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41 fatores Jeferson Gervasio Pires Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes Maiana Farias Oliveira Nunes ‘Ao interagit com as pessoas, mapeamos infor- mages sobre elas, de forma que seja vidvel infe- rir, em um processo nao profissional de avaliagio (Pasquali, 2001), sua personalidade e, se preciso, descrevé-la em nosso cotidiano. Como exemplo, a0 longo de um ano letivo, os alunos observam as caracteristicas mais marcantes de seus professores e, da mesma forma, os professores conhecem seus alunos. Depois de algum tempo de convivéncia ja é poxsivel que os alunos consigam elaborar uma descrigio de caracteristicas de seus professores, inclusive com alguma confianga, O mesmo ten- de a ocorrer em relagio aos professores. Isso possivel porque, na maioria das vezes, as pessoas iro expressar comportamentos consistentes esse padrio possibilitara que os demais reconhe- am nessas pessoas caracteristicas tipicas, que as diferenciem das demais em sociedade. Podemos dizer que a percepcio sobre as caracteristicas psicolégicas de certo professor tende a ser com- partilhada entre grande parte dos alunos, o que indica que elas possuem certa concordancia gru- pal, mostrando-se consistentes em relacio a como sio percebidas. As caracteristicas que costumam ser observadas nos individuos em suas interacdes sociais, enquanto trabalham ou em outros con- textos, fazem referencia a manifestagbes do que € denominado na literatura cientifica como tracos Avaliagdo da personalidade e o modelo dos cinco grandes de personalidade. A avaliagao dos tragos de pee sonalidade permite conhecer o modo mais tic das pessoas agirem, perceberem/interpretarem g ambiente ¢ sentirem 0 que Ihes ocorre (Costa & McCrae, 1992a). Diferentes modelos foram propostos nas dii- mas décadas para a compreensio de quais seriam os tracos de personalidade mais recorrentes em diferentes sociedades € como se organizam (John, Angleitner, & Ostendorf, 1988). Dentre os mo- delos propostos, 0 dos Cinco Grandes Fatores (CGF) é um que tem recebido grande atengio por parte da comunidade cientifica e tem se most- do relevante em pesquisas envolvendo personal- dade em contextos muito variados. No presente capitulo, além de discutirmos o modelo dos CGF, apresentaremos alguns instrumentos para sua avaliacao. Igualmente, destacaremos alguns ava 08 € desafios que esses instrumentos tém posi: bilitado ao campo da personalidade, destacando sua importincia nas descobertas relacionadas 20 desenvolvimento humano ao longo do ciclo vial O que sao tragos de personalidade? Tragos de personalidade representam pF drdes de funcionamento (cognitive, comport mental e emocional) individuais, que podem & 41 Avaliagao da personalidade e o modelo dos cinco grandes fatores reconhecidos nas diferentes culturas, Por serem relativamente estaveis, esses padrdes fazem com que as pessoas se comportem de determinadas formas tipicas, e demonstram, por consequéncia, as diferencas individuais. O estudo dos tragos tem origem nas teorias fatoriais da personalida- de, desenvolvidas por Gordon Allport (1897- 1967), Raymond Cattel (1905-1998) ¢ Hans Eysenck (1916-1997) (Nunes, Zanon, & Hutz, 2017). Em comum, esses teéricos concordavam com a hiporese léxica, ou seja, de que as pes- soas possuem tendéncia a utilizar palavras para descrever caracteristicas que sejam relevantes em suas interag6es sociais (Nunes et al., 2017). No entanto, diante da variedade de termos possiveis para descrever as pessoas, © que pode ser identifi- cado, por exemplo, em dicionarios, esses autores valeram-se de analises estatisticas, especialmente aandlise fatorial, com 0 objetivo de identificar de que forma os fendmenos psicolégicos pode- riam ser compreendidos em termos de dimen- ses (ou fatores) (Nunes et al., 2017). A partir disso, diferentes modelos foram propostos para explicar a personalidade Jiohn, Angleitner, & Ostendorf, 1988). ‘Um dos modelos mais aceitos cientificamente