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14.418 de Novembro de 2028 DIALOGO DE SABERES ENTRE O CAMPO E A UNIVERSIDADE: ESTUDO DE CASO DA COOPERATIVA DE PRODUGAO AGROPECUARIA NOVA SANTA RITA-RS (COOPAN) Daniele Araujo Ferreira! Vanessa Oliveira da Silva” Prof. Dr*, Carmen Rejane Flores* RESUMO, © presente trabalho é fruto das reflexdes realizadas durante a disciplina de Desenvolvimento Rural Sustentivel, realizada no Programa de Pés Graduago em Geografia (PPGGeo) da Universidade Federal de Santa Maria/RS, quanto as préticas de produgo ¢ desenvolvimento sustentavel, destacando a agroecologia que ocorre na pritica pela simbiose ¢ interagdo entre os conhecimentos tradicionais ¢ técnico-académicos, Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo realizar um relato de experiéncia e troca entre 0 meio académico, estudantes © pesquisadores, visando impulsionar os saberes e a socializacao dos conhecimentos adquiridos na Cooperativa de Produgdo Agropecuaria Nova Santa Rita-RS Ltda, (COOPAN), localizada na cidade de Nova Santa Rita-RS. Ao passo que, tal discussio se justifica, pelo fato de se escolher como objeto de estudo ¢ campo de extensdo, esta cooperativa que possui destaque no cendrio nacional ¢ intemacional para préticas agroccolégicas, desenvolvimento sustentivel ¢ também por possuir relago direta com os movimentos sociais e de reforma agriria. Para tanto, buscou-se realizar uma andlise qualitativa, através da metodologia da “sistematizagio de experiéncia” com base em Holliday (2006). Por meio dos resultados, pode-se observar a importincia dos agentes locais, principais envolvidos no processo, desde o planejamento, execugdo ¢ entrega do produto final, além da importancia das agdes de extensdo para divulgagao desse conhecimento. Palavras-chave: agroccologia; desenvolvimento sustentavel; cooperativismo; assentamentos. RESUMEN EI presente trabajo es el resultado de reflexiones realizadas durante la disciplina de Desarrollo Rural Sustentable, realizada en el Programa de Posgrado en Geografia (PPGGeo) de la Universidad Federal de Santa Maria, en torno a practicas de produecién y desarrollo sustentable, centre ellas, destacando la agroecologia que se da en la prictica a través de la simbiosis ¢ interaccidn entre los conocimientos tradicionales y los téenicos-académicos. Fsto significa que * Doutoranda no Programa de Pés-Graduagdo em Geografia (UFSM), bolsista Capes, danielearaujo0379@gmail.com ? Doutoranda no Programa de Pés-Graduagéo em Geografia (UFSM), bolsista Capes, vanessa-silva.1@acad.ufsm.br Docente no Programa de Pés-Graduagio em Geografia_(PPGGeo/UFSM), carmenrejanefw@gmail.com X SINGA 2025 1521 el conocimiento agroecolégico es construido por diferentes agentes, en un proceso comin, De esta forma, el objetivo es realizar un relato de experiencia ¢ intercambio entre el ambiente académico, estudiantes ¢ investigadores, con el objetivo de potenciar el conocimiento y la socializacién de los conocimientos adquiridos en la Cooperativa de Produgdo Agropecusria Nova Santa RitaeRS Ltda. (COOPAN), con sede en la ciudad de Nova Santa Rita-RS. La eleccién como objeto de estudio y campo de extensién se justifica, por su importancia en el escenario nacional e internacional para las pricticas agroecoidgicas, el desarrollo sostenible, asi como su relacién directa con los movimientos sociales y la reforma agraria. Por lo tanto, buscamos realizar un andlisis cualitativo, utilizando la metodologia de “sistematizacién de la experiencia” basada en Holliday (2006). A través de los resultados, se puede observar la importancia de los agentes locales, los principales involuerados en el proceso, desde la planificacién, ejecucién y entrega del producto final, ademds de la importancia de las acciones de extension para difundir este conocimiento. Palabras clave: agroecologia; desenvolvimiento sustentable; cooperativismo; asentamientos. INTRODUCAO Destaca-se que 0 conceito de desenvolvimento teve inicio no periodo pés guerra, com 0 intuito de reconstrugio econdmica e social. De acordo com Sachs (1996) essa ideia permeou as nagdes por anos, onde o resultado desse proceso tem sido uma constante perda da diversidade em todos