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Capitulo 1 Ver € crer ‘A ordem simbélica é assegurada assim que existem imagens, __ nas quals se acedita infavelmente, pois a propria crenca é uma imagem: 08 dois tipas de imagem so constituidos pelos 'mesmos processos e comegam com os mesmos termos: ‘memérie,vsdo e viséo, amor ou vontade, Julia Kristeva ERD p01 tomorameosprincipatent através de imagens e acreditamos naquilo que lembramos (as ices a cess denen IMIR pore Vr para rer; © MIB porque acrediternasco da mesma rez qu oar ar ‘Vem do forte acordo do intelecto, mas a intervengao da vontade ¢ sempre necesséria para convencer 6 intelacto a concordar. eee do tempo. Quando foi publicado pela primeira vez, Se ad of Aken nighcorpsieae Car fon pre's ure owe cura basbada of tina longa exporici’ ane am quo est prove fotimprsso pola primoira Vidor inglec Snorriamerteinciezoa carci tam, manuserto ro pubicade dM (2oore guerdado na bbloteca do rn Cllge, Cambridge), onde eure come "Veré sa. Leevng €amoroso, © temo vem da riz parol MU slic er a sa ot nha et, 6 “urd.” Digitalizado com CamScanner (GRABER om cou Diciondria da Concaitos ¢ Sociedade Indo-Europeus (1869), concentra: se no@G URS) (de credere, creda) e suas dervagSes, que estendem © significado de "crédito" para incluir "ser- mentira.” A conoxio esses dois tormos 6 antiga. Benveniste também se concenra na palava relacionaa kred: "Na vio aul, kred 6 considerado como uma palavra separada que significa ‘poder magico’ *kred-dhe significa, portento,colocar © “ed om lg (que rest em confanga) Endo Benveniste observa ironicamente: “Isso nao é exatamente simples, mas ndo podemmos esperar a prior que tal nogao correspenda fe idee race No prafacio da ecco co 2016 co Dienio de Benveniste, Giorgio Agamben aponta para uma anotagdo manuserita da Ultima palestra do grande linguista no Collége de France que diz: Em outras palavras (de Agamben), Talvez este gesto em direcao possa agora ser aplicado a imagens fotograficas. ‘Bem-aventurados aqueles que no viram Embora ver e crer estejam unidos ha muito tempo, uma das formulagdes mais significativas desta |uniao na tradicao judaico-crista centra-se no seu inverso, Quando Tomé duvida que Cristo ressuscitou dos mortos, Jesus mostra-Ihe as suas feridas She roun'g da crucificacao, e s6 entéo Tomé esta convencido, Mas Jesus o admoesta, a =a | social? Da necessidade forense de ver para acrecitar, de poder ‘Aiguns véem Thomas como um avatar do cepticismo, da incerteza e da divvida pés-moderos, e como um (GRID reciso mostrar-ne a ferdas, como ato Ter rsareuca sail evel here na longa historia da fotografia na documentagao de De eda a itor ca ftgrata do guora, da etograa de desastres, do fotojomalismo e do documentario sentir "a dor dos outros" (como disse Susan Sontag no seu ultimo livro publicado), de compreender a dor do ‘mundo (como escreveu John Berger na sua introdugdo para Entre os Othos') Digitalizado com CamScanner ‘Em seu livre de 2005, Doubting Thomas, Glenn W. Most aponta que 0 que a maioria das pessoas sabe (ou pensa que sabe) sobre hstéria de Tomé - que ele calecou © dado na feria do lado de Jesus ~ndo é verdade. Ou, pelo menos, no 6 biblico, Nao esta nos Evangelhos. Mas as pessoas acreditam isso porque jvram isso, repetidas vezes, em indimeras fotos. No vigesimo capitulo do Evangelho segundo Joao, Maria Madalena ¢ a primeira a chegar ao tmulo de Jesus na manhd da Ressurreicao. Ao ver que corpo de Jesus nao esta mais ali, ela corre para buscar Simao Pedro e Tomé, este uitimo aqui referido apenas como“ outro discipulo, aquele a quem Jesus amava" (algumas tradigdes acreditam que Joao é “o outro discpulo). - ple"). Quando Tomé vé que Jesus no esta mais ali “ele viu ¢ acreditou". A noite, quando Jesus chega onde esto 05 discipulos, Tomé nao esta. Mais tarde, os outros \iscipulos contam a Tomé o que viram e ouviram, e ele di “A menos que eu veja nas suas maos a marca dos ‘regos, € coloque o meu dedo na marca dos pregos, e clogue a minha mao no seu lado, Eundo vou acreditar.” Cito dias depois, Jesus chega novamente onde os discipulos estdo, e desta vez Tomé esté la. E Jesus diz a Tomé: “P6e aquio teu dedo e vé as minhas ‘mos; @ estende a tua mao © pée-na no meu lado; no sejas incrédulo, mas crente”. E Tomé exclama: "Meu ‘Senhor e meu Deus!" E entdo Jesus ihe diz: "Tenha voce acreditou porque me viu? Bem-aventurados _aqueles que nao viram e ainda acreditam.” Tomé nao pée o dedo nem a mao nas feridas, porque basta vé-las e ouvir 0 Cristo ressuscitado falar com ele. capitulo 20 termina com estes versiculos: “Ora, Jesus fez muitos outros sinais diante dos discipulos, que 1ndo estdo escritos neste livro: mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é 0 Cristo, o Filho de Deus, € que acteditando que vocé pode ter vida em nome dele.” ‘As “boas noticias” de cos Evangilns &pocsamnnt Cristo rssusciou Ero, as aposias aqui nao poderia ser maior. Como Paulo diz em 1 Corintios, 16:14: ‘Se Cristo no ressuscitou, entéo @ nossa pregagéia 6 em vo e sua fé é em vao. ‘Todo 0 discurso de divida © conviogdo & centrado preocupado com esse homem, Thomas, 0 Gémeo. Seu nome em Ae- amaic, Tome, significa "gémeo', e as vezes ¢ duplicado, com a adigdo do grego Didymos (Ar6up09), significando tanto "duvida" quanto "duplo", Como Most diz, capitulo representativo desta relagdo e a luta para acreditar. (Come disee Agostino: “Ele dvidou que née poderiamos duvider”. 