para organizar hierarquicamente os tragos de per- sonalidade refere-se aos Cinco Grandes Fatores (CGR) (John, Naumann, & Soto, 2008; Silva & Nakano, 2011). Trata-se de um modelo que representa a personalidade de forma simples, clegante e econdmica (Nunes, Hutz, & Nunes, 2010). Sua estrutura, composta por cinco di- mens6es basicas, resulta da convergéncia de es- tudos reportando andlises fatoriais, realizadas de forma independente, em diferentes culturas. Por 480, sio chamadas de “fatores”. Nessas andlises tem-se concluido que os tragos sao ortogonais, nio correlacionados uns com os outros, mas que Segdo5 495 podem ser subdivididos em facetas, que sio um conjunto de subfatores intercorrelacionados, gerando-se uma taxonomia hierérquica (Oecd, 2016); 0 que justifica 0 rétulo de “Grandes”. Vale mencionar que outras medidas de perso- nalidade, criadas a partir de diferentes modelos, quando submetidas a anilises fatoriais, eviden- ciam uma estrutura similar aos CGF (Nunes et al., 2017). Os cinco grandes fatores serao apre- sentados na sequéncia. Extroversdo (E) € 0 nome atribuido a um conjunto de caracteristicas que indica como as Pessoas interagem com as demais. Esta associa- do com a quantidade e a intensidade das relagdes interpessoais, revelando o nivel de atividade, necessidade de estimulacio ¢ da capacidade de alegrar-se dos individuos. Pessoas altas em ex- troversdo sao reconhecidas por serem sociaveis, comunicativas, falantes, otimistas, dominantes e assertivas. Além disso, gostam de ser o centro das atengées, mostram-se A vontade para falar sobre si, preferem tarefas coletivas, e conseguem mani- festar seus interesses ¢/ou lutar por seus direitos (Costa & McCrae, 1992a; Nunes et al., 2010, 2017). Por outro lado, aqueles que sao baixos em extroversdo tendem a ser reservados, preferem tarefas individuais, nao gostam de ser 0 centro das atengées, e a valorizam nos momentos em que esto sozinhos. Inclusive, para essas pessoas, muita interagao social pode representar uma de- manda que elas possuem dificuldade para lidar. Abertura (O) diz respeito ao conjunto de ca- racteristicas que indica a tendéncia ao comporta- mento exploratério, além do interesse por novas experiéncias, Refere-se a0 quao curiosas, imagina- tivas ¢ abertas as experiéncias as pessoas sio, re- velando ainda seu nivel de flexibilidade de forma geral e 0 quio convencionais ou inovadores sio seus valores. A abertura pode referir-se a aspectos 496 Seferson Gervasio Pires, Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes e Maiana Farias Oliveira Nungg distintos, seja mais vinculada a ages ou ideias, ou seja, a mesma pessoa pode ter alta abertura para novas ideias, mas baixa abertura para mudanga de rotina (agdes). Pessoas altas em abertura sio conhecidas por serem curiosas, imaginativas, cria- tivas, ¢ por possuirem valores nao convencionais. Além disso, gostam de explorar novos elementos, costumam possuir interesses artisticos € valori- zam a vivéncia de diferentes ¢ novas experién- cias. Por outro lado, pessoas baixas em abertura costumam ser mais convencionais e tradicionais, além de mais rigidas e dogmaticas em suas prefe- réncias crengas, mostrando-se pouco abertas 3s novas ideias ou as novas agdes (Costa & McCrae, 1992a; Nunes et al., 2010, 2017). Por sua vez, Realizagdo ou Conscienciosida- de (C) indica o grau de disciplina, de responsabi- lidade e de busca pela qualidade no que fazem. Revela 0 quanto as pessoas sao persistentes, organizadas, controladas e motivadas em dar conta de suas demandas cotidianas. Individuos altos em realizagdo sio conhecidos por serem trabalhadores, pontuais, responsaveis; muitas vezes detalhistas, e por concluirem aquilo que se propdem a fazer. Essas pessoas conseguem man- ter a motivagdo, ainda que diante de dificulda- des, e tém clareza dos seus objetivos (Costa & McCrae, 1992a; Nunes et al., 2010, 2017). Por outro lado, aqueles que so baixos em realizacao Possuem como caracteristica 0 pouco