os sentidos. Além disso, a revolugdo industrial € tecnoldgica, que tangencia a busca incessante pelo crescimento financeiro através de meios de exploragdo, alcangou 0 campo ampliando as areas de monocultura, colocando em risco a diversidade, 0 meio ambiente e a soberania alimentat, Neste contexto encontra-se 0 espago agririo brasileiro, onde a modemnizagao da agricultura foi propagada pelo poder hegeménico desde a metade do século XX com 0 discurso de aumentar a produgio ¢ a produtividade de culturas de interesse internacional, mediante a insergio de inovagdes tecnolégicas ¢ a transformagio das relagdes de capital e trabalho, bem como as alteragdes nas configuragi s socioespaciais. Tal processo ficou conhecido como “Revolugio Verde” que alterou a formas produtivas, gerando 0 aumento de monoculturas nas grandes propriedades, ampliou o uso de todos os insumos ligados a agricultura e pecuaria e posteriormente desenvolveu a integragdo de capitais financeiros fortalecendo toda a cadeia produtiva do (agro)negécio. ‘Com essa “concorréncia desleal”, a agricultura familiar se viu cada vez mais desvalorizada perante 0 mercado de venda direta ¢ as politicas pablicas. Frente a esse processo, surgem movimentos sociais como forma de resisténcia do campo, ligados ao campesinato. Tais movimentos se organizam de forma a conquistar os seus direitos basicos para sobrevivéncia ¢ manutengdo de suas atividades, fortemente ligadas as questdes identitérias. Dentre as pautas que dialogam com os movimentos sociais 1522 bus: junto esfera piblica, o reordenamento de terras, que & viabilizada pelo do érgio oficial governmental vinculado a reforma agraria, INCRA (Instituto Nacional de Colonizagio ¢ Reforma Agritia). Associada a agricultura familiar, a agroecologia ocorre pela simbiose entre os conhecimentos tradicionais, cientificos, ¢ téenico-académicos. Isso significa que esses conhecimentos so elaborados por diferentes agentes, em um processo comum, por isso sto agdes muito importantes de extensio e troca. Kunzler e Wizniewsky (2012) afirmam que a agroccologia esta vinculada a agricultura familiar © a organizagdo dos assentamentos, 0 que demandou um longo processo de amadurecimento social ¢ politico dos integrantes, almejando a visio nio sé de um novo paradigma, alicergado no respeito, nas relagdes éticas e harménicas entre a natureza e os bens naturais, a agroccologia, mas também para com as priticas empiricas de produgdo ¢ abastecimentos de seus produtos. Com base nessas premissas, 0 presente artigo tem por objetivo realizar uma discusso pautada na experiéncia ocorrida entre estudantes académicos, pesquisadores € comunidade assentada, visando impulsionar os saberes e¢ a socializagao dos conhecimentos adquiridos na Cooperativa de Produgdo Agropecuéria Nova Santa Rita-RS Ltda. (COOPAN), localizada na cidade de Nova Santa Rita-RS. METODOLOGIA Buscou-se realizar uma andlise qualitativa por meio da observagao e relatos de experiéneias, de uma comunidade assentada que tem como pritica a produgdo agroecolégica, através da metodologia da “sistematizagdo de experiéncia”. Para Holliday (2006), a sistematizago de experiéneia consiste em, além de compilar ¢ ordenar dados e informagdes relacionadas a alguma experiéncia, também obter aprendizagens criticas a partir de tais experiéncias, © autor afirma que as experiéncias so processos vitais e tinicos, inéditos ¢ irrepetiveis, por isso, elas expressam uma enorme riqueza acumulada de elementos. Kaufinann & Wizniewsky (2021, p.62) apontam algumas condigdes para a realizagao das sistematizagdes de experiéncias, tanto pessoais como institucionais, sao elas: a) Interesse em aprender da experiéncia; b) Sensibilidade para deixar falar a experiéncia por si mesma c) Habilidade para fazer andlise e sintese; d) Busca de coeréneia para o trabalho de equipe; e) Definiggo de um sistema que articule o funcionamento institucional; ¢ f) Impulsionar um processo acumulativo na instituigao, 1523 A escola da COOPAN como campo de extensio, se deve a sua importincia no cenario nacional e internacional para praticas agroecolégicas de desenvolvimento sustentavel, e também sua relagdo direta com os movimentos sociais ¢ a