COSTA_AP_Relacao_familias-escola._Accoes_e_representacoes

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INCURSOES NA SOCIEDADE all Za “ESS TS © Teresa Sexo «Pedro Abrantes(rganizadors), 2016 Teresa Sera Pedro Abrants(organizadores) Tncurabes nu Seciedae Eaestva Prime digo: aio de 2016 isan: 976-9984506 Dept egal 151/16 CComposgtoem craters Palatino, coepo 10 Concegin grates ecomposio: Lina Cardone ap Lin Cardoso Foto ds ops Todo Abrantes Reval de texto: Manel Cacho Timpessio acobamentos Reafbase sero fol beta de aatngb mtn Reserndos todos ot disitos por lingua portugues Es aco com legilgio et vig, por Eaters Mundo Socials Ecitora Mundos Seciais, CIES, ISCTEAUL, Ax ds Forgas Armada, 1649406 Lisboa ‘els (351) 207 903238 Fe (1351) 217 90 074 Ermaledoraciseisce pt Sie hpi/mandossectals.com Capitulo 7 Relagdo familias-escola “AsOese representagbes Ana Paula Costa ‘Acescola — enquantoinstituigio de cariz sociale politico a que todos ttm acesso — ‘aceu na formagio ds sciedades modemas que viculavam principios de igualda- ‘de de oportunidades, integrand assim um nove destino socal paraaspopulagbes. Os Estados comecarama shamarasia responsabilidadeda escolarizag das popalagses, aplicando policas que deixam transparecr a sua primazia sobre as fara. Aex- pansio da escolarizagiotrouxe uma panoplia de mudangas que concorreram para a Formagio derepresenagdes socais de valorzacio daescol, tanto 2onivel do poder po- line ientiico como ao nivel das conviegesdosindividuosefamiis Diogo, 2008). "Nas sociedades contemporineas a relagio escola-famiia & rconhecida como desejvel ereclamadi pelos profissioais de educagi. Sabendo que familia é“um dos quadros soa onde, de forma mals intensa e continu, se parlham recursos € expeiéncas, se formam disposes projets, se desenvolvem priticas quotiianase estalégas de vida” (Costa, 199264 e que a escola tem exigido de modo crescentea sua paticipagéono proceso de escolarizag,procurou-sesabercomoé queasfemii- 2 perecionam, concepualizamefazem uso das resptivasidentidadesro desenvol- vimento deestratégias relativas a0 processo de escolarizagio dos sus flhos, "A problematic da partcipagS0 ou do tipo de envolvimento das fais 0 pro- cestode eacolarizacic doshas tem sid alvo de Vérosestudosivestgacies emp Fas e sabemos que o peril socal das mesmas ugar de classe, grau de instrugio, Categoria socioprofssional, nivel econémico ou idade) define, em grande parte, os contomos desta relago. Por sua ve, esta relagio tem sido analisda considerando - cando-se em niveis da relagio diferentes dos que Ihes foram atribuidos pelos pro- fessores, como & 0 caso cas familias F5 e FB. "Normalmente, particpo nas atvidades da escola, se eu no posso vir vem meu ma ‘do, Sendo pudermos os dois éque ne, mas normalmente sim, sim, ou vern um ou m MELISSA SOCEDADEEDUCATIA vem cutro. Asvezesatévimosos dois. Nasreuniées de palsnormalmente ficono meu cantinho, £6 0 for uma coisa que este muito revoltada, mas no. [G2, F5] Eu costume vir quando atividades na escola ea mie quando pode também cosh ‘ma vi. Quando tem uma comunicagio para gente vir ey sempre digoao imo: "V8 sendotem nenhum recado para ira escola”, porqueelecostuma esquecere passa dia fa gente no sabe. [G2, FB] ‘Constata-se um desencontro entre o modo com os professores definem o envolvi- ‘mento das familias eas praticas que as familias dizem desenvolver. (Outro dado empirico de relevo é a determinacSo das familias em assumirem que tém cemo estratégia de futuro a procura de agBes de ajuda aos filhos, caso ve- sham a revelar essa dificuldade no percurso