compro- metimento com as tarefas, podendo desistir de tarefas ou de objetivos com facilidade, frente a obstaculos; tendem a ser mais indecisos quanto ao que querem, planejam menos suas agées e nao se preocupam com a qualidade dos trabalhos que realizam. Costumam ser conhecidas como relapsas, irresponsaveis e descuidadas. Ao seu turno, Socializacdo ou Amabilidade (A) € a dimensio da personalidade que diz res- peito profundidade das relagoes interpessoais, Revela a qualidade das interagdes que as pes. soas mantém, que pode variar de grande nivel de empatia e compaixao, interesse genuino em promover bem-estar das pessoas; até, no outro extremo, caracterizar-se por padroes de cruelda. de, hostilidade e antagonismo. Individuos altos em socializagdo sao reconhecidos por serem sin- ceros, generosos, bondosos, amaveis, prestativos ¢ altruistas. Essas pessoas tendem a confiar nos demais, mostrando-se competentes em oferecer carinho, perdio € cuidado (Costa & McCrae, 1992a; Nunes et al., 2010, 2017). Diferente- mente, pessoas baixas em socializagao sao tidas como intolerantes, cinicas, manipuladoras, com- petitivas, vingativas e pouco confidveis, Além disso, tendem a ser egofstas, ndo cooperando nem confiando nos demais. Por fim, Newroticismo (N) é 0 dominio da personalidade que indica o nivel de ajustamento emocional das pessoas, revelando como elas ex- perienciam ¢ expressam suas emogdes negativas (afligao, angiistia, sofrimento) no cotidiano. Esse trago varia entre estabilidade e a instabilidade emocional, sobrelevando a tendéncia de como as pessoas reagem emocionalmente as ocorrén- cias do cotidiano. Pessoas altas em neuroticis- ‘mo sio conhecidas por apresentarem sofrimen- to emocional, niveis clevados de ansiedade, de depresso, impulsividade em situagdes em que vivenciam de emogoes negativas, e preocupagio excessiva com a opinio dos demais (Costa & McCrae, 1992a; Nunes et al., 2010, 2017). Por outro lado, pessoas com baixo neuroticismo sio reconhecidas por apresentarem estabilidade nas emogées, além de resiliéncia para lidar com as questdes do cotidiano. Essas pessoas se mostram mais tranquilas e calmas, conseguindo avaliar objetivamentre as experiéncias cotidianas que ram desconforto, controlando, por consequén- ‘uas preocupacoes, Faiva e impulsividade, ci, (Qs cinco fatores de personalidade sao varia- sis continuas. Ou seja, ndo podemos dizer que algém € “extrovertido” ou “introvertido”, mas sim que as pessoas se localizam em algum ponto telatvo nesses tragos, que pode variar dos nfveis mais baixos aos mais elevados. Essa caracteris- fa reflete a natureza dimensional do modelo CGF Igualmente, tem-se relatado que homens mulheres possuem padres diferenciados em alguns desses tracos, especialmente em paises com maior igualdade entre os sexos (Giolla & Kajonius, 2018). Além disso, sabe-se que os cin- co grandes fatores predizem uma diversidade de comportamentos futuros, a exemplo da qualida- de dos relacionamentos sociais, adaptabilidade 4s mudangas na vida, sucesso profissional, sai- de, felicidade e mortalidade (McAdams & Ol- son, 2010), 0 que torna relevante seu estudo e avaliagio em relacao a diferentes fases e areas da vida e em diferentes contextos. Avaliagéo dos cinco grandes fatores de personalidade Uma diversidade de instrumentos para ava- liagio dos tracos de personalidade, com base no modelo dos CGF, foi proposta nos tiltimos anos. No Ambito internacional, observa-se grande quantidade de instrumentos disponiveis, como 0 Big Five Inventory (BFI), Revised NEO Persona- lity Inentory (NEO PI-R), Five-Factor Persona- lity Inventory, Ten Item Personality Inventory, 0 Global Personality Inventory, o Traits Personality Questionnaire, o Big Five Marker Scales, 0 Pro- itct Talent Personality Inventory (PTPI); além do Hierarchical Personality Inventory for Children, ue € voltado para criancas. 