5 Digitalizado com CamScanner ‘Quando Joao diz, no inicio do capitulo 20, que Tomé “iu € acreditou", 0 original grego (Jesus € 08 dise/pulos {alaram principalmente em aramaico, mas os Evangelhos ‘em sua forma mais antiga foram escritos em grego koiné) & , kal eiden kai epistousou . O verbo é moteu, que significa |oonfiar em ou em, depositar f8, confar em, acreditar ern uma | pessoa ou coisa, acreditar ou dar crédito. Esta palavra para crenca aparece, em diversas formas, mais de noventa vezes ino Evangeiho segundo Jodo. Parece apenas vinte ¢ cinco. vvezes em todos os és livros dos Evangelhos Sinépticos (Mateus, Mareos e Lucas) 10 Embora o ato fisico de Tomé tocando as feridas de Jesus nao ocorra nes Evangelhos, a imagem dele revelou- s@ irresistivel para os artistas. Depots de seu resumo da histéria das representagdes do duvidoso Tomas - desde sarodfagos em relevo e tabuas de marfim do século IV até gravuras de Direr, Schaufelein e Schongauer, ats pinuras @ escuituras dé Cima da Coneatiano, Girolamo da Treviso , Mariotto di Nardo, Marco no, Rubens, Bemardo Strozzi e Verrocchio, entre outros Most escreve: ‘Tomé exigiu ndo apenas ver Jesus, mas também tocé-lo, se quisesse acreditar. Os espectadares dessas, imagens sagradas s6 puderam ver, e nao tocar, Tomé tocando Jesus, mas muitos deles acreditaram, or causa dessas imagens, que ele realmente fez. ‘Almagem de Deus] Tablogos do Judalsmo, do Cristianismo cone a ‘séculos. No primo vo de Deus disse: "Fagamos ‘© homem & nossa imagem, conforme a nossa semelhanca”. E ‘em Génesis 5:3, etd escrito que o primeire ser humano, Ado, "tomou-se pai de um fiho 4 sua semelhanca, conforme a sua imagem’, Martinho Lutero acreditava que “o homem perdeu 1 imagem de Deus quando ele caiu em pecado.”" Os tedlogos cristéos do século IV usaram o termo Cristo, 0 Filho de Deus, era uma imagem de seu pai. A questo de saber se esta “imagem era ou nao distinta do ‘arquétipo, @ portanto subordinada a ele, era vexatéria para a igreja primitiva: ' Mas.em vez de ser subordinada, a imagem de Cristo fol apresentada como uma imagem eterna através da qual toda a criagao de Deus surge: “Todas as coisas foram criadas por meio dele e para ele” (Colossenses 1:16). Esta questio da imagem de Deus (Imago Dei) 6 uma dos casos em que vemos @ o neoplatonismo ‘em confito com seu cristianismo ‘senting Gustine pensava que a humanidade est localizada no humano Digitalizado com CamScanner monte, portant, ajimagem de Deus deve estar localzada Ia também, na trindade de meméra,ntelectoe ventade. No século XX (PSUIRIESERafirmou que a imagem de Deus 6 na verdade olive arbitio, © Em seu Retcéncias sobre o Tener ea Sedusdo Eopecular “Ualia Kristeva observa Para Santo Agostinho, por mais deformada ou viciada {que seja uma imagem, a partir do momento em que 0 6, ela sustenta a busca transcendental, mesmo ¢ talvez ainda mais se nao for a imagem de um objeto identificével. Saber disso permite-he aquele gesto maravihoso de inverter as Escrituras: *Certamonte todo homem anda em vo [=imagem|: certamente em vao se inquietam; amontoa riquezas, e nao sabe quem as reunira” (Salmos 39:6). ). Para estas linhas Santo Agostinho substitul o seguinte: *Mesmo que o homem se inquiete em vao, certamente ele anda na imagen” Caminhar na imagem sempre teve uma importancia politica e também religiosa. O conflito entre estes dois aspectos - fé religiosa e poder politico — ira em tomo das imagens desde o inicio dos tempos € continua até hoje. [A primeira fotografia Meu ramo favorto da iteratura sobre oSURRRERTURB & aquele que procura provar que o Sudario 6, de fato, um fotografia - talve: no século XIll ou XIV. Esta teoria da! foi talvez mais engenhosamente defendida pelo histotiedor de er MMMM na sua csseriagto de doutoranento para o Departamento de Belas Artes da Universidade de Durban-Westvlle, em 1993, intitulada “Os Métodos © ‘Teéénicas Empregado na Fabricagao do Sudério de Turim.” Uma outra reviravolta na teoria da protofotogratia, apresentada por Lynn Picknett ¢ Clive Prince no seu lio Sudario de Turim, publicado