escola, afastando sempre ahipétese de insucesso consttuir um entrave a0 prosseguimento de estudos dos seus filhos. ‘O que nos encaminha para a transversalidade das representagSessociais das fami- ase queconcerned importincia dada ao valor da escola na vida dosindividuos. Seeuvirquecleestuda, masnio consegue, vou arranjaralguém que ajude,umaex- pleat. (2, 5] unto tenhom a, (02, F7] lascondigies, srranjaretumaexplicadora que uma vez porsema- ‘Se ele ver insucesso, vamos sempre tentar que ele consiga fazer alguma coisa [1 F] [sl exstem centros de estudos se eu tver possibilidade,rcorrer a explicagSes. Nom. «quees tena que virarcduse terrahel dearanjar dinheirparaald meter. [G1, 1] No que diz respeito is priticas de acomparhamento da escolaridade dos filhos, & tunanime ¢ defesa da relevancia do envolvimento dos pais, mas as formas.ea fre- quéncia com que ofazem difere, jé quenem todas o conseguem fazercoma mesma regularidade ou usando os mesmos mecanismos. ‘As familias enquadradas no grupo I fazem uso de priticas de envolvimento com maior intensidadeevisiblidede, partiipando sempre nas euniGes de pais eras atividades destinadas as familias, contrariamenteas do grupo2 que, multoembora ido sejam demissionérias, fazem-no com menor intensad e, sobretudo, usando rmeios com menor visibilidade. Esta relagio baseada em intensidade e visiblidade da patticipagio das familias leva & construcio das representagSes dos professores, de familias ruito envolvidas e familias que no se envolvem au pouco se envolvem, ‘quando os fatores reais deste envolvimento se alicergam em condigées sociais que ‘0 professores no contemplam na formulacio do tipo de envolvimento parental ‘Os efeitos cumulativos dos mecanismos de participagio ou envolvimentoex- plicito, ouseja, que tim visibilidade, conduzem a formulagio de uma representa- (io das familias pouco envolvidas que, por si mesma, é duplamente penalizante. reaghormasnsescors m3 $e, por um lado, o context socioeconémico¢o odo de funcionamentodestasfa- iniassio diferenciados as familias sinalizadas como milocneooidesaescolar- Gade dos fihos, facto de nio se apresentarem fsiamente na escola ou de o fanerem rmenos vezes reforgaa imagem negativa das mesmas junto das professo- res, Em contrapartia, como s pode observar dos iscurss das familias co todas pelos professores como milo enoaeidas, hi um conjunto de condicbes Sociis: que vio desde o funcionamenta da fri is condigbessociecénomics, gue as diferencia postvamenteelhes daa possiblidade de partipastocenvolv thento na escolarizagio dos fos. Eas familias sinalizadas como pouco ereloides na escolaidade dos filhos aque se encontvam os alunos que revelam problemticas de comportamento © de prendizagem, cnforme profericam os pais nas entrevista: “irequiet e dsta “Dinas ales” [62,78},-superouas expecativas see, porque cle nto consepc ea tar quite” [G2 TS};"56 quer ébrincar” [G2 Fal," vque cle nfo gosta de faze os trabalhos de case, noestava levand escola aio” (G2, F7} Sendo estas familias Ss-queapresentam uma condigi social mals desfavorecida ecrvzandocomasdifi Caldodes de comportamentoe de realzagsodastarefasescolares, quer por falta de ‘motivegio quer por outro tipo de difcsldades as professor recorrerm maisases- {statis pornio conseguirem dar resposta suas difculdades Por sva vez, 2s familia tem menos possiblidades decolaporarnasolucio do problems, acentuan- dioas representages negativas, por pate das professors, gerando um maior des- confor na relagio, por parte destas familias. ata além das condigbes socials disposigbes dos pais