41 Avaliagdo da personalidade e o modelo dos cinco grandes fatores © Seg805 497 | Para mapear 0 uso desses instrumentos na literatura brasileira, realizamos uma busca por artigos na Biblioteca Virtual de Satide-Psi (BVS- PSI), em setembro de 2018. Utilizando das pa- lavras-chave: “big five”, “cinco grandes fatores”, € “tragos de personalidade”, resgatamos 508 tra. balhos. Desses, identificamos 62 pesquisas que avaliavam a personalidade com algum instru- mento criado com base no modelo dos CGF. Foi Possivel identificar um aumento no uso desses instrumentos na literatura brasileira, especial- mente entre 1998 ¢ 2018, apresentando pico de publicacao em 2012. Mais detalhadamente sobre os resultados dessa revisio, pode-se destacar que a Bateria Fa- torial de Personalidade (BFP), os adjetivos mar- cadores da personalidade proposto por Hutz, a Escala Fatorial de Extroversio (EFEx), a Escala Fatorial de Socializacao (EFS), 0 Inventario de Personalidade NEO ~ Revisado (NEO PI-R), 0 Inventirio de Cinco Fatores Reduzido de Perso- nalidade NEO — versio curta (NEO FFI-R), ¢ 0 Inventario reduzido dos Cinco Fatores de Per- sonalidade (ICFP-R) sio os instrumentos mais utilizados nas pesquisas sobre o tema. Dentre os instrumentos mais pesquisados, citados anterior- mente, quase a totalidade é comercializado e en- contra-se com parecer favoravel pelo Sistema de Avaliagio dos Testes Psicolégicos (Satepsi). Em virtude da diversidade de instrumentos disponiveis, destacaremos dois construfdos em cenario internacional, 0 Big Five Inventory — BFI-2 (Soto & John, 2016) e o Revised NEO Personality Inventory - NEO PI-R (Costa & McCrae, 1992b), além da Bateria Fatorial de Personalidade (BEP), desenvolvida no Brasil, como exemplos de instrumentos padrao-ouro para avaliagio da personalidade no modelo dos cinco grandes fatores. Esses instrumentos © 498 efron Gerveso Pes, Carlos Henique Sancineo de Siva Nunes e Maana Faas Otic ings tém obtido uma série de evidéncias favora veis de validade, indicativos do quao adequa- das so essas ferramentas para avaliacio da personalidade. Os instrumentos destacados compéem-se por diferentes quantidades de itens, sendo o BFI-2 com 60, a BEP com 126, e 0 NEO-PL-R possui 240 afirmativas; além de uma versao reduzida, o NEO-FFI (NEO Five-Factor Inventory), con- tendo 60 itens. Quanto ao processo de resposta aos itens, tanto a BFP quanto o BFI-2 utilizam © autorrelato. Ou seja, 0 respondente deve ler seus itens e indicar 0 quanto concorda com cada uma das afirmativas. Por sua vez, o NEO PLR, além de possuir uma forma de autorrelato, conta com uma forma de heterorrelato. Nessa tltima forma, um terceiro (p. ex., a mae ou o pai) avalia o respondente principal. Esses trés instrumentos podem ser respon, dos individual ou coletivamente, tanto em fo, mato lapis e papel quanto através de plataformes online. Para respondé-los utiliza-se escalas cinco (BFI-2, NEO Comparando-se a composiga0 da BFR, que foi desenvolvida no Brasil, com 0 BFI-2 eo NEO PIR, podemos constatar que esses instrumentog se mostram altamente congruentes no nivel dos fatores. No entanto, algumas diferencas no nivel das facetas (subfatores) podem ser identificadas, Uma comparacio entre a estrutura interna des. ses instrumentos é apresentada na Figura 1, £ importante notar que, apesar de terem sido do. cumentadas correlag6es entre muitas das facetas dos fatores correspondentes nos instrumentos indicados, apenas as relagGes mais fortes esto sendo apontadas na figura. com PLR) ou sete pontos (BFP), Fatores gerais BFI-2 BFP NEO-PLR Facetas de personalidade ‘Abertura aideias Ideias Liberalismo Valores Imaginagao criativa Fantasia forme Sensibilidade estética Estética Sentimentos Busea por novidades ‘Agdes variadas Curiosidade intelectual Competéncia Competéncia Ponderagao Ponderagio way fe Empenho/dedicagio Esforgo para realizagies Senso de dever Produtividade Autodiseiplina Organizagao Ordem Responsabilidade 41 Avaliagao da personalidade e o modelo dos cinco grandes fato res Sepa 58] Figura 1 Comparacao das estruturas internas da BFI-2, da BFP € d ene desses instrumentos, $s 