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Estrutura gráfica e análise de contexto

Eduardo Becker
Propriedade Intelectual Saint Paul Educacional LTDA

Estrutura gráfica e análise de contexto

“Os elementos de uma boa operação são: (1) cortar as perdas, (2) cortar as perdas e (3) cortar as
perdas” (Ed Seykota)

Sobre velas e pavios

Quando falamos de dados, estatísticas e números, os gráficos estão na base da comunicação visual. É
bastante comum nos depararmos com eles em sites, revistas, jornais e até mesmo na televisão.

Quando precisamos demonstrar a evolução de alguma coisa ou evento ao longo do tempo, o primeiro tipo de
gráfico que nos vem à mente é o gráfico de linhas. Eles são ótimos para mostrar a evolução e a tendência de
eventos no tempo. No início de 2020, por exemplo, tivemos uma pandemia, e todo o planeta acompanhou a
evolução desse evento a partir de gráficos de linha, como o apresentado a seguir:

Usados em praticamente todas as áreas do conhecimento humano, os gráficos estão muito presentes no
mercado financeiro.
Até a década de 1980, o mercado ocidental utilizava barras para marcar os preços de abertura, máxima,
mínima e fechamento.

No século XVIII, durante a época do Shogunato, Munehisa Humma, um mercador de arroz, criou o que
conhecemos hoje como gráfico de candles ou candlestick chart.
Foi Steve Nilson que ajudou a popularizar a utilização do padrão japonês de marcação baseado em velas ou
candles, o qual, por propiciar uma melhor visualização, acabou difundindo-se por todo o mercado, sendo hoje
o mais utilizado.

Um candle encerra as variações de preço ocorridas em determinado período de negociações, seja ele de 1
minuto, 15 minutos, 1 hora, 1 dia, 1 mês, 1 ano ou qualquer período que se queira analisar. Sua formação
começa com a marcação do preço de abertura no período considerado e termina com a marcação do preço de
fechamento desse período. Assim, o corpo do candle compreende o intervalo de preços entre abertura e
fechamento no período de tempo escolhido.

Porém, ao longo do período de negociações, os preços podem oscilar acima e abaixo dos preços de abertura
e fechamento. O candle indicará essa oscilação desenhando uma linha – também chamada de pavio ou sombra
– acima e abaixo do corpo do candle sempre que os preços oscilarem para além dele.

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Mais do que um mero indicativo de uma rodada de negociações, o candle encerra em si uma história de disputa
de poder entre compradores e vendedores, e sua forma final fornecerá um indicativo bastante seguro de que
tipo de investidor está dominando o mercado naquele momento: compradores ou vendedores.

Por essa razão, os diversos padrões de candles tomados isoladamente ou em grupos irão configurar padrões
que podem ser interpretados como indicativos das intenções dos investidores refletidas no movimento dos
preços. Dessa forma, teremos candles de continuação, de reversão e grupos de candles formando figuras que
têm nomes sugestivos, como bandeira, flâmula, bebê abandonado, martelo e estrela da manhã.

Assim, candles com pouco corpo e muita sombra para ambas as direções mostram equilíbrio de forças, o que
pode ser interpretado como indecisão de mercado. Candles muito grandes e sem pavio – conhecidos como
marubozu – indicam um mercado em forte tendência. Já um candle com um corpo pequeno e um pavio enorme
apenas de um dos lados mostra que o movimento para o lado do pavio grande foi frustrado ou rejeitado e que
há chances de o movimento reverter para o lado que ficou sem pavio.

Saber interpretar um candle, porém, não é suficiente. É preciso compreendê-lo dentro de um contexto. Por
exemplo, um Doji com pavios longos pode ter mais de um significado dependendo de onde ele aparece no
gráfico.

O estudo dos candles e dos padrões gráficos demanda tempo, dedicação e capacidade analítica. Alcançar a
maestria de sua interpretação deve estar entre as metas de todo grafista.

Padrões de candles

Como você já viu durante a aula e o vídeo, o candle conta uma história. Ele mostra o resultado de uma disputa
entre compradores e vendedores, deixando, no gráfico, um indicativo de como poderá ser a próxima batalha.
Ele obviamente não prevê o futuro, mas dá uma confiável indicação da probabilidade existente em um
movimento de preços.