em 1984, 6 que esta primeira | fotografia, feta 360 anos antes do advento da fotografia anteriormente aceite, na década de 1820, fo feito néio por algum artesdo medieval andnimo, mas por ninguém menos quélleenaide Gaines (© Sudério de Turim esta hd muito tempo no centro da batalhas antigas sobre autenticidade, iconoclastia @ be- confanga am imagens. Muits cists davotos ao redor do mundo acredito que fol, 2 verdadeira mortalha que Jesus Oto deo par rs na covera quando ressusctou dos mrios {contorme nara nos Evangelhes), « que a sua propria axistincia 6 uma prova tanglvel desse evento. Os crentes afirmam que 0 Sudatio 6 achelropoética; qué, camo © Verdnica @ a Mandylion, é uma emanagao direta do Filho de Deus, sem mediagao, sem intervengao humana ou sujeita atvidade: um taco objetivo. Eles acreditam que esta imagem do corpo de Cristo crucificado, com todas as suas chagas em evidéncia, foi milagrosamente impresso neste linho ano funerério na época da Ressurteigao de Cristo. Que seja- ‘A canfiang fl aba, mss no cusbrada. moo de 1988, anda 19 Digitalizado com CamScanner étodos de detacéo por carbone mostraram quel mas de muito mais tarde, om | aigum momenta nin Mas muito antes de dceda de 1960, fotografia desempentou Lum papel significativo nos estudos do Sudéirio. Em 1898, um advogado e fotégrafo amador de Turim chamado ‘Secondo Pia foi autorizado a tirar fotografias do Sudario. ‘Quando a imagem negativa no pano foi impressa como positiva, 0 corpo @ o reso reratados ganharam vida As fotografas, ‘também permitiram que muito mais pessoas vissem a reliquia @a sua infuéncia se espathasse. A sua presenca cultural deu outra grande guinada e1 Em 1978, 0 vo de lan Wilson, © Sudério de Turim, tornou-se um grande best-seller. Em £2013, as imagens do Sudério foram transmitidas em varios sites © agora esti, claro, dis jar na Internet niveis em qualquer : ‘Num ascursonotaveimentelabinticeprofrido em 24 de maio de 1998, diante do Sudrio em Turim, 0 Papa Joao Paulo Il chamou-o de “o linho precioso que pode ajudar compreender methor © mistéie do amor do ftho de Deus por nés", mas também chramou isso de “um desafio& nossa intligéncia" Sobre questoes sobre a sua autenticidade. 0 papa objetou: ‘Dado que nao se trata de uma questo de fé a Igreja nao tem competéncia especifica para se pronunciar sobre ‘estas questées, Ela confia 20s ciontistas a tarefa de continuar investigar, para que se encontrem respostas satisfatorias 8s questées relacionadas com este lengol que, segundo a tradigéo, envolveu o corpo do nosso Redentor depois de ter sido descido da cruz. A lgreja exorta a que 0 Sudario seja estudado sem posigdes pré-estabelecidas que tomem como certos resultados que nao 0 so: convida-os a agir Nicholas Allen (agora na Universidade Nelson Mandela, em Port Elizabeth, Africa do Sul) evita assiduamente questies teoldgicas sobre 0 sudario na sua dissertacdo, oncentrando-se antes na possibilidade deste artefacto ter sido feito no periado medieval utiizando técnicas fotogréticas. Como ele diz, se provar que isso € verdade, "isso exigitia uma reavaliagéo completa da hist6ria 4a fotografia coma a conhecamos "7 Depois de contar a histéria das interpretagdes do ‘Sudério, desde 0 primeiro relato registrado em 1357 até 0 presente, ¢ refutando cada teoria de sua origem, Allen con- Conciui que "esta imagem s6 poderia ter sido produzida ‘empregando uma técnica fotograficamente relacionada.” entdo demonstra que todos os constituintes de uma foto- técnica baseada graficamente ~0 funcionamento da camera ‘era obscura, produtos quimicos sensivels & uz (cloreto de prata ‘eritrato de prata), as lentes eram conhecidas antes de 1260 « concebivelmente poderiam ter sido combinados, Digitalizado com CamScanner Grande parte deste conhecimento veio do Kitab al- manazir (Livto de Optica) de lon al-Haytham, um filbsofo natural érabe conhecido no Ocidente latino como Alhazen, ue viveu entre cerca de 965 d.C. © cerca de 1039. Os sete volumes do Kitab al-manazir contém amplo conhecimento de Sptica,incluindo a cémera obscura (0 termo latino nao foi ccunhado até 1604, por Johannes Kepler, que também usou pola primeira vez 0 termo "cémera” sozinho para sua vers80 portatil) , e existiu em traduges latinas de 1250 em ciate. Allen fomece um resume semethante do conhecimento medieval sobre reagentes ¢ lentes sensiveis a luz acrescenta que certamenteexistem outros exempos histrioos de conhecimento existente e que foi perdido por um periodo de tempo, Allen conclu seu tratado relatando como ‘empregou métodos medievals para reproduzir a imagem do Sudaro de Turm. Por que demorou tanto para “inventar” a fotografia? A pergunta certamente ja foi feita hd muito tempo. Portanto, é irresistivel fazer a seguinte pergunta: e