reforma agraria, onde os agentes locais so os principais envolvidos no processo e em toda cadeia produtiva desde o planejamento, execugdo ¢ 0 produto final. REFERENCIAL TEORICO processo de formagio do territério brasileiro, sofreu influéneia e impacto das grandes transformagées sociais ¢ cconémicas a nivel global, que foram se desencadeando em diferentes fases. Dentre essas fases, destaca-se 0 processo da revolugo industrial que impactou profundamente 0 modo de vida e de produgio, alterando os processos © gerando mudangas visiveis na organizagio espacial e da paisagem. Dente essas mudangas, observou-se um grande crescimento da urbanizagdo e do éxodo rural provocando um impacto pelo “esvaziamento do campo” ¢ consequentemente, pelo avango das manchas industriais e urbanas, gerando um ficamente a trabalhadora (FERNANDES, 1999, 2008). movimento de classes, Speci Em um segundo momento, a Revolugdo Verde alterou o processo produtivo no campo daqueles que permaneceram, porém sem receber apoio e incentivo devido. Muitos desses sujeitos venderam suas terras, ou artendaram para grandes empresas ¢ corporagées, gerando 0 aumento das monoculturas em grandes propriedades, 0 incremento de maquindrios ¢ de agrotéxicos. Com essa “concorréncia desteal” agricultura familiar eo campesinato se viram cada vez mais desvalorizados perante ° mercado e as politicas piblicas e de incremento Para entender esse processo, & necessirio observar os dados, pois segundo ica (IBGE, 2006), no Brasil, apenas 20% das Instituto Brasileiro de Geografia e Estatis terrasagricultéveis pertencem a pequenos produtores familiares, Apesar desse panorama, a agricultura familiar é responsavel por mais de 80% dos empregos gerados no campo ou das ocupagdes produtivas no desenvolvimento da sociedade, ocupando lugar to importante no espago rural na geragio de renda local, fixando o homem no campo. Segundo dados dos Censos Agropecudrios de 2006 © 2017, esse tipo de agricultura reine o maior niimero de unidades produtivas no pais e contribui com parcela significativa de empregos associados as atividades agropecudrias, artesanais ¢ agroindustriais a ele vinculadas, seja no campo ou na cidade. Observando apenas esses 1524 aspectos bisicos, pode-se depreender que a agricultura familiar possui um papel portante para a seguranca alimentar nacional, ao colaborar com o consumo interno € alimentar das cadeias locais ¢ regionais de produgdo ¢ distribuigdo de alimentos diversificados. O IBGE (2020) afirma que: Do total de estabelecimentos agropecuaios © aquicultores nacionais (5 073 324), 768% correspondiam a agricultura familiar (3 897 408), ocupando 23,0% do total da area dedicada a atividades agropecuirias. Uma pequena parcela desses estabelecimentos é classficada como de produtores sem érea (1,4%). Esse grupo inelui produtores em terras arrendadas, ocupadas ou em parceria, além de extrativistas, produtores de mel, criadores de animais em boeira de estrada, produtores na vazante de rio, rogas itinerantes © em beira de estrada; que se concentram em sua maioria nas Regides Nordeste (76,8%) ¢ Norte (14,5%) do Pais. A agricultura familiar dava ocupagdo, em 2017, a 66,3% dos trabalhadores em atividades agropecuérias. Em relagdo aos produtores de agricultura familiar, $1,0% estavam na condigio de proprietirio das terras. Quanto 4 idade, foi observada maior concentrago em feixas otirias supcriores aos 55 anos, padrio diferente da agricultura no familiar que registrou maior presenga de produtores nas fainas de até 55 anos, © levantamento inSdito sobre a cor ou raga dos produtores, apresentado detalhadamente adiantc, mostrou maiores percentuais de estabelecimentos com produtores declarados de cor ou raga parda (45,8%), branca (43,4%) © preta (8.9%). Esse breve panorama permite visualizar, em nimeros, a relevancia ¢ as especificidades desse setor agropecuério ¢ sua vinculagéo & lunidade familiar (IBGE, 2020, p. 294), Dado © paradoxo entre a sua extrema importincia e sua consequente desvalorizacao, iniciou um forte movimento de tensdo no campo, onde esses sujeitos se organizaram e se conectaram a movimentos com objetivo de dar voz.aos seus direitos e também que fossem ouvidos, Dentre