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NocAo DE Direiro UNIFORME Nao € raro que 0 vocabulério juridico - nao obstante o esforco por eriar ‘uma linguagem precisa, pretensamente cientfica, e, talvez, em funio deste ~ apresente expresses vagas ¢ polissémicas. As expresses vagas sio aquelas ‘cujo uso em determinado contexto é insuficiente para que o receptor reconhe- {ca 0 objeto entre os pertencentes a um rol imaginério ou real, sem que ecessariamente exista duivida entre objetos reconhecidos discretos.' As polissémicas, por seu turno, so as que — no tepertério lexical de um discurso ~ indicam objetos discretos.* Como veremos, & esse 0 caso da expressio direito uniforme. 1. Essa nogio de vaguezs incl’ os termos ambiguos. A ambighidade revel-se em contextos nos ‘Quais bd mais de um objeto que o receptor posa tomar como denotado pela expresio. Vale SSsaltar que a nogio pela qual optamos néo diz rexpeito aa caracersiea imanente & ‘xpressio, mas a uma situag comtuncativahiptética ou concreta se acne tmisn eos pin pinion cor 2 Asin, sri ee cut ptenlada on dacs Se, po xen, 2 SC aja pret a"S ratonoe sees td am dane mn Saga to De he ale prema i xe pe nents 0 to a ess re ambi eo nonce eect cu ab 2 Fe lace an don runes pace orcntane i eo aa ca re co esa an Rs te nat ascetic pte alae a reo als cof a rca sna i Dvtto Union F REAGKO ENT: Opp MAME Ao, a linguagem doutring lenominagao, 3 tia re, sr evonal no sentido devine ulada a qn a intenciona "ea IM obje ly ‘hermes leans wearer normativo-instnyign” gg hi diferentes se conside wn i do Dio due nos gp ‘saath see a ees, ot em tnidades politiens iferemes get cm nerethoes, Quando esta for medliada pos uma ings? cs sethantes. Qu oes % e tit lg intencional; quando nao, espontinent a lado ~ relativamente & uniformidade Por outro lado amen & unifor otomia é importante: pode-se Spueaidade deta ds regras emanadas de uma aplicabilidade Sob a me teremos a uniformiza eng ranean ha Alltoridade gn, Interalizagio ~ elaborado em ~c, forme dependente de int elabor = Sno ieraroal ines que deported Inseredo nas odenam nacionais para ter validade,* * un, Finalmente, tomando em conta os crsrios de snorted ogg. do common law como um dietoautBnamo, 0 que se justia pelo relaivo pone? ‘entralizagdo jurisdicional ingles e consolida-se inclusive pela fungo das Inns of Out"? formagio ds jurstasprofssonais, que nio o estudavam nas universidades (Kosei 1955:255.262). Nocio 1 Diese Usa a nacionais, substituindo os costumes regions, como (1811) ¢ Franga (1804); em segunta, espe suas qualidades legisladores le diver Prissia (1784), Austria We « Cédigo Civil francés, por do liberalism, influencia os JotamIegislagies set alme insects & apoiad ta expan Ws nao, ue W longo do século XIX. 0 Cédigo Civil francis teve profundas ines na Texihignn de odo o mi, sen depois pera pn Co Civil alemao de 1900 (Burgerlict . iy i i t i es Gesetahuch ~ BGB), que, por seu turn, infu em diversas cuiicages, inclusive na brasileira.