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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

Títulos Soberanos Sustentáveis

Relatório Pré-Emissão
2024 Indicativos da
Alocação de Recursos
Publicado em
Mai/2024

Comitê de Finanças Sustentáveis


Soberanas (CFSS)
presidido pela
Secretaria do Tesouro Nacional
Ministério da Fazenda

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

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Desde a emissão do primeiro título público soberano sustentável pelo Brasil em novembro de
2023, o país tem se destacado no mercado global por sua abordagem inovadora e compromis-
so com práticas sustentáveis. Essa emissão inaugural foi guiada pelo Arcabouço Brasileiro para

Introdução Títulos Soberanos Sustentáveis1 (“Arcabouço”), lançado no mesmo ano, que estabelece as di-
retrizes para a emissão de títulos de dívida soberana alinhados com o desenvolvimento susten-
tável.

Pelo Arcabouço, está prevista a publicação anual de um relatório de alocação e impacto re-
lativo às emissões dos títulos soberanos sustentáveis, que será submetido a uma verificação
externa. A previsão para publicação do 1º Relatório de Alocação e Impacto é para o segundo
semestre de 2024, antes do prazo de doze meses a partir da primeira emissão (ocorrida em 13
de novembro de 2023).

Na existência de múltiplos títulos com demonstração de uso de recursos, observados os prazos


para reportes previstos no Arcabouço, o relatório de alocação e impacto explicitará a alocação
individualizada para cada título soberano sustentável a ser reportado, observados os prazos
previstos no Arcabouço.

Além da previsão deste relatório de alocação e impacto, a emissão inaugural se apoiou no Re-
latório de Pré-Emissão, um documento que indica as categorias de despesas elegíveis do arca-
bouço que serão consideradas a cada emissão particular, contribuindo para maior transparên-
cia na aplicação dos recursos.

Para consolidar a prática de antecipadamente apontar para as despesas elegíveis do


Arcabouço que serão reportadas em cada possível emissão, o objetivo deste novo Relatório
de Pré-Emissão é indicar as categorias de despesas que serão consideradas como lastro na
segunda emissão de títulos públicos sustentáveis pela República Federativa do Brasil.

Tal como na primeira e seguindo os preceitos do Arcabouço, esse lastro será de acordo com o
princípio de uso de recursos (“use of proceeds”), que estabelece a destinação de recursos lí-

1 O desenvolvimento do Arcabouço foi uma colaboração do Comitê de Finanças Sustentáveis Soberanas do Governo Federal, que envolveu
esforços conjuntos de diversos órgãos governamentais. A iniciativa também contou com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) e do Banco Mundial, destacando a importância do esforço conjunto para avançar nas finanças sustentáveis do país. Para mais informações,
veja: https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/divida-publica-federal/titulos-sustentaveis-arquivos/arcabouco-brasileiro-para-titulos-sustenta-
veis

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

quidos, em montante equivalente ao captado pela respectiva emissão do título sustentável,


para despesas que proporcionem benefícios ambientais e/ou sociais.

Importante destacar que o país vivencia uma situação excepcional no estado do Rio Grande do
Sul, que sofreu graves impactos ambientais e sociais decorrentes das enchentes que acomete-
ram o estado. O governo federal do Brasil está implementando várias medidas para mitigar os
efeitos das enchentes no estado sulista. Entretanto, ainda não há informações suficientes para
enquadrar as despesas orçamentárias decorrentes dessas medidas à classificação do Arcabou-
ço Brasileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis e, portanto, elas não integraram a seleção
indicativa das categorias de despesas elegíveis deste relatório. Mais à frente, se elas se mos-
trarem aderentes ao referido Arcabouço, poderão vir a ser reportados na alocação de recursos
levantados pelos títulos sustentáveis emitidos pelo Tesouro Nacional.

Assim, esse documento delineará:

• A alocação indicativa de recursos oriundos da emissão do título soberano sustentável; e

• A listagem indicativa para as categorias de alocação consideradas para despesas ambien-


tais e sociais, baseando-se nas categorias e despesas inclusas no Arcabouço.