eles, destaca-se 0 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na luta pela terra e por garantias de sobrevivéncia. Conforme Fernandes (1999) Sofrendo a violéncia dos latifundidrios, que aproveitavam a conjuntura politica para expulsar os trabalhadores de suas terras, os camponeses onganizaram sews espagos de socialzasio politica, de construgio do conhecimento, para ttansformagio da realidade. nesse andar matrito, Proprio de quem sabe como tar, construiram novos caminhos de resistencia camponesa. De meados da década de 60 até o final da década de 70, as ltas camponesas eclodiram por todo o terrtrio nacional (FERNANDES, 1999, P33). Marques (2008) afirma que conceito de camponés adquire lugar de destaque nas ciéncias sociais brasileiras ao mesmo tempo em que se afirma como identidade politica em nivel nacional. £ 0 momento em que se observa a grande concentragdo de terras € a extrema desigualdade social, e as mudangas verificadas nas relagdes de trabalho aparecem como fundamentos da questo agréria brasileira, Assim, eles aparecem como 1525 conceitos-sintese, ou categorias-analiticas, que remetem a situagdes de classe © que estio enraizados numa longa historia de lutas. Esse movimento nao ocorre ao acaso, como costuma definir 0 pensamento hegeménico, pois claramente esté posta a realidade, onde observa-se 0 impacto ¢ a importincia do modo de vida camponés, da agricultura familiar © das pequenas propriedades familiares para a garantia e a seguranga alimentar e nutricional das comunidades rurais e urbanas, devido nao sé a variedade dos produtos, mas a sua qualidade, Na historia do Brasil, segundo Fernandes (1999) 0 surgimento dos assentamentos sempre esteve associado com a existéncia dos conflites sociais no campo e, so em sua maioria, agdes de resisténcia contra a exploragdo de terras que marcam uma luta histériea na busea continua pela conquista da terra ¢ do trabalho, Tal luta recebeu a denominagio de Reforma Agraria, que de acordo com o INCRA (2023) “é 0 conjunto de medidas para promover a melhor distribuig&o da terra, mediante modificagdes no regime de posse e uso, a fim de atender aos principios de justiga social, desenvolvimento rural sustentavel © aumento de produgio. Esta concepgio & estabelecida pelo Estatuto da Terra (Lei n° 4504/64)". Atualmente a reforma agraria busca a implantagio de um modelo de assentamento baseado na viabilidade de permanéncia na terra, mesmo que ligadas a cadeias de produgdo e produtos, na sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento territorial, com a adogdo de instrumentos fundidrios adequados a cada piblico e a cada regio, além de um certo envolvimento dos governos federal, estadual e prefeituras. De tal maneira que busca proporcionar a produgao de alimentos basicos, a geragdo de de renda, a ocupagdo de terras que eram tidas como improdutivas, 0 combate & fome ¢ miséria, a busca pela interiorizagdo dos servigos piblicos basicos, a redugio da migragao campo-cidade, a promogao da cidadania e da justiga social, e a diversificagao do comércio e dos servigos no meio rural e a democratizagdo das estruturas de poder (INCRA, 2023). Da mesma forma, o INCRA (2023) caracteriza os assentamentos rurais como um conjunto de unidades agricolas independentes entre si, instaladas onde originalmente existia um imével rural que pertencia a um tinico proprietério, Cada uma dessas unidades, chamadas de parcelas, lotes ou glebas, é entregue a uma familia sem condigdes econémicas para adquirir © manter um imével rural por outras vias, A quantidade de glebas num assentamento depende da capacidade da terra de comportar e 1526 sustentar as familias assentadas, O tamanho ¢ a localizagio de cada lote sio determinados pela geografia do terreno e pelas condigdes produtivas que 0 local oferece. Dados do INCRA (2023) mostram que no Rio Grande do Sul foram assentadas no periodo 1975-2020, um total de 12.272 familias em 98 municipios, ocupando 295.270,59 hectares, distribufdos em 345 projetos de assentamentos, distribuidas conforme observa-se na Figura 1 _— A Figura 1, Mapa da espacializagdo do némero de familias assentadas no RS (1975-2020). Fonte: Atlas socioecondmica do RS. Dentre os