* A utiizagio de alguns eddigos como modelo atv, indubitavelmente, como impulso para a proximidade das dliversas legislagdes, podendo set tomada como raiz do desenvolvimento de um diteito espontaneamente uniforme, Como ressaltamos no tépico anterior, porém, a identiicagio de um énico tronco donde derivam conteidos semelhantes (primeiro © Corpus Juris ¢ depois os eéligoscivis francés, alemao e suo) ndo ésuficiente para que surja 8 uniformizagio, Também € necessirio que se apresentem condigdes socio- econémicas favoriveis, que permitam a semelhanga da regulamentagao ten dente @ resolver problemas semelhantes. Além disso, as condigées politicas podem ser fundamentaisrelativamente& ocorréncia ou nto da uniformizagéo 46, Gilssen (1986:456-458): "A inuénia dos eigos napladnicns fol muito grande durante ‘odo século XX. Ele foram plicads em todas os pales incorporadesnaFranga, er antes de 1604, quer enire esta daa e 1814 Belgica, Pies Baines, norte dala, Renin, Genebra— «foram mais ou menos volunariamenteadotados pelos paises que clam sb a infuéncia politica da Franca (Vesti, Haver, Polini, Nipolese nimerosscantes sigs). Por out lado, foram adotados pr guns paises das Amenea: Lussana (185), Hast (1826), Bolivia (1843), Peru (1852), Chile (1855), Cost Riea (1856), Unigual (1869), México (1870), Argentina (1870), Venezuela (1873) et. Alguns paises da América Cental, bem como & Colimbia eo Equador, adtaram por sa vero Cigo Civil do Chie de 1855, O céiig ci do Baixo Canada (Quebec) de 186 labora sob ain luéncia do Cade Cl, mas também sob 3 do costume de Pars do séulo XVI. Pr fim, em outos paises, numeroeos cige,sobretudo tiv, insiraram-se nos eddigos fanceses: Ilia (1865), Roménia (1865), Porcugal (1887), Egito (1875), Espanha (1889) e, mesmo, o Japio (1890). (..) A difusio do Obdigo Cv de 1804 no cesou sno no século XX, quando a Aleman, rimeiro (1900), ea Suiga, depois (1907), promulgaram oF seus cigos cis. Estes suplacaram 0 Codigo Cv Trans € tomaramse, por sua ve, 0 modelo do dreito civ para os novos pass, al como Céigo Pena italiano sia tornat af um modelo para a codifieagio do diceito penal... Disese do GB que ele & um ‘Spawerk des Liberalismas’ (produto tardio do liberalsme). No entanto, rmanteve-e até hoje em vigor e influenciou numeresas coliiagbes do séeulo XX: Bras (1916), Tindia (1925), Peru (1986), Gréva (1940), bem como as novelas (lis extravagan tes), 0 ABGB austriaco (1914-16) e a5 novas codiicages itlanas (1942) e pormguesas (21967) O céigo cil sug influencow dretamenceo dig civil treo (1926)." Arespeito da inluénca do Code Cv sabre « Cidigo argentino, conseqdentemente do paraguao~ deve ‘se resslta influéncia dire do projeto de Augusto Teixeira de Freitas, amplamente vlizado Dor Veer Sorsfild. O projeto do hse jrsta brasileiro ~inluenciado por Savigny, sem Embargo de sua notivel originalidade ~ no pode em hipéesealguma ser considerado wm Subproito do eéicenapolebnico. _ 42 Dierto Usaronst » Re1Acho Ex OnDENAENTOS yea, como na anexagio de tertitérios espont 8 HUCFAS Napolednicas « antagonismo politico entre franceses e alemies, que impulsionou os tilting,” configuagi espectiea da doutina jurdica - tomando a profissionainn® uniformizagio No campo socioeconémico, hi ~ como trago comum das nagdes ocidenta fou mesmo daquelas em suas zonas de influéncia ~ forte tendéncis + liberalizagao do final do século XVII as diltimas décadas do século XIX, tend, ‘como contraponto o desenvolvimento de um capitalismo imperialista~ funda do na expansio geogrifica de mercados e da base de fornecimento de bens de baixo valor agregado ~ que depende profundamente do poder internaciona] das nagdes. A igualdade como el minagéo dos privilégios vai implicar, post. riormente, a formagio de uma elite econémica burguesa convertida em elite politica, capitalismo industrial e imperialista, centrado na Europa ¢ nos Estados