0s réulo mencionada, refere-se a varia Gialmente ela — pen as suas facetas. Par- eas a de diferentes focos instrumentos ¢ lo teste deram a construcio dos aes Fora isso, essa va- exemplo d Pode ser entendida como um lo que € chamado jangle fallacy, que Fatores gerais BFI-2 BFP neo eae aa de personalidade = Nivel de comunicagio Nivel de energia Sane ee ‘Assertividade ‘Assertvidade Asertvidade er Interagoes socinis Gomi moses postivas Busca de sensagdes ‘Acolhimento Altvee Franqueca Compaixao Amabilidade Altruism Socializagio/Amabilidade ee Respeito Pr6-sociabilidade Sensbilidade Modéstia Confianga nas pessoas Confianga ‘Confianga Depressao Depresséo Depressto ‘Ansiedade Ansiedade Raiva/hostilidade ‘Neuroticismo Volatilidade emocional Instabilidade emocional Vainerabiidade Valnerbiidade Impulsvidade Embarago Passvidade/alla de energa jo NEO-PI-R representa a utilizagao de diferentes termos para se referir a um mesmo fendmeno (Natio- nal Research Council, 2012). Como exemplos, podemos mencionar: “volatilidade emocional” ¢ “instabilidade emocional”, “Empenho/dedi- ” @ “esforco para realizagoes”, “trabalho cagio’ ” e “colaboragio”. em equip | 500 eferson Gervasio Pires, Carlos Henrique Sancineto da Siva Nunes @ Maiana Farias Olvera Nunes Além de fidedignidade adequada em seus fatores, esses instrumentos apresentam con- gruéncia nas associagdes com outros instru- mentos de personalidade baseados no CGF. Tanto no estudo de Soto e John (2009), que in- vestigaram associacées entre os fatores do BFI edo NEO-PIR, quanto no estudo de Nunes et al. (2010), que verificaram as associagGes entre 0s cinco fatores medidos com 0 NEO-PER ¢ com a BFP, ha clara indicacdo de que os instru- mentos avaliam aspectos altamente similares da personalidade. Contextos de aplicagao da avaliagéo da personalidade Especificamente sobre as pesquisas no Brasil, os instrumentos tém sido utilizados para verifj. cat associagées entre personalidade e fendmenos da Psicologia Positiva, variaveis organizacionas, satide, comportamento no trnsito, cognicio, in. teresses profissionais, dentre outros. A Tabela 1 detalha os contextos de aplicacao das pesquisas revisadas neste capitulo. Destaca-se que 10 pes. quisas revisadas nao tinham um contexto espect- fico destacado nos artigos, de modo que a tabela apresenta a informagio referente a 52 artigos, Contextos em que as pesquisas ocorreram ae Psicologia Positiva (afetos, BES, amor, otimismo, autoestima, coping, forgas de carater, mindfulness) 10 192 Organizacional (empreendedorismo, trabalho contraprodutivo, qualidade de vida de gestores, bem-estar nas organizages, condutas adversas no trabalho, desempenho no trabalho) Ties) Outros (construgao e validagao de testes; testagem de modelos) 7 135 Saude (transtoros de personalidade, alimentares, sono, dependéncia de nicotina, depressao e lipus) 6 1S Habilidades sociais © culls Risco no trnsito, conduta antissocial, conduta desviante, agressao 407 Cognigao (falsas memérias, pensamentos ruminatives, estilos cognitivos, habilidades cognitivas) aenza Escolha profissional,interesses 2 38 Escolha do parceiro, cme romantico 2 38 Esporte eas Experiéncias de outra natureza (signos do zodiaco, contato com ETs) 2 38 Sequranga pibica 1 19 Preferéncia musical fae Total 52 100 Tabela 1 Contextos em que ocorrem as pesquisas com 0 CGF, no Brasil 41 Avaliacao da personalidade e 0 modelo dos cinco grandes fatores Cape: Para além da utilizacio em pesquisas, os ins- trumentos de personalidade com base nos CGF mnostram-se aiteis em diferentes campos. Pode- nos destacar como exemplos a Psicologia clini- ca, da Satide, Orientagdo Profissional e de Car- rect, Psicologia Organizacional, ¢ a Psicologia Educacional, entre outros. Dada a especificidade de uso em cada um desses contextos, ndo sera possivel detalhé-los neste capitulo. Caso o leitor tenha interesse em aprofundar o conhecimento sobre os contextos de aplicagao, recomenda-se aleitura dos demais capitulos desse compéndio, que tratam