Cabe destacar que, sendo um documento preparatório à emissão, este Relatório tem como
finalidade primordial oferecer transparência aos investidores, fornecendo um panorama das
prováveis alocações de despesas. A composição final das alocações poderá variar conforme o
montante efetivamente captado na emissão. Dessa forma, o Relatório não apenas cumpre um
papel informativo, mas também se posiciona como uma ferramenta adicional para a constru-
ção de confiança e para o alinhamento de expectativas dos investidores em relação ao com-
promisso do Brasil com a sustentabilidade social e ambiental.

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024
Políticas Públicas e Compromissos do Brasil com o Desenvolvimento Sustentável

2 Alocação Indicativa de Para elaborar a previsão de alocação de recursos deste Relatório, o Comitê de Finanças

3 Recursos
Sustentáveis Soberanas2 (CFSS) considerou primordialmente as programações orçamentárias
elegíveis perante os critérios do Arcabouço conforme indicadas pelos ministérios setoriais,
levando-se em conta o Orçamento Geral da União de 2024 e as perspectivas para os próximos
anos. Na área ambiental, considerou-se também expectativas de desembolsos em empréstimos
a serem concedidos no âmbito do Fundo Nacional de Mudança do Clima3 (Fundo Clima).

Dessa forma, a alocação de recursos para a próxima emissão terá os seguintes percentuais in-
dicativos:

Tabela 1. Intervalo Indicativo para a Alocação dos Recursos após a Emissão


Tema do gasto Limite Inferior Limite Superior

Ambiental 50% 60%

Social 40% 50%

A composição acima é indicativa, podendo ter execução diferente a depender do valor final da
captação por meio do título público soberano. O limite inferior para as despesas ambientais
na alocação dos recursos da emissão deve ser visto, contudo, como um piso.

Com respeito ao recorte temporal, a composição esperada é que, no máximo, 25% sejam de-
dicados ao refinanciamento de despesas já executadas4.

A alocação global apresentada na Tabela 1 observará, adicionalmente, os intervalos indicativos


de alocação por categorias para despesas ambientais e sociais mostrados na Tabela 2, a seguir.

2 O Comitê de Finanças Sustentáveis Soberanas (CFSS), instituído pelo Decreto nº 11.532, de 16 de maio de 2023, é composto por represen-
tantes de dez ministérios e tem como missão monitorar a implementação do Arcabouço e elaborar os documentos relacionados à emissão dos
títulos públicos soberanos temáticos. Para mais informações, veja: https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/divida-publica-federal/titulos-sus-
tentaveis-arquivos/comite-de-financas-sustentaveis-soberanas-cfss
3 O Fundo Nacional de Mudança do Clima (Fundo Clima), criado pela Lei nº 12.114/2009, é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mu-
danças Climáticas (MMA) e tem como objetivo financiar projetos, estudos e empreendimentos que visem à mitigação e à adaptação da mudança
do clima e seus efeitos. Vide seção 2.1 para mais informações.
4 De acordo com o Arcabouço, página 21, despesas recentes (refinanciamento) são aquelas realizadas no âmbito da LOA até 12 meses anteriores
à data da emissão, despesas atuais são aquelas previstas no âmbito da respectiva LOA vigente na data da emissão e despesas futuras são aquelas
a serem realizadas em até 24 meses após a emissão.

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

Tabela 2. Intervalos Indicativos por Categorias de Despesas


Categorias de despesas Mínimo Máximo ODS Impactados Categorias de despesas Mínimo Máximo ODS Impactados

Ambiental* 50,0% 60,0% Social** 40% 50%

Controle de emissões de GEE 4,0% 5,0%


Combate à pobreza 36,0% 46,0%

Energia Renovável 30,0% 34,0%


Acesso à infraestrutura básica 4,0% 8,0%

**Ainda que os valores individuais de cada categoria possam variar dentro do intervalo apresentado, a soma das
Eficiência Energética 0,5% 1,0% categorias deve sempre ser de no mínimo 40% e no máximo 50%.

O formato de intervalos para a alocação indicativa de recursos confere previsibilidade aos in-
vestidores quanto às categorias de despesas que serão reportadas a partir da captação de re-
Transporte Limpo 13,0% 17,0% cursos, ao mesmo tempo que assegura alguma flexibilidade ao emissor para ajustar o uso de
recursos conforme a dinâmica orçamentária e a velocidade de desembolsos dos projetos do
Fundo Clima.
Biodiversidade Terrestre e Aquática 1,0% 2,0% O formato empregado assegura também flexibilidade para a alocação nas despesas elegíveis
dentro de cada categoria. Estas despesas estão listadas na Figura 1, a seguir, embora sem a
definição de um percentual específico do uso de recursos.
Adaptação às mudanças climáticas 1,0% 4,0%

Economia Circular 0,5% 1,0%

*Ainda que os valores individuais de cada categoria possam variar dentro do intervalo apresentado, a soma das
categorias deve sempre ser de no mínimo 50% e no máximo 60%.