Unidos, toma-se 0 modo de profucio dominante e, conseqientemente, sua regulamentagdo entra em cena como tarefa juridica fundamental 0 direito civil tipicamente liberal adapta-se tanto aos problemas da prime’: 1a onda industrial (que se centralizou na Inglaterra, teve os téxteis de algodio como principal produto ¢ sou energia hidréulica e carbonifera), quando a simples garantia do live jogo das forgas no mercado € suficiente para a reprodu io do sistema, como aos da segunda onda (centro dividido entre Inglaterra, Belgica e Franga ¢, mais tarde, Itlia ¢ Alemanha, com ferrovias como produto central e energia de carvao), quando passa a ser fundamental garantir a expan io geogréfica pela atuaclo estatal, constitutiva de vantagens sobre as nacbes concorrentes. Isso porque, mesmo ao longo do periodo tipicamente imperialist © liberalismo interno e nas relagies de metrépole e colénia continua a ser favordvel ao funcionamento do sistema ‘Assim, o desenvolvimento de um direito civil liberal ~ expresso tanto pelo Cédigo francés quanto pelo aleméo ~ tem sentido no interior de cada nacie sobretudo com o apoio das elites nacionais burguesas, mesmo em paises pert os, onde o predominio € de elites agréria. Isso porque na periferia do sist imperialista a reprodugao do predeminio dos terratenentes passa a depends‘ insergao no modelo global -jé quea riqueza depende da exportacio de prods agricolas ou minerais. Assim, 0 crescimento de uma classe média urbana responsével pelo consumo, pela burocracia estatal e pela administracio © comércio ~ favorece amplamente os direitos liberais. No campo das ciéncias juridicas, algumas alteragGes importantes 0°" rem nos séculos XVI, XVII e XVI, que culminam na idéia de que o diel racional natural deveria ter expressdo positiva, para sobrepor os diel ag Noto ne Dintivo Union ae costumeiros locais ~ confusos e tendentes a dificultar a expansio da econo- mia burguesa. No séeutlo XIX, em parte devido ao sucesso das codificagoes, 0 direito natural perde paulatinamente sua importincia, passando-se ao dominio intensi- vo do positivismo com base na autoridade estatal ‘Uma concep¢io juridica postivista ¢ fundamental para a possbilidade de addogio de cédigos. Torna-se aceitivel que a autoridade legislativa positive um direito por meio de um cédigo, mesmo que sejam derrogadas regras peculiares ~ locais ou nacionais ~ em favor de um direito racional e positivo, Destarte, 0 desenvolvimento das teorias juridicas ~ que trataremos em maior detalhe no tépico a respeito da desejabilidade da uniformidade juridica — & que vem permitir a uniformizagao pela adogio de modelos de cSdigos. Deve-se destacar, ndo obstante isso, que essa uniformizagao j néo se faz ‘com base no respeito a um jus commune ou mesmo do desejo de uniformizar © direito em todo o mundo. Sua principal razdo é a reorganizagao interna com a finalidade de participacio no capitalismo internacional, que termina por redundar em uniformidade pela relativa escassez de modelos de direito codificado. # importante, finalmente, destacar que a concepcio juridica positivista esta nna base da possibilidade de uniformizagdo convencional, que terd seu inicio cefetivo apenas no século XIX. Tanto quanto a uniformizacéo espontinea com base nos cédigos modelares, a uniformizacio convencional depende do fortaleci- ‘mento das correntes teéricas positivstas. ‘Assim, também a uniformizagio em torno dos cédigos liberais, sobretudo