| Histbria ocupacional Historia de relacion Hist6cia militar Historia educacional Raligico 5. Atividade social ‘tual situago de vida 3. Hist6ria legal F. Histéria entos @ conjugal mento do paciente, desde os anos primeiros formativos até 0 pre- sente, ‘A técnica mais importance nessa abordagem & permitir que os pacientes contem suas histérias em suas préprias palavras, na or- dem que considerarem mais importante. A medida que sio rela- tadas, os entrevistadores habilidosos reconhecem 0s pontos nos quais podem introduzir questées relevantes sobre as dreas desci- ‘tas no resumo da histéria ¢ da avaliagio do estado mental. ‘Acstrutura da histriae da avaliagio do estado mental apre- sentada nesta segio nio pretende ser um plano rigide para entre- vvistar 0 paciente, mas um guia para organizar a histéria do pa- ciente quando for escrito. Existem diversos formatos aceitos € padronizados, ¢ um deles € apresentado na Tabela 7.1-1. Exem- plos de questées a perguntar a0 paciente para obter-se as infor- mages sho listados na Tabela 7.1-2. Dados de identificagéo Os dados de idemtificagio proporcionam uma referéncia de- mogréfica sucinta do paciente, por nome, idade, estado civil, sexo, ocupagio, lingua, origem étnica ¢ religifo, até © ponto fem que sio pertinentes, e das atuais circunscancias de sua vida. ‘As informagdes também podem incluir 0 lugar ou a situagio em que a entrevista aconteceu, a confiabilidade da(s) fonte(s), FN aseve 7.1.2 aves conn para nti gino xa meni Tema Guestées Gomentérios @ dicas itels ‘Dados de Wdeniificaglo: nome, dade, Sox, Sela drelo ao obler esses dados. Solicte res- Se o pacionte no puder cooperar, obtenha estado civil, religido, educa telefone, ocupaglo, fonte de releréncl ‘enderego, _pstas especilicas. 'as informagdos com familares ou amigos; 8 indicado por um médico, obtenha o pron- tuatio médico. Principal queixa: breve declaragao nas pré- plas palavras do pacionte sobre a razo para estar no hospital ou consultando Histéria da doenga atuat desenvolvimento dos sintomas desde 0 inicio até o presente; re- ago de eventos, conllios @ estressores; 35) apresentam isco ele- vvado de ter bobés com sindrome de Down; ppals mais velhos (>45) podem fornecer e permalozéides deficientes, que produzem dicts como esquizofrenia, ‘Ansiedade de separacio © fobia escolar as- sociada & depressao quando adulto; enu- rese associada a alos incendiérios. Lem- brancas da inféncia antes dos 3 anos nor- malmente s80 imaginadas, ireas. Desempenho escolar fraco é um indica- dor sensivel de transtornos emocions (Continua) PIN saseua 2 cain = {as, problomas emocionals, uso de drogas, idade da puberdade ‘ade adulla:hisiria ocupacional, escotha de carter, historia conjugal, hos, edueagio, finangas,histria militar, religiao Histéra sexual: desenvolvimento sexual. mas- turbagao, anorgasimia, tanstozno ert oja- culagéo precoce, paral, oriontagio se- sual, aitudes ¢ sentimentos gorais Historia familiar: doengas psiquidticas, méai- as e genéticas na mae, no pai, em itmaos; idade e ecupagao dos pais; se talecicos, data e causa; santimentos para com cada ‘memo da familia, finangas Exawe cuinico 00 racine rsiauareco 261 ‘Questées tos podem distorcer lembrangas da expe- riéncias adolescentes com carga emocio- nal. Abuso soxual? uestdes abortas so proferivois, Falo-me sobre seu casamento, Nao julgue: Que pa pis a religto tove em sua vida (caso haa algum)? Qual a sua preteréncia sexual? Tem ou jé tovo preocupagdes em relacéo & va vida sexual? Como aprendeu a respei- ‘ode sexo? Houve alguma mudanga em seu impulso sexual? Algum membro de sua familia jd tove depres S80? Foi alcosiatra? Internado em sanat6- "io? Na cadeia? Descrova suas condigées {9 vida, Possul quarto proprio? ‘Comentarios @ dieas atels| Esquizotrenia comoga no final da ado- lescéncia, Dependendo da prineipal queixa, certas droas exigem uma investigagao mais detalhada Os pacientes manfacos muitas vezes con traem aividas e so promiscuos. Isias re- ligiosas supervalorizadas estao associadas, a ranstorno da personalidade paranéige, Nao julgue. Perguntar quando a masturbagio ‘comegou é mathor do que perguntar se voce So masturba ou jd se masturbou alguma Carga genética relacionada com ansiedade,

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