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PRÁXIS

PSICOLÓGICA
Juliany Santo
Preâmbulo...

■ Prática do psicólogo: formação em Psicologia – 5 anos

■ Falas, ações e práticas – repercussões


Psicologia

■ “Uma formação e uma profissão que se interroga” (Ana Maria Jacó-


Vilela)

■ A formação do psicólogo deve ter uma sólida base filosófica e teórica –


para não se tornar apenas “uma técnica”, sem maior conhecimento dos
fundamentos de seus fazeres (Nilton Campos, 1950)
Psicologia
■ No ano que a Psicologia foi estabelecida como profissão no Brasil, o parecer 403/62 que
justifica o currículo mínimo do curso (recém-criado) – Há “necessidade do caráter
científico dos estudos, para evitarem-se improvisações que, do charlatanismo, a
levariam ao descrédito”

■ Desde o início do estabelecimento da profissão e consequentemente da formação em


psicologia – o campo Psi vem se consolidando a partir de um amplo movimento

■ 1962-Hoje: foi havendo novas propostas curriculares visando a modernização do


currículo original, a sua adequação às novas condições sócio-políticas e às demandas e
necessidades
Psicologia

■ Na década de 70, dentre outras coisas, algumas competências atribuídas ao psicólogo


ficou o cuidado com “o desvio, os sexuais, ideológicos e o terrorismo”

■ Foi constituída como ferramenta de adequação e ajustamento – houve lutas da categoria


contra a posição de “agentes da ordem” além de outros embates:
- Contra a ditadura
- Pelas diretas já
- Novos direitos sociais e políticos
- Novas políticas p/ a saúde (saúde mental)
Psicologia

■ Enquanto disciplina científica, a psicologia nasceu se espelhando nas ciências naturais –


pensamento na articulação de um aparato que sustentasse as condições em que se
apoiariam as leis naturais sobre o ser humano

■ Aparato metodológico das ciências naturais:


- Determinação de relações quantitativas
- Construção de hipóteses
- Verificação experimental
→(objetividade naturalista)
Psicologia

■ Dificuldades e desafios da prática cotidiana: fracasso escolar, doença mental, adaptação


ao trabalho, etc – a objetividade naturalista não dá conta...

■ Assim, o que a Psicologia veio fazendo foi: construir-se no campo das contradições do
ser humano com a prática
Psicologia

■ Criar uma Psicologia do ser humano com suas leis e regras gerais a partir de uma
análise do anormal, do patológico, do conflituoso, uma reflexão sobre as contradições
do homem consigo mesmo...

■ “E se ela se transformou em uma Psicologia do normal, do adaptativo, do organizado, é


de um segundo modo, como que por um esforço para dominar essas contradições”
(Foucault, p.135, 2006)
Psicologia

■ Busca de um estatuto de cientificidade (disciplinarização do saber, discurso moderno):


“caracteriza-se como um conhecimento positivo do indivíduo e como uma forma
particular de falar a verdade sobre os humanos e agir sobre eles” (Rose, 2001)

■ Independente da abordagem teórica, há uma tentativa de unificação da conduta em torno


de um modelo único de subjetividade apropriada

■ Como que por esforço para dominar suas “contradições” é que a Psicologia busca criar
leis e regras gerais, assim como as Ciências Naturais
Psicologia

■ Mas por que essa instabilidade do objeto? Porque uma coisa são as representações que
fazemos do objeto e outra é o objeto em si

■ Bergson (1974) diz que para falarmos de um eu psicológico, necessitamos dissolver


esse eu, analisando seus elementos: sentimentos, sensações, representações entre outros.

■ A experiencia que temos do nosso eu, só pode ser expressa pela Psicologia através
desses elementos, os quais são recortes de um conjunto que já não são a experiência
genuína que vivemos do nosso eu.
Psicologia

■ “As disciplinas psi não só produzem um tipo de representação sobre a dita realidade subjetiva,
como também, através de seus saberes e autoridades que se alastram cada vez mais em toda
trama social, demarcam racionalidades práticas, regimes de pensamento que conformam o ser
humano na maneira de conduzir-se ética e moralmente em sua vida cotidiana” (Rose, 2001)

■ Por assim ser, a Psicologia se questiona sobre como foi produzida como realidade ou como
chegou a ser o que é...