civis, pode ser vista como um processo que atende a finalidades socio- ‘econémicas, O direito, como nivel da realidade, caminha com esta, conforman. do-se tanto tedrica quanto praticamente de acordo com as necessidades préticas {elacionadas com o pleno desenvolvimento das forgas produtivas. © positvismo Tegalista tem, dessa forma, relagdes com a crescente necessidade de atuacio do Estado ~ jé presentes na expansio imperialista do capitalismo ~ & medida que esta depende da mutabilidade instantdnea das regras, 0 que seria imposstvel tanto em sistemas costumeiros quanto em jusnaturalistas. Essa mutabilidade tem por conseqiéncia imediata a transponibilidade e, portanto, possibilita tanto a [dogo dos cédigos modelares (especialmente, cédigos cvis francés e alemao) ‘quanto a criagao de regras convencionais uniformes. 1.2.3 Novas tendéncias de uniformizacao espontanea Quanto & uniformizacio esponténea, pode-se ainda apontar atualmente © desenvolvimento da nova lex mercatoria. Embora sua elaboragao seja, em termos * ase yosvanney ye HE ANTENA PAE SHEN AN SEE hy ‘tn e480 AE SARA ASMA SHEARING sng Wl I NNNHOE I na Cina gba a se aa HY NAH Ba ve sna 0 BND A ANI MTG Hg ate ase stony aaa ttn tte ANAT WATE SHE TE gH sighs svnsane yah Aes guatynys gat Madey ARATE te poalayy SANE AHHH EON agan we Avvatviast mye ge AW eta etAM eH AG jostle geineyyioneatieie 4 Se AOA NE BRAT AE OCU, mse means bei ar Qh SAMHSA Han eA pe Ha sys gyms ae MAMAN, wa ata AHBUSS FNUIHANAM AD A 6 Al ae {0 loan gamnelintasle abe wnat gta yo AMMEN AAIAE Al AH Ap as wha yh 8 TaN INNS ST OA EAA 8 MNTENMN ABS dese nana gainal tae gyMneNe nntes AWE ayANtNAe AMBMAMWOHTE A ae AQvnWnbinte WH AH, AH AK ATE IATA ARGS AboTO tes, NAMA RAHN hs selon YSNMAN AANA, yA SOUS SAN HSUINE A ADAU A aE SoM ANAL WE ANN NTAN MMINKEAL ANNO MOH MAYA YAMA MEARE ‘atthe tins he aan AN NATAL \ Fata se vpntatenna eynyentne tt Wink igi Abe HOysANe KOHLER A ARNE AE yon) sunt gos au rafts MRE NONE GON Meta AME at Caton ales Oe eC ee dyvenngn sonal symm Fay abe UNNKMNEAGAY eM KALE ATS HMO Abosse oye slaw wien ay ager A anafnanunga lo ney HEHE ate ACH ls somo ties te patie wor te knots ttt sy Buns en ANS ego ts Sonne nusgnateyys FE nysbante Mat ae aeNtE ATR IEN AL STN gh pli so eatin, ote ate Te ge Anant eARAy Le ANAL MWA NNANREKY HANA te soil e agae ae haga SOMME MNS gH AO MTEL NES TE ponent, atte GI MON CUMPAN PEL AMAL Ne eApAtHont e Wsstoues ate erttltslor pinay Sao ay aporatones fy eaMOLK eS Oper.Nl tos ala nov Banas Fe it settle ten tA HA A etetivas agente la AHHH ashy soe nee LE MAE Je¥ Mirae Mt Wate BoM NeMNpHD, ponte, que I shop peta wegurtanemt agate aloe meaty eae, HN pad pant ge Uk 1 Mo WTO TINT A fess wen gla fe naan dotnet a ati Ny ay-aynn taser HANKS NAN AU te arta se von thas amt yaa We oH Ah e8 “uh Va yuaysnia oh Nay MMe MALE, NMA ANN tae nga EN os nt nn fe ty ta a fe ARN AA an A a ae FE NeAME SUETEME BET AP ANNA SF at cAgIS Heras Goats de eee NOES SE commune meters, eusmen algumts eee Nanas pet SANS ESN Work wrens aneue Sees Je soroeade EEN PORE NT STONEY MeN Gok ERAT GEES SORES GUE Ne somioemus Saenger ae cad ¢, a Stents Peis TEsrmaghs Bo ore 2 Nave Mien 2 agscnicagis 3 See Ar a Comemvcinn a seman SONS NY Se atitemeae ucen Sem mnie, As aovas Seg Same SAS SENET Sas MAS URIS Gog shee 2 Sree pe NWR Se Gs meen finan unt a genoa tase se Se Sf GOS Samer BANS cam IESE See SAETERUIC Bouche A Eat a aece SSSR fv Ame NN Se manors Semeur, g himache Ge ut Seite cunseacional Jos soar SONS AONE Ge NGS NTS Je cegEENAN nw 2 manent Se aoa 2 HeSar quamee ox auminscur Sot apcaghe. 