principais assentamentos organizados na Regitio Metropolitana de Porto Alegre-RS (RMPA), destaca-se o assentamento Santa Rita de Cassia II (Figura 2), localizado no municipio de Nova Santa Rita, 1527 Figura 2. Mapa de Localizagdo do Municipio de Nova Santa Rita-RS, Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Santa Rita (parceria com 3C Arquitetura ¢ Urbanismo). Fernandes (1999) resgata que o movimento iniciou na regido metropolitana no ano de 1987, onde as primeiras 15 familias ocuparam parte da area na manha do dia 1° de maio, quando ergueram suas barracas de lona, A posse das terras aconteceria em agosto do ano seguinte, que de acordo com o decreto n° 96.016, de 6 de Maio de 1988, declara de “interesse social, para fins de desapropriagdo, o imével rural denominado Fazenda Itapui - Glebas A e B, classificado como latifiindio por exploragao, situado no Municipio de Canoas, no Estado do Rio Grande do Sul, compreendido na zona prioritaria, para fins de reforma agraria, fixada pelo Decreto n° 92.692, de 19 de maio de 1986, e dé outras providéncias No entanto, os titulos foram adquiridos somente trés décadas depois, com a denominagio de Nova Sociedade, hoje contemplando 69 familias em uma area de 1,2 mil hectares da antiga Fazenda Itapui. Apés essa data, foram implementados mais dois assentamentos, todos eles através da organizagdo e da luta dos camponeses sem terra. Por fim, no ano de 2006 conquistou-se o mais recente assentamento no municipio, 0 Assentamento Santa Rita de Cassia II. A data do decreto de criagdo do assentamento foi 20/10/2005, tendo como data de emissio de posse 14/12/2005, com o eddigo do SIPRA- RS5036000. 1528 RESULTADOS E DISCUSSAO © assentamento Santa Rita de Cassia II (Figura 3) esti localizado as margens da BR-386/Km 431, com entrada 4 esquerda em diregdo a Lajeado/RS, junto ao perimetro urbano do municipio, sendo a BR-386 a principal via de acesso do municipio, que lovalizasse a leste da Regio Metropolitana de Porto Alegre. Figura 3. Mapa de Localizagao do Assentamento Santa Rita de Céssia IL Fonte: Salomon (2022). Almeida (2011) descreve o assentamento localizado a uma disténcia aproximada de 500 metros da sede municipal de Nova Santa Rita, com uma drea total de 1.667,33 hectares, de forma que a reserva legal averbada ¢ de 332 hectares e a area de Preservagdo Permanente corresponde a 4,43% da drea total do assentamento com 73,68 hectares. Para Corréa (2002, p.113) “Atualmente, 0 agricultor familiar esti integrado 20 mercado de diversas formas ¢, portanto, soffe os efeitos diretos e indiretos da reprodugdo do capital, Muito embora a produgio permanega familiar, as transformages tecnolégicas associadas as mudangas de comportamento nas sociedades modemas, refletem-se na composigao interna das familias que, atualmente, so mais reduzidas e, no que diz respeito ao trabalho no estabelecimento, no ha necessidade de envolver todos os membros na produséo. Além disso, 0 consumo também sofre redefinigio, ou seja, o agricultor participa da sociedade moderna e, por isso, aspira & conquista de todas os bens materiais e culturais disponiveis.” Assim, Salomon ¢ Medeiros (2023) afirmam que qualquer esforgo para identificar as agdes de resisténcia dos agricultores familiares as pressdes urbanas no municipio de Nova Santa Rita/RS devem ser observadas nio apenas as condigdes objetivas, mas principalmente aquelas de existéncia subjetiva, como o desenvolvimento 1529 de diferentes atividades agricolas, valores ¢ expectativas inerentes as suas identidades individuais, culturais e coletivas face a crescente urbanizagao da regio, Lamarche (1994, p.19) por sua vez aponta que os agricultores organizam suas estratégias, continuam em suas lutas e fazem suas aliangas em fungio de dois dominios: a meméria que guardam de sua historia e as ambigdes que tém para o futuro. Como caracteristica da agricultura familiar, geralmente desenvolvem diferentes sistemas de produgao, combinando diversas lavouras, pecudria e transformagées primérias tanto para o consumo quanto para o mercado que de certa maneira possuem uma alta complexidade. Porém, na realidade, nas familias camponesas, a légica da atividade agricola ndo se da em