Os candles apresentam-se em diversos formatos, os quais se repetem em todos os tempos gráficos, e seus
padrões podem indicar possíveis reversões, continuidades e neutralidades.

Candles de reversão contribuem para aumentar a segurança de nossa análise, mas, isoladamente, eles
podem não ser tão confiáveis quanto se espera. É preciso analisar os candles dentro do contexto em que

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aparecem.

Tomemos, por exemplo, o martelo. Ele é uma figura clássica de reversão de alta (se ele aparecer de ponta-
cabeça, terá o nome de estrela cadente ou martelo invertido). O preço abriu em determinado patamar, tentou
descer, mas, em determinado momento, os compradores resolveram mostrar sua força e fizeram o preço voltar
para seu ponto inicial e, até mesmo, ultrapassá-lo um pouco.

Esse formato pode aparecer em qualquer lugar do gráfico, mas, se ele ocorrer exatamente em um suporte
importante, isso será um indicativo de que o preço terá maiores chances de reverter uma tendência do que se
ele acontecer no meio de uma perna de alta.

O piercing pattern é também um famoso padrão de reversão cuja dinâmica de formação é bastante parecida
com a do martelo. Nele, os preços vinham em queda quando, a partir de certo ponto, houve uma rejeição do
movimento de queda e um candle de alta foi desenhado no gráfico, fechando próximo à metade do candle
anterior. Esse movimento indica rejeição, frustração e abre a possibilidade para os preços reverterem uma
tendência anterior e começarem a subir.

Historicamente, se olharmos os padrões de candles ao longo da história de todos os ativos, perceberemos que
algumas formações – que formam padrões visualmente reconhecíveis – são bastante comuns e aparecem
imediatamente antes de reversões de tendência.

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Costuma-se dizer, no mundo do trading, que o ideal é sempre comprar fundo e vender topo. Isso é dito porque,
se conseguirmos detectar onde estarão os topos e os fundos, poderemos surfar a maior tendência possível.

A rigor, é bastante difícil saber com exatidão onde estarão esses topos e fundos, mas a análise técnica pode
nos ajudar a prever, com boa probabilidade de acerto, onde haverá maior probabilidade de encontrar esses
pontos (que muitas vezes não são preços específicos, mas regiões de preço). Suportes e resistências são um
bom começo para procurarmos por padrões de reversão. Se ali surgirem novos indicativos de que o preço
poderá reverter, nossas chances aumentam consideravelmente. Por isso, é importante conhecer o
funcionamento dos candles de reversão. Eles ajudarão a aumentar nossas chances de efetivamente
comprarmos fundos e vendermos topos.

Os preços, em sua dinâmica, formam muitos padrões de reversão, sendo preciso estudá-los um a um para
adquirir domínio em sua utilização.

Existem alguns candles que podem servir tanto para reversão quanto para continuidade da tendência. É o
caso do long leg doji (Doji de pernas longas). Por padrão, ele indica indecisão ou equilíbrio de forças. Mas,
dependendo de onde ele surgir, poderá indicar reversão ou continuidade.

Por exemplo, um long leg doji aparecendo após um grande candle de alta em uma região de resistência
poderá indicar uma possível reversão de tendência. Se ele aparecer após um forte candle de baixa em uma
região de suporte, poderá indicar reversão para iniciar uma tendência de alta. Mas se ele aparecer bem no

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meio de uma perna de tendência qualquer, ele será apenas um indicativo de que o preço deve continuar a
trajetória que vinha fazendo.

Suportes e resistências

Quando olhamos para um gráfico de preços pela primeira vez, a sensação é de que nada há ali para ser visto.
Aquelas barrinhas coloridas que serpenteiam pela tela, muitas delas com uns fiozinhos pra cima e pra baixo,
dão a impressão de que não há o menor sentido nelas.