da aplicagao da avaliagao psicolégica em contexts variados. Tragos de personalidade ao longo do ciclo vital Um importante avango na pesquisa sobre a personalidade que os instrumentos com base nos CGF tém possibilitado diz respeito ao conheci- mento quanto a padrdes de funcionamento, in- dividuais e grupais, ao longo do ciclo vital. Estu- dos tém evidenciado que a personalidade se de- senvolye ao longo do tempo (Roberts, Martin, & Olaru, 2015; Soto & John, 2012), ocasionando, Por consequéncia, mudangas longitudinais nos tacos. Operacionalmente, essas mudangas refe- Tem-se a0 quanto as pessoas conseguem se man- tet em sua pontuagao relativa na distribuigao de um trago, ao longo do tempo (McAdams & Olson, 2010). Mudancas na personalidade podem ser com- Preendidas por meio do nivel médio dos tragos (mean level change) ou pela consisténcia no ran- {teamento dos tragos (rank order consistency) Gpecht et al., 2011). © primeiro caso compreen- deas mudancas de ordem normativa, ou seja, 0 Stanto certos grupos de pessoas diferenciam-se nos tragos de personalidade, por exemplo: ado- lescentes x adultos x idosos. Por sua vez, a se- gunda forma incluiria as mudancas que ocorrem, €m um mesmo grupo, ao longo do ciclo vital; ou seja, tem interesse em saber como os tracos de personalidade mudam da infancia a idade avan- sada. Para além de apenas realizar comparacdes entre grupos, De Fruyt Bartels (2006) men- cionam a anilise do trago em nivel individual, cando 0 quanto uma pessoa muda em um determinado traco de personalidade, em relagao a ela mesma, ao longo do tempo. Esse tipo de avaliacao pode indicar mudangas nos tracos pos- sivelmente nao identificadas em pesquisas envol- vendo muitos participantes que no adotem pro- cedimentos especificos para detectar tais efeitos. Apesar das evidéncias de que a personalida- de se desenvolve ao longo do ciclo vital, tem-se documentado que essas mudangas sofrem um efeito plateau. Entende-se que a personalidade muda até uma determinada idade, sendo que depois tais mudancas tenderiam a gradualmente ninuir, A esse respeito, Srivastava et al. (2003) indicam que a visio biolégica dos cinco fatores defende a hipstese “plaster”, ou de engessamen- to. Nessa hipotese, os cinco tragos de persona- lidade, supostamente, parariam de mudar aos 30 anos de idade (Terracciano et al., 2006). Por outro lado, uma visio ambiental do desenvolvi- mento da personalidade compreende que as mu- dangas nos tracos persistiriam ao longo do ciclo Vital, influenciando, inclusive, a vida adulta. Terracciano, Costa e McCrae (2006) repor- taram mudangas normativas na personalidade a0 final da adolescéncia e aos 30 anos, com de- clinio de Neuroticismo € Extroversao, e aumen- to de Amabilidade e Conscienciosidades sendo que Abertura inicialmente aumenta ¢ depois re- duz. Além disso, ha evidéncias de que, apés os (602, ferson Gervasio Pires, Carlos Henrique Sancineto da Siva Nunes e Malana Farias Ova Ning, 30 anos, ha um continuo normativo em Aber- tura, Neuroticismo ¢ Extroversio, 0 que sugere para os autores que ha pouca mudanga para a maior parte dos tracos apés essa idade (Costa & McCrae, 1988). Esse padrao de consisténcia no ranqueamento dos tragos tem sido corroborado em meta-anilises (Ardelt, 2000; Roberts & Del- Vecchio, 2000), apesar de que nao se pode falar em concordancia quanto & idade em que se da 0 efeito plateau, j4 que essas (novas) evidéncias tém reportado sua ocorréncia aos 50 anos. Roberts e Mroczek (2008) revisaram evidén- cias de mudangas longitudinais no nivel médio dos tracos de personalidade e elaboraram qua- tro argumentos fundamentais. Primeiramente, as mudangas ocorrem, predominantemente, nos adultos com idades intermedirias (20-40 anos), © que, para os autores, se coloca como uma con- tradigao a compreensio classica na ciéncia de que as mudangas na personalidade se dariam mais for- temente nas fases inicial e mais avangada da vida. O segundo ponto descrito € que a personalidade continua a mudar