se no demorasse tanto? Picknett @ Prince expuseram a teoria de que Leonardo fez 0 sudo usando um pedaco de tecido de sessenta a com anos @ técnicas protofotograficas para produzir uma imagem verossimil do corpo do Cristo crucificado, para Substituir 0 corpo do Cristo crucficado. imagens inferiores em tentativas anteriores de um Santo Sudairo: Nao é exagero imaginar que o inventor renascentista de maquinas voadoras, submarinos, veiculos blindados, trajes. de mergulho ¢ lentes de contato também possa ter inventado um tipo de fotografia, Sabemos que Leonardo era fascinado pela luz e pela éptica. Sabemos também que ele ‘dissecou cadaveres para aprender mais sobre a anatomia humana € concentrou-se especificamente nos efeitos anatémicos da crucificagao (embora nunca tenha pintado uma cena da Ctucificagao). Ele dissecou um olho humano e fez experiéncias cexiensivas com lentes, espelhos © uma cémera obscura (ele a chamou de coulus artificialis, ou “olho artifical’). Ele até inventou um medidor de luz! Se alguém conseguiu encontrar uma maneira de fixar a imagem de um corpo moldado através de uma abertura ou lente numa caixa preta numa ‘emulsdo sensivel, 350 anos antes de a primeira fotografia ser conheste, coe egvén 6 romenent Leona (GIR GH Picket © Prince reconhocem o que isso teria signifeave na epoca Hoje estamos tio familarizados com toda a ideia de fotografia, fotogratia que é quase impossivel para nés colocamos nds mesmos no lugar de alguém que o encontra por a primeira voz: “ceriradoum ao Wtamena ge. Tn anereato ‘Church, que suspeitava muito de qualquer inovacao. (640, que este foi um proceso perfeitamente natural... um fato que durante a idade Média e o Renascimento Digitalizado com CamScanner ‘experimentos com optica e luz eram mantidos esttamente secretos e estavam firmemente sob a algada do adepto a magia.19 Entio, talvez Leonardo tenha aceitado a encomenda, feito a “eliquia” e mantido segredo. Esta 6a teoria deles. Aliteratura do Sudario € tao conspiratoriamente mistriosa quant literatura sobre 0 assassinato de JFK, que também & Centrada em evidéncias fotogréficas, especialmente o filme de Zapruder. 20 Mas ambos os grupos de literatura — a sagrada e a sacular (8 religiosa e poder politico) ~revelam muito sobre a natureza da imagem e da crenca. Obviamente, Leonardo nao foi o unico, nemo. primeiro, que sonhou com a fotografia antes do século XIX. Picknett © Prince apontam para uma série de eventos _constitutivos na pré-historia da fotografia, incluindo a descrigao de Aristoteles da camara escura no século IV aC; a descrig&io do poeta romano Estacio de capturar imagens de pessoas em espelhos de prata em suas obras do século | dC; e a mengao de Plinio a sensibilidade do cloreto de prata a luz em sua Histéria Natural, também no primeiro século; até a descrigSo da cémera escura feita pelo hermetista e alquimista Giovanni Battista della Porta em 1552, e as lanternas magicas do hermetista © alquimista Athanasius Kircher na década de 1640. Digitalizado com CamScanner Capitulo 2 Benjamin sobre fotografia e crenga HA um terno empirismo que se torna totalmente idéntico ao objeto, tornando-se assim uma teoria verdadeira, Goethe ‘A declaracao mais extensa de Walter Benjamin sobre fotografia, “Pequena Histéria da Folografia’, apareceu em trés capitulos da critica literaria Die literarische Welt, em setembro e outubro de 1931. Benjamin disse a Gershom Scholem que esta pesa “se desenvalveu a partir de prolegémenos". ao seu Projeto Arcades. O seu fascinio pelo novo melo fol despertado pela sua amizade com LLaszl6 Moholy-Nagy, cujo livro Malerei Fotographie Film (Pintura Fotografia Filme) foi publicado em 1925, bem como pela sue amizade com 08 ftdgrafos Sasha Stone, Giséle Freund e Germaine Krull. Em "Pequena Historia da Fotografia’, Benjamin procura abordar "questées filoséficas que acompanham a ascensao e 0 declinio da fotografia” que ele pensava ainda no terem sido adequadamente considerades. Quando a pega apareceu em 1921, praticamente nao teve impacto no mundo da fotografia e foi sumariamente ignorada por quase todos os outros, Na verdade, ndo teve. qualquer efeto até as revotas estudantls ca década de 1960 na Europa, depois de ter sido republicado na Alemanha, em 1963, num pequeno volume, juntamente com "A Obra de Arte * na Era da Tecnologia de Benjamin. Reprodutiblidade" (1935-1936), "Smal History" foi frnalmente publicado om inglés Digitalizado com CamScanner tradugao na década de 1970 (incluindo no Artforum em 1977), bem a tempo de ter uma influéncia considerével na fotografia e na teoria pos-modernas. No inicio de “Small History”, Benjamin ensaia habilmente a historia inicial do meio @ diz que esta historia da fotografia tornou dificil “desenvolver insights