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

Figura 1. Seleção indicativa das categorias das despesas elegíveis referente à segunda emissão de títulos públicos sustentáveis soberanos

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Desenvolvimento
Prevenção e controle
Transporte Limpo Energia Renovável socioeconômico e
de poluição - Controle
empoderamento: Combate à
de emissões de GEE
pobreza
• Iniciativas de redução de emissões de GEE • Compra, projeto, manutenção, extensão, • Energia Solar (Fotovoltaica); • Auxílio financeiro por meio de trans-
apoiadas pelo Fundo Nacional sobre Mudança do reparo, recondicionamento, atualização, operação ferência direta de renda para famílias em
Clima, desde que alinhadas com os critérios de e/ou implantação de transporte de zero ou baixo • Energia Eólica; situação de pobreza ou extrema pobreza vincu-
exclusão previstos neste arcabouço. carbono; ladas ao Cadastro Único do Governo Federal,
• Energia a partir de biomassa e resíduos como definido na seção relativa à popu-
• Programas e projetos de transporte público com sólidos urbanos ou resíduos industriais; lação-alvo; e
zero ou baixa emissão de CO2;
• Produção de biocombustíveis com Certifica- • Auxílio financeiro a idosos (65 anos ou
Adaptação às mudanças * Infraestrutura relacionada ao transporte público do de Produção Eficiente de Biocombustíveis, em mais) e a pessoas com deficiência.
climáticas de baixo e zero emissões, como estações de carrega- atendimento à Resolução ANP no 758/2018 da
mento elétrico, sistemas de sinalização e controle, Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
estações intermodais, estações de abastecimento de Biocombustíveis; e
• Adaptação, redução da vulnerabilidade e hidrogênio ou rodovias elétricas, bem como calçadas,
aumento da resiliência da infraestrutura urbana. passarelas, passagens subterrâneas e caminhos de • Desenvolvimento e capacidade industrial
pedestres; para produção de equipamentos, componentes,
tecnologias e materiais necessários à transição
* Construção e modernização de infraestrutura energética, mais diretamente para energia eólica, Acesso à
Biodiversidade terrestre e ferroviária e fluvial de baixo impacto para transporte energia solar, armazenamento, veículos elétricos, infraestrutura básica
aquática de carga; e veículos movidos a biocombustível e hidrogênio de
baixo carbono.
* Eletrificação de frotas públicas.
• Projetos/intervenções que venham a garan-
• Proteção, conservação, recuperação, restau-
tir a oferta de água em qualidade e quantidade
ração e gestão sustentável da biodiversidade de ecoss-
suficientes e adequadas para o abastecimento
istemas terrestres e marinhos;
humano e usos múltiplos;
• Prevenção e combate a incêndios florestais; Eficiência Energética
• Apoio à implantação, ampliação ou melhoria
Economia circular dos sistemas de abastecimento de água em
• Aprimoramento do processo de fiscalização do
cumprimento da legislação ambiental, incluindo tecno- municípios do semiárido; e
logias de monitoramento remoto; • Investimentos em iluminação pública com
substituição das lâmpadas convencionais por LED; e • Investimentos em desenvolvimento e
• Produtos de base biológica que utilizam
• Combate ao desmatamento; implantação de sistemas eficientes e limpos de
materiais renováveis em substituição a insumos • Substituição de infraestrutura industrial para abastecimento de água em municípios da região do
fósseis; e obtenção de maiores níveis de eficiência energéti-
• Acompanhamento e registro da fauna dos biomas semiárido e população-alvo.
brasileiros; ca, resultando em economia não inferior a 20% em
• Plantas industriais que processam resíduos relação às condições pré-investimento.
para gerar novos produtos ou para restaurá-los a um
• Pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e
estado anterior que possibilite um novo processa-
estratégias de conservação; e
mento.
• Implementação da "Bolsa Verde".