mesmo na idade adulta, 0 que poderia ser explicado pelo fato de que as pessoas fancionam como sistemas abertos, sendo possui- doras da capacidade de mudar ao longo de toda a vida, Para os autores, inclusive, isso se mostra contrario ao efeito plateau na personalidade. Na sequéncia, Roberts ¢ Mroczek (2008) ar- gumentam que o tempo possui um efeito positi- vo nas mudancas que ocorrem na personalidade. Esses autores destacam que apesar de potencial- mente as pessoas se afastarem de suas predispo- sigdes biol6gicas, elas possuem a tendéncia de voltar para seus “centros” (linha de base). Esses centros funcionam como um conjunto de carac- teristicas basicas, geneticamente modelado, que seriam passiveis de reconhecimento por outras pessoas. No entanto, os autores entendem que, ao regressar ao seu centro, traz-se consign no. vas caracterfsticas, obtidas nesse afastamente Ou seja, de alguma forma, as pessoas preservan, “algum atributo” desses afastamentos, em sey, tragos, o que poderia dar a ideia de mudanca, Roberts © Mroczek (2008) também posty. lam que a diregao das mudangas ocorre em sen, tido positivo, fortalecendo a adaptabilidade, qe forma que, com 0 passar do tempo, as pessoas tendem a se tornar cada vez mais confiantes, res. ponsiveis, calmas e maduras. McAdams ¢ Olson (2010) validam essa visio quando lembram que, conforme a idade avanga, especialmente do in. cio da vida adulta a velhice, as pessoas tendem a se sentir mais confortaveis consigo, tornam- -se menos inclinadas as variagdes de humor ¢ 3s emogées negativas (Specht et al., 2011), além de mostrarem-se mais responsaveis, cuidadoras, ¢ menos impulsivas, envolvendo-se menos em si- tuages de risco. Mais recentemente, Damian et al. (2018) analisaram dados de personalidade por cinco décadas, e reportaram que as pessoas tendem a aumentar seus niveis de Conscienciosidade ¢ Amabilidade, e reduzirem o de Neuroticismo conforme envelhecem. Aqueles com escores mais elevados em Conscienciosidade e Amabili- dade, aos 16 anos, continuaram com pontuagdes mais elevadas nesses fatores aos 66 anos. Os au- tores destacaram que a média da mudanga no ni- vel médio dos tracos foi de meio desvio padrio, além do fato de que as mudangas se deram em sentido positivo, tal como preconizado por Ro- berts e Mroczek (2008). Outrossim, as anilises de mudangas no nivel individual mostraram que de 20 a 60% das pessoas apresentaram mudan- ¢as nos tragos de personalidade. Uma diversidade de estudos comparou niveis médios nos tragos de personalidade entre indi- 41 Avaliago da personalidade e o modelo dos cinco grandes fatores vidvos adultos mais jovens (até $6 anos) e mais velhos (a partir de 57 anos) (Costa & McCrae, 1988; Costa et al., 2000; Damian et al., 2018; Gonzatti et al., 2017; Roberts et al., 2006; Soto etal, 2011; Specht et al., 2011; Terracciano et al, 2006). Apesar de algumas divergéncias nos achados, € possivel destacar um padrao no de- senyolvimento dos tragos de personalidade ao longo do ciclo vital, especialmente se conside- tao quatro dos cinco grandes fatores. Pode-se destacar que os tracos Abertura, Extroversio e Neuroticismo tendem a reduzir com o avango da idade, a0 passo que Amabilidade tende a aumen- tar. Por sua vez, o fator Conscienciosidade nao apresentou um padrao claro no desenvolvimen- 10, 4 que os achados se mostram mais divergen- tes, Essa divergéncia em relagdo ao ranqueamen- to dos fatores de personalidade é, por si, uma iustfcativa para a condugao de novos estudos que objetivem comparar a personalidade de dife- rentes grupos etarios; além de sinalizar a neces- sidade de um levantamento dessas comparagées no nivel das facetas, permitindo uma compreen- sio mais objetiva do fenémeno. O que estaria por tras das mudangas na per- sonalidade? Enquanto algumas teorias a respei- to do desenvolvimento dos tragos compreen- dem que a maturidade seria o fator subjacente 4s mudangas que ocorrem nas pessoas ao longo do ciclo vital, outras teorias sugerem interagio