“ VOCÊ DEVE SER A PRÓPRIA MUDANÇA QUE DESEJA VER NO
MUNDO.” MAHATMA GANDHI, PACIFISTA 1. O PAPEL DAS EMPRESAS NA CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE A ameaça à sobrevivência humana face à degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e flora, o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes, fizeram a questão ambiental ocupar um lugar de destaque nos debates internacionais. O meio ambiente da empresa é constituído por diversas formas de relacionamento, considerando os órgãos de gerência, a parte técnica e o processo de produção junto às instalações e o meio interno e externo, incluindo-se também a relação entre mercado, cliente, fornecedores, comunidade e consumidor. Neste sentido, a gestão ambiental não pode separar e nem ignorar o conceito de ambiente empresarial nos seus objetivos, pois o desenvolvimento deste conceito possibilita melhores resultados nas relações internas e externas, com melhorias na produtividade, na qualidade e nos negócios. 2. O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE Os avanços ocorridos na área ambiental quanto aos instrumentos técnicos, políticos e legais, principais atributos para a construção da estrutura de uma política de meio ambiente, são inegáveis e inquestionáveis. Nos últimos anos, saltos quantitativos foram dados, em especial no que se refere à consolidação de práticas e formulação de diretrizes que tratam a questão ambiental de forma sistémica e integrada. Neste sentido, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento, e o programa será visto como resultado de maior riqueza, maior benefício social e equilíbrio ecológico. Assume-se que as reservas naturais são finitas, e que as soluções acontecem através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente. Deve atender-se às necessidades básicas usando o princípio da reciclagem. Parte-se do pressuposto de que haverá uma maior descentralização, que a pequena escala será prioritária e que haverá uma maior participação dos segmentos sociais envolvidos. A forma de viabilizar com equilíbrio todas essas características é o grande desafio a enfrentar nestes tempos. 2. O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE Deste modo, a gestão ambiental passa a ser um fator estratégico que a alta administração das organizações deve analisar. Motivação para proteção ambiental na empresa: 2. O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE Neste contexto, as organizações deverão, incorporar a variável ambiental no seus cenários e na tomada de decisão, mantendo com isso uma postura responsável de respeito à questão ambiental. As empresas mais experientes identificam resultados económicos e resultados estratégicos no envolvimento da organização na causa ambiental. Estes resultados não se concretizam de imediato; há necessidade de que sejam corretamente planeados e organizados todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva. 3. EXCELÊNCIA AMBIENTAL – OS 10 PASSOS Os dez passos necessários para a excelência ambiental, segundo Elkington & Burke (1999) são os seguintes: 1. Desenvolver e publicar uma política ambiental. 2. Estabelecer metas e continuar a avaliar os ganhos. 3. Definir claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo. 4. Divulgar interna e externamente a política, os objetivos e metas e as responsabilidades. 5. Obter recursos adequados. 6. Educar e treinar os seus funcionários e informar os consumidores e a comunidade. 7. Acompanhar a situação ambiental da empresa e fazer auditorias e relatórios. 8. Acompanhar a evolução da discussão sobre a questão ambiental. 9. Contribuir para os programas ambientais da comunidade e investir em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental. 10. Ajudar a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc. 4. A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DA EMPRESA Ecologia e empresa eram considerados dois conceitos e realidades inconexas. A ecologia seria entendida como uma ciência específica dos naturalistas, distanciada da visão da Ciência Económica e Empresarial. Para a empresa, o meio ambiente que estuda ecologia, constituiria simplesmente o suporte físico que forneceria à empresa os recursos necessários para desenvolver a sua atividade produtiva e igualmente o recetor dos resíduos que se gerassem. Atualmente, alguns setores já assumiram tais compromissos com o novo modelo de desenvolvimento, ao incorporarem nos seus modelos de gestão a dimensão ambiental. A gestão de qualidade empresarial passa pela obrigatoriedade de que sejam implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem os bens naturais, as fontes de matérias-primas, as potencialidades do quadro humano criativo, as comunidades locais e devem iniciar o novo ciclo, onde a cultura do descartável e do desperdício sejam coisas do passado. 