Com o tempo, à medida que nos acostumamos em olhar para o gráfico, começamos a perceber alguns
padrões. Aliás, a habilidade de reconhecer padrões é de grande utilidade para todo trader gráfico. Se olharmos
com atenção, perceberemos que há regiões do gráfico onde o preço sempre bate e volta. O preço tenta fazer
isso por algumas vezes até que consegue, digamos, “perfurar” aquela região, como se houvesse mesmo um
teto ou um chão que impedisse os preços de ultrapassar aquele ponto.

Essas regiões onde o preço encontra dificuldade para ultrapassar são chamadas suportes e resistências. O
suporte é uma região onde o preço não consegue descer mais – é como se fosse um chão. E a resistência é
uma região onde o preço não consegue subir mais – é como se fosse um teto.

Um suporte, portanto, nada mais é do que uma região de preço onde há muitos compradores que impedem
que o preço caia mais. E resistência é uma região onde há muitos vendedores interessados em impedir que o
preço suba.

Apesar de não muito intuitivo para quem está de fora do mercado financeiro, especuladores que não querem
que o preço suba têm esse interesse porque operam na ponta vendida, ou seja, posicionam suas operações
de tal forma que ganharão dinheiro com a queda dos preços. Portanto, se nessas situações o preço subir, eles
perdem dinheiro. Daí seu interesse em que o preço não suba.

Obviamente, suportes e resistências não seguram o preço para sempre. Sempre haverá o momento em que
o preço consegue ultrapassar aquela barreira imaginária para continuar sua trajetória. Entretanto, na maior
parte das ocorrências, os preços, quando ultrapassam uma dessas regiões, costumam retornar até ali como
se quisessem testar a ruptura daquele ponto.

Como enxergar suportes de resistências

A maneira mais fácil de enxergar essas regiões é olhar o gráfico com um zoom out na tela, ou seja, deixar os
candles do menor tamanho possível de modo que os candles juntos se pareçam com uma linha borrada.
Olhando para o gráfico desse jeito ficará fácil encontrar pontos em que o preço não ultrapassa

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Note, no gráfico acima, como a região assinalada na cor verde era um ponto de suporte que, depois de
ultrapassado, transformou-se em uma resistência.

Outro modo de visualizar suportes e resistências é pela utilização dos gráficos de linha, que também permitem
visualizações precisas sobre essas regiões onde o preço costuma bater e voltar.

O gráfico a seguir é o mesmo da figura anterior, mas no formato de gráfico de linha.

Linhas de tendência

Você viu, na aula de suportes e resistências, que essas são regiões onde o preço apresenta certa dificuldade
em ultrapassar. Parece que há uma repulsão das disposições do mercado naquele ponto. Compradores vão
até ali e, de repente, desistem ou perdem força, e então o preço volta para trás e começa a descer,
transformando aquele ponto ou região em resistência. É como se houvesse um teto ou telhado que impede os
preços de subir mais naquele momento.

O mesmo raciocínio vale para preços em queda. Porém, nesse caso, o nome do “chão” que impede o preço
de continuar caindo é suporte. Os preços vêm descendo, batem ali, voltam para trás e começam a subir.

Tanto nos suportes quanto nas resistências, dependendo de sua força ou importância, os preços podem bater
ali diversas vezes.

Entre um suporte e uma resistência, o preço de desloca, seja descendo, seja subindo. E ele segue seu
caminho desenhando zigue-zagues na tela. Ocorre que esses zigue-zagues também se apoiam em linhas de
suporte ou resistência. A diferença é que agora essas linhas poderão estar dispostas na diagonal do gráfico.
O conceito é exatamente o mesmo, mas os preços utilizarão linhas imaginárias de suporte e resistência
inclinados.

As linhas de resistência continuarão funcionando como limites superiores – ou “tetos” – que impedem o preço
de voltar a subir. Então o preço fica tentando perfurar aquela linha imaginária várias vezes e, ao mesmo tempo,
continua descendo, fazendo topos e fundos descendentes.

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Essa linha imaginária, que já pode ser traçada quando o gráfico fizer dois topos descendentes, tem o nome
de LTB – Linha de Tendência de Baixa.