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

2.1 Despesas Ambientais


O Fundo Clima, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), foi de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)8, que é o agente financeiro do Fundo Clima.
criado em 2009 com o objetivo de financiar projetos, estudos e empreendimentos voltados à A alocação indicativa de recursos prevista neste relatório contará com os financiamentos rea-
redução de emissões de gases de efeito estufa e à adaptação aos efeitos da mudança do cli- lizados com recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima), considerando
ma. Após um período de pouca expressividade, o Fundo Clima foi reformulado em 2023, como ao menos os percentuais mínimos indicados em todas as categorias de despesas ambientais,
parte do Plano de Transformação Ecológica5, lançado na Conferência das Nações Unidas sobre conforme disposto na Tabela 2.
Mudanças Climáticas de 2023 (COP28). Nesse contexto, uma parcela substancial do funding do
As categorias de energia renovável e transporte limpo se destacam em termos de volume na
Fundo Clima é atualmente oriunda de recursos orçamentários e, portanto, também é poten-
alocação indicativa de recursos deste Relatório de Pré-Emissão. Estas categorias se relacionam
cialmente elegível perante o Arcabouço6.
com duas modalidades do Programa Fundo Clima: i) Transição Energética, que busca apoiar a
Diante da urgência imposta pela crise climática e da crescente tendência global em direção a adoção de fontes de energia limpa, envolvendo a modernização das redes de energia, o incen-
uma economia de baixo carbono, o Plano de Transformação Ecológica se apresenta como uma tivo à eletrificação de setores com altas emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes
oportunidade para o país impulsionar um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo, atmosféricos e; ii) Logística de Transporte, Transporte Coletivo e Mobilidade Verdes, que busca
que promova a justiça social e o bem-estar da população. apoiar a implantação, expansão, modernização e recuperação da infraestrutura de transpor-
Para concretizar essa visão, o Plano de Transformação Ecológica se estrutura em seis eixos in- tes de passageiros e carga, incluindo aquisição de equipamentos, que promovam alternativas
terdependentes, cada um com um conjunto de medidas e instrumentos específicos, a saber: de transporte mais sustentável, com menor impacto ambiental e redução da emissão de gases
Finanças Sustentáveis; Adensamento Tecnológico; Bioeconomia e Sistemas Agroalimentares; de efeito estufa9. Alguns exemplos de projetos que podem ser contemplados são projetos re-
Transição Energética; Economia Circular; e Nova Infraestrutura Verde e Adaptação às Mudan- lacionados à promoção da eletrificação das frotas de ônibus para transporte público e projetos
ças Climáticas. Tanto a reformulação do Fundo Clima, quanto o lançamento do Arcabouço Bra- relacionados à geração de energia solar e eólica.
sileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis, são estratégias alinhadas ao eixo “Finanças Sus- Além destas duas categorias, com estimativas de desembolsos mais expressivos, o BNDES esti-
tentáveis”. ma aplicações do Fundo Clima também nas categorias prevenção e controle de poluição, bio-
O Fundo Clima é administrado por um Comitê Gestor, vinculado ao MMA, que possui a atribui- diversidade terrestre e aquática, adaptação às mudanças climáticas; economia circular e efi-
ção de aprovar o Plano Anual de Aplicação de Recursos – PAAR, no qual são definidas as fina- ciência energética.
lidades e prioridades para aplicação de recursos do Fundo7, as quais não são idênticas, mas
possuem relevante intersecção com as categorias de despesas elegíveis do Arcabouço. Os pro-
jetos aderentes às áreas de atuação do Fundo Clima poderão obter crédito no Banco Nacional

5 Para mais informações sobre o Plano de Transformação Ecológica, veja: https://www.gov.br/fazenda/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-pro-


gramas/transformacao-ecologica
6 Por exemplo, em 2024, o Fundo Clima recebeu um aporte do MMA no volume de R$ 10,4 bilhões, por meio da ação orçamentária 00J4 – Apoio
8 O Fundo Clima possui duas modalidades de operação: reembolsáveis e não reembolsáveis. O BNDES é responsável pela aplicação dos recursos
Financeiro Reembolsável mediante Financiamento e outros Instrumentos Financeiros para Projetos de Mitigação e Adaptação à Mudança do Cli-
reembolsáveis, enquanto o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) encarrega-se da destinação dos valores não reembolsá-
ma.
veis. Para mais informações, visite: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/fundo-clima
7 As áreas de atuação do Fundo Clima são: (i) desenvolvimento urbano resiliente e sustentável, (ii) indústria verde, (iii) logística de transporte,
9 https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/fundo-clima
transporte coletivo e mobilidade verde, (iv) transição energética, (v) florestas nativas e recursos hídricos, e (vi) serviços e inovação verdes.
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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024

2.2 Despesas Sociais


Em relação às despesas sociais, consideramos programas de assistência social e projetos de
obras de infraestrutura básica na região do Nordeste brasileiro.