4. A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL DA EMPRESA Os desafios-chave neste novo cenário, podem surgir como: atividades de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, controlo de resíduos, capacitação permanente dos quadros profissionais, em diferentes níveis e escalas de conhecimento, estímulo ao trabalho em equipa e ações criativas. A empresa deve ser entendida como um sistema aberto, pois é formada por um conjunto de elementos relacionados entre si, gerando bens e serviços, empregos. No entanto, também consome recursos naturais escassos e gera contaminação e resíduos. Por isto, é necessário que a economia da empresa defina uma visão mais ampla da empresa como um sistema aberto. Assim, é possível que os investidores e acionistas usem cada vez mais a sustentabilidade ecológica, ao invés da estrita rentabilidade, como critério para avaliar o posicionamento estratégico de longo prazo das empresas. 5. IMPACTO AMBIENTAL O impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade. Estas alterações precisam de ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas. O que caracteriza o impacto ambiental, não é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as alterações que provoquem o desequilíbrio das relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a capacidade de absorção do ambiente considerado. 5. IMPACTO AMBIENTAL – REDUZIR DESPERDÍCIOS E RENTABILIZAR RECURSOS Desta forma, e para diminuir o impacto ambiental das empresas, dever-se-ão adotar algumas medidas para uma gestão eficiente e sustentável: 1. Destruir o mito de que a gestão sustentável sai mais cara. Medidas simples como a instalação de sistemas de autoclismo económicos e de torneiras ativadas por sensores ou a sensibilização dos colaboradores para a poupança de água potável podem contribuir para um resultado surpreendente. 2. Comprar cartuchos reciclados para as impressoras e avaliar a possibilidade de adquirir equipamentos usados. Fotocopiadoras, material informático e mobiliário em segunda-mão estão disponíveis no mercado em excelentes condições, alguns vindos de empresas que a crise obrigou a fecharem as portas. 3. Outras medidas de poupança não exigem sequer investimento. Por exemplo, mudar os horários das entregas de produtos, fugindo às horas de tráfego mais intenso: permite poupar em combustíveis e em tempo. 4. O consumo de energia é a maior fonte de desperdício para as empresas, mas é também aquela que permite maiores níveis de poupança. Em média, cada empresa tem margem para reduzir entre 20% e 30% a sua fatura energética. 5. IMPACTO AMBIENTAL – REDUZIR DESPERDÍCIOS E RENTABILIZAR RECURSOS 5. Encomendar uma auditoria que permita conhecer em detalhe os consumos energéticos da empresa. Essa é uma informação fundamental para tomar decisões que podem ter um enorme impacto. 6. Substituir lâmpadas vulgares por lâmpadas de alta eficiência, tirar o máximo partido da luz natural e não esquecer das luzes acesas. Se possível, adquirir também equipamentos mais eficientes. 7. Eliminar defeitos na produção: produtos, serviços e informações com defeitos geram mais custos para a empresa devido ao retrabalho. 8. Produzir só o necessário, quando for preciso, sem exagero: A superprodução pode ser a pior forma de desperdício. 6. BENEFÍCIOS DA GESTÃO AMBIENTAL A gestão ambiental facilita o processo de administração, proporcionando vários benefícios às organizações. Estes são alguns destes benefícios: Benefícios económicos: Economia de custos - redução do consumo de água, energia e outros insumos; - reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos, e diminuição de efluentes; - redução de multas e penalidades por poluição. Incremento de receita - aumento da participação no mercado, devido à inovação dos produtos e à menor concorrência; - linhas de novos produtos para novos mercados; - aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. 6. BENEFÍCIOS DA GESTÃO AMBIENTAL Benefícios estratégicos: - melhoria da imagem institucional; - renovação da carteira de produtos; - aumento da produtividade; - alto comprometimento do pessoal; - melhoria nas relações de trabalho; - melhoria da criatividade para novos desafios; - melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas; - acesso assegurado ao mercado externo; - melhor adequação aos padrões ambientais. 7. CONCLUSÃO O desenvolvimento sustentável é um importante conceito de crescimento, presente no debate político internacional, em especial quando se trata de questões referentes à qualidade ambiental e à distribuição global de uso de recursos. A sociedade como um todo acaba por sofrer as consequências de um problema nascido da sua relação com o meio ambiente. Os grandes problemas que surgem da relação da sociedade com o meio ambiente são densos, complexos e altamente inter- relacionados e, portanto, para serem entendidos e compreendidos nas proximidades da sua totalidade, precisam ser observados numa ótica mais ampla. A implantação de um sistema de gestão ambiental poderá ser a solução para uma empresa que pretenda melhorar a sua posição em relação ao meio ambiente. O comprometimento hoje exigido às empresas com a preservação ambiental obriga a mudanças profundas na sua filosofia, com implicações diretas nos valores empresariais, estratégias, objetivos, produtos e programas.