As linhas de suporte parecerão com uma rampa inclinada para cima, onde o preço sempre toca enquanto
segue sua trajetória ascendente. É como se fosse um “chão” inclinado para cima, onde o preço vai quicando
e fazendo topos e fundos ascendentes.

A linha inclinada que funciona como suporte enquanto o preço sobe também tem um nome: LTA – Linha de
Tendência de Alta.

Desenhar essas linhas é fácil. Basta interligar topos (no caso das LTBs) ou fundos (no caso das LTAs). Bastam
apenas dois topos ou dois fundos para você traçar sua linha de tendência. Procure traçar uma linha bastante
comprida para você ter uma ideia de onde o preço poderá bater quando estiver se aproximando dela
novamente.

Quanto ao local preciso – corpo ou pavio – onde as linhas deverão ser traçadas, não há uma regra. Existem
pessoas que traçam no pavio, existem pessoas que traçam no corpo do candle, e existem ainda aquelas que
misturam esses métodos.

Você obviamente se sentirá inseguro nas primeiras vezes que tentar traçar suas linhas, e isso é natural. Tente
condicionar sua mente para traçar LTAs e LTBs todas as vezes que o gráfico fizer dois topos ou dois fundos.
Isso se tornará um hábito e você será capaz de visualizar essas linhas antes mesmo de traçá-las.

LTAs e LTBs, como você deve saber, não são eternas. Em algum momento, elas serão rompidas. Por isso,
mantenha um rígido controle de risco e financeiro. Tome cuidado ao aproximar-se de suportes e resistências
(horizontais) porque o preço pode modificar seu comportamento nessas regiões. Espere uma confirmação,
como uma figura ou um padrão de reversão se for o caso, ou, caso ocorram rompimentos, espere por uma
confirmação como, por exemplo, um pullback pós-rompimento.

Além das linhas, túneis

Há um caso especial de linhas de tendência. Ele ocorre quando o preço fica preso numa congestão, que pode
ser ascendente ou descendente. É aquele mesmo conceito de congestão que você já viu. No entanto, a
diferença é que o preço fica preso entre uma LTA e uma LTB por algum tempo.

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Esse tipo de formação é chamado de canal – o qual, dependendo da direção, pode ser de alta ou de baixa –
e permite a realização de ótimos e lucrativos trades.

Identificar esses canais é fácil: assim que o preço fizer dois topos e um fundo (ou então dois fundos e um
topo), você liga os dois topos (ou fundos) entre si e, em seguida, traça uma linha paralela àquela que você
acabou de traçar, movendo-a para o fundo (ou topo) solitário que sobrou.

Pronto, você acabou de traçar um canal. Agora é só esperar o preço chegar nas, digamos, “paredes” do canal.
Ao chegar lá, espere que o candle faça um sinal ou padrão de reversão como um martelo no fundo ou estrela
cadente no topo. A entrada é no rompimento dessa figura em direção à parede oposta do canal.

Obviamente, o preço não ficará preso ali para sempre. Chegará o momento em que ele irá romper o canal para
um dos lados. Nesse ponto, você deverá manter um controle de stop adequado ao movimento, garantindo a
manutenção dos lucros que você eventualmente obteve operando o canal.

Lateralizações

Quando o preço fica “preso” entre um suporte e uma resistência um pouco mais estreitos, dizemos que o preço
está lateralizado. Se observar no gráfico, em uma lateralização não há deslocamentos significativos de preço.
Os candles quase se sobrepõem uns aos outros e, normalmente durante os períodos em que ficam laterais,
aparecem pavios de tamanho significativo, muitas vezes de tamanho maior do que o próprio corpo do candle.

Embora seja possível operar gráficos lateralizados, o risco é bem maior do que quando operamos a favor da
tendência.

Note, no gráfico a seguir, como o preço ficou lateral por três meses (fevereiro a abril de 2018), não
apresentando qualquer tendência.

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Se você trabalhar apenas com suportes, resistências, canais e linhas de tendência, é possível realizar
operações bastante lucrativas. Com gestão adequada e muita disciplina, é possível adquirir consistência nas
negociações utilizando esses padrões bastante conhecidos por investidores de todo o mundo.

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