termos de prioridade na busca do aumento da produtividade e da rentabilidade, mas no esforgo de manter a familia em determinadas condigées, culturais © sociais, isto 6 a manutengdo da propriedade e da agricultura familiar prezando por qualidade em todos os aspectos. Mesmo com a alta organizagao das cooperativas de produgio, sendo a atividade agroindustrial muito presente, nfo se descaracteriza a forma de produgio, a visio de mundo e a luta de décadas. O caso do Assentamento Santa Rita de Cassia II, tem sido modelo aos demais, em virtude de sua organizagao, planejamento e visio comunitiria, Marques (2008) entende o campesinato como uma classe social ¢ ndo apenas como um setor da economia, onde hi uma forma de organizagao da produgdo ¢ um modo de vida de maneira que o campesinato permanece como conceito-chave para decifrar os processos sociais ¢ politicos que ocorrem neste espago e suas contradigdes. Salomon e Medeiros (2023, p.38) definem o processo da luta pela terra “O processo de luta pela terra transformou 0 conffonto com o capital em uma uta por modos de produgio, ow seja, o territério contestado no estava apenas na luta por um pedago de terra, mas também na luta por um projeto de desenvolvimento. Este processo conduz as familias camponesas a aprender nnovas culluras, recriando-se de uma forma diferente daquela em que viveram Os camponeses explicam 0s desafios de enfrentar uma nova realidade. O encontro com uma nova realidade certamente provocaré. uma desterttorializagao dos processos simbélicos, uma ruptura muitas vezes organizada pelo sistema cultural com novas ressignificagdes e redimensionamentos de objetos, coisas e comportamentos ¢ tudo isso, certamente entrelagaclo com contfitos.” A produgio agroecolégica no local é pioneira, precedendo outras iniciativas oficiais do proprio MST e se tomou objeto de observagio ¢ discussio inimeras pesquisas cientificas. A atitude da mudanga no modelo de produgdo, se deu a partir de experigncias anteriores de alguns camponeses que foram auxiliados pelo fomento da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Regiio de Porto Alegre LTDA 1530 (COOTAP), que tem como i comércio justo e do consumo sustentavel jtiva a economia solidéria com objetivo da pritica do © principal marco dessa transigdo & a criago da COOPAN (Cooperativa de Produgdo Agropecuaria Nova Santa Rita LTDA), fundada em 30 de junho de 1995. A Cooperativa foi formada por um grupo de familias que se organizaram de forma coletiva, tanto na organizagao econémica e social da produgao, da agroindustrializagio e da comercializagao. Ef na agrovila que se localiza a sede da COOPAN. No seu entomo esto as moradias onde vivem as familias assentadas, de forma que esto préximas aos locais de produgdo e processamento dos segmentos de padaria, silo de arroz, criagdo abate de suinos, dentre outras atividades desenvolvidas no local. Figura 4, Area de sociabilizagdo Org. As autoras, Foto: Daniele Araijo Ferreira, 2023 ‘A rea da COOPAN esta localizada em um lote do assentamento Santa Rita de Cassia II e abriga a sede da Cooperativa de Prestagao de Servigos Técnicos (COPTEC). Ite pode ser subdividido em partes, a primeira foi doada para a Prefeitura Municipal, para receber uma unidade de saiide, a seguinte é onde se encontram as duas edificagdes existentes: 0 casario ¢ um galpio de apoio, além de uma extensa area verde. No casardo prineipal atualmente funciona a sede da COPTEC, uma organizagio que auxilia produtores locais na experigncia com os cultivos agricolas e & responsavel pela assisténcia técnica de 5.500 familias assentadas no estado, desenvolvendo ages da rea social, ambiental ¢ tecnolégica. Ela esti associada Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (COCEARGS). Além disso, no entorno imediato 131 a0 lote destinado para 0 memorial do MST, existem algumas residéncias dos proprios assentados (Figura 5). Figura 5. Projeto de Memorial da Luta pela Terra no RS Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Santa Rita (parceria com 3C Arquitetura e Urbanismo). De acordo com Lanner (2011) a COOPAN € uma cooperativa de produgdo (CPA), de base fami solidariedade ¢ trabalho em equipe. Todas as decis6es