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ANRES oMeE 2 peeks dt adminienyhe Ga Woea ~ 2 as SRS arvem pececemeent panto cuncaieny ingesmul ¢ as 46 vio Uso Reco EN: OMDINAMENTOS |A veprodugio e a expansio de um modelo socioecondmico provocam « fhedila da semelhanga dos modelos geograficamente distribudos. Em segundo lugar, inclusive por conseqiiéncia do inicialmente observado, %o espontanea nao significa simplesmente a semelhanca de regras de tino stemss nrmatos, Mais do que io, ea surge (1) da Semelhanga dy todos de operar a regulamentagao soci e (2) da uniformizagao das formas de compreensio do direito ou, em outras palavras, de sua configuracao conforme as teorias dominantes. Assim, tanto foram essenciais a centralizagio e a profissionalizagdo da aadministragdo da justiga na passagem da Idade Média para a Moderna, quanto o foram a estatizagao € 0 aprofundamento da burocratizagao dos judicitios nacionais na Idade Contemporanea. Por outro lado, o escolasticismo, 0 naturalismo e o positivismo legalista sio cextremamente funcionais para as épocas em que exister. © fato de que os modelos jurisdicionais e teéricos se tenham expandido seograficamente é, assim, fundamental para a relativa uniformizacio espontanea, 1.3 SENTIDO E DESEJABILIDADE DA UNIFORMIZAGAO E certo que, em primeiro lugar, uniformizagao do diteto se hé diferenca A percepgio dessa diversidade, cologue a necessidade de um direito apenas existe sentido em se falar de 8 consideraveis entre sistemas juridicos, entretanto, nao é sufici lente para que se Uuniforme como objetivo, oo Serumenua ‘vas tém-se alternado e complementado : are rerdph, ASsim, entendemos que o direito lgumas observagies historicas a internat vida, 0 surgimento © a sedimentaca ren OEE ont gl ands naomi» Suas raze, poem, langarn at Pet 2 COnformacio dos deat: nite noe Sociedade possives'e geese’ eS de mais nada, nad nogées de mundo & _ —_——e ocho 1 Dararo Usanons 4 Ossentido dado meta de um dieito ‘renga em um direito ideal, que de uma ordem natural tuniforme depende em grande parte da “veridvigorar universalmente como parte de A concepcio do universe como dotado de uma arquitetura harmonica Por certo mio ¢ uma nogio surgida com o racionalismo do séeulo XVII, Até mesmo nas sociedades areaicas hi, em geral, grande importancia atribuida jo mundo harménico constituido pela religifo e pelos mitos, um mundo sactalizado com semtidos simbolicamente fundados e entretecidos, que com base na ruptura com 0 profano cria @ mundo real." Da mesma forma, 4 flosofia © a religito vém articulando o universo com a harmonia buscada pela compreensio humana, De ato, a orcem como uma caracterstca do mundo esté tanto na filosofia sega quanto na religido crista, to fundamentais para a construgio do pensa- mento ocidental. Tluminismo ~Iaico, racionalista e naturalista ~ mantém as caracteristicas da ordem césmica, embora opere transformagGes importantes em. sua articulacao, Antes, com base na noséo tradicional de ruptura com o caos ~ prépria dos tmundos sacralizados -, constréi-se um mundo claramente referencalizado: com base no centro ¢ nas perfeigdes compreende-se 0 mundo humano como parcial- ‘mente incluido e parcialmente distanciado, ou sea, ordenado, mas imperfeito, Com a redefinigéo humanista - depois racional