genuinos sobre a sua esséncia’ As tentativas de dominar o assunio teoricamente tém sido extremamente rudimentares. E por mais que tenha sido discutido no século pasado, fundamentalmente nunca houve qualquer abandono daquela formula ridicula com que um trapaceiro chauvinista, 0 Leipzig Anzeiger, pensou que deveria contrariara arte francesa do Diabo ' desde 0 inicio. “Querer fixar reflexdes fugazes', opina, "esta ndo é apenas uma busca impossivel, como estabeleceram investigagées alemas, mas o proprio desejo de fazé-lo 6 uma blasfémia. e a imagem de Deus nao pode ser capturada por nenhuma maquina feita pelo homem.” sobre 0 qual os teéricos da fotografia discutiam durante quase cem anos, sem, claro, chegaraladonenhum. —* wuciosas, Benjamin viu algo muito mais fascinante na fotografia, incluindo um “inconsciente éptico’, que ele diz que s6 se pode aprender através da fotografia. “E de fato uma natureza diferente que fala & cémera daquela que fala ao olho’, escreve ele, “diferente sobretude no sentido de que um espaco saturado por uma pessoa que esti consciente 6 substituida por outra saturado inconscientemente. " Ele ensava que “a composicio das estruturas, do lecido celular, {todas aquelas coisas com as quais a tecnologia ea medicina contam lidar" estavam todas relacionadas principalmente acters: Mas, a0 mesmo tempo, a fotografia revela neste material aspecios fsionémicos, mundos imagéticos, que habitam 8 coisas mais pequenas, interpretaveis e latentes 0 suficionte para terem encontrado um refigio nos devaneios Mas agora, & medida que se tormaram ampliados e articuléveis, tomam manifesto como a diferenga entre tecnologia © magia & uma variavel completamente histrica, Voktaremos 20 tema da tecnologia e da magia mai tarde. Mas, primeiro, em “Pequena Histéria", Benjamin d& ‘uma definigao de “aura, como “uma tama peculiar de espace «2 tempo: a aparéncia singular apenas da distancia, embora pode estar perto.” E isso o leva a caracterizar nossa relago atual ¢ futura com a imagem fotogratica: "Cada da cada vez mais irefuavelmente @ necessilade de ‘se serve para agarrar o objeto de perta em uma imagem, (ou melhor, uma reprodugéo."5 Benjamin pensava que a fotografia surrealista primitiva “abriu caminho para um olhar polticamente educado, segundo 29 Digitalizado com CamScanner AeA ‘20 qual todas as intimidades dninuem em favor da uminagio dos detalhes.” Essa atragao pelos detalhes, despojada de ura @ intimidade, sinalizou uma mudanga para uma crenga, | blasforma na propria cols Berger sobre fotografia e crenca ‘A tradugo inglesa de “Small History of Photography” que teve maior alcance no inicio foi a de Edmund Jephcott ¢ Kingsley Shorter, incluida na colegao One-Way Street and Other Writings, publicada por Harcourt Brace Jovanovich em Nova York em 1978, e em Londres, um ano depois, pela New Left Books, com introdugao de Susan Sontag, Outra teoria signiticativa e reveladora da fotografia logo surgiu no ensaio “Appearances” de John Berger, publicado em 1962 como parte de seu livro com o fotégrafo Jean Mohr, Another Way of Teling. O ensaio de Berger surgi da experiéncia de colaboragao com seu amigo Mohr nos livros A Fortunate Man: The Story of a Country Docior (1967) ¢ A Seventh Man: Migrant Workers in Europe (1975), durante os qua tanto Mohr quanio Berger comegaram Questionar uma série de "suposigdes geralmente | feitas sobre a fotografia’, relativas 4 sua objetividade € valor de verdad. Essas suposigdes foram atribuidas, " a fotografia a partir de seu contexto historico. Quando a primeira cémera pratica (daguerrestipo) foi apresentada a0 pablico em 1839, observa Berger, Auguste Comts estava apenas concluindo seu Cours de Philosophie Positive, que postula que a forma mais elevada de conhecimento (maior que a da teologia ou da metatisica) 6 a descrigao simples dos fendmenos sensoriais, baseada inteiramento na observagao direta, © posiiviemo, a cémerae a socilogi cresceram juntas. © quo sustomou toca las come pte fo cronga co que facies observavais © quatiicéveis,registados por Cerise © especies, um dia fereeram ao homem um concierto to toa sobre a netureza © a sociedede ue ele seria capaz de odenat ambes. A precisdo substituiia a metatisica, planeamento resolver 0s conflis socais, a verdade substi a subjetvidade 0 tudo 0 que estava escuro @ escondido na alma seria tuminado pela conhecimento empleo. * Esta utopia positivista no se concretizou, embora tenha ‘oro um progresso cientifco @ teonoi6gico sem precedentos. (© que aconteceu, em vez disso, nos termos de Berger, fol “ossistema global do capitalismo tardio em que tudo 0 que existe ge torna quaniiicdvel -ndo simplesmente porque pode er reduzido a um facto estatistico, mas também porque fol reduzido a uma