■ Quando as coisas ganham o teor de universais, perdem sua história, passando por um processo
de formalização que as instituem como naturais ... Apresentar como os objetos são
historicamente constituídos é o propósito da desnaturalização
Psicologia

■ O ponto não é “relativizar” o tempo inteiro...

■ A ponto é estarmos alertas aos cuidados que devemos ter em relação às afirmações
verdadeiras e universais que costumamos fazer sobre nossos objetos de estudo, pois há
uma série de condições históricas e específicas que condicionam nossas criações de
verdade, já que “o símbolo corresponde aos hábitos mais arraigados de nosso
pensamento” (Bergson, 1974)
Por que pensar sobre a práxis?

■ Sujeito: pensado como relação, como “um singular que não pode existir sem o outro”;
subjetivação (processo), resultante de relações de força, invenção de modos de
existência e de possibilidades de vida que não cessam de se recriar (Deleuze)

■ “O tempo todo e de todos os lados somos solicitados a investir a poderosa fábrica de


subjetividade serializada, produtora destes homens que somos. (...) Muitas vezes não há
outra saída. (...) Corremos o risco de sermos confinados quando ousamos criar
quaisquer territórios singulares , independentes das serializações subjetivas” - Guattari e
Rolnik (2000)
Por que pensar sobre a práxis?

■ Texto: “Ao propor direitos e melhores condições de vida, impõem-se certas regras sociais que
cumprem o papel de „habilitá-los‟ – ou normalizá-los, como melhores pessoas”

■ “Reeducar-se, ressocializar-se, viver bem e em sociedade significa atrelar-se a subjetivações que


estão condecoradas com uma valoração político-moral.”

■ Humanização x normalização: não faz sentido continuar falando de “direitos humanos‟ de


modo genérico, sem pôr em questão de que humanos ou de que direitos se fala

■ Exemplos
Por que pensar sobre a práxis?

■ “O que é a Psicologia?”, podemos tentar responder: depende das forças que se


apoderam dela...

■ Fisionomias (direitos humanos) que nos possam alertar para que não nos acostumemos
com práticas cotidianas de violações dos mais diferentes direitos, fazendo com que não
percamos nossa capacidade de estranhamento e, portanto, de indignação, acreditando na
possibilidade de experimentação de ferramentas que afirmem diferentes potências de
vida.
Por que pensar sobre a práxis?

■ Pôr em análise nossas práticas não significa estar aquém ou além de uma adesão ou
recusa de suas enunciações. O que interessa, aqui, é problematizá-las e pensá-las em
seus efeitos, nos agenciamentos que produzem e atualizam, expressos nas “diferentes
formas de se estar nos verbos da vida‟ (Neves, 2002).
Por que pensar sobre a práxis?
■ A Psicologia compõe o imenso aparato de saberes e práticas que, de diversas
formas, vão interferir nos modos de existência do humano.

■ 2009, CFP, psicóloga denunciada...

■ “O que significa acolher um relato de sofrimento como uma demanda curativa? Os


processos de violência e exclusão sofridos por homossexuais são manifestações de uma
situação „doentia‟? Por que patologizar sexualidades que fogem da norma, e como a
Psicologia entra em cena nesse campo? Será que oferecer a cura aos sujeitos que sofrem
é uma prática de direitos humanos? “
Por que pensar sobre a práxis?

■ O especialismo psi atende a um anseio de ortopedia social quando atua em um domínio


de poder que classifica, normatiza e previne, instituindo modelos dicotômicos de
verdade: bom/mau; normal/anormal; capaz/incapaz.

■ Neste fazer, vai dissociando indivíduo e sociedade, entendendo a subjetividade como


processo puramente interior e substancial, isolado de atravessamentos políticos e
econômicos.
Compromissos ético-político da Psicologia

■ Magda Dimenstein (2007) diz que no estudo da psicologia é preciso ir se despedindo do


absoluto...