entre demandas genéticas e ambientais influen- ciando tanto a estabilidade quanto as mudangas ‘N0s tragos. Porém, conforme lembra Specht et al 2011), se reconhecemos que as mudangas a personalidade ocorrem, exclusivamente, por conta da maturidade, entao, eventos significa- tos de alto impacto, que ocorrem na vida (a emplo da morte de um ente, o nascimento de 4m filho, casamento, desemprego) nao deveriam gerar impacto na personalidade, independente da idade. E do contratio, se compreendermos que a personalidade muda por conta das expe- rigncias de vida e das contingéncias no ambien- te, portanto, essas experiéncias deveriam exercer influéncia sobre a personalidade, independente- mente da idade, Ainda que parega sensato esperar que even- tos significativos de vida sejam capazes de ge- rar mudancas na personalidade, evidéncias tém indicado que, na verdade, alguns desses even- tos pouco influenciam na média dos tragos de personalidade (Chopik, 2018; Costa, Herbst, McCrae, & Siegler, 2000). E quando influen- ciam, impactam 0 funcionamento individual em diferentes magnitudes, dependendo do estagio de desenvolvimento em que o individuo se en- contra, em que os mais novos, € os mais velhos, em comparacdo com aqueles com idade interme- didria (Soto et al., 2011; Specht et al., 2011) sao mais influenciados. Por outro lado, ndéo podemos negligenciar © papel das escolhas pessoais, realizadas em al- gum momento, no funcionamento individual dos tracos em longo prazo. Por exemplo, tem-se documentado que a realizacao de psicoterapias pode reduzir 0 autorrelato de estresse ansieda- de (Roberts et al. 2017), atributos relacionados ao trago Neuroticismo. Além disso, sabe-se que a inatividade fisica, aos 20-30 anos, esti associada com declinio em Extroversao, Abertura, Amabi- lidade e Conscienciosidade, aos 50 (Stephan et al., 2018), de forma que os tragos de personali- dade predizem a saiide € a mortalidade ao lon- go da vida. E importante ressaltar que, apesar de estaveis, os tracos de personalidade nio sao, exatamente, fixos. Apesar disso, porém, ha evi- dencia de que apenas querer mudar a persona- lidade, intencionalmente, nao é suficiente para (604 eferson Gervasio Pires, Carlos Henrique Sancineto da Siva Nunes e Maiana Farias Olvera Nuneg que ocorra aumento nos tracos (Hudson et al., 2018). Portanto, compreender a influéncia dos eventos de vida, ¢ das escolhas pessoais, na per- sonalidade sao desafios a0 campo de pesquisa da Personalidade e do Desenvolvimento. Consideracées finais Este capitulo teve como objetivo apresentar e discutir a avaliagao da personalidade, especifi- camente por meio do modelo dos Cinco Gran- des Fatores, e abordar aspectos relacionados a0 desenvolvimento humano ¢ suas relagdes com 0s tragos de personalidade. No contexto inter- nacional observamos muitos avangos no que se refere avaliagéo da personalidade, seja pelo Referéncias Ardelt, M. (2000). 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Sixteen going on sixty-six: A longi- uso da testagem adaptativa, de delineamentog de pesquisa mais sofisticados, € 0 uso crescen. te da tecnologia de informagio para viabilizar as avaliagdes. No Brasil, também observamos grande interesse na tematica e o crescimento da realizagdo de pesquisas que aplicam esse tems em variados contextos. Um desafio que persiste € a aproximagio entre o conhecimento cient co produzido e a formagao basica e continuada do psicélogo, que em alguns casos nao consegue aproveitar o material cientifico atualizado, Desse modo, este capitulo traz elementos iniciais para 08 profissionais com interesse no tema, que de- vem ser complementados com leituras adicionais para viabilizar boas praticas de pesquisa, avalia. cao ¢ intervengao. tudinal study of personality stability and change across 50 years. Journal of Personality and Social Psychology. Advance online publication (doi: 10.1037/pspp00002 10). De Fruyt, F. & Bartels, M. (2006). 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