mercadoria." Esta transformacdo leva a uma “supressao primaria da fungao social do ‘subjetividade’, que por sua vez afeta tanto 0s usos da fotografia fotografia e sua recepgéio: ‘As fotografias, dzem, dizem a verdade, A partir deste sim- ificacdio, que reduz a verdade ao instante CConsequentemente, segie-se que o que ume fotografia cz Digitalizado com CamScanner sobre una ports ou um vlc petancs & mesma order de verde «que aquilo que conta sobre um homem chorande ou sobre 0 ety de amine. ‘Sonenhums dingo todrica har edo ft otro entre a fotografia como evidéncia cientifica e a fotografia como meio de comunicagao, isto do foi tanto um descuido, mas uma proposta. A proposta era (# é) que quando algo 6 visivel, é um fato, e que os fatos contém a Gnica Para Berger, entéo, pelo menos no que diz respeito a0 Uso piiblico da fotografia (em oposigo ao seu uso individual @ pessoal), ‘a negagao da ambiguidade inata de fotografia ‘esté inimamente ligada & negagao da fungao social da subjetividade”. * > Berger faz a distingao entre as aparéncias (0 que 0 olho ip) ve) eo que a camera registra. Como ele diz: "As Fotografias ao traduzem as aparéncias. Elas citam-nas."" isto infuencia a relagao da fotografia com a verdad. "Em si, a fologratia ndo pode mentir, mas, da mesma forma, no pode dizer a verdade. ; ou melhor, a verdade que ela diz, a verdade que ela pode por si mesma defender, ¢ linitaca.” Ele pergunta se 6 possivel que as proprias aparéncias, ‘constituam uma linguagem, uma vez que elas so coerentes € ‘possuem algumas das caracteristicas”. qualidades de um cédigo. "4 Eventualmente, ele escreve que as aparéncias ‘constituem uma "meia-linguagem" Soy wWeitos A ROCHE e ‘A meialinguagem das aparéncias desperta continuamente uma expectativa de significado adicional Buscamos revelagao com nossos olhos. Na vida esta expectatva raramente ¢ satisteta. A fotografia confirma esta cexpectativa e confima-a de uma forma que pode ser pari... Na Folograia expressiva, as aparéncias deixam de ser oraculares e tornam-se elucidativas. E esta conimsgo ave nos move. Para além do acontecimento fotografado, para além da lucidez da ideia, somos comovidos peta concretizagao, na fotografia, de uma expectativa intrinseca & vontade de olhar. A c&mera completa a mia, linguagem das aparéncias e articula um sentido inconfundivel. Quando isso acontece, de repente ‘nos sentimos em casa entre as aparéncias, comonos sentimos om casa na nossa lingua mateena.15 © reconhecimento de Berger da “supressao da funcdo social da subjetividade” que surge da negacao da ambiguidade inata nas fotografias leva-o a insights sobre @ relagao entre fotografia e crenga. A superficie fotografica, agora confinada principalmente as telas, completa fugazmente a “meia-linquagem” das aparéncies ‘mas tab & cotinamertecontinado com paawas ao longo do bmpo para ativara crenga, alravés da meméria, ‘Berger ese70ve apabtoradamante sobre a voléneie cometida conta a experiéncia subjetiva pela historia, e sobre 0 con- ‘eslorgos cerfeados por seres humanos paa preserva a experéncia face a esta violencia, pois "centenas de milhoes de u Digitalizado com CamScanner {fotografias, imagens trageis, muitas vezes levadas junto ao coragio ou colocadas 20 lado da cama, servem para se refer Aquilo que o tempo histérioo nao temo dlreito de destrui-"16 Barthes sobre fotografia e crenga Em Camara Licida (1981), Roland Barthes propée-se “aprender a todo o custo 0 que a Fotografia era em si, or que caracteristica essencial ela devia distinguir- se da comunidade das imagens”. , aponta 0 dedo para alguma coisa e diz: “Olha, ai esté.” Ela *ndo pode + escapar dessa linguagem deitica pura, Além do mais, esta ligapSo direta ao referente no pode ser aterada. ‘Como diz Barthes, “o referente adere". E isto que torna tao dificil ver a fotografia como ela é, Considerar a fotografia em si, devido a esta deflexaio inerente. © mundo vem correndo. Assim, Barthes decide concontrar-se apenas em algumas ‘oiogratias que so passoaimente sigiiatvas para ole, para fazer de mim mesmo a medida do ‘conhecimento” fotogratico, Ele pergunta: "O que meu corpo sabe sobre fotografia?” © 2 resposia vom rapidamonte: “aquela coisa torivel que esta presente em todas as fotogratias: 0 retorno dos morts’. ‘A abordagem de Barthes, no inicio, é geralmente ‘encmenoiégica (0 lvro & uma homenagem a fenomenciogia da imaginagao de Sartre), mas ele admite que é “uma fenomenologia vaga, casual e até cinica,téo prontamente concordou em distorcer ou evadir-se". seus principios de ‘acordo com 0 capricho da minha andlise.” O que foi inad- (© que ha de mais equacionado sobre a fenomenologiacléssica da adolescéncia de Barthes fol que ela ‘nunca, até onde ime lembro,falou de desejo ot luto’. Nao poderia, em