naturaisa - do papel e da situagao do homem no cosmos, entretanto, abandona-se um mundo de refe- réncias fixas e de rupturas® para ingressat num mundo continuo ~ portanto 48, Blade (d= 48-48: “0 que caracteia as socidadestraconals € a oposgto que els ssbentendem ene osu trite habitado~ eo expage desc endeernado que 9 cerca oprimeiro€0 ‘mundo (mais present: neo mirdo),o Cesiness 0 Fest joc 1m Cosmos, mas uma espéie de ‘oto mundo, um epagoeanget, cain, oxen de especros, de deménins, de ‘santos (asim, als, a8 demtnias ets las oe torts). A primeira visa, est rtura no espace parece devi & pogo enre um eto habitado e organiza, ponano, ‘cosmizad’, eo espag desonhecdo que se eende pra além das suas rots tem de uma parte um Cosmos ed uta un Cae Mas vere ‘ue, todo o teritrohabtado € um Cosmos justament porque fo consgrodo previa meme, porque, de um modo ou de ous, tal tero € aba dos Deuses ov ea em —maisespcicanente od Tine, a ‘to, a nog de um cosmos constuido por ietrquas qualitativamente ordenado pass substiuida por uma que aceita a homogemidade do cosmos e enfatiza a importénc & mmatemtica eda quantifias, Si. Kuhn (199) proporciona uma exelentenanativa do desenvolvimento das cosmologias © ‘contextossocceuturaisem que estes inser. 52, Sobre a importinia da influéncia da reaniculagio cientifiea do mundo - com base * ‘ensamento de Galileu e Descartes -, ver Wieacker (1988:284-285), 53, Starobinsi(1990:17-18), Noo Dvn Ustioran a antinaturais ~ 6 um fator necessiio ps ‘de uma conseiéneia de classe burguesa, possibilitando as reivindie ca, pos ages comm hase em um mundo idealizado, em que tiberdade toma o posto de regia natural suprema, objetivo de toda agao police rai pata propria consi da igaldade Pr ut lado, 0 racionalismo ¢ 0 naturalism surgem como componentes de um discus de iusicagto a neces de etaigio de uma nova ordem e de atclagao dos objetivos politicos e sociis:crn-se uma nova estrtura de pensamento justiicago na qual o decantad respeito pea tradigio da lugar a um repiio 90 ‘elo fraco ¢ esttica ~e deseo do novo ~transformador €vigotoso. A rao a smd stress mando lars bts ¢o sentido da ‘ia contrasta com o iracionalismo das insttuigdes tradicionais e a crenga cepa exigida pelas religides. _— 0 projeto de um direito, portanto, redefine seu sentido no ambito da utopia liberal iluminista. Um direito laico, que privilegia a liberdade ~ prépria de um sistema universal ~ diante da tradigdo — caracteristica dos costumes locais - e que se organiza em sistemas racionalmente coerentes pode, indubitavelmente, ser apresentado em oposicdo ao medieval e, pelo menos em certa medida, a0 do Renascimento. Mais do que isso, porém, 0 direito apresenta-se pela primeira vez como um meio de transformagao da sociedade, implementando um projeto amplo, aceito como capaz de melhorar efetivamente a vida das pessoas. Destarte, a codificagéo termina por se apresentar como 0 coroamento do jusnaturalismo: o direito emanado de uma autoridade central elimina tanto os particularismos regionais quanto a irracionalidade das regras costumeiras. Como projeto de uma razio que esclarece e instala a liberdade, 0 direito age como transformador da sociedade,"* como instrumento de uma nova consciéncia histérica. Se isso existia de maneira definida até o inicio do séeulo XIX, primeira- mente no diteito natural de origem religiosa e depois, com o Iluminismo, no diet natural racional,jé a escola hst6rica alems, com base em ideais roménti- os e por meio da concepeio herderiana da Histéria,* rompe com a universalid de e a atemporalidade do direito. 