importantes referentes a0 agropecuati , onde os cooperados tém uma cultura de planejamento, ao patriménio e as normas da cooperativa so aprovadas em assembleia, instincia maxima das decisbes, que necessita da aprovagio da maioria dos associados. planejamento da produgio é feito de forma coletiva, com ampla participagio dos associados nas diversas fases do processo, ¢ organizado em assembleia geral, bem como nos diversos setores da cooperativa. Cada familia assentada possui 12 hectares de terra, divididos em area de moradia com 4 hectares, uma outra area de 8 hectares considerada de terras baixas (varzeas), destinadas & produgdo. O assentamento possui cinco barragens, onde trés sio consideradas de grande porte € duas consideradas de pequeno porte, também possui uma 4rea sistematizada para plantio de arroz com 600 hectares. O assentamento é marcado por familias que dele conseguem sua renda econdmica, principalmente pela produgdo e comercializagao de hortigranjeiros e arroz agroecolégicos. 1532 Salomon (2022) afirma que os hectares restantes foram destinados 4 produgao de arroz, com glebas trabalhadas em istemas de grupo de produgao, reunindo seis a dez familias por grupo, Entre os 8 hectares reservados para o plantio de arroz, desde a implementago do projeto de regulamento, ja havia cerca de 250 hectares sistematizados. Atualmente, o principal produto da COOPAN © COOTAP é 0 arroz orgénico (Figura 6). Figura 6, Arroz orgénico COOPAN Org.: As autoras. Foto: Daniele Araijo Ferreira, 2023), Para Salomon (2022) a realizagio da produgo é direcionada diretamente para 0 mercado piiblico, mas busca-se via mercado privado com duas outras possibilidades, que € curto-circuito e o longo-circuito, como pode ser observado no esquema abaixo, Figura 7. Esquema da organizagio produtiva (arroz. orgénico) Fonte: Salomon (2022) 1533 Lanner (2011) ressalta que a atividade de produgao de leite inicialmente era realizada para consumo proprio e posteriormente, houve um investimento para aquisigdo de maquindrios, gerando um excedente para venda. O leite tem sido comercializado em uma queijaria localizada no mesmo municipio. Aos poucos foram feitos investimentos em ordenha mecdnica, resfriador a granel, ¢ cursos de capacitagio na rea de manejo de gado de leite, criagdo de temneiras e ordenha. A comercializagio passou a ser feita para os laticinios da regio, comercializados na Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e merenda escolar. Lanner (2011) destaca que a criagio ¢ o abate de suinos se constituiu numa das principais atividades econémicas da Cooperativa, pois a maioria dos associados sio oriundos da regio do “Alto Uruguai” (Sarandi, Rondinha e Ronda Alta), que & uma regido de pequenas propriedades ¢ com tradigao na produgao de suinos. Por este fato, desde a primeira liberagdo de recursos para as familias investirem, iniciou-se a criagio de suinos. Um marco importante para a Cooperativa foi a inauguragao do abatedouro de suinos em 1997, fechando assim o ciclo da cadeia produtiva de suinos, desde a criagio, ‘engorda ¢ abate. Destaca-se também o mais novo empreendimento, sendo 0 novo projeto de frigorifico e agroindustria de embutidos de suinos e bovinos em fase final de conclusao. Essa planta tem como caracteristica a busca pela preservagdo ambiental e otimizagio dos recursos, tal fato & que houve a implementagdo de placas solares para captagio ¢ transformagio de energia objetivando o consumo de energia limpa e renovavel. Destaca-se ainda a produgdo de produtos para serem comercializados no Armazém do Campo ¢ também em feiras locais, além de eventos ligados a produgdo de produtos agroecolégicos. Destacam-se os embutidos provenientes da produgdo de suinos, vinhos coloniais/artesanais, e também uma diversidade de produtos de panificago que por sua vez so organizados pelas mulheres assentadas, como pies, bolachas, queijos, compotas, gel as e etc (Figura 8). 