outras, palavras, lidar com a crenga, Como espectador, Barthes quis explorar a fotografia “no como uma questdo (um tema), mas como ums ferda’. Como Tomas. Para o espectadior de Barthes, o studium é "uma ‘espécie de compromisso geral, entusiéstico" que é cultural, 0 punctum, que perturba o studium, 6 uma ferida, como picadas ou pontas. O studium é “da ordem do gostar, no do amar” ¢, nos seus termos, “6 como se eu tivesse que ler 08 mitos do fotégrafo na fotografia, confraternizando com eles, mas sem acreditar neles’. ‘Arava do.que ele chama de Fotografia do Jardim de Iverno, uma imagem de aus mBe recentemeniefloida querdo carga, Bar ‘este encontra 0 seu caminho, onde ele deve “interrogar 0 da fotografia, no do ponto de vista da satisfacéo claro, mas em rlago ao que chamames romentcamente de amore morte.” A esséncia da fotografia é a crenga certa que seu referente realmente existiu, 0."que-fol" ‘A fotografia tem algo a ver com a ressurreigao: ndo poderiamos dizer dele o que os bizantinos disseram dda imagem de Cristo que impregnou o guardanapo de Santa Verénica: que nao foi feita pela mao do homem, ‘acheiropoietos? 18 Barthes pensa que o “que-foi” ou a “intratabilidade” da fotografia é algo novo no mundo. Digitalizado com CamScanner Talvez tenhamos uma resisténcia invencivel em acreditar no passado, na Historia, exceto na forma de mito. A Fotografia, pela primeira vez, poe fim a esta resistencia: doravante, 0 passado é téo certo como © presente, o que vemos no papel é tao certo como aquilo que tocamos. E 0 advento da Fotografia —@ no, como foi dito, do cinema ~ que divide a histéria do mundo. 18 E esta novidade tem uma natureza particular. “Os realistas, entre os quals eu fago parte, ndo tram a fotografia como uma ‘ebpa! da realidade, mas como uma emanagto da realidade passada: uma magia, nao uma arte.”20 Este tipo de fotografia “ealiza 0 inédito”. de identiicacdo da realidade ((que-fot) com a verdade (lé-ela-esta’; tora-se a0 mesmo tempo evidencia ¢ exciamativ ‘Ao final de seu livro, Barthes reflete sobre a situacéo tual, politicamente, “0 que caracteriza as sociedades ditas, avangadas € que hoje consomem imagens e nao ‘mais, como as do passado, ctengas; so, portanto, mais, libersis, menos fandticas, mas também mais ‘alsas! (menos “auténticas’,” Para Barthes, @ escolha é entre a fotografia louca ou domesticada: Manso se o seu realismo permanecer relativo, temperado or habitos estéicas ou empiricas. {for absolut e, por assim dizer, original, obrigando a consciéncia amorosa e aterrorizada a retornar A propria letra do Tempo: um movimento estritamente repulsive que luce se esse reaisme ee inverte 0 curso da coisa, e que chamarei, em conclusao, de éxtase fotografico. Tais so os dois caminhos da Fotografia. A escolha é minha: submeter 0 seu espeticulo ao cédigo civilizado de ilusGes perfeitas, ou confrontar nele © despertar da reaidade intratavel” Em Camera Lucida, Barthes tenta explicar 0 dominio que uma queria fotografia de sua mae exerce sobre tle, nao tanto pelo seu significado simbélico (0 studium), mas pelo seu significado pessoal e penetrante (0 punctum). E neste ditimo dominio que entra a crenca, apés esta ferida do desejo e do luto, inexoravelmente ligada @ morte e a perda do ser amado. Analogias No primeiro volume de sua historia da fotografia, The Mi- Aculo de Analogia (2015), Kaja Siverman se move agressivamente contra “a nogéo de quo uma fotografia é um vestigo da sua referents, portant, a9 mest tempo probatéro.@ memari no caminno para provar qu “a imagem fotogrtica & uma analog, om vez de una repesentag om incon.” Para fazer isso, ola dé uma nova letura da historia da fotografia phy, comegando com a camera obscura ("Do final 1500 até o final de 1700... a camera obscure era perce camo urine contin un eon pe deter rinrand o qu oa 'jtvamentvarcadsis 2), procdendo 08 inventores Daguerre "0 DAGUERREOTIPO nio & fig ato Ome tipos ts de i pee s a no indique Relepo |“ oe salyeaaes ga reais Digitalizado com CamScanner apenas um instrumento que serve para desenhar a Natureza; pelo contrario, ¢ um processo quimico e fisico que the da 0 poder de se reproduzir."23) e Fox Talbot ("Nao é o artista quem faz 0 quadro, mas quacro que faz a si mesmo."24). A fotografia nao é um meio que foi inventado por {18s ou quatro homens nas décadas de 1820 e 1830, ‘que foi methorado de diversas maneiras ao longo do século seguinte © que agora foi substtuido por imagens computacionais. &, antes, a principal forma do mundo se revelar a nés — de demonstrar que existe e que nos excederé para sempre. A fotografia é também um cartdo de visita ontol6gico: ajuda-nos a ver que cada um de.nés é um né numa vasta constelacao de analogias.25 Silverman esta parcialmente, imagina-se, respondendo