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A Poética de Hilda Hilst - Aula 1
A Poética de Hilda Hilst - Aula 1
A Poética de Hilda Hilst - Aula 1
HILDA HILST
• Incomunicabilidade;
• Tragédias, tristezas, desencantos;
• Medo, desilusão;
• Cansaço, ruído;
• O amor e o desejo de transformá-lo.
4 Como me lês
Ou frágil e inexato
(p.99) Como te vês.
Falemos do amor
Falemos do amor, senhores, Que é o que preocupa
Sem rodeios. Às gentes.
[Assim como quem fala Anseio, perdição, paixão,
Dos inúmeros roteiros Tormento, tudo isso
De um passeio.] Meus senhores
Tens amado? Claro. Vem de dentro.
Olhos e tato E de dentro vem também
Ou assim como tu és A náusea. E o desalento.
Neste momento exato. Amas o pássaro? O amor?
Frio, lúcido, compacto
Tudo isso tem raiz, senhor,
O cacto? Ou amas a mulher Na benquerença.
De um amigo pacato? E é o amor ainda
Amas, te sentindo invasor A chama que consome
E sorrindo O peito dos heróis.
Ou te sentindo invadido E é o amor, senhores,
E pedindo amor. (Sim? Que enriquece, clarifica
Então não amas, meu senhor) E atormenta a vida.
Mas falemos de amor E que se fale de amor
Que é o preocupa Tão sem rodeios
Às gentes: nasce de dentro Assim como quem fala
E nasce de repente. Dos inúmeros roteiros
Clamores e cuidados De um passeio.
Memórias e presenças
17 Tive casa e jardim.
E rosas no canteiro.
(p.109) E nunca perguntei
Ao jardineiro
As coisas que procuro
Não têm nome. O porquê do jasmim
A minha fala de amor — Sua brancura, o cheiro.
Não tem segredo.
Queiram-me assim.
Perguntam-me se quero Tenho sofrido apenas.
A vida ou a morte. E o mais certo é sorrir
E me perguntam sempre Quando se tem amor
Coisas duras. Dentro do peito.
“Afirmamos que a descoberta de que o amor sexual (genital)
proporciona ao indivíduo as mais fortes vivências de satisfação, dá-
lhe realmente protótipo de toda felicidade, deve tê-lo feito continuar a
busca da satisfação vital no terreno das relações sexuais, colocando o
erotismo genital no centro da vida. Prosseguimos dizendo que assim
ele se torna dependente, de maneira preocupante, de uma parte do
mundo exterior, ou seja, do objeto amoroso escolhido, e fica exposto
ao sofrimento máximo, quando é por este desprezado ou o perde
graças à morte ou `a infidelidade.”