1534 Figura 8, Produtos produzidos no assentamento Ong.: As autoras. Foto: Daniele Araijo Ferreira, 2023, Por fim, destaca-se a palestra ¢ a produgdo de material didético e audiovisual, intitulado “Roda de Conversa - Reforma Agraria, Direitos Humanos e Soberania Alimentar: a experiéncia da COOPAN”, que pontuou todas as caracteristicas, funcionamentos, processos, desafios e perspectivas (Figura 9). Figura 9. Palestrante Indiane Witce! Rubenich (Setor Administrative da COOPAN), Fonte: CTE/PROGRAD “A Coordenadoria de Tecnologia Educacional da Pré-Reitoria de Graduagio, promove semanalmente Rodas de Conversa em colaboragao com a Disciplina de Tépicos Transversas para a Formagio Docente 1, de forma on-line pelo Canal do YouTube “Capacitagio Digital UFSM". Palestra Disponivel cm:. 1535 Essa produgdo contou com a presenga de alunos do Programa de Pés Graduagao em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria/RS, sob a orientagio da Professora Doutora Carmen Rejane Flores e foi realizado em conjunto com a Disciplina de Tépicos Transversais para a Formagio Docente II, que tem como objetivo contextualizar ¢ refletir acerca da educagZo ambiental ¢ de questécs relativas a diversidade étnico-racial, de género, sexual e religiosa, como principios de equidade na formagao docente. Neste sentido, buscando oportunizar que mais pessoas possam participar da discussio sobre estes temas transversais, que perpassam 0 contexto educativo ¢ a formagio docente, a Coordenadoria de Tecnologia Educacional da Pré-Reitoria de Graduago (CTE/PROGRAD) promove as Rodas de Conversa. © PNEU (2012, p.16) concebe 0 conceito de extensio como “A Extensio Universitaria, sob 0 principio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa © extensio, & um processo interdisciplinar, educativo, cultural, cientifico e politico que promove a interago transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade”. Para além de uma atividade de pesquisa ¢ educagdo, o material produzido torna-se uma atividade de extensdo, e uma ago da Universidade junto 4 comunidade que possibilita 0 compartilhamento, com 0 piiblico externo, do conhecimento adquirido por meio do ensino e da pesquisa desenvolvidos na instituigdo, CONSIDERAGOES FINAIS Foi possivel observar que passados trinta e nove anos da fundagio do movimento, foi desenvolvido um grande niimero de atividades diversas e modos de produgdo, mesmo que fortemente ligados a causa. Nao existe assentamento sem comunidade e participagdo coletiva, mas para isso so necessérios meios para sua subsisténcia, muitos deles fortemente especializados e cientificamente ancorados, com a qualificagio cientifica e formagdo de seus integrantes, sem abandonar os saberes tradicionais carregados de cuidado e afeto com os bens da natureza, obtendo deles a sua subsisténcia, expresso cultural e identidade Entendendo que a COOPAN desenvolve atividades de produgio ¢ comercializagio, com atuagZo na produgdo priméria e agroindustrial, & necessério fortalecer as priticas organicas ¢ ecolégicas, frutos de um trabalho de agricultores familiares e campesinos. A histéria da fundagio ¢ 0 desenvolvimento, bem como 0 pensamento sobre a produgio, esté embasado no papel fundamental que a agricultura 1536 familiar desempenha na emergéncia dos processos de desenvolvimento. Sao desenvolvimentos que acontecem “de dentro para fora”, melhorando primeiramente o modo de vida interno da comunidade. Além disso, ages de extensio das universidades tanto para apoio técnico ¢ cientifico, como para a divulgagdo dessas experiéncias, so essenciais para a mudanga que tanto almejamos, além da possibilidade ¢ continuidade para as proximas geragdes das familias presentes no local. AGRADECIMENTOS Agradecemos & CAPES (Coordenagio de Aperfeigoamento Pessoal de Nivel Superior), pelo fomento da pesquisa de doutorado, da primeira e segunda autora deste artigo. Nossos agradecimentos ao NUGAAL (Niicleo de Estudos em Geografia Agricultura e Alimentos) e ao GEPET (Grupo de Estudos em Educagio e Territério), a0 qual pertencem as discentes pesquisadoras deste trabalho. REFERENCIAS ALMEIDA, José Carlos de. Disputa Territorial entre Agronegécio x Campesinato no Assentamento Santa Rita De Cassia II em Nova Santa Rita - RS. Monografia Graduagao em Geografia (Licenciatura e Bacharelado). Universidade Estadual Paulista. So Paulo, 2011. CORREA, Walquiria Kriiger; GERARDI, Lucia Helena de Oliveira. 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