■ Reconhecer as amarras e resistir aos a prioris que nos impõem uma lógica única de ir
sendo e fazendo psicologia – postura a partir do próprio pensamento, colocando a
serviço da potência criadora

■ Suportar o estranhamento causado pela perda de contornos, territórios, identidade,


quando novas combinações de forças se articulam e nos tiram do plano conhecido é
difícil
Compromissos ético-político da Psicologia

■ Viver a vida sem o contorno da forma, da ordem, do conhecimento, sem a ilusão de


duração e permanência parece insuportável...
■ E “é contra essa mutabilidade que produzimos ficções como verdade, crença em
determinados saberes, valores, o chão firme contra a instabilidade”

■ A psicologia vive em um eterno combate: forças que afirmam a criação e a diferença


encontram-se continuamente em luta com outras que alicerçam o pensamento
positivista, saberes a-históricos e neutros, princípios dicotômicos, tecnicismo, práticas
de reconhecimento de verdades estabelecidas
Compromissos ético-político da Psicologia

■ Trata-se de uma resistência ao modo simplificado dominante de conceber a vida e o


humano: uma posição ética conceber que o mundo é diversamente interpretável

■ Nietzsche: não basta desautorizar os valores, é preciso desfazer as conexões que foram
sendo produzidas entre os mesmos, por em questão o próprio valor da verdade, criar
novos valores, novas interpretações
Compromissos ético-político da Psicologia

■ As práticas na Psicologia precisa estar integrada ao cotidiano como peça de um


processo de elaboração e enfrentamento de questões que vão se articulando de forma
singular e vão pedindo novas estratégias de enfrentamento

■ A psicologia acompanha as mudanças a atua de modo a fazer emergir a multiplicidade

■ As práticas devem ser implicadas, atenta às naturalizações, aberta aos acontecimentos,


envolvida em um cotidiano de indagações ético-políticas e alerta aos efeitos de suas
práticas e saberes
Compromissos ético-político da Psicologia

■ Assim como a escola e a família, a Psicologia também é um equipamento social de


saber-poder, que ordena a vida, instituindo e sendo instituída em um único processo
■ Uma prática da Psicologia compromissada com os Direitos Humanos pode produzir
outras alternativas, que não envolvam a criminalização e tentativa de adequação de
modos de existência.
■ As psicólogas e os psicólogos não precisam (e não devem) ocupar o lugar de
ortopedistas sociais.
■ Pelo contrário, podem colocar em análise práticas naturalizadas e ressignificar a
diferença, tomada como negativa, para a possibilidade de invenção de novos processos
de experimentar o mundo e as relações, em permanente transformação.
Compromissos ético-político da Psicologia

■ Manter vivo o aprender a aprender. Não se perde a condição de aprendiz.

■ Formação e aplicação caminham lado a lado, mantendo-se uma tensão permanente entre
ação e problematização, por uma psicologia que não só solucione problemas, mas que
também os invente.

■ Os Direitos Humanos atravessarão todas as nossas práticas, e temos o desafio da


permanente reflexão e criação de que práticas são essas, a partir de que estatutos de
verdade, e com quais efeitos.
Compromissos ético-político da Psicologia

■ Desprendimento: necessidade de estar permanentemente em movimento, nos despedir


aquilo que nos prende a um modo de existência engessado, a um conjunto de saberes
tomados como verdades eternas

■ Também faz parte de nossas funções conhecer as condições de produção dos nossos
saberes e competências profissionais e utilizar criticamente esses conhecimentos não
esquecendo que os mesmos forjam saberes, subjetividades, modos de vida.
Referências

■ Bergson, H. (1974). Introdução à metafísica. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural.

■ Bicalho et al (2009).. Formação em Psicologia, direitos humanos e compromisso social: A


produção de micropolítica de novos sentidos

■ GUARESCHI, N. M. F. (et al). Psicologia, formação, políticas e produção da saúde. Porto Alegre: Edipucrs, 2014.
(Biblioteca Virtual)

■ RIBEIRO, M. A. T. A produção na diversidade: compromissos éticos e políticos em psicologia. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2007. (Biblioteca da Virtual da Pearson).

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