54, Wieacker (1968:366-367): ‘Apesar do carter muito facetado das circunstincas de seu apare ‘mento, estes eédigos apresentam um idéntco perfllespiiual. Disinguemse de todas as Snteiores redagdes de direitos desde logo pelo fato de que eles ndo fam, ordenam ou ‘melhoram (reforman’) dietojéexstnte, nem pretendem complet (..); eles dirgem- Jntes ¢ uma planificagio global da sociedade através de uma reordenagio sistematica Snovadora da matériajurdiea.(.) Os edigos jusaturalistas foram atos de transormacio revolucondria, (.) Enquanto que desde 0 Corpus Turis até o inco deste séeulo # edigio Tegsaiva em eral fra, na maior pate dos caso, osiimo dos frtos de wma antiga tradigio ‘Genta, estas novascdificagdes entendem:se antes como pr projetos de um futuro melo” 55, Belin (1991:29 8). 56, Bobbio (199551 ss) e Wieacker(1988:403 9). * 50 Dyn Uso RoiacAD Fs Onno Com a codificacio, oguida da escola da exeyese,o dieito termina reseed na ati come nivel, como seo a tansformagdey gr quer da vontade do Legislative, quer das transformagées histéricas.5” = © gue importa esata, inobstante, & que a desejabilidade incondiciong bane evidentementeractonaljusnaturatisa do diet, pots acta a exte seit hisiorica e geograficamente condicionad - abandonando a possi: de de niversalizagio no campo da azo pratica — implica a relaivagae uniformidade como meta. : De fato, mbora nio se possa afirmar que as nogoes universalistas do dizets esto hoje ausentes das articulagbes teéricas dos juristas, positivismo juridic, leva necessariamente a critérios de validade que isolam o ordenamento positing, Go direito natural. Se a nogio de sistema no direito parte da coeréncia substan, va, © que ainda ¢ predominante na sistematizagao do diteito privado pelos Pandectistas alemaes, os critérios de validade passam a ser predominantemente de ordem formal, como na formulagao kelseniana da norma fundamental," ou mesmo na norma de reconhecimento de Hart. Com isso, a prépria nocio de sistema juridico transforma-se, passando a ser visto como um sistema formal que garante a coeréncia substantiva, por meio da eliminagéo das antinomias e da integragao do diteito. E nesse sentido que a uniformidade do direito deixa de ser um dado imanente que se encontra no direito natural universal, passando a depender da unificagao em um sistema centralizado de fontes: se o diteito ¢ posto por uma autoridade (Austin), produzido com base em uma norma fundamental (Kelsem), reconhecido do ponto de vista interno de uma sociedade (Hart) ou organizado cet ordenamentos com base em regras de pertinéncia (Bobbio), sua unidade parte dessas regras sobre a validade das normas juridicas. A coeréncia do sistem Passa a ser garantida com a atividade do cientista do direito® que constré: 0 sistema substantivo pela interpretacao racional e pela utilizagao dos eritétios que eliminam as antinomias. A realizacdo dessa tarefa constitutiva da coeréneia e da completude depende da pressuposicio de coeréncia sistematica. A unidade apenas pode existir dentro de um sistema e, portanto, a uniformidade depend da centralizacio. Essa centralizagio, mesmo admitindo-se 0 monismo de base internacionsl, passa a depender da atividade legislativa e jurisdicional, ou seja, depende

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