Quanto aos programas de assistência social, destacam-se os programas Bolsa Família e os pro-
gramas de Benefícios de Prestação Continuado (BPC) para idosos e pessoas com deficiência.
Com mais de 20 milhões de beneficiários10, o programa Bolsa Família incluiu recentemente
benefícios adicionais destinados a melhorar o suporte às famílias com crianças e gestantes.
Por exemplo, o Benefício Primeira Infância oferece um adicional de R$150 para famílias com
crianças entre zero e seis anos. Além disso, o Benefício Variável Familiar proporciona R$50
adicionais por membro da família que seja gestante, criança (de sete a quase 12 anos) ou ado-
lescente (de 12 a quase 18 anos). É importante salientar que a participação no programa está
condicionada à realização de pré-natal pelas gestantes, ao acompanhamento do calendário
nacional de vacinação, à monitoração do estado nutricional das crianças menores de 7 anos e
à frequência escolar mínima para crianças e adolescentes.

Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é a garantia de um salário-mínimo mensal aos


seus beneficiários: idosos igual ou superior a 65 anos ou pessoa com deficiência de qualquer
idade, com alguns condicionantes, principalmente atrelados à renda. É importante ressaltar
que o BPC não é aposentadoria, de forma que independe de contribuição prévia ao INSS.

Quanto aos projetos de infraestrutura básica, estes abrangem iniciativas relacionadas à irri-
gação e segurança hídrica no semiárido, com o objetivo de melhorar o acesso à água e impul-
sionar o desenvolvimento econômico das regiões afetadas. Espera-se que tais iniciativas te-
nham impactos positivos, como o aumento da disponibilidade de água para consumo humano,
agrícola e industrial, a melhoria da produção agrícola e da piscicultura, o fortalecimento das
indústrias locais, além de contribuir para a resiliência das comunidades frente a eventos cli-
máticos extremos.

10 https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2024/04/bolsa-familia-chega-a-20-8-milhoes-de-beneficiarios-a-partir-desta-quarta

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Relatório Pré-Emissão | Indicativos Da Alocação De Recursos - 2024
Políticas Públicas e Compromissos do Brasil com o Desenvolvimento Sustentável

3 Considerações finais O objetivo deste relatório de pré-emissão é delinear uma alocação indicativa das atividades
financiadas relacionadas à política de sustentabilidade do governo brasileiro, no contexto da
segunda emissão de títulos públicos sustentáveis no mercado internacional pela República.

A alocação de recursos poderá considerar despesas recentes (refinanciamento), realizadas no


âmbito da Lei Orçamentária Anual (LOA) até 12 meses anteriores à data de emissão; despesas
previstas na LOA vigente na data de emissão; e despesas futuras, a serem realizadas em até
24 meses após a emissão, conforme definido na seção 3 do Arcabouço.

De acordo com o Arcabouço, está prevista a publicação anual de relatórios de alocação e de


impacto relativos às emissões dos títulos soberanos sustentáveis. Tais relatórios serão subme-
tidos à revisão externa por uma agência ou instituição independente, a exemplo do provedor
de opinião de segunda parte (Second Party Opinion - SPO). A previsão para publicação do 1º
Relatório de Alocação e Impacto é para o segundo semestre de 2024, antes do prazo de doze
meses a partir da primeira emissão (ocorrida em 13 de novembro de 2023).

Na existência de múltiplos títulos com demonstração de uso de recursos, observados os pra-


zos para reportes previstos no Arcabouço, o relatório de alocação e de impacto explicitará a
alocação individualizada para cada título soberano sustentável a ser reportado, observados os
prazos previstos no Arcabouço.

Dúvidas e contribuições são bem-vindas por meio do e-mail: stndivida@tesouro.gov.br

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

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