para participarem no process edicatvo dos fils, tnhamosem conta omodocomo a escolas poss Ttam ou permite esa patcipagi. Hi uma "esponsabilzaglo" da “ausénca ‘ou “inoperanca das familias no proceso de escolarizagio dos fils, mas vec Corse queas faring uj visibldade de envolvimentoémenorcorespondem si fuogees sociis que estas nio podem contorar, 8 que a escola no consegu dar tia resposta que se juste fs suas realidades Eu munca paricipel em festas ou aividades da escola, sso € que no issondod mes- ‘mo, sabe ees trés filhos, 8s vezs juntam-sereunides a mesma semana, is vezes At eu fico enervads, nfo sel como fazer para... ou vou num e no vou no outro, [oaF7) [Nés tentamos partciparnasatividades, mas ndo di. Eu acho importante paticipar nas tividades, mas calha em horérios de trabalho eno podemos it, mas seu sim, que ed para lems, nés vamos (2, F10] Existe uma vontade miitua deestabelecimento de uma relagio de conugaciode ‘esforgos, contado, ela estabelece-se com pouca intensidade ou nio seestabele ce, gerando alguma conflituosidade ou desconforto. Na pratica, corre um ciclo {que vai cansando as duas partes ea resolucdo dos problemas vai sendo protela- da, Nas familias sinalizadas como menos envoloidas € significative o sentimento de algum cansago e resignacio face as solicitagdes frequentes das professoras © 7 NCURCESNASORHOADE DATA 10 desinimo de nio ultrapassarem as suas dificuldades em corresponder a0 solicitado, (Quase todas assextasfiras, a professora me pede para vicé, porque... dumbo- cadinho irequieto.. (G2. F5] Por outrolado, a anlis muitenvolvidas tim condigdessociais diferentes, essenci almente na facilidede de deslocagio & escola e na disponibllidade de tempo ttl ppara dedicar aos iltos; quandondo o tém usam de meios que as outra familias es- ‘Go vedados: "Eu participo sempre nas atividades, sempre, nem que tivesse que mudar o turnodo trabalho” (GI, Fl], “Quando hi atividades para os paisnaescola ‘vamos sempre.” (C1, F3] ‘AF9 representa um caso muito interessante dentro do grupe 1. A mesma ‘tem uma visibilidade de participagio abaixo de algumas familia pouo envoloidas, ccontudo ¢ sinalizada como muitoenvolvida. Entendemos contribuir para este facto ‘sua condigio social. Trata-se de uma familia em que a mie, embora nao part [penas atividades da escola, tem condigGes para assegurar um contacto regular ‘com a professora: consegue marcar encontros em hordrios compativeis coma sua ‘vida profissional e com a disponibilidade da professorae, assim, ssegura uma imagem de familia empenhada. No acompanhamento dos trabalhes de casa, re- ‘corre a um centro de estudos, promovendoas aquisicdes escolares do ilho ecola- bborando com o trabalho da professora, o que, nas familias que ndotém recursos ‘econémicos ou competéncias escolares para tal, poderd significer mais um obsté- ‘culo na relagéo. Eu tenho muita faclidadeem falar coma professora, ou quando a professora me co ‘yoca oligo paraa escola ea professoraatende-me sempre...mesmo que sea na hora dorecreo...[-] paras teabalhos é necessério estar all sentada ao pé dele porque se teudesligo cl também desig... at ter optado por ele ieparaccentrodeestudos.eas- sim, chega a eas no tem trabalhos para fezer. (Gt, F9) Aida sobre este fator da relagSo, nenhuma cas familias refletiufaltade conviegao ‘ovo descompromisso com o acompanhamento da escolaridade dos fos, mas ar tes contextos sociais diferenciadores, nomeadamente a capacidade para prestar ‘uma ajuda quotidiana na realizagio das tarefas de complemento da sala de aula aro Em todas a familias hd um ou dois elementos definidos como sesponsivels por prestar ajuda aestes alunos que se encontram no 2° ano de escolsridade, Mes- ‘monnaquelas familia cujo nivel de escolaridade dos progenitores ébaixo, esse pa- pel & desemperihado pelos irmios. 2 Seatva (2010-211) conclu, na alse da elago que fanilasesiabclecen coma escola ao Ser lgitimofalamos de uma rape de mena invstinento tendo em cona a prtcas desu+ port erclandace dor nhos reaghoranduvssscour 1% aundro 18 Tipton certo com sacle" ee ce een eer cecrtater|semtmogss] maim | ews, |wnoe | el emo) B | x i x cer] # | * x * x x Fyoga ca lo: omunicagt de egdarGrestnga wn ene + aenmeio as orcaregaécs SERSERS eros de rg conor naa we Gaeta oma Wer) ‘Shit Slmoneaec ea eqn colnorag com ane perce wn tate aaa) ‘Shur esubrho rv soca de srl ep ua Eo irmo mais velho que ajudaomais novonos trabalhos deeasa ouent3o minhali- hs 2, F10) ‘Quando ee tem alguma diva pede ajuda aos manos, quando ele quer pede ¢ 208, manos que audam, eu s6 estidel até 4 clase, os manos ajudam, mas quando ele ‘quer, quando ele no quer no pergunta nem nada, pos. (62 F7] Consatare anda que existem semethangsinteras sos dos grupos de fama. Now sab os peas pals que assoguram oapoionastarefasescolaresdecomple mento eu eserclente anny engorged ‘inp eoe pape até porque tm progeitores menos escolrzades ” enbra 210.205) conclu gue os efunos defame de condo soca des favors weeebem menos apoio dos pis rnconrapartida, conta malscom0 ‘Goldener ou explcadores" Tal como Sng conll, 0 famlas de eos eis ais desfavorateis no elo derision do seu papel na educagio dos Sus ihe, “Elasinuleam com ecicinaerenga escola. se forem demisio Tarlo Sentide de que nfo querem ogo aos proescores em casa” (957: 52), Conclusses Fazendooconfronte das questées-chave que estiveram presentes neste estudo,as- ‘sim como sintetizando as principais contribulgdes compreensivas desta relagio familias escola, conclui-se existir um desencontro entre, por um lado, as epresen- tagbes dos professores face a ipologia “familias envolvidas e menos nvolvidas no processode escolarizagio dos filhos"e, por outro lado, as préticasecomportamen- tos que as familias dizem desenvolver, 16 ncutes ASE ADEROLCATEA Aspercasbsdestes dis agentes educativos apretentam derengassigificn sivas emtespecial as far do G2. Apés confronto das mestascalgorias use das por falas e professors, a familia referiram nivel mais elevados de “emvlvimento parental que os atribuidos peas professores, Perce-nospetinnte juntar a este resuliadoofacto de os contexts de referénci das fnlias da escola Serem diferentes. que pars as familias signin estar envolvid na escolaridade ‘stihosé td agullo que fazer tendoem contaos seus recursos propos: por Sua vez, escola prs referencias de envolvimento parental ourequsos prec tabelecos como awertivos ou desejvelsqueestafamiiandoprenchem ou que Sma ne ineidade de ages ur eno ford lace sas ‘As aflemagBesproferdas pelos professors nfo sfocondimnadas pels es ‘posta dads pelastamilas Meso em relatos categoris como oatendimento ‘Seencarregados deeducagto a familias spontam mals dues madaliaes ~ "so Tictado" “informal” ~ que constituem mator uso por parte das far dos dos _grupos muito emborao informal aja mais usado polo Gl, o que se deve ambém Soficto deseremeses pls que aseguramo taetocasi-escol,enquanto, em one {tapartida, no G2 slo mals os lem que ofazem. ‘As familias do G2 tém comportmentos, na relagSo com aescola, menos in- tensos ede menor visbilidadee, como tal oxpofesores atibuem-lhes um del

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