Nada pode impedir que a fotografia seja analégica; ‘mas, a0 mesmo tempo, 0 noema da fotografia nada tern 2 ver com analogia (uma caracteristica que partha com todos os tipos de representacées).... Perguntar se uma fotografia é analégica ou codificada nao é um bom melo de-andlsa, O importante 6 que a fotografia ppossua forga probatéria e que 0 seu testemunho nao se relacione com o objeto, mas com o tempo. Do Ponto de vista fenomenolégico, na Fotografia, o poder te autenticagoultapassao poder de representa, 26 \ gre vance tlie ahr $i, danas He yerdade Alem do indice Como disse Franz Kafka a0 jovem Gustav Janouch: ‘Nada pode sor tio onganador como uma fotografia "27 Nada pode set té0 enganador porque nada promete veracidade como uma fotografia. & esta promessa de fidelidade, de Luma relagdo especial com o real, que toma o engano tio atrangonta Benjamin, Berger © Barthes anaisam a promessa de fdelidade na fotografia de maneiras diferentes, mas relacionadas. Uma des principals bases para a revinccacbes de verdad ca fotografia ao longo dos itimos quarenta anos tam sido a sua indrctdede. Oto & trio a wot verison de Coa Sanders Poe sobre as és manera plas quaisum sign pod erent seu bjt uma conex existence (hides), ums semelnanea com ale (cbrco) cu de coro com um hit ou i (simbsca) Tom Gunning 2 um dos argumentos mais convincentes arguentos conta aconflnga excessive na indeseaicade quanco pensando em fotografia, em um ena inttuiado "O que ha © Bont ce Lm inc ou, Falstficagao de Fotogratis’. erregue ‘a um coléquio sobre "Estética Digital” e publicado em 2004.28 “0 apareino, por si 86", escreve ele, “ndo pode ‘mont, nem dizer a verdade. Sem linguagem, ume fotografia evo dos persons para zn eas sce iso 0 pare x0” Gurniog argument, junto com André Bazin em “A Ontologia do Imagem Fotogrfica", que "uma fotografia nos coloca no presenga de algo, que possui uma ontologia fm vez de uma semistic’ Indeyizal — semasio — Se obj re fie! 2 Digitalizado com CamScanner Nao ha como confundir uma fotografia como mundo; ‘sua quiotude, fronteiras, sensagio de textura, etc, profbem isso. A fotografia, portanto, néo me afeta como uma alucinagao. Mas fora de alguma forma de analise, ndo tenho ‘carteza so narmalmante abortames a fotogra semicticaments, isto 6, tomando-a como signos. Certamente uma fotografia pode funcionar como um sinal para algo, {geralmente o seu tema, uma lembranga de um lugar ou de uma pessoa, uma forma de identiiear ou rfer-se a algo. Mas penso que este & um processo secundério elativamente ' sua capacidade como imagem de nos apresentar uma imagem do mundo... Enquanto os signos reduzem a sua referéncia a uma significagao, eu dira que 4 fotografia _abre uma passagem para 0 seu tema, no como signifcagao, s mas como mundo, miiipo e complexo.29 ek 0 29 J Ging pecqunta:"Seré 2 2 sufciente para explicar verdadeiramente o que Bazin descreve ‘como @ poder irracional da fotografia para destrur a nossa fe" ‘@responde negativamente: taco indicial com UM Eu diria que ainda temos apenas o inicio de um telato do fascinio que a fotografia exerce e, embora © uso do termo “indice” possa ter ajudado a explicar alguns aspectos deste fascinio, nao tenho a certeza de que seja um método adequado ou termo preciso, A categoria semistica do indice assimila a fotografia ao dominio do signo, e embora uma fotografia como quase tudo (tudo?) possa ser usada como um signo, pense que esta abordagern ‘slmina prematuramente as afemacées feilas por teens como Barthes, Bazine penso Deleuze) de que a fotograiaexcede 2s fungBes de um sigho e que isto de facto faz parte do tascinio que ola oteroee. ... Aqui o nosso doleito pola. iluséo visual pode deserpenhar um papel tio importante | - quanto a indexbalidade. E se quieras lidar com tusdes, parece-me que 0 jogo com imagens fotogréificas que a revolucdo digital pesmite,pode fomecer a campo de jogo! laboratério pereto para ura maior compreensiio de umn fescinio quo, segundo ou, provavelnonte ter um fluro. 30 ‘Aindescaiaace tem serdo, 0 longo dos vitmos quarenta anos, como uma espace de materialzagéo da cena. ‘A maiovia das afirmagdes do verdad sobre a fotografia bascia- se em diversas afirmagées da ‘objetividade” da fotografia, Em rmuilas das fornulagées anteriores, pensava-se que 2s folografias ser mais objetiva do que as imagens tradicionais, sem a ‘mancha humana da subjetividade. Esta ideia eepecitica sobre fotografias configuram a longa e envolvente luta da fotografia fotografia seja aceita como arte Benjamin, Berger ¢ Barthes concentraram-se todos no sub- ‘a sunjotwicade 4a foograta, especialmente a sua ‘subjtvidade soci